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Os conflitos são vistos como elementos importantes na sociedade. Sociedades com industrialização avançada não têm muito conflito interno; eles têm muito pouco. Temos que organizar os sistemas sociais de forma que os conflitos sejam encorajados e ganhem visibilidade, para que os profissionais não monopolizem a sua condução. As vítimas de crime, particularmente, perdem seu direito de participar. Um processo judicial que possa devolver às partes o direito ao seu próprio conflito tem ganhado destaque. Introdução: Talvez não devêssemos nem ter criminologia. Talvez devêssemos abolir os institutos ao invés de fomenta-los. Talvez as consequências sociais da criminologia sejam mais ambíguas do que imaginamos. Eu acho que, de fato, elas são. E acho que isso tem relação com o meu tema: conflitos como propriedade. Minha suspeita é que a criminologia, até certo ponto, ampliou um processo no qual os conflitos tem sido retirados das partes diretamente envolvidas e, deste modo, eles ou desaparecem ou tornam- se propriedade de outras pessoas. Um desfecho deplorável, em ambos os casos. Os conflitos devem ter utilidade, não serem deixados de lado. E eles devem ter utilidade para os envolvidos inicialmente no conflito. Os conflitos podem prejudicar os indivíduos, assim como podem prejudicar os sistemas sociais. É isso que aprendemos na escola. É para isso que temos os funcionários públicos. Sem eles, a vingança pessoal vai prosperar. Isso nos foi ensinado de uma forma tão concreta, que acabamos por esquecer o outro lado da moeda: nossa sociedade industrializara em grande escala não possui muitos conflitos internos. Possui muito poucos. Conflitos podem matar, mas muito poucos podem paralisar. Vou utilizar essa circunstância pra fazer um esboço da situação. Não pode ser mais que um esboço. Esse artigo representa o início do desenvolvimento de algumas ideias; não a obra final, lapidada. Acontecimentos e Não-acontecimentos Vamos levar nosso ponto de partida para mais longe. Vamos para a Tanzânia. Vamos abordar nosso problema diretamente das montanhas ensolaradas da província de Arusha. Aqui, dentro de uma casa relativamente grande em vilarejo pequeno, houve uma espécie de acontecimento. A casa ficou lotada. A maioria dos adultos daquele vilarejo e, também vários dos vilarejos adjacentes, estavam lá. Foi um evento animado, conversas, piadas, risadas, atenção ávida, nenhuma frase se perdia. Era um circo, um espetáculo. Era um processo judicial. Desta vez, o conflito era entre um homem e uma mulher. Eles haviam sido noivos. Ele investiu bastante na relação, durante um longo tempo, ate o dia em que ela terminou tudo. Agora, ele queria o investimento de volta. Ouro, prata e dinheiro, eram problemas fáceis de serem resolvidos. Mas como resolver o problema relativo àquilo que já tinha sido desembolsado, o que foi gasto em geral? O desfecho não tem importância dentro do nosso contexto. Mas a estrutura da solução do conflito, sim. Deve-se citar, especialmente, 5 elementos. 1- As partes, os ex-noivos, estavam no centro da sala, e eram o centro das atenções de todo mundo. Eles falavam frequentemente e escutavam com atenção também. 2- Perto deles, estavam parentes e amigos que também estavam participando. Mas eles não assumiam. 3- Além disso, o público geral também estava participando, com questões, informações ou piadas. 4- Os juízes, três secretários locais, eram extremamente inativos. Eles eram obviamente ignorantes a respeito das questões do vilarejo. Todas as pessoas restantes na sala eram experts. Eles eram experts em normas e também em medidas. Eles cristalizavam as normas e esclareciam o que tinha acontecido, ao longo de suas participações no procedimento. Meu conhecimento ao que se refere aos tribunais britânicos é, de fato, limitado. Eu tenho algumas vagas memórias da Vara da Infância e Juventude, onde devia ter umas 20 ou 15 pessoas, a maioria delas assistentes sociais, visando a sala para pequenas conferências ou trabalhos preparatórios. Uma criança ou um jovem talvez estivesse lá, mas, com exceção do juiz ou do escrivão, ninguém parecia estar prestando atenção de verdade. A criança ou jovem devia estar extremamente confusa, sem saber quem era quem. Esse fato é confirmado em uma pesquisa feita por Petter Scott (1959). Nos EUA, Martha Baum (1968) fez observações parecidas. Mais recentemente, Bottoms e McClean (1976) colaboraram com mais uma importante observação: “Tem uma verdade que raramente é revelada na literatura do direito ou nos estudos administrativos da justiça criminal. É uma verdade a qual se evidenciou a todos os envolvidos nesse projeto de pesquisa, enquanto eles estudaram os casos que formaram nossos exemplos. A verdade é que, majoritariamente, o assunto dos tribunais criminais é monótono, banal, corriqueiro, e no fim das contas, simplesmente entediante. Mas, ao invés de comentar mais sobre tal sistema, vou me concentrar no que me é próprio. E eu afirmo: o que ocorre não é nenhum acontecimento. É tudo uma negação do caso tanzaniano. O que está acontecendo em praticamente todos os casos escandinavos é a monotonia e a falta de audiências importantes. Os tribunais não são elementos essenciais no cotidiano dos nossos cidadãos, mas secundários, de 4 formas: 1- Eles são situados nos centros administrativos das cidades, fora dos territórios que as pessoas normais costumam frequentar. 2- Dentro desses centros, os tribunais são geralmente localizados em um ou dois prédios grandes e complexos. Advogados frequentemente reclamam que eles gastam muito tempo para se localizarem nesses prédios. Não é preciso muito esforço para imaginar a situação das partes e do público quando estão encurralados entre as estruturas dos prédios. Um estudo comparativo da arquitetura dos tribunais pode se tornar tão relevante para a Sociologia Jurídica quanto a pesquisa de Oscar Newman (1972) sobre espaço defensivo é para a Criminologia. Mas mesmo sem qualquer pesquisa, eu digo com segurança que tanto a situação física quanto a arquitetura são fortes indicadores de que os tribunais da Escandinávia pertencem aos administradores da lei. 3- Essa impressão é fortalecida quando você entra no tribunal em si - se você tiver sorte o suficiente para achar o caminho até ele. Também aqui, as partes observam atentamente. As partes são representadas e são esses representantes e o juiz que expressam a pouca atividade que se manifesta nessas salas. Os famosos desenhos de tribunais feitos por Honoré Daumier representam a Escandinávia assim como representam a França. Mas há variações. Nas cidades pequenas, ou nas zonas rurais, os tribunais têm mais fácil acesso do que nas cidades maiores. E no extremo inferior do sistema judicial – os chamados conselhos de arbitragem – as partes são, às vezes, menos representadas pelos especialistas em direito. Mas o símbolo do sistema judicial é o Supremo Tribunal, no qual as partes diretamente envolvidas nem mesmo vão às suas audiências judiciais. 4- Eu ainda não fiz nenhuma distinção entre os conflitos cíveis e criminais. Mas não foi por acaso que o conflito da Tanzânia era civil. Participação completa no seu próprio conflito pressupõe elementos do direito civil. O elemento chave em um processo criminal é que este é convertido de algo entre as partes concretas para algo entre uma das partes e o Estado. Primeiramente, as partes estão sendo representadas. Em segundo lugar, a parte que está sendo representada pelo Estado, ou seja, a vítima, o é de tal forma que, na maioria dos procedimentos, é deixada totalmente de fora dos tribunais, sendo reduzida à peça que dá início a tudo. É, além do mais, uma pessoa duplamente prejudicada. Primeiramente, é prejudicada em face do ofensor, mas, em seguida, de um jeito pior, prejudicada aoter negados seus direitos de participar por completo do que deveria ser um dos mais importantes encontros de sua vida. A vítima perde o caso para o Estado. Ladroes profissionais Todos sabemos que há razões honráveis e não honráveis por trás do jeito como tais coisas acontecem. As honráveis tem a ver com a necessidade do Estado de reduzir os conflitos e, certamente, seu desejo de proteger a vítima. É um tanto quanto óbvio. Também é assim a razão menos honrável para o Estado, ou Imperador, ou quem quer que esteja no poder: usar os processos criminais para ganhos pessoais. Os ofensores devem pagar pelos seus pecados. As autoridades mostraram, em épocas passados, considerável voluntariedade, representando a vítima, de agir como destinatário do dinheiro ou outros bens do ofensor. Mas estes dias passaram. A justiça criminal não é comandada pelo lucro. Mas no entanto, eles não passaram. Há, em qualquer banalidade, muitos interesses em jogo; a maioria ligada à profissionalização. Advogados são particularmente habilidosos em roubar conflitos. São treinados para isso, par prevenir e resolver conflitos. Eles são socializados dentro de uma sub-cultura com um alto grau de consentimento relativo à interpretação de normas, e a respeito de quais informações podem ser consideradas relevantes em cada caso. Muitos de nós, como leigos, já vivenciamos os tristes momentos de verdade quando nossos advogados nos dizem que nossos melhores argumentos no conflito contra o nosso vizinho não tem nenhuma relevância legal e que nós temos que, pelo amor de Deus, não falar deles na audiência. Ao invés, eles escolhem argumentos que podemos considerar irrelevantes ou até errados de se usar. Meu exemplo favorito aconteceu logo após a guerra. Um dos melhores advogados do meu país contou orgulhosamente como ele havia acabado de salvar um pobre cliente. Esse cliente havia colaborado com os Alemães e o advogado declarou que ele havia sido uma das pessoas chave na organização do movimento nazista. Ele havia sido uma das mentes mestras por trás de tudo. O advogado, no entanto, salvou seu cliente. E o salvou mostrando ao júri como seu cliente era fraco, sem habilidades e claramente deficiente tanto socialmente quanto organicamente. Seu cliente simplesmente não poderia ter sido um dos organizadores dentre os colaboradores; ele não tinha talento. E ele ganhou a causa. Seu cliente pegou uma pena muito pequena, como uma pessoa pouco importante. O advogado finalizou sua história me contando, indignado, que nem o réu e nem sua esposa o agradeceram no final. Os conflitos se tornam propriedade dos advogados. Mas os advogados não escondem que é com os conflitos que eles lidam. A estrutura organizacional dos tribunais evidencia esse argumento. As partes, o juiz, a proibição de comunicação privilegiada, a falta de estímulo à especialização – especialistas não podem ser controlados internamente – evidenciam que tudo isso é uma organização para a condução dos processos. Já os mediadores estão em outra posição. Eles estão mais interessados em converter a imagem do caso de um conflito para um não-conflito. O modelo básico da mediação não é com as partes opostas, mas sim com as partes sendo levadas à direção de um objetivo bem aceito: a preservação ou restauração do bem-estar. Eles não são treinados em um sistema no qual é importante que as partes possam controlar umas às outras. Não há, no caso ideal, nada a ser controlado, porque só há um objetivo. A especialização é estimulada. Ela aumenta o conhecimento disponível, a perda de controle interno não tem relevância. A perspectiva de um conflito cria dúvidas desconfortáveis em relação à adequação do mediador para aquele trabalho. Uma perspectiva de não- conflito é uma pré condição para definir o crime como alvo legítimo da mediação. Uma maneira de reduzir a atenção dada ao conflito é a redução da atenção dada a vitima. Outra maneira é concentrar a atenção aos pontos em que o mediador é treinado para agir. Imperfeições biológicas são perfeitas. Assim como imperfeições da personalidade quando estabelecidas anteriormente – bem antes do conflito recente. Também se considera perfeito o rol de variáveis que a criminologia pode oferecer. Nós temos, na criminologia, uma ciência auxiliar na área dos profissionais do sistema de controle criminal. Nós temos focado no ofensor, transformamos ele ou ela em um objeto de estudo, manipulação e controle. Nós reduzimos a vítima e enaltecemos o ofensor. Essa crítica é, talvez, não só relevante para a antiga criminologia, mas também para a nova criminologia. Enquanto a antiga criminologia explica os crimes como defeitos pessoais ou dificuldades sociais, a nova criminologia explica os crimes como resultados dos conflitos econômicos. A antiga criminologia perde os conflitos, enquanto a nova transforma os conflitos interpessoais em conflitos de classes. E realmente são. São conflitos de classes – também. Porém, analisando a questão, os conflitos novamente são afastados das partes envolvidas diretamente. Assim, como uma afirmação preliminar: conflitos criminais tornaram-se propriedade de outras pessoas – primeiramente, propriedade de advogados – ou se torna interesse de outras para definição dos conflitos. Ladrões Estruturais Há outros pontos além de manipulação profissional de conflitos. Mudanças na estrutura básica social têm trabalhado no mesmo sentido. O que particularmente tenho em mente são dois tipos de segmentação facilmente observados em sociedades altamente industrializadas. Primeiramente, existe a questão da segmentação no espaço. Nós funcionamos diariamente como migrantes entre grupos de pessoas que não necessariamente estamos ligados – exceto com o movimentador. Muitas vezes, com isso, conhecemos nossos colegas de trabalho apenas como colegas de trabalho, vizinhos apenas como vizinhos. Nós o conhecemos como personagens e não como pessoas. Essa situação é agravada com o extremo grau de divisão trabalhista que nós aceitamos conviver. Somente especialistas são capazes de avaliar cada um de acordo com a competência – pessoal – individual. Retirando a especialidade, caímos na avaliação generalizada da suposta importância do trabalho. A não ser entre especialistas, não somos capazes de avaliar o quão bom alguém é no trabalho, mas somente o quanto aquele personagem é importante. Em meio a isso, temos possibilidades limitadas para entender o comportamento de outras pessoas. O comportamento delas também terá relevância limitada para nós. Personagens são mais fáceis de substituir do que pessoas. O segundo tipo de segmentação tem a ver com o que gosto de chamar de nosso reestabelecimento da sociedade de castas. Não estou dizendo sociedade de classes, ainda que existam tendências óbvias para essa direção. Na minha visão, porém, entendo os elementos de castas mais importantes. O que tenho em mente é a segregação baseadas em atributos biológicos, como o sexo, cor, capacidades físicas ou o número de invernos que sobrevivemos desde o nascimento. A idade é particularmente importante. É um atributo quase perfeitamente sincronizado com a sociedade altamente industrializada. É uma variável contínua, onde podemos inserir quantos intervalos forem necessários. Podemos dividir a sociedade em duas: adultos e crianças. Mas também podemos dividi-la em dez: bebês, pré-escolares, escolares, adolescentes, jovens, adultos, pré-pensionistas, pensionistas, idosos e anciãos. E o mais importante: os pontos de corte podem se mover de acordo com as necessidades sociais. O conceito de adolescente era particularmente aceitável 10 anos atrás. Não seria se a realidade social não estivesse em acordo com a palavra. Hoje, o conceito não é muito usado no meu país. A condição de juventude não acaba aos 19 anos. Pessoas jovens têm que esperar ainda mais paraobter permissão para se juntarem à força de trabalho. A casta dos que não se encontram na força de trabalho foi estendida aos 20 anos ou mais. Ao mesmo tempo, a saída da força de trabalho – se é que você foi admitido, se não foi deixado de fora por questões como raça ou sexo – é adiada até o início dos 60 anos. No meu pequeno país de 4 milhões de habitantes temos 800 mil pessoas segregadas no sistema de educação. A crescente escassez de emprego imediatamente levou as autoridades a aumentar a capacidade da educação no encarceramento. Outros 600 mil são pensionistas. A segmentação de acordo com o espaço e de acordo com atributos de casta tem consequências severas. Primeiro e principalmente, leva a despersonalização da vida social. Indivíduos são conectados por ligações menores, em redes de trabalho mais próximas, onde são confrontados com os mais significativos papéis. Isso cria uma situação de limitação de informações guardadas entre as pessoas. Sabemos menos sobre outras pessoas e temos possibilidades limitadas para entender e prever seus comportamentos. Se um conflito é criado, somos menos capazes de lidar com essa situação. Não somente há profissionais, capazes e que querem acabar com o conflito, mas também temos mais vontade de acabar com ele. Em segundo lugar, a segmentação leva a destruição de certos conflitos antes mesmo de eles começarem. A despersonalização e mobilidade dentro da sociedade industrial acabam com algumas condições essenciais para a existência de conflitos; aqueles entre pessoas que significam muito umas para as outras. O que particularmente tenho em mente é crimes contra a honra e difamação do caráter. Todos os países escandinavos tiveram uma queda dramática nesse tipo de crime. Na minha interpretação, não foi porque a honra passou a ser mais respeitada, mas porque há menos honra para se respeitar. As várias formas de segmentação significam que seres humanos são interligados de maneira que simplesmente significam menos um para o outro. Quando são ofendidos, são ofendidos apenas parcialmente. E se estão perturbados, podem simplesmente se mudar. E afinal, quem se importa? Ninguém me conhece. Na minha avaliação, a diminuição de crimes de infâmia e difamação é um das mais interessantes e tristes sintomas de desenvolvimentos perigosos nas sociedades industrializadas. A queda aqui é claramente relacionada com condições sociais que levaram ao aumento de outras formas de crime que chamaram a atenção das autoridades. É um importante objetivo para a prevenção de crimes recriarem condições sociais que levaram ao aumento dos crimes contra a honra de outras pessoas. A terceira consequência da segmentação de acordo com o espaço e idade é que certos conflitos se tornam invisíveis e, assim, não recebem nenhuma solução ou qualquer coisa do tipo. Eu tenho em mente conflitos como dois extremos em uma continuidade. Em um extremo, temos os “superprivatizados”, aqueles tomando o lugar dos indivíduos em meio a um segmento. Espancar a mulher ou o filho é um exemplo. Quanto mais isolado o segmento, a parte mais fraca fica sozinha, aberta para o abuso. Inghe e Riemer (1943) fizeram o clássico estudo muitos anos atrás sobre um fenômeno relatado em seu livro sobre incesto. Seu principal argumento era que o isolamento social de certas categorias dos trabalhadores rurais Suíços era condição necessária para esse tipo de crime. Pobreza significava que as partes no núcleo familiar tornavam-se completamente dependentes umas das outras. Isolamento significava que a parte mais fraca na família não possuía contatos exteriores aos quais poderia pedir ajuda. A força física do marido tem, sem dúvidas, grande importância. Em outro extremo, temos crimes praticados por grandes organizações econômicas contra indivíduos tão fracos e ignorantes que não conseguem sequer reconhecer que foram vitimizados. Em ambos os casos, o objetivo para a prevenção dos crimes pode ser recriar condições sociais que tornem os conflitos visíveis e passíveis de solução. Conflitos como propriedade Conflitos são retirados, distribuídos ou feitos invisíveis. Isso importa? Isso realmente importa? Muitos de nós provavelmente concordaríamos que devemos proteger as vítimas mencionadas. Muitos também não iriam aprovar ideias que dizem que estados, governos ou outras autoridades devem parar de roubar impostos e, ao invés disso, deixarem as pobres vítimas receberem esse dinheiro. Eu pelo menos aprovaria esse procedimento. Mas eu não entraria nesse problema aqui e agora. Compensação material não é o que eu tenho em mente com a frase “conflitos como propriedade”. É o conflito propriamente dito que representa a mais interessante propriedade retirada, e não os direitos retirados das vítimas ou devolvidos a ela. Nos nossos tipos de sociedade, conflitos são mais escassos do que propriedade. E eles são imensamente mais valiosos. São valiosos em diversos sentidos. Deixe-me começar com o nível social, uma vez que já expliquei aqui os fragmentos necessários de análise que podem nos permitir ver qual é o problema. Sociedades altamente industrializadas enfrentam problemas maiores ao organizar seus membros de modo que uma quota decente tome parte em alguma atividade. Segmentação de acordo com a idade e sexo pode ser vista como um método sagaz para segregação. A participação é tão escassa que os participantes criam monopólios contra os que não participam particularmente os que se recusam a trabalhar. Nessa perspectiva, facilmente se observa que conflitos representam um potencial para a atividade, para participação. Os sistemas de controle criminal modernos representam um dos muitos casos de oportunidades perdidas para envolver cidadãos em tarefas que são de imediata importância para eles. A nossa sociedade é de monopolizadores de tarefas. A vítima é um grande perdedor nessa situação. Ela não só sofreu, teve perdas materiais ou ficou ferido, fisicamente ou de outra maneira. E não só o Estado deve recompensá-la. Mas acima de tudo, ela perdeu participação no seu próprio caso. É a Coroa que vem à tona, e não a vítima. É a Coroa que descreve as perdas, e não a vítima. É a Coroa que aparece no jornal, e muito raramente, a vítima. É a Coroa que tem a chance de conversar com o agressor, e nenhum dos dois está interessado em continuar com aquela conversa. O promotor está entediado há muito tempo. A vítima não estaria. Ela poderia estar assustada, em pânico ou furiosa. Mas ela não estaria pouco envolvida. Seria um dia importante na vida dela. Uma coisa que lhe pertencia foi tirada. Mas o maior perdedor somos nós – a extensão da sociedade. Essa perda é primeiramente e mais importante, uma perda de oportunidade de esclarecimento da norma. É uma perda de possibilidades pedagógicas. É uma perda de oportunidade para discussões contínuas do que represente a lei da terra. O quão errado era o ladrão? O quão certa era a vítima? Advogados são, como vimos, treinados em acordos para o que é relevante no caso. Mas isso significa uma incapacidade treinada em deixar as partes decidirem o que elas acham que é importante. Significa que é difícil encenarmos o que chamamos de debate político na corte. Quando a vítima é pequena e o agressor é grande – em termos de poder – o quão condenável é o crime? E se for ao contrário, o ladrão pequeno e o dono de uma casa grande? Se o ofensor é bem educado, então ele deve sofrer mais, ou talvez menos, por seus pecados? Ou se ele é negro, ou jovem, ou se a outra parte é uma companhia de seguros, ou se a esposa recentemente o deixou, ou se a sua fábrica terá que fechar se ele for para a cadeia, ou se sua filha perderá o noivo, ou se estava bêbado, triste ou bravo. Isso não tem fim. E talvez não deva ter. talvez a lei Barotse, como descreveu Max Gluckman (1967) seja um melhor instrumento para esclarecimentoda norma, permitindo que as partes conflitantes tragam a cada momento a velha cadeia de argumentos e reclamações. Talvez decisões sobre relevância e o peso do que é considerado relevante devam ser retirados do alcance de estudantes da lei, os ideologistas chefes do sistema de prevenção ao crime, e trazidos de volta para decisões livres nas cortes. Uma futura perda geral – tanto para a vítima quanto para a sociedade em geral – tem a ver com o nível de ansiedade e de equívocos. Penso novamente na possibilidade de encontros pessoais. A vítima está tão fora do caso que não há chance alguma de conhecer o ofensor. Nós a deixamos de fora, furiosa, talvez humilhada após uma avaliação na corte, sem nenhum contato físico com o ofensor. Ela não tem alternativa. Ela precisará de todo o estereótipo clássico do ofensor para ter uma noção de tudo. Ela tem a necessidade de entender, mas ao invés disso, é somente mais um expectador. É claro, ela irá embora mais assustada do que nunca, mais necessitado do que nunca de uma explicação sobre o criminosos como não-humanos. O ofensor representa um caso mais complicado. Não é necessária muita introspecção para ver que a participação direta da vítima pode ser uma experiência de fato dolorosa. Muitos de nós nos esquivaríamos de um encontro com esse personagem. Essa é a primeira reação. Mas a segunda é um pouco mais positiva. Seres humanos têm motivos pelos quais agem. Se a situação é encenada, para que os motivos possam ser dados (motivos como as partes os veem e não apenas as partes que os advogados acharam relevantes), nesse caso talvez a situação não seja tão humilhante. E, particularmente, se a situação fosse arrumada de tal maneira que a questão central não fosse achar a culpa, mas através da discussão, sobre o que poderia ser feito para desfazer a ação, então a situação poderia mudar. E isso é exatamente o que deveria acontecer quando a vitima é reintroduzida no caso. Atenção séria centralizará nas perdas da vítima. Isso leva a uma atenção natural de que forma eles podem ser suavizados. Isso leva para a discussão sobre a restituição. O agressor ganha a possibilidade de mudar sua posição sendo um ouvinte para uma discussão – muitas vezes uma altamente inteligível – de quanta dor ele deveria receber, como um participante numa discussão de como ele poderia fazer isso bem novamente. O agressor tem perdido a oportunidade de explicar para si mesmo para uma pessoa cuja sua avaliação possivelmente importa. Ele, assim, também perde uma das mais importantes possibilidades de ser perdoado. Comparado com as humilhações do juizado comum – vividamente descrito por Pat Garlen (1976) numa recente pesquisa para o British Journal of Criminology – isso não é, obviamente, nada mal para o criminoso. Mas deixe-me adicionar que eu penso que nós deveríamos fazer isso independentemente de seus desejos. Não é sobre controle de saúde que estamos discutindo. É controle do crime. Se os criminosos são chocados pelo pensamento inicial da confrontação próxima com a vítima, de preferência uma confrontação num local mais próximo de uma das partes, e então? Eu conheço de recentes conversas sobre essas questões que a maioria das pessoas condenadas estão chocadas. Depois de tudo, elas preferem se distanciar da vítima, da vizinhança, dos ouvintes e talvez também do seu próprio processo judicial por meio de seu vocabulário e dos especialistas em ciências comportamentais que podem vir à estarem presentes. Eles estão perfeitamente preparados para desistir de seus direitos de propriedade para o conflito. Então a questão é maior: Nós estamos dispostos a deixa- los desistirem? Nós podemos dá-los essa maneira mais fácil? Deixe-me explicar um pouco melhor esse ponto: Eu não estou sugerindo essas ideias fora de nenhum interesse em particular no tratamento ou melhoramento nos criminosos. Eu não estou baseando meu raciocínio na crença de uma reunião mais pessoal entre ofensor e vítima que pudesse reduzir a reincidência. Talvez possa. Eu penso que poderia. Como é agora, o ofensor perde a oportunidade para participação na confrontação pessoal de uma natureza muito séria. Ele tem perdido a oportunidade de receber um tipo de culpa que pode ser muito difícil de neutralizar. Contudo, eu poderia ter sugerido esses arranjos mesmo que estivesse absolutamente certo de que eles não tinham efeitos sobre a reincidência, talvez até mesmo se eles tivessem um efeito negativo. Eu poderia fazer isso por outra causa, por mais ganhos gerais. E deixe-me adicionar – Não é muito a perder. Como nós todos sabemos hoje, pelo menos a maioria, nós temos não estado aptos para inventar qualquer cura para o crime. Exceto pela execução, castração ou encarceramento pela vida toda, nenhuma medida tem provado a eficiência comparado com qualquer outro método. Nós também podemos reagir ao crime de acordo com o quão próximo as partes envolvidas se encontram e de acordo com os valores gerais da sociedade. Com essa última afirmação, como a maioria das outras que fiz, eu acrescento mais problemas do que respondo. Afirmações em políticas criminais, particularmente com esses fardos de responsabilidade, são usualmente preenchidas com respostas. São questionamentos que precisamos. A gravidade do nosso assunto faz-nos muito pedantes e assim inúteis como transformadores de paradigmas. • Um tribunal orientado para as vítimas Há claramente um modelo de tribunais de bairro por trás de meu raciocínio. Mas isso é uma de algumas feições peculiares, e é acerca disso que eu discutirei a seguir. Primeiramente e mais importante: É uma organização de vítimas orientadas. Não é um estágio inicial. O primeiro estágio será um tradicional um onde é estabelecido se foi verdade que a lei vem sido quebrada, e se isso foi a pessoa em particular quem a quebrou. Depois vem a segunda etapa, na qual dentro desses tribunais seria de maior importância. Isso poderia ser o estágio onde a situação das vítimas fosse considerado, onde todos os detalhes juridicamente importantes ou não fossem trazidos para a atenção do tribunal. Particularmente importante aqui seria a consideração detalhada sobre o que poderia ser feito por ele, em primeiro lugar e mais importante pelo ofensor, segundamente pela vizinhança local e terceiramente pelo Estado.Poderia o dano ser compensado, a janela reparada, a tranca substituída, o muro pintado, a perda de tempo por conta do carro que foi roubado dado de volta à jardinagem ou a lavagem do carro em dez domingos numa fila? Ou talvez, quando essa discussão iniciou, o dano não seria tão importante como aparentava nos documentos escritos para impressão de companhia de seguros? Pode o sofrimento físico tornar-se um pouco menos doloroso por qualquer ação do infrator, durante dias, meses ou anos? Mas, além disso, teria a comunidade exaurido todos os recursos que poderiam ter oferecido para ajudar? Foi absolutamente certo que o hospital local não poderia ter feito nada? E quanto uma mãozinha para o zelador duas vezes ao dia se o infrator ofereceu para limpar o porão todos os Sábados? Nenhuma dessas idéias é desconhecida ou inexperiente, particularmente não na Inglaterra. Mas nós precisamos de uma organização para a aplicação sistemática delas. Só então depois desse estágio passar, e isso deve levar horas, talvez dias, para passar, só depois poderia vir o tempo para uma decisão eventual de punibilidade. Punição, assim, torna-se esse sofrimento o qual o juiz acha necessário para aplicar além desses sofrimentos construtivos não intencionais que o ofensor poderia passar através de sua ação restaurativa vis-a-vis com a vítima. Talvez nada possa ser feito ou nada deva ser feito. Mas os bairros poderiam achar intolerável que nada aconteceu. Tribunais locais fora de sintonia com valores locais não são tribunais locais. Isso apenasé o problema com eles, vendo do ponto de vista de reformas liberais. Um quarto estágio tem de ser adicionado. Esse é o estágio para serviço do ofensor. Sua situação geral e pessoal é bem conhecida pelo tribunal. A discussão de suas possibilidades para restaurar a situação da vítima não pode ser realizada sem ao mesmo tempo dar informação sobre a situação dos ofensores. Isso pode ter exposto necessidades para social, educacional, medico ou ação religiosa – não para prevenir mais crimes, mas por que as necessidades devem ser conhecidas. Tribunais são arenas públicas, as necessidades são visíveis. Mas é importante que essa fase venha depois da condenação. Caso contrário, temos uma re-emergência de todo o conjunto das chamadas “medidas especiais” – tratamento compulsórios – muitas vezes só eufemismos para prisões indeterminadas. Através destas quatro etapas, estes tribunais representariam uma mistura de elementos de tribunais civis e criminais, mas com uma forte ênfase no lado civil. • Um tribunal de orientação leiga A segunda maior particularidade com o modelo do tribunal que tenho em mente é que ele seria um com um grau extremo de orientação leiga. Isto é essencial quando conflitos são vistos como propriedade que devem ser compartilhados. Há conflitos como acontecem tantas coisas boas: eles não estão em oferta ilimitada. Os conflitos podem ser tratados, protegidos, nutridos, mas há limites. Se a alguns são dados maior acesso na resolução, outros estão dando menos. É tão simples quanto isso. Especialização em solução de conflitos é o maior inimigo; Especialização que em tempo devido ou indevido conduz a profissionalização. Ou seja, quando os especialistas obtêm poder suficiente para afirmar que eles possuem dons especiais, principalmente através da educação, dons tão poderosos que é obvio que eles só podem ser tratados pelo certificado máximo. Com um esclarecimento do inimigo, nós também somos capazes de especificar a meta; Deixa-nos a reduzir especialização e particularmente a nossa dependência em relação aos profissionais dentro do sistema máximo de controle. O ideal é claro; deveria ser um tribunal de igualdade representando eles mesmos. Quando eles são capazes de achar a solução entre eles mesmos, nenhum juiz é necessário. Quando eles não são, os juízes também deveriam ser iguais. Talvez o juiz seja mais fácil de substituir, se nós fizermos uma séria demanda para trazer a nosso presente tribunal mais perto desse modelo de orientação leiga. Nós já temos juízes leigos a princípio. Mas isso está muito longe da realidade. O que nós temos, tanto a Inglaterra quanto meu país, é um tipo de especialidade não-especialista. Primeiramente, eles são usados repetidamente Segundamente, alguns até mesmo treinados, ganham cursos especiais ou são enviados em excursões para países estrangeiros para aprender sobre como se comportar como um juiz leigo. Terceiramente, a maioria deles também representam uma extrema amostra extremamente tendenciosa da população com ao sexo, idade, educação, renda, classe e experiência pessoal com criminosos. Com juízes leigos reais, eu concebo um sistema onde a ninguém foi dado o direito de tomar parte em uma solução de conflitos mais que algumas vezes, e depois tenham que esperar até que todos os outros membros da comunidade tivessem a mesma experiência. Advogados devem ser admitidos no tribunal? Nós tínhamos uma velha lei na Noruega que os proibiam de entrar em distritos rurais. Talvez eles devam ser admitidos no estágio um onde é decidido se o homem é culpado. Eu não tenho certeza. Experts são um câncer para qualquer organismo leigo. É exatamente como Ivan Illich descreve para o sistema educacional em geral. Cada vez que você aumenta o cumprimento da educação compulsória na sociedade, cada vez você também diminui a mesma confiança da população no que eles têm aprendido e entendido bem por si mesmos. Experts comportamentais representam o mesmo dilema. Há um lugar para eles nesse modelo? Deveria hav er qualquer lugar? Na fase 1, decisões em fatos, certamente não. Na fase 3, decisões sobre eventuais punições, certamente não. É muito óbvio para ater-se nisso. Nós temos a série de lamentáveis erros de Lombroso, através do movimento por defesa social e também perspectivas recentes para apresentar pessoas supostamente perigosas através de previsões sobre quem são e quando elas não são mais perigosas. Deixemos que essas ideias desapareçam, sem mais delongas. O verdadeiro problema relaciona-se com a função de serviço dos especialistas em comportamento. Cientistas sociais podem ser notados pelas respostas dinâmicas para determinada sociedade. Em nossa grande maioria, nós perdemos a possibilidade física de vivenciar a plenitude, tanto no nível de sistema social e também no nível de personalidade. Psicólogos podem ser vistos como historiadores de maneira individual, sociólogos possuem muito da mesma função para o sistema social. Assistentes sociais são o ‘’óleo na máquina’’, uma parte significativa do processo. Nós podemos funcionar sem eles, poderiam a vítima e o réu serem piores? Talvez. Mas isso seria extremamente difícil de obter se a corte estivesse ali. Nosso tema trata-se do conflito social. Quem não está pelo menos estritamente preocupado com a maneira dele ou dela lidarem com seus próprios conflitos sociais se nós entendermos que há em especialista nessa questão da mesma moeda? Eu não tenho uma reposta clara, apenas sentimentos exacerbados sobre uma conclusão vaga: vamos ter um pouco do comportamento de especialistas como estamos acostumados a fazer. E se nós tivermos algum, deixemos que a misericórdia de Deus não tenha especialidade alguma em crimes e resolução de conflitos. Deixemos que especialistas gerais com uma base sólida fora sistema de controle criminal. E o último aspecto relevante tanto para especialistas em comportamento e advogados: se nós os acharmos inviáveis em determinados casos ou em determinadas fases, vamos tentar ultrapassar os problemas criados amplamente de participação social. Vamos tentar fazê-los atentarem a eles mesmos como pessoas-ressarcidas, respondendo quando perguntadas, porém não influenciadas, não no centro. Eles provavelmente colaborarão nessa fase de conflitos, não assumirão o controle. Há centenas de blocos contra a obtenção de tal sistema para operar dentro da nossa cultura ocidental. Deixe-me citar apenas 3 principais. São eles: 1) Há uma necessidade de vizinhança 2) Há poucas vítimas 3) Há muitos profissionais por perto Com uma carência de vizinhos eu tenho em mente o mesmo fenômeno que descrevi como consequência da vida industrializada; a divisão de acordo com espaço e idade. Muitos dos nossos problemas decorrem de bairros mortos ou comunidades locais mortas. Como podemos então empurrado em direção a bairros de tarefa que pressupõe eles são altamente vivos. Eu não tenho bons argumentos, apenas um ou dois fracos. O primeiro não é tão ruim. A morte não está completa. Em segundo, uma das principais ideias posteriores sobre a concepção ‘’Conflitos como Propriedade’’ é que há uma propriedade-vizinhança. Não é privado. Pertence ao sistema. É compreendido como organizador para vizinhança. O maior risco que a vizinhança representa; mais precisamos tribunais de bairro como uma das muitas funções qualquer sistema social precisa para não morrer por falta de desafio. Igualmente mau é a parte das vítimas. Aqui, eu tenho particularmente em mente uma falta das vítimas pessoais. O problema por detrás disso é que as grandes unidades na sociedade industrializada. Woolworth ou British Rail não são boas vítimas. Mas novamente eu irei dizer: não há uma falta de vítimas pessoais e elas precisam sair dessa prioridade. Mas nós não devemos nos esquecer das grandes organizações.Elas, ou suas plataformas,certamente prefeririam não ter que aparecer como vítimas numa corte da vizinhança de 5000 presentes sobre todo o país. Porém, talvez elas estão sendo forçadas a aparecer. Se a queixa é contundente o bastante para trazer o réu para o posto de criminoso, então a vítima deve aparecer. O problema relativo identifica-se com o seguro das companhias a alternativa industrializada para amizade ou gentilezas. Novamente, nós temos um caso no qual o suporte deteriora a condição. Seguro leva as condições do crime embora. Nós teremos, portanto que levar a insegurança embora. Ou pior: nós teremos que guardar as possibilidades de compensação através do seguro de empresas retornem até que o procedimento descrito , tem sido provado que por trás de toda possível dúvida não restam outras alternativas- particularmente o réu não tem possibilidade alguma. Estritamente o réu não possui possibilidade alguma sequer. Talvez a resposta criará mais papeladas, menos previsível , mais agressão para costumes. E a solução não será necessariamente vista tão razoável quanto a vista da perspectiva do segurado. Mas isto não ajudará a proteger conflitos como combustível social. Nenhum desses problemas pode, todavia, competir com o terceiro e último que comentarei sobre: a abundância de profissionais. Nós sabemos disso pelas nossas próprias biografias pessoais ou observações pessoais. E para acrescentar nós confirmamos isso de todos tipos de pesquisa de ciências sociais: o sistema educacional de qualquer sociedade não está necessariamente sincronizado em qualquer necessidade para o produto desse sistema. Em algum tempo, nós pensamos que havia uma causa direta relacionada com o número elevado de pessoas alfabetizadas num país com Gross National Product. Hoje nós suspeitamos que esse relacionamento de outro modo, se nós não estivermos dispostos a usar o GNP como indicador expressivo. Nós sabemos também que a maioria dos sistemas educacionais são extremamente arbitrários. Sabemos que universitários tiveram investimentos lucrativos na nossa educação,que nós lutamos pelo mesmo para as crianças, e nós sabemos que frequentemente temos transferido nossos interesses fazendo nossa parte para que o sistema educacional se torne ainda maior. Mais escolas para mais advogados,assistentes sociais,psicólogos,sociólogos,criminologistas. Enquanto estou falando de forma não-profissional , nós estamos aumentando a capacidade de estar aptos a preencher o mundo inteiro com ele. Não há uma base sólida para o otimismo. Por outro lado o discernimento sobre a situação, e o objetivo da formulação, é uma pré-condição para a ação. É claro que o controle de sistema criminal não é dominante no nosso tipo de sociedade. Mas isso tem alguma relevância. E ocorrências aqui são atípicas bem colocadas como ilustrações pedagógicas da tendência geral na sociedade. Há também alguma sala para manobra. E quando nós atingirmos os limites, ou eles nos atingirem, essa colisão representa por si só como um argumento renovado para mudanças amplamente concebidas. Outra fonte de esperança: ideias formuladas aqui não são totalmente tão isoladas ou em divergência da corrente principal (mainstream) do pensamento de que quando nós deixamos nossa área de controle criminal e entramos em outras instituições. Eu já havia mencionado Ivan Illich com suas tentativas de obter aprendizado longe de professores e voltado para as ações do ser humano. Aprendizado compulsório,medicação compulsória e consumo compulsório de soluções de conflitos possuem similaridades interessantes. Quando Ivan Illich e Paulo Freire são ouvidos, e minha impressão é de que eles cada vez mais o são, o sistema de controle criminal será também mais facilmente influenciado. Outro, porém relacionado, a mudança principal no paradigma é sobre o que acontecerá com todo o campo da tecnologia. Até certo ponto, essas são as lições do terceiro mundo que agora são facilmente vistas, até certo ponto essa é a experiência do debate ecológico. O mundo está obviamente sofrendo através da nossa técnica, o modo como é feita. O sistema social no terceiro mundo está sofrendo igualmente. Então a suspeita inicia-se. Talvez o terceiro mundo não possa se apropriar de toda tecnologia. Talvez alguns dos pensadores sociais antigos não estão totalmente ultrapassados (afinal de contas). Talvez o sistema social possa ser notado como unicamente biológico. E talvez há determinados tipos de tecnologia em larga escala que mata o sistema social, como ela mata o planeta. Schumacher (1973) com seu livro ‘’Small is Beautiful’’ ( O Negócio é Ser Pequeno) e o estudo do Instituto de Tecnologia Intermediária entra aqui. Assim como também, as inúmeras tentativas, sobretudo pelo notado entendimento do Instituto de Pesquisa para paz aponta os perigos no conceito de Gross National Product , e substitui isso com indicadores que tratam da dignidade, igualdade e justiça. A perspectiva desenvolvida pelo grupo de Johan Galup, nos indicadores mundiais poderia provar, prática extremamente usada também dentro do nosso campo de controle criminal. Há também um fenômeno político em abertura. Na social democracia da Escandinávia,grupos relacionados possuem poder considerável, mas não possuem uma explicação ideológica em relação a metas para uma sociedade reorganizada. Esse vazio é sentido por muitos, e cria a complacência para aceitar e também esperar experimentação institucional considerável. Portanto meu último ponto: sobre o que tratam as universidades nessa figura? Sobre o que se trata o novo Centro em Sheffield? A resposta deve ser provavelmente a mais antiga: as universidades têm que reafirmar os antigos questionamentos de compreensão e crítica. Mas a questão de treinamento profissional deve ser vista com ceticismo renovado. Vamos reestabelecer a credibilidade da luta crítica entre seres humanos: baixa remuneração, altamente considerado, mas sem poder extra fora o peso de suas boas ideias Como deveria ser.
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