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Resumo de Instituições mitos e castigos

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Resumo de Instituições – Mitos e Castigos
1 - O medo
Segundo Alípio, o medo é uma das experiências sociais que guarda uma relação direta com a institucionalização da vida em sociedade. A sua difusão faz parte da instituição da dominação social e política sobre os indivíduos. Os mitos de castigo são ingredientes fundamentais na construção dessa cultura do medo, como parte da institucionalização da vida coletiva nas sociedades.
O medo está diretamente entrelaçado com a instituição da vida em grupo. A construção do espaço da sociedade é um empreendimento marcado pelo controle social em que o medo é um ingrediente fundamental.
O homem torna-se humano quando inserido em uma cultura. Os espaços da sociedade e da cultura passam a ser vistos como invioláveis sob todos os aspectos. O medo assume papel fundamental na socialização dos indivíduos e funciona como mecanismo de controle social, uma vez que se encontra ligado à ideia de poder: humanos, sociais, não-humanos, sobrenaturais, sagrados, a que se deve obediência e respeito únicos, pois são responsáveis pela criação e existência do Mundo. 
A difusão do medo serve para manter os indivíduos na normalidade da cultura instituída e muitos dos ritos coletivos, alimentados pelo medo, servem para aliviar as tensões psíquicas, funcionando como soluções para desequilíbrios que ameacem a Ordem. As culturas humanas são culturas do medo, onde os indivíduos são socializados sob seus efeitos. É uma espécie de salva-guarda das instituições sociais. A primeira experiência do indivíduo com o medo se dá no nascimento, onde as mudanças e manipulações que se seguem não se perdem para sempre.
Não há sociedade onde não hajam conflitos. Eles são apaziguados pelo medo, gerando submissão à Ordem, que são determinantes culturais: deuses, demônios, chefes de Estado, pais, mortos, forças da natureza, etc. Não só os indivíduos mas as coletividades e civilizações vivem em uma relação direta com o medo. Os homens no poder fazem de modo a que o povo tenha medo.
2 – Socialização
A socialização do indivíduo funciona como um condicionamento. Ele é submetido ao aprendizado da cultura instituída e levado a considerar sua sociedade e seu modo de vida como único modelo de vida social, sem colocá-los em questão. Os costumes e crenças têm o poder de condicionar o modo dos indivíduos verem o mundo, determinando suas apreciações morais e os diferentes comportamentos sociais. O homem é o único animal que não nasce dotado de nenhuma característica de comportamento definida pela natureza. Tudo que lhe caracteriza como ser social é produto de aprendizagem na vida em sociedade, na cultura. O homem é todo ele resultado de um empreendimento social no qual toma parte como seu principal agente e integrante, resultado de aprendizagem social na cultura.
Cultura – A soma total, integrada, das características de comportamento aprendido que são manifestadas e compartilhadas pelos membros de uma sociedade, é resultado de invenção social e pode ser considerada como herança social, pois é transmitida por ensinamento a cada geração. Sua continuidade é garantida pela punição dos membros da sociedade que se recusam a seguir os padrões de comportamento que lhes são determinados pela Cultura. 
Etnocentrismo – Conceito que estabelece uma cultura como única, sendo padrão para as demais.
Sociedade – É uma rede de instituições. Ex. Linguagem, Família, Escola, Trabalho, Religião, História, Gênero, etc. 
Legitimação da realidade social – Pela ação do Simbólico a realidade social é dotada de sentido e aos indivíduos é oferecida uma visão visão da Ordem e das coisas apreendida subjetivamente. Dessa maneira, pelo simbólico a sociedade consegue sancionar sua Ordem e por isso mesmo, obtém a legitimação das suas estruturas, papéis sociais, normas e crenças como coisas dotadas de sentido, com razões para existir. 
Linguagem – É um dos principais veículos da tardução da realidade do plano objetivo para o plano subjetivo individual.Pela sua natureza e pela força como se apresenta ao indivíduo, a linguagem se oculta como uma convenção, ocultando também, por efeito de seu funcionamento, o caráter convencional de todas as instituições sociais. Em vista de seu funcionamento, os indivíduos não interiorizam a realidade social como sendo a única possível, a única existente e concebível.
Dessa forma, a linguagem é, para o indivíduo, a primeira experiência de sua alienação, pois funciona ocultando seu caráter de convenção social, assim como o de todas as outras instituições sociais. A aquisição da linguagem implica na interiorização das convenções sociais, modelando a conduta humana para a vida em sociedade, em um processo de materialização do mundo exterior para o mundo interior ( processo inconsciente de subjetivação da realidade).
Ideologia – Fenômeno das representações sociais que invertem e ocultam a gênese da realidade. Torna real algo que, aos olhos dos homens, independe de suas ações e atividades no mundo. A ideologia seria a inversão da realidade justamente porque, aparecendo aos homens como autônoma, a realidade ganha a aparência de uma segunda natureza, deixando de ser percebida como aquilo que é de fato: produto. É o ocultamento do processo que engendra e conserva o real, pela ideologia, que leva o homem a sacralizar sua cultura como única, inevitável e eterna. Os passos do indivíduo nas etapas de sua socialização conduzem-no a ingressar na vida em sociedade pela aceitação da Ordem Social como natural e necessária.
RESUMO
A análise de todos esses temas nos levam a refletir sobre a relação existente entre a ideologia e a cultura, pois apresenta a cultura como sempre-já a experiência da dominação da sociedadde sobre os indivíduos, vivida como natural, com base em representações simbólicas diversas. A ideologia é o que possibilita à cultura ser introjetada, assimilada, compartilhada e conservada, sem que seus padrões sejam questionados ou recusados, por não serem percebidos como construídos, particulares, relativos e históricos, mas como dados, únicos, inevitáveis, necessários e imutáveis – por meio do que se estabelece a dominação sobre os indivíduos em diversas formas.
A cultura tem sempre o componente do controle social como sua característica essencial. Juntamente a isso, estou procurando chamar a atenção para o fenômeno específico do ocultamento da dominação, pelo processo de legitimação da realidade institucionalizada, levada a efeito pela ideologia. O objetivo central da reflexão que está em curso demanda que se veja o fato da dominação em toda sua extensão.

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