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COORDENADORA GERAL: CARMEN ELIZABETH KALINOWSKI DIRETORAS ACADÊMICAS: JUSSARA GUE MARTINI VANDA ELISA ANDRES FELLI PROENF | SAÚDE DO ADULTO | Porto Alegre | Ciclo 2 | Módulo 1 | 2007 PROENF PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM SAÚDE DO ADULTO proenf-sa_0_Iniciais.p65 4/6/2007, 15:493 Associação Brasileira de Enfermagem ABEn Nacional SGAN, Conjunto “B”. CEP: 70830-030 - Brasília, DF Tel (61) 3226-0653 E-mail: aben@nacional.org.br http://www.abennacional.org.br Artmed/Panamericana Editora Ltda. Avenida Jerônimo de Ornelas, 670. Bairro Santana 90040-340 – Porto Alegre, RS – Brasil Fone (51) 3025-2550 – Fax (51) 3025-2555 E-mail: info@sescad.com.br consultas@sescad.com.br http://www.sescad.com.br Os autores têm realizado todos os esforços para localizar e indicar os detentores dos direitos de autor das fontes do material utilizado. No entanto, se alguma omissão ocorreu, terão a maior satisfação de na primeira oportunidade reparar as falhas ocorridas. As ciências da saúde estão em permanente atualização. À medida que as novas pesquisas e a experiência ampliam nosso conhecimento, modificações são necessárias nas modalidades terapêuticas e nos tratamentos farmacológicos. Os autores desta obra verificaram toda a informação com fontes confiáveis para assegurar-se de que esta é completa e de acordo com os padrões aceitos no momento da publicação. No entanto, em vista da possibilidade de um erro humano ou de mudanças nas ciências da saúde, nem os autores, nem a editora ou qualquer outra pessoa envolvida na preparação da publicação deste trabalho garantem que a totalidade da informação aqui contida seja exata ou completa e não se responsabilizam por erros ou omissões ou por resultados obtidos do uso da informação. Aconselha-se aos leitores confirmá-la com outras fontes. Por exemplo, e em particular, recomenda-se aos leitores revisar o prospecto de cada fármaco que lanejam administrar para certificar-se de que a informação contida neste livro seja correta e não tenha produzido mudanças nas doses sugeridas ou nas contra-indicações da sua administração. Esta recomendação tem especial importância em relação a fármacos novos ou de pouco uso. Estimado leitor É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão expressa da Editora. Os inscritos aprovados na Avaliação de Ciclo do Programa de Atualização em Enfermagem (PROENF) receberão certificado de 180h/aula, outorgado pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e pelo Sistema de Educação em Saúde Continuada a Distância (SESCAD) da Artmed/ Panamericana Editora, e créditos a serem contabilizados pela Comissão Nacional de Acreditação (CNA), para obtenção da recertificação (Certificado de Avaliação Profissional). proenf-sa_0_Iniciais.p65 4/6/2007, 15:492 9 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA D A ENFERMAGEM E O CUIDADO A PESSOAS COM HIV/AIDS JUSSARA GUE MARTINI BETINA HÖRNER SCHILNDWEIN MEIRELLES Jussara Gue Martini – Enfermeira. Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora e pesquisadora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segunda tesoureira da ABEn (gestão 2004-2007) Betina Hörner Schilndwein Meirelles – Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela UFSC. Professora e pesquisadora do Departamentode Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSC. Diretora do Centro de Estudos e Pesquisas em Enfermagem (CEPEn- ABEn) INTRODUÇÃO A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), após ter sido uma das principais causas de morte em vários países do mundo, principalmente, entre a população da faixa etária de 20 a 49 anos, modifica seu perfil de morbidade e mortalidade em períodos mais recentes. Alguns autores atribuem a diminuição dos índices de mortalidade ao uso das TARVs, principalmente, ao uso da terapia combinada (FONSECA, BARREIRA, 2001). Pensar e intervir nos problemas suscitados pela aids significa deparar-se com grandes desafios que estão sendo discutidos pela sociedade, nas áreas da ciência e tecnologia, da educação, da sexualidade, da diferença de gênero, classe e grupos sociais, entre outras. Nesse sentido, essas questões deveriam estar sendo discutidas e problematizadas, pois sabemos que o conhecimento sobre aids já circula nos espaços sociais, seja pela mídia, seja por pessoas que têm parentes ou conhecidos com o vírus, ou pelas próprias pessoas que vivem com a doença. Czeresnia (1995) aponta que a literatura produzida a respeito da aids desperta tanto interesse, que muitas vezes fica difícil distinguir um texto restrito a um público de “cientistas” de outros textos dirigidos a um público de “leigos interessados”. Os textos presentes nos livros didáticos de ciências tentam mostrar essa cientificidade, discutindo o que é aids, como se transmite e não se transmite o HIV, como é o tratamento e a prevenção, quais são os sintomas, o que devemos fazer para ajudar o “aidético” e ser solidário com ele, entre outros aspectos. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:509 10 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS Atualmente, o processo de viver humano está marcado pela vulnerabilidade ao HIV. Dessa forma, as pessoas têm que ter acesso a informações atualizadas sobre temas relacionados à pandemia da aids, e à desconstrução de mitos e distorções referentes à origem, transmissão e prevenção do vírus HIV. Tais distorções geram atitudes preconceituosas dificultando a convivência e integração de pessoas com HIV/aids no meio social, familiar e profissional e a adoção de comportamentos preventivos. Nelson (1995), em seu artigo Estudos Culturais: uma introdução, comenta que vários autores(as) estão preocupados(as) com o papel do(a) intelectual em influenciar a mudança social. Dentre esses autores, destaca-se Stuart Hall, que ao escrever sobre a epidemia da aids e os Estudos Culturais, afirma que: ... a questão da AIDS é também ‘um terreno extremamente importante de luta e contestação’ no qual as realidades, agora e no futuro, da política sexual, do desejo, do prazer, quem vive e quem morre, estão embaladas em metáfora e representação. O que os Estudos Culturais devem fazer, e têm a capacidade para fazer, é articular compreensões sobre a ‘natureza constitutiva e política da própria representação, sobre suas complexidades, sobre os efeitos da linguagem, sobre a textualidade como um local de vida e morte. (p. 18) Repensar como as práticas de cuidado foram constituídas, a partir dos discursos presentes nos espaços sociais, pode nos levar a compreender como essas práticas decorreram de construções culturais, históricas e sociais que foram processadas em um dado momento e época. OBJETIVOS Espera-se que ao finalizar a leitura deste capítulo, o leitor esteja atualizado em relação aos seus saberes sobre HIV/aids, ampliando e aprofundando sua compreensão a respeito da epidemia e das necessidades de cuidados de enfermagem das pessoas que vivem com HIV/ aids, de forma que consiga: ■■■■■ compreender a importância das ações de prevenção, identificando as principais vulnerabilidades e conhecendo as formas de intervenção para redução de danos nas diferentes populações; ■■■■■ identificar os parâmetros de diagnóstico, conhecendo os processos de aconselhamento e testagem; ■■■■■ conhecer os fundamentos, os princípios de ação, os principais fármacos disponíveis e os indicadores para início do tratamento com anti-retrovirais, nas diferentes etapas do processo de viver humano; ■■■■■ contribuir para construção de bases sólidas de conhecimentos que permitam o desenvolvimento e o aperfeiçoamentode tecnologias de cuidado de enfermagem às pessoas que vivem com HIV/aids. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5010 11 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA D A enfermagem e o cuidado a pessoas com HIV/aids Histórico do HIV/aids Infecção pelo HIV Aconselhamento: um desafio para a prática da integralidade O que é aconselhamento? Objetivos do aconselhamento A importância do teste anti-HIV e do aconselhamento O aconselhamento nas unidades básicas de saúde O que abordar no aconselhamento Componentes do processo de aconselhamento A prática do aconselhamento Condições do serviço para implantar o aconselhamento Intervenções terapêuticas Terapia anti-retroviral Atenção á saúde das pessoas que vivem com aids Aspectos fisiopatológicos da aids Aspectos clínicos Testes diagnósticos O cuidado a pessoas com HIV/aids em unidades de saúde Caso clínico Histórico A enfermagem e o cuidado a pessoas com HIV/aids Atribuições dos serviços de enfermagem e sua equipe Sistematização da assistência de enfermagem Cuidados paliativos Adesão ao tratamento A equipe de enfermagem e a interdisciplinaridade na aids Considerações finais ESQUEMA CONCEITUAL proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5011 12 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS HISTÓRICO DO HIV/AIDS A aids é um conjunto de doenças oportunistas que se apresentam com sinais e sintomas que juntos, mostram que o sistema imunológico da pessoa não está trabalhando corretamente. A aids é causada pelo vírus HIV, que compromete os mecanismos de defesa do organismo, provocando a perda da imunidade natural, ou seja, a própria resistência e proteção contra as doenças. Os primeiros casos de aids foram identificados em 1981, nos Estados Unidos, nas cidades de Nova York e Los Angeles. Pessoas jovens estavam sendo acometidas por um tipo de pneumonia e câncer não muito comuns nessa população. A hipótese mais aceita é que a doença tenha se originado na África. Atualmente, os cientistas estão alertando para o fato de o ser humano estar entrando em contato com áreas inexploradas e, conseqüentemente, se contaminando com organismos desconhecidos para os quais não existe defesa imunológica. O vírus da imunodeficiência adquirida causador da aids foi identificado em 1983, e aparece na revista SCIENCE, número 20, em cinco artigos que sinalizam para o “provável” agente viral, sem indicar os mecanismos que causam a imunodeficiência. (CAMARGO, JR., 1994, p. 63). O vírus da aids está, atualmente, presente no mundo inteiro. É possível que manifestações da infecção pelo HIV ou de imunodeficiência tenham ocorrido desde o final dos anos 70, nos Estados Unidos, e, provavelmente, também em outros países. Na primeira fase da epidemia, a aids era uma doença desconhecida dentro da clínica médica. Os casos que requereriam investigações maiores confundiam-se com casos clínicos de diversos médicos que atendiam pacientes com intercorrências médicas comuns, e não eram objetos de vigilância epidemiológica ou de notificação obrigatória. No início dos anos 80, o HIV já estava disseminado nos grandes centros urbanos norte-americanos, como Nova York, São Francisco e Los Angeles. Nas investigações realizadas, surgia um fator comum a todos os doentes: o homossexualismo masculino. Na época, a hipótese provável era que a epidemia atacava homossexuais masculinos, com transmissão “grupo risco”, por compartilhar um fator de risco (ou vários); ou seja, homossexuais masculinos, os(as) trabalhadores(as) do sexo, os(as) usuários(as) de drogas injetáveis e os hemofílicos(as). A aids foi identificada pela primeira vez no Brasil, em 1982. A imprensa noticiava uma doença que atacava o sistema imunológico, vinha crescendo entre os homossexuais masculinos, e atingia também prostitutas, hemofílicos(as) e usuários(as) de drogas injetáveis, provocando a morte de seus portadores. A doença ficou conhecida como “peste gay”, associada ao comportamento masculino homossexual, à promiscuidade, ao desvio sexual e a algumas práticas comportamentais, ou seja, àqueles que não seguiam as normas sexuais pregadas pela sociedade. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5012 13 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA DCom o surgimento de casos de infecções por HIV em homens com prática sexual exclusivamente do tipo heterossexual, toda a hipótese desenvolvida enfraquece-se. Posteriormente, a inclusão das mulheres com a síndrome derrubou o mito da contaminação sexual via homossexualismo masculino. Por constituir-se em um problema sociocultural, ligado a tabus e preconceitos, existe uma defasagem temporal entre o início dos sintomas, o diagnóstico e a notificação dos casos, o que parece indicar que o HIV já se encontrava entre nós antes de 1981. O número de parceiros sexuais começa a aparecer como um fator importante de risco, ainda na década de 80, o que poderia estar relacionado somente com homossexuais mais promíscuos. No início da década de 90, foi desenvolvida a noção de comportamento de risco devido ao crescimento da doença e da forma discriminatória como esses grupos vinham sendo tratados, já que tinham o estigma de serem portadores do vírus HIV ou de estarem desenvolvendo aids. A nova noção de comportamento de risco passou a associar a doença e sua manifestação não às pessoas de determinados grupos, mas às condutas adotadas por eles(as), como a prática de sexo com vários parceiros, prática do sexo anal, uso de drogas, entre outras. O perigo presente nos casos de aids passa, na década de 80, a derrubar a ilusão de segurança nos grupos sociais que não constituem o que se convencionou chamar inicialmente, de grupo de risco. A denominação situação de risco, já empregada em 1994, visava desenvolver todo o saber construído ao longo do período de estudos da doença e dos riscos de contágio, pois, ficou particularmente evidente que qualquer pessoa, independentemente de sua conduta social ou de suas preferências sexuais, pode ser afetada pela pandemia. O que aconteceu em relação a aids, nesses últimos dez anos, é que ela passou de uma coisa estranha e sem nome para uma doença com todas as características que lhe são peculiares. Os progressos são significativos não só na área científica, mas, sobretudo, no conjunto de respostas produzidas pela sociedade, em particular, por aqueles que, ao longo da curta, mas devastadora história da aids, sentiram-se ameaçados, como “grupo gay”, grupo de risco, comportamento de risco, ou até quem sabe, a partir do momento que ficou consagrada a designação situação de risco. Nos últimos anos, o conceito de vulnerabilidade vem sendo utilizado internacionalmente, criando uma categoria conceitual que retira a prevenção do nível apenas individual e a remete à complexidade cultural, social e política em que a pessoa se encontra. Os comportamentos associados a maior vulnerabilidade não estão restritos à vontade dos indivíduos, mas emergem do grau de consciência desses indivíduos e do decorrente poder de transformação desses comportamentos, a partir da idéia de vulnerabilidade. Devido à ênfase dada pelas narrativas médicas durante o curto espaço de tempo da história da aids, percebe-se o caráter desfocado da produção do saber, pois esse serviu como reforçador da imagem da ciência, mas, deixou aberto o espaço do uso da construção científica como instrumento de discriminação. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5013 14 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS Desde o relato do primeiro caso de aids, no início da década de 80, a relação entre a epidemia e a homossexualidade masculina parece ainda não ter sido abandonada. Há quase 20anos convivemos com o vírus HIV e a “peste gay”, que hoje faz parte do primeiro capítulo da história da aids, substituída pelos registros epidemiológicos que comprovam, com reconhecimento oficial, ser a transmissão heterossexual do HIV que hoje amplia a pandemia. Os anos que separam os primeiros textos médicos e didáticos que tratam da aids dos atuais, apontam para as diferenças históricas e culturais do saber. As diferenças entre esses textos mostram várias “histórias e estórias” da aids, e as representações contidas neles parecem indicar que a saúde e os médicos nem sempre podem considerar apenas os progressos, que sem sombra de dúvida ocorreram, mas permitem perceber também, os problemas surgidos na narrativa médica que sinalizava, várias vezes, como suporte à discriminação, à culpabilização, à morbidade, ao discurso conservador sobre sexualidade, entre outros. O discurso normatizador da saúde pode ter impedido em alguns momentos a reflexão crítica, o que teria encaminhado historicamente para o limite de uma ciência “toda- poderosa”, que passa a ter seu discurso criticado e assumido pelas pessoas portadoras do HIV ou doentes de aids, ocupando um domínio e articulando um discurso permeado por aspectos técnicos, antes restritos às autoridades médicas. Neste novo momento da história da aids, a saúde e a educação traçam juntas novas informações que servirão para substituir as que “equivocadamente” se implantaram no discurso médico e pedagógico. 1. O que implica o conceito de vulnerabilidade sobre o entendimento da aids? A) Este conceito vem sendo utilizado nacionalmente para os estudos acerca da aids. B) Retirar a prevenção do nível apenas individual e a remeter à complexidade cultural e social faz parte do conceito de vulnerabilidade. C) Relacionar a prevenção da aids à complexidade cultural social e política em que a pessoa se encontra é resultado da aplicação do conceito de vulnerabilidade. D) O conceito de vulnerabilidade cria uma categoria conceitual que focaliza a prevenção em nível individual. Resposta no final do capítulo 2. Quais as conseqüências para a saúde do ser humano, decorrentes do fato de ele estar entrando em contato com áreas inexploradas? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5014 15 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA D 3. Há uma defasagem temporal entre o início dos sintomas, o diagnóstico e a notificação dos casos de aids. Qual a causa dessa defasagem? A) A defasagem temporal ocorre, pois a aids é um problema apenas socioeconômico ligado a tabus e preconceitos. B) Como a aids é uma questão apenas socioeconômica associada a preconceitos, mas não a tabus, ocorre a citada defasagem temporal. C) A aids é um problema apenas sociopolítico ligado a tabus e preconceitos e, por isso, existe esta defasagem temporal. D) Pelo fato de a aids ser um problema sociocultural, ligado a tabus e preconceitos, há esta defasagem temporal. Resposta no final do capítulo 4. O que se pode concluir pela análise comparativa entre os primeiros e os atuais textos médicos e didáticos que abordam o tema da aids? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ INFECÇÃO PELO HIV A história natural da infecção pelo HIV pode ser dividida em seis etapas: ■■■■■ transmissão viral; ■■■■■ infecção primária; ■■■■■ soroconversão; ■■■■■ infecção crônica assintomática; ■■■■■ infecção sintomática; ■■■■■ aids e infecção avançada. O HIV é transmitido por relações sexuais, contato com sangue contaminado e por exposição perinatal. Para infectar as células do sistema imune, o HIV necessita ligar-se a receptores e co- receptores presentes nas membranas das células-alvo. A molécula CD4, que é encontrada em linfócitos T-auxiliares, macrófagos, células de Langerhans e em células dendríticas, funciona como um receptor (Gallo et al., 1999). Após a entrada e a fusão com as células-alvo, os vírus migram para os linfonodos regionais, a replicação viral tem inicio e os vírus são liberados na corrente sangüínea após cinco dias, disseminando-se para vários órgãos e outros linfonodos. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5015 16 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS A infecção primária ou aguda é caracterizada por manifestações clínicas relacionadas à replicação viral ou à ativação do sistema imune frente à entrada do HIV no organismo. Esse quadro clínico ocorre duas a quatro semanas após a contaminação, expressando características clínicas inespecíficas como febre, linfadenopatia, cefaléia, mialgia, atralgia, anorexia, náusea, vômito, diarréia e exantema maculopapular eritematoso. O curso da infecção primária é autolimitante e rápido, cessando em até 30 dias. A infecção primária sintomática de curso mais severo e duração superior a 14 dias tem sido relacionada a uma rápida progressão da doença. Os exames laboratoriais demonstram uma diminuição na contagem de células T CD4+, que geralmente é transitória, e um alto nível de viremia do HIV (Bartlett, 1999). A soroconversão do paciente só ocorre cerca de três meses após o contágio. Antes desse período, os testes sorológicos para a detecção de anticorpos anti-HIV não conseguem diagnosticar o paciente infectado pelo vírus, em decorrência da pequena quantidade de anticorpos produzida. Esse período de janela imunológica, geralmente, não dura mais do que seis meses, apesar de alguns relatos de casos de soroconversão ocorrerem após três anos da infecção inicial (Staprans & Feinberg, 1994). Após a soroconversão, o paciente entra na fase de infecção assintomática. Essa fase pode durar de vários meses a alguns anos, sendo que o paciente apresenta-se clinicamente assintomático e, geralmente, não apresenta achados ao exame físico. Essa fase apresenta alta replicação viral com destruição diária de 109 linfócitos CD4. Identifica-se um processo de equilíbrio dinâmico no qual a morte das células é quase contrabalançada pela sua substituição. A meia-vida do HIV no plasma é de cerca de seis horas sendo que, aproximadamente, 30% da carga viral evidencia um declínio nessa população atingindo 780 células/mm, seis meses após a soroconversão. O paciente, que antes da soroconversão apresentava uma contagem média de CD4 de 1000 células/mm, transcorrido o primeiro ano, a taxa de linfócitos CD4 decai em média de 30 a 90 células/mm3 por ano (Bartlett, 1999). O sistema imune começa a evidenciar a sua fragilidade frente ao HIV. A produção de anticorpos deixa de ser suficiente, permitindo que a replicação viral se torne mais acentuada e que, com isso, mais células CD4 sejam infectadas e destruídas pelo vírus (Schooley, 1995). Nessa fase, algumas doençasoportunistas, como a candidíase e a leucoplasia pilosa, e sintomas como febre e diarréia (com duração superior a um mês) começam a aparecer, caracterizando o início da infecção sintomática pelo HIV (Staprans & Feinberg, 1994; Bartlett, 1999). A contagem de linfócitos CD4 abaixo de 200 células/mm3, ou doenças listadas na categoria C do sistema de classificação da infecção pelo HIV do Centers for Disease Control & Prevention (CDC) indicam que o paciente desenvolveu a síndrome da imunodeficiência adquirida. O período compreendido entre a infecção inicial pelo HIV e o diagnóstico de aids é, em média, de 10 anos, sendo que o paciente apresenta um diagnóstico clínico definidor de aids, 12 a 18 meses após apresentar a contagem de linfócitos CD4+ inferior a 200 células/mm3 (Karon et al., 1992). A infecção avançada é uma categoria que se aplica a pacientes com contagem de CD4 inferior a 50 células/mm3. Esses pacientes têm uma expectativa de vida limitada. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5016 17 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA DAs manifestações clínicas da infecção pelo HIV decorrem da diminuição progressiva da imunidade celular e do conseqüente aparecimento de infecções oportunistas e neoplasias malignas. Diversos órgãos e sistemas podem ser afetados, apresentando uma ampla variedade de manifestações, como candidíase a leucoplasia pilosa, ulcerações da mucosa, eritema gengival linear, periodontite necrosante, sarcoma de Kaposi e linfoma não-Hodgkin, entre outras. Outras infecções menos comuns, também são responsáveis por manifestações clínicas: o condiloma acuminado, a histoplasmose, a criptococose, a paracoccidioidomicose, a tuberculose, a sífilis e infecções por Micobacterium avium intracellulare. Não sendo descartada a possibilidade de co-infecção de um mesmo sítio por diferentes patógenos.15 A relação entre a idade do paciente e a doença do HIV vem sendo utilizada como prognóstico, independentemente da progressão da doença, e está significativamente associada a uma sobrevida menor em pacientes mais velhos. Pacientes com mais de 50 anos são mais suscetíveis a manifestações neurológicas e psiquiátricas, e apresentando um rápido declínio do CD4, as doenças oportunistas podem ser identificadas precocemente.15 Com o início da terapia anti-retroviral (TARV) alguns pesquisadores verificaram a redução acentuada na ocorrência de infecções oportunistas. A incidência de candidíase, leucoplasia pilosa e periodontite necrosante diminuíram. As neoplasias malignas também apresentaram decréscimo, sendo que esse decréscimo é maior para o sarcoma de Kaposi e menor para linfomas não-Hodgkin (Dupin et al.). O HIV pode afetar quase todos os órgãos ou sistemas, resultando em uma ampla gama de manifestações clínicas. Algumas delas resultam diretamente da infecção pelo vírus, e outras resultam da ação de outros agentes infecciosos e das alterações do sistema imunológico de um modo geral. A caquexia, a candidíase esofágica e o herpes simples foram as patologias encontradas mais freqüentemente associadas ao diagnóstico do HIV em mulheres, quando comparados à infecção em homens. Em estudo realizado com 200 mulheres infectadas pelo HIV, a candidíase vaginal, infecção de alta prevalência no Brasil, foi a manifestação clínica inicial mais freqüente (37% das mulheres sintomáticas) (Barbosa e Villela, 1996). Outras doenças reconhecidamente associadas à aids, como a pneumonia por Pneumocystis carinii, a tuberculose, o herpes zoster, a retinite por citomegalovírus e outras, foram responsáveis por 7% dos diagnósticos de aids (Barbosa e Villela, 1996). Diversos estudos concluíram que as mulheres com infecção pelo HIV têm um risco maior para displasias e cânceres do trato genital, como o câncer cervical uterino. Cabe observar que essas doenças foram incluídas na revisão de definição de caso do CDC, apenas em 1993. O carcinoma cervical invasivo também foi incluído pela Coordenação Nacional de DST/AIDS-MS, na nova revisão da definição de caso de aids entre maiores de 12 anos em 1988.15 proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5017 18 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS Atualmente, a definição de casos de aids considera alguns critérios,15 como constam no Quadro 1. Quadro 1 DEFINIÇÃO DE CASOS DE AIDS 5. Assinale qual a alternativa que mostra a ordem correta das etapas da história natural da infecção pelo HIV. A) Infecção primária; transmissão viral; soroconversão; infecção crônica assintomática; infecção sintomática; infecção avançada e aids. B) Transmissão viral; soroconversão; infecção primária; infecção crônica assintomática; infecção sintomática; aids e infecção avançada. C) Transmissão viral; infecção primária; soroconversão; infecção crônica assintomática; infecção sintomática; infecção avançada e aids. D) Transmissão viral; infecção primária; soroconversão; infecção crônica assintomática; infecção sintomática; aids e infecção avançada. 6. Descreva o percurso que os vírus do HIV fazem, após a entrada e a fusão com as células-alvo. A) Os vírus migram para os linfonodos regionais, a replicação viral tem inicio e os vírus são liberados na corrente sangüínea após seis dias, disseminando- se para vários órgãos e outros linfonodos. B) Os vírus migram para os linfonodos regionais, a replicação viral ainda não tem inicio e os vírus são liberados na corrente sangüínea após cinco dias, disseminando-se para vários órgãos e outros linfonodos. C) Os vírus migram para os linfonodos regionais, a replicação viral tem inicio e os vírus são liberados na corrente sangüínea após cinco dias, disseminando- se para vários órgãos e outros linfonodos. D) Os vírus migram para os linfonodos regionais, a replicação viral ainda não tem inicio e os vírus são liberados na corrente sangüínea após seis dias, disseminando-se para vários órgãos e outros linfonodos. Resposta no final do capítulo Faixa etária Adultos Menores de 13 anos Critérios ■■■■■ Critério CDC Adaptado ■■■■■ Critério Rio de Janeiro/Caracas ■■■■■ Critério Excepcional de Óbito ■■■■■ Critério CDC Adaptado ■■■■■ Critério Excepcional de Óbito proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5018 19 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA D7. Descreva o processo da infecção primária ou aguda. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 8. Cite a característica da fase de infecção assintomática relacionada à destruição dos linfócitos CD4. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ACONSELHAMENTO: UM DESAFIO PARA A PRÁTICA DA INTEGRALIDADE A prática do aconselhamento desempenha um papel importante no contexto daepidemia no Brasil desde a criação do Programa Nacional de DST/AIDS, e se reafirma como um campo de conhecimento estratégico para a qualidade do diagnóstico do HIV e da atenção à saúde. Quando avaliamos o que diferencia o campo da prevenção das DST, HIV e aids, da prevenção dos outros agravos, não podemos deixar de considerar a ação de aconselhamento.15 No Brasil, os primeiros Centros de Orientação e apoio sorológico (COAS), hoje denominados de Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), foram implantados a partir de 1988, tornando-se a principal referência em aconselhamento. Atualmente, a prática de aconselhamento tem sido implementada em outras unidades de saúde, hospitalares ou ambulatoriais, devido ao crescimento do número de casos e o conseqüente aumento dos riscos de transmissão. A incorporação do aconselhamento pelos serviços de saúde é um grande desafio, pois, até o momento, o aconselhamento realiza-se principalmente nos serviços de referência para as doenças sexualmente transmissíveis e aids, e em algumas organizações não- governamentais. Esses serviços estão mais habituados a incluir na rotina de trabalho as questões sobre sexualidade, drogas e direitos humanos, parte indissociável dos campos da prevenção e do aconselhamento. Uma das principais dificuldades em implementar serviços efetivos de aconselhamento é que esses envolvem, entre suas rotas de transmissão, práticas muito íntimas, carregadas de simbolismos particulares que são social e culturalmente determinadas. Temáticas como exercício da sexualidade, transgressões, perdas e morte, podem ser causadoras de conflitos e ameaçar as crenças e valores das pessoas envolvidas, sejam elas usuárias, sejam profissionais. Nos últimos anos, as ações de promoção à saúde, diagnóstico e aconselhamento em DST e aids têm sido inseridas na rede básica. Os modos de produção dessas ações têm sido abordados na discussão por parte de profissionais experientes na área de aconselhamento na rede especializada de DST/aids e, também, de profissionais que trabalham na rede básica de saúde. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5019 20 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS 9. Por que a prática de aconselhamento tem sido implementada em outras unidades de saúde, hospitalares ou ambulatoriais? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 10. Cite e explique uma das principais dificuldades em implementar serviços efetivos de aconselhamento. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 11. A prática do aconselhamento tem sido realizada, principalmente, nos serviços de referência para as doenças sexualmente transmissíveis e aids, e em algumas organizações não-governamentais. Quais as questões mais abordadas por esses serviços? A) Drogas, medicação e direitos humanos. B) Sexualidade, cuidados com o doente e direitos humanos. C) Direitos humanos, drogas e sexualidade. D) Sexualidade, direitos civis e direitos humanos. Resposta no final do capítulo O QUE É ACONSELHAMENTO? O aconselhamento é um processo de escuta ativa, um diálogo baseado em uma relação de confiança que visa proporcionar à pessoa condições para que avalie seus próprios riscos, tome decisões e encontre maneiras realistas de enfrentar seus problemas relacionados às DST/HIV/ aids. Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança, visando mobilizar os recursos internos do paciente para que ele mesmo tenha a possibilidade de reconhecer-se como sujeito de sua própria saúde.15 O processo de aconselhamento contém três componentes: ■■■■■ apoio emocional; ■■■■■ apoio educativo que trata de informações sobre DST, HIV e aids, formas de prevenção, trans- missão e tratamento; ■■■■■ avaliação de risco, que propicia a reflexão sobre valores, atitudes e condutas, incluindo o planejamento de estratégias de redução de risco. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5020 21 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA DOs componentes do processo de aconselhamento nem sempre são atingidos em um único momento ou encontro, e podem ser desenvolvidos tanto em grupos como individualmente. Na abordagem coletiva, as questões comuns expressas pelos participantes devem nortear os conteúdos a serem abordados, o que torna importante o levantamento das demandas do grupo. É fundamental que o profissional de saúde esteja atento para perceber os limites que separam as questões que podem ser abordadas no espaço do grupo, daquelas que devem ser tratadas individualmente. OBJETIVOS DO ACONSELHAMENTO O aconselhamento tem por objetivos: ■■■■■ redução dos níveis de stress; ■■■■■ reflexão que possibilite a percepção dos próprios riscos e a adoção de práticas mais seguras; ■■■■■ adesão ao tratamento; ■■■■■ comunicação e o tratamento de parceiro(s) sexual(is) e de parceiros de uso de drogas injetáveis. O aconselhamento deve ser oferecido às pessoas: ■■■■■ que vivem com HIV/aids, seu(s) parceiro(s) sexual(is) e de uso de drogas injetáveis; ■■■■■ que desejam fazer o teste anti-HIV (infectadas ou não); ■■■■■ que buscam ajuda devido a prováveis situações de risco; ■■■■■ com DST e seu(s) parceiro(s) sexual(is). Além das situações mencionadas, deve-se levar em conta situações como: estimular a oferta de testagem sorológica acompanhada de aconselhamento nos serviços de pré-natal; pessoas com diagnóstico de tuberculose deveriam receber a oferta de testagem sorológica acompanhada de aconselhamento; quando possível, os familiares ou pessoas próximas podem ser envolvidas no aconselhamento. Todas as pessoas sexualmente ativas precisam saber que uma relação sexual, com penetração não-protegida, inclusive o sexo oral, envolve risco de transmissão de HIV, aids e outras DSTs. No entanto, certas pessoas ou grupos podem estar particularmente em risco como, por exemplo: homens e mulheres com múltiplos parceiros sexuais praticando sexo com penetração, sem proteção; pessoas que compartilham equipamentos no uso de drogas injetáveis; pessoas que recebem sangue, hemoderivados ou órgãos. O papel do profissional no aconselhamento consiste em: ■■■■■ ouvir as preocupações do indivíduo; ■■■■■ propor questões que facilitem a reflexão e a superação de dificuldades; ■■■■■ prover informação, apoio emocional e auxiliar na tomada de decisão para adoção de medidas preventivas na busca de uma melhor qualidade de vida. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5021 22 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS O profissional que realiza o aconselhamento deve ter conhecimentos atualizados sobre DST e HIV/aids e, em especial, disponibilidade para reconhecer seus próprios limites e potencialidades,valorizar o que a pessoa sabe, pensa e sente, perceber as necessidades da pessoa e respeitar a singularidade do usuário. O aconselhamento poderá ser desenvolvido em vários momentos do processo de acolhimento e cuidado, não se reduzindo a um único encontro entre duas pessoas, podendo ser realizado em atividades de grupo. Transcende o âmbito da testagem, contribui para a qualidade das ações educativas em saúde, fundamenta-se em prerrogativas éticas que reforçam e estimulam a adoção de medidas de prevenção do HIV/aids e que orientam os indivíduos no caminho da cidadania e na plena utilização dos seus direitos. A recepção, as atividades de sala de espera, os grupos específicos e as consultas individuais, em que se estabelece a troca de informações, o vínculo com o serviço e o estímulo ao diagnóstico significam aproximações importantes para a avaliação de vulnerabilidades, etapa principal do aconselhamento. 12. Marque a alternativa correta em relação aos componentes do processo de aconselhamento. A) A avaliação de risco propicia a reflexão sobre valores, atitudes e condutas, sem incluir o planejamento de estratégias de redução de risco, que faz parte do apoio educativo. B) O apoio educativo trata de informações sobre HIV e aids, suas formas de prevenção e transmissão. C) Faz parte do processo de aconselhamento, além do apoio emocional, o apoio educativo, que trata de informações sobre DST/HIV e aids, suas formas de prevenção, transmissão e tratamento. D) O apoio emocional e a avaliação de risco propiciam a reflexão de valores, atitudes e condutas, incluindo o planejamento de estratégias de redução de risco. Resposta no final do capítulo 13. Entre os objetivos do aconselhamento, a possibilidade de que a pessoa avalie seus próprios riscos e tome decisões em relação aos problemas decorrentes das DST/HIV/ aids está fundamentada em qual relação estabelecida entre o profissional e o paciente? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5022 23 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA D 14. Assinale V (verdadeiro) e F (falso) para as funções do profissional de enfermagem no trabalho de aconselhamento. A) ( ) Ouvir as preocupações do indivíduo e estimular a oferta de testagem sorológica acompanhada de aconselhamento nos serviços de pré-natal. B) ( ) Propor questões que facilitem a reflexão e a superação de dificuldades. C) ( ) Prover informação, apoio emocional e auxiliar na tomada de decisão para adoção de medidas preventivas na busca de uma melhor qualidade de vida. D) ( ) Prover informação e apoio técnico para a tomada de decisão para ado- ção de medidas preventivas na busca de uma melhor qualidade de vida. 15. Qual a principal etapa do aconselhamento? A) Atividades de grupo. B) Redução dos níveis de stress. C) Propor questões que facilitem a reflexão e a superação de dificuldades. D) Avaliação de vulnerabilidades. Respostas no final do capítulo A IMPORTÂNCIA DO TESTE ANTI-HIV E DO ACONSELHAMENTO Algumas informações importantes: ■■■■■ a aids atinge todos os segmentos da população; ■■■■■ as pessoas realizam o teste para o diagnóstico do HIV, em média, cinco anos após terem se infectado; ■■■■■ milhares de pessoas desconhecem suas condições sorológicas; ■■■■■ conhecer a sorologia e ter acesso ao tratamento é um direito do cidadão. Ampliar o acesso e a oferta do teste anti-HIV e do aconselhamento é uma importante estratégia para a prevenção do HIV. Mães soropositivas podem aumentar suas chances de terem filhos sem o HIV se forem orientadas corretamente a seguir o tratamento durante o pré-natal. O diagnóstico precoce também possibilita uma assistência adequada ao portador do vírus, controlando o desenvolvimento da doença – a aids. A institucionalização de ações voltadas à ampliação do acesso e à oferta do teste anti-HIV permite a redução do impacto da epidemia na população, a promoção de saúde e a melhoria da qualidade do serviço prestado nas unidades de saúde. Permite, também, conhecer e aprofundar o perfil social e epidemiológico da comunidade, dimensionar e mapear a população de maior vulnerabilidade e, com isso, reformular estratégias de prevenção e monitoramento. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5023 24 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS O ACONSELHAMENTO NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE Algumas vantagens do aconselhamento nas unidades básicas de saúde: ■■■■■ aprimora as práticas em saúde; ■■■■■ favorece uma atenção integral; ■■■■■ contribui para que o indivíduo participe ativamente do processo de promoção da saúde, pre- venção e tratamento das DST/HIV e aids. A atenção básica é um campo propício para o desenvolvimento do aconselhamento em DST/HIV/ aids. Essa prática se assemelha aos princípios adotados pelo programa de saúde da família, quando esse se propõe a resgatar o modo como se dá o relacionamento entre o serviço e seus usuários, enfatizando o caráter preventivo e a articulação com a prática assistencial e com a comunidade. O aconselhamento é o momento em que emerge a responsabilidade individual com a prevenção, e a sua abordagem reforça o compromisso coletivo e o ideal de solidariedade, ingredientes indispensáveis na luta contra a aids. A inserção do aconselhamento e do diagnóstico do HIV na rotina dos serviços da rede básica de saúde implica uma reorganização do processo de trabalho da equipe e do serviço como um todo. Pressupõe uma atenção para o tempo de atendimento, reformulações de fluxo da demanda, funções e oferta de atividades no serviço. Estimular mudanças de valores e práticas exige uma preparação da equipe/serviço para acolher a subjetividade dos usuários. É parte essencial dessa prática, conhecer as principais vulnerabilidades para a infecção do HIV, as necessidades particulares dos usuários, suas características e estilos de vida e desenvolver uma abordagem sobre os riscos, respeitando as suas especificidades.15 Há populações que são fortemente estigmatizadas e historicamente excluídas dos serviços, como, por exemplo, travestis, profissionais do sexo masculino e feminino, usuários de drogas, homossexuais, jovens em situação de rua. É importante a promoção e a ampliação do acesso dessas pessoas ao serviço, aos insumos de prevenção e ao diagnóstico com aconselhamento. 16. Marque a alternativa correta em relação à importância do teste anti-HIV e do aconselhamento. A) Milhões de pessoas desconhecem suas condições sorológicas. B) As pessoas realizam o teste para o diagnóstico do HIV, em média, quatro anos após terem se infectado. C) A aids atinge todos os segmentos da população. D) Conhecer a sorologia e ter acesso ao tratamento é um direito de pessoas que possuem planos de saúde que cubram as despesas. Resposta no final do capítulo proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5024 25 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA D 17. Em relação ao aconselhamento é incorreto afirmar. A) Contribui para que o indivíduo participe ativamente do processo de promoção da saúde, prevenção e tratamento das DST/HIV e aids. B) A inserção do aconselhamento e do diagnóstico do HIV na rotina dos serviçosda rede básica de saúde pode contar com a organização que já existe, em relação ao processo de trabalho da equipe. C) O aconselhamento é o momento em que emerge a responsabilidade individual com a prevenção, e a sua abordagem reforça o compromisso coletivo e o ideal de solidariedade. D) A atenção básica é um campo propício para o desenvolvimento do aconselhamento em DST/HIV/aids. Resposta no final do capítulo 18. Quais as repercussões em relação à análise da pandemia de aids que a institucionalização de ações como a oferta do teste anti-HIV, o aconselhamento e o diagnóstico precoce podem trazer? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ O QUE ABORDAR NO ACONSELHAMENTO Alguns fatores devem ser abordados no aconselhamento nas unidades básicas de saúde, como as práticas sexuais sem preservativos e o uso de drogas. Práticas sexuais sem preservativos No Brasil, as ações desenvolvidas para a prevenção das DST/aids e a promoção da saúde primam pela recomendação do uso do preservativo em todas as relações sexuais. Abordagens que recomendam a diminuição do número de parceiros, a abstinência e a fidelidade não têm tido impacto entre as pessoas sexualmente ativas. Abordar as diversas práticas sexuais (anal, vaginal, oral), destacando as diferenças vulnerabilidades masculinas e femininas (biológica e de gênero) é fundamental para que homens e mulheres percebam as situações de risco que vivenciam, não apenas a partir do seu comportamento sexual, mas também de suas parcerias (homo e/ou heterossexual). Destaca-se a vulnerabilidade das mulheres que se encontram em situação de submissão, na relação com os homens para negociar o uso do preservativo, principalmente, com seus parceiros fixos. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5025 26 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS Uso de drogas O uso, o abuso e a dependência de substâncias psicoativas sempre estiveram atrelados ao julgamento moral. Por isso, é necessário reforçar o acolhimento no serviço das pessoas que usam drogas e considerar sua escolha um direito de cidadania. Orientação para a abstinência das drogas, no primeiro contato com o usuário de drogas, não tem mostrado-se efetiva, uma vez que essa prática, quando revelada, vem acompanhada de grande receio de denúncias à polícia e à família. Quando se sente acolhido, o usuário acaba solicitando orientação para o tratamento da dependência de drogas. Esse momento é fundamental para encaminhá-lo a um serviço especializado. Na maioria das vezes, a pessoa não revela seus hábitos sobre drogas, e é preciso perguntar objetivamente sobre isso, independentemente da idade. Deve-se abordar o efeito de substâncias relacionado às práticas sexuais inseguras. O compartilhamento de agulhas, seringas e recipientes para a diluição da droga (cocaína) são práticas de altíssimo risco para a infecção do HIV. Deve-se recomendar a utilização de equipamentos individuais e o sexo seguro, pois observa-se que embora os usuários de drogas sejam capazes de mudar seu comportamento em relação ao uso de drogas (não compartilhar, por exemplo), isso não ocorre na mesma proporção em relação às práticas sexuais. Para o público que faz uso de drogas, a solicitação do teste de hepatite B e de hepatite C, bem como as orientações sobre vacinas e prevenção são fundamentais. No caso dos usuários de drogas soropositivos, com indicação para tratamento com anti-retrovirais (ARV), reforçar a necessidade de adesão ao tratamento e esclarecer sobre a não-interferência no efeito desses medicamentos. O diagnóstico e as informações sobre as outras DST são importantes, e deve-se orientar sobre a relação dessas com o HIV/aids. Se a pessoa teve uma DST significa que ela não está usando a camisinha e, portanto, está expondo-se ao HIV. No caso das mulheres, em especial, é preciso alertar para a prevenção e tratamento da sífilis e as conseqüências no caso de uma gravidez. Na abordagem sobre relacionamentos estáveis/fixos, lembrar que os jovens consideram como estável uma relação de semanas. É importante, discutir e recomendar o uso do preservativo em todas as relações sexuais. Orientar sobre sexo seguro inclui abordar a prevenção da gravidez precoce e não-programada, como uma prática a ser assumida por ambos os sexos, uma vez que tal ocorrência tem conseqüências para os homens e mulheres. Perguntar sobre o consumo de álcool e outras drogas deve fazer parte da rotina dos profissionais de saúde. As orientações sobre a diminuição do uso do preservativo e os riscos no volante sob o efeito do álcool são formas de se levantar os episódios de abuso de drogas presentes nos jovens. O uso de drogas injetáveis, cuja média de iniciação está em torno dos 16 anos, também deve ser abordado com o oferecimento de equipamentos seguros para a injeção. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5026 27 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA DOs profissionais de saúde devem lutar pela garantia dos direitos humanos dos usuários do serviço. Devem refletir e combater toda e qualquer forma de preconceito e discriminação associada ao exercício da sexualidade, à diversidade sexual, ao uso de drogas e às DSTs. Estar sempre atentos para reverter situações (internas ou externas) em que são evidenciadas atitudes preconceituosas. Questões ou preconceitos relacionados à orientação sexual, às condições de vida, ao exercício do sexo comercial, ao número de parcerias sexuais, à homossexualidade, ao uso indevido de drogas e à sorologia não devem ser trabalhadas com base em julgamentos morais pelo(a) profissional de saúde. Deve possibilitar o esclarecimento de dúvidas e, também, a identificação de fatores que trazem maior vulnerabilidade à infecção do HIV/aids. 19. As ações desenvolvidas para a prevenção das DST/aids e a promoção da saúde no Brasil estão direcionadas para quais atividades? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 20. Quais os temas que devem ser abordados no aconselhamento, em relação a práticas sexuais sem preservativos? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 21. Assinale V (verdadeiro) e F (falso) parasas questões a seguir. A) ( ) Abordagens que recomendam a diminuição do número de parceiros, a abstinência e a fidelidade têm tido impacto entre as pessoas sexualmen- te ativas. B) ( ) Na maioria das vezes, a pessoa não revela seus hábitos sobre drogas, e é preciso perguntar objetivamente sobre isso, dependendo da idade de quem está sendo atendido. C) ( ) Na abordagem sobre relacionamentos estáveis/fixos, lembrar que os jo- vens consideram como estável uma relação de meses. D) ( ) As orientações sobre a diminuição do uso do preservativo e os riscos no volante sob o efeito do álcool são formas de se levantar os episódios de abuso de drogas presentes nos jovens. Resposta no final do capítulo proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5027 28 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS 22. Quais as questões que devem ser reforçadas para os usuários de drogas soropositivos, com indicação para tratamento com anti-retrovirais? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ COMPONENTES DO PROCESSO DE ACONSELHAMENTO A educação, o apoio emocional e a avaliação de vulnerabilidades são componentes do processo de aconselhamento nas unidades básicas de saúde. Educação O componente educação consiste nas seguintes ações: ■■■■■ troca de informações sobre HIV/aids; ■■■■■ formas de transmissão, prevenção e tratamento; ■■■■■ esclarecimento de dúvidas. Este momento do aconselhamento pode ser realizado nas atividades de sala de espera, grupos de hipertensos, diabéticos, gestantes, planejamento familiar, terceira idade, adolescentes, consultas individuais, e nas atividades extramuros, ou seja, quando o profissional se desloca para visitas domiciliares, empresas, escolas, zonas de prostituição, locais de uso de drogas, bares, boates, saunas, entre outros. Apoio emocional A busca de um serviço implica que o usuário se encontra em uma situação de fragilidade, mais ou menos explícita, exigindo de toda a equipe sensibilidade para acolhê-lo em suas necessidades. Prestar apoio emocional implica estabelecer uma relação de confiança com o usuário. Sentindo- se acolhido e confiando no profissional, o usuário poderá ficar mais seguro para explicitar suas práticas de riscos e avaliar os possíveis resultados do teste anti-HIV. Isso pode ocorrer nas consultas individuais e no aconselhamento pré e pós-teste. Avaliação de vulnerabilidades Conversar sobre estilo de vida, exposições a situações de risco para as infecções relacionadas às práticas sexuais e uso de drogas auxilia o usuário a perceber melhor seus comportamentos e possibilidades de exposição ao HIV. Este momento também deve incluir o planejamento cuidadoso de estratégias para a redução de riscos, adoção de práticas mais seguras, promoção da saúde e qualidade de vida. Esses conteúdos são abordados nas consultas individuais, no aconselhamento pré-teste, devendo ser novamente proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5028 29 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA Dtrabalhados no pós-teste, em que se acrescenta a avaliação dos recursos pessoais e sociais que auxiliem na adesão ao tratamento e na definição de um plano factível de redução de riscos, sempre baseado na realidade e nas possibilidades de cada usuário. Observamos que a avaliação do próprio risco, em que são explorados aspectos íntimos da sexualidade e/ou do uso de drogas, é mais bem trabalhada em um atendimento individual, e que o profissional de saúde necessita estar atento aos seus preconceitos e possibilitar que o usuário se expresse abertamente sem juízos de valor. O conceito de vulnerabilidade vem sendo utilizado desde o início dos anos 90 e passa a ser central nas discussões sobre prevenção e controle da aids. Traz a perspectiva de que os comportamentos individuais de exposição ao risco são considerados em relação a um conjunto mais amplo de determinantes, que devem ser contemplados no planejamento das ações de prevenção da infecção pelo HIV e nos cuidados de enfermagem. Buchala e Paiva,2 destacam que a vulnerabilidade de um grupo à infecção pelo HIV e ao adoecimento é resultado de um conjunto de características dos contextos político, econômico e socioculturais que ampliam ou diluem o risco individual. Além de trabalhar essas dimensões sociais (vulnerabilidade social), é um desafio permanente e de longo prazo sofisticar os programas de prevenção e assistência, abrindo espaço para diálogo e a compreensão sobre os obstáculos mais estruturais da prevenção, sobre o acesso e as experiências diversas com os meios preventivos disponíveis (vulnerabilidade programática), para que, no plano das crenças, atitudes e práticas pessoais (vulnerabilidade individual), todos, significando cada um, possam de fato se proteger da infecção e do adoecimento pela aids. Mann e colaboradores,6 enfocam que a prevenção bem sucedida do HIV, ou responsabilidade para a prevenção do HIV, requer três elementos: ■■■■■ informação/educação; ■■■■■ serviços de saúde e sociais; ■■■■■ um ambiente social de apoio. A vulnerabilidade pessoal à infecção pelo HIV aumenta quando o indivíduo não está preocupado ou suficientemente motivado com relação ao perigo de infecção pelo HIV. A vulnerabilidade social também aumenta quando o indivíduo carece de habilidades, acesso aos serviços necessários, suprimentos ou equipamentos e o poder ou confiança para sustentar ou implementar mudanças comportamentais. A introdução das noções de vulnerabilidade individual, social e programática por Mann e colaboradores,6 faz com que os tradicionais conceitos de risco passem a ser compreendidos dentro de uma nova perspectiva, não mais como quantificação de práticas e comportamentos arriscados, ou levantamento de informações que as pessoas possam ter a respeito. Passa-se a tentar compreender as condições que tornam estas pessoas mais ou menos vulneráveis à infecção pelo HIV, e quais os fatores socioculturais que interferem na adoção de certos comportamentos. Poderíamos concluir, assim, que a vulnerabilidade é construída em sociedades concretas e em indivíduos com suas vivências concretas.7 proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5029 30 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS O conceito de vulnerabilidade traz, também, o respeito aos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV/aids. Segundo Roth,12 o respeito ao direito das pessoas infectadas ou em risco para a infecção pelo HIV é essencial na prevenção e controle da doença. Os direitos humanos representam uma ferramenta poderosa para atender às necessidades humanas básicas. Mas, a sua contribuição na luta contra a aids não é simples, como se supõe freqüentemente, e envolve padrões relevantes que são encontrados nos terrenos familiares dos direitos econômicos e sociais. 23. Correlacione as colunas a respeito dos componentes do processo de aconselhamento. Resposta no final do capítulo 24. O que proporciona ao usuário de drogas ou ao indivíduo que pratica sexo não- seguro, o apoio emocional e o conseqüente estabelecimento de uma relação de confiança entre ele e o profissional de saúde? ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 25. Descreva como os conceitos de vulnerabilidade social, programática e individual relacionam-se entre si, para o estabelecimento de ações voltadas à prevenção e ao controle da aids. ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ( 1 ) Prestar apoio emocional ( 2 ) Conceito de vulnerabilidade ( 3 ) Troca de informações sobre HIV/aids ( 4 ) Prevenção bem sucedida do HIV ( 5 ) Avaliação de vulnerabilidades ( 6 ) A avaliação do próprio risco ( ) uma das ações do componente educação. ( ) é mais bem trabalhada em um atendimento individual. ( ) momento para a promoção da saúde e qualidade de vida. ( ) estabelecer uma relação de confiança com o usuário. ( ) necessidade de um ambiente social de apoio. ( ) vem sendo utilizado desde o início dos anos 80. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5030 31 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA DA PRÁTICA DO ACONSELHAMENTO No contexto da epidemia, a prática de aconselhamento tem sido uma estratégia de prevenção muito importante, e é parte essencial no momento de diagnóstico do HIV. Foram sistematizados procedimentos para o pré e pós-teste com conteúdos definidos e que auxiliam o profissional/ serviço a incorporar uma concepção de trabalho e a lógica da promoção e prevenção das HIV/ aids. Os procedimentos sistematizados para o desenvolvimento do aconselhamento não devem ser utilizados como uma prescrição ou mero instrumento de coleta de dados e repasse de informações, substituindo a relação/vínculo com o usuário e, muito menos, inibindo a expressão de sentimentos e dúvidas. Ação educativa Algumas ações que devem ser realizadas na ação educativa: ■■■■■ reafirmar o caráter confidencial e o sigilo das informações; ■■■■■ trocar informações sobre DST/HIV e aids, diferença entre HIV e aids, suas formas de transmissão, prevenção e tratamento, com ênfase para as situações de risco sexual e de uso de drogas; ■■■■■ identificar barreiras (por exemplo: não conhecer ou não saber usar preservativo, dificuldade de negociação sobre o uso com o parceiro, compartilhamento de seringas e outros) para a adoção de práticas mais seguras, segundo o perfil dos usuários que freqüentam o serviço; ■■■■■ explicar o uso correto do preservativo e demonstrá-lo; ■■■■■ explorar hábitos sobre uso de drogas, lembrando que o consumo de álcool e outras drogas lícitas ou ilícitas, pode alterar a percepção de risco e resultar no relaxamento do uso do preservativo; ■■■■■ explicar os benefícios do uso exclusivo de equipamentos para o consumo de drogas injetáveis; ■■■■■ informar sobre a disponibilização dos insumos de prevenção no serviço (preservativos masculino, feminino, gel lubrificante e kit de redução de danos para usuários de drogas); ■■■■■ estimular a realização do teste e do aconselhamento pré-teste e pós-teste para os usuários que se perceberem em situação de risco; ■■■■■ trocar informações sobre o teste e orientar sobre a necessidade de repetir o teste no caso do usuário estar no período de janela imunológica. Janela imunológica é o período de 60 dias, após a última exposição de risco, em que não é possível detectar a infecção pelo HIV no exame de sangue. Lembrar que o teste só deve ser solicitado a partir do consentimento da pessoa. Consentir não significa apenas concordar em realizar o teste, mas, também, compreender o significado dos resultados positivo e negativo. A decisão informada é aquela tomada livremente e sem pressão. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5031 32 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS No momento do pré-teste As seguintes medidas devem ser tomadas no momento do pré-teste: ■■■■■ reafirmar o caráter confidencial e o sigilo das informações; ■■■■■ trocar informações sobre o significado dos possíveis resultados do teste e o impacto na vida de cada usuário; ■■■■■ considerar as possíveis reações emocionais que venham a ocorrer durante o período de espera do resultado do teste e reforçar medidas de prevenção neste período; ■■■■■ reforçar a necessidade de tratamento do(s) parceiro(s) sexual(is); ■■■■■ enfatizar a relação entre DST e HIV/aids; ■■■■■ explorar qual o apoio emocional e social disponível (família, parceiros, amigos, trabalho e outros); ■■■■■ avaliar riscos: explorar as situações de risco de cada usuário e medidas de prevenção específicas. No momento do pós-teste As seguintes ações devem ser realizadas no momento do pós-teste: ■■■■■ reafirmar o caráter confidencial e o sigilo das informações; ■■■■■ lembrar que um resultado negativo não significa imunidade. Diante de resultado negativo No momento pós-teste, as seguintes ações devem ser adotadas, caso o resultado do teste seja negativo: ■■■■■ lembrar que um resultado negativo significa que a pessoa: • (1) não está infectada; ou • (2) está infectada tão recentemente que não produziu anticorpos para a detecção pelo teste. ■■■■■ avaliar a possibilidade de o usuário estar em janela imunológica e a necessidade de retestagem; ■■■■■ rever a adesão ao preservativo e o não-compartilhamento de agulhas e seringas no caso de usuários de drogas injetáveis; ■■■■■ definir um plano viável de redução de riscos que leve em consideração as questões de gênero, vulnerabilidades para o HIV, diversidade sexual, uso de drogas e planejamento familiar. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5032 33 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA DDiante de resultado positivo Se o resultado do teste for positivo, algumas medidas devem realizadas no momento pós-teste: ■■■■■ permitir ao usuário o tempo necessário para assimilar o impacto do diagnóstico e expressar seus sentimentos, prestando o apoio emocional necessário; ■■■■■ lembrar que um resultado positivo não significa morte, ressaltando que a infecção é tratável; ■■■■■ reforçar a necessidade do uso do preservativo e o não-compartilhamento de agulhas e serin- gas no caso de usuários de drogas injetáveis, lembrando a necessidade de redução de riscos de reinfecção e transmissão para outros; ■■■■■ enfatizar a necessidade de o resultado ser comunicado ao(s) parceiro(s) sexual(is); ■■■■■ orientar quanto à necessidade de o(s) parceiro(s) sexual(is) realizar(em) teste anti-HIV; ■■■■■ contribuir para um plano viável de redução de riscos que leve em conta as questões de gênero, vulnerabilidade, planejamento familiar, diversidade sexual e uso de drogas; ■■■■■ referenciar o usuário para os serviços de assistência necessários, incluindo grupos comunitá- rios de apoio, enfatizando a importância de acompanhamento médico, psicossocial periódico, para a qualidade de vida; ■■■■■ agendar retorno. Diante de resultado indeterminado No momento pós-teste, diante deum resultado indeterminado, as seguintes ações devem ser tomadas: ■■■■■ lembrar que um resultado indeterminado significa que deve ser coletada uma nova amostra após 30 dias da emissão do resultado da primeira amostra; ■■■■■ reforçar a adoção de práticas seguras para a redução de riscos de infecção pelo HIV e por outras DST; ■■■■■ considerar com o usuário possíveis reações emocionais que venham a ocorrer durante mais este período de espera do resultado de teste. CONDIÇÕES DO SERVIÇO PARA IMPLANTAR O ACONSELHAMENTO Consideramos que existe um conjunto de condições necessárias para a implantação do aconselhamento em um serviço de saúde, quando elas não existem devem ser implementadas progressivamente. Algumas dessas ações são apresentadas no Quadro 2. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5033 34 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS Quadro 2 CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A IMPLANTAÇÃO DO ACONSELHAMENTO EM UM SERVIÇO DE SAÚDE Condição Acolhimento Provisão de insumos Capacitação das equipes Rede de referência Definição de fluxo do usuário A entrega do resultado Descrição Capacidade de atenção e disponibilidade para receber bem o usuário, ouvir o motivo que o levou ao serviço e dar respostas às suas demandas (recepção, segurança, porteiro, triagem, sala de espera, entre outras). Material para coleta de sangue, preservativos, material instrucional. Na medida da consolidação da prática é importante que se inclua a disponibilização de gel lubrificante e kits de redução de danos (agulhas e seringas descartáveis). O aprimoramento das práticas de saúde é uma busca constante dos profissionais comprometidos com a qualidade da atenção. A qualificação da equipe é um dos fatores essenciais para atingir este objetivo. Para tanto, é fundamental que os gestores municipais e estaduais assegurem às equipes processos de capacitação que levem em consideração sua realidade, e auxiliem na reorganização de seus processos de trabalho. É importante identificar nos municípios e nos estados as instituições ou serviços de saúde que possam promover espaços de reflexão, troca de experiências e auxiliem na qualificação da equipe por meio de capacitações e supervisões em serviço para a implantação das ações de aconselhamento. O Programa Nacional DST/ HIV/aids encontra-se no site www.aids.gov.br, com informações sobre os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) com experiência em aconselhamento em todos os estados do nosso país. Cabe aos gestores estabelecer referências da rede laboratorial e de especialidades para os casos positivos, caso as mesmas não existam. É exigido do serviço, reestruturar o fluxo para atender: ■■■■■ demanda espontânea; ■■■■■ demanda presente na unidade estimulada em outra atividade; ■■■■■ parceiros de usuários da unidade. Deve necessariamente ser acompanhada de aconselhamento individual no pós-teste. Aquela unidade que estabelecer o pré-teste coletivo deve oferecer o pré-teste individual para todos os usuários. O tempo de espera para o resultado é um período de muita ansiedade e estresse e, se houver demora prolongada, o usuário pode até desistir de buscar o resultado. É fundamental a articulação dos gestores junto aos laboratórios, para garantir em até 15 dias o resultado conclusivo dos exames. A articulação com grupos organizados da sociedade civil tem-se mostrado estratégia eficaz para ampliar acesso ao serviço e conhecer os preconceitos mais comuns que sofrem os diversos segmentos populacionais. Em cada município existem lideranças de feministas, de profissionais do sexo, de homossexuais, de jovens, de usuários de drogas ou de travestis que militam pelas questões de cidadania e podem ser contatadas para reuniões, grupos de discussão, produção de material informativo, ações educativas nos serviços, aulas em capacitação. proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5034 35 PR OE NF SA ÚD E D O A DU LT O S ES CA DPara a implantação do aconselhamento em um serviço de saúde, sugere-se os seguintes temas a serem trabalhados: ■■■■■ dados epidemiológicos locais; ■■■■■ informações teóricas sobre DST/HIV/aids (formas de transmissão, prevenção, tratamento, di- ferença entre HIV/aids, janela imunológica); ■■■■■ diagnóstico laboratorial (HIV e sífilis); ■■■■■ sexualidade e gênero; ■■■■■ vulnerabilidade para as DST/HIV/aids; ■■■■■ drogas e redução de danos; ■■■■■ ética/direitos humanos; ■■■■■ práticas mais seguras para a prevenção das DST/HIV/aids; ■■■■■ aconselhamento (conceito, princípios, componentes, distinção entre ação educativa e aconselhamento); ■■■■■ organização do processo de trabalho das equipes. É necessário, ainda, estabelecer um processo sistemático de monitoramento/supervisão para consolidar a institucionalização da prática do aconselhamento. Encontros periódicos que permitam reflexão, troca de experiências, problematização das situações e dificuldades encontradas e reorganização interna processual, são ações que devem ser viabilizadas pelo gestor, pois são importantes para ampliar a resolução de problemas. Para avaliação da efetividade da prática do aconselhamento, são fundamentais uma uniformidade mínima das ações implantadas e a implementação de um sistema de registro que permita uma melhor visão dos resultados. Para saber mais: O Programa Nacional de DST/aids desenvolveu um sistema informatizado específico para o processo de diagnóstico e aconselhamento, utilizado pelos CTA e se encontra disponível para a implantação na rede básica. Maiores informações no site www.aids.gov.br 26. Os procedimentos sistematizados para o desenvolvimento do aconselhamento não devem ser empregados para determinadas ações. Quais seriam essas ações? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ 27. O que significa decisão informada, e quando ela é necessária? ....................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ ........................................................................................................................................................ proenf-sa_1_A enfermagem e HIV AIDS.p65 4/6/2007, 15:5035 36 A E NF ER MA GE M E O CU IDA DO A PE SS OA S C OM HI V/A IDS 28. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) em relação às ações que devem ser tomadas para o momento pré-teste. A) ( ) Avaliar riscos: explorar as situações de risco de cada usuário e medidas de prevenção específicas. B) ( ) Considerar as possíveis reações emocionais que venham a ocorrer du- rante o período de espera do resultado do teste e reforçar medidas de prevenção neste período. C) ( ) Lembrar que um resultado negativo não significa imunidade. D) ( ) Trocar informações sobre o significado dos possíveis resultados do teste e o impacto na vida de cada usuário. 29. Correlacione as colunas associando as medidas
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