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Síntese do livro - Sociologia Crítica

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS
Síntese do Livro: “Sociologia Crítica – Alternativas de Mudança”
Patrícia Louzada de Oliveira Pureza Pinto
Pelotas, 2014
Patrícia Louzada de Oliveira Pureza Pinto
Trabalho apresentado como requisito parcial para a obtenção de aprovação na disciplina de Ciência Política, no Curso de Direito, turno da manhã, na Universidade Católica de Pelotas.
Prof. Dr. Jairo Dias Nogueira
Pelotas, 2014
SÍNTESE
De uma forma prática e com linguagem popular, neste livro o autor aborda não só aspectos básicos – “o que é teoria?”, “o que é ciência?” – bem como a importância da criticidade do indivíduo sobre a realidade, apresentando ainda duas teorias principais a respeito dessa. Essas teorias serviram de base para todas as discussões durante o livro, e discorrem a respeito de Modo de Produção, Sistemas Econômicos, Teorias de Classe, Aparelhos Ideológicos, entre outros temas.
O autor parte do princípio de que por trás de tudo que nos é conhecido (todas as teorias já apresentadas) há uma ideologia; a fim de controlar a sociedade e manipular os indivíduos pertencentes à ela, nos são apresentadas inverdades ou meias verdades a respeito da realidade, de acordo com os interesses e valores sejam eles implícitos ou explícitos.
Partindo desse princípio, o autor nos apresenta duas teorias sociológicas: a Teoria Positivista-Funcionalista e a Teoria Histórico-Crítica. Enfatizando a segunda, pois é este o enfoque principal do livro. 
A Teoria Histórico-Crítica, além de ser a mais científica, pois explica melhor a realidade, também relativiza-a pois prevê que tudo é transitório, histórico, portanto nada é absoluto ou imutável. Contrariamente, a Teoria Positivista-Funcionalista detêm-se a obviedade de que a realidade é “o que está aí”, e que tudo caminha para um equilíbrio. Evidentemente, enquanto a primeira cria pessoas críticas, dispostas a transformar a sociedade, a segunda é nada mais do que uma forma encontrada por aqueles que estão no poder, de criar pessoas alienadas e permanecer no comando.
Essas teorias nos possibilitam ver a sociedade de diferentes formas, no Capítulo IV o autor traz o tema: “Sociedade: Sistema ou Modo de Produção”. A palavra Sistema nos dá a ideia de sociedade absoluta, que concerne com a Teoria Positivista-Funcionalista. Em contraponto a palavra Modo de Produção explicita que uma sociedade se estrutura através da sua produção, ou seja, a partir da maneira que conseguem as coisas para viver, essa é influenciada pela Teoria Histórico-Crítica.
Sendo a Teoria do Modo de Produção a mais científica, o autor detém-se nela para explicar como funciona a sociedade. Dentre os pontos abordados estão: As forças de produção – meios de produção, capital e trabalho – e as relações de produção. 
A partir do esclarecimento a respeito dessa estruturação do modo de produção, faz-se a discussão a respeito das três formações sociais possíveis: capitalismo, socialismo e comunismo. O autor destina a cada assunto, um capítulo separado, no qual elabora conceitos de forma crítica e com exemplos cotidianos para ilustrar ao leitor cada uma das realidades.
Quanto ao sistema capitalista, destaca-se a relação de dominação e expropriação, relação pela qual um indivíduo tira algo outro. No sistema capitalista, trabalho e capital são separados, diferentemente do sistema cooperativista, no qual o trabalho é dos que trabalham, bem como o lucro. Como peça chave do capitalismo, a mais valia é a essência do sistema, pois apropria-se do excedente (lucro) do trabalho.
A respeito do socialismo, o autor difere o socialismo utópico – suspensão da propriedade privada, sem desigualdade, todos são iguais e tudo é de todos – do cientifico, que é uma ciência para colocar em prática essas utopias. O socialismo busca por igualdade, solidariedade, justiça e democracia, e compreende que todo valor é fruto do trabalho humano. No entanto, o autor faz uma ressalva muito importante a respeito da propriedade privada: Para um regime ser socialista, não precisa-se necessariamente fazer supressão da propriedade privada, desde que o proprietário dos meios de produção pague o preço justo do seu trabalho ao trabalhador.
O comunismo, seria a fase posterior ao socialismo, o último estágio da humanidade; o qual não haveria exploração, classe social ou estado e todos seria donos dos meios de produção e trabalhariam. Socialismo e comunismo diferem muito no que diz respeito a meios de produção e bens de consumo. No socialismo os meio de produção estão nas mãos do estado e de alguns particulares que prestam serviços essenciais, já no comunismo os meios de produção são de todos; assim como, os bens de consumo coletivos, no socialismo estão nas mãos do estado, porém no comunismo são de todos.
No capítulo “Ampliando o Quadro” (IX), o autor discorre a respeito das cosmovisões, tentando fazer o leitor compreender com mais clareza e mais profundidade os modelos de sociedade já estudados. Para sistematizar e facilitar o estudo, dentro de cada cosmovisão são usadas dimensões, que explicitam os pontos de vista de cada sistema; sendo elas: Visão do ser humano, Filosofia (valores), Tipos de Sociedade, Comportamentos (relações).
A primeira cosmovisão estudada é o Liberalismo. Nessa cosmovisão o ser humano é visto como indivíduo, pois é um só, não tem nada a ver com os outros. A filosofia é a “ética do aproveitamento”, que consiste em tirar proveito dos demais não importando as consequências que isso acarreta. O tipo de sociedade é o capitalismo liberal, e os comportamentos e relações se baseiam no egocentrismo, no bem-estar individual, na competitividade e na exclusão social.
A segunda é o Totalitarismo, na qual o ser humano é somente uma “peça da máquina”, que só tem sentido dentro de um todo (estado, instituição) maior que ele. Sua filosofia baseia-se em fazer tudo o que é necessário (inclusive matar) para o desenvolvimento do todo. O tipo de sociedade pode ser o Fascismo, Nazismo ou Segurança Nacional os quais impõem uma ideologia para manipulação nacional, fazendo uma parte se transformar em um todo. As relações baseiam-se na massificação, no anonimato e na burocracia; a mídia fica nas mãos de poucos, o ser humano não importa e a ordem e as leis são mais importantes que as pessoas.
A terceira cosmovisão é o Solidarismo. Nessa a pessoa é uma relação, o Solidarismo não ignora a identidade e singularidade de cada indivíduo como no Totalitarismo, mas também não a potencializa a ponto de instigar a competição entre indivíduos e propagar a exclusão social; ele entende que cada pessoa é única, porém necessita dos outros para viver. Sua filosofia é semelhante, pois sustenta a ideia de que não podermos ser felizes, ser livres, sozinhos; cada ser humano tem um papel importante na sociedade. O tipo de sociedade é a comunidade, que leva em consideração que a pessoa deve ser levada em consideração para realizar-se plenamente; por isso é importante que dentro do país “comunidades interpretativas” para garantir que essas pessoas sejam salvaguardadas. Suas relações baseiam-se em amor, partilha e sociedade.
Prosseguindo no aprofundamento do estudo da sociedade, o autor aborda o tema classe social e suas três teorias. A primeira é aquela que acredita que a classe social é determinada pela renda, já a segunda um pouco mais elaborada crê que a classe é determinada pelo padrão de vida e padrão cultural; ambas de caráter funcionalista, servem para fortalecer o sistema, pois nos fazem crer que para mudar de classe, precisamos trabalhar mais e assim os donos dos meios de produção lucram mais com isso. Já a terceira teoria nos questiona: “O que faz um trabalhador ser um trabalhador e um proprietário ser um proprietário?” Ora, o capital e o trabalho; sendo assim, a terceira teoria propõe mudança, pois mostra que para mudar de classe é necessário acabar com a dominação e a exploração.
No capítulo XI o autor faz a diferenciação entre infraestruturae superestrutura e suas relações. Entende-se por infraestrutura os fundamentos sólidos e garantidos (Forças e Relações de Produção) e por superestrutura o estado (político, jurídico e ideológico).
Posições acerca das Relações de infraestrutura e superestrutura:
Mecanismo Determinista: A infraestrutura determina a superestrutura, pois nada transcende os meios e as relações de produção.
Culturalismo: A superestrutura determina a infraestrutura, pois fatores culturais podem mudar e influenciar a infraestrutura.
Autonomia Relativa da Superestrutura: Relativiza a importância da superestrutura pois admite que ela influencia na infraestrutura; no entanto, enfatiza que a superestrutura sobrevive em razão da infraestrutura.
Depois desta ampliação acerca do que é infraestrutura e superestrutura, o autor fala a respeito dos Aparelhos de Reprodução da Sociedade, que fazem parte da superestrutura; podendo ser Repressivos (exército, polícia, prisões, tribunais) ou Ideológicos (direito, escolas, família, igreja, sindicatos, cooperativas, meios de comunicação). Devido a obviedade da forma de atuação dos Aparelhos de Reprodução Repressivos, o autor dá ênfase aos demais e durante vários capítulos fala sobre cada um dos Aparelhos de Reprodução Ideológicos – dando ênfase maior aos meio de comunicação – desmascarando-os, mostrando como atuam e propondo mudanças.
Mudanças essas, que nos levam ao último capítulo desse livro: “A força da Utopia”; que além explicar o que é utopia, e dar exemplo de sociedades utópicas, nos mostra que muitas coisas idealizadas anteriormente e que há alguns séculos eram impossíveis, hoje são possíveis graças a estas pessoas que acreditaram. 
Por fim, o autor conclui nos convidando a não ficar estagnados no presente, mas pensarmos no futuro, pois ele também faz parte da realidade. Devemos exigir o impossível para prosseguir na mudança.

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