Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
32 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 177, setembro/outubro/2010 Papel da Bordetella bronchiseptica na etiologia da rinite atrófica não progressiva dos suínos N. BIONDO1, J. X. OLIVEIRA FILHO2, D. E. S. N. BARCELLOS3 1Natalha Biondo, Médica Vete- rinária, Pós Graduação em Ciên- cias Veterinárias (nível Mestrado), Faculdade de Medicina Veteriná- ria (FMV), Universidade Fede- ral do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, BRASIL. 2João Xavier de Oliveira Filho, Médico Veterinário, MSc., Pós Graduação em Ciências Veteri- nárias (nível Doutorado), FMV- UFRGS, Porto Alegre, RS, BRASIL. 3David E.S.N. de Barcellos, Médico Veterinário, MSc. DSc., Professor da Faculdade de Vete- rinária (UFRGS), Membro do Comitê Científico Internaci- onal de A Hora Veterinária, Porto Alegre, RS, BRASIL. A rinite atrófica dos suínos pode ser dividida em dois complexos patológicos diferentes, porém interligados: a rinite atrófica não progressiva, causada pela Bordetella (B.) bronchiseptica, e a rinite atrófica progressiva, decorrente da infecção pela Pasteurella (P.) multocida isolada ou em combinação com a B. bronchiseptica. A rinite atrófica não progressiva é caracterizada basicamente por espirros na fase de creche e o aparecimento de atrofia leve dos cornetos nasais ao abate. O agente é comumente encontrado nas granjas, porém pouco se sabe a respeito da dinâmica e persistência da infecção nos rebanhos. Na presente revisão, são descritos aspectos etiológicos e patológicos da infecção por B. bronchiseptica, com o objetivo de melhorar a com- preensão sobre o comportamento da doença causada pelo agente nos rebanhos e analisar os métodos de diagnóstico disponíveis para as diferentes formas de apresentação da rinite atrófica em suínos. INTRODUÇÃO ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA PATOGENIA SINAIS CLÍNICOS CONTROLE CONSIDERAÇÕES FINAIS INTRODUÇÃO A rinite atrófica (RA) dos suínos é classi- ficada de acordo com a regressão ou não das lesões em dois complexos patológicos diferen- tes, porém interligados: Rinite Atrófica não Pro- gressiva (RANP), causada pela infecção com Bordetella (B.) bronchiseptica, e Rinite Atrófica Progressiva (RAP), que tem como agente a Pasteurella (P.) multocida, associada ou não à infecção por B. bronchiseptica (DE Jong, 1999; Borowsky et al., 2007). A prevalência da doença é alta em reba- nhos suínos e apresenta um caráter contagio- so, com evolução geralmente progressiva e crônica. No Brasil, na década de 80, foi obser- vada uma prevalência da RA em suínos de 48,2%, no qual 31,4% das lesões foram classi- ficadas como leves (Sobestiansky et al., 1990) e essa prevalência e padrão de lesões vem se mantendo (Sobestiansky et al., 2001). A infec- ção pode causar prejuízos à cadeia produtiva de suínos por influenciar no desenvolvimen- to dos animais, com redução de até 6% no ganho de peso médio diário (Sobestiansky et al., 2001) o que, consequentemente, gera um aumento no tempo de permanência dos ani- mais nas unidades de produção. ETIOLOGIA Bactérias do gênero Bordetella perten- cem à família Alcaligenaceae, que é represen- tada por sete espécies: B. bronchiseptica, B. pertussis, B. parapertussis, B. avium, B. hinzii, B. holmesii e B. trematum. Destas, apenas a B. bronchiseptica é patogênica para os suí- nos. É um pequeno coco-bacilo Gram-negati- vo, com aproximadamente 1,5 x 0,3 μm de comprimento. Apresenta mobilidade devido à 33A Hora Veterinária – Ano 30, nº 177, setembro/outubro/2010 presença de flagelos peritríquios. É aeróbica estrita, não fer- menta carboidratos, metaboliza citrato, é redutora de nitrato e produtora de urease e catalase. O agente não produz indol ou sulfeto de hidrogênio (Goodnow, 1980; Parton, 1996; De Jong, 1999; Mattoo et al., 2001; Quinn et al., 2005). A B. bronchiseptica é um importante representante da microbiota residente do trato respiratório superior e tem predi- leção por células ciliadas da mucosa nasal, onde pode ser encontrado aderido aos cílios das células epiteliais (Parton, 1996; Quinn et al., 2005). O agente é comumente isolado nas granjas de suínos (Borowsky et al., 2007) e atua como predisponente à colonização da mucosa nasal por outros microorganismos patogênicos, ou ainda, como potencializador de infecções pré-existentes (De Jong, 1999). Entre os fatores de virulência expressados pela B. bronchiseptica, os relacionados à adesão (hemaglutinina filamentosa, pertactina e fímbrias) e a toxicidade (citotoxina traqueal, toxinas dermonecrótica e adenilato ciclase) são os principais componentes que proporcionam à bactéria capaci- dade de aderir, entrar e sobreviver em macrófagos alveolares suínos (Parton, 1996; Brockmeier & Register, 2000; Mattoo et al., 2001; Quinn et al., 2005). Esses diferentes fatores são co- dificados pelo operon bvgAS, com exceção da citotoxina traqueal (Matto et al., 2001). A citotoxina traqueal, em particu- lar, tem habilidade de causar ciliostase, levando ao acúmulo de muco pela deficiência do mecanismo muco-ciliar, predis- pondo a ocorrência de tosse e oportunizando infecções se- cundárias, como a causada pela P. multocida (Parton, 1996; Mattoo et al., 2001). A toxina dermonecrótica é considerada como o principal fator de virulência da B. bronchiseptica e tem a capacidade de induzir a formação de lesões ósseas e provocar mudanças inflamatórias, proliferativas e degenerativas no epitélio nasal, determinando perda dos cílios, mas não invadindo o tecido profundo (Borowsky et al., 2007). Além desses, outros fatores de virulência tem sido detectados, no qual podem ser incluí- das a hemolisina, osteotoxina, toxinas secretadas através de um sistema de secreção tipo III, genes para motilidade, produ- ção de sideróforo, síntese de metabólicos biosintéticos e enzimas respiratórias (Parton, 1996, Mattoo et al., 2001; Quinn et al., 2005). Além dos suínos, a B. bronchiseptica é um importante patógeno do trato respiratório de outros mamíferos tais como cães, gatos, equinos e macacos, além de pássaros e animais de laboratório, como coelhos e cobaios (Goodnow, 1980; Parton, 1996; Quinn et al., 2005). Apesar da B. bronchiseptica não ser considerada patogênica para seres humanos, há rela- tos de infecções do trato respiratório superior associados à bactéria, inclusive em pacientes imunocomprometidos (Goodnow, 1980; Parton, 1996). Devido à variedade de hospedeiros capazes de serem infectados pela B. bronchiseptica, é constante o risco da in- trodução e re-introdução do agente em rebanhos suínos, o que dificulta o controle e erradicação da infecção (Goodnow, 1980). Apesar de que isolados de B. bronchiseptica de outras espécies apresentem baixa virulência para suínos, ratos infectados por B. bronchiseptica poderão se tornar vetores para a infecção de suínos (Le Moine et al., 1987). Em suínos, a B. bronchiseptica pode ser isolada de lei- tões com rinite atrófica, pneumonia e também de portadores assintomáticos (Goodnow, 1980; De Jong, 1999; Borowsky et al., 2007). Em leitões lactentes, a partir de três a quatro dias de idade, o agente pode causar broncopneumonia de curso agu- do (Figura 1), com maior ocorrência em granjas de baixo nível sanitário, no qual a pressão de infecção é alta e sua ocorrência está associada à imunodepressão (Goodnow, 1980; Borowsky & Barcellos, 2007). EPIDEMIOLOGIA Entre os aspectos epidemiológicos da infecção por B. bronchiseptica, é importante destacar a ampla disseminação na população suína. As fêmeas têm sido consideradas impor- tantes fontes da bactéria para a colonização nasal precoce de leitões, geralmente logo após o parto. Caso não ocorra a infec- ção na maternidade, os animais são susceptíveis a coloniza- ção em qualquer idade, inclusive quando adultos (De Jong, 1999; Borowsky et al., 2007). Ainda não há informações preci- sas referentes ao papel das fêmeas na transmissão aos leitões e em relação à manutenção da infecção nosrebanhos. Outro ponto é estabelecer a importância das primíparas na dinâmica de infecção. Argumentos como os citados por De Jong (1999), de que rebanhos reconhecidos como infectados, mas manti- dos sob boas condições de manejo, podem produzir progêni- es clinicamente livres de RANP, ratificam essa deficiência de informação. Em rebanhos com manejo ambiental e sanidade adequa- da, a infecção de leitões pela B. bronchiseptica geralmente ocorre na maternidade, até três e quatro semanas de vida, e pela P. multocida na fase de creche, após os 21 dias de idade. A prática de manejo inadequado é um fator de risco para a ocorrência de infecções mais precoces, na primeira semana de vida pela B. bronchiseptica e entre a 3a e 5a semanas pela P. multocida (Brito et al., 1993). Fêmeas adultas podem permanecer infectadas pela B. bronchiseptica, mas são as leitoas as que apresentam maior Figura 1- Lesões de consolidações pulmonares multifocais em leitão na fase de aleitamento, pneumonia causada pela infecção pela B. bronchiseptica. 34 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 177, setembro/outubro/2010 probabilidade de eliminar ativamente a bactéria (De Jong 1999). Borowsky et al. (2007) comentaram a importância das matrizes cronicamente infectadas pela B. bronchiseptica e das leitoas na manutenção da infecção no plantel através da transmissão para suas respectivas leitegadas. No entanto, para que ocorra a RANP, é necessário que a infecção aconteça de forma maci- ça na primeira semana de vida e a gravidade da sintomatologia da doença depende da carga infectante. O ponto inicial da disseminação da infecção em um sis- tema de produção de suínos ocorre, provavelmente, através da transmissão da B. bronchiseptica das mães para suas leitegadas na fase de maternidade e nas fases subsequentes, como na creche, a transmissão ocorre frequentemente por contato direto (focinho-focinho) ou por aerossóis (De Jong, 1999; Borowsky et al., 2007). O grau de imunidade também pode influenciar a difusão da infecção. A presença de anticorpos passivos no soro dos leitões nascidos de fêmeas infectadas ou vacinadas parece prevenir o desenvolvimento de lesões dos cornetos nasais, postergando ou mudando a dinâmica da transmissão do agen- te, mas não impedindo a infecção (Rutter et al., 1984; Kobisch & Pennings, 1989). PATOGENIA Na RANP, a atrofia dos cornetos nasais ocorre de forma leve a moderada (Figura 2). No entanto, amostras toxigênicas da B. bronchiseptica quando aderidas aos cílios da cavidade nasal favorecem a invasão e replicação de cepas toxigênicas de P. multocida (Dugal et al., 1992; Brockmeier et al., 2001, Borowsky et al., 2007). Dessa forma, a B. bronchiseptica co- loniza o epitélio ciliado do trato respiratório superior por meio de fatores de aderência, promove estase ciliar e leva a uma redução na eficiência do mecanismo muco-ciliar. Estimula tam- bém ao aumento da secreção de muco pelas células caliciformes e glândulas túbulo-alveolares, fornecendo condições ideais para a colonização do epitélio pela P. multocida, que encontra receptores para adesão no muco da superfície epitelial das narinas ou na superfície da B. bronchiseptica (Pedersen & Barfod, 1981; Dugal et al., 1992). O possível mecanismo de cooperação entre as duas bactérias poderia ser explicado pela alta afinidade de uma proteína produzida pela B. bronchiseptica por compostos semelhantes à heparina e pelo fato de que cepas de P. multocida toxigênicas possuem cápsula protetora externa constituída de material similar à heparina (Borowsky et al., 2007). A lesão de atrofia dos cornetos nasais nos casos de RANP seria o resultado da inibição da osteogênese, induzida pela ação da toxina dermonecrótica. Ocorrem danos aos osteoblastos e às células osteoprogenitoras como danos proliferativos, inflamatórios e degenerativos, e a regeneração óssea dos cornetos nasais é lenta e pode ainda estar presente (pelo menos de maneira parcial) no período em que os leitões atingem o peso de abate (Horiguchi et al., 1991; Borowsky et al., 2007). A lesão histopatológica encontrada é rinite catarral, com perda epitelial e infiltração de células inflamatórias (Borowsky et al.,2007). Magyar et al. (1988) verificaram, através da infecção intranasal por B. bronchiseptica em suínos, que cepas pro- dutoras de adesinas são necessárias para a colonização da cavidade nasal in vivo e a citotoxina é a responsável pela atrofia dos cornetos nasais. Rutter et al. (1982) não conse- guiram reproduzir lesões de RAP com a inoculação exclusiva de B. bronchiseptica em leitões gnotobióticos, entretanto, Pedersen & Barfod (1981) observaram atrofia leve dos cornetos com inoculações experimentais de B. bron- chiseptica. A apresentação de lesões leves no momento da monitoria patológica corrobora com o proposto por Sobestiansky et al. (1990; 2001). Quando ocorre envol- vimento de P. multocida, a atrofia dos cornetos é de maior gravidade. Pedersen & Barfod (1981) e Rutter et al. (1984) afirmam que a inoculação apenas com B. bronchiseptica cau- sa lesões leves, porém se forem inoculadas associações de B. bronchiseptica e P. multocida, os sinais clínicos e patoló- gicos são severos. A severidade das lesões é uma característica do qua- dro de RAP. A lesão é induzida principalmente em decorrên- cia do efeito da toxina dermonecrótica liberada quando ocor- re a infecção pela P. multocida, após uma prévia colonização pela B. bronchiseptica. Isoladamente, a P. multocida parece possuir baixa capacidade de colonização do trato respirató- rio (Jacques et al., 1988; Chung et al., 1990; Brockmeier et al., 2001). SINAIS CLÍNICOS Os sinais clínicos são basicamente caracterizados pela ocorrência de espirros na fase de creche. O período coincide com a queda dos anticorpos maternos e uma mistura de lei- tões de diferentes origens e idades, facilitando a difusão do agente. Outros sinais da rinite são descargas nasais serosas a muco-purulentas (Figura 3) e corrimentos oculares, caracteri- zados pela presença de manchas no canto medial do olho (Figura 4). Baseado na ocorrência clínica na creche, não se consegue diferenciar entre a infecção branda por B. bronchiseptica ou à forma inicial de uma infecção mais grave, a RAP (De Jong, 1999; Borowsky et al., 2007). Figura 2. Atrofia moderada das lâminas inferiores dos cornetos nasais ventrais, infecção pela B. bronchiseptica. 35A Hora Veterinária – Ano 30, nº 177, setembro/outubro/2010 DIAGNÓSTICO Apesar do quadro clínico da rinite atrófica ser sugestivo de infecção por B. bronchiseptica, o diagnóstico definitivo só será possível pelo exame bacteriológico das secreções na- sais (Goodnow, 1980; Borowsky et al., 2007). No entanto, a identificação da B. bronchiseptica a partir de amostras clíni- cas é difícil, visto que a mesma apresenta lenta taxa de cresci- mento e a cavidade nasal tem um crescimento excessivo de bactérias contaminantes. Outros fatores, como o procedimento de coleta inadequado, transporte demorado, requerimento de meio especial para isolamento podem contribuir para que ocor- ra um resultado laboratorial não fidedigno (Regan & Lowe, 1977). Secreções respiratórias coletadas com o uso de suabes estéreis são as amostras de eleição para o diagnóstico bacte- riológico das rinites dos suínos (Tornoe et al., 1976; Goodnow, 1980). Deve-se atentar ao plaqueamento imediato das amos- tras em meio de cultivo apropriado a fim de evitar perdas rela- cionadas com a exposição à temperatura inadequada, bem como o acondicionamento das mesmas em meio de transporte (Kurzynski et al., 1988). A B. bronchiseptica não possui exigências nutricionais complexas, o que facilita seu crescimento em meios de cultivo como o Agar Sangue e Agar Mac Conkey. O cultivo bacterio- lógico é específico, porém de baixa sensibilidade, o que pode- ria subestimar a ocorrência de infecções pela B. bronchiseptica (Weiss, 1992; Hozbor et al.,1999; Quinn, et al., 2005) Podem ser usados métodos moleculares de diagnóstico, como a reação em cadeia pela polimerase (PCR) para detecção específica de B. bronchiseptica, cujo alvo de amplificação é a re- gião codificadora do gene estrutural da flagelina (gene fla) (Hozbor et al., 1999). A sequência foi baseada na característica única da B. bronchiseptica em expressar esse flagelo (Weiss, 1992). O diagnóstico clínico pode ser realizado através da esti- mativa do grau de infecção pela contagem de espirros. Porém, deve-se realizar o diagnóstico diferencial com outras causas de espirros, tais como: infecções por citomegalovírus, influenza suína, síndrome respiratória e reprodutiva suína, doença de Aujeszky e causas não infecciosas de rinites como poeira, deficiência na ventilação e acúmulo de gases dentro das ins- talações (Borowsky et al., 2007). A avaliação patológica a partir da visualização macros- cópica dos cornetos nasais de animais acometidos e da quantificação do grau de lesão após o corte transversal do focinho entre o primeiro e segundo dentes pré-molares é uma ferramenta disponível para diagnóstico, sendo empregada mais frequentemente em monitorias de abate. Essa metodologia foi proposta por Brito et al., (1993), onde as lesões são gradua- das de 0 a 3, sendo 0 quando ausente e 3 atribuídas para uma atrofia grave ou completa dos cornetos. CONTROLE O controle e/ou profilaxia da RANP compreende o uso de tratamento com antimicrobianos, utilização de vacinas e correção de medidas de manejo, higiene e/ou controle ambiental praticados na granja. Para medicação da ração das porcas ou de leitões recém desmamados, em casos muito severos, pode ser indicado o uso de produtos antimicrobianos, de acordo com os resultados de antibiogramas realizados previamente. A vacinação de fêmeas gestantes é um procedimento consi- derado eficiente e é muito utilizado para a prevenção da rinite atrófica, porém não previne a colonização dos leitões. A erradicação da infecção é viável (por exemplo, através do uso de desmame precoce medicado), mas a utilidade do processo é bastante limitada pela dificuldade quase absoluta em manter os rebanhos livres após a erradicação. Quando usado, o pro- cesso seria mais indicado para eliminar a infecção pela P. multocida toxigênica. Todas essas medidas devem ser aliadas à melhoria de práticas de manejo e ambiência e definição de protocolos de adaptação e de controle para animais de reposição, uma vez que esses podem se comportar como disseminadores da in- fecção (De Jong, 1999; Borowsky et al., 2007). Figura 3. Corrimento nasal mucóide e claro em leitão na fase de creche, infecção pela B. bronchiseptica. Figura 4. Presença de mancha (“placa”) no canto medial do olho. 36 A Hora Veterinária – Ano 30, nº 177, setembro/outubro/2010 CONSIDERAÇÕES FINAIS A RANP é uma enfermidade comum nas granjas de suí- nos, frequentemente observada nos frigoríficos em monitorias patológicas na forma de lesões leves e que não causam danos expressivos aparentes nas granjas. Porém, podem acarretar perdas muito significativas em índices produtivos, como dimi- nuição no ganho de peso diário e piora nas taxas de conver- são alimentar que, por falta de gerenciamento da produção, podem passar despercebidas. Pensando no agente como fa- tor predisponente a infecções mais graves e que cursam com maiores danos, como a RAP, se torna importante uma tomada de medidas profiláticas eficientes. Para tal, o conhecimento da dinâmica da infecção do agente nos rebanhos seria funda- mental, entretanto, esses dados são carentes na literatura ne- cessitando de estudos a fim de determinar o momento da in- fecção e o seu tempo de permanência no rebanho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOROWSKY, S. & BARCELLOS, D.E.S.N. Bordetelose pulmonar. In: SOBESTIANSKY, Y. & BARCELLOS, D. (Eds). Doenças dos Suínos. Canone editorial. p.62-64, 2007. BOROWSKY, S. et al. Rinite atrófica. In: SOBESTIANSKY, Y. & BARCELLOS, D.E.S.N. (Eds). Doenças dos Suínos. Canone editorial. p.187-196, 2007. BRITO, J.R.F. et al. Rinite atrófica dos suínos. Suinocultura Dinâ- mica. Embrapa Suínos e Aves. a.2, n.7, p.1-5, 1993. BROCKMEIER, S.L. et al. Effects of intranasal inoculation with Bordetella bronchiseptica, porcine reproductive and respiratory syndrome virus, or a combination of both organisms on subsequent infection with Pasteurella multocida in pigs. Am. J. Vet. Res., v.62, p.521-525, 2001. BROCKMEIER, S. & REGISTER, K.B. Effect of temperature modulation and bvg mutation of Bordetella bronchiseptica on adhesion, intracellular survival and cytotoxicity for swine alveolar macrophages. Vet. Microbiol. v.73, p.1-12, 2000. CHUNG, W-B. et al. Adherence of Bordetella bronchiseptica and Pasteurella multocida to swine nasal ciliated epithelial cells in vitro. Acta Pathol. Microbiol. Scand., v.98, p.453-461, 1990. DE JONG, M.F. Progressive and nonprogressive atrophic rhinitis. In: STRAW, B.E.; D‘ALLAIRES, S.; MENGELING, W.L.; TAYLOR D.J. (Eds). Disease of Swine. 8 th.ed. Ames: Iowa State University Press, p.355-384, 1999. DUGAL, F. et al. Enhanced adherence of Pasteurella multocida to porcine tracheal rings preinfected with Bordetella bronchiseptica. Can. J. Vet. Res., v.56, p.260-264, 1992. GOODNOW, R.A. Biology of Bordetella bronchiseptica. Microbiol Rev, v.44, n.4, p.722-738, 1980. HORIGUCHI, Y. et al. Effects of Bordetella bronchiseptica dermonecrotic toxin on the structure and function of osteoblastic clone MC3T3-E1 cells. Infect Immun, v.59, n.3, p.1112-1116, 1991. HOZBOR, D et al. Detection of Bordetella bronchiseptica by the polymerase chain reaction. Res. Mic., v.150, p.333-341, 1999. JACQUES, M. et al. Adherence of Bordetella bronchiseptica and Pasteurella multocida to porcine nasal and tracheal epithelial cells. Can. J. Vet. Res., v.52, p.283-285, 1988. KOBISCH, M.& PENNINGS, A. An evaluation in pigs of Nobi-Vac AR and an experimental atrophic rhinitis vaccine containing Pasteurella multocida DNT-toxoid and Bordetella bronchiseptica. Vet. Rec., v.124, p.57-61, 1989. KURZYNSKI, T.A. et al. Comparison of modified Bordet-Gengou and modified Regan-Lowe media for the isolation of Bordetella pertussis and Bordetella parapertussis. J. Clin. Microbiol., v.26, n.12, p.2661-2663, 1988 LE MOINE, V. et al. Microbiological studies of wild rodents in farms as carriers of pig infectious agents. Preventive Veterinary Medicine Netherlands., p.399-408, 1987. MAGYAR, T. et al. The pathogenesis of turbinate atrophy in pigs caused by Bordetella bronchiseptica. Vet. Microbiol., v.18, p.135-146, 1988. MATTO, S. et al. Mechanisms of Bordetella pathogenesis. Fron. Biosci. v.6, p.e168-e186, 2001. PARTON, R. New perspectives on Bordetella pathogenicity. J. Med. Microbiol., v.44, p.233-235. 1996. PEDERSEN, K.B. & BARFOD, K. The aetiological significance of Bordetella bronchiseptica and Pasteurella multocida in atrophic rhinitis of swine. Nordisk Veterinaermedicine. v.33, p.513-522, 1981. QUINN, P.J. et al. Bordetella bronchiseptica e Bordetella avium. In: Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. Porto Ale- gre: Artmed, cap. 26, p.159-165, 2005. REGAN, J. & LOWE, F. Enrichment medium for isolation of Bordetella. J. Clin. Microbiol., v.6, n.3, p. 303-309, 1977. RUTTER, J.M. et al. Virulence of Bordetella bronchiseptica from pigs with or without atrophic rhinitis. J. Med. Microbiol. v.15, p.105-116, 1982. RUTTER, J.M. et al. Epidemiological study of Pasteurella multocida and Bordetella bronchiseptica atrophic rhinitis. Vet. Rec., v.115, n.15, p.615-619, 1984. SOBESTIANSKY, J et al. Prevalência de rinite atrófica e de pneumo- nias em granjas associadas a sistemas de integração de suínos, no estado de Santa Catarina. Pesq. Vet. Bras.. v.10(1/2), p.23-26. 1990. SOBESTIANSKY, J. et al. Estudos ecopatológicos das doenças res- piratórias dos suínos: prevalênciae impacto econômico em siste- mas de produção dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Comunicado Técnico. Embrapa Suínos e Aves. n.287. p.1-6, 2001. TORNOE, N. et al. Bordetella bronchiseptica isolations from the nasal cavity of pigs in relation to atrophic rhinitis. Nordisk Veterinaer Medizin, v.28, p.1-18, 1976. WEISS, A.A. The genus Bordetella. In: A. BALOWS, H.G. et al. The prokariotes. A handboook on the biology of bacteria: ecophysiology, isolation, identification, applications. 2nd ed. Berlin, Germany: Springer-Verlag, v.3, p. 2530-2543, 1992. Summary Role of Bordetella bronchiseptica in the etiology of swine non-progessive atrophic rhinitis N. Biondo et al. Atrophic rhinitis is divided into two different but interrelated pathological complexes: non-progressive atrophic rhinitis, caused by Bordetella bronchiseptica, and progressive atrophic rhinitis, caused by the infection with Pasteurella multocida alone or in combination with Bordetella bronchiseptica. Non- progressive atrophic rhinitis is characterized by sneezing in the nursery phase and the occurrence of mild atrophy nasal turbinates at slaughter. The agent is commonly found in pig farms, but little is known about the infection dynamics and herd persistence of the agent. The present review aims to describe etiological and pathological aspects of the infection with B. bronchiseptica in order to help to understand the main characteristics of the infection in the herd and to analyze diagnostic methods to the different forms of atrophic rhinitis.
Compartilhar