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FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 54ª Ed. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. 143 páginas.

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Página | 4
Everton Henrique dos Santos Silva
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA:
RESUMO DA OBRA DE PAULO FREIRE
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2017
Everton Henrique dos Santos Silva
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA:
RESUMO DA OBRA DE PAULO FREIRE
Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação à disciplina de Fundamentos Filosóficos da Educação I do curso de História – modalidade de Licenciatura, a qual se designa sob orientação do Prof. Me. Diego Frederich.
Centro Universitário Toledo
Araçatuba
2017
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 54ª Ed. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016. 143 páginas.
	A educação sofreu grandes mudanças ao longo da história. No passado já foi responsabilidade de escravos, do santo ofício da igreja católica e, mais recentemente, de profissionais que nada tinham que ver com a disciplina que lecionavam. Hoje, percebe-se um acentuado crescimento da profissionalização docente no Brasil. Sendo assim, a formação de professores emerge como uma questão necessária e de ampla relevância no debate nacional. Nessa mesma perspectiva é que o livro de Paulo Freire figura como uma oportuna reflexão no processo de formação do professor e das práxis em sala de aula para quem já integra o magistério no País. O autor faz uma síntese das principais habilidades e competências indispensáveis ao professor e à professora, enquanto seres éticos e de pensar certo.
	O autor pernambucano dedicou mais de cinquenta anos à educação e à cultura. Na verdade, ainda é considerado um dos pensadores mais importantes da história da pedagogia mundial. Seu fazer pedagógico consistia na reflexão necessária que os educandos deveriam realizar quanto a sua própria condição de vida, sua desigualdade, além do que, também deveriam, em cooperação com o educador, produzir seu conhecimento, o caminho para o seu aprendizado. Paulo Freire, incontestavelmente, foi o brasileiro mais homenageado da história, ganhando vinte e nove títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da América e da Europa e o prêmio da Unesco de Educação para a Paz em 1986, dentre tantos outros. Em toda a sua vida, foi altamente produtivo, tanto que publicou ao menos trinta e sete obras, que até hoje servem de referência na formação de novos professores por todo o País e pelo mundo.
Prática docente: primeira reflexão
Neste primeiro capítulo, o autor faz considerações objetivas quanto às exigências do fazer pedagógico no cotidiano do professor e da professora. O que se nota da primeira parte da obra Pedagogia da Autonomia, ao que parece, são as requisições anteriores à sala de aula que se faz ao educador e educadora. Uma base teórica, metodológica e humanística que haveria de habilitar o docente para o exercício exitoso do magistério. Ao professor e à professora exige-se rigorosidade metódica, o que não significa reduzir a relação ensino-aprendizagem a uma mera permuta de dados entre o sujeito cognoscente e os objetos cognoscíveis. O educador deve se dispor a ensinar criticamente, enquanto aprende com seus alunos. É uma via dialética de ensinar aprendendo e aprender ensinando. 
Não se pode admitir que o professor ou professora sufoque a “curiosidade ingênua” dos alunos em nome da gana em suplantar seu senso comum. O senso comum tem seu papel na percepção da realidade pelos indivíduos. Essa “curiosidade ingênua”, com a mediação do educador crítico, reformar-se-á em “curiosidade epistemológica” quanto mais se exercer a capacidade de aprender criticamente. O aprender de que fala Paulo Freire trata-se de um conhecimento cabal do objeto, o que não ocorre com o somente ensinar dos conteúdos pelo docente ou, mesmo ainda, pela simples transferência de conhecimento. É imperioso, também, ensinar a pensar certo. E como diz o próprio autor quando descortina o tema, “uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiadamente certos de nossas certezas”.
Ao professor e à professora exige-se pesquisa. Pensar certo, do ponto de vista do professor, implica em respeitar a bagagem das vivências do educando manifesta pelo senso comum, bem como, promover seu refinamento, ou seja, a superação do mero saber da experiência feito para alcançar o saber experimentado, metódico, ciência feita. É disso que Freire fala ao apresentar a exigência da pesquisa ao professor e professora críticos. A estes, também, exigem-se estética e ética no exercício profissional. Essa é uma das bandeiras que o autor levanta contra o sistema: a crítica ao tecnicismo educacional, uma herança do fascínio neoliberal. Pelas suas próprias palavras, “transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador”. Em outras palavras, o ensino dos conteúdos não pode estar em separado da formação moral dos indivíduos, antes estes alunos precisam conscientizar-se da sua própria condição.
Freire assume, neste primeiro capítulo, uma postura rigidamente ética. Da qual decorre a exigência da harmonia entre as palavras e o testemunho. Não precisa de muito esforço do homem-médio para se chegar à conclusão que um discurso destituído de testemunho pessoal está desprovido de virtude. Dessa forma, exige-se do professor e da professora aquiescer-se de que ensinar eticamente leva a riscos, exige-se a aceitação do novo e a rejeição de qualquer forma de discriminação. Uma postura como essa é coerente com a experiência pessoal de assumir-se como ser histórico e social, como ser pensante, crítico, transformador, criador e capaz de sentir o que quiser sentir, isto é, livre na plenitude do termo. É uma visão madura de quem vê além dos processos e pragmatismo, ao passo que enxerga os sentimentos, as emoções, a insegurança e o medo sendo superados pela firmeza e a coragem. Trata-se, essencialmente, de compreender o potencial condicionador do professor e, biunivocamente, o condicionamento natural que sofre por influência dos seus alunos no processo da aprendizagem.
Ensinar não é transferir conhecimento
“Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” é a base conceitual na qual o autor desenvolve todo o seu raciocínio neste segundo capítulo da obra Pedagogia da Autonomia. É uma postura de quem pensa certo e se opõe, diametralmente, ao ensino bancário. O aluno não é um livro de páginas em branco que permanece passivo enquanto o professor lhe inscreve o conhecimento metódico e sistematizado. Até porque um raciocínio desse tipo provocaria uma falsa compreensão de que o mestre é superior ao aprendiz, de que o aluno nada tem e o professor tudo possui. Um claro exemplo do pensar errado. Pensar certo, neste caso, é o professor ou professora compreenderem seu próprio inacabamento. Saber que é eternamente um aluno num universo tão infinito e que isso não é vergonha alguma. Tomar consciência do próprio inacabamento é dispor de uma virtude escassa, porém necessária à prática educativa: humildade.
Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando. A palavra que se impõe para a concretização desse princípio é respeito. Respeitosamente, o professor pode e deve exercer sua autoridade enquanto procura ensinar. Autoridade que não se confunde com autoritarismo. Um professor ou professora autoritários não respeitam a curiosidade de seus alunos. Ferem a ética consigo mesmos, com os educandos e com a sociedade. A autoridade também se antagoniza à licenciosidade, que é o caso de o professor falhar no estabelecimento de regras e na exigência do cumprimento das mesmas, bem como em permitir que as coisas saiam fora do seu controle e não operar legitimamente para retomá-las à devida ordem. A presença do professor deve se fazer notar na sala de aula. De outra feita, é o mais puro e simples emprego do bom-senso.
Ao professor e à professora exige-se apreensão da realidade. A preocupaçãode Paulo Freire dizia respeito à apatia do profissional docente ao contexto social enquanto ensina. Para ele, era impossível “estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra”. Na verdade, era um dever desse professor e da professora não se omitir ou esconder sua opinião, sua opção política em nome de uma neutralidade inexiste para respeitar os seus alunos. Ele entendia que essa omissão era a forma mais concreta de desrespeitá-los. Da mesma maneira, também não negar a esses alunos o direito de rejeitar essa mesma opinião ou opção política. O autor asseverava que um professor progressista, que se sente mal com as injustiças e luta por um mundo melhor, precisa ser criticamente esperançoso, alegre. Não é ser tolo, mas refletir sobre as ações efetivas que levam ao refinamento do pensamento humano e alteram as condições de vida das pessoas que hoje sofrem tanto e continuamente. É ser ético sobre essa mencionada cosmovisão quando inquirido pelos seus alunos.
Ensinar é uma especificidade humana
Este capítulo é o que contém um discurso mais político dos três que compõem o livro. Nele, Paulo Freire apresenta suas convicções firmemente, defendendo a ideia de que a educação não transforma a sociedade, todavia tampouco a sociedade muda sem ela. O engajamento do autor parte da análise da formação do professor em direção ao caráter ideológico da educação e sua capacidade de intervenção no mundo. Da primeira parte do objetivo citado, entende-se que a segurança e a autoridade do professor e da professora estão intimamente relacionadas à competência deste ou desta. “O professor que não leve a sério sua formação, que não estude, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa, não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe”, afirma. Outra qualidade imperativa nas relações que se estabelecem pelo binômio autoridade-liberdade é a generosidade.
A autoridade não pode ser arrogante, mandonista e cerceadora da criatividade dos educandos aos cuidados do educador. A autoridade que funciona habilmente é democrática e firme. É feita notar por tudo que aquele professor ou professora representa junto de seus alunos no trabalho incansável que desempenha para formar e reformar mentes autônomas. Ao professor e a professora, exige-se comprometimento. Uma entrega que justificará uma prestação socioeducacional de alta performance, onde os alunos tenham um professor que saiba do que leciona e que esses alunos saibam que seu professor sabe. Caso esse professor não saiba de tudo, o que é completamente natural, quando perguntado sobre algo da sua área, possa responder e se não souber, eticamente, diga que não sabe, porém procurará saber e dá-los-á a conhecer brevemente. Pensar certo ensinando a pensar certo pelo exemplo.
Em um momento de pura atividade pedagógica, deve o professor e a professora críticos compreender o poder ideológico de grande dimensão da educação. O autor apresenta uma clara oposição ao fatalismo da ideologia neoliberal que tem se espraiado pelo planeta, especialmente na América Latina, a exemplo de Brasil, México e Argentina. Conclama, portanto, às classes trabalhadoras que se unam contra as “ameaças que nos atinge, a da negação de nós mesmos como seres humanos submetidos a fereza da ética de mercado”. Finalmente, o autor fala da exigência de se querer bem aos educandos a quem se dedica ao fazer pedagógico. Não significa nutrir a todos, igualmente, de elevada estima, porém considera-los como gente que são, vê-los com olhos de esperança e fé, com suas especificidades naturais e culturais. E lutar para ajuda-los a ser Seres Mais.

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