Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dimensionamento de engrenagem Engrenagem cilíndrica de dentes retos Fórmula de Lewis [1] ( Wilfred Lewis – 1892) É uma equação que calcula a tensão no pé do dente da engrenagem e leva em consideração a forma desse dente. Esta equação considera o dente como uma viga engastada com seção retangular b x t, onde b é a largura da engrenagem e t é a espessura do dente na base. Observa-se que o lado tracionado ( lado de P) é mais sensível à fadiga que o lado comprimido, embora deste lado o valor de tensão seja maior. Assim, calcula-se a tensão do lado de P na região mais perigosa. Esta tensão é a composição da tensão normal de flexão, mais alta, com a tensão normal de compressão. Deve-se observar também que embora a tensão do lado comprimido seja maior, em valor absoluto, que do lado tracionado, esta diferença não é tão grande assim[2]. Para tanto, usa-se uma parábola com a mesma resistência do dente, aplicando-se as forças nos vértices da parábola. O ângulo entre a força F e a força Ft, aplicada no vértice da parábola, é um pouco maior que o ângulo entre F e Ft se estas fossem aplicadas na altura da circunferência primitiva. Assim, a tensão pode ser escrita c I M f f =maxσ , onde lFM tf .= , sendo βsenFFt .= , 12 . 3tbI = e 2 tc = . Desta maneira, a tensão máxima fica 2max . .6 tb lFsen f βσ = . A tensão de compressão será: tb F c . cos βσ = . A composição das duas tensões dá o valor da tensão máxima no lado do ponto P: tb F tb lFsen P . cos . .6 2 ββσ −= . Sabendo que αcos FtF = , onde α é o ângulo de pressão, quando se considera a força aplicada na altura da circunferência primitiva, substituindo na expressão acima e multiplicando o numerador e o denominador por m (módulo), pode-se ter: α β α βσ cos.. cos cos.. .6 2 tmb mF tmb lsenmF tt P −= ou ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −= α β α βσ cos. cos. cos.. ...6 . 2 t m t lsenm mb Ft P Obs.: A força tangente na circunferência primitiva é, praticamente igual à força tangente no vértice da parábola, pois a diferença de ângulo é muito pequena, o que permite considerar as forças tangentes iguais. A expressão entre parênteses representa o fator de forma q Assim, α β α β cos. cos. cos.. ...6 2 t m t lsenmq −= Então, pode-se escrever: mb qFt P . .=σ 1 Esta tensão deve ser menor que a tensão admissível que depende do material usado na engrenagem. O módulo deve ser um número normalizado. Obs.: Alguns autores recomendam que a expressão acima seja dividida por um fator ( fator de carga) e que varia de 0,8 a 1,5, dependendo da utilização da engrenagem e freqüência de aplicação da carga máxima. Por exemplo, e = 0,8 se a utilização e a freqüência de carga máxima forem grandes. Segundo Sarkis, a expressão acima deve vir multiplicada por um fator de serviço, obtido em tabelas especializadas, tal qual a tabela AGMA. Assim, a equação 1 fica, sem considerar o efeito dinâmico: σϕσ ≤= mb qFt P . .. Abaixo, tem-se a tabela de q para engrenamento externo e interno para os ângulos de pressão 200 e 140 30’, segundo o MANUAL DA PROTEC[3]. Engrenamento externo Z 12 13 14 15 16 17 18 21 24 28 34 40 50 65 80 100 ∞ 200 4,6 4,35 4,1 3,9 3,75 3,6 3,5 3,3 3,2 3,1 3,0 2,9 2,8 2,7 2,6 2,5 2,5 q 14030` 5,38 5,22 5,07 4,93 4,8 4,68 4,37 4,13 3,9 3,7 3,5 3,4 3,27 3,18 3,1 2,8 Engrenamento interno Z 20 24 30 38 50 70 100 200 ∞ 200 1,7 1,8 1,9 2 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 q 14030` 1,67 1,77 1,86 1,94 2,1 2,22 2,32 2,5 2,8 Efeito dinâmico Um par de engrenagens, pelo uso a alta velocidade ou por causa do ruído generalizado, pode sofrer com o efeito dinâmico. Neste caso, convém introduzir um fator que leve em consideração esse efeito dinâmico. Para tanto, há a equação de Barth, dada pela expressão abaixo: v Kv += 1,6 1,6 quando a qualidade do dente for boa, ou v Kv += 05,3 05,3 se a qualidade do dente não for tão boa. v é a velocidade tangencial na circunferência primitiva dada em m/s Assim, a equação 1 fica: Esta equação é usada para se obter uma estimativa preliminar das dimensões da engrenagem, mas não considera fatores importantes como a vida da engrenagem. Pressão superficial A análise de pressão entre os dentes durante contato e transmissão de força é baseada na pressão de contato entre dois cilindros de comprimento l e diâmetros d1 e d2, considerando o índice 1 para o pinhão e o índice 2 para a engrenagem[1]. 21 2 2 21 2 1 11 /)1(/)1( . 2 dd EE l Fy + −+−= υυπ Fórmula de Hertz A pressão superficial máxima é, então: yl Fp π 2 max = F é a força de esmagamento entre os cilindros e l é o comprimento dos dois cilindros. ν1, ν2, E1 e E2 são as constantes elásticas. d1 e d2 são os diâmetros dos cilindros em contato. Fazendo: F=Ft/cosα ; d = 2r e l = b, pode-se escrever: Substituindo estes dados e a fórmula de Hertz na expressão da pressão máxima, temos: ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ −+− ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ + == 2 2 2 1 2 1 212 max 2 11cos 11 EE b rr F p t c υυαπ σ Os raios instantâneos de curvatura do pinhão e da engrenagem no ponto de contato entre os dentes são designados por r1 e r2. Estes raios podem ser considerados próximos da circunferência primitiva e são representados na figura abaixo. Assim, pelo triângulo retângulo formado pelo raio da circunferência primitiva, o ângulo α e o raio instantâneo no ponto de contato, tanto no pinhão quanto na engrenagem, pode-se escrever: 2 1 1 αsendr = e 2 2 2 αsendr = v t P Kmb qF .. .=σ A expressão acima pode ser escrita: 2/1 21 2/1 2 2 2 1 2 1 max 11 cos. . 11 1 ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ + ⎥⎥ ⎥⎥ ⎥ ⎦ ⎤ ⎢⎢ ⎢⎢ ⎢ ⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −+− = rrb F EE p t αυυπ O primeiro fator pode ser representado pela constante Kp. Assim, a expressão acima fica: 2/1 21 max 11 cos.. . ⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ += rrbK FKp v t p α Obs.: O valor de Kp pode ser negativo para indicar compressão e foi acrescentado o fator de velocidade (Kv), discutido anteriormente. Segundo Sarkis[4], o dimensionamento de engrenagens pelo critério de pressão superficial e pelo critério de resistência é dado abaixo: DIMENSIONAMENTO ENGRENAGENS CILÍNDRICAS DE DENTES RETOS (ECDR) CRITÉRIO DA PRESSÃO 3 2 62 011 14,0 110.72,5 cm i i p Mdb adm t ϕ± ±= Engrenamento externo (+) ------- Engrenamento interno (-) 2 6 1 7,48 cm Kgf W HB admp = 610 60 hn W = Na fórmula acima, HB entra em Kgf/mm2 , mas a pressão será dada em Kgf/cm2 CRITÉRIO DE RESISTÊNCIA NO PÉ DO DENTE σϕσ ≤= mb qFt . .. max Obs: Esta fórmula foi apresentada acima. FATOR DE SERVIÇO (ϕ) PODE SER DADO PELA TABELA ABAIXO Máquina motora Máquina movida Motor elétrico Turbina hidráulica. motor com quatro ou mais cilíndros Motor de um a três cilíndros Torque constante e pequenas massas: geradores elétricos , ventiladores e agitadores para líquidos 1 1,25 1,5 Torque variável e massas médias : máquinas ferramentas , máquinas de elevação, elevadores bombas e compressores 1,25 1,5 1,75 Torque muito variável e grandes massas: laminadores, prensas de embutir e estampar, escavadeiras 1,75 2 2,25 Fator de forma (q): PARA ENGRENAMENTO EXTERNO N0 DE DENTES 12 13 14 15 16 17 18 21 24 28 34 40 50 65 80 100 ∞ FATOR (q) 4,54,3 4,1 3,9 3,75 3,6 3,5 3,3 3,2 3,1 3,0 2,9 2,8 2,7 2,6 2,6 2,45 PARA ENGRENAMENTO INTERNO N0 DE DENTES 20 24 30 38 50 70 100 200 ∞ FATOR (q) 1,7 1,8 1,9 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,45 DENOMINAÇÃO SÍMBOLO FÓRMULA Número de dentes z m dz 0= Módulo m z dmoutm 00 == π Passo t0 t0 = m . π Espessura no primitivo s0 2 0 0 ts = (folga nula nos flancos) Vão entre dentes no primitivo l0 2 0 0 t l = (folga nula nos flancos) Diâmetro primitivo d0 d0 = m . z Distância entre centros a0 2 ).( 2 2100 0 21 mzzdda +=+= Altura comum do dente h h=2.m Altura da cabeça do dente hk hk = m Altura do pé do dente hf hf = 1,2 . m Altura do dente hz hz = 2,2 . m Folga da cabeça sk sk = 0,2 . m Diâmetro externo ou da cabeça dk dk = d0 + 2 . hk Diâmetro do pé do dente df df = d0 – 2. hf Diâmetro de base dg dg = d0 . cos α0 Ângulo de pressão α0 200 DIMENSIONAMENTO DE ENGRENAGENS CILÍDRICAS DE DENTES HELICOIDAIS ( ECDH) Segundo Stipkovic[5], o critério de pressão e o de resistência podem ser dados de acordo com o desenvolvimento abaixo: CRITÉRIO DA PRESSÃO 31 2 222011 cmi i hadmp tM fdb ±= ϕ Engrenamento externo (+) ------- Engrenamento interno (-) ϕh representa o fator de correção de hélice ϕh 1,00 1,11 1,22 1,31 1,40 1,47 1,54 1,60 1,66 1,71 β0 00 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Para um ângulo de pressão de 200 , temos os seguintes valores de f Pinhão de aço e coroa de aço _____ f = 1512 Pinhão de aço e coroa de fofo______ f = 1234 0sen0cos) 2 1 1 1( 2 1 35,0 αα EE f + = Pinhão de fofo e coroa de fofo ____ f = 1069 2 6 1 7,48 cm Kgf W HB admp = 610 60 hn W = CRITÉRIO DA RESISTÊNCIA NO PÉ DO DENTE σϕσ ≤= renmb qtF .. .max e = 1,35 para o pinhão e = 1,50 para a coroa ϕr é dado pela tabela abaixo ϕr 1,00 1,20 1,28 1,33 1,35 1,36 1,36 1,36 1,36 1,36 β0 00 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Para determinarmos o fator de forma, usamos a mesma tabela de engrenagens cilíndricas de dentes retos, tomando o cuidado para achar o número de dentes equivalente por meio da expressão abaixo: 0 3cos β Z nZ = NÚMEROS NORMALIZADOS VARIAÇÃO 0,30 ATÉ 1,00 0,10 1,00 ATÉ 4,00 0,25 4,00 ATÉ 7,00 0,50 7,00 ATÉ 16,00 1,00 16,00 ATÉ 24,00 2,00 24,00 ATÉ 45,00 3,00 45,00 ATÉ 80,00 5,00 DENOMINAÇÃO SÍMBOLO FÓRMULA Número de dentes z sm dz 0= Módulo frontal ou circunferencial ms 0 0 sec. cos 0 ββπ n ns mm t m === Módulo normal mn π 0n t m = Passo frontal ts0 ts0 = ms . π Passo normal tn0 tn0 = mn . π Espessura frontal no primitivo ss0 2 0 0 s s t s = (folga nula nos flancos) Espessura normal no primitivo sn0 2 0 0 n n t s = (folga nula nos flancos) Vão entre dentes frontal ls0 2 0 0 s s t l = (folga nula nos flancos) Vão entre dentes normal l n0 2 0 0 n n t l = (folga nula nos flancos) Diâmetro primitivo d0 d0 = ms . z Ângulo de hélice β0 nmz d . sec 00 =β Distância entre centros a0 2 ).( 2 2100 0 21 smzzdda +=+= Altura comum do dente h h=2.mn Altura da cabeça do dente hk hk = mn Altura do pé do dente hf hf = 1,2 . mn (DIN 867 e 862) Altura do dente hz hz = 2,2 . mn (DIN 867 e 862) Folga da cabeça sk sk = 0,2 . mn (DIN 867 e 862) Diâmetro externo ou da cabeça dk dk = d0 + 2 . hk Diâmetro do pé do dente df df = d0 – 2. hf Diâmetro de base dg dg = d0 . cos α0 Ângulo de pressão normal αn0 200 (DIN 867) Ângulo de pressão frontal αs0 0cos 0 0 β αα ns tgtg = DIMENSIONAMENTO DE ENGRENAGENS CÔNICAS DE DENTES RETOS[5] CRITÉRIO DE PRESSÃO 3 2 2 2 1.22 11 1cos2 cm i i p Mfdb adm t m ±= δ CRITÉRIO DE RESISTÊNCIA σσ ≤= emmb qtF .. .max O fator de carga (e) vai variar de 1,25 até 1,75, sendo geralmente tomado como 1,50 O fator de forma é obtido da mesma maneira que para engrenagens cilíndricas de dentes retos, corrigindo o número de dentes por meio da fórmula abaixo, dependendo de ser coroa ou pinhão. δcos ZZ n = RELAÇÕES ÚTEIS : 2 1 2 cos sen z z tg + = δ δδ Para δ=900 , então 1 2 2 z ztgi == δ e δ1 = δ − δ2 5,0 1 1 = md b e mmm 8,0≅ TRANSMISSÃO COROA – PARAFUSO SEM FIM O parafuso é uma espécie de engrenagem helicoidal, onde o ângulo de hélice é faz o dente tornar-se uma rosca. A coroa tem a forma de engrenagem helicoidal , onde o ângulo de hélice é um complemento do ângulo do parafuso. A circunferência primitiva do parafuso é uma linha reta, sendo chamada de reta primitiva. o passo do parafuso é chamado de passo linear, sendo igual ao passo da coroa, para parafuso de uma entrada. Os parafuso podem ter ângulo de hélice à direita ou à esquerda e podem ser de uma entrada , duas entradas, etc. SÃO USADAS NAS TRANSMISSÕES ENTRE EIXOS REVERSOS, ESPECIALMENTE EM EIXOS ORTOGONAIS. POSSIBILIDADE DE RELAÇÃO DE TRANSMISSÃO ALTÍSSIMA i=10 ATÉ i=100 Quando o parafuso for de uma entrada, o avanço da coroa será igual ao passo linear e igual ao passo circular. Quando o parafuso for de dupla entrada, o avanço da coroa será o dobro do passo linear e o passo circular será o dobro do passo linear. A relação de transmissão não depende do diâmetro do parafuso e da rosca, mas do número de entradas do parafuso e do número de dentes da coroa, ou seja, uma volta do parafuso de uma entrada desloca um dente da coroa ; uma volta do parafuso de dupla entrada desloca dois dentes da coroa. REFERÊNCIAS [1] Shigley, J. E.; Mischke, C.R. – Mechanical Engineering Design – McGraw-Hill International Edition – Fifth Edition, 1989. [2] Oliveira, N, C, G – Engrenagens – Volume 1, Grêmio Politécnico, 1963. [3] Provenza, Francesco – Desenhista de Máquinas, Pro-Tec, 1978 [4] Melconian Sarkis – Elementos de máquinas – Editora Érica – Segunda Edição, ???? [5] Stipkovic Filho, Marco – Engrenagens – Editora MacGraw – Hill do Brasil, 1978 γ ângulo de hélice pp passo linear do parafuso pc passo circular da coroa zc número de dentes da coroa zp número de entradas do parafuso
Compartilhar