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55856722 Projeto de PRAD para Ravinas

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[1]
Introdução
A degradação do ambiente se dá desde o inicio da atividade antrópica 
no planeta e se intensificou de maneira abrupta com o início da Revolução 
Industrial na Inglaterra, no século XVIII. O capitalismo, com seu incentivo ao 
consumismo exagerado a partir do século XX pioraram ainda mais o uso de 
recursos naturais, de maneira desordenada, e, consequentemente a 
degradação ao meio ambiente. Para GAVARD (2009), a intensidade das 
transformações ocorridas na sociedade derivadas do advento do capitalismo 
industrial, foi acompanhada por um intenso processo de depredação de 
recursos naturais, criando uma dinâmica de desenvolvimento em que a 
perseguição do lucro vinha associada à absorção pelas sociedades e o meio 
ambiente dos efeitos negativos do processo. O avanço da agricultura e da 
pecuária é o maior responsável pelo grande índice de desmatamento e em 
consequência na degradação edáfica e intensificação de erosão, causando 
assoreamento de rios e empobrecimento do solo.
O presente projeto visa a recuperação de uma área degradada em 
declive, tomada por processos erosivos com início de voçoroca em uma 
propriedade no Bairro Jordão, no Município de Guarapuava/PR, propiciando 
maior segurança do local e sua regeneração ambiental. 
[2]
Revisão Bibliográfica
Aspectos geológicos 
O Município de Guarapuava localiza-se na região centro-sul do Estado 
do Paraná, no terceiro planalto paranaense ou planalto de Guarapuava 
(MAACK, 2002). 
A composição geológica de um determinado local tem íntima relação 
com as formas de apropriação e utilização desses recursos, nesse sentido, 
torna-se fundamental tratar dos aspectos estratigráficos e petrográficos do 
Município de Guarapuava, que se encontra inserido na Bacia Sedimentar do 
Paraná. Esta se localiza no centro-leste da América do Sul cobrindo uma área 
de aproximadamente 1.600.000 km², sendo que 1.000.000 km² integram o 
território brasileiro, e o restante ocupa os territórios da Argentina, Uruguai e 
Paraguai (PETRI & FÚLFARO, 1983). 
Quanto aos aspectos litoestratigráficos o Município de Guarapuava, 
situa-se sobre as rochas ígneas da Formação Serra Geral e, estritamente em 
sua área leste, na Formação Botucatu, ambas do Grupo São Bento, formadas 
durante a era mesozóica. Tal vulcanismo (fissural) gerou essencialmente 
diferentes tipos de rochas ígneas, no qual, as rochas de natureza básica 
(basaltos e andesitos toleíticos) predominam em aproximadamente 97,5% do 
volume total, enquanto as rochas de natureza ácidas (riolitos e riodacitos 
principalmente) correspondem a 2,5% do volume (MELFI, et al. 1988; NARDY, 
et al.2002). 
Diante disso, Nardy (1995) após estudar detalhadamente a Região 
Central da Bacia do Paraná, identificou e classificou as rochas em quatro 
unidades litoestratigráficas, quais sejam: Unidade Básica Inferior, Unidade 
Básica Superior, Tipo Chapecó e Tipo Palmas. No Município de Guarapuava, 
foi possível observar a ocorrência de três das quatro unidades propostas por 
Nardy (1995). A área urbana do município é composta, quase que 
exclusivamente, por riodacitos do Tipo Chapecó, sobrepostos aos basaltos da 
Unidade JKSGB1 ou Unidade Básica Inferior. Estes ocorrem em uma faixa ao 
longo da margem direita do Rio Cascavel e a sudeste formando a Escarpa do 
[3]
Rio Jordão, além de predominarem fora do perímetro urbano de Guarapuava. A 
Unidade JKSGB2 ou Unidade básica superior ocorre na região que 
compreende o Distrito da Palmeirinha, e apresenta como característica 
principal o fraturamento cerrado (MINEROPAR, 1992; NARDY, 1995). 
Os solos são provenientes de rochas basálticas com os seguintes tipos: 
Latossolo Bruno, Terra Bruna estruturada, solos hidromórficos, Cabissolos e 
Litólicos. Esses dois últimos são os mais frágeis por serem solos rasos e 
ocuparem posição em vertentes de fortes declives, geralmente acima de 20%.
[4]
Clima 
Guarapuava é representada por Köeppen como Clima Subtropical 
Úmido Mesotérmico (Cfb) (Figura 1), (IAPAR, 1978), com verões frescos 
(temperatura média inferior a 22°C), invernos com ocorrências de geadas 
severas e frequentes (temperatura média superior a 3°C e inferior a 18°C), não 
apresentando estação seca. 
O clima da região, segundo MONTEIRO (1963) e MENDONÇA (1997) 
caracteriza-se pelas influências acarretadas pelos sistemas atmosféricos 
intertropicais (massa tropical atlântica, massa tropical continental e massa 
equatorial continental) e polares (massa polar atlântica), havendo, contudo, 
participação moderada dos sistemas intertropicais e participação mais efetiva 
do sistema extratropical. Essa dinâmica confere à região um clima com 
característica subtropical. 
Figura 1 - Carta Climática do Paraná (IAPAR)
[5]
Índices pluviométricos
A precipitação média é de aproximadamente 1960 mm (Figura 2) 
.Contudo, há anos com pluviosidade superior a 2100 mm, ou até mais, como foi 
o caso extremo no ano de 1983, com 3168,4 mm. A chuva se distribui ao longo 
do ano com todos os meses apresentando precipitação pluviométrica média 
entre 140 a 200 mm, à exceção do mês de agosto com média de 96,7 mm (ver 
figura 1). Pode ocorrer, porém, meses com alta pluviosidade como julho de 
1983 (471,8 mm), maio de 1992 (512,8 mm), abril de 1998 (518 mm) (IAPAR, 
1998). Assim, são comuns os eventos torrenciais (aguaceiros), que 
causam sérios prejuízos. Outra característica climática são as temperaturas 
negativas, com média superior a 10 geadas por ano. (IAPAR, 1994). Em 
relação às chuvas intensas, pode-se destacar alguns eventos significativos 
ocorridos em Guarapuava, entre 1976 e 1998: setembro de 1983 (110,8 mm), 
julho de 1983 (140,3 mm), maio de 1992 (165,2 mm) e abril de 1998 (206 mm 
em 12 horas).(IAPAR, 1998). 
A ocorrência de chuvas torrenciais ocasiona graves problemas, 
principalmente a degradação dos solos que é agravada quando as atividades 
agrícolas são feitas em solos mais frágeis, de maior erodibilidade e com baixa 
aptidão agrícola. Acrescenta-se ainda, manejo dos solos e o uso de técnicas 
inadequadas como agravante para a sustentabilidade ambiental (anexo 1).
Figura 2 - Aspecto Termo-Pluviométrico Em Guarapuava (1976-98)
[6]
Impactos ambientais pelo avanço da agricultura 
Segundo THOMAZ (2000), em área de agricultura mecanizada constata- 
se em muitos casos o uso excessivo de máquinas, evidenciado pela presença 
de solo pulverizado (baixa presença de agregados ou torrões). Outro aspecto 
diz respeito à compactação em subsuperfície (15 a 20 cm). Essa compactação 
foi identificada pela observação de raízes (raízes pivotantes) de ervas daninhas 
que se apresentavam tortas, indicando esforço para romper a camada 
adensada. Em pastagem, também foi evidenciado tal processo, causado pelo 
pisoteio do gado, contudo em profundidade menor (cerca de 5 cm). Essa 
alteração física do solo diminui a porosidade e, por conseguinte, diminui a 
infiltração, reduzindo a capacidade de armazenamento de água do solo. Por 
outro lado, aumenta o escoamento superficial, desencadeando processos 
erosivos. Ainda em relação ao processo erosivo, tanto laminar como em sulco, 
ele é incrementado pela prática de queimadas (coivara). Principalmente, em 
agricultura de subsistência, que pratica a rotação de terras e utiliza-se do fogo 
para o preparo do solo (anexo 2). Com as queimadas, o solo fica exposto, pois 
a cobertura vegetalé consumida pelo fogo. No entanto algumas plantas 
possuem morfologia que as protege contra o fogo, notadamente as que formam 
touceiras como o rabo-de-burro (Andropogon sp), capim barba-de-bode 
(Aristida pallens), caraguatá (Erydium spp), capim caninha (Adropogon 
lateralis) e outras. Dessa forma, a área degradada com intenso processo 
erosivo laminar e em sulco, bem como com prática de queimada, possui solo 
com baixa capacidade de armazenamento d’água, tornando-se comum o 
aparecimento de plantas com características xerofíticas, que passam a 
predominar nessas áreas, a exemplo das plantas indicadas acima. 
Essa forma de uso do solo abre caminho aos processos erosivos com a 
perda do horizonte superficial, por conseguinte, há perda gradativa de suporte 
de biomassa (rarefação de plantas) ocasionada pelo empobrecimento do solo e 
da baixa capacidade de retenção hídrica.
O processo, explicitado acima, foi evidenciado primeiramente por 
técnicos da Embrapa (Centro Nacional de Pesquisa de Floresta - Curitiba), que 
verificaram em uma área da bacia do rio Lajeado (município de Guarapuava) 
[7]
em que alguns solos já haviam perdido aproximadamente 20 cm do horizonte 
superficial (tabela 1).
O relevo, de modo geral, encontra-se bastante dissecado pela 
drenagem, grosso modo, a tendência nesse caso é o predomínio do 
escorrimento superficial d’água, as expensas de uma menor infiltração. A alta 
pluviosidade, média de 1960 mm ano, confere à região de Guarapuava, um 
excedente hídrico com potencial para causar erosão, que é agravado pelas 
características morfopedológicas (relevo-solo) e pelas práticas de manejo 
inadequadas às características do meio físico.
De maneira geral, o relevo nessa área apresenta uma sequência típica, 
topos ligeiramente aplanados (baixa declividade e solo relativamente profundo), 
segmento de vertentes retilíneas (alta declividade e solo incipiente), por fim, 
uma ruptura de declive em forma de patamar (declividade média e solo 
profundo com horizonte Bt). O não entendimento da dinâmica dessas formas 
de relevo é que causa forte degradação dos solos.
Dessa forma, ao se utilizar os topos planos com pastagem e agricultura, 
por exemplo, ocorre mudança hidrológica na vertente com tendência ao 
escoamento superficial concentrado para as partes mais baixas do relevo, 
passando pelas vertentes retilíneas e pelos patamares.
Portanto, se as águas não forem controladas nos topos e a vegetação 
das vertentes retilíneas não for preservada, tem-se uma degradação também 
dos patamares, por erosão laminar, em sulco e por soterramento, perdendo-se 
significativas áreas principalmente com Terra Bruna Estruturada. Esse 
processo também ocorre nos setores de vertentes côncavas, quando há 
 No referido esquema, percebem-se as inter-relações entre o meio 
natural e a sociedade. Em relação ao meio natural, consideram-se suas 
características genéticas, suas potencialidades e fragilidade, acerca da 
sociedade considera-se sua relação econômica, cultural, tecnológica etc. Isso 
vai se refletir na estrutura agrária, e, por conseguinte, resulta numa maior ou 
menor degradação das terras agrícolas de acordo com os elementos 
envolvidos. A compreensão dessa imbricada relação sociedade e natureza 
[8]
permite o entendimento do processo de degradação que ocorre em algumas 
áreas da referida bacia.
Hidrografia 
A hidrografia do Paraná pode ser classificada em cinco 
bacias hidrográficas (DO ESPIRITO SANTO, 2008) :
• Bacia do Rio Paraná, cujos afluentes mais importantes são os rios Piquii 
e Ivaí
• Bacia do Rio Paranapanema, drenada pelos rios Pirapó, Tibagi, 
 das Cinzas e Itararé;
• Bacia do Rio Iguaçu, que tem como principais afluentes o rio Chopim, no 
sul do estado, e o rio Negro, no limite com o Estado de Santa Catarina.
• Bacia do Rio Ribeira do Iguape, cujas águas seguem para o rio Ribeira 
do Iguape;
• Bacia Atlântica ou do Litoral Paranaense, cujas águas seguem direto 
para o Oceano Atlântico.
Guarapuava faz parte de três bacias hidrográficas do Rio Paraná, a do 
Rio Piquiri, a do Rio Iguaçu, e a do Rio Ivaí. Os principais rios da cidade são o 
Rio Jordão, e os rios Cascavelzinho, Girassol, Coutinho, Banana, Pinhão, 
Cavernoso e São João (Nascente principal do Ivaí, junto com o Rio dos Patos).
[9]
Vegetação 
A cidade de Guarapuava está situada na faixa de Floresta Ombrofila 
Mista Montana e Submontana. Floresta com Araucária (HUECK, 1953), 
Pinheiral (RIZZINI et al., 1988) e Floresta Ombrófila Mista (VELOSO et al., 
1991) são algumas denominações utilizadas na literatura para se referir às 
formações florestais caracterizadas pela presença de Araucaria angustifolia 
(Bertol.) Kuntze – Araucariaceae, espécie arbórea também conhecida como 
pinheiro-do-paraná ou pinheiro-brasileiro. 
Com copas corimbiformes e folhagem verde-escuro, essa espécie 
encontra-se na floresta geralmente representada por indivíduos emergentes, os 
quais imprimem um aspecto fitofisionômico próprio e muito característico à 
Floresta Ombrófila Mista (FOM). Abaixo dos indivíduos emergentes podem 
ainda ser observados outros três estratos, o arbóreo superior, o arbóreo inferior 
e o arbustivo-herbáceo (KLEIN, 1979).
A FOM compreende as formações florestais típicas dos planaltos da 
região Sul do Brasil, com disjunções na região Sudeste e em países vizinhos 
(Argentina e Paraguai). Encontra-se predominantemente entre 800 e 1200 m 
s.n.m., podendo eventualmente ocorrer acima desses limites (RODERJAN et 
al., 2002). As áreas ocupadas pela floresta apresentam valores de precipitação 
média situados entre 1500 e 1750 mm anuais e temperatura variável, sendo 
que no verão as médias estão entre 20º e 21º C e no inverno entre 10º e 11º C 
(KLEIN, 1960). De acordo com IBGE (1992), a FOM pode ser subdividida e 
classificada em formação Aluvial, Submontana, Montana e Altomontana, em 
função da latitude e altitude de ocorrência da vegetação. 
Na última década do século XX, as áreas ocupadas pela FOM no sul do 
Brasil foram bastante reduzidas. A exploração madeireira de Araucaria 
angustifolia e de espécies consorciadas a ela, como por exemplo, a imbuia 
(Ocotea porosa (Nees) L. Barr.), e a expansão de áreas agrícolas representam 
alguns dos fatores responsáveis pela expressiva redução da área ocupada por 
esse tipo vegetacional (BACKES, 1983).
[10]
Fauna
O Paraná tem fauna muito rica e diversificada com muitas espécies de 
animais. Bons exemplos dessa espécies são a raposa-dos-pampas, a 
jaguatirica, o guaxinim, o lobo-guará, e a ave símbolo do Estado, a gralha-azul, 
que enriquecem a paisagem da região (SEMA-PR).
Raposa-dos-Pampas (Pseudalopex gymnocercus)
A raposa-dos-pampas é um animal típico da fauna paranaense e, atualmente, 
se encontra na lista vermelha de animais ameaçados de extinção do Estado. 
Seu peso varia de 4 a 6kg, e mede cerca de 90 cm, incluindo sua cauda, que é 
longa e peluda. A alimentação desse onívoro é baseada em carne, pequenos 
animais e roedores.
Jaguatirica (Leopardus pardalis)
A jaguatirica mede entre 95cm a 1,45 m e é típica da fauna paranaense. Seu 
peso pode variar de 7kg a 15kg e se alimenta de pequenos roedores, além de 
macacos, pacas, tatus, ouriços, carcaças, ovos e aves.
Lobo-guará ( Chrysocyon brachyurus)
O lobo-guará é um animal com pelo laranja-avermelhado, pode medir até 
1,60m e pesar até 30kg. Sua alimentação é baseada em outros animais como 
répteis, anfíbios, aves, além de alguns frutos. Tem ótima audição e costuma 
sair para procuraralimento no fim da tarde ou início da manhã.
Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus)
A gralha-azul é a ave símbolo do Paraná, mede cerca de 40cm e pesa 
entre 180 e 260 gramas. Alimenta-se basicamente de pequenos insetos, 
anfíbios, frutos e sementes. A ave é conhecida como plantadora de pinhão, 
pois costuma enterrar a semente para comer em épocas de escassez de 
alimento. Muitas vezes acaba esquecendo onde deixou e, consequentemente o 
pinhão germina e dá vida a uma nova araucária.
[11]
Legislação Ambiental
A supressão de vegetação é regulamentada pelo novo Código Florestal 
constituído pela Lei nº. 4771, de 15/09/65, e alterações posteriores, como a Lei 
nº. 7.803 de 18/07/89 e a Lei nº. 7.875/89, e também, o Decreto nº. 6.600, de 
21/11/08, que regulamenta a Lei Nº 11.428, de 22/12/06, que dispõe sobre o 
corte e a supressão de vegetação da Mata Atlântica. 
Da mesma forma, complementando a Legislação supracitada, o 
CONAMA, através das Resoluções nº 369, de 28/03/06, nº 392, de 25/06/07 e 
nº 388, de 23/02/07, dispõe sobre os casos excepcionais de utilidade pública, 
de interesse social ou de baixo impacto ambiental, que possibilitam a 
intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente 
(APP), bem como a definição e a convalidação das Resoluções que 
caracterizam a vegetação primária e estágios sucessionais da vegetação 
secundária retratados em inicial, médio e avançado de regeneração da Mata 
Atlântica em vários Estados da Federação, para fins do disposto no art. 4o § 1º 
da Lei nº 11.428, de 22/12/06. 
As Áreas de Preservação Permanente (APP) são consideradas bens de 
interesse nacional e espaços territoriais especialmente protegidos, cobertos ou 
não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, 
a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da 
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações 
humanas, com destaque para a singularidade e o valor estratégico destas 
áreas de preservação permanente. 
Os pedidos de autorização para supressão de vegetação (ASV) devem 
ser apresentados ao IBAMA, sendo os requisitos básicos para a instrução 
desse pedido a apresentação de laudo florestal (levantamento ou cadastro 
fitofisionômico) sobre a área objeto do pedido e sua localização em base 
cartográfica oficial, incluindo-se, portanto, a faixa de domínio, áreas de uso e 
[12]
do canteiro de obras (jazidas, caixas de empréstimo de solo etc.) e a 
proximidade ou inserção em áreas constituintes do 
Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, com destaque 
para as APP. Da mesma forma, a Lei nº. 9.985/2000, que institui o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, em seu artigo 36, § 3º, 
regula que o empreendimento a ser licenciado, afetando uma 
Unidade de Conservação ou sua zona de amortecimento, exige como 
condição prévia, para tanto, a autorização do órgão responsável por sua 
administração, e a Unidade afetada deverá ser uma das beneficiárias da 
Compensação Ambiental prevista na Legislação Ambiental. 
Área de Preservação Permanente - APP é aquela definida pelo artigo 1º 
do Código Florestal - Lei nº. 4.771/65, com as alterações da Medida Provisória 
nº. 2166/67, de 24/08/2001, como "área protegida nos termos dos artigos 2° e 
3° dessa Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de 
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a 
biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o 
bem-estar das populações humanas". 
A supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente – APP 
somente deve ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse 
social (construção rodoviária), devidamente caracterizado e motivado em 
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e 
locacional ao empreendimento proposto, como determinado no artigo 4º do 
Código Florestal, com as alterações introduzidas através da Medida Provisória 
nº. 2166/67. 
O mesmo Código, em seu artigo 1º, parágrafo 2º, estabelece como de 
utilidade pública: as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; as 
obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de 
transporte, saneamento e energia; e demais obras, planos, atividades ou 
projetos previstos em Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - 
CONAMA. 
[13]
Estabelece ainda como de interesse social, as atividades 
imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, as atividades 
de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou 
posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não 
prejudiquem a função ambiental da área; e as demais obras, planos, 
atividades ou projetos definidos em Resolução do CONAMA. 
Os órgãos ambientais podem autorizar a supressão eventual e de baixo 
impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em Área de 
Preservação Permanente, conforme § 3º do artigo 4º do Código Florestal. 
Devem ser observados também: a Resolução CONAMA nº 12, de 
04/5/1994, que aprova o Glossário de Termos Técnicos elaborado pela 
Câmara Técnica Temporária para Assuntos da Mata Atlântica; as Resoluções 
CONAMA que definem vegetação primária e secundária nos estágios inicial, 
médio e avançado de regeneração da mata atlântica, a fim de orientar os 
procedimentos para licenciamento de atividades florestais nos estados 
(Resoluções CONAMA nos 31/1994, 34/1994 etc); a Resolução CONAMA nº 
3, de 18/4/1996, a qual estabelece que a vegetação remanescente de mata 
atlântica expressa no parágrafo único do artigo 4º do Decreto nº 750, de 
10/2/1993, abrange a totalidade da vegetação primária e secundária em 
estágio inicial, médio e avançado de regeneração; a Resolução CONAMA nº 
303, de 20/3/2002, que dispõe sobre parâmetros, defnições e limites de Áreas 
de Preservação Permanete; e a Resolução CONAMA nº 317, de 04/12/2002, 
que regulamenta a Resolução nº 278, de 24/5/2001, que dispõe sobre o corte 
e exploração de espécies ameaçadas de extinção da flora da mata atlântica.
O Decreto nº. 227/67 (Código de Minas), que regulamenta as atividades 
de extração mineral de acordo com as Classes de minerais I a IX, entre as 
quais se inserem as jazidas de solo e cascalhos, etc, conjugados com as 
Resoluções CONAMA nº. 009/90 e 010/90 estabelecem a necessidade de 
reabilitação ambiental das áreas afetadas pela exploração mineral, exigindo a 
reconstituição vegetativa nos moldes da vegetação original. 
[14]
Recuperação de Áreas Degradadas 
Área degradada é uma denominação recente para as práticas utilizadas 
em recursos naturais. São consideradas áreas degradadas, extensões naturais 
que perderam a capacidade de recuperação natural após sofrerem distúrbios. 
A degradação é um processo induzido pelo homem ou por acidente natural que 
diminui a atual e futura capacidade produtiva do ecossistema. De acordo com 
BELENSIEFER (1998) áreas degradadas são aquelas que perderam sua 
capacidade de produção, sendo difícil retornar a um uso econômico. O termo 
degradar conforme FERREIRA (1986), pode ser interpretado como: estragar 
deteriorar, desgastar, atenuar ou diminuir gradualmente. 
Na literatura sobre manejo dos recursos naturais degradados costuma-
se observar o uso de vários termos como recuperação, reabilitação, 
restauração, regeneração,revegetação, recomposição, entre outros (Figura 3), 
cujos métodos estendem-se ao manejo e conservação de solos degradados, 
áreas afetadas por mineração, florestas, pastagens, áreas abandonadas, 
recursos hídricos e outros (LIMA, 1994).
[15]
Figura 3 - Várias formas de manejos dos recursos naturais degradados.
Recuperação 
 A legislação federal brasileira menciona que o objetivo da recuperação é 
o “retorno do sítio do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com 
um plano pré-estabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma 
estabilidade do meio-ambiente” (Decreto Federal 97.632/89). Esse decreto vai 
de encontro ao estabelecido pelo IBAMA, que indica que a recuperação 
significa que o sítio degradado será retornado a uma forma e utilização de 
acordo com o plano pré-estabelecido para o uso do solo. Implica que uma 
condição estável será obtida em conformidade com os valores ambientais, 
estáticos e sociais da circunvizinhança. Significa também, que o sítio 
degradado terá condições mínimas de estabelecer um novo equilíbrio 
dinâmico, desenvolvendo um novo solo e uma nova paisagem. Procura 
sintetizar a definição do processo quando utilizado em Unidades de 
Conservação, GRIFFITH (1986), definiu recuperação como a reparação dos 
recursos ao ponto que seja suficiente para restabelecer a composição e a 
frequência das espécies encontradas originalmente no local. 
[16]
Reabilitação 
Segundo MAJER (1989) a reabilitação é o retorno da área degradada a 
um estado biológico apropriado. Esse retorno pode não significar o uso 
produtivo da área a longo prazo, como a implantação de uma atividade que 
renderá lucro, ou atividades menos tangíveis em termos monetários, visando, 
por exemplo, a recreação ou a valorização estético-ecológica. Exemplos de 
reabilitação para fins recreativos é a raia olímpica da Cidade Universitária da 
USP, instalada em uma antiga área de extração de areia em planície aluvionar 
do Rio Pinheiros; construção do parque esportivo Cidade de Toronto, instalado 
em área de antiga extração de areia; Centro Educacional e Recreativo do 
Butantã, instalado em área de antiga pedreira e o lago do parque Ibirapuera, 
instalado em antiga cava de extração de areia, todos esses exemplos foram 
realizados na cidade de São Paulo-SP.
Restauração 
O termo restauração refere-se à obrigatoriedade do retorno ao estado 
original da área, antes da degradação. Esse termo é o mais impróprio a ser 
utilizado para os processos que normalmente são executados. Por retorno ao 
estado original entende-se que todos os aspectos relacionados com topografia, 
vegetação, fauna, solo, hidrologia, etc., apresentem as mesmas características 
de antes da degradação. Logo, trata-se de um objetivo praticamente inatingível, 
ou seja, fazer a restauração de um ecossistema, para consequentemente 
recuperar sua função, é técnica e economicamente questionável, embora 
alguns profissionais que atuam na área ambiental tenham equivocadamente 
essa meta, torna-se necessária uma nova conscientização dos mesmos sobre 
a inviabilidade deste processo. 
[17]
Erosão
O termo erosão vem do Latim (erodere) que significa corroer. É um 
termo usado na Ciência da Terra para estudar o processo de degradação do 
solo pela ação antrópica, da água, do vento e do gelo. 
Na natureza os elementos estão intrinsecamente ligados e, se um deles 
for afetado todos os demais serão, ocorrendo então o desequilíbrio do meio 
físico. No solo o desequilíbrio quase sempre é apresentado em forma de 
erosão, processo traduzido em desagregação, transporte e deposição de seus 
constituintes (SILVA, 2007).
A erosão é o arrastamento de partículas constituintes do solo, pela ação 
da água em movimento, resultantes da precipitação pluviométrica, ou pela ação 
dos ventos e das ondas (RIO GRANDE DO SUL, 1985). 
Isto quer dizer que um solo fértil, em que a erosão atua 
acentuadamente, em breve se tornará pobre, apresentando baixa produção 
agrícola – florestal. 
Os dois agentes principais da erosão são as chuvas (erosão hídrica) e o 
vento (erosão eólica). No Brasil, a água é que causa os maiores prejuízos 
(FERREIRA, 1981). O processo tende a se acelerar, à medida que mais terras 
são desmatadas para a exploração da madeira e/ou para a produção agrícola, 
[18]
uma vez que os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal e, 
consequentemente, as chuvas incidem diretamente sobre a superfície do 
terreno (GUERRA, 1999).
Segundo CAPECHE et al (2008) ,a erosão pode ser classificada em 
geológica e antrópica: 
• Erosão geológica: refere-se àquela oriunda da atividade geológica 
(água, vento e gelo) sobre a superfície terrestre, correspondendo a um 
processo natural, sem a interferência do homem. 
• Erosão antrópica: refere-se àquela oriunda da interferência do homem 
sobre o ambiente, intensificando a ação da água da chuva e/ou vento 
sobre o solo.
As principais causas são:
• Desmatamentos; 
• Queimadas; 
• Preparo inadequado do solo ; 
• Cultivos intensivos (esgotantes); e 
• Ausência de planejamento de uso e de práticas conservacionistas.
CAPECHE Et al (2008) ainda descreve os tipos de erosão como:
• Erosão hídrica - corresponde à ação da água sobre a superfície do 
solo, promovendo três processos fundamentais: desagregação, 
transporte e deposição das partículas do solo. 
 
[19]
• Desagregação das partículas do solo - a desagregação ocorre devido 
ao impacto das gotas de chuva sobre a superfície do solo sem cobertura 
vegetal (viva ou morta), provocando o selamento superficial dos 
primeiros centímetros do solo, a redução da infiltração da água e o 
escorrimento superficial. 
 
• Transporte das partículas – o transporte das partículas ocorre devido 
ao escoamento superficial da água que não infiltrou no solo. 
Dependendo da intensidade de escorrimento o arraste do solo pode 
ocorrer superficialmente no terreno (erosão laminar), em canais pouco a 
medianamente profundos, abertos pela força da enxurrada (erosão em 
sulcos), ou através de grandes sulcos, os quais concentram grande 
quantidade de água (erosão em voçorocas). 
 
• Deposição das partículas – a deposição das partículas é o processo 
final da erosão e consiste no armazenamento do solo erodido em rios, 
lagos, represas, açudes, terraços. 
 
• Erosão eólica - consiste na ação do vento causando a desagregação de 
rochas, bem como dos agregados do solo, e, ainda, no transporte e 
deposição do material desagregado.
Consequências da Erosão 
• Perda da capacidade produtiva dos solos agrícolas (maiores gastos 
com fertilizantes, agrotóxicos, crédito rural, etc.); 
• Esgotamento dos mananciais de água; 
• Assoreamento de rios, açudes, represas, etc.; 
• Desmoronamentos; 
[20]
• Descapitalização dos agricultores; e 
• Êxodo rural (entre outras).
Voçorocas 
Segundo Coelho Netto (1998) apud Oliveira et al (1999, p.60),“A erosão 
por ravinas e voçorocas é causada por vários mecanismos que atuam em 
diferentes escalas temporais e espaciais. Todos derivam de rotas tomadas 
pelos fluxos de água, que podem ocorrer na superfície ou subsuperfície o 
flowline, que em português significa fluxo linear, que é o estágio no qual há 
uma maior concentração do runoff escoando em canais, provocando forte 
atrito entre as partículas e o fundo dos pequenos canais, dando origem aos 
embriões da ravina.”
As voçorocas são características erosivas relativamente permanentes 
nas encostas, possuindo paredeslaterais íngremes e em geral, fundo chato, 
ocorrendo fluxo de água no seu interior durante os eventos chuvosos. Elas as 
vezes se tornam tão profundas que atingem o lençol freático. Quando chega 
neste estágio torna-se difícil de serem controladas. As erosões lineares são 
[21]
fortemente condicionadas pela litologia e linhas de fraturas e falhas, sendo na 
sua porção inferior conectada a uma drenagem. (Figura 4) 
Principais problemas gerados a partir dos impactos da erosão: 
• Aumento de sedimentos nos corpos d’água; 
• Assoreamento nos rios; 
• Aumento do fluxo d’água. 
Figura 4 - Modelo conceitual para a evolução de voçoroca.
I – Voçoroca conectada à rede hidrográfica; 
II – Voçoroca desconectada da rede hidrográfica; 
[22]
III – Aponta para degrau formado no momento de integração. Modificado de 
outros autores por Oliveira apud Guerra, et al (1999, p. 82).
Quadro 1 - Classificação da erosão segundo os modelos de escoamento e os 
mecanismos de erosão, com vista na caracterização da produção de 
sedimentos.
[23]
PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS – 
RECUPERAÇÃO DE UMA ÁREA ERODIDA COM VOÇOROCA EM ESTÁGIO 
INICIAL NO BAIRRO VALE DO JORDÃO- GUARAPUAVA/PR
Localização 
O município de Guarapuava localiza-se à Latitude Sul: 25º 23' 26''. 
Longitude Oriental: 51º 27' 15'' Oeste - W. Greenwich na Região Sul do Brasil, 
centro-oeste do Paraná, com 1120 m de altitude, terceiro planalto chamado 
Planalto de Guarapuava. Faz limite ao norte com Campina do Simão, ao Sul 
com o município de Pinhão, a leste com Prudentópolis e Inácio Martins e a 
Oeste com os municípios de Candói, Cantagalo e Goioxim. 
[24]
Figura 5 
- 
Localização de Guarapuava e da área a ser implantado o PRAD
Local de implantação do PRAD
O local para a implementação deste PRAD localiza-se em um terreno de 
cerca de 1 ha, na zona 22J, nas coordenadas UTM 453396,063 E e 
7188268,000 N, na Rua Novo Ateneu, no Bairro Vale do Jordão, próximo à 
Faculdade Guarapuava, em Guarapuava PR. (Figura 5 e 6). A microbacia da 
região é a do Rio das Pedras, tributária da Bacia do Rio Jordão.
[25]
Figura 6 - Área de Implantação do PRAD. 
Foto: Google ® Earth
Características atuais da área
A área é declivosa (Figura 7) e seu topo está situado próximo à Rua 
Novo Ateneu, que leva ao Campus da Faculdade Guarapuava. A via asfáltica 
possui sistema de captação de águas pluviais, minorando o impacto das 
chuvas no aumento do processo erosivo deste barranco.
[26]
Figura 7 - Declive da área. Foto: Google Earth®
A cabeceira do barranco possui uma faixa de vegetação rasteira (Figura 
8), que ajuda no processo de infiltração no solo, diminuindo um pouco o 
escoamento superficial da água da chuva. Mas devido à declividade e da alta 
demanda pluviométrica da região, a erosão superficial é inevitável, resultando 
no transporte de sedimentos morro a baixo. 
Figura 8 - Vegetação na cabeceira do barranco. Foto: Arquivo pessoal.
[27]
Devido à ação antrópica e a retirada da vegetação superficial, já são 
notadas sulcos (Figura 9) e o inicio de formação de ravinas/voçorocas.
Figura 9 – Sulcos. Foto: Arquivo pessoal.
Impactos ambientais decorrentes do voçorocamento
Grandes impactos ambientais podem ser ocasionados pelo 
voçorocamento de uma área, dentre os quais destaca BACELLAR (2006):
• Eliminação de terras férteis;
• Destruição de estradas e outras obras de engenharia;
• Proporciona situação de risco ao homem;
• Assoreamento de rios e reservatórios;
• Recobrimento de solos férteis nas planícies de inundação;
[28]
• Destruição de habitats;
• Rebaixamento do lençol freático no entorno, com secagem de 
nascentes, deterioração de pastagens e culturas agrícolas e redução da 
produção de cisternas;
• Dificulta o acesso a determinadas áreas.
É inevitável que as voçorocas venham a causar grandes danos, não só 
ambientais e econômicos, mas também sociais, como no caso de se 
desenvolverem em centros urbanos. Mas existem medidas capazes de mitigar 
o problema, dentre as quais o turismo que é possível de se realizar para a 
visitação de voçorocas, já que em alguns casos apresentam uma estética bem 
interessante para um certo tipo de público, como os geólogos, geógrafos, 
geomorfólogos, observadores da natureza, dentre outros.
Plano de recuperação da área degradada
Existem várias práticas possíveis para a recuperação da área. Este 
plano visa à implantação de algumas medidas para a contenção da erosão no 
local com a utilização de poucos recursos financeiros. 
Como a área não se encontra em processo avançado de voçorocamento 
(Figura 10) , serão necessárias apenas medidas contenção da atividade pluvial 
e a implantação de cobertura do solo por vegetação.
[29]
Figura 10 - Croqui da situação atual da área.
Etapas
Segundo a EMBRAPA (2006), existem medidas diferentes de 
recuperação de cada área em particular, dependendo da gravidade da situação 
e do grau de degradação. Dependendo da declividade do terreno, são 
necessárias obras de engenharia, com as construção de terrões, curvas de 
nível, barreiras físicas, canais de captação de água da chuva, etc.
Não é o caso da área aqui descrita. Mesmo com a declividade 
acentuada, não serão necessárias grandes modificações físicas por meios de 
engenharia no local.
[30]
Determinação da Declividade da Área
A determinação da declividade da área é o primeiro passo para a 
construção dos terraços, que juntamente com a informação da textura do solo, 
são utilizadas para calcular o espaçamento que os terraços ficarão 
distanciados uns dos outros, EMBRAPA (2006). Neste caso estudado, a priori 
não serão implantadas barreiras físicas no declive. 
Em caso de posterior necessidade, as barreiras físicas serão colocadas, 
e para a determinação da declividade, poderão ser utilizados equipamentos 
desde os mais modernos, como o nível óptico ou o teodolito, que requerem 
técnicos qualificados para sua operação, ou, equipamentos alternativos que 
também são precisos o suficiente para este trabalho com a vantagem de ter 
construção e uso simples.
Etapa 1: Reconhecimento da área 
Antes de se começar qualquer projeto de recuperação, deve-se, 
obviamente, realizar um estudo ‘in loco’ do local por responsáveis técnicos, 
analisando o nível de degradação e as características do sítio. 
Etapa 2: Isolamento da área e prevenção contra pragas
Para EMBRAPA (2006), o isolamento da área do pastoreio de animais 
com cerca de arame, e a construção de aceiros, contra queimadas, são as 
primeiras atividades a serem realizadas para que se possa proteger a 
cobertura vegetal existente e a que futuramente será implantada através da 
revegetação Nesse mesmo sentido deve se iniciar os trabalhos de controle de 
[31]
formigas cortadeiras que são grandes inimigas no estabelecimento das mudas 
de árvores que serão plantadas na área. Haja vista que próximo à área existe 
uma chácara onde existe criação de bovinos, caprinos e ovinos, os quais 
passam por transposição de pasto durante o ano e podem prejudicar o 
andamento do projeto. 
Etapa 3: Análise de solo
A coleta das amostras é uma etapa muito importante, pois é aí que se 
tem a representação das reais condições do terreno. Essas informações serão 
úteis na determinação da necessidade de aplicação de nutrientes na forma de 
fertilizantes, para as espécies florestais a serem implantadas, e também, no 
dimensionamento de práticas de controle da erosão, EMBRAPA (2006), 
 Para tanto, o produtor devedividir a área em glebas homogêneas, como 
por exemplo, dividir a encosta ou morro em parte superior, médio e inferior, ou 
outra condição que diferencie a área, e retirar as amostras com uso de trados 
de amostragem de solo ou enxadão nas profundidades de 0 a 20 cm. Devem 
ser amostradas 20 a 40 amostras simples para cada amostra composta se a 
área tiver até 2 ha, e 15 a 20 amostras simples para cada amostra composta, 
para áreas de até 10 ha. Depois de coletadas as amostras simples, deve-se 
misturá-las em um recipiente para formar as compostas, tendo-se o cuidado de 
utilizar a mesma medida em todas as amostras simples. Para se obter uma 
amostragem homogênea da área é recomendado coletar as amostras no 
caminhamento em zigue-zague. As análises serão retiradas da seguinte forma:
1. A área deverá ser percorrida em ziguezague, retirando-se, com um 
trado, de 15 a 20 pontos diferentes (Figura 11), que deverão ser 
colocadas juntas em um balde limpo. Na falta de trado poderá ser usado 
um tubo ou uma pá. 
2. Todas as amostras individuais de uma mesma área uniforme deverão 
ser muito bem misturadas dentro do balde, retirando-se uma amostra 
final de aproximadamente 200 g.
[32]
3. As amostras devem ser retiradas da camada superficial do solo, até a 
profundidade de 20 cm, tendo antes o cuidado de limpar a superfície dos 
locais escolhidos, removendo as folhas e outros detritos. 
4. Não retirar amostras de locais próximos à residência, galpões, estradas, 
formigueiros, depósito de adubo, etc. Não retirar amostra quando o 
terreno estiver encharcado. 
Figura 11 - Método de percurso para coleta de amostras de solos
Tabela 1 - Recomendação de nutrientes para algumas leguminosas florestais para o estado do 
Rio de Janeiro. 
Etapa 4: Reconstituição da cobertura vegetal
[33]
Bertoni & Lombardi Neto (1990), afirmam que a cobertura vegetal é a 
defesa natural do solo contra erosão. A vegetação protege o solo do impacto 
da chuva, favorece a dispersão da água e a evaporação antes que atinja o 
solo. As raízes formam canais na terra permitindo uma melhor infiltração da 
água, melhoram o solo agregando matéria orgânica quando se decompõe. 
Assim aumentam a capacidade de retenção de água no solo e reduzem a 
velocidade da enxurrada.
Com a etapa de revegetação, espera-se que a intervenção de controle 
da erosão possa vir a atuar de forma mais permanente na redução do 
escoamento superficial e estabilização do solo, ocorrendo a adição de matéria 
orgânica na área, através da deposição de folhas e galhos senescentes, 
favorecendo a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do 
substrato, e possibilitando que espécies de árvores mais exigentes em sombra, 
fertilidade do solo, umidade, etc., de outros locais, colonizem o local, caso 
exista fontes de propágulos e agentes dispersores (Campello, 1998), e com 
isso, o retorno da fauna e flora local, e a melhoria da paisagem.
A vegetação herbácea implanta-se rapidamente e protege 
essencialmente o solo contra a erosão superficial (ravinamentos, dissecação, 
alteração de superfície), tendo a função de ligar as camadas superficiais do 
solo, numa espessura variável de 5 a 25 cm, através das raízes das gramas e 
leguminosas, e participando muito na formação do húmus. 
• A vegetação arbustiva liga as camadas de solos numa espessura de 0,50 a 
1,00 m, e às vezes mais, tendo a função de promover a evaporação das águas 
em excesso no terreno, o que pode ser importante; mas a superfície do solo 
fica geralmente menos revestida. 
• A vegetação arbórea, pela importância das raízes, permite a coesão das 
camadas de solos em profundidade e, também, a eliminação de grandes 
quantidades de água subterrânea, sendo algumas árvores capazes de 
evaporar dezenas de litros de água por dia.
[34]
Neste caso, serão promovidas 3 etapas para a revegetação da área: 
Com linhas de capim Vetiver, entrelinhas gramíneas, a introdução de 
espécies pioneiras nas entrelinhas com gramíneas, funcionando como 
pontos de fertilidade. 
Primeiramente serão implantadas barreiras de capim Vetiver. Uma 
barreira vegetal para quebrar a força do escoamento superficial. Entre essas 
linhas serão despejadas cargas de terra vegetal, onde serão semeadas 
espécies de gramíneas, ajudando na quebra da força do impacto das gotas da 
chuva no solo, diminuindo a desagregação do mesmo. Por final, mas não 
menos importante, serão implantadas “Ilhas de fertilidade” em alguns pontos da 
área, com espécies arbóreas pioneiras, que com o tempo liberarão suas 
sementes no local, levando ao adensamento do mesmo.
ETAPA 4.1. Barreira vegetal com capim Vetiver
Segundo o IPR (2007), a barreira vegetal de capim vetiver (Vetiveria 
zizanioides Nash) induz à formação de terraço natural, impedindo a 
degradação do solo, ao mesmo tempo em que reduz a intensidade do fluxo 
descendente das águas das chuvas, colaborando com a eficácia do sistema de 
[35]
drenagem. Da mesma forma, agregam-se às vantagens identificadas acima, 
outras a seguir descritas: 
• Na formação de uma barreira densa e permanente para a contenção de 
enxurradas, prevenindo ravinamentos e voçorocamento na faixa de domínio 
rodoviária; 
• Como solução ambiental natural, em contrapartida de solução em estruturas 
artificiais, na estabilização de solos em maciços naturais e compactados; 
• Na proteção de dispositivos de drenagem, evitando o seu colapso por 
erosões laterais, aumentando sua vida útil e reduzindo serviços de manutenção 
e conservação operacional; 
• Na recuperação de áreas degradadas, por sua capacidade de crescimento 
rápido, perenidade, sobrevivência a secas, queimadas, inundações e formação 
de um ambiente prévio favorável à revegetação entre barreiras com gramíneas, 
leguminosas, espécies arbustivas e arbóreas; 
• Na formação de cerca viva não invasora, não hospedeira de pragas e 
doenças, de baixo custo, fácil implantação e reduzida manutenção; 
• Na propagação por multiplicação por mudas, sem sementes.
As barreiras de capim vetiver são estruturas vegetativas, primeiramente 
de aplicação em estabilização geotécnica e recuperação ambiental e 
secundariamente como soluções de paisagismo e fins estéticos. 
O Capim Vetiver é uma gramínea perene ocorrente nos mais variados 
climas, com destaque para o tropical e subtropical, possui porte médio com 
altura de até 1,50 m e crescimento ereto, sendo resistente a pragas, doenças, 
déficit hídrico, geada e fogo (queimadas), aos alagamentos e ao pastoreio. 
Forma-se por touceiras e reproduz somente por mudas; entretanto 
apresenta um sistema de raízes densas, de alta resistência, agregante, 
formando um grampeamento natural estabilizante do solo de encostas e 
taludes. 
[36]
As touceiras plantadas vão fechando os vazios entre elas, pois uma 
planta cresce em direção à outra (biotactismo positivo), formando a barreira 
vegetal viva, ao contrário da maioria dos capins. 
Adapta-se a qualquer tipo de solo e clima, sendo tolerante a índices 
pluviométricos de 300 mm a 3.000 mm ao ano e períodos de extremo déficit 
hídrico, bem como às temperaturas entre 9º C e 50º C, aos solos ácidos, à 
salinidade, toxicidade e baixos índices de nutrientes do solo. 
A barreira Vetiver (Figura 12) apresenta uma característica proeminente 
na formação de uma cerca viva fechada e forte, com capacidade de retenção 
de lâmina d’água em suas hastes de até 1,5m de altura e as touceiras providas 
de raízes múltiplas, que penetram no soloaté 5m de profundidade, criando um 
solo natural estruturado através de uma malha de elevada resistência (raízes 
com resistência às trações equivalentes a 1/6 da resistência do aço doce). 
Figura 12 - Barreira de Vetiver . Imagem: EMATER-MG
É comum o uso de gramíneas exóticas para recuperação de áreas 
degradadas, porém algumas espécies como Capim-elefante e a Brachiara spp. 
possuem alto grau de antibiose, dificultando a sucessão ecológica e a 
restauração da vegetação nativa. Dado o fato de sementes de gramíneas de 
espécies nativas serem escassas no mercado, recomenda-se o uso de 
algumas espécies exóticas de ciclo anual, tais como Avena spp. e Azevém 
[37]
( Loliummultiflorum Lam.) para plantio no inverno e as gramíneas Teosinto 
( Euchlaena mexicana Schrad. ) e o Sorgo ( Shorgum bicolori ) para plantio no 
verão. Além destas as gramíneas Secale cereale e Setaria spp. também são 
recomendadas.
Serão plantadas 4 linhas transversais de cerca de 150m, paralelas 20 m 
umas das outras no sítio proposto neste projeto, conforme o croqui (Figura 13)
[38]
Figura 13- Quatro linhas de capim vetiver com cerca de 150m e espaçamento de cerca de 20 
metros entra cada um
Etapa 4.2. Alocação de terra vegetal nas entrelinhas e plantio de 
gramíneas. 
As gramíneas são importantes, por possuírem sistema radicular fino que 
se aprofunda no solo para retirada de nutrientes e pela sua capacidade de 
[39]
crescer rapidamente e densamente, produzindo em torno de 500 a 2000 hastes 
por metro quadrado. São predominantes e formam cobertura vegetal no solo 
que protege contra os impactos da chuva, evitando o desagregamento das 
partículas do solo e evitando a erosão, ABREU (2007).
Após a análise do solo, sabendo da porcentagem necessária de correção 
de acidez e fertilidade do solo, será deposta uma camada de terra vegetal 
já adubada e com sementes de gramíneas para fixação do solo entre as 
barreiras de capim vetiver. A espécie escolhida para este projeto, devido à 
boa adaptação à região é a de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, mas 
outras espécies de gramíneas, também podem ser introduzidas conforme 
lista apresentada a seguir.
 A de Brachiaria decumbens cv. Basilisk é um capim vigoroso e 
agressivo, cujo florescimento pode se extender por toda a estação chuvosa. 
Pode alcançar 1 m de altura. Seu crescimento é entouceirado; entretanto, as 
plantas produzem grande número de colmos semi-decumbente com nós 
radicantes dos quais brotam novas touceiras, resultanto em cobrimento da 
superfície do solo.
Principais atributos agronômicos: essa planta é pouco atacada por 
formigas cortadeiras de folhas, no entanto, é muito suscetível às ‘cigarrinha-
das-pastagens’ (quando em regiões onde a estação seca é curta ou 
inexistente). Tolera fogo e sombreamento. Esta espécie é a que melhor suporta 
períodos de deficiências hídricas do solo, mas não tolera solos mal drenados.
Adapta-se bem às regiões tropicais com temperaturas elevadas e com 
precipitação superiores a 1.000 mm anuais, mesmo onde os solos são ácidos e 
de baixa fertilidade.
Seu vigor, agressividade e rusticidade, entretanto, restringem a escolha 
de leguminosas para cultivo consorciado; sabe-se, no entanto, que quando 
bem manejada, pode ser cultivada com estilosantes Mineirão (Stylosanthes 
guianensis var. vulgaris cv. Mineirão), calopogônio (Calopogonium 
mucunoides) e estilosantes Campo Grande (Stylosanthes capitata + S. 
[40]
macrocephala) e em áreas bem drenadas, amendoim-forrageiro (Arachis 
pintoi).
Outras espécies de gramíneas que podem ser usadas para enriquecer o 
solo são:
• Grama Bermuda (Cynodon dactylon [L.] Pers);
• Grama Forquilha (Paspalum notatum Fluegg, var. latiflorum);
• Grama Pensacola (Paspalum notatum Fluegg, var. saurae Parodi, cv 
Pensacola);
• Grama Missioneira (Axonupus compressus [Swartz] Beauv. var. 
jesuiticus Araújo);
• Grama de Jardim (Stenotaphrum secundatum [Walther] Kuntz);
• Capim Chorão (Eragrostis curvula [Schrad] Nees);
• Capim Quiquio (Pennisetum clandestinum Hochst);
• Capim Pangola (Digitaria decumbens Stent.);
• Capim barba-de-bode (Aristida jubata [Arech] Herter);
• Capim de Rhodes (Chloris gayana Kunth);
• Grama Cinzenta (Paspalum nicorae Parodi);
As gramíneas serão plantadas apenas nas áreas de solo erodido (Figura 
14). O restante da área que já possui vegetação será enriquecido com 
espécies arbóreas. 
[41]
Figura 14 - Deposição de terra vegetal e plantação de gramíneas sobre o solo erodido.
Etapa 4.3. Introdução de espécies arbóreo-arbustivas pioneiras.
Em meio a essas entrelinhas, serão introduzidas cerca de 85 mudas de 
espécies arbóreas pioneiras já bem desenvolvidas, (Figura 15). Estas covas 
deverão ter dimensionamento de 70x70 de largura e 50 cm de profundidade. A 
adubação deverá garantir o desenvolvimento total da planta, garantindo sua 
[42]
autossuficiência. A receita de adubação sugerida para áreas degradadas como 
essa é de:
• 1 lata de 18 litros de esterco curtido;
• 500 gramas de fosfato natural;
• 500 gramas de calcário;
• 300 gramas de cinzas vegetais;
• 500 gramas de NPK.
Nestas condições de nutrição, as plantas terão um ótimo 
desenvolvimento e chegarão a autossuficiência mesmo em solo com alto grau 
de degradação.
Em áreas sob recuperação é recomendado que se utilize uma mistura 
de espécies capaz de incorporar certo nível de diversidade e haja maximização 
no uso dos recursos disponíveis e posteriormente, possibilite a evolução 
natural da floresta para um sistema mais avançado de sucessão e mais 
próximo da estabilidade. Na seleção das espécies devem ser priorizadas 
aquelas com funções ecológicas específicas, mas com elevada tolerância a 
fatores adversos presentes nestas áreas, como elevada temperatura, baixa 
umidade, elevada incidência de radiação, competição com invasoras, baixa 
disponibilidade de nutrientes, etc. 
Segundo RODRIGUES e GANDOLFI (1998) o levantamento da 
vegetação regional é fase de extrema importância em programas de 
recuperação de áreas degradadas, pois a partir das informações sobre os 
tipos de vegetação florestal características da região, as suas espécies 
definidoras, a sua estrutura fitossociológica e a classificação sucessional 
dessas espécies é que se podem definir as estratégias de recuperação para 
cada situação identificada. A escolha adequada, das espécies a serem usadas 
na restauração, praticamente já garante o sucesso do projeto, pois teremos 
mudas se desenvolvendo adequadamente, com baixa mortalidade pós-plantio, 
o que se traduz em redução de custos do projeto. Para esses autores, a 
quantidade de espécies a serem usadas em programas de RAD deve depender 
do grau de isolamento dessa área, pois como foi observado por CAMPELLO 
[43]
(1998) em áreas sob recuperação em Porto Trombetas – PA, o número 
reduzido de espécies do projeto não inibiu o processo sucessional na área, 
dado a pressão da floresta nativa sobre área. Contrariamente, em áreas onde a 
fragmentação é grande, deve-se priorizar a seleção de um número maior de 
espécies, pois a dispersão e entrada de novos propágulos a área será 
dificultado.
Figura 15 - Croqui da área com as mudas de nativas pioneiras já plantadas
Algumas espécies pioneiras da FOMM ( Floresta Ombrófila Mista 
Montana) indicadas para recuperação de áreas degradadas e que serão 
usadas no projeto: 
• Bracatinga (Mimosa scabrella);
• Fumeiro-bravo (Solanumgranduloso leprosum);
[44]
• Aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius)
• Cuvatã (Cupania vernalis);
• Cedro-rosa (Cedrela fissilis);
• Vacum (Allophylus edulis) 
• Vassourão-preto (Vernonanthura discolor);
• Vassourão-branco (Piptocarpha angustifolia);
• Canela-guaicá (Ocotea puberula)
• Ingá (Inga vera)
A introdução dessas espécies em meio a estes taludes funcionará como 
uma ilha de fertilidade, espalhando sementes, atraindo a fauna e adensando o 
local.
 
Cronograma
201
0
2011 2012/(...)
D J F M A M J J A S O N D J
[45]
Aprovação do 
projeto/ visita 
“in loco”
X
Isolamento da 
área
X X
Combate às 
formigas
X X
Determinação 
do declive
X X
Amostras de 
solo
X
Resultado 
amostra do 
solo
X
Criação dos 
aceiros e 
demais tratos 
ao local
X
Plantio linhas 
de capim 
vertiver
X X
Deposição de 
terra vegetal
X X
Plantio das 
gramíneas
X X
Plantio de 
mudas de 
árvores 
pioneiras
X X X
Regeneração 
florestal
X X X X X X X
Monitoramento
Segundo CHAER (2001), a melhoria contínua da qualidade do solo ou 
substrato de áreas degradadas sob processo de recuperação é fator essencial 
para promover a manutenção do crescimento vegetal, restabelecimento dos 
mecanismos de sucessão ecológica e aumento da biodiversidade. Desse 
modo, o monitoramento da qualidade do solo/substrato assume grande 
importância nos programas de recuperação de áreas degradadas, tendo em 
[46]
vista a necessidade de verificação da eficiência das intervenções propostas em 
propiciar a melhoria das funções produtivas e ambientais do solo. A avaliação 
da qualidade do solo é feita pela seleção e análise de um conjunto de 
indicadores os quais podem incluir características físicas, químicas ou 
biológicas do solo. A escolha de um método adequado para a análise de dados 
resultantes da análise dos indicadores é fundamental para identificar mudanças 
qualitativas no solo resultantes dos processos de intervenção. De modo geral, 
sugere-se o uso de métodos integrativos que permitem a análise conjunta dos 
indicadores e maior facilidade na interpretação dos resultados. As duas 
principais estratégias usadas são a (i) análise dos dados por meio de 
ordenações multivariadas ou (ii) por meio de modelos para determinação de 
índices de qualidade do solo. A seguir são apresentados aspectos relevantes 
acerca desses métodos e exemplos de como eles podem ser empregados em 
estudos envolvendo a recuperação de áreas degradadas.
Conclusões
É possível realizar uma recuperação de uma área erodida como esta 
sem despender de grandes custos. A utilização de barreiras vegetais se 
mostrou eficiente em outros estudos e a área de atividade proposta neste 
projeto dispensou o uso de obras de engenharias para conter a ação do clima 
no agravamento do processo de erosão. Além da utilização das gramíneas, o 
projeto também visou a incorporação de espécies arbóreas nativas, que com o 
[47]
tempo levam a regeneração natural da mata levando consigo a recuperação 
físico, química e biológica do solo, resultando numa ótima forma de 
recuperação ambiental. 
 
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Anexos
[52]
Parte superior da área
Outra vista superior da área
[53]
Condição do solo erodido
Parte da área com vegetação
[54]
Surgimento de sulcos e início de ravinamento
Vista lateral da área
		Após a análise do solo, sabendo da porcentagem necessária de correção de acidez e fertilidade do solo, será deposta uma camada de terra vegetal já adubada e com sementes de gramíneas para fixação do solo entre as barreiras de capim vetiver. A espécie escolhida para este projeto, devido à boa adaptação à região é a de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, mas outras espécies de gramíneas, também podem ser introduzidas conforme lista apresentada a seguir.
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