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Técnicas de defesa

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Técnicas de defesa Página 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS DE DEFESA NO JÚRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTHUR LOUREIRO 
Defensor Público do Estado de Alagoas 
com atuação perante a 8ª Vara Criminal da Capital - Tribunal do Júri 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maceió/AL 
Nov.2016 
Técnicas de defesa Página 2 
 
I - Noções introdutórias: o crime, o processo a Defesa/Defensor e Tribunal do Júri 
1.1 - Teoria do crime: 
1.1.1 - Conceito de crime: 
a) Material: ofensa a bem jurídico tutelado 
b) Formal: violação da norma proibitiva de uma conduta 
c) Analítico: conduta humana que constitua fato típico, ilícito e culpável 
 
1.1.2 - Elementos do crime: 
a) fato típico: 
- Conduta humana: 
CP: "art. 13. [...] 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir 
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
- Nexo de causalidade: 
CP: "Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é 
imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a 
qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)" 
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a 
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, 
entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)" 
- Dolo x culpa: 
CP: "Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Crime doloso (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Crime culposo (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, 
negligência ou imperícia. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Técnicas de defesa Página 3 
 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por 
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
 
 
b) ato ilícito: 
- conceito antijuridicidade/ilicitude: 
- exclusão de antijuridicidade/ilicitude 
CP: "Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de 
direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, 
responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Estado de necessidade 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro 
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não 
era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de 
enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena 
poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Legítima defesa 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou 
de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
c) culpabilidade 
- potencial consciência da ilicitude 
- Imputabilidade e sua exclusão 
"Inimputáveis 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
Técnicas de defesa Página 4 
 
de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, 
em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Menores de dezoito anos 
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, 
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 
 
Emoção e paixão 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos 
análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de 
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se 
de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por 
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao 
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
- exigibilidade de conduta diversa e sua exclusão 
CP: "Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a 
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o 
autor da coação ou da ordem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
 
Técnicas de defesa Página 5 
 
obs.: 
CP: "Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
[...] 
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
[...] 
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em 
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de 
violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima; 
 
 
1.1.3 - O erro: 
- conceito: falsa representação da realidade 
- erro de tipo x erro de proibição: 
CP: "Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, 
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornariaa ação 
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é 
punível como crime culposo.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Erro determinado por terceiro (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Erro sobre a pessoa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de 
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, 
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Erro sobre a ilicitude do fato (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do 
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a 
um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem 
a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, 
ter ou atingir essa consciência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
 
Técnicas de defesa Página 6 
 
Obs: 
 CP: "Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
[...] 
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984)" 
 
 
1.1.4 - Crime consumado x tentado: 
CP: "Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição 
legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias 
alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a 
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois 
terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
STJ: maior proximidade da consumação do delito 
Obs.: 
CP: "Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de 
prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados".(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
1.1.5 - Concurso de pessoas: 
CP: "Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas 
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída 
de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-
á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de 
ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Circunstâncias incomunicáveis 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Técnicas de defesa Página 7 
 
Casos de impunibilidade 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição 
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a 
ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
II - O processo penal: 
2.1 - IP x Processo: o contraditório 
CF-88: " art. 5º 
[...] 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes" 
CPP: "Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova 
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as 
restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)" 
2.2 - Fases/fluxo processual: 
Pre-processual Investigação preliminar 
Processual (conhecimento) 
 
Fase petitória 
Fase instrutória 
Fase decisória 
Obs.: 
- Absolvição 
- Condenação 
- Recurso 
- Execução penal 
 
CF-88: "Art. 5º:[...] 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória"; 
 
CPP: "Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: 
I - estar provada a inexistência do fato; 
II - não haver prova da existência do fato; 
III - não constituir o fato infração penal; 
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação 
dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
Técnicas de defesa Página 8 
 
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação 
dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena 
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se 
houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, 
de 2008) 
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008)" 
 
III - O tribunal do Júri: 
3.1 - Antecedentes históricos: 
- Roma e Grécia antigas, Magna Carta (1215) e Revolução Francesa (1789) 
- Brasil: Decreto Imperial de 18 de julho de 1822, com competência restrita para 
julgamento de crimes de imprensa: 
DECRETO DE 18 DE JULHO DE 1822 
 
Crêa Juizes de Facto para 
julgamento dos crimes de 
abusos de liberdade de 
imprensa. 
Havendo-se ponderado na Minha Real Presença, que Mandando Eu convocar 
uma Assembléa Geral Constituinte e Legislativa para o Reino do Brazil, cimpria-
Me necessariamente e pela suprema lei da salvação publica evitar que ou pela 
imprensa, ou verbalmente, ou de outra qualquer maneira propaguem e 
publicquem os inimigos da ordem e da tranquillidade e da união, doutrinas 
incendiarias e subversivas, principios desorganizadores e dissociaveis; que 
promovendo a anarchia e a licença, ataquem e destruam o systema, que os 
Povos deste grande e riquissimo Reino por sua propria vontade escolheram, 
abraçaram e Me requereram, a que Eu Annui e Proclamei, e a cuja defesa e 
mantença já agora elles e Eu estamos indefectivelmente obrigados: E 
Considerando Eu quanto peso tenham estas razões e Procurando ligar a 
bondade, a justiça, e a salvação publica, sem offender a liberdade bem 
entendida da imprensa, que Desejo sustentar e conservar, e que tantos bens 
tem feito á causa sagrada da liberdade brazilica, e fazer applicaveis em casos 
taes, e quanto fôr compativel com as actuaes circumstancias, aquellas 
instituições liberaes, adoptadas pelas nações cultas: Hei por bem, e com o 
parecer do Meu Conselho de Estado, Determinar provisoriamente o seguinte: 
O Corregedor do Crime da Côrte e Casa, que por este nomeio Juiz de Direito nas 
causas de abuso da liberdade da imprensa, e nas Provincias, que tiverem 
Relação, o Ouvidos do crime, e o de Comarca nas que não o tiverem, nomeará 
nos casos occurrentes, e a requerimnto do Procurador da Corôa e Fazenda, que 
será o Promotor e Fiscal de taes delictos, 24 cidadãos escolhidos de entre os 
Técnicas de defesa Página 9 
 
homens bons, honrados, intelligentese patriotas, os quaes serão os Juizes de 
Facto, para conhecerem da criminalidade dos escriptos abusivos. 
Os réos poderão recusar destes 24 nomeados 16: os 8 restantes porém 
procederão no exame, conhecimento, e averiguação do facto; como se procede 
nos conselhos militares de investigação, e accommodando-se sempre ás fórmas 
mais liberaes, e admittindo-se o réo á justa defesa, que é de razão, necessidade 
e uso. Determinada a existencia de culpa, o Juiz imporá a pena. E por quanto as 
leis antigas a semelhantes respeitos são muita duras e improprias das idéas 
liberaes dos tempos, em que vivemos; os Juizes de Direito regular-se-hão para 
esta imposição pelos arts. 12 e 13 do tit. 2° do Decreto das Côrtes de Lisboa de 
4 de Junho de 1821 que Mando nesta ultima parte applicar ao Brazil. Os réos só 
poderão appellar do julgado para a Minha Real Clemencia. 
E para que o Procurador da Corôa e Fazenda tenha conhecimento dos delictos 
da imprensa, serão todas as Typographias obrigadas a mandar um exemplar de 
todos os papeis, que se imprimirem. 
Todos os escriptos deverão ser assignados pelos escriptores para sua 
responsabilidade: e os editores ou impressores, que imprimirem e publicarem 
papeis anonymos, são responsaveis por elles. 
Os auctores porém de pasquins, proclamações incendiarias, e outros papeis 
não impressos serão processados e punidos na fórma prescripta pelo rigor das 
leis antigas. José Bonifacio de Andrada e Silva, do Meu Conselho de Estado, e 
do Conselho de Sua Magestade Fidelissima El-Rei o Senhor D. João VI, e Meu 
Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Reino do Brazil e Estrangeiros, 
o tenha assim entendido, e o faça executar com os despachos necessarios. Paço 
em 18 de Junho de 1822. 
Com a rubrica de S.A.R. o Principe Regente. 
José Bonifacio de Andrada e Silva. 
Este texto não substitui o publicado na CLBR, de 1822" 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Historicos/DIM/DIM-18-7-1822.htm): 
 
 
3.2 - Base legal: art. 5°, XXXVIII da CF-88 e arts. 406 a 497 do CPP 
CF-88: "Art. 5º 
[...] 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, 
assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida" 
 
Técnicas de defesa Página 10 
 
3.3 - Competência: Crimes dolosos contra a vida 
 
CP: " Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguem: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela 
Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança 
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o 
crime envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 
13.104, de 2015) 
Homicídio culposo - julgado pelo Juízo singular- 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4
o
 No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o 
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
Técnicas de defesa Página 11 
 
procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão 
em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 
(um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) 
ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 
2003) 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a 
pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de 
forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído 
pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 
2012) 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
crime for praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído 
pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou 
com deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela 
Lei nº 13.104, de 2015) 
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para 
que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 
um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza 
grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de 
resistência. 
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante 
o parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho 
provoque: (Vide ADPF 54) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aborto provocado por terceiro 
Técnicas de defesa Página 12 
 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior 
de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é 
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 
um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para 
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, 
se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) 
Abortonecessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal". 
 
3.4 - Rito do Júri: 
- Fases/fluxo processual: 
Pré-processual Investigação preliminar 
Processual Juízo de admissibilidade, 
Sumário de culpa, 
Juízo de acusação ou 
judicium accusacionis 
 
 
 
 
 
 
- Fase petitória (denúncia e resposta a 
acusação) 
- Fase instrutória (preliminar) 
- Fase decisória 
- Pronúncia (RESE) 
- Impronúncia (Apelação) 
- Desclassificação 
- Absolvição sumária 
Juízo de mérito ou 
judicium causae 
- Diligências do art. 422 do CPP 
- Inclusão na pauta e convocação dos 
jurados 
- Instrução em plenário 
- Debates 
- Quesitos e votação 
- Sentença 
Obs.: 
- Absolvição (desclassificação?) 
- Condenação 
- Recurso 
- Execução penal 
Técnicas de defesa Página 13 
 
 
 
 
3.5 - Pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação: 
a) Pronúncia: 
CPP: "Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se 
convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de 
autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 1o A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade 
do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, 
devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e 
especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. 
(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2o Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a 
concessão ou manutenção da liberdade provisória. (Incluído pela Lei nº 11.689, 
de 2008) 
§ 3o O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou 
substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente 
decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação 
da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro 
I deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)" 
 
b) Impronúncia: 
CPP: "Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência 
de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, 
fundamentadamente, impronunciará o acusado. (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser 
formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. (Incluído pela Lei nº 
11.689, de 2008)" 
 
c) Absolvição sumária: 
CPP: "Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, 
quando: (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
I – provada a inexistência do fato; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
III – o fato não constituir infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 
2008) 
IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Técnicas de defesa Página 14 
 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao 
caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese 
defensiva. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)" 
 
d) Desclassificação: 
CPP: "Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante 
da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. (Redação dada 
pela Lei nº 11.689, de 2008) 
"Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da 
existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e não 
for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição 
deste ficará o acusado preso. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 
obs.: 
CPP: "Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
 [...] 
§ 1o Se houver desclassificação da infração para outra, de competência 
do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir 
sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova 
tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor 
potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, 
de 26 de setembro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) 
§ 2o Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso 
contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, 
aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação 
dada pela Lei nº 11.689, de 2008)" 
"PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO 
TENTADO E CÁRCERE PRIVADO. ABSOLVIÇÃO PELO TRIBUNAL DO JÚRI. 
APELAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ANULAÇÃO DO JULGAMENTO POR 
TER SIDO PROFERIDO CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS. ART. 593, III, D, 
DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE 
OFENSA À SOBERANIA DOS VEREDICTOS. 
1. Consoante orientação pacífica das Cortes Superiores, a submissão do 
réu a novo julgamento, na forma do disposto no art. 593, § 3º, do CPP, 
não ofende o art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal. 
2. É certo que existindo duas teses contrárias e havendo plausibilidade 
na escolha de uma delas pelo tribunal do júri, não pode a Corte Estadual 
Técnicas de defesa Página 15 
 
cassar a decisão do Conselho de Sentença para dizer que esta ou aquela 
é a melhor solução. 
3. No caso, o conselho de sentença não optou por uma das versões 
razoáveis constantes dos autos, mas acolheu por inteiro uma das teses 
sustentadas pela defesa em plenário, qual seja, a da negativa de autoria, 
que, segundo o Tribunal de origem, apresenta-se totalmente contrária 
ao acervo probatório produzido nos autos. 
4. Com efeito, não se vislumbra nenhuma ilegalidade no acórdão 
hostilizado que, de maneira fundamentada, entendeu ser contrária à 
prova dos autos a absolvição calcada na negativa de autoria, 
submetendo o paciente a novo julgamento. Assim, a inversão do 
decidido demandaria o exame aprofundado de matéria fático-
probatória, inviável na via estreita do habeas corpus. 
5. De outra parte, de acordo com o art. 81 do Código de Processo Penal, 
compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos delitos conexos, ainda 
que o réu venha a ser absolvido pelo crime doloso contra a vida que 
atraiu aquela competência. Precedente desta Corte. 
6. O Juiz Presidente do Tribunal do Júri absolveu o réu da imputação do 
crime referente ao cárcere privado, com base no art. 386, II, do CPP, 
sem submeter os fatos à apreciação do Conselho de Sentença, 
mostrando-se correta a decisão da Corte Estadual ao anular o 
julgamento também nesse aspecto. 
7. Habeas corpus denegado". 
(HC 89.399/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 
06/11/2008, DJe 24/11/2008) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Técnicas de defesa Página 16 
 
4 - A defesa: 
4.1 - Conceito: 
- Ato ou efeito de defender ou defender-se. 
- Exposição de provas favoráveis a um réu. 
- Sustentação de uma tese ou proposição. 
- Repelir uma agressão, um ataque, uma acusação. 
- Advogado ou conjunto de advogados do réu ou arguido. 
 
4.2 - A defesa como direito fundamental do acusado e dever do Estado: 
CF-88: " art. 5º 
[...] 
LV - aos litigantes,em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos 
a ela inerentes"; 
 
CPP: "Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar 
tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, 
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e 
requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 
2008). 
[...] 
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não 
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe 
vista dos autos por 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 
CPP: "Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará 
defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos". 
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)(específico do rito do Júri) 
 
CF-88: " art. 5º 
[...] 
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que 
comprovarem insuficiência de recursos"; 
CF-88: "Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à 
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento 
do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção 
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos 
direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, 
na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) 
 
Técnicas de defesa Página 17 
 
4.2.2 - Necessidade de pleno e efetivo exercício da defesa técnica: 
 
CPP: "Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de 
outras expressamente referidas neste Código: (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008) 
[...] 
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo, 
neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento, com a 
nomeação ou a constituição de novo defensor; (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008)" 
 
4.3 - Auto defesa x defesa técnica: divergência de interesses 
"HABEAS CORPUS - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - CONFLITO DE VONTADES 
ENTRE O RÉU E A DEFESA TÉCNICA - INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. 
- Existindo divergência quanto à interposição de recurso entre o acusado e o 
seu defensor, prevalece a vontade do último, posto tratar-se de profissional 
preparado tecnicamente, com melhor domínio sobre a questão jurídica, com 
mais experiência e condições para decidir sobre a conveniência ou não da 
impugnação. 
- Precedentes. 
- Ordem concedida para cassar o v. acórdão guerreado". 
(HC 25.944/RJ, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, julgado em 
05/02/2004, DJ 28/06/2004, p. 355) 
 
 
4.4 - Objeto da defesa: 
 
a) Tutela da liberdade do acusado - resistência à prisão cautelar (preventiva, 
flagrante, temporária), 
- manejo de pedidos de liberdade 
(relaxamento, revogação ou HC) 
- direito a prisão domiciliar (art. 318 do CPP) 
b) Formação da culpa - Defesas processuais (competência etc.) 
- Defesas de mérito, ou seja, relativas ao"fato" 
(provas, punibilidade do crime, capitulação do 
fato, imputabilidade do agente etc.); 
c) Pena - Recursos com o objetivo de afastar eventual 
excesso de pena aplicada; 
 
 
 
 
 
Técnicas de defesa Página 18 
 
V - Teses de defesa mais frequentes: 
5.1 - Defesas contra o processo 
Inépcia da denúncia, das provas e da perícia; 
 
CPP: "Art. 41. A denúncia ou queixa conterá 
a exposição do fato criminoso, com todas as 
suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se 
possa identificá-lo, a classificação do crime e, 
quando necessário, o rol das testemunhas". 
Incompetência, suspeição e impedimento (do 
juiz e do Ministério Público); 
Ver arts. 69 (competência) e arts. 252 e 254 
(suspeição e impedimento), todos do CPC 
Desaforamento; 
 
CPP: "Art. 427. Se o interesse da ordem 
pública o reclamar ou houver dúvida sobre a 
imparcialidade do júri ou a segurança pessoal 
do acusado, o Tribunal, a requerimento do 
Ministério Público, do assistente, do 
querelante ou do acusado ou mediante 
representação do juiz competente, poderá 
determinar o desaforamento do julgamento 
para outra comarca da mesma região, onde 
não existam aqueles motivos, preferindo-se 
as mais próximas. (Redação dada pela Lei nº 
11.689, de 2008)" 
Falta de exame adequado de corpo de delito; 
 
CPP: "Art. 158. Quando a infração deixar 
vestígios, será indispensável o exame de 
corpo de delito, direto ou indireto, não 
podendo supri-lo a confissão do acusado. 
[...] 
Art. 167. Não sendo possível o exame de 
corpo de delito, por haverem desaparecido 
os vestígios, a prova testemunhal poderá 
suprir-lhe a falta. 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o 
primeiro exame pericial tiver sido 
incompleto, proceder-se-á a exame 
complementar por determinação da 
autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou 
a requerimento do Ministério Público, do 
ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. 
[...] 
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a 
classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do 
Código Penal, deverá ser feito logo que 
decorra o prazo de 30 dias, contado da data 
do crime. 
§ 3o A falta de exame complementar poderá 
ser suprida pela prova testemunhal". 
Nulidades e questões prejudiciais; CPP: "Art. 563. Nenhum ato será declarado 
Técnicas de defesa Página 19 
 
 nulo, se da nulidade não resultar prejuízo 
para a acusação ou para a defesa". 
 
Denegação de provas requeridas ou oficiais; 
 
Cerceamento de defesa: a parte deverá 
provar o o prejuízo processual 
 
 
5.2 - Defesas de mérito 
Inexistência do fato Irmãos naves... 
 
Negativa de autoria e falta de provas 
 
Contradições entre as provas 
 
Palavra de corréu como única base para a 
acusação; 
 
Falta de confirmação dos depoimentos em 
juízo; 
 
CPP: "Art. 155. O juiz formará sua convicção 
pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e 
antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado 
das pessoas serão observadas as restrições 
estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008)" 
 
Falta de tipicidade ou erro de fato; 
 
CP: "Erro sobre elementos do tipo 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo 
do tipo legal de crime exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se 
previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
Ausência de conduta - Coação física irresistível (exclui a 
conduta!); 
 
Causas de exclusão da antijuridicidade, da 
culpabilidade ou de isenção de pena 
- Legítima defesa; 
- Exercício regular de um direito; 
- Estrito cumprimento de dever legal; 
- Ausência do potencial conhecimento da 
ilicitude do fato; 
Técnicas de defesa Página 20 
 
- Inexigibilidade de conduta diversa; 
- Coação moral irresistível 
- Embriaguez culposa e acidental (fortuita) 
 
 
Desclassificação para crime de natureza 
diversa; 
Lesão?! 
 
Motivos de relevante valor moral e social que 
impulsionaram o agente; 
 
CP: " Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguem: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido 
por motivo de relevante valor social ou 
moral, ou sob o domínio de violentaemoção, logo em seguida a injusta 
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
 
Tentativa impossível CP: "Art. 17 - Não se pune a tentativa 
quando, por ineficácia absoluta do meio ou 
por absoluta impropriedade do objeto, é 
impossível consumar-se o crime.(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
Desistência voluntária ou arrependimento 
eficaz; 
CP: "Art. 15 - O agente que, 
voluntariamente, desiste de prosseguir na 
execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já 
praticados".(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
Causas de extinção da punibilidade; 
 
CP: "Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais 
considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou 
perempção; 
 
Preterintencionalidade; 
 
CP: "Art. 129. Ofender a integridade 
corporal ou a saúde de outrem: 
Técnicas de defesa Página 21 
 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 2° Se resulta: 
[...] 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias 
evidenciam que o agente não quís o 
resultado, nem assumiu o risco de produzí-
lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos". 
 
Afastamento de alguma qualificadora 
 
Putatividade CP: "Art. 20 - [...] 
Descriminantes putativas (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro 
plenamente justificado pelas circunstâncias, 
supõe situação de fato que, se existisse, 
tornaria a ação legítima. Não há isenção de 
pena quando o erro deriva de culpa e o fato 
é punível como crime culposo.(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Erro determinado por terceiro (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que 
determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
 
Participação secundária ou irrelevante do 
agente 
CP: "Art. 29 - Quem, de qualquer modo, 
concorre para o crime incide nas penas a 
este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - Se a participação for de menor 
importância, a pena pode ser diminuída de 
um sexto a um terço. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Desejo de participar de crime menos grave 
 
CP: "Art. 29 - Quem, de qualquer modo, 
concorre para o crime incide nas penas a 
este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
[...] 
Técnicas de defesa Página 22 
 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis 
participar de crime menos grave, ser-lhe-á 
aplicada a pena deste; essa pena será 
aumentada até metade, na hipótese de ter 
sido previsível o resultado mais grave. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Conduta da vítima, seu caráter, tipo de vida e 
culpa da própria vítima; 
 
 
Erro determinado por terceiro CP: "Art. 20 - [...] 
Erro determinado por terceiro (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que 
determina o erro. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
Crime continuado; CP: "Art. 71 - Quando o agente, mediante 
mais de uma ação ou omissão, pratica dois 
ou mais crimes da mesma espécie e, pelas 
condições de tempo, lugar, maneira de 
execução e outras semelhantes, devem os 
subseqüentes ser havidos como 
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a 
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou 
a mais grave, se diversas, aumentada, em 
qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, 
contra vítimas diferentes, cometidos com 
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá 
o juiz, considerando a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social e a 
personalidade do agente, bem como os 
motivos e as circunstâncias, aumentar a 
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou 
a mais grave, se diversas, até o triplo, 
observadas as regras do parágrafo único do 
art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 
Circunstâncias atenuantes CP: "Art. 65 - São circunstâncias que sempre 
atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), 
Técnicas de defesa Página 23 
 
na data do fato, ou maior de 70 (setenta) 
anos, na data da sentença; (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - o desconhecimento da lei; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
a) cometido o crime por motivo de 
relevante valor social ou moral; 
b) procurado, por sua espontânea vontade 
e com eficiência, logo após o crime, evitar-
lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou 
ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
c) cometido o crime sob coação a que podia 
resistir, ou em cumprimento de ordem de 
autoridade superior, ou sob a influência de 
violenta emoção, provocada por ato injusto 
da vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a 
autoridade, a autoria do crime; 
e) cometido o crime sob a influência de 
multidão em tumulto, se não o provocou. 
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada 
em razão de circunstância relevante, 
anterior ou posterior ao crime, embora não 
prevista expressamente em lei. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)" 
 
 
5.3 - Argumentos diversos: 
- Cuidam-se de argumentos úteis para reforças eventual pedido de clemência, bem 
como para fundamentar pedido da atenuante do art. 66 do CP, ("A pena poderá ser 
ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, 
embora não prevista expressamente em lei"): 
 
Preconceitos explorados pela imprensa 
contra o réu; 
 
Fanatismo de toda ordem, emoção e paixão, 
alem da formação religiosa, moral, filosófica 
ou política do agente; 
Interesses familiares, políticos, sociais ou 
outros, que pretendem fazer da condenação 
injusta um exemplo de falso moralismo, ou 
uma justificação das omissões de autoridade 
ou da própria sociedade; 
Demora do julgamento como forma agônica 
de punição suficiente para o acusado; 
 
Impunidade generalizada de pessoas que 
cometeram os mesmos atos; 
Influência da multidão;

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