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O INDIVÍDUO E A COLETIVIDADE NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO

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O INDIVÍDUAL E O COLETIVO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
FICHAMENTO DOS TEXTOS
CORREA, Leonildo. Desafio da ética no mundo globalizado. USP. Fac de Direito.
Almeida, Valmir Lima de. Globalização e participação política
MURA, Célia Mazzo. A liberdade na era “pós-moderna”. Maringá, UEM, 2004.
No pensamento sociológico de Durkheim a sociedade nada mais é do que a soma dos indivíduos que a compõem. Para o pensador francês a “sociedade é a melhor parte de nós”. (DURKHEIM, 1995, P. 35). Em seu pensamento sociológico faz uma forte exaltação do indivíduo e sua relação com a coletividade, reforçada pelo culto aos valores morais, honra e liberdade. Para ele as influências do mundo exterior sobre os indivíduos representam as opções da sociedade como um todo, e, desta forma, possuem objetivos e fins que procuram equilibrar a humanidade. Apenas um indivíduo não poderia definir nada ou mesmo transformar sua realidade dialeticamente, pois está submetido desde o nascimento às normas da sociedade.
Da tradição liberal clássica à teoria social positivista, marxista e, contemporaneamente, na chamada pós-modernidade, nos autores da segunda modernidade, prossegue as discussões sobre individualidade, liberdade e vida coletiva em novos eixos de reflexão, apontando angulações teóricas a partir das transformações societárias. 
Considerando que as transformações no contexto das construções sócio-econômicas possibilitam novas formas de análise da sociedade, é possível perceber que o individualismo oriundo do século XVII continha a dificuldade central, residindo esta na sua qualidade possessiva. E essa qualidade se encontra na concepção do indivíduo, como sendo essencialmente o proprietário de sua própria pessoa e de suas próprias capacidades, nada devendo à sociedade por elas. 
O indivíduo não era visto nem como um todo moral, nem como parte de um todo social mais amplo, mas como proprietário de si mesmo (...) achava-se que o indivíduo seria livre, na medida em que era proprietário de sua pessoa e de suas capacidades. Nesse contexto “a essência humana é ser livre da dependência das vontades alheias, e a liberdade existe no exercício da posse”. (MACPHERSON, 1979:15).
Entre o século XVI e XVII John Locke e Michel de Montaigne enaltecem a individualidade em nome da liberdade. Liberdade essa que se consubstancia com a força da economia capitalista, na posse da propriedade privada e joga o indivíduo num mar de competitividade acirrada pela livre concorrência. 
O mercado competitivo é estabelecido a partir do poder de compra e de venda, os indivíduos disputam o poder como proteção. Uma natural luta pelo poder ilimitado pela busca da propriedade e de poder. Temos então uma sociedade competitiva que precisa do soberano como modelo de controle social e, contra a violência individual. Entra em cena o Estado Liberal burguês que irá promover o bem estar da sociedade.
O liberalismo precisará de elementos que garantam aos indivíduos da burguesia um conjunto de teorias que dêem suporte aos seus direitos políticos e econômicos, reconhecidos e garantidos.
Duas questões são levantadas neste momento para a construção do indivíduo liberal: a primeira consiste na busca de garantias para o poder político burguês e, a segunda, consiste em garantir a propriedade como direito natural.
Nesse contexto histórico o individual e o coletivo se distanciam à medida que as necessidades de existência, fundada na economia competitiva, valorizam mais a capacidade individual, rumo à projeção das grandes conquistas e do bem estar voltado para o mundo do mercado, do que a união em torno das lutas sociais. 
Situação como essa ainda está presente, de forma diferenciada, nas últimas décadas do século XX e no século XXI, diante das grandes transformações sociais produzidas pela economia em processo de abertura de fronteiras. 
Abre-se um debate sobre as transformações históricas que o processo de globalização produz sobre o indivíduo e sua relação com a sociedade. Tais categorias aparecem, sob novos enfoques que transformam seu significado crítico e sócio-histórico. Conforme aponta Bourdieu (2002), ocorre um programa de destruição das estruturas coletivas e a formação de uma nova ordem fundada no culto ao indivíduo, autônomo e autossuficiente. Para Norbert Elias (1993), “Em cada passagem de uma organização de sobrevivência predominante para outra, que abrange mais pessoas, e que é mais complexa e diferenciada, a posição dos homens singulares transforma-se, de modo próprio, em relação à unidade social que eles formam em conjunto”.
A relação indivíduo e sociedade se transformam e indicam a passagem para o predomínio de um novo tipo abrangente e mais complexo da organização humana, sendo acompanhada de outro padrão de individuação, que obriga os indivíduos “a agirem cada vez menos por conta própria, retirando-se assim o sentido e responsabilidade de uma escolha sensata” (AZEVEDO, 1998, p.129).
A face mais assustadora desse fato pode ser vislumbrada na situação dos imigrantes ilegais que estão inseridos nas nações desenvolvidas. Pessoas que não possuem cidadania, logo não possuem direitos civis e nem políticos, pois elas inexistem perante o Estado oficial. Contudo, influenciam e alavancam a economia do país, chegando a representar mais de 20% da mão de obra em exercício. Essa é a média de imigrantes ilegais nos países desenvolvidos ou, em desenvolvimento.
Se não existem perante o Estado oficial, não tem acesso aos serviços públicos e nem à proteção do Estado, logo estão sujeitas a todos os tipos de ataques a sua integridade física e moral, incluindo a própria escravidão. Eis um processo de isolamento e solidão que se consubstancia com as novas necessidades do capital e se ajusta ao novo que se põem, com novas invenções científicas e tecnológicas trazendo novos hábitos e nova forma de ser e de agir frente ao mundo.
Assim, o choque entre civilizações, culturas e costumes não leva só a um conflito de éticas, de respeito pela coletividade, mas a um cenário de ausência completa de comportamento ético e desumanidade generalizada, perpetrada tanto pelos cidadãos comuns quanto pelos próprios Estados oficiais, defensores dos Direitos Humanos, das Democracias, etc.
Contudo, o Estado somente reconhece os direitos e protege as liberdades públicas de seus nacionais, lançando os imigrantes ilegais, os refugiados não reconhecidos, etc., a uma situação de completa dês proteção, porém, esse mesmo Estado conta em seu PIB as riquezas produzidas por essa mão-de-obra barata. 
Mas o Estado não ganha só nisso, pois também obtém proveito no fato dessa mão-de-obra não ter acesso aos serviços públicos, ou seja, não utilizam os serviços de saúde, educação, etc, fornecidos gratuitamente pelo ente estatal. E o pior de tudo, não é o fato de existir essas situações, mas sim o fato das autoridades públicas dessas nações, assim como a maioria de seus cidadãos, saberem da existência desse problema e, ao invés de resolvê-lo, preferem manter o modelo atual para tirar proveito dos necessitados. Mais uma vez a presença do espírito individualista e egoísta isolado da ação coletiva que se faz pela necessidade de buscas frenéticas pelo bem estar proporcionado pela economia mercadológica que retira o homem de centro e o coloca como objeto social.
Portanto, o choque entre civilizações, culturas e costumes impulsionados pela globalização leva a um estado de completa supressão do comportamento ético, ausência total de responsabilidade social do Estado por minorias imigrantes e a um exercício profissional de escravos. Tudo isso ocorrendo em pleno século XXI. 
Bittar (2002, p. 54) afirma que a sociedade pós-moderna efetuou uma série de substituições, colocando “No lugar da transcendência, a racionalidade, no lugar do manual, o técnico, no lugar da virtude, o lucro, no lugar da unidade, a multiplicidade, no lugar da integração, a fragmentação."
Além disso, o homem globalizado é marcado pelo individualismo que corrói a ação coletiva,pela banalidade e pela indiferença diante dos problemas e do sofrimento social. Tudo isso reunido e operando em uma sociedade ocasiona a banalização e a relativização de todo comportamento ético.
Uma das características fundamentais da era globalizada é o individualismo que trabalha intensamente contra o domínio dos interesses da coletividade. Essa característica é inerente ao próprio sistema capitalista que está assentado sobre o livre mercado, a livre iniciativa e a propriedade privada.
Mais do que isso, o individualismo impõe silêncio e indiferença diante dos problemas sociais. Ninguém é responsável, ninguém é culpado, ninguém tem nada com isso. E essa lógica individualista mata a responsabilidade e  o compromisso social, não só dos homens, mas também das organizações que comandam.
Assim, da perspectiva individualista o exercício profissional é a busca da felicidade pessoal, é uma forma de enriquecimento e sucesso. Logo, justifica-se a obtenção de lucro a qualquer custo, pois os fins justificam os meios.
Além de não se importar com o social ou coletivo, a lógica individualista é indiferente ao outro como ser humano, pois cada um é responsável pelo que faz pelo que vive pelo que é. Não importa as injustiças, as desumanidades e as desigualdades existentes, pois ninguém é responsável, ninguém tem culpa, ninguém tem nada com isso.
Essa indiferença pelo outro leva, inevitavelmente, a uma deterioração do princípio da dignidade humana em todos os níveis e áreas. O homem como ser humano deixa de ser importante e relevante nas decisões, seja pública ou privada. E a única coisa que interessa é o que se pode ganhar individualmente com cada ato que se pratica. 
Um exemplo que ilustra bem essa realidade são os aumentos abusivos pleiteados pelo judiciário e pelo legislativo, ou seja, enquanto a maioria da população recebe salário mínimo e não pode receber aumento superior a 5%, os órgãos máximos da república, que recebem salários milionários, se autoconcedem aumento superior a 91%.
O individualismo e a ética individualista desses administradores públicos derrogam e afrontam os interesses da coletividade, eliminando  o compromisso e a responsabilidade social de órgãos, que por sua própria natureza, são públicos e de índole coletiva. Pior do que isso torna a função pública que exercem uma atividade profissional nociva para os cidadãos. As mesmas instituições que Durkheim responsabilizou para impor ordem e moral na sociedade de seu tempo, demonstra a falta de ética e responsabilidade nos tempos atuais.
A supremacia do poder econômico de uma camada social minoritária, que se utiliza de instrumentos especulativos da globalização, coloca para o indivíduo a realidade de que enquanto a economia melhora o social piora. O desafio está em encontrar formas de participação política, que possam levar a uma nova concepção acerca da transformação social, que sejam práticas diferenciadas, flexíveis, simultaneamente locais e globais.
Para Emir Sader (1996) a política neoliberal criou condições muito mais propícias para a inversão especulativa do que produtiva. Isto não tem sido assimilado politicamente pelos indivíduos, que sentem os seus efeitos na destruição social criada pelo poder de mercado, mas se revelam incapazes de alternativas, que amenizem o agravamento das desigualdades econômicas entre globalizados e globalizantes.
As condições de liberdade e democracia, inegáveis avanços políticos, que o mundo experimenta nas últimas décadas, não tem se refletido na concretização de uma consciência de participação política dos indivíduos na globalização. Ainda presos a conceitos e formas ortodoxas, ou simplesmente enclausurados no alienalismo político, não conseguem construir, por exemplo, um sindicalismo de maior consciência, compromisso e proposta, ou seja, mais pragmático e menos ideologizado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTAR, Eduardo C. B. Curso de Ética Jurídica. Editora Saraiva: São Paulo. 2002.
DEMO, Pedro. Pobreza política. São Paulo: Cortez Autores Associados, 1988.
DREIFUSS, René Armand. A época das perplexidades. 2.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.
GIDDENS, Anthony. Para além da esquerda e da direita. São Paulo: UNESP, 1996.
______. A modernidade reflexiva. São Paulo: UNESP, 1997
IANNI, Octavio. A sociedade global. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.
______. Teorias da globalização. . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995.
______. A era do globalismo. . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
HUNTINGTON, Samuel P. O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Editora Objetiva: Rio de janeiro. 1997.
SADER, Emir e outros. Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado Democrático. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1996.
THERBORN. Göran. A crise e o futuro do capitalismo. In: Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

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