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Revisitando o regime jurídico de Direito Público Luciana Gaspar Melquíades Duarte

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Revisitando o regime jurídico de Direito Público 
Luciana Gaspar Melquíades Duarte 
1 Introdução 
O Direito Administrativo é um ramo do Direito que tem como objeto de estudo o desempenho da função 
administrativa do Estado. Ocupa-se, portanto, da regulação da ação estatal, e, desta forma, desenvolve-se em 
conformidade com o modelo de Estado constituído. Nos dizeres de Schmidt-Assmann (2003, p. 51), “as 
decisões constitucionais fundamentais são, a um só tempo, os valores básicos do Direito Administrativo.”[1] 
Com efeito, o desempenho da função administrativa, enquanto uma das funções estatais, não pode dar-se de 
outra forma senão em conformidade com as opções constitucionais sobre o Estado. Por isso, pode-se asseverar 
que o Direito Administrativo constitui-se em um sub-ramo do Direito Constitucional, uma vez que as diretrizes 
maiores do modo da atuação administrativa do Estado são decorrência de suas matrizes constitucionais. 
Este artigo tem por escopo dedicar-se à problemática da definição do regime jurídico administrativo e de sua 
vinculatividade ao modo de atuar da Administração Pública. Buscará demonstrar que as normas que regem a 
atividade administrativa decorrem das opções constitucionais que caracterizam o Estado brasileiro constituído 
em 1988 e, portanto, têm natureza vinculante e status constitucional. 
Sob o paradigma teórico pós-positivista e mediante emprego da metodologia dedutiva de pesquisa, será 
sustentada a hipótese de que muitas normas integrantes do regime jurídico de Direito Público comumente 
aludidas como “princípio” possuem, na verdade, natureza de regra, uma vez que são comandos definitivos, 
que não comportam restrição. 
Para tanto, foi efetuada ampla revisão de literatura, com o estudo das principais opções constitucionais sobre 
o modelo de Estado atual e a seleção dos princípios aludidos na literatura administrativista pátria como 
regedores da função administrativa do Estado. Após este processo, demonstrou-se como e por que eles 
derivam diretamente da Constituição (BRASIL, 1988), qual seu correto conteúdo jurídico, sob o lume da 
hermenêutica constitucional, e sua caracterização normativa como regra ou princípio. Desta forma, alcançou-
se o objetivo ao qual este trabalho se propôs, qual seja, a adequada delimitação do regime jurídico de Direito 
Público e demonstração da coercibilidade plena de suas normas. 
 2 Finalidade estatal e opções constitucionais sobre o modelo de Estado brasileiro 
Pode-se identificar quatro importantes opções constitucionais determinantes do perfil do Estado brasileiro: 
por um Estado de Direito, por um Estado Democrático, por uma Federação e pela pós-socialidade, opção esta 
que sofreu maiores alterações em sua estrutura originária na Constituição de 1988 em virtude da chamada 
“reforma do Estado”. 
Certo é, portanto, que todas estas decisões constitucionais, posto que relativas à formatação do Estado, 
condicionam o exercício de todas as suas atribuições, e, portanto, também da função administrativa. 
Não é demais lembrar que a função administrativa é exercida por todos os poderes estatais, e não apenas pelo 
Executivo. Este a exerce em duas modalidades: desenvolve função administrativa de fim, que se caracteriza 
por ser o escopo próprio da ação executiva estatal, qual seja, a prestação de serviços públicos, a regulação, a 
restrição de direitos, etc.; e desempenha função administrativa de meio, caracterizada por destinar-se a dar 
suporte, a instrumentalizar as funções precípuas dos poderes constituídos. Assim, os Poderes Legislativo e 
Judiciário têm como função principal, respectivamente, a legislativa e a jurisdicional, mas exercem função 
administrativa de meio como forma de viabilizar o desempenho das primeiras. Exemplificam, portanto, 
a função administrativa de meio as atividades de contratação e gestão de pessoal, de aquisição de bens, de 
contratação de serviços, de realização de obras públicas e de gestão do patrimônio estatal. Ao conjunto dos 
órgãos públicos que atuam desempenhando função administrativa dá-se o nome de Administração Pública. 
Destaque-se, ainda, que o desempenho de toda a atividade estatal é voltado para a consecução dos direitos 
fundamentais, que ocupam a cúspide da normatividade constitucional. Desta forma, esta também é a 
destinação da atividade administrativa do Estado, ao mesmo passo em que os direitos fundamentais também 
representarão o liame da ação estatal. Por isso, com acerto, Justen Filho (2010, p. 65) definiu o Direito 
Administrativo como o “conjunto de normas jurídicas de Direito Público que disciplinam as atividades 
administrativas necessárias à realização dos direitos fundamentais e à organização e o funcionamento das 
estruturas estatais e não estatais encarregadas de seu desempenho.”[2] 
Como se vê, o fim último da realização da atividade administrativa do Estado não mais é definido pela vaga 
fórmula do “interesse público”, que, em virtude da sua elevada abstração, acabava por permitir um amplo 
espaço para manejos politiqueiros avessos aos reais interesses da coletividade. O atrelamento da atividade 
estatal aos direitos fundamentais permite seu maior controle em virtude da sua positividade e de todo o arsenal 
teórico que orienta a sua aplicação, redundando em maior segurança jurídica para os destinatários do exercício 
do poder estatal. 
De se ver que se faz imprescindível a compreensão das estruturas constitucionais do Estado para a apreensão 
do regime jurídico em que se desenvolve a sua função administrativa. Adentra-se, portanto, o seu exame para 
que, após, suceda o estudo deste regime jurídico que rende ensejo ao conjunto normativo denominado Direito 
Administrativo. 
 2.1 Estado de Direito 
O Estado de Direito consiste em um modo de organização estatal instituído após as revoluções burguesas do 
séc. XVIII em reação ao regime absolutista. Este caracterizava-se pela ausência de submissão do Estado e de 
seus representantes ao Direito, que se limitava ao regimento das relações privadas. O Monarca, detentor do 
poder estatal absolutista, era tido como um “enviado de Deus”, de maneira que a religião, associada ao Estado 
à época, cumpria o papel de legitimá-lo. 
Alheio a qualquer espécie de controle, o Monarca exercia seu poder em conformidade com suas concepções, 
com sua subjetividade. Perante a ausência de um parâmetro para a ação estatal, não se fazia possível afirmar 
a sua incorreção, de maneira que todas as condutas do Rei eram imperativas e soberanas. Frases clássicas de 
Monarcas da época demonstram a realidade que se vivia: “Eu sou a lei”; “O Estado sou eu”; “O Rei nunca 
erra” (Arruda, 1984). 
Lembre-se, ainda, que a sociedade de então era estratificada, composta por grupos de interesse bem 
delimitados: a nobreza, o clero e a plebe, integrada por camponeses, artesãos e pelos burgueses mercadores. 
Sem normas a seguir, o Monarca dispensava tratamento diferenciado a estas castas. A nobreza vivia sob o fino 
luxo dos palácios, divertindo-se em banquetes e bailes suntuosos, imune a impostos, assim como o clero. Já a 
plebe, além de excluída das festividades reais, trabalhava para custeá-las e ao restante da atuação estatal 
através da tributação. Esta variava de acordo com a ânsia e o humor do rei, o que deixava a população sob 
constante sensação de ameaça e insegurança. O mesmo sentimento existia em relação à punição, que oscilava 
entre a crueldade e a complacência, de acordo com o destinatário da pena. 
Os excessos do Monarca, o tratamento desigual dispensado às castas e a incerteza decorrente da ausência de 
previsibilidade de suas ações impingiam à sociedade uma insatisfação extrema, ambiente fértil para a 
proliferação do ideário filosófico iluminista, que visava trazer lume para aquela realidade “detrevas”. Neste 
contexto, foram lançados os alicerces do Estado Democrático de Direito por filósofos como Rousseau, Locke 
e Montesquieu, que ofereceram o alicerce doutrinário necessário para a inspiração das revoluções Francesa e 
Inglesa que culminaram com a derrocada do modelo absolutista de Estado. 
Em substituição, foi edificada a proposta teórica do Estado de Direito, que tinha por escopo submeter o Estado 
ao Direito para viabilizar seu controle. Isto apenas seria possível, nos dizeres de Montesquieu, segregando-se 
o poder estatal, de forma que o “poder” pudesse controlar o “poder”. 
A principal tarefa desta segregação seria a criação de um órgão, titular do poder estatal — Poder Legislativo, 
com a competência única de elaborar as leis que ditariam o modo de atuar do outro órgão, encarregado de 
executar as tarefas do Estado — Poder Executivo, de maneira que esta execução se desse de forma 
completamente controlada. De fato, como as leis seriam elaboradas por um órgão diferente do aplicador, este 
não poderia alterá-las de acordo com o destinatário, para prejudicá-lo ou favorecê-lo. Esta antecedência da 
norma em relação aos fatos e destinatários aos quais se aplicaria consiste na chave das duas garantias maiores 
buscadas pelo Estado de Direito: a igualdade no tratamento de todos e a previsibilidade da reação estatal, 
chamada segurança jurídica. Por isso, o Estado de Direito é conhecido como o que permite o “governo das 
leis, e não dos homens”: a legalidade, bem como sua propulsora separação de poderes, constituem pilares 
elementares desta proposta de Estado. A legalidade manifesta-se em todas as searas da atuação estatal: 
administrativa, tributária e penal. 
Caso surgisse dúvida acerca da correta aplicação das leis pelo Poder Executivo, seria necessária a existência 
de um terceiro poder, alheio aos dois primeiros, para julgar o conflito; daí a criação do Poder Judiciário, que 
completa a estrutura tripartite do poder estatal uno, tal como vigente na maioria dos países ocidentais. 
Seria imprescindível, ainda, a existência de um documento superior às leis elaboradas pelo órgão legiferante, 
que instituísse esta separação dos poderes estatais. Com efeito, caso esta segregação ficasse ao encargo mesmo 
do Poder Legislativo, seria possível a elaboração de uma lei que a extinguisse e que voltasse a concentrar os 
poderes públicos, o que implicaria a autofagia do sistema. Esta, a razão de ser da Constituição, elemento 
constitutivo do Estado de Direito. Ademais, tal documento teria a função de disciplinar e impor limites à 
atuação de todos os poderes estatais; por isso, a materialidade constitucional das normas organizadoras dos 
Poderes e dos direitos fundamentais, quarta “pedra de toque” deste modelo de Estado. Com efeito, os direitos 
fundamentais caracterizam-se por limitar e orientar a ação estatal: ao mesmo passo que impedem a violação 
de seu núcleo, dizem quais valores devem ser protegidos e realizados pelo Estado. 
Apresentam-se, portanto, como elementos essenciais para a caracterização de um Estado de Direito a 
separação dos poderes públicos, a atuação conforme as leis, a existência de uma Constituição e de direitos 
fundamentais nela consagrados, elementos estes que, juntos, cumprem o papel de viabilizar os dois 
importantes misteres deste modelo de Estado: a igualdade e a segurança jurídica. 
 2.2 Estado Democrático 
Para legitimar este Estado, seria necessário que a Constituição — que delimita o modo de atuar dos seus 
Poderes e os valores fundamentais a serem perseguidos por eles, bem como as leis — que orientam a ação 
executiva estatal, veiculassem ditames consentâneos à vontade do povo. O mecanismo de extração desta 
vontade, diante da inviabilidade de manifestação direta de todos, foi logrado com a representatividade, 
a eletividade, a periodicidade, a responsabilidade e o princípio majoritário. A representatividade implicava a 
escolha de representantes a serem eleitos pelo povo para expor sua vontade em seu nome. Estes representantes 
recebem, portanto, um mandato para participar do processo de elaboração das leis por um determinado 
período, após o qual haveria a necessidade de nova manifestação popular que avalizasse o trabalho feito até 
então e, assim, prorrogasse o mandato, ou deixasse de fazê-lo diante da insatisfação com a representatividade 
exercida pelo seu titular no período dado. Caso os representantes pratiquem atos, no exercício de seu mandato, 
em proveito próprio e não do povo representado, será possível responsabilizá-los pelo desvio de sua atuação. 
Entre os representantes do povo ocorre, decerto, divergência de concepção acerca de qual é, de fato, sua 
vontade. Portanto, ela é definida como o resultado da vontade da maioria dos representantes eleitos. 
Certo é, porém, que esta necessária definição da vontade do povo como a vontade manifestada pela maioria 
de seus representantes implica em desvios nesta correspondência (desvios estes que, como se vê, são inerentes 
à democracia representativa, constituindo em um de seus paradoxos). Desta forma, surgiu a necessidade de 
aprimorar o modelo democrático puramente representativo, o que vem sendo levado a cabo, recentemente, 
através dos mecanismos da democracia participativa, que preconiza a manifestação da vontade popular 
diretamente no processo decisório do Estado com o escopo de aproximar as decisões do ideal da 
correspondência à vontade do povo. Diversos mecanismos vêm sendo instituídos com o propósito de viabilizar 
a manifestação direta dos cidadãos diante do Estado, como as audiências públicas, as consultas públicas, o 
orçamento participativo e a própria institucionalização do processo administrativo, canal constantemente 
aberto à recepção das petições populares. Portanto, a democracia participativa ladeia a proposta representativa 
no processo de legitimação da ação estatal. 
 2.3 Estado Federal 
Outra importante opção constitucional que condiciona a estrutura e o modo de agir da Administração Pública 
consiste na Federação. O federalismo implica a repartição de competências próprias do Estado-Nação entre 
diversas entidades criadas pela Constituição para desempenhá-las com autonomia, porém, mediante um 
vínculo que se propõe indissolúvel. A autonomia para o exercício das competências recebidas coloca as 
entidades federadas em condição de igualdade política, caracterizada pela ausência de hierarquia entre elas. 
A Constituição de 1988 inovou em relação ao modelo federativo clássico de dois níveis, que implica a 
existência de uma entidade federativa central, com competências de âmbito nacional, e de entidades 
federativas com atribuições de repercussão regional, chamadas Estados-membros. A novidade brasileira 
consiste na criação de um terceiro nível federativo composto pelos municípios, que recebem tarefas de 
implicação local. Para um país de amplas dimensões como o Brasil, a proposta é de extrema importância para 
a realização democrática, porque facilita o processo de acepção da vontade do povo, bem como o controle 
popular sobre as ações estatais. 
Para o real sucesso, porém, da proposta federativa, imperativo se faz o bom funcionamento do modelo. Esta, 
a grande dificuldade da realidade brasileira. A origem endógena do federalismo brasileiro (em contraposição 
à exogenia do federalismo clássico norte-americano, em que as treze colônias decidiram abrir mão de parte de 
sua soberania para formar inicialmente, uma Confederação e, após, uma Federação), em que o Governo central 
optou por fracionar suas responsabilidades entre os Estados-membros que criou, caracteriza uma delegação 
de competências ainda muito tímida e uma forte concentração de poder na União. Isso faz com que o ideal 
democrático a ser realizado pelo mecanismo federativo remanesça deficitárioe ainda carente de concretização. 
 2.4 Estado Pós-Social 
A outra opção constitucional que determina o modo de atuação estatal, inclusive o exercício da sua função 
administrativa, é a opção pela socialidade do Estado. 
O Estado de Direito nasceu em berços liberais, que se caracterizava pela outorga de poucas responsabilidades 
ao Estado no campo social. Por muito tempo, definiu-se o Estado Liberal como aquele que preconizava sua 
pouca ingerência na vida da sociedade, que lhe impunha abstenções e não tarefas positivas. Esta concepção 
foi descortinada como inverídica desde o início da década de 1990, com os estudos de Holmes e Sustein, que 
desvendaram que os chamados “direitos negativos”, supostamente autorizadores ao indivíduo de exigir uma 
omissão do Estado, também lhe impõem deveres de ação positiva. Analise-se, para tanto, os direitos à 
liberdade e à propriedade, classicamente conhecidos como “negativos”. Dizia-se, até então, que sua 
caracterização como direitos liberais impedia uma agressão do Estado aos mesmos, mas não lhe impunha o 
dever de promovê-los. Ocorre que, para tutelá-los, o Estado erige estruturas próprias, como a Magistratura e 
as Corporações de Polícia, e fica encarregado de geri-las, prover seus quadros, repassar-lhes orçamento... Tudo 
isto caracteriza uma atuação estatal positiva que vem a servir, entre outros, também aos direitos à propriedade 
e à liberdade. Portanto, é certo que o Estado Liberal sempre possuiu tarefas positivas; acredita-se que a 
divulgação da ideia da abstenção encontra-se a serviço da dissimulação dos valores que o Estado, na verdade, 
tutelava. 
Certo é, porém, que a pouca atuação pública no campo social durante o período liberal conduziu a sociedade 
a uma situação de insustentável miserabilidade das massas. A burguesia emergente, que acabara de assumir o 
poder em substituição à Monarquia absolutista, preparou o Estado para servir a seus interesses, preconizando, 
como acima demonstrado, a defesa da propriedade e a ausência de ingerência pública nas relações de trabalho 
e de comércio. Assim, foi-lhe possível, com facilidade, a promoção da revolução industrial; a produção foi 
alavancada pela grande exploração do proletariado: as jornadas de trabalho assumiam de 16 a 20 horas, o 
alimento dos trabalhadores era escasso e de má qualidade nutricional, os parcos salários não eram capazes de 
custear educação, residências dignas, tampouco quaisquer tratamentos de saúde que, com frequência, faziam-
se necessários devido às péssimas condições de vida experimentadas pelos trabalhadores. 
Esta situação de penúria do proletariado propiciou um campo fértil para a divulgação de ideias revolucionárias 
como as marxistas, que demonstraram ser a propriedade privada dos meios de produção e a mais-valia 
(diferença entre a riqueza que o trabalho do operário produz e a que ele recebe sob a forma de salário) a origem 
de toda a injustiça social. Assim, as ideias marxistas inspiraram movimentos revolucionários como o 
bolchevique, que culminou com a implantação do socialismo na então União Soviética, representado pela 
estatização dos meios de produção, a remuneração igualitária do trabalho de todos pelo Estado e a prestação, 
por ele, de serviços públicos essenciais, como saúde e educação, a toda a população. 
Temendo o avanço de tais ideias pelo Ocidente, os capitalistas da época reformularam o modo de atuação 
estatal na vida da sociedade. Colhendo o ensejo das crises econômicas da década de 1920, os burgueses 
preferiram fazer concessões ao proletariado que acalmassem seus ânimos revolucionários a manter o regime de 
exploração extrema que ensejaria, certamente, a perda integral de sua propriedade privada, tal como ocorrera 
no Oriente. Assim, surgiu o Estado Capitalista Social, que prestava serviços essenciais ao proletariado, 
protegia direitos mínimos nas relações trabalhistas, mas mantinha “a galinha dos ovos de ouro” em mãos 
burguesas. 
As aludidas “concessões” consistiam na assunção da responsabilidade, pelo Estado, de prestar serviços 
considerados essenciais para a dignidade humana, como a saúde e a educação. Sua prestação pública, ao 
mesmo tempo, garantiria maior presença do ente público na economia, o que contribuiria para a geração de 
emprego e a superação da crise econômica. Institucionalizaram-se, assim, os direitos sociais, que impunham 
ao Estado intervenção em setores da vida social (trabalho, educação, saúde, moradia, previdência, etc.) em 
relação aos quais ele, antes, se mantinha afastado. 
Para tanto, porém, foi necessário o aumento da arrecadação tributária, que custearia a prestação dos serviços 
outros ora de responsabilidade do ente público, bem como a expansão da máquina pública. Este processo de 
crescimento do Estado, porém, desenvolveu-se até o ponto em que a gestão pública tornou-se extremamente 
dificultosa. A qualidade dos serviços público caiu, ao mesmo tempo que a carga tributária que os sustentava 
aumentou. 
No final da década de 1980, assistiu-se, ainda, à queda do Muro de Berlim, simbolizando para todo o mundo 
a derrocada do regime soviético e fim da ameaça socialista. Os capitalistas ocidentais rapidamente entenderam 
pela desnecessidade de oferecerem continuidade a um regime intenso de proteção ao proletariado, e, então, 
ganhou força a proposta neoliberal, que preconiza a retirada do Estado da prestação direta de serviços públicos 
para que a iniciativa privada pudesse fazê-lo. O ente público reservar-se-ia, desta forma, às tarefas de 
regulamentação e fiscalização da prestação de tais serviços. 
Nas mãos de empresas privadas que atuam no mercado com o legítimo interesse de lucro, os serviços públicos 
acabam ficando mais onerosos para os usuários, o que dificulta o acesso a eles por parte da população mais 
carente, que acaba ficando, então, mais marginalizada, posto que desprovida de serviços essenciais para a 
dignidade humana. 
 3 Regime jurídico de Direito Público 
3.1 A normatividade dos princípios e a definição do regime jurídico de Direito Público 
Um regime jurídico consiste no conjunto de normas que condicionam a realização de determinadas atividades. 
No paradigma pós-positivista da teoria do Direito, consideram-se normas as regras e os princípios. Estes são 
caracterizados como mandados de otimização a serem implementados em conformidade com as possibilidades 
fáticas e jurídicas de cada oportunidade. São, portanto, comandos normativos que podem ser aplicados 
gradualmente e são dotados, normalmente, de grande generalidade e abstração, possuindo elevado conteúdo 
axiológico. Já as regras contêm prescrições definitivas e apenas podem ser, caso válidas, implementadas 
integralmente, salvo se forem dotadas de alguma cláusula de exceção. Ao oposto dos princípios, as regras 
destinam-se à regência de situações mais concretas e consistem, não raro, em densificação do conteúdo 
normativo de princípios, dos quais extraem sua racionalidade. 
O conhecimento, portanto, de um regime jurídico depende do acesso aos princípios que o embasam, dos quais 
derivam regras outras. Desta forma, o estudo do regime jurídico de Direito Público, especificamente no que 
tange ao desempenho da função administrativa do Estado, depende da compreensão dos princípios que o 
orientam. 
Porém, como será demonstrado, muitas normas veiculadas corriqueiramente como princípios vetores do 
ordenamento jurídico-público consistem, na verdade, em normas-regra, uma vez que não admitem 
implementação gradual, mas apenas na sua integralidade. A derivação, contudo, das opções constitucionais 
acima aludidas coloca-as, porém, na qualidade de plenamente vinculantes, como é próprio do novo 
constitucionalismo. 
 
3.2 Princípios decorrentes da cláusula do Estado de Direito 
3.2.1 Princípioda legalidade/juridicidade 
O conteúdo jurídico do princípio da legalidade chega a confundir-se com o próprio teor deôntico do Estado 
de Direito, uma vez que propõe a atuação estatal não mais arbitrária e subjetiva, como sucedia no Estado 
absolutista, mas integralmente vinculada às prescrições jurídicas. Na primeira versão do Estado de Direito, a 
liberal, elas se resumiam às versadas nas leis, já que a Constituição, destinada a instituir um Estado “pequeno”, 
não possuía normas de atuação estatal, mas apenas normas organizacionais. Assim, a tarefa de reger a atividade 
pública era reservada às leis, que o faziam sob o paradigma positivista. Desta forma, no Estado de Direito 
Liberal, concebia-se que ele apenas poderia atuar quando houvesse previsão legal de sua conduta, e deveria 
agir sempre em homenagem à literalidade da lei. Vigorou, neste período, noção de “legalidade estrita” ou de 
“legalidade positiva”. Esta concepção sobre a legalidade era viável já que a liberalidade exigia pouca atuação 
estatal, de feita que se fazia viável a previsão legal de todas as ações administrativas. 
Isto, porém, deixou de ocorrer quando emergiu o Estado de Direito Social. Preconizando a intervenção estatal 
em diversas searas, a socialidade multiplicou as formas de atuação da entidade pública, o que implicou a 
incapacidade do Poder Legislativo de produzir normas suficientes para sua regência. Diante da ausência de 
leis que determinassem o agir estatal e mediante a necessidade de atuação do ente público para atender aos 
comandos constitucionais sociais, a Administração Pública passou a agir com embasamento imediato na 
Constituição ou passou a produzir, ela mesma, normas que orientassem sua conduta. Estes dois fenômenos, 
respectivamente, da normatividade constitucional e da edição de atos normativos pela Administração Pública, 
implicaram um terceiro denominado deslegalização, caracterizado pela atuação administrativa calcada não 
mais unicamente nas leis, mas no ordenamento jurídico como um todo, considerando sua organização 
escalonada. Assim, o conteúdo jurídico do princípio da legalidade transmutou-se da vinculatividade da 
entidade pública à lei para a sua vinculação ao Direito, ou seja, às normas constitucionais, às leis e aos atos 
administrativos normativos, a serem, todos, aplicados após um juízo hermenêutico que permita a aferição do 
comando deôntico incidente no caso concreto. Para indicar esta mudança no conteúdo jurídico do princípio da 
legalidade, passou-se a utilizar nova nomenclatura para a ele aludir, qual seja, princípio da juridicidade. 
Dentro desta concepção, entretanto, não é permitido à Administração Pública agir restritivamente à revelia da 
previsão legal de sua conduta. A atuação positiva do Estado pode se dar com fulcro direto na Constituição e 
mediante observância dos atos administrativos normativos emanados da própria Administração Pública; a 
atuação negativa, porém, apenas pode ter lugar quando a lei autorizar, nos termos do inciso II do art. 5º da 
Constituição (BRASIL, 1988), que reza que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em 
virtude de lei”. Sob a égide do novo constitucionalismo, todavia, a lei não mais será, como já se disse, a letra 
última do comando normativo; antes, ela deverá ser interpretada sob o lume constitucional e, se considerada 
válida, estará apta a vincular o agir público. 
Ressalte-se, ademais, que não é reservado ao Estado o arbítrio entre vincular-se a este dever de observância 
do Direito ou agir subjetivamente; a atuação gizada pelas normas é determinante e inafastável. Desta forma, 
este parâmetro de dever-ser enquadra-se propriamente na categoria normativa das regras, e não dos princípios, 
que admitiria sua concreção gradual. Não se admite, num Estado de Direito, qualquer atuação estatal à margem 
das prescrições jurídicas, assim concebidas como o resultado da interpretação do ordenamento jurídico como 
um todo harmônico e hierarquizado. De toda sorte, a norma em questão está umbilicalmente ligada ao Estado 
de Direito, de maneira que toda Constituição que o acolhe como pilar da estrutura pública pressupõe a atuação 
estatal mediante a obediência ao Direito. 
 
3.2.2 Princípio da proporcionalidade 
Destinada à solução do conflito entre princípios, a técnica da proporcionalidade implica a adoção de 
procedimentos aptos a verificar qual deve prevalecer no caso concreto e, portanto, a concluir qual a 
prescrição jurídica que o norteia. Caracteriza-se por possuir três momentos de aplicação, a saber, a adequação, 
a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito. Incidirá sempre para orientar uma atuação restritivista 
de direitos da Administração Pública, que, como é sabido, apenas pode atuar negativamente na esfera 
individual para a promoção de algum outro valor ou princípio. Assim, a técnica da proporcionalidade exigirá 
o exame da adequação da restrição para a promoção dos fins indicados; a necessidade de seu emprego para o 
alcance deste escopo, ou seja, a inviabilidade de seu alcance por vias menos gravosas, e por fim, a 
vantajosidade da medida diante do valor a sofrer restrição. 
A despeito de ser aludida na obra de Alexy (2002, p. 111) como princípio, a proporcionalidade enquadra-se 
na categoria normativa de postulado (ÁVILA, 2004, p. 88), consistente em uma norma que orienta a aplicação 
de outras. Portanto, implicando a adequada aferição do dever-ser, a proporcionalidade consiste em um 
instrumento de aplicação do Direito, e, por isso, em um elemento importante do Estado de Direito pós-
positivista. 
 
3.2.3 Princípio da presunção da legitimidade dos atos administrativos e princípio da autoexecutoriedade 
O princípio em questão veicula a presunção de que os atos administrativos foram produzidos em conformidade 
com o ordenamento jurídico e que, por isso, são presumidamente válidos e legítimos. Deriva, pois, da regra 
da juridicidade, e, desta forma, da cláusula constitucional do Estado de Direito. 
Anote-se que seu conteúdo não implica a impossibilidade de que atos administrativos suspeitos de violação 
ao Direito sejam questionados; ao contrário, a presunção por ele veiculada é relativa e possibilita a concreção 
de outro aspecto do Estado de Direito: a aferição, em juízo, dos atos estatais, corolário da separação de poderes 
que milita como pedra angular deste modelo de Estado. Portanto, resulta clara a derivação da norma em 
questão do Estado de Direito. Registre-se, por fim, que a relatividade da presunção nela veiculada vem ao 
encontro da sua natureza principiológica, já que pressupõe sua concreção gradual, como é próprio da norma-
princípio. 
O princípio da autoexecutoriedade, por sua vez, decorre imediatamente do princípio da presunção de 
legitimidade dos atos administrativos, uma vez que sua pressuposta correção autoriza sua pronta execução. 
Assim, de maneira mediata, o princípio da autoexecutoriedade deriva também da opção constitucional por um 
Estado de Direito. 
Comprova o alegado o aludido princípio da separação de poderes, que pressupõe que o Poder Legislativo edite 
as leis que serão aplicadas pelo Poder Executivo em seus atos, a serem controlados pelo Poder Judiciário. 
Cumpre, portanto, à Administração Pública, num sistema de Governo em que os Poderes são tripartidos, 
apenas a concreção, ou seja, a execução dos preceitos legais. 
Em algumas hipóteses, porém, a Administração Pública possui limites à autoexecução de seus atos; para 
ultimá-los, é preciso, quando a lei assim exige, o recurso ao Judiciário, como ocorre na atividade tributária, 
em que, a despeito de possuir a legitimidade para efetuar o lançamento e a cobrança administrativa do tributo, 
não pode ela proceder a sua execução forçada. Infere-se, pois, que a norma em cotejotambém contempla 
concreção gradual, harmonizando-se, assim, com a natureza principiológica que lhe é comumente atribuída. 
 
3.2.4 Princípio da segurança jurídica e princípio da proteção à confiança 
A segurança jurídica figura como um preceito que visa resguardar a previsibilidade das ações estatais, escopo 
este alcançado pela vinculação do Poder Público ao Direito. De fato, ao conhecer a consequência jurídica para 
determinada conduta, o indivíduo escolhe livremente entre praticar um ato e sujeitar-se à reação estatal 
prescrita pelo Direito ou não praticá-lo e não se subordinar a tal consequência. É, portanto, a vinculação do 
Estado ao Direito o fator garantidor da segurança jurídica, que, como já foi dito, é uma das principais metas 
deste modelo de Estado. 
Ao Poder Público cumpre, outrossim, neste modelo de Estado constituído, a preservação desta segurança que 
nasce para os indivíduos. Se eles, considerando o dever estatal de agir em conformidade com o Direito, 
confiam que esta prescrição é cumprida e adotam comportamentos considerando isto, deve o Estado proteger 
sua situação jurídica, preservando-lhes a validade. Este, o teor deôntico do princípio da proteção à confiança, 
que, sendo uma derivação do princípio da segurança jurídica, também resulta mediatamente da cláusula do 
Estado de Direito. Ambos enquadram-se, de fato, na categoria normativa de princípio, uma vez que admitem 
concreção gradual, posto que podem ser ponderados com outros princípios e superados por eles num caso 
concreto sem, com isso, perder a validade. É o que ocorre, verbi gratia, quando da sua colisão com os 
princípios da presunção da legalidade nos casos de conduta do administrado avessa aos preceitos legais porém 
atestada como válida pela Administração Pública. Caso a inobservância da disposição legal implique em 
sacrifício de bem jurídico de maior peso que a segurança jurídica e a proteção à confiança, poderão estes 
últimos ser mitigados mediante a retificação do ato pela Administração Pública (desempenho da competência 
de autotutela discorrida no item subsequente), no caso concreto, para que outros prevaleçam. Isto não 
implicará, contudo, a ausência de normatividade de ambos, que poderão prevalecer em outra hipótese concreta, 
como é próprio das normas-princípio. 
 
3.2.5 Princípio da autotutela 
O princípio em questão determina a constante revisão dos atos administrativos e sua correção, caso os mesmos 
deixem de se apresentar conformes ao Direito ou ao interesse público. Sua adequação pode ser levada a efeito 
pela própria Administração Pública ou, no caso da conformação ao Direito, também pelo Judiciário. Resulta 
do próprio dever público de atuação em conformidade com o ordenamento jurídico, cumprindo ao Estado 
prontamente corrigir seus atos caso deixe de observar esta determinação. De ver-se, pois, que também o 
princípio em cotejo deriva da opção constitucional por um Estado de Direito. 
No que tange à conformação dos atos estatais ao Direito, esta tarefa poderá admitir efeitos retroativos, salvo 
se eles afrontarem o princípio da segurança jurídica ou outros como o da proteção à confiança, o da boa-fé e 
o da presunção de legitimidade dos atos administrativos desproporcionalmente, conforme discutido no item 
anterior. Nestas oportunidades, a correção poderá ter efeitos meramente ex nunc ou até mesmo deixar de ser 
efetuada. Daí se extrai, outrossim, a possibilidade de concreção gradual da norma em questão e sua 
consequente afinidade com a categoria de princípio. 
A adequação do ato ao interesse público deve ser compreendida como uma das facetas da conformidade com 
o Direito, já que, como será dito adiante, a atuação de um Estado Democrático também se encontra vinculada 
a ele. 
 
3.3 Princípios decorrentes da cláusula do Estado Democrático 
3.3.1 Princípio da persecução do interesse público 
Hodiernamente, a doutrina administrativista superou a vagueza do conceito de interesse público e densificou-
o no de direitos fundamentais, afirmando serem eles a razão última de toda ação estatal. Assim, o suposto 
princípio da supremacia do interesse público sobre o privado teve suas bases teórico-metodológicas fatalmente 
abaladas. 
Com efeito, os direitos fundamentais são inerentes à pessoa do homem, o que fez ruir o equivocado 
entendimento de que o interesse público seria antagônico ao interesse individual e com ele conflitaria sempre. 
No que diz respeito àqueles direitos fundamentais difusos, que não possibilitam a delimitação da esfera 
individual dos atingidos ou imediatamente beneficiados, poderia perseverar alguma conflituosidade com o 
interesse individual, mas, ainda assim, não persiste a ideia de superioridade absoluta do primeiro, como fazia 
crer o superado princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. A noção de que o interesse 
público confunde-se com os direitos fundamentais trouxe para o Direito Administrativo a necessidade de se 
proceder à ponderação entre os interesses colidentes antes da conclusão sobre qual seria a conduta 
administrativa que o tutelaria. Isto desconstruiu a suposta validade da noção de supremacia apriorística do 
interesse público sobre o privado, uma vez que exigiu o emprego da técnica da proporcionalidade a todo 
momento em que o conflito tornasse inviável a concreção de todos os interesses ou direitos colidentes. 
Certo é, porém, que ao Estado apenas é legítimo agir em defesa do interesse público, de forma que, se não se 
pode mais falar em princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, cumpre ao Estado, sempre, 
a tutela do interesse público. Afirma-se, então, que o Estado deve agir perseguindo o interesse público, que 
não pode dele dispor. Esta, a proposta de atuação estatal válida num Estado Democrático. Com efeito, apenas 
pode ser considerada legítima a ação estatal que se coloque a serviço do povo, como se espera numa 
democracia. Neste aspecto, pode-se falar que a persecução do interesse público jamais pode ser olvidada, o 
que transforma a norma que a determina numa regra. 
 
3.3.2 Princípio da impessoalidade 
De igual forma, a proposta estatal democrática embarga quaisquer ações voltadas para o alcance ou o embaraço 
de interesses individuais descoincidentes com os direitos fundamentais; antes, todos devem ser tratados da 
mesma maneira, sendo este, inclusive, o propósito da atuação estatal em conformidade com a lei. Esta, ao ser 
dotada de generalidade e abstração, e sendo elaborada anteriormente à sua incidência para um determinado 
destinatário, garante que, quem quer que seja ele, a reação estatal a sua conduta será a mesma, qual seja, a 
prescrita na lei. Assim, ela não permitirá tratamentos diferenciados daqueles que se encontrarem em idêntica 
situação jurídica. Percebe-se, pois, que o princípio da impessoalidade confunde-se com a própria ideia de 
igualdade, um dos alicerces da democracia. 
Ressalte-se, porém, que o princípio da igualdade, e, assim, também o da impessoalidade, não impede todos os 
tratamentos diferenciados por parte do Estado. Antes, considera que a distinção é possível, desde que tenha 
por escopo a promoção da igualdade material. Para tanto, exige a análise da pertinência do critério de 
discrímen eleito ao fim que se deseja alcançar com o tratamento diferenciado de indivíduos e a 
constitucionalidade deste fim. O que resta embargado pela norma em questão é, tão somente, a distinção 
fulcrada em aspectos subjetivos do destinatário quando do tratamento específico por parte da entidade pública. 
Lado outro, o princípio da impessoalidade exige que os agentes públicos atuem, no exercício de suas funções, 
despidos de seus interesses pessoais, mas movidos unicamente pelo interesse público que devem perseguir. 
Assim, a impessoalidadeimpõe a despersonificação do Estado, identificando-o como o modelo democrático. 
Tais mandamentos extraídos da norma em questão revelam-se absolutamente vinculantes num Estado 
Democrático, que não admite quaisquer ações para beneficiar ou prejudicar membros específicos da 
comunidade política, nem admite o exercício da função pública com propósitos pessoais. Caracteriza-se, 
portanto, como uma regra jurídica, a despeito de sua corriqueira alusão como “princípio da impessoalidade”. 
 
3.3.3 Princípio da moralidade 
Fruto da superação do divórcio entre o Direito e a Moral, o princípio da moralidade incorpora a ética social 
no agir administrativo, exigindo a sua observância pelo Estado no exercício da função administrativa. É 
princípio caro à Constituição (BRASIL, 1988), que prescreveu, a despeito da ausência da materialidade 
constitucional deste preceito, sanções severas para o seu descumprimento (perda do cargo ou função pública, 
suspensão dos direitos políticos, ressarcimento ao erário, indisponibilidade dos bens). Tratou, ainda, a 
Constituição em questão, de disponibilizar diversos instrumentos de coerção à sua obediência, como a ação 
popular, a improbidade administrativa e a ação civil pública. 
Ao impor o agir administrativo do Estado de maneira afim à moral da sociedade destinatária das ações 
públicas, a norma em questão demonstra sua natureza democrática, bem como, ao não admitir sopesamento, 
denota sua qualificação como regra. 
 
3.3.4 Princípio da motivação 
O princípio da motivação vem exigir que todos os atos administrativos sejam acompanhados das razões de 
fato que conduziram à sua prática, bem como da fundamentação jurídica que lhe confere juridicidade. Desta 
maneira, faz-se viável o controle popular sobre aludidos atos, ou seja, pode o povo verificar se as ações 
praticadas em seu nome estão em conformidade com a sua vontade, como se propõe num Estado Democrático. 
Portanto, o princípio em questão encontra-se umbilicalmente ligado a este modelo de Estado. 
Já se cogitou se os atos administrativos discricionários estariam dispensados da motivação, uma vez que 
haveria suposta liberdade do agente público para tomar suas decisões; lado outro, já se discutiu o oposto: se 
os atos administrativos vinculados poderiam deixar de ser motivados, já que a vinculação à lei seria imediata. 
Em ambas as oportunidades, restou superada a discussão no sentido de que todas as espécies de atos 
administrativos careceriam de motivação, uma vez que apenas a demonstração de todos os pressupostos de 
fato e de Direito que implicaram a sua prática permitiriam a sua plena sindicabilidade. Resultou, desta forma, 
caracterizada a norma em cotejo como regra, a despeito de sua comum alusão como princípio, assim como 
ocorre com outras já aludidas neste artigo. 
A motivação deve ser explicitada com fulcro na teoria da argumentação jurídica, que propõe a racionalidade 
do discurso, exigindo argumentos que permitam a aferição da correção dos fundamentos apresentados. Desta 
feita, faz-se possível o controle objetivo dos atos administrativos, como reza a proposta democrática. 
 
3.3.5 Princípio da publicidade 
O conteúdo jurídico do princípio da publicidade admite três espectros diferentes e complementares: a 
exigência da disponibilização de todos os atos, processos e documentos públicos para o acesso ao público; a 
orientação para que a Administração Pública divulgue, publique os seus atos e necessidade de que ela, sempre 
que for solicitado, reduza a termo determinada informação que lhe é disponível, tornando-a de titularidade 
também do particular, através de uma certidão. 
Desta forma, o Estado alcança o propósito da transparência, também imediatamente decorrente da proposta 
democrática, uma vez que se faz instrumento inafastável para viabilizar o já aludido controle, ou seja, a 
aferição por parte do povo, verdadeiro titular do Poder, daquilo que está sendo feito em sua representação. 
Esta norma que determina a publicidade dos atos administrativos, porém, pode vir a colidir com outras, como 
as que albergam a privacidade ou a segurança pública, e, assim, sofrer parcial restrição em determinadas 
oportunidades, o que revela sua plena adequação ao conceito de princípio. 
No ordenamento constitucional vigente, que fez clara opção por uma república democrática, o princípio em 
apreço materializa-se em diversas garantias constitucionais, como o habeas data, a ser impetrado diante da 
negativa pela Administração Pública a proceder a determinada certificação solicitada legitimamente pelo 
indivíduo, e o direito à certidão, que lhe antecede. 
 
3.4 Princípios decorrentes da cláusula do Estado Pós-Social 
3.4.1 Princípio da eficiência 
Conhecido anteriormente na doutrina como o princípio da “boa administração”, o princípio da eficiência foi 
inserido no caput do art. 37 da Constituição (BRASIL, 1988) com o propósito de militar como fundamento 
ideológico para o Estado Neoliberal que se implantou pelas diversas emendas constitucionais que alteraram a 
faceta social do Estado brasileiro constituído em 1988. 
O Governo Federal do período de 1995 a 2002, gizado pela tendência ideológica neoliberal, procurou 
desenvolver transformações no aparato estatal que reduzissem o seu tamanho e que permitissem maior espaço 
para a atuação privada. Para tanto, procedeu à privatização de várias empresas estatais e desenvolveu diversos 
mecanismos (muitos mediante aprovação de diplomas legais que os contemplassem) de desenvolvimento de 
tarefas públicas pelo setor privado, como a terceirização, a concessão e permissão de serviços públicos, o 
fomento à atuação do terceiro setor, etc. Justificava suas medidas com as afirmações da pesada carga tributária 
que incidia sobre a população brasileira com o escopo de financiar a prestação direta de serviços públicos pelo 
Estado e com a ineficiência que matizava tais serviços. Neste contexto, a positivação do princípio da eficiência 
viria sustentar os argumentos trazidos a lume pela gestão pública da época: seria preciso diminuir a intervenção 
do Estado na sociedade para que, quando ele o fizesse, que fosse com maior eficiência. 
Com as medidas levadas a cabo, porém, com o propósito de implantação do neoliberalismo, assistiu-se ao 
surgimento de dois paradoxos. Os agentes privados, quando prestam serviços públicos remunerados, fazem-
no com o propósito de auferir lucro, e não eivados dos motes que fundamentam o agir público. Já aquelas 
pessoas jurídicas de direito privado que desempenham tarefas públicas com o escopo altruístico recebem 
fomento público e terminam por gerir recursos públicos no regime jurídico privatístico. Desta forma, percebe-
se que as incursões neoliberais terminam por suplantar a eficiência do agir público, ao revés do que se divulga 
no discurso oficial. Na doutrina, aponta-se a eficiência como um princípio próprio da socialidade do Estado 
(GABARDO, 2003), já que pressupõe a prestação ótima dos serviços públicos, e não do neoliberalismo. 
Portanto, a norma em questão, uma vez positivada, há que sofrer interpretação conforme a Constituição; 
resulta, assim, como seu conteúdo jurídico, o preceito de que o Estado deve ser eficiente na consecução de 
seus fins, quais sejam, a promoção e a defesa dos direitos fundamentais. Deste conteúdo deôntico extraem-se 
outros, mais específicos, como será visto adiante. Registra-se, por fim, que a norma em questão guarda, de 
fato, a natureza jurídica de princípio que lhe é rotineiramente atribuída, uma vez que admite ponderação com 
outras normas, podendo vir a ceder para elas em determinado caso concreto. 
 
3.4.2 Princípio da especialidade e princípio da hierarquia 
O princípio da especialidade orienta pela criação de órgãos e entidades com atribuições especializadasentre 
as competências administrativas da entidade federativa a que pertencerem, com o propósito de que, agindo 
especializadamente, possam desempenhar melhor suas tarefas. Por isso, o princípio em questão reputa-se em 
derivação imediata do princípio da eficiência. Ao fenômeno da criação de órgãos com tarefas especializadas 
dá-se o nome de desconcentração, ao passo que a criação de entidades com finalidades especiais nomina-
se descentralização. 
Já o princípio da hierarquia determina a organização piramidal da Administração Pública, de modo que os 
órgãos com competências mais específicas situem-se nos escalões inferiores e sejam controlados pelos 
superiores com atribuições cada vez mais gerais e de comando. Esta proposta, assim como a da especialização 
das funções, tem por escopo o alcance de maior eficiência na condução das atividades administrativas e 
considera-se, outrossim, desdobramento da norma que a prescreve. Por consequência, da mesma maneira 
como ocorre com o princípio da especialidade, deriva mediatamente do princípio constitucional da pós-
socialidade do Estado. Ambas admitem a natureza de norma-princípio, posto que são passíveis de ponderação 
e mitigação em determinadas oportunidades sem que isto implique a perda da sua validade jurídica. 
 
3.4.3 Princípio da continuidade do serviço público 
O princípio em questão determina a prestação contínua dos serviços públicos, que, por sua vez, são 
instrumentos da promoção e da defesa dos direitos fundamentais. A permanência e impossibilidade de 
supressão destes últimos fundamenta a necessidade de sua prestação ininterrupta, conforme se extrai da norma 
em apreço. 
É certo que os direitos fundamentais não são absolutos; antes, eles admitem restrição, uma vez que possuem 
uma conflituosidade imanente. Desta forma, também este preceito normativo que contempla a determinação 
de sua implementação não opera um comando definitivo de dever-ser, admitindo, pois, concreção gradual, o 
confirma sua natureza jurídica de norma-princípio. É o que se verifica, por exemplo, nas oportunidades de 
greve no serviço público, em que a defesa dos direitos fundamentais sociais inerentes ao trabalho dos agentes 
públicos autoriza a restrição parcial dos direitos fundamentais satisfeitos pela prestação do serviço público. 
 
4 Conclusão 
A derivação constitucional das normas que integram o regime jurídico de Direito Público impinge-lhes a 
inafastável natureza coercitiva, como é próprio dos preceitos constitucionais no novo constitucionalismo. 
Diante das opções constitucionais por um Estado de Direito, não há que se questionar a vinculação da 
Administração Pública brasileira a uma atuação conforme ao Direito, proporcional, cujos atos gozem de uma 
presunção relativa de legitimidade e sejam autoexecutórios. Não há que se negar, outrossim, o seu poder-dever 
de autotutelar a juridicidade e a adequação ao interesse público de seus atos, bem como de zelar pela 
segurança jurídica e pela proteção à confiança que os cidadãos nela depositam. De igual feita, figuram como 
desdobramentos da cláusula constitucional democrática a vinculação estatal à persecução do interesse público, 
à moralidade, à impessoalidade, à publicidade e motivação de seus atos, ao passo que se extraem do princípio 
da pós-socialidade do Estado o dever de atuação estatal em prol da eficiente concreção dos direitos 
fundamentais, o que exige a organização especializada e hierarquizada da Administração Pública, bem como 
a prestação contínua dos serviços públicos. 
Estas prescrições condicionam o desempenho da função administrativa pelo Estado e integram 
o regime jurídico de Direito Público. Algumas delas, porém, apesar de serem comumente veiculadas com a 
apresentação de norma-princípio, possuem a natureza de regra, uma vez que são comandos definitivos de 
dever-ser, não admitem concreção gradual. 
A correta delimitação do regime jurídico de Direito Administrativo, pois, permite, o melhor controle do 
desempenho das atividades da Administração Pública, sendo este o maior objetivo deste trabalho. 
 
Abstract: This article analyzes the rules comprising the legal regime of public law as immediately derived 
from the constitutional options for a democratic state, and Federal Post-Social. Tries, even under the post-
positivist paradigm, uncover the real nature, principled or rule, each rule that incorporates this legal regime. 
Thus, proposes retaining some rules in the category of principle and relocation of other species in the rules, 
implying a better definition of the legal framework that affects the public act. 
Key words: The legal regime of Public Law. Rules. Principles. 
 
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1* Categoria: Artigos científicos. 
1 SCHMIDT-ASSMANN. La teoría general del Derecho Administrativo como sistema, p. 51. 
2 JUSTEN FILHO. Curso de direito administrativo, 6. ed., p. 65. 
 
 
 
Como citar este conteúdo na versão digital: 
Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico 
publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma: 
 
DUARTE, Luciana Gaspar Melquíades. Revisitando o regime jurídico de direito público. Revista da 
Procuradoria-Geral do Município de Juiz de Fora – RPGMJF, Belo Horizonte, ano 2, n. 2, jan./dez. 
2012. Disponível em: <http://www.bidforum.com.br/PDI0006.aspx?pdiCntd=82050>. Acesso em: 29 
mar. 2017. 
 
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Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico 
publicado em periódico impresso deve ser citado da seguinte forma: 
 
DUARTE, Luciana Gaspar Melquíades. Revisitando o regime jurídico de direito público. Revista da 
Procuradoria-Geral do Município de Juiz de Fora – RPGMJF, Belo Horizonte, ano 2, n. 2, p. 231-255, 
jan./dez. 2012.

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