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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS DE PONTA PORÃ Rafael Martins Chimenes ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM QUADROTOR E SUA ESTAÇÃO DE PILOTAGEM REMOTA Ponta Porã 2017 Rafael Martins Chimenes ESTUDO E DESENVOLVIMENTO DE UM QUADROTOR E SUA ESTAÇÃO DE PILOTAGEM REMOTA Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus de Ponta Porã, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciência da Computação. Orientador: Prof. Me. Patrik Olã Bressan. Co-orientador: Prof. Me. Glauder Guimarães Ghinozzi Ponta Porã 2017 Aos meus pais, minha irmã, que com muito carinho е apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida. Agradeço ao professor Glauder Guimarães Ghinozzi que pode me orientar durante seu afastamento médico, obrigado pela paciência na orientação е incentivo que tornaram possível а conclusão desta monografia. Agradeço também os meus amigos, pelas alegrias, tristezas е dores compartilhadas ao longo de minha graduação, que foram de grande ajuda ao meu desenvolvimento profissional e pessoal. RESUMO O recente avanço tecnológico permitiu que as Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPA, do inglês Remotely Piloted Aircraft) fossem utilizadas em diversas aplicações, com diversos tamanhos, formatos variados, sensores e outros equipamentos embarcados se torna necessário o estudo e desenvolvimento de pesquisa que aprimore seu uso em tarefas que antes eram desempenhadas por tecnologias de difíceis acesso ou de custo elevado de operação. Este trabalho tem por objetivo apresentar um estudo prático e entendimento de todo o sistema de aeronaves remotamente pilotadas. Foi construído um multirotor do tipo quadrotor e implementado uma estação de pilotagem remota utilizado como plataforma de desenvolvimento o Arduino e a linguagem de programação Processing. Com os conceitos utilizados foi possível apresentar uma base para trabalhos futuros que poderão utilizar das técnicas de decodificação de dados da controladora de voo Naza-M Lite, transmissão de dados usando um link de telemetria com rádio frequência e implementação de um software que utiliza de recursos cartográficos e de streaming de vídeo. Palavras-chaves: aeronave remotamente pilotadas, arduino, processing ABSTRACT The recent technological breakthrough has allowed remotely piloted aircraft (RPA) to be used in a variety of applications, with varying sizes, varied formats, sensors and other embedded equipment, it becomes necessary to study and develop research that increases its use in tasks that were previously Made by difficult access or high cost technologies. This work aims to present a practical study and understanding of the entire system of remotely piloted aircraft. It was built a multitortor-type quadrotor and a remote piloting station, was used as an Arduino development platform and programming language Processing. With the concepts used, it was possible to present a basis for future work, using the techniques used to decode Naza-M Lite flight controller data, transmitting data using a telemetry link using radio frequency and implementing software with Mapping and video streaming features. Key-words: remotely piloted aircraft, arduino, processing LISTA DE FIGURAS Figura 1: RPA hipersônica SR-72 ............................................................................................ 12 Figura 2: Black Hornet PD-100 uma nano RPA militar ........................................................... 13 Figura 3: Exemplo da técnica de mosaico ortofotos................................................................. 15 Figura 4: Modelo digital da superfície, gerado a partir do mosaico ortofotos ......................... 16 Figura 5: Mapa de saúde da planta ........................................................................................... 17 Figura 6: Seis quadrotor transportando um anel fino e flexível ............................................... 19 Figura 7: Quadrotor montando uma estrutura com corda......................................................... 19 Figura 8: Construção de uma torre de 6 metros de 1500 tijolos de espuma ............................. 20 Figura 9: Estimativa global de investimento em RPAs até o ano de 2021 ............................... 21 Figura 10: Comparação das vendas de RPA por setores .......................................................... 21 Figura 11: Ehang 184 ............................................................................................................... 24 Figura 12: Diagrama esquemático dos dispositivos de um quadrotor ...................................... 27 Figura 13: Diferentes tipos de montagem de um multirotor .................................................... 28 Figura 14: Comandos de controle em cada eixo de um quadrotor ........................................... 29 Figura 15: Comando de Pich em quadrotores, onde ∆v é a variação de velocidade somada aos rotores dianteiros e subtraída dos traseiros. .............................................................................. 30 Figura 16: Funcionamento dos motores brushed e brushless ................................................... 31 Figura 17: Esquema de ESC com entrada de controle PWM e três fases de saída para alimentação do motor brushless ............................................................................................... 33 Figura 18: Sinal PWM .............................................................................................................. 34 Figura 19: Funcionamento dos Stick ........................................................................................ 37 Figura 20: Posição em que se encontra o nível baixo de 0,3ms em um instante de 2ms do pulso PPM ................................................................................................................................ 38 Figura 21: Giroscópio mecânico............................................................................................... 40 Figura 22: Flame Wheel F450 .................................................................................................. 44 Figura 23: Trem de pouso que será fixado na parte inferior do quadrotor ............................... 44 Figura 24: Gráfico de eficiência (g/watts) do motor Sunnysky X2212 .................................... 47 Figura 25: ZIPPY Flightmax .................................................................................................... 48 Figura 26: Turnigy 9X .............................................................................................................. 49 Figura 27: GPS & Compass Naza-M Lite. ............................................................................... 50 Figura 28: Yi Action Cam ........................................................................................................ 51 Figura 29: Arduino Nano .......................................................................................................... 53 Figura 30: Arduino Uno ........................................................................................................... 54 Figura 31: Montagemda estrutura do quadrotor. ..................................................................... 55 Figura 32: Conexões elétricas dos ESCs e conector da bateria na base de PCB ...................... 56 Figura 33: Controladora Naza M Lite posicionada no centro da estrutura .............................. 56 Figura 34: Quadrotor montado e equipado com todos seus sensores. ...................................... 58 Figura 35: Configurações gerais para o quadrotor ................................................................... 59 Figura 36: Configurações recomendadas pela DJI ................................................................... 60 Figura 37: Conexões receptor RC com a controladora Naza-M Lite ....................................... 61 Figura 38: Canal de comando de modo de voo: ....................................................................... 61 Figura 39: Esquema para a obtenção de dados da Naza-M Lite .............................................. 63 Figura 40: Dados da NAZA-M Lite apresentado na porta serial do Arduino. ......................... 64 Figura 41: Conexão SPI feita entre o modulo RF e o arduino ................................................. 65 Figura 42: Configurações de ganhos para quadrotor ................................................................ 69 Figura 43: Quadrotor com os protetores de hélices .................................................................. 71 Figura 44: Software da estação de pilotagem remota ............................................................... 73 Figura 45: Pontos onde o GPS apontou estar. .......................................................................... 74 Figura 46: Registro de instabilidade da ionosfera terrestre. ..................................................... 74 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Tipos de sensores utilizados em RPAs para o sensoriamento remoto da plantação . 17 Tabela 2: Especificações do Flame Wheel F450 ...................................................................... 43 Tabela 3: Especificações do trem de pouso .............................................................................. 44 Tabela 4: Principais características do motor utilizado na construção do quadrotor ............... 45 Tabela 5: Especificações dos ESCs utilizado no quadrotor ..................................................... 46 Tabela 6: Especificações da bateria utilizada no quadrotor ..................................................... 48 Tabela 7: Especificações da Yi Action Cam ............................................................................ 51 Tabela 8: Comparação entre Arduino Uno R3 e Arduino Micro ............................................. 54 Tabela 9: Conexões das portas de entrada da controladora de voo .......................................... 57 Tabela 10: Conexões das portas de saída da controladora de voo............................................ 57 Tabela 11: Relação entre posição do vetor com o identificador............................................... 66 Tabela 12: Autonomia de voo .................................................................................................. 71 SUMÁRIO 1 Introdução ............................................................................................................................ 10 1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 10 1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................................. 10 1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................................... 11 1.2 APLICAÇÕES ................................................................................................................... 11 1.2.1 Militar ............................................................................................................................. 11 1.2.2 Busca e Resgate .............................................................................................................. 13 1.2.3 Segurança e Monitoramento......................................................................................... 14 1.2.4 Fotografia e Filmagem .................................................................................................. 14 1.2.5 Mapeamento ................................................................................................................... 15 1.2.6 Agricultura ..................................................................................................................... 16 1.2.7 Pesquisas ......................................................................................................................... 18 1.3 ASPECTOS ECONÔMICOS ............................................................................................. 20 1.4 REGULAMENTAÇÃO ..................................................................................................... 22 2 Fundamentação teórica ....................................................................................................... 22 2.1 HISTÓRICO ....................................................................................................................... 23 2.2 CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................. 25 2.2.1 Asas Fixas ....................................................................................................................... 25 2.2.2 Asas Rotativas ................................................................................................................ 26 2.2.3 Dirigíveis ......................................................................................................................... 26 2.3 FUNCIONAMENTO DE UMA RPA DE ASA ROTATIVA ........................................... 27 2.3.1 Estrutura ........................................................................................................................ 30 2.3.2 Motores ........................................................................................................................... 30 2.3.3 ESC (Eletronic Speed Controller) ................................................................................ 32 2.3.4 Hélices ............................................................................................................................. 34 2.3.5 Bateria ............................................................................................................................ 35 2.3.6 Comunicação .................................................................................................................. 36 2.3.6.1 Radio Controle .................................................................................................. 36 2.3.7 Sensores .......................................................................................................................... 38 2.3.7.1 Altímetro ........................................................................................................... 39 2.3.7.2 Giroscópio ........................................................................................................ 39 2.3.7.3 Acelerômetro .................................................................................................... 40 2.3.7.4 Magnetômetro ................................................................................................... 41 2.3.7.5 GPS ................................................................................................................... 41 2.3.8 Placa controladora de voo .............................................................................................42 3 Desenvolvimento .................................................................................................................. 43 3.1 DISPOSITIVOS UTILIZADOS ........................................................................................ 43 3.1.1 Motores utilizados ......................................................................................................... 45 3.1.2 ESCs utilizados .............................................................................................................. 45 3.1.3 Hélices utilizadas ........................................................................................................... 46 3.1.4 Bateria utilizada ............................................................................................................. 47 3.1.5 Rádio controle utilizado ................................................................................................ 49 3.1.6 Sensores utilizados ......................................................................................................... 50 3.1.8 Placa Controladora de voo ........................................................................................... 52 3.1.9 Arduino ........................................................................................................................... 52 3.2 CONSTRUÇÃO DE UM QUADROTOR ......................................................................... 55 3.3 CONFIGURAÇÃO DA CONTROLADORA DE VOO ................................................... 58 3.3.1 Configurações de ganho do quadrotor ........................................................................ 59 3.4 CONFIGURAÇÃO DO RADIO CONTROLE .................................................................. 60 3.5 IMPLEMENTAÇÃO DE UMA ESTAÇÃO DE PILOTAGEM REMOTA ..................... 62 3.5.1 Decodificação dos dados da Naza-M Lite .................................................................... 62 3.5.1 Enlace de telemetria com Arduino ............................................................................... 65 3.5.2 Aplicação de monitoramento ........................................................................................ 66 4 Resultados ............................................................................................................................ 68 4.1 RESULTADOS DOS VOOS REALIZADOS ................................................................... 68 4.1.1 Ganhos dos sensores ...................................................................................................... 68 4.1.2 Resultado dos modos de controle ................................................................................. 69 4.1.3 Pouso e decolagem ......................................................................................................... 70 4.1.4 Resultados da autonomia de voo. ................................................................................. 71 4.2 RESULTADO ESTAÇÃO DE PILOTAGEM REMOTA ................................................. 72 5 Conclusão ............................................................................................................................. 75 Referências .............................................................................................................................. 77 10 1 INTRODUÇÃO O avanço na tecnologia computacional nos últimos anos impulsionou o desenvolvimento das aeronaves remotamente pilotadas, do inglês Remotely Piloted Aircraft (RPA). Com a miniaturização de dispositivos eletrônicos, tais como sensores e micro controladores, a construção utilizando materiais mais leves, juntamente com o desenvolvimento de softwares e sistemas globais de navegação foram algumas das tecnologias que permitiram o avanço no desenvolvimento das RPAs (INAMASU; JORGE, 2014). As RPAs são aeronaves operadas a distância, sendo capazes de executar tarefas sem a necessidade de tripulação, o que possibilita seu emprego em missões de alto risco com baixo custo operacional e sem risco a vida de tripulantes. O tamanho reduzido é outra vantagem das RPAs, pois é possível ter acesso a locais antes inacessíveis por aeronaves tripuladas. Com a infinidade de aplicações e as tecnologias empregadas que estão em constante evolução, torna-se necessário o estudo e desenvolvimento de métodos que tornem o uso de RPA cada vez mais viável. 1.1 OBJETIVOS Este trabalho tem por objetivo fazer um estudo das aeronaves remotamente pilotadas, suas aplicações, espera-se entender seu funcionamento e pôr em prática o conhecimento adquirido com um exemplo prático de todo o seu sistema de operação, desde a aeronave até os sistemas computacionais que a compõe. Com isso será possível disponibilizar uma base para que novas pesquisas, métodos e aplicações sejam elaboradas futuramente. 1.1.1 Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo geral construir uma RPA do tipo quadrotor por ser de construção mais simples. Para sua operação deve ser desenvolvida uma estação de pilotagem remota. Espera-se entender e prover uma amostra de todo o funcionamento de um sistema de 11 aeronave remotamente pilotada abrindo as possibilidades para o novas soluções e opções para seu emprego. 1.1.2 Objetivos específicos Será desenvolvido o hardware de uma RPA do tipo quadrotor que irá utilizar uma placa controladora de voo para a sincronização dos motores e estabilização do voo, essa controladora de código fechado já possui o software necessário para controle e estabilização da aeronave. Para a pilotagem remota do quadrotor, uma estação de pilotagem remota será implementada, a estação usará um enlace de telemetria usando a plataforma Arduino para a leitura e decodificação dos sensores integrados à placa controladora de voo e para a transmissão e recepção dos dados. Por fim, deve ser desenvolvido um software para computador que receberá as imagens de uma câmera embarcada e apresentará as informações de voo e telemetria. 1.2 APLICAÇÕES Com diversos tamanhos, formatos variados e equipamentos embarcados o uso de RPAs pode se transformar em inúmeros serviços. Seu uso já é realidade em diversas empresas e instituições que antes recorriam a aeronaves tripuladas e satélites quando era preciso fotografar, monitorar ou mapear uma área em solo. Nas subseções seguintes serão apresentadas algumas das aplicações onde as RPAs estão sendo empregadas. 1.2.1 Militar As RPAs são amplamente utilizadas pelas forças armadas de diversos países, elas tiveram um crescimento exponencial de uso e desenvolvimento tecnológico na aplicação militar desde a sua criação. Rodrigo (2016) aponta, “A evolução dos drones (RPA) para as novas funções não seria possível se há algumas décadas os investimentos militares não tivessem feitos 12 dos VANTs (Veículos Aéreos Não Tripuláveis) uma prioridade nos exércitos mais modernos do mundo”. A justificativa para os investimentos em tal tecnologia se deu por conta da possibilidade de se estudar e atacar inimigos sem o envio de corpo vulnerável para a área de conflito. Os Estados Unidos utilizam desta vantagem no combate ao terrorismo. Acredita-se que entre os mortos e feridos dos ataques, estejam milhares de adultos e crianças civis. Com isso o uso de RPAS em ataques gerou polemica e várias discussões de defensores dos direitos humanos, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Anistia Internacional decidiram cobrar providencias diante dos números assombrosos (BERNARDO, 2015). Mesmo com as críticas contra o uso de RPAs em ataques militares, novas tecnologias estão sendo desenvolvidasalgumas delas são: • RPAs hipersônicas: o SR-72(Figura 1) projetado para voar 6 vezes a velocidade do som (ALBRIGHT, 2014). Figura 1: RPA hipersônica SR-72 Fonte: (LOCKHEEDMARTIN, 2013). • Nano RPAs: Black Hornet PD-100 (Figura 2), uma RPA de cerca de 100 milímetros de cumprimento e 16 gramas, que pode fornecer vigilância, apoio e reconhecimento em missões militares1. 1 Disponível em: <http://www.proxdynamics.com/products/pd-100-black-hornet-prs>. Acesso em: 20 de julho de 2016. 13 Figura 2: Black Hornet PD-100 uma nano RPA militar Fonte: (PROXDYNAMICS, 2015). 1.2.2 Busca e Resgate As RPAs também podem ser úteis para salvar vidas em operação de busca e salvamento, também conhecida pela sigla em inglês SAR (Search And Rescue), que são operações com objetivo de localizar e resgatar pessoas em condições arriscadas (CHAVES, 2013). Um dos grandes desafios em operações SAR é localizar a vítima em locais de difícil acesso, como em desastres naturais ou na vastidão de áreas de mata, floresta, montanha e áreas marítimas. O uso de RPAs se torna uma vantagem neste tipo de aplicação por serem ágeis, executam tarefas de risco sem a necessidade de tripulação, além do baixo custo operacional (AVEZ,2012). Várias empresas e pesquisadores estudam a viabilidade do uso de RPAs em entregas de remédios e envio de equipamentos médicos em locais de difíceis acesso ou quando há urgência medica. A empresa USPS de encomendas internacionais, e a Zipline International empresa de robótica, juntamente com a Gavi, um grupo que fornece vacinas em países pobres, estão desenvolvendo RPAs para entregas de sangue e vacinas em Ruanda segundo informações da Reuters (2016). Já na TU Delft (Delft University of Technology) o estudante de graduação Alec Monont, criou uma RPA que pode rapidamente transportar um desfibrilador até uma vítima de parada cardíaca, podendo um especialista acompanhar e instruir pessoas no local a partir de um streaming de vídeo (TU DELFT, 2014). No Rio de Janeiro, bombeiros utilizam RPAs equipados com boia salva-vidas para agilizar o salvamento de banhistas (CEROLIM,2016). 14 1.2.3 Segurança e Monitoramento Equipados com câmeras de vários tipos e GPS (Sistema de Posicionamento Global), uma RPA pode ser utilizada para percorrer trajetórias demarcadas e capturar imagens de uma região que deve ser monitorada, como por exemplo no monitoramento de queimadas. RPAs podem ser usadas para chegar a lugares em onde o homem corre algum risco, como na manipulação de materiais radioativos. No Japão, por exemplo, RPAs foram usadas para capturar imagens do interior de reatores danificados durante o acidente de Fukushima. 1.2.4 Fotografia e Filmagem A evolução das câmeras digitais que se tornaram menores e capazes de captar imagens de alta qualidade e definição (HD), possibilitou que RPAs possam carregar esses dispositivos e se tornarem parte das ferramentas de cinegrafistas e fotógrafos. No cinema filmes como: 007 – Operação Skyfall, Sam Mendes e O Lobo de Wall Street, foram filmados com a ajuda de RPAs (BERNARDO,2015). No jornalismo as RPAs são o meio mais barato dê se obter imagens aéreas, como em cobertura de eventos, ou podem auxiliar em matérias onde o jornalista não consegue o acesso físico ao local, ou corre risco de vida, como em conflitos, guerras, incêndios e desastres naturais (PASSE; GOSS, 2013). Em casamentos, RPAs podem ser uma exigência na hora de contratar um serviço de foto e vídeo, pois capturam imagens em diferentes ângulos, sem interferir na cerimônia (RODRIGO, 2016). No mercado existem infinitas as possibilidades de uso de RPAs, as imagens captadas em ângulos privilegiados podem ser utilizadas em vários segmentos, desde agricultura, engenharia, construção civil, mercado imobiliário, eventos, publicidade entre outros. 15 1.2.5 Mapeamento O mapeamento 3D é uma tecnologia em ascensão que emprega as RPAs, conforme Carvalho.et al. (2005), esse tipo de fotografia é uma das áreas de pesquisa que tem mostrado ser mais promissoras em computação gráfica. Usando visão computacional, processamento de imagem e modelagem, a junção destas tecnologias se converte em várias aplicações, como por exemplo fazer uma reconstrução em 3D do Cristo Redentor (BLAYLOCK; BETSCHART; CHEN,2015). Nas subáreas da geotecnologia, a fotogrametria e sensoriamento remoto, as RPAs são uma solução barata que substitui as aeronaves tripuladas e são mais precisas que os satélites na obtenção de dados sobre terrenos com o mapeamento. Para isso usa-se a técnica de mosaico ortofotos ilustrada na Figura 3, que se trata de uma junção de imagens individuais tomadas pela aeronave em uma única imagem georreferenciada que cobre toda a área de interesse (NETO, 2016). O resultado dessa junção pode ser visto na Figura 4. Figura 3: Exemplo da técnica de mosaico ortofotos Fonte: (IBGE,2016). 16 Figura 4: Modelo digital da superfície, gerado a partir do mosaico ortofotos Fonte: (GBC ENGENHARIA, 2016). O resultado gerado através da técnica de mosaico ortofotos é o Modelo Digital de Superfície (MDS) e Modelo Digital de Terreno1 (MDT), esses produtos são usados em projetos de engenharia civil, na agricultura e em mapeamento de áreas urbanas, entres outros. 1.2.6 Agricultura Na agricultura as RPAs agregam ainda mais no crescimento da tecnologia e automatização no campo. O foco é a agricultura de precisão, tendo como finalidade minimizar custos e maximizar a produção (HOUAGGE; SALVADOR, 2015). As RPAs são usadas por empresas que atuam com levantamentos topográficos, mapeamento aéreo, consultoria ambiental, controle de pragas, correção de problemas, entre outros serviços. Segundo Neto (2014), as RPAs podem ser utilizadas durante toda a safra, desde o momento de escolher a propriedade para o plantio, fase a denominada pré-plantio, que se faz o levantamento topográfico do terreno, divisão dos talhões2 e o planejamento de escoamento da agua da chuva. E no pós-plantio pode-se mensurar o aproveitamento do plantio realizado. 1 MDT é um modelo digital do terreno, onde é retirada todos os objetos do terreno. 2 Unidade mínima de cultivo de uma propriedade que é construído com base em relevo e planejamento de mecanização. 17 No sensoriamento remoto de plantações é possível ter diferentes tipos de dados usando os vários tipos de câmeras e sensores. Segundo Inamasu e Jorge (2014), o uso de RPA na agricultura de precisão tem foco em sensores que medem a reflexão da radiação eletromagnética, assim é possível obter dados visíveis com câmeras RGB, que medem a radiação de luz visível (VIS) do espectro1 eletromagnético e com câmeras de infravermelho e térmicas que captam faixa de radiação invisível (o resultado da captura pode ser visto na Figura 5), neste caso são duas faixas da radiação infravermelha, a próxima (NIR) e a media (SWIR). Com essas câmeras é possível acompanhar diferentes aspectos da saúde da plantação, veja na Tabela 1. Tabela 1: Tipos de sensores utilizados em RPAs para o sensoriamento remoto da plantação Sensores Aplicações Câmeras RGB. • Detecção de falha no Plantio. • Desenvolvimento da cultura. • Linhas de plantio. Câmeras Térmicas (SWIR). • Detecção de estresse hídrico. • Aceso de irrigação. Câmeras Multiespectrais (NIR). • Detecção de estresse nutricional. Figura 5: Mapa de saúde da planta Fonte: (AGROPICS, 2016).1 Intervalo completo de todas as possíveis frequências da radiação eletromagnética. 18 1.2.7 Pesquisas Segundo Sionek (2015), a maior parte dos pesquisadores estão trabalhando para melhorar as tecnologias das RPAs, deixando-as mais ágeis, autônomas e preparadas para trabalhar em grupos. O autor destaca a visão computacional como uma área de interesse em pesquisa, que possibilita a navegação autônoma sem a necessidade do GPS, algo necessário em busca e resgate. Seu uso pode ser necessário em edificações por exemplo, onde a precisão do GPS e sensores ficam comprometidas. Trabalho semelhante vem sendo desenvolvido no Reino Unido, a Universidade de Oxford desenvolve algoritmos onde a RPA consegue identificar a linha do horizonte e com isso estimar a sua altitude e orientação, a aeronave também é capaz de reconhecer outras linhas e navegar em áreas urbanas. Alguns pesquisadores buscam formas de miniaturizar bateria e assim dar uma maior autonomia para RPAs multirotores que geralmente são pequenas e tem peso limitado para carregar baterias de alta capacidade. Já nas RPAs de asas fixas, que tem uma maior autonomia de voo, os esforços são grandes em aproveitar a energia solar para move-las, grandes empresas do ramo da Internet estão desenvolvendo estudos que visam o uso dessas aeronaves para espalhar acesso à internet pelo mundo: Facebook desenvolve o projeto Aquila1; e o Google desenvolve o projeto SkyBender2. O Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique (ETH Zurich) desenvolve vários trabalhos envolvendo RPAs como: método de transporte de carga flexível com várias aeronaves, na Figura 6 é ilustrada a validação da pesquisa (D’ANDREA; RITZ, 2013); construção de estrutura tensionadas (ver Figura 7), onde cabos, fios e cordas precisão ser amarradas aplicando-se em uma trajetória para o quadrotor (AUGUGLIARO. et al., 2013); aeronaves cooperativas na construção de estrutura, a Figura 8 ilustra a construção de uma torre de tijolos de espuma (AUGUGLIARO. et al., 2014); além de outras pesquisas que envolvem aprendizagem de máquina, controle de trajetória, movimentos acrobáticos e rítmicos com quadrotores. 1 Disponível em: <http://www.bbc.com/news/technology-36855166>. Acesso em: 26 de julho de 16. 2 Disponível em: <https://www.theguardian.com/technology/2016/jan/29/project-skybender-google-drone-tests- internet-spaceport-virgin-galactic>. Acesso em: 26 de julho de 2016. 19 Figura 6: Seis quadrotor transportando um anel fino e flexível Fonte: (D’ANDREA, RITZ, 2013). Figura 7: Quadrotor montando uma estrutura com corda Fonte: (AUGUGLIARO. et al., 2013). 20 Figura 8: Construção de uma torre de 6 metros de 1500 tijolos de espuma Fonte: Institute for Dynamic Systems and Control, ETH Zurich1. 1.3 ASPECTOS ECONÔMICOS A revista norte-americana Business Insider publicou uma pesquisa apontando uma previsão de crescimento para o setor das RPAs, estimando que o mercado irá movimentar 12 bilhões de dólares até 2021 (BUSINESS INSIDER, 2016). Essa projeção no mercado se dá por conta da popularização no uso civil e também as regulamentações deste tipo de aeronave. As empresas alegavam que sem uma regulamentação não era possível investir na aérea sem saber ao certo qual seriam as regras estabelecidas pelo governo. 1 Disponível em:<http://www.idsc.ethz.ch/research-dandrea/research-projects/archive/flying-machine-enabled- construction.html>. Acesso em: 26 de julho de 2016. 21 Figura 9: Estimativa global de investimento em RPAs até o ano de 2021 Fonte: (BUSINESS INSIDER, 2016). Na Figura 9 é possível notar que o investimento do governo tende a crescer e dominar o mercado, principalmente para uso em aplicações militares e de segurança pública. Já o setor de indústria e comércio terá um crescimento significativo no entanto menor. Já a AUVSI (Associação Internacional de Sistemas de Veículos Não Tripulados), faz projeções sobre as vendas de RPAs e aponta o setor de agricultura será o que mais irá comprar aeronaves. Veja na Figura 10. Figura 10: Comparação das vendas de RPA por setores Fonte: AUVSI1. 1 Disponível em:<http://www.auvsi.org/auvsiresources/economicreport>. Acesso em 11 de setembro de 2016. 22 1.4 REGULAMENTAÇÃO De acordo com a regulamentação do DECEA1 (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) qualquer aeronave realize voo com o propósito diferente do que o de lazer é passível as regras do regulamento ICA 100-40 estabelecido pelo órgão. O regulamento estabelece que qualquer intento de operação de uma RPA deve ser devidamente analisado e aprovado pela ANAC (Agência nacional de Aviação Civil). O DECEA definiu dois tipos de autorização de voo, o para uso experimental e para uso com fins lucrativos. Na autorização de uso experimental deve-se solicitar à ANAC, um Certificado de Autorização de Voo Experimental (CAVE) neste caso é definido áreas especificas para os voos, chamadas de áreas de teste. No uso com fins lucrativos deve-se encaminhar um requerimento destacando as características da aplicação da RPA e um projeto de sistema demostrando os níveis de segurança do projeto. Todo voo de uma aeronave precisa de autorização do DECEA. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A regulamentação do DECEA define que, qualquer aeronave que se pretenda operar sem piloto a bordo será denominada de aeronave não tripulada e dentre as não tripuladas, as RPAs são todas aquelas pilotadas por meio de uma Estação de Pilotagem Remota, cuja sigla é RPS, também do inglês Remotely Piloted Estation. Todo os elementos envolvidos no voo de uma RPA são conhecidos como, sistema de aeronaves remotamente pilotadas, em inglês, Remotely Piloted Aircraft Systems (RPAS), a estação de pilotagem remota, o link ou enlace de comando e controle e os componentes associados a aeronave, como sistema de navegação, piloto automático, dentre outros possíveis (DECEA, 2015). Segundo o DECEA (2015), as aeronaves não tripuladas são amplamente conhecidas como VANT, nomenclatura oriunda do termo Unmanned Aerial Vehicle (UAV), que é obsoleto na comunidade aeronáutica internacional pois as principais organizações relacionadas a aviação não empregam o termo “veículo” e sim, aeronaves, e também por não ser considerado autônomo 1 Órgão responsável pelo controle e regulamentação do uso do espaço aéreo brasileiro. 23 porque não depende apenas do vetor aéreo, mas também de uma estação de pilotagem, enlace e outros componentes que compõem o RPAS. Drone é um apelido informal para todo e qualquer aeronave não tripulada. Palavra de origem inglesa, significa "zangão" ou "zumbido". Rodrigo (2016) justifica o apelido pelo zumbido característico que se assemelha ao bater de asas de um inseto, o zangão, drone em inglês. É importante frisar que o DECEA estabelece que o termo aeromodelo é para qualquer aeronave que seja exclusivamente de propósito recreativo. 2.1 HISTÓRICO Um dos grandes desafios da humanidade foi poder voar, o homem observava na natureza essa capacidade em diversos seres e tentava copiá-los. No século XV Leonardo Da Vinci, polímata1 nascido na atual Itália, produziu estudos detalhados do voo de pássaros e projetou várias máquinas voadoras, uma delas a chamada Swan di volo (Cisne voador, em português) que imitava o sistema de voo de aves, mas nunca chegou a construi-la. Logo quando se fez possível voar, o homem encontrou várias aplicaçõespara o voo, uma delas foi o transporte utilizando dirigíveis (maquinas mais leves que o ar que podem ser controladas por lemes e motores) que antecederam os aviões (maquinas mais pesadas que o ar). Mas foi na guerra que o voo teve suas maiores aplicações, como o a espionagem, reconhecimento e até ataque aos inimigos. A primeira tentativa de se fazer uma Aeronave Remotamente Pilotada (RPA) foi de Archibald Low a "Aerial Target" (alvo aéreo) em 1916 (TAYLOR; MUNSON, 1977). Logo após o início da Primeira Guerra Mundial, Low teve a missão de encontrar uma maneira de controlar remotamente uma aeronave para que pudesse ser usado como um míssil teleguiado e assim em 1917, no comando da equipe de Trabalhos Experimentais da Força Aérea Britânica (British Royal Flying Corps) o engenheiro inglês fez o primeiro teste da AT (Aerial Target). A AT foi lançada da parte de trás de um caminhão com ar comprimido e demonstrou com sucesso a capacidade de ser controlada remotamente antes de ter que fazer um pouso forçado por conta de uma falha de motor. Durante a guerra vários outros projetos de RPA foram 1 É uma pessoa cujo conhecimento não está restrito a uma única área. 24 realizados por Low e sua equipe, entre eles foi um foguete controlado, semelhantes aos usados pela Alemanha já na Segunda Guerra Mundial. As RPAs começaram a serem produzidas em grande escala em 1934 pelo ator britânico Reginald Denny que apostou no comércio das aeronaves para o uso como alvos de artilharia e hobbies. Ele e seus sócios fundaram a "Reginald Denny Industries" e abriram uma loja de aeromodelos em Hollywood conhecida como "Reginald Denny Hobby Shop", mais tarde chamada de "Radioplane Company". Denny e seus parceiros fabricaram cerca de quinze mil RPAs para o exército dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (PARKER, 2013). Em 1958, a Força Aérea dos EUA preocupada com as perdas de pilotos sobre território hostil começou a planejar o uso de aviões não tripulados em missões militares, embora tenha confirmado oficialmente que usava as RPAs somente em 1973 na guerra do Vietnã. No mesmo ano, Israel também iniciou o uso dessas aeronaves para combate. Com o aperfeiçoamento e miniaturização da tecnologia nas últimas décadas o uso de RPAs cresceu. Surgiram milhares de aplicações que usam diversos sensores, e outros recursos que a evolução da tecnologia proporcionou, as RPAs puderam voar por mais tempo, com mais velocidade e carregando mais peso. Surgiram os multirotores que permitem a decolagem vertical e uma maior estabilidade no voo, isso permitiu com que quaisquer pessoas, recebendo um treinamento básico pudesse controla-los. Logo várias empresas iniciaram testes para analisar a viabilidade de aplicá-los em serviços de entregas. Em 2016 em Las Vegas, Estados Unidos, na Consumer Electronics Show (CES), a empresa chinesa Ehang apresentou o Ehang 184 (Figura 11) uma aeronave que se assemelha às RPAs, porém capaz de transportar pessoas e voar de forma autônoma (THE GUARDIAN, 2015). Figura 11: Ehang 184 Fonte: (ENHANG, 2017). 25 2.2 CLASSIFICAÇÃO As aeronaves, em geral, são classificadas de acordo com a disposição dos componentes que a constituem. As suas diferentes formas de construção determinam as características que dão vantagens em cada tipo de aplicação, como por exemplo o uso de helicópteros em resgates e o serviço de entregas usando RPAs são aplicações onde a estabilidade de voo é crucial para a realização da tarefa, esta forma as aeronaves devem possuir rotores que às sustentam durante o voo. Em geral temos dois grandes grupos de aeronaves, as mais pesadas que o ar que se caracterizam pela sustentação resultante da aerodinâmica perpendicular ao vento. E temos as mais leves que o ar se caracteriza pela sustentação através da diferença de densidade entre o ar e a aeronave. No grupo das aeronaves mais pesadas que o ar as RPAs podem ser classificadas como aeronaves de asas fixas e aeronaves de asas rotativas, e no grupo das aeronaves mais leves que o ar temos os dirigíveis remotamente pilotados. 2.2.1 Asas Fixas Os Aviões ou Aeronaves de Asas Fixas tem sua sustentação de voo por reações aerodinâmicas que acontecem quando o ar passa em determinada velocidade pelas suas asas. A principal característica dessas aeronaves é a necessidade de um longo trecho em terra que é preciso para o avião alcançar uma determinada velocidade para poder decolar. Elas também possuem maior envergadura por conta das asas que às sustentam. Essas características proporcionam voos longos, mais velozes e de longa duração. As RPAs de Asas Fixas são principalmente usadas em aplicações militares onde voando em alta velocidade e altitude dificultam seu abate e detecção em terreno inimigo. Em uso civil são usados quando grandes áreas precisam serem analisadas. Geralmente essas aeronaves usam sensores mais eficazes, consequentemente mais caros para obtenção de dados nessas condições de voo. 26 2.2.2 Asas Rotativas As aeronaves de Asas Rotativas, conhecidas como helicópteros, são propulsionadas e sustentadas em voo por um ou mais rotores. O Rotor incorpora articulações que proporcionam o movimento das pás (Asas Rotativas) em seu eixo, e também a força necessária para impulsionar e sustentar a aeronave, e com isso ela tem a capacidade de decolar e pousar verticalmente, pairar sobre o ar, voar para frente, para trás e lateralmente. Pelo fácil controle e ampla aplicações, as RPAs de Asas Rotativas, ou multirotores, se popularizaram nos últimos tempos, surgiram vários modelos com diferentes quantidades e posicionamento dos rotores. Nesse projeto será desenvolvido um quadrotor que pode proporcionar um voo estável e carregar uma carga (sensores) considerável. 2.2.3 Dirigíveis Os dirigíveis são aeronaves mais leves que o ar e que podem ter sua direção e velocidade controladas, sua sustentação se dá através de um grande compartimento preenchido com um gás menos denso que o ar atmosférico. Atualmente o gás utilizado é geralmente o hélio, antigamente o hidrogênio foi muito utilizado, mas seu uso foi abandonado devido ao risco de incêndio. A baixa capacidade de manobra e suas grandes dimensões pode ser um dos motivos pela baixa popularidade deste tipo de aeronaves na categoria das RPAs. O maior interesse está no uso militar, ou em casos onde se precisa monitorar regiões de grande extensão, isso por conta do seu baixo custo operacional e autonomia. É o que aponta Burlamaqui Filho (2010) que desenvolveu em sua dissertação de mestrado um estudo sobre as tecnologias fundamentais para realização de voos autônomos com dirigíveis, nela ele motiva seu estudo na necessidade do monitoramento de extensas áreas no Brasil que é um desafio atual para as forças armadas e polícia federal país, as duas instituições são responsáveis por 14.691 quilômetros de fronteiras terrestres. 27 2.3 FUNCIONAMENTO DE UMA RPA DE ASA ROTATIVA Os principais elementos necessários para o funcionamento de uma RPA, mais especificamente de uma aeronave de asa rotativa do tipo quadrotor, são os atuadores, sensores e controladores. Os atuadores são os rotores que dão a propulsão e executam os movimentos da RPA, eles sempre esperam comandos de uma placa controladora. Essa por sua vez recebe dados de sensores, ou de algum tipo de comunicação, e os transforma em comandos para os atuadores. Os sensores conseguem ter uma percepção do ambiente através de estímulos físicos, dessa forma obtém dados importantes para o controle de um multirotor.A Figura 12 ilustra um diagrama esquemático dos dispositivos necessários para a construção de um quadrotor. Figura 12: Diagrama esquemático dos dispositivos de um quadrotor Fonte: Adaptado de (MELO, 2010). Como se pode ver na Figura 12, em um quadrotor os atuadores são os quatros motores indicados por M, e cada um é controlado por um controlador secundário, os ESCs (da sigla em inglês, Eletronic Speed Control) que serão tratados adiante. Esses são ligados diretamente à placa micro controladora que é a controladora central do sistema, essa placa está conectada a uma placa de sensores e um receptor de rádio responsável pela comunicação, seguindo o diagrama apresentado. 28 Os multirotores podem assumir várias configurações de disposição e complexidade dos seus rotores. Na Figura 13 podemos ver alguns dos diferentes formatos conhecidos, note que conforme ilustrado, cada motor tem uma rotação específica de forma que um sempre gira no sentido contrário ao do seu antecessor. Segundo Nascimento (2011), isso deve ser feito para que se tenha a estabilidade durante o voo, caso contrário seria criado um torque ocasionando perda de estabilidade. Nesse trabalho foi construído um quadrotor com os rotores dispostos em formato de ‘X’ pois aparentemente esta configuração é mais vantajosa na execução dos movimentos do que o modelo “+ ou cruz” de quatro rotores. Figura 13: Diferentes tipos de montagem de um multirotor Fonte: DJI Wiki1. O controle e movimento do multirotor está associado às diferentes combinações de velocidades de rotação aplicadas aos rotores. Os movimentos são realizados através dos seguintes comandos: Throttle (aceleração) que é o movimento de translação no eixo Z, yaw (guinada) é o movimento de rotação no eixo Z, roll (Rolagem) movimento de rotação no eixo X, e o pitch (Arfangem) é o movimento de rotação no eixo Y. A Figura 14 ilustra os comandos e seu movimento nos respectivos eixos. 1 Disponível em: <http://wiki.dji.com/en/index.php/A2_Mixer_Type_Supported>. Acesso em: 2 de agosto de 2016. 29 Figura 14: Comandos de controle em cada eixo de um quadrotor Fonte: Elaborado pelo autor. No comando Throttle o papel da controladora central é de aumentar ou diminuir velocidade de rotação dos rotores simultaneamente, e com a mesma intensidade para que a aeronave suba e desça respectivamente. Para que a aeronave faça o giro – comando de yall – os rotores que giram no mesmo sentido do giro (sentido horário ou anti-horário) tem sua velocidade aumentada. Para os movimentos de deslocamento horizontal, – comando de pitch – para se deslocar para frente, a velocidade dos rotores dianteiros é diminuída e proporcionalmente aumentada para os traseiros, e vice-versa para o deslocamento para trás, assim se dá a rotação no eixo Y, onde uma pequena inclinação permite o deslocamento do multirotor para o sentido oposto ao da inclinação. O mesmo acontece para os movimentos laterais, onde o comando Roll faz com que a aeronave se incline para a direita ou esquerda, rotacionando o eixo X. Sabendo-se disso é possível perceber a vantagem da configuração quadrotor X em relação ao quadrotor I, afinal nessa última configuração dois rotores são responsáveis pelos movimentos de Pich e Roll, enquanto os outros dois se mantem neutros. Já no quadrotor I, os quatro motores agem para realizar as rotações (veja na Figura 15). 30 Figura 15: Comando de Pich em quadrotores, onde ∆v é a variação de velocidade somada aos rotores dianteiros e subtraída dos traseiros. Fonte: Elaborado pelo autor. 2.3.1 Estrutura A construção de um multirotor se inicia com uma estrutura inicial (também chamado de frame) onde são fixados todos os sensores, controladores e atuadores. A estrutura é composta basicamente pelos braços de suporte dos rotores e um suporte central onde são fixados os demais dispositivos. A estrutura da aeronave deve ser simétrica, resistente e leve, essas características são necessárias para um voo mais estável independente da capacidade da controladora de estabilização. Deve ser resistente às perturbações externas como vento ou impactos com objetos. O peso está diretamente relacionado com a autonomia de voo, então deve ser o mais leve possível para uma maior autonomia. 2.3.2 Motores Os motores são dispositivos que convertem energia, de diferentes tipos, em energia mecânica, na forma de força motriz para realização de algum trabalho (HALLIDAY, RESNICK, WALKER, 2009). Desta forma, a força é usada para movimentar as hélices dando sustentação e propulsão à aeronave. 31 A força de sustentação e propulsão é dividida entre os motores, por esse motivo quanto maior a quantidade de motores, maior a capacidade de portar cargas maiores e mais pesadas e consequentemente maior é consumo de energia. Neste trabalho quatro motores são utilizados, pois não é preciso carregar grandes volumes de carga. Existem dois tipos de motores de corrente continua, os brushed e os brushless que são ilustrados na Figura 16. Nos motores escovados brushed, a corrente é transferida mecanicamente para o rotor através de escovas metálicas, que alternando o sentido do campo magnético fazem com que o rotor continue a rodar. Já os motores brushless são motores sem escova, isso é, eles não possuem contato físico entre suas partes (rotor e estator), o rotor é composto de imãs permanentemente polarizados e o estator é composto por bobinas que são magnetizadas eletronicamente produzindo o campo magnético responsável pelo movimento (VIEIRA, 2011). Figura 16: Funcionamento dos motores brushed e brushless Fonte: Think RC1 Por não possuir escovas, os motores brushless possuem muitas vantagens em relação aos motores escovados: Menor tamanho e peso; longa vida operacional; maior resistência térmica; baixo ruído; e baixo consumo de energia, mesmo proporcionando uma inercia baixa, alto torque e alta rotação. Em contrapartida esses motores são alimentados por corrente alternada (CA) e é preciso de um circuito eletrônico para gerar um sinal trifásico (ALVES, 2012). A velocidade do motor é dada pela quantidade de rotações por minutos (RPM) para cada volt (V) aplicado, denominado de Kv. Um motor dito ser de 800Kv implica que ele terá 800 RPM a cada volt aplicado. 1 Disponível em: <http://www.thinkrc.com/faq/brushless-motors.php> Acesso em: 8 de agosto de 2016. 32 𝐾𝑣 = 𝑅𝑃𝑀 𝑉⁄ Os motores com velocidades menores geralmente possuem maior torque, isso resulta em uma maior força de sustentação para o multirotor. Segundo Alves (2012), a soma das forças exercida pelos motores deve ser maior que a massa da aeronave para que seja possível alcançar o voo, na física essa força é chamada de impulso e é medida através da variação de deslocamento causado por uma força durante um intervalo de tempo (HALLIDAY, 2019). Para que o quadrotor alcance o voo, ou seja a força exercida pelos rotores vença sua força peso, é necessário que cada um dos quatro motores possa impulsionar: 𝐼 > 𝑚 4⁄ A massa que cada motor pode impulsionar (I) deve ser maior que a massa (m) total do quadrotor dividido por quatro. Exemplo, o impulso necessário para se alcançar o voo em uma aeronave de 1Kg (quilograma) deve ser maior que 250g. 2.3.3 ESC (Eletronic Speed Controller) Os controladores eletrônicos de velocidade, conhecidos pela sigla ESC, que vem do inglês Eletronic Speed Controller, são dispositivos necessários para controlar os motores Brushless. Como o nomesugere, são dispositivos utilizados para controlar a velocidade de giro dos motores e também fornece alimentação correta a esses, visto que são trifásicos e necessitam de um circuito de potência que contenha inversores1, sensores e circuitos capazes de controlar os acionamentos (DEMOLINAR, 2016). Os ESCs são capazes de controlar motores Brushless variando a frequência e amplitude do sinal de saída. Através de um sinal de entrada gera um sinal trifásico de saída através de uma modulação de largura de impulso (Pulse Width Modulation – PWM), isso é feito por um conjunto de instruções programadas diretamente no hardware do dispositivo (firmware). 1 Dispositivo elétrico ou eletromecânico capaz de converter um sinal elétrico CC (corrente contínua) em um sinal elétrico CA (corrente alternada). 33 Figura 17: Esquema de ESC com entrada de controle PWM e três fases de saída para alimentação do motor brushless Fonte: (NASCIMENTO, 2011). A Figura 17 ilustra o esquema das saídas para a alimentação trifásica do motor, representados pelos terminais R, S e T que devem serem ligadas ao motor. Na parte inferior do esquema as conexões + e – são terminais de entrada de alimentação (bateria) que é convertido em entrada para os motores. VCC e GND são terminais de alimentação do circuito interno, geralmente recebe a tensão de 5V. O terminal denominado de “sinal” é a entrada do sinal de controle do ESC. Em algumas configurações os terminais de entrada VCC e GND se tornam saídas de alimentação para outros dispositivos que trabalham na potência de 5V. Essa configuração é chamada de BEC (Batery Eliminator Circuit), pois elimina a necessidade de uma fonte de alimentação extra para o circuito interno. O sinal de controle PWM, é um sinal que alterna de nível logico variando a tensão em períodos de nível baixo e alto. O tempo que cada pulso permanece em alta chama-se “duty cycle” (veja na Figura 18), e quanto maior for esse tempo maior será a tensão fornecida para o motor, aumentando sua velocidade. O período pode variar dependendo de fabricante, sendo que valores tópicos são 8 KHz e 16 KHz. 34 Figura 18: Sinal PWM Fonte: (CORRÁ JUNIOR; SILVA, 2014). 2.3.4 Hélices As hélices convertem a energia mecânica fornecida pelo motor em movimento de propulsão do multirotor (ALVES, 2014), trabalham sob condições severas onde atuam o torque e força de arrasto e ainda sofrem acelerações e desacelerações rápidas para manter a estabilidade do voo (DEMOLINARI, 2016) e por esses motivos são construídas a partir de materiais resistentes como: nylon, alumínio, fibra de carbono e etc. As hélices ocupam uma posição na estrutura que pode facilmente sofrer danos em choques com um obstáculo. Em outros projetos ou na maioria dos RPAs comercializados, como o AR.Drone1, usa-se um protetor de hélices para que danos não ocorram, porém, os protetores causam perda de desempenho afinal é um peso extra para a sustentação da aeronave. Além do material de fabricação, outra especificação das hélices é seu tamanho, dado por dois parâmetros. O primeiro é o diâmetro do círculo formado quando a hélice gira e o segundo é o passo que é a distância que a hélice percorre quando completa uma volta no espaço, os dois medidos em polegadas. O valor do passo é determinado em condições especiais de teste e não corresponde a um valor exato podendo variar de acordo com as configurações de cada multirotor. 1 AR.Drone é um modelo de RPA construído pela empresa francesa Parrot. 35 Os fabricantes também especificam o sentido de rotação da hélice, CW (do inglês, Clock Wise) é quando ela gira no sentido relógio e CCW (do inglês, Conter Clock Wise), quando gira em sentido contrário ao relógio (CORRÁ JUNIOR; SILVA, 2014). 2.3.5 Bateria Para que uma RPA possa ter uma autonomia de voo considerável e cumprir com as aplicações mais duradouras, ou com deslocamentos maiores, é preciso usar baterias que possam armazenar grande quantidade de energia e fornecer alta corrente. As baterias se destacam entre os componentes que mais avançaram possibilitando o surgimento dos multirotores atuais (DEMOLINARI,2016). Usando processos de fabricação mais modernos, e melhores técnicas de polimerização microscópica, foi possível criar o que hoje se conhece como bateria de LiPo (Lítio-Polímero) (SCROSATI; VICENT, 1997). Esses tipos de baterias oferecem vantagem em relação ao peso, taxa de descarga e capacidade, se comparada com outros tipos existentes. Uma bateria LiPo é composta por uma ou mais células, especificadas por S, que ligadas em série resultam na tensão final, que é a soma das tensões das células. Cada célula pode chegar a 4,2V quando totalmente carregada, mas opera na tensão nominal de 3,7 V. As células não devem chegar a uma tensão inferior a 3V, pois isso comprometeria seu funcionamento tornando-as inutilizáveis, com isso é preciso de carregadores específicos para que todas as células sejam carregadas (balanceadas) igualmente garantindo que durante seu uso uma das células não seja descarregada primeira das outras. Esses carregadores são necessários para ter uma maior segurança na hora de carregar a bateria, controlando a temperatura e taxa de carga, em caso de uso de carregadores não específicos para esse tipo de bateria ela pode ser permanentemente danificada ou até mesmo explodir. Outra característica do funcionamento das baterias é a capacidade de carga, taxa de carga e descarga. A carga mede a quantidade de energia armazenadas nas células, medida pela unidade ampere-hora (Ah), que pode ser entendido como a corrente que a bateria pode fornecer durante uma hora. A taxa de descarga, mede quanto de corrente a bateria é capaz de fornecer e é tratada pelos fabricantes pela designação C, um valor numérico que multiplica o valor da carga fornecida pela bateria (NASCIMENTO, 2011). De maneira semelhante acontece com a 36 taxa de carga, onde um valor para C maior permite que a bateria seja carregada mais rapidamente. 2.3.6 Comunicação Pelo motivo de se operar remotamente, os enlaces de comunicação são parte essencial da operação de uma RPA. Alguns tipos de enlaces são empregados como o enlace de pilotagem, de telemetria e enlace da carga útil. Segundo o DECEA (2015), o enlace de pilotagem é o enlace entre a RPA e a estação de pilotagem remota, para a condução do voo. Para que a aeronave seja pilotada por um piloto remoto, ou receba comandos de controle de uma RPAS, utiliza-se um enlace de rádio frequência (RF) do tipo FM (Frequence Modulation) composto por um rádio transmissor e um rádio receptor operando a frequência de 72MHz ou 2,4GHz, faixas de frequências liberadas para este fim (MELO, 2010). Os Rádios Controles (RC), dispositivo de controle utilizados para operar este enlace é apresentado na subseção 3.6.1. Em projetos de RPAs também são utilizados enlaces de RF para obtenção de medições de sensores e outros dados de interesse do operador ou desenvolvedor de RPAS, chamado de enlace de telemetria. Também existem os enlaces da carga útil que transmitem dados de equipamentos utilizados no cumprimento do objetivo da RPA em sua aplicação, geralmente são câmeras e sensores que coletam dados para serem analisados posteriormente ou em alguns casos em tempo real (DECEA, 2015). 2.3.6.1 Radio Controle O rádio controle é composto de chaves de posição e alavancas de controles chamados de sticks, cada um deles geralmente são ligados a um canal da frequência operada. A Figura 19 ilustraas posições típicas e comandos de controles dos sticks em rádios controles. 37 Figura 19: Funcionamento dos Stick Fonte: (MELO, 2010). Como esses rádios são mais popularmente usados em controle de aeromodelos que imitam aeronaves de asas fixas, os comandos geralmente são identificados por qual componente do aeromodelo é controlado, sendo assim yaw é o controle de leme (rudder), pitch é o controle do elevador (elevator), roll é o controle de barbatana (aileron) e o controle de motor também é identificado por trhottle, os movimentos realizados pelos comados são equivalentes multirotores. Os comandos do rádio são enviados para o receptor serialmente a cada 20ms, e modulados por posição de pulso (Pulse Position Modelation – PPM) (RYAN, 2002). Nesse tipo de modulação a posição do stick é representado por um pulso de nível baixo de 0,3ms em um instante entre 1 a 2ms, a posição deste nível baixo no instante indica onde o stick está posicionado (veja a Figura 20). Os sinais dos canais do Rádio Controle são enviados em sequência, e o sinal mantido em nível logico alto até completar o pulso de 20ms indicando seu fim com um nível baixo de 0,3ms. 38 Figura 20: Posição em que se encontra o nível baixo de 0,3ms em um instante de 2ms do pulso PPM Fonte: (MELO, 2010). 2.3.7 Sensores Para que a placa controladora de voo possa receber comandos de controles e executar movimentos ou simplesmente pairar sobre o ar é extremamente importante que ela receba informações do estado atual da aeronave, só assim poderá executar movimentos da maneira desejada pelo piloto remoto e manter a estabilidade do voo. Nos multirotores são necessários sensores como o barômetro, acelerômetro e giroscópio para a estabilização do voo e sincronização dos rotores. Também é comum o uso de sensores geolocalizadores como o GPS e o magnetômetro, usados para dar uma maior precisão na estabilização. Com o GPS é possível ter outras funcionalidades interessantes como o failsafe, que permite com que a RPA retorne para a posição de partida em caso de perca de sinal de controle, ou também paga guiar a aeronave em voo autônomo, por exemplo. Dependendo da aplicação outros sensores podem ser utilizados para aquisição de dados ou para dar suporte em uma operação. Um deles são os sonares, capazes de detectar obstáculos e objetos, inclusive os obstáculos transparentes como água e vidro. As câmeras são outros tipos de sensores que são utilizados na maioria das aplicações. 39 2.3.7.1 Altímetro O Altímetro é um dispositivo capaz de medir a altitude, utilizando um barômetro para registrar as alterações da pressão atmosférica que acompanham a variação de altitude, assim medindo a variação de pressão, chega-se à altitude. Nas aeronaves tripuladas esse é um instrumento básico exigido para que sejam certificadas. Já nas RPAs o altímetro serve para ajudar na precisão do voo pairado e para que o piloto remoto, sabendo dos dados do sensor, não corra o risco de chocar a aeronave contra um obstáculo que seja alto. 2.3.7.2 Giroscópio O giroscópio é um sensor que mede a manutenção da orientação, baseados nos princípios de momento angular, ou seja, mede a quantidade de movimento angular associado a rotação e translação de um corpo. Mecanicamente o giroscópio é uma roda giratória ou disco, cujo o eixo é livre para tomar qualquer orientação (veja na Figura 21). Consiste essencialmente em uma roda, ou várias rodas, livre para girar em qualquer direção se opondo a qualquer tentativa de mudar sua direção original. Seu funcionamento é baseado no princípio da inércia e tem um efeito de memória que guarda a direção fixa em relação ao círculo máximo. Com este dispositivo mecânico foi possível uma navegação marítima mais segura e voo tripulados com condições de visibilidade zero. 40 Figura 21: Giroscópio mecânico Fonte: Wikipedia1 A eletrônica tratou-se de evoluir os giroscópios para dispositivos MEMS (Micro Eletro Mechanical Systems). De acordo com o fabricante STMicroeletronics2, os giroscópios do tipo mens utilizam propriedades mecânicas em microestruturas dentro dos semicondutores para a detecção de movimentos angulares. 2.3.7.3 Acelerômetro Um acelerómetro é um dispositivo que mede a variação de velocidade em um dado sentido com relação a cada eixo (NASCIMENTO, 2011). Os Acelerômetro Eletromecânico (MEMS) possuem sensores que detectam aceleração e vibração em até três dimensões, são os mais utilizados por serem mais sensíveis e versáteis (FILHO; NASCIMENTO; RUDIGER, 2011). Esse tipo de sensores se popularizou com seu uso em controles de videogames como o Nintendo Wii que possibilitou ao usuário uma interação mais realista com o jogo. Em celulares foram inicialmente utilizados para mudar a orientação da tela, que ocorre quando o aparelho é girado, e possibilitou o desenvolvimento de diversos aplicativos que usam deste recurso. Também são aplicados em notebooks para proteger os discos rígidos de queda e em GPS para cálculo de velocidade e ajudar a identificar qual direção que o carro está seguindo no mapa. 1 Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Girosc%C3%B3pio>. Acesso em: 29 de agosto de 2016. 2 Disponível em: <http://www.st.com/content/st_com/en.html>. Acesso em: 29 de agosto de 2016. 41 2.3.7.4 Magnetômetro Os magnetrômetros são dispositivos elétricos usados para substituir a bússola comum, são capazes de medir a intensidade, direção e o sentido do campo magnético em sua proximidade ou o do planeta terra, funcionando de maneira semelhante as bússolas. Segundo VIEIRA (2011), impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico, esses sensores evoluíram se tornando mais precisos, pequenos e consumindo pouca energia. Na construção de uma RPA é importante que esse sensor esteja afastado de possíveis campos eletromagnéticos como o gerado pelos motores, também é preciso que se voe em lugares que não possa causar interferência magnética no sensor caso contrário seu controle pode ser prejudicado. 2.3.7.5 GPS O sistema de posicionamento global, conhecido pela sigla GPS (do inglês, Global Positioning System) é um sistema de posicionamento global por satélite, que fornece à um dispositivo móvel sua localização geográfica, latitude e longitude em qualquer lugar e em tempo real. O sistema foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América, originalmente para fins militares e liberado para uso civil em 1977. Atualmente existem vários outros sistemas de posicionamento por satélite como o GLONASS, um sistema russo, GALILEU da União Europeia. Esses sistemas e o GPS Americano estão integrados no GNSS, um sistema que visa a disponibilidade para todas as regiões do globo terrestre com integridade e segurança aos usuários (BARROS. et al., 2013). A definição da posição de um receptor GPS é feita através da técnica conhecida como triangulação, onde o receptor estima sua localização com base no tempo de recepção de sinais transmitidos por pelo menos três satélites. Como a posição é definido através da diferença entre os tempos de recepção dos sinais de satélites e os sinais de rádio que trafegam na velocidade da luz, qualquer atraso resultaria em erros de vários quilômetros, por esse motivo é preciso se atentar com possíveis interferências ao usar o dispositivo, como por exemplo os eventos solares (explosões solares, ejeções coronais de massa, entre outros) (SALOMINI, 2008). 42 O GPS serve para ajudar na estabilizaçãoda RPA em voos pairados onde a posição da aeronave deve ficar fixa, praticamente sem movimentos no ar. O GPS também pode ser utilizado em diversas aplicações, onde a aeronave pode ser orientada através deste dispositivo em um voo programado ou ajudar o piloto remoto no controle a distância. 2.3.8 Placa controladora de voo Segundo Neris (2001), as RPAs têm como componente principal um sistema de controle capaz de manter a aeronave estabilizada e de executar manobras que a conduza através de uma rota e missão selecionada. Esse sistema é denominado controladora de voo e integra todos os outros dispositivos já vistos. 43 3 DESENVOLVIMENTO Como visto um Sistema de Aeronave Remotamente Pilotadas consiste em todos os elementos envolvidos no projeto da RPA, a aeronave remotamente pilotada, sua estação de pilotagem remota, o enlace de pilotagem e qualquer outro componente do sistema (DECEA, 2015). Desta forma esse trabalho desenvolve um projeto de RPAS por completo, desde a construção de uma RPA (um quadrotor), configuração do enlace de controle (radio controle) e implementação da uma estação de pilotagem remota. 3.1 DISPOSITIVOS UTILIZADOS Para este trabalho foi utilizado como base inicial, o Flame Wheel F450 (Figura 22) fabricado pela DJI1, que é uma estrutura de configuração quadrotor X. O suporte central do frame F450 é composto por uma placa de circuito impresso (PCB), que além de fixar os braços e demais componentes, faz a ligação elétrica entre eles. Os braços são construídos a partir de PA66 + 30GF, material que segundo o fabricante, proporciona uma maior resistência a choques (DJI Wiki, 2016). Tabela 2: Especificações do Flame Wheel F450 Peso 282 g Distância entre os eixos na diagonal 450 mm Motor recomendado 2212 ~ 2216(estator). 1 Dà-Jiāng Innovations Science and Technology Co., Ltd (DJI), é uma companhia Chinesa líder em fabricação de RPAs para fotografias e filmagem sediada em Shenzhen, Guangdong. 44 Figura 22: Flame Wheel F450 Fonte: DJI1 Também foi utilizado o trem de pouso (Ilustrado na Figura 23) desenvolvido pela DJI para o Flame Wheel F450. Figura 23: Trem de pouso que será fixado na parte inferior do quadrotor Fonte: DJI2 Tabela 3: Especificações do trem de pouso Peso 15g Altura 130 mm 1 Disponível em: <http://www.dji.com/flame-wheel-arf/feature>. Acesso em: 24 de fevereiro de 2017. 2 Disponível em: <http://www.dji.com/landing-gear-for-flame-wheel>. Acesso em 16 de março de 2017. 45 3.1.1 Motores utilizados Seguindo recomendação do manual do Flame Wheel F450 o motor deve possuir um estator de tamanho de 22x12mm (DJI, 2015), desta forma os motores utilizados são os X2212 fabricados pela Sunnysky, que possui uma velocidade de rotação de 980Kv, valor próximo aos 920Kv também recomendado pelo manual. As principais características analisadas são apresentadas na Tabela 4. Tabela 4: Principais características do motor utilizado na construção do quadrotor Diâmetro do estator 22mm Espessura do estator 12mm Velocidade de rotação 980Kv Tensão de Alimentação 7,4V~14,8V Número de células (alimentação) 2-4S Corrente máxima continua 15A Potência máxima continua 300W Peso 58.5g ESC recomendado 20A Hélices recomendadas APC8038 APC9047 APC1047 GWS8043 APC8038 Para a escolha do motor também foi analisado sua capacidade de impulsão que depende das configurações de bateria e hélices que são discutidas nas próximas seções. 3.1.2 ESCs utilizados Levando em consideração as configurações do motor e recomendações do manual do frame DJI, o ESC usado opera com a corrente de 30 Amperes (A). Com essa especificação o ESC consegue suprir com folga a corrente máxima do motor, de 15A. 46 Outro aspecto importante a se observar na escolha do ESC segundo DEMOLINARI (2016), é a qualidade da execução do PWM de saída, ou seja, o quanto os seus inversores são precisos em realizar o que será solicitado pela controladora. Resumidamente, é a taxa de resposta em executar os comandos recebidos. Para se alcançar uma boa taxa de resposta será usado o SimonK, um firmware de código aberto que está sendo continuamente aperfeiçoado e atualizado. O ESC utilizado será o Simon Series fabricado pela EMAX. Suas principais características são apresentadas na Tabela 5. Tabela 5: Especificações dos ESCs utilizado no quadrotor Tensão de Alimentação 7,4V~11,1V Número de células (alimentação) 2-3S Corrente Máxima 40A Largura 52 mm Espessura 26 mm Altura 7 mm Peso 28 g Frequência de controle 8 KHz/ 22KHz 3.1.3 Hélices utilizadas A escolha das hélices está diretamente relacionada com as especificações do motor, desta forma o fabricante do motor apresenta uma tabela da eficiência entres as hélices recomendadas para o modelo de motor (SUNNYSKY, n.d.). A Figura 24 ilustra a relação entre a potência e o peso de propulsão a partir dos dados abstraídos. Foi considerado uma tensão aplicada de 11.1V. 47 Figura 24: Gráfico de eficiência (g/watts) do motor Sunnysky X2212 Fonte: Elaborado pelo autor a partir de (SUNNYSKY, n.d.). Vemos uma leve vantagem da hélice APC1047, que possui 10 polegadas de diâmetro e 4,7 polegadas de passo. Sua linha no gráfico, margeia as demais na maioria das vezes, o que indica que é capaz de propulsionar maior peso com menor potência, resultando em um menor consumo. Essa hélice pode fornecer uma potência de 166,65 W por motor: 𝑃 = 𝐴 ∗ 𝐼 𝑃 = 15𝐴 ∗ 11,11𝑉 𝑃 = 166,65 𝑊 Seja A a corrente de consumo máxima do motor e I a tensão nominal da bateria, temos a potência P de cada motor. Observando dados de SUNNYSKY (n.d.), temos um impulso de máximo de 910g por motor com seguindo as especificações dos dispositivos escolhidos. Para um quadrotor esse valor deve ser multiplicado por 4, totalizando 3640g (910 ∗ 4) de massa que pode ser impulsionada pelos rotores. 3.1.4 Bateria utilizada Como visto as baterias LiPo oferecem as características necessárias para a construção de uma RPA: alta corrente necessária para os motores utilizados; alta capacidade de carga para voos mais longos; e um menor peso em relação a capacidade de carga. 48 Para a escolha da bateria é importante analisar a corrente consumida pelos motores, visto que cada motor tem uma corrente máxima de 15A, o conjunto dos quatro motores pode chegar a um consumo máximo de 60 A (4 x 15A), com isso a bateria deve fornecer no mínimo uma corrente equivalente a este valor. Quanto maior a capacidade da bateria, maior será a autonomia do quadrotor, porém as baterias com mais carga são mais pesadas, sendo preciso analisar o peso suportado pelos motores. A bateria utilizada está ilustrada na Figura 25 e possui as especificações apresentadas na Tabela 6. Tabela 6: Especificações da bateria utilizada no quadrotor Quantidade de células 3S Tensão nominal 11,11 V Taxa de descarga 30 C Taxa de carga 2 C Capacidade 5Ah Peso 408g Figura 25: ZIPPY Flightmax Fonte: HOBBYKING1. Com essas configurações é possível ter no mínimo 5 minutos de autonomia de voo. Levando em conta que cada motor consome no máximo 15A de corrente, totalizando 60A para os quatros, com isso devemos dividir a capacidade da bateria pelo total de corrente consumida que nos resulta no tempo de voo em horas e para transformar em minutos basta multiplicar
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