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Socialização política promoção da cidadania

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30 
Anais do I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas, ISSN 2177-8248 
Universidade Estadual de Londrina, 24 e 25 de junho de 2010 
GT 2. Gênero e movimentos sociais – Coord. Renata Gonçalves 
 
 
 
Socialização política: promoção da 
cidadania através das Associações de 
moradores 
 
Milene Ana dos Santos Pozzer
∗
 
 
Resumo 
O artigo se propõe a analisar se há relação entre a existência das associações 
de moradores e a promoção da cidadania (participação democrática) no 
município de Palotina - Estado do Paraná. Para isso demonstra como foram 
construídas as identidades das associações de moradores no município e o 
que as influenciou em seu processo histórico (fatores: culturais, sociais, 
religiosos). Apresenta os resultados a respeito das associações de moradores 
relacionados a participação democrática deles e faz sugestões direcionadas 
ao empoderamento do cidadão, a fim de utilizar a instituição para maximizar 
suas ações diante do Poder Público. Por fim, expõe o papel das associações 
de moradores como agentes ligados ao projeto de cidadania e socialização 
política. 
Palavras-chave: Socialização política; Associação de Moradores; Cidadania. 
 
 
 
∗ Advogada, Graduada em Ciências Jurídicas (UNIPAR), especialista em Planejamento, Gestão e 
Avaliação de Políticas Públicas (UNIOESTE), especialista em Segurança Pública, Cidadania e Direito 
(UNIOESTE), Mestranda em processo Civil e Cidadania (UNIPAR). 
E-mail: mileneana@hotmail.com 
Parte do Artigo apresentado para conclusão de especialização em Planejamento, Gestão e Avaliação de 
Políticas Públicas - 2008 (UNIOESTE) 
 
31 
Introdução 
Este trabalho apresenta uma possível identidade das associações de 
moradores de Palotina, Estado do Paraná. No texto segue uma análise da 
variável relação entre participação democrática, associação de moradores e 
democracia. Discute uma visão geral das associações e em particular as dos 
bairros (moradores) localizadas no município de Palotina. O método 
utilizado foi bibliográfico combinado com o estudo de caso. Essa opção 
deu-se em razão de que somente a pesquisa bibliográfica não se mostrou 
eficaz para analisar o objeto de pesquisa a que se propôs o estudo, foi 
necessária combiná-la com entrevistas junto aos presidentes das associações 
de moradores, já que eles são membros importantes na tomada das decisões 
dentro da associação e na coordenação dos trabalhos executados pela 
mesma. 
A base teórica permitiu evidenciar que as associações de moradores 
de Palotina querem ter uma dinâmica como órgão intermediador e 
reivindicador dos interesses da comunidade e/ou grupo dominante em 
relação aos órgãos públicos. 
Porém, foi possível observar que as associações poderiam vir a 
expressar um papel de socialização política ante sua comunidade de 
abrangência, contribuindo para promoção da cidadania e a participação 
democrática do país, mas é uma função que não desempenham ainda. Esta 
constatação, no plano teórico, vem reafirmar o juízo de que estamos ainda 
vivendo um processo de construção e amadurecimento democrático. Mais 
do que isso, através dos aspectos aqui expostos, defende-se o conceito de 
que as associações podem se tornar um organismo não linear nesse processo 
de mudança da sociedade política. 
 
Visão geral de Associação 
Com o processo de amadurecimento democrático no Brasil, houve 
um alargamento dos espaços públicos. Um exemplo claro disso foi o 
surgimento das associações, que vieram para colaborar como espaço para 
democratização da informação, destinada, em tese, a ser um ambiente para 
propiciar a participação da sociedade civil no debate público de situações 
tanto nacionais, quanto em situações do cotidiano local dos grupos 
envolvidos. 
“A natureza das relações sociais e a dinâmica da historicidade, permitem 
compreender sob que condições se verifica o processo participativo, ou, 
nas palavras do autor, as ações e decisões dos atores sociais, que 
 
32 
‘produzem’ a sociedade, sua manutenção ou sua mudança. (AMMANN; 
1978, p. 16) 
Concebemos a sociedade como conjunto de fenômenos sociais, 
tanto que, se toda a ação deriva do sujeito que tem suas intenções próprias, 
assim como toda a ação deriva da relação entre o individuo e seus atos, 
pode-se dizer que: “As coletividades não são mais que produtos da ação de 
sujeitos individuais” (HIRST: 1997; p. 82). 
“Os processos sociais geram um fenômeno social muito 
importante: o grupo social” (AMMANN: 1978; p. 55). 
Na realização deste estudo partiremos do fato que, por vezes, os 
sujeitos escolhem reunirem-se em associações ou em outras formas de 
instituições para mediar interesses e valores comuns, ou seja, as 
coletividades tornam-se produto da busca pelos fins. 
As ideologias do grupo são definidas através das interações, ou seja, 
relações intersubjetivas estabelecidas por eles, assim “é a estrutura das 
relações constitutivas do espaço do campo que comanda a forma que as 
relações visíveis de interação podem revestir e o próprio conteúdo da 
experiência que os agentes podem ter.” (BOURDIEU: 1994, p. 46) 
“Isso pressupõe, mais uma vez, que se preste atenção às relações 
pertinentes, com freqüência invisível ou imperceptível à primeira vista, 
entre as realidades diretamente visíveis, como pessoas individuais, 
designadas por nomes próprios, ou as pessoas coletivas, simultaneamente 
nomeadas e produzidas pelo signo ou pela sigla que os constitui enquanto 
personalidades jurídicas.” (BOURDIEU: 1994; p. 43) 
BOURDIEU (1994, p. 54) explica que as funções sociais não são 
nada mais que ficções sociais. As instituições transformam os seres 
humanos, instituídos como representantes ou porta voz do grupo que tem 
interesses semelhantes. Portanto, sobre as associações pode-se afirmar: 
“A principal função das associações é, sem dúvida, uma função social: 
constituídas de membros solidários, elas visam à constituição de uma 
comunidade de interesses baseada na defesa de direitos sociais iguais. Elas 
visam à criação de formas de inserção social e de responsabilização, 
assumindo o papel de mediação entre o cidadãos e instituições.” 
(WAUTIER: 2001; p.11) 
Os seres humanos, portanto, se unem em grupo com interesses e 
valores comuns e diversos, por isso, diversos podem ser os tipos de 
associações que são constituídas: deficientes físicos, consumidores, pais e 
amigos dos excepcionais, de moradores, etc. 
 
33 
Portanto, “O fenômeno associativo é uma realidade complexa, 
diversificada e muito pouco estável: a associação insere-se num contexto 
social tributário das mudanças da história, mas também dos indivíduos que a 
compõem.” (WAUTIER: 2001; p.19) 
 
Associação: como ato democrático de participação 
Descobrir a relação que há entre a existência dos espaços públicos, 
especialmente as associações de moradores, e a promoção da cidadania 
(participação democrática) é entender o próprio exercício dos direitos do 
cidadão e sua participação na tomada de decisões. Além de compreender a 
sociedade como campo de interações e conflitos. 
“A participação não representa um fenômeno insulado e incidental, nem 
tampouco significa um estado que se registre independente de 
contingências históricas e de componentes psico-culturais de uma dada 
população: ela constitui-se num processo dialético, numa prática 
quotidiana, que obviamente carece de requisitos para sua demarragem e 
sua consolidação” (AMMANN: 1978; p. 27) 
 Sabe-se que no Estado democrático, o cidadão, independente de 
sua camada social, tem direito de participação na tomada de decisão, 
especialmente, voltada à gestão governamental. Um dos componentes para 
o exercício desse direito é a liberdade de reunião e associação pacífica, 
garantida constitucionalmente. 
“Essas camadas têmo direito a participar e a tornarem-se aptas para 
assumir a determinação de seu próprio destino.” (AMMANN: 1978; p. 26) 
Em 1948, as nações soberanas que participavam da criação da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, manifestavam, no artigo 20, a 
importância do ser humano ter liberdade de reunião e associação pacifica 
assegurado por normas nos países signatários. No entanto, no Brasil, esse 
benefício só foi conquistado depois de uma longa luta pelos direitos sociais 
e pela democracia. 
“A consolidação do bloco socialista e sua expansão aos paises orientais 
começam a representar um perigo crescente para os paises capitalistas 
simultaneamente atingidos pela perda de suas colônias. Passa então a 
recém-criada ONU a desfraldar a bandeira da social-democracia e a buscar 
estratégias capazes de garantir a ordem social e de preservar o ‘mundo 
livre’ dos regimes e ideologias consagradas como não democráticas.” 
(AMMANN: 1997; p 29) 
A liberdade de reunião e associação pacífica é garantida no artigo 5º 
da Constituição Federal (1988), como garantia fundamental do ser humano. 
 
34 
O processo histórico de luta pela cidadania no Brasil buscou a 
efetivação da participação do cidadão nas estruturas do governo e o respeito 
aos direitos e garantias individuais. Os espaços públicos de reflexão 
(associações) tornaram-se imprescindíveis para manter o cumprimento dos 
direitos conquistados. Foi um marco no processo de participação da 
sociedade civil1. 
O direito à reunião e associação, ou seja, liberdade de associação na 
perspectiva constitucional é entendida como: o direito de agrupamento para 
fins lícitos. Decorre desse o direito de criar uma associação, a liberdade de 
aderir ou desligar-se dela e o direito de dissolvê-la espontaneamente. Os 
padrões nos quais é instituída a liberdade de associação convertem-se como 
direito da terceira e quarta geração dos direitos humanos fundamentais, 
tendo em vista que efetiva a democracia e colabora para seu exercício. No 
entanto, a liberdade de associação não é um direito absoluto, possui limites 
estabelecidos em lei e pelo estatuto democraticamente aceito. 
As normas que regulam e limitam o direito de associação no país são: 
a) a Constituição Federal (1988): que assegura o direito à liberdade de 
reunião e associação como direito e garantia fundamental do homem; b) 
Código Civil (2002): que regulamenta normas gerais sobre as associações; c) 
Lei de Registro Público: estabelece normas do registro no cartório das 
mesmas; d) Lei 91/1935, modificada pela Lei 6639/1979 pelo Decreto-Lei 
50517/1961 e pela Portaria da Secretaria de Justiça do Ministério da Justiça 
11/1990: que institui a possibilidade das pessoas jurídicas de direito privado, 
entre elas as associações, obter título de utilidade pública. 
Segundo a Lei 91/1935, o título de utilidade pública seria dado para 
apoiar entidades privadas sem fins lucrativos, ou seja, para grupos de 
pessoas que exercem sua liberdade de reunião e associação, constituída 
legalmente e cujos esforços e trabalho sejam direcionados à coletividade, 
desde que esses serviços prestados sejam executados da mesma forma ou 
modo que o Poder Público os realizaria. 
Estes serviços poderiam ser de natureza assistencial, médica, 
laboratorial, científica ou serviços voltados à promoção, educação e cultura. 
O título de utilidade pública poderia ser concedido em três níveis: municipal 
e estadual (mediante lei) e Federal (mediante Decreto presidencial). Com 
este título as entidades teriam o reconhecimento oficial dos serviços 
prestados, e ainda, a possibilidade de receber doações, isenção e imunidades 
tributárias do Poder Público. 
 
1 A sociedade civil, que abrange o ‘conjunto dos organismos vulgarmente chamados privados’. 
(AMMANN:1997; p. 19) 
 
35 
Para ter esse benefício, os espaços públicos constituídos 
democraticamente na base da cooperação e confiança, necessitam de 
existência jurídica sustentada contratualmente por um estatuto, com 
finalidade não ilícita, sem fins lucrativos. Para formar uma associação “juris 
et de jure” (de direito e por direito) são necessários interesses e valores 
comuns, reunir-se em assembléia, eleger uma diretoria, lavrando tudo em 
livro próprio (ata) e providenciar, após a aprovação democrática do estatuto, 
a inscrição do ato constitutivo no Registro de Pessoas Naturais. 
Com a inscrição, do ato constitutivo no Registro de Pessoas Naturais, 
a entidade obtém existência legal, passa a ser uma pessoa jurídica de direito 
privado e tem algumas responsabilidades e prerrogativas. Entre as 
responsabilidades está a obrigação de registrar, no cartório onde a entidade 
está inscrita, qualquer alteração no Estatuto. Como prerrogativa tem a 
faculdade de ser reconhecida como entidade de utilidade pública, desde que 
para isso cumpra as exigências legais, entre elas a necessidade de acrescentar 
no Estatuto: “a) que os diretores e associados não recebem remuneração de 
espécie alguma; b) que não distribui lucros, bonificações ou vantagens a seus 
dirigentes e associados; c) aplica sua renda no país.” (OLIVA: 2001; p.10) 
No Brasil, o termo participação tomou o sentido neoliberal. Este 
sentido fundamentou-se na implementação e execução, por parte da 
sociedade civil organizada, das políticas públicas que antes eram função 
estritamente estatal; tornando a sociedade civil organizada num meio 
intermediário entre os anseios do cidadão e o Poder Público, o que se 
manifestou num fenômeno associativo complexo, assim como a prática 
regular da cidadania. 
Assevera NAZZARI (2002), que a participação política tornou-se 
condição básica para que o Brasil obtenha uma democracia efetiva. 
Contudo, estão ausentes valores e crenças imprescindíveis para que se 
alcance isso de imediato. Falta ainda uma participação consciente. Disto 
decorre, um consenso, que existe a necessidade de criar condições para uma 
democracia participativa no País. 
É também, na participação do cidadão nos institutos da democracia, 
instituto que pressupõe liberdade de escolha, que se consegue efetivamente 
corrigir as mazelas oriundas da representatividade e manter o equilíbrio da 
democracia. 
“Participação não tem razão de ser, para nós, como estratégia de legitimar 
e consolidar uma situação ou um sistema dado, mas objetiva a distribuição 
dos bens da sociedade, assumindo um caráter transformador dos 
mecanismos que mantém e/ou reproduzem as desigualdades sociais.” 
(AMMANN; 1978, p. 25) 
 
36 
Segundo DAGNINO (2004, p. 105), a visão de cidadania: 
 “não está mais confinada dentro dos limites das relações com o Estado, 
ou entre o Estado e o indivíduo, mas deve ser estabelecida no interior da 
própria sociedade com parâmetros das relações que nela se travam. O 
processo de construção de cidadania como afirmação e reconhecimento de 
direitos é, especialmente na sociedade brasileira, um processo de 
transformação de práticas arraigadas na sociedade como um todo, cujo 
significado esta longe de ficar limitado à aquisição forma e legal de um 
conjunto de direitos e, portanto de um sistema político-judicial” 
O exercício do direito da cidadania pressupõe direito de gestão da 
sociedade: ao sufrágio (voto e elegibilidade), o direito de iniciativa popular, 
referendo e plebiscito, além de participar das tomadas de decisão nos órgãos 
públicos, de utilizar-se de locais de discussão de maneira democrática. Além 
de, com a participação, contribuir para distribuição eqüitativa de bens e 
serviços. 
As relações entrelaçadas pelos indivíduos na sociedade estão 
voltadas aos interesses e necessidades comuns que os unificam como grupo. 
Quando se unem em face de interesses voltados ao local onde residem, ou 
seja, entrelaçam-se com a intenção de proteger e fomentar o bem estar da 
comunidade e/ ou o grupo localde interesse, conduzem a utilizar-se de 
meios legais apropriados constituindo assim as associações de moradores. 
As associações de moradores são exemplos de ação organizada na 
participação voluntária. Têm suas bases na cooperação mútua entre os 
sócios, a fim de exercer a função de intermediar as necessidades dos sócios 
com o Poder Público, com a finalidade de cumprir as normas que seus 
estatutos demarcaram. É nelas que se apreende a submeter-se e subordinar a 
vontade individual à ação comum, apregoando a democracia. 
Deste modo: 
“a participação em grupos sociais locais, como grupos de mães, 
associações de bairro e grupos de igreja. Essas formas de participação tem 
em comum um escopo mais limitado em suas demandas [...] não são 
necessariamente vinculadas a assuntos políticos; são muito mais voltadas 
para problemas do dia-a-dia do que para grandes debates nacionais e 
servem principalmente para formar um rede de proteção e conforto a seus 
membros em relação aos acontecimentos cotidiano.” (RENNÓ: 2003; 
p.72) 
Mesmo tendo uma intenção mais limitada de suas questões, as 
associações de moradores são espaços públicos, construídas com regras 
comuns e decididas democraticamente, baseadas na cooperação e confiança. 
Essas são importantes para a democracia brasileira. 
 
37 
Conseqüentemente, “Atuando, transforma; transformando, 
transforma-se. Gera uma realidade que por sua vez, envolvendo-o, 
condiciona sua própria ação.” (AMMANN: 1978, p. 40) 
 
Conclusão 
O objetivo dessa pesquisa era entender se a existência de muitas 
associações de moradores em Palotina – Estado do Paraná significava 
participação do cidadão ativamente nas esferas democráticas. 
Durante a reflexão, descobriu-se uma faceta mais realista: as 
associações de moradores em Palotina são reconhecidas como agentes 
recreativos. No entanto, podem vir a desempenhar a função de agente de 
socialização política. Tornando-se assim mecanismos de quebra de 
paradigmas de valores individuais praticando valores coletivos. 
O confronto entre o estudo bibliográfico e os dados coletados nas 
entrevistas constatou que os assuntos se repetiam e o que importava na 
pesquisa era o contexto da mesma não a probabilidade de ocorrência da 
informação. 
Foi possível perceber que as associações de moradores do município 
estão ligadas a relações de confraternização e recreação, e que isso se deve 
muito aos valores religiosos advindos, desde a colonização, tendo em vista 
que seu surgimento foi sucedido do mesmo grupo social da igreja. 
Então, não existe a prática do cultivo cívico e de valores 
fundamentais da democracia e participação, porque os associados não 
comungam da prática coletiva. 
Nota-se que ainda falham as associações na função de intermediar os 
interesses da comunidade com o Poder Público. Pois, mantém - se numa 
simbiose perfeita com o mesmo, onde conserva as estruturas de poder que 
já existem. 
Toda essa trajetória está estritamente ligada à herança ideológica, 
religiosa e cultural dos dirigentes. As ações das associações estão ligados às 
observações e projetos de seus dirigentes, não ocorrem um planejamento 
participativo delas. 
As situações que geram conflitos no bairro são analisadas 
individualmente, não são analisadas como situação comunitária. Supõe-se, 
então, que há um aceite por parte dos moradores sobre a situação citada. 
 
38 
Esses elementos dão à associação um formato diferente daquele 
buscado pela sociedade civil, quando da aprovação da Constituição Federal 
(1988) que era uma sociedade civil amadurecida na cidadania ativa. 
No entanto, o reconhecimento e prática desses valores associativos, 
podem ser importantes, desde que as associações consigam quebrar o jogo 
de poder existente, e popularizar suas ações e tomadas de decisões, 
transcendendo para a evolução da democracia e da busca do bem comum. 
Existe sim, por parte dos entrevistados, uma nítida vontade de 
trabalhar para a melhoria da comunidade e para o bem comum. Embora a 
idéia se revele frustrante, seja porque não realizam ações que tragam os 
sócios/moradores para discutir sobre as melhorias que poderiam ser 
realizadas no bairro, seja porque os sócios/moradores não têm interesse 
num projeto coletivo. 
Foi possível observar uma influência religiosa nas associações, desde 
o momento de sua formação até às ações realizadas atualmente. Talvez fosse 
interessante, também, verificar o vinculo religioso que existe entre a 
associação e a igreja, e se a religião é utilizada como aparelho ideológico da 
superestrutura ou infra-estrutura. 
Nas associações de moradores falta uma orientação coordenada e 
planejada para o funcionamento das mesmas. Sem um empoderamento 
destas instituições, elas somente se reproduzirão seguidamente como mero 
clube recreativo, não como agente de socialização política. 
Falta, portanto, por parte dos cidadãos uma participação no projeto 
coletivo. Entende-se projeto coletivo como o projeto do seu bairro 
(necessidades, interesses, ações a serem desenvolvidas), não somente as do 
projeto municipal. 
Não obstante, a associação ser reconhecida como um órgão de 
intermediação entre o Poder Público e os membros pelos entrevistados, não 
há o reconhecimento dela como agente de socialização política, se operando 
apenas como um “lobby” para realizar pressão política para angariar 
recursos financeiros. Quando conseguem isso, a falta de participação 
inclusive prejudica até mesmo essa operação. 
Finalmente, como todas as opções metodológicas eleitas, essa 
também comportou limitações. A principal foi perceber que a identidade da 
associação não esta dissociado da identidade de seus associados. Portanto, 
opera-se indispensável pesquisar em diversos ângulos o comportamento 
político-social dos sócios. A orientação, desse artigo, consistiu em investigar 
a identidade das associações de moradores, com o fim último como agentes 
de socialização política. 
 
39 
 
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