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Práticas pedagogicas II de Ensino Identidade Docente e seus Desafios

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PRÁTICA DE ENSINO: IDENTIDADE 
DOCENTE E SEUS DESAFIOS 
APRESENTAÇÃO 
 
Professora Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
➢ · Licenciatura Plena em Pedagogia (UNIESP-BIRIGUI/SP.). 
➢ . Especialista em Tecnologias Aplicadas à Ead (UniFCV). 
➢ · Especialista em Psicopedagogia Institucional (UniCESUMAR). 
➢ · Especialista em EAD e as Novas Tecnologias (UniCESUMAR). 
➢ · Especializanda em Gestão Educacional (UniCESUMAR) 
➢ · Tutor Educacional (UniFCV). 
➢ · Link do Currículo na Plataforma Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/7121786122659913 
 
Ampla experiência na modalidade de ensino a distância (Ead), voltadas 
para a área da Educação (licenciaturas e áreas afins). Atualmente atuo nessa 
modalidade no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV), sendo com 
embasamento na Tutoria Educacional e, por fim, atuo como professora 
conteudista. 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Seja muito bem-vindo(a)! 
 
Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, 
isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de 
agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre a prática 
de ensino: identidade docente. Vamos descobrir a identidade docente, sobre 
seus reais valores, pensamentos e pensadores, assim como auxiliá-lo nos 
desafios que a formação implica para a sua profissionalização. 
 Na unidade I abordaremos a temática sobre a construção da Identidade 
Docente, entre a teoria e a prática, como o papel social do professor, sua 
identidade, os aspectos do saberes da docência e a práxis pedagógica. 
 Já na unidade II, vamos abordar sobre a formação de professores como 
um projeto político, contextualizando, assim, a importância da formação inicial e 
continuada, a importância do projeto político pedagógico frente à formação e 
atuação do professor. 
 Depois, na unidade III, vamos tratar da contribuição da pedagogia de 
Paulo Freire para a formação do docente: agente que aprende e ensina. 
 E, por fim, na unidade IV vamos abordar sobre os desafios da docência 
para o uso das tecnologias digitais, dentre o papel da formação do docente para 
o uso das tecnologias, apontando, assim, sobre tecnologias digitais e seus 
diferentes usos. 
 Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer 
esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos 
assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu 
crescimento pessoal e profissional. 
 
Muito obrigada e bom estudo! 
 
 
UNIDADE I 
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE – ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA 
Professor Especialista Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
 
Plano de Estudo: 
● O papel social do professor; 
● A identidade do professor; 
● Os saberes da docência; 
● A práxis pedagógica. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
Proporcionar aos alunos e alunas uma reflexão sobre a importância da identidade 
docente que o/a auxilie no entendimento dos desafios que a formação implica para a sua 
profissionalização. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, caro (a) aluno (a), é com muita alegria que irei conduzi-lo pelo caminho do 
conhecimento, iremos refletir sobre assuntos muito importantes para sua formação 
profissional e, no final da unidade, deixarei algumas sugestões de filmes e livros. Espero 
que goste! 
O tema da nossa unidade é: O papel social do professor- entre a teoria e a prática, 
como o nome da unidade já sugere, estudaremos sobre vários aspectos teóricos e 
práticos que fazem parte do trabalho docente. 
Você refletirá sobre o quanto nossa profissão é importante para a mudança de 
vida das pessoas e perceberá que temos um grande poder em nossas mãos, mas para 
fazer isso será necessário possuir alguns saberes específicos e eu irei ajudá-lo a 
percebê-los, distingui-los e compreendê-los. Aprenderemos também sobre a identidade 
docente e sobre quais são os aspectos que contribuem para que ela seja formada e, 
para finalizar, ver sobre a práxis pedagógica, que é uma ação docente reflexiva e que 
visa transformar a realidade. 
Bons estudos! 
1 O PAPEL SOCIAL DO PROFESSOR 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-
1798363267 
 
Vamos começar essa unidade refletindo um pouco sobre nossa sociedade e as 
mudanças que têm e estão ocorrendo com o passar dos anos. Segundo o dicionário 
Michaelis (2021), dentre outras definições, alguns dos significados da palavra mudança 
são: 1 Ação ou efeito de mudar; muda, mudamento. [...] 6 Modificação ou alteração de 
sentimentos, ideias ou atitudes.[...]. Utilizaremos essas duas definições citadas, pois 
estão mais próximas do nosso campo de estudo e reflexão. 
 A outra palavra que iremos pensar no significado é sociedade: 
 
[...] 2 SOCIOL Agrupamento de pessoas que vivem em um território comum, 
interagindo entre si, seguindo determinadas normas de convivência e unidas 
pelo sentimento de grupo social; coletividade. 
[...] 4 Ambiente humano ao qual o indivíduo se encontra integrado. [...].6 
Relacionamento entre indivíduos que vivem em comunidade ou em grupo; 
convivência (MICHAELIS, 2021). 
 
Sendo assim, mudança social é um fenômeno relacionado a uma mudança de 
ideias, pensamentos, atitudes, hábitos e costumes que são inseridos ou deixam de fazer 
parte com o passar do tempo, de um determinado grupo social que convive no mesmo 
espaço, seguindo normas comuns a todos, e é ela que movimenta o desenvolvimento 
das sociedades. 
Seus impactos podem durar por gerações ou serem vistos apenas num futuro 
longínquo; alguns exemplos que possibilitam o acontecimento dessas mudanças são as 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-1798363267
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/black-teacher-protective-face-mask-teaching-1798363267
guerras e revoluções, desenvolvimento das tecnologias, crescimento populacional, 
desastres naturais, econômicos, geográficos, culturais, religiosos e movimentos sociais 
como: o movimento feminista, estudantil, negro, trabalhista, ambientalista, LGBTQIA+ 
(sigla que significa: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros, 
Queer, Intersexo, Assexual e mais), entre outros. 
Todos esses movimentos são formados por um grupo de indivíduos que defendem 
uma causa, pode ser para buscar a transformação de algo dentro da sociedade sejam 
elas mudança de valores, pensamento, atitudes e luta por direitos para que nossa 
sociedade seja mais justa, igualitária e democrática. 
Veja algumas imagens ilustrativas relacionadas a alguns dos movimentos citados: 
 
Figura 1 - Goiânia, Goiás, Brasil - 30 De Maio De 2019: Pessoas Segurando Cartaz Na 
Demonstração. Foto tirada Durante Manifestação a favor da Educação Ocorrida em Goiânia 
v 
ID da foto stock livre de direitos: 1965705043 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Goiânia, Goiás / Brasil - 24 de agosto de 2019: Multidão segura cartazes escritos em 
português em protesto pela proteção da floresta amazônica 
https://www.shutterstock.com/pt/photos
 
ID da foto stock livre de direitos: 1486957508 
 
Figura 3 - São Paulo, SP, Brasil - 03 de junho de 2018: Pessoas na Parada do Orgulho LGBT 
na Avenida Paulista em São Paulo em um dia ensolarado 
 
ID da foto stock livre de direitos: 182763742 
 
Além de todas as mudanças e transformações que ocorrem pelos diversos 
motivos citados acima, a troca de informações hoje ocorre em tempo real, as tecnologias 
e seus avanços mudaram totalmente a maneira das pessoas pensarem e se 
relacionarem, temos mudanças profundas de valores e atitudes, o que era considerado 
politicamente correto no passado, hoje não é mais, tudo é questionado a todo momento, 
https://www.shutterstock.com/pt/photos
https://www.shutterstock.com/pt/photos
temos novos pontos de vista e maneiras de se relacionar e viver; com isso a sociedade 
moderniza-see desenvolve-se, questionando maneiras de pensar que excluem esse ou 
aquele determinado grupo. 
Com essas transformações os alunos também mudam, os de antigamente não 
são os mesmos de hoje, nem serão os de amanhã, Tardif diz que os jovens de hoje 
percebem que “se aprende na escola, sim, mas também se aprende muito fora dela” 
(TARDIF, 2011, p. 143). Cabe ao professor ser flexível, estar atento a essas 
transformações, compreendê-las sem pré-julgamentos e incluí-las no dia-dia da sala de 
aula, trazendo assuntos atuais para debates, temas da realidade próxima de onde seus 
alunos vivem e também ouvir seus anseios e dificuldades, a fim de discutir e mostrar 
diferentes pontos de vista que leve o discente a ascender na sociedade, compreendendo 
que deve lutar pelos seus direitos, a fim de ocorrer uma transformação social para 
termos uma sociedade mais justa e igualitária. 
Segundo Freire (2000, p. 67) “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, 
sem ela tampouco a sociedade muda”. Podemos perceber com essa citação de Freire, 
como a educação tem um papel central na mudança da sociedade, na mudança de 
pensamentos, fazendo com que os discentes saiam do pensamento de senso comum, 
em que o que é levado em consideração são os saberes informais do cotidiano como: 
crenças, hábitos, preconceitos e tradições passados de geração em geração, a fim de 
que consigam ter um pensamento crítico, ou seja, em que a pessoa tem a capacidade 
de avaliar, discernir e refletir sobre as situações sem aceitar o que lhe é imposto. 
Reflitamos agora com esta citação de Gadotti (2003) , dizendo que a sociedade 
muda através do professor e não, apesar da existência dele, pois é uma classe 
insubstituível e de valor inestimável para o desenvolvimento dela. 
 
Assim se pode imaginar um futuro para a humanidade sem professores. Eles 
não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, 
mas também formam pessoas. Eles fazem fluir o saber, porque constroem 
sentido para a vida das pessoas, da humanidade e buscam, numa visão 
emancipadora, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para 
todos. Por isso eles são imprescindíveis (GADOTTI, 2003, p. 20). 
 
 
Dessa forma, percebemos a poderosa arma que o docente tem em mãos, ser 
professor hoje é diferente, não é nem mais fácil, nem mais difícil do que antigamente, 
pois é necessário ir moldando-se e reconstruindo-se, numa ação/reflexão constante 
sobre a prática, incluir novas tecnologias, novos métodos de ensino e ter uma boa 
relação professor-aluno também é imprescindível com respeito e diálogo. 
Para que isso aconteça, é necessário que o professor participe continuamente de 
atividades de formação continuada, em que em paralelo com as funções de docente 
também se coloca em lugar de discente, porque conhecimento não é estático, sendo 
assim professor é um ser que está sempre em transformação e, para tanto, é necessário 
garantir uma constante atualização teórica e prática e isso se refletirá na melhor 
formação dos alunos. 
Segundo Perrenoud (1993, p. 200): 
 
Atualizar-se, rever conceitos e (re) significar a prática pedagógica para poder 
responder às demandas sociais fazem parte das propostas de formação 
continuada. Porém, conhecer as novas teorias, estar ciente dos avanços na 
Ciência da Educação e poder discutir as tendências pedagógicas atuais, são 
conhecimentos que irão contribuir não somente na prática pedagógica em sala 
de aula do professor. 
 
Ou seja, professores precisam ser profissionais dinâmicos e críticos, precisam ter 
a consciência que sempre serão aprendentes de algum assunto e também compreender 
que não existe conhecimento absoluto, assim como não existe ignorância absoluta 
também, pois tudo está em constante transformação, já que todas as pessoas têm 
conhecimento sobre algum assunto e é ignorante sobre outro. Podemos ilustrar o trecho 
acima com esta afirmação de Paulo Freire: “Todos nós sabemos alguma coisa. Todos 
nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre” (FREIRE, 1989, p. 20) e 
assim conseguimos compreender a importância de não pensar no professor como figura 
superior ao seu aprendiz, pois experiências pessoais de vida e interesses diferentes 
fazem-nos crescer e saber mais ou menos sobre algum assunto que tenhamos interesse. 
Portanto, o professor precisa se colocar numa postura humilde, de um ser que 
está em aprendizado constante, e não num pedestal, onde sente ser o detentor de todo 
saber acumulado historicamente, colocando-se numa posição daquele que transmite 
conhecimento, mas tendo a postura de ser aquele que comunica saberes relativos a 
outros que também tem saberes relativos, guiando-os no caminho a ser traçado e 
conduzindo o discente a chegar as suas conclusões com independência, tornando-o 
sujeito ativo de sua aprendizagem, ocorrendo, assim, uma troca de informações em que 
um e outro são modificados constantemente. 
Vamos agora ler o que Freire (1996, p. 25-26) escreveu acerca desse assunto: 
 
Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender” [...] 
Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo socialmente que, 
historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi 
assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos mulheres e homens 
perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneiras, caminhos, 
métodos de ensinar. 
 
Segundo o autor quando eu ensino algo a alguém eu aprendo e quem está 
aprendendo também ensina algo a mim; assim não há maneira de sair de uma aula do 
mesmo jeito que entrou, pois nas relações aprendemos e somos transformados, basta 
que todos sejam escutados com respeito e tenha suas opiniões validadas, a fim de um 
diálogo que gere uma troca de informações, em que, ambas partes, evoluam em sua 
maneira de pensar. Também deixa bem claro que é preciso, segundo ele, "trabalhar 
maneiras, caminhos e métodos de ensinar”, falando, assim, sobre a importância de uma 
metodologia e didática adaptadas àquela realidade, a fim de alcançar o objetivo 
pretendido. 
De acordo com Cury (2003, p. 127): “a exposição interrogada gera a dúvida, a 
dúvida gera o estresse positivo, e este estresse abre as janelas da inteligência. Assim 
formamos pensadores, e não repetidores de informações”. Postura imprescindível para 
o ser humano no mundo de hoje, pois seres pensadores transformam sociedades, 
retomando aqui o conceito de sair do senso comum e chegar ao senso crítico. 
O professor precisa, então, fazer com que seus alunos enxerguem na educação 
uma ponte para ascender na sociedade, em que o ensino é utilizado como instrumento 
de luta, transformação social e mudança de vida, ou seja, deve ensinar o aluno a validar 
seu próprio ponto de vista, o que não significa ensinar soluções, mas, sim, colaborar para 
que o aluno construa conceitos e aplique-os nas situações do cotidiano, esse é papel 
social do professor, munir os alunos de instrumentos para libertação, fazendo-os 
vislumbrar e desejar novas formas de viver, almejando um futuro melhor de crescimento 
pessoal e profissional, mudando sua realidade. Charlot afirma isso quando diz que: 
“Ensinar é, ao mesmo tempo, mobilizar a atividade dos alunos para que construam 
saberes e transmitir-lhes um patrimônio de saberes sistematizados legados pelas 
gerações anteriores de seres humanos” (CHARLOT, 2008, p. 25). Percebemos, então, 
como o ofício de ser professor tem uma grande importância na sociedade e para finalizar 
deixe-os com essa frase de Malala Yousafzai, dita em seu discurso na ONU em 2013: 
“Que possamos pegar nossos livros e canetas. São as armas mais poderosas. 
Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”. 
 
 
2 A IDENTIDADE DO PROFESSOR 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-
concept-380394427 
 
Neste tópico, refletiremos sobre como formamos nossa identidadedocente 
percebendo-a como algo que não é fixo, mas mutável, porque é um processo de 
construção do sujeito, levando em consideração nossas experiências pessoais enquanto 
alunos, modelos de professores que tivemos enquanto aluno, comunidades de trabalho 
e as condições de trabalho ofertadas, interação com colegas de profissão, ideologias 
pessoais e reflexão constante da prática ajudam-nos a formar nossa identidade 
profissional docente, pois ela é formada tanto por experiências pessoais quanto pelo 
reconhecimento profissional em uma sociedade. 
Deixo-os primeiramente com esta citação de Paulo Freire: 
 
Ninguém começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro da tarde. 
Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz 
educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na 
reflexão sobre a prática (FREIRE, 1991, p. 58). 
 
Refletindo com as palavras lidas acima do educador Paulo Freire, podemos iniciar 
nossos estudos compreendendo que educador é um ser em constante transformação, 
que vai sendo moldado com experiências vividas na prática, numa constante 
ação/reflexão, a partir da significação social da profissão. Proença e Mello (2009, p. 58) 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-concept-380394427
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/conference-discussion-talking-sharing-ideas-concept-380394427
salientam que “o fato de passar por um curso de formação não faz com que alguém 
venha a ser professor” em consonância com o exposto acima, podemos compreender e 
concluir que nos tornamos professor ao longo de nossa experiência, e isso não acontece 
ao nos formarmos e receber um título. 
Ao formar-se como professor, podemos compreender que dedicamos um tempo, 
estudando em algum curso superior, conhecemos as teorias, as legislações, temos 
conhecimento sobre algum assunto específico e o queremos ensinar para alguém; já 
quando digo que me tornarei professor, precisamos ter a compreensão de que seremos 
um profissional em constante formação, pois a prática pedagógica forma-nos e 
transforma-nos a cada dia, porque torno-me cada vez melhor de acordo com as 
experiências que vou adquirindo, informações que troco com os colegas de profissão, 
exemplos que vejo e incluo em minha prática, formações que participo e reflito sobre a 
prática e na prática, enfim a identidade docente é formada a partir das muitas variáveis 
a que somos expostos e desenvolve-se tanto no individual quanto no coletivo. 
Garcia (2010, p. 18) afirma que nossa identidade profissional surge de um 
processo de construção e podemos confirmar no trecho abaixo: 
 
Não surge automaticamente como resultado da titulação, ao contrário, é preciso 
construí-la e modelá-la. E isso requer um processo individual e coletivo de 
natureza complexa e dinâmica, o que conduz à configuração de representações 
subjetivas acerca da profissão docente. 
 
O assunto identidade tem grande importância porque está diretamente 
relacionado à compreensão das pessoas e das suas relações com o mundo, Pimenta 
(1997) confirma que ela não é um dado imutável, mas um processo de construção do 
sujeito, ou seja, formamos nossa identidade porque existimos e interagimos com os 
outros em determinados contextos, só sou como sou devido a experiências que vivi. De 
acordo com Dubar (1998, p. 136), nossa identidade profissional é construída através das 
“reivindicações de pertença e de qualidades para e por si próprias”, o que permite que 
cada um de nós se conheça através das “histórias que cada um conta a si mesmo sobre 
o que é” e “ se encarna nas ‘figuras’, nos papéis, nos ofícios”. Ou seja, é necessário 
realmente incorporar a identidade do ser professor, é acreditar na importância de seu 
papel para a sociedade, crer que se pode fazer a diferença em determinada comunidade 
de trabalho e realmente “abraçar” tudo o que vêm junto com a carreira docente. 
De acordo com os autores Beijaard, Meijer e Verloop, as representações pessoais 
sobre o ser professor “determinam fortemente o modo como ensinam, a maneira como 
se desenvolvem enquanto professores e suas atitudes em relação às mudanças 
educacionais” (2004, p. 108). Ou seja, me modifico e fico melhor quanto mais reflito em 
minha prática e percebo que sou um bom professor, quando tenho segurança no que 
faço e acredito na metodologia de ensino que utilizo e ao surgimento de novos métodos 
e reformas na educação não me acanho, mas, sim, tento inseri-las no meu modo de 
trabalho sempre fazendo meu melhor. 
Segundo Pimenta (1996), a identidade docente é construída pelo significado que 
cada professor dá para sua profissão, sendo ator e autor, a partir de seu valores, sua 
história de vida, modo de situar-se no mundo, de seus saberes, anseios e angústias. 
Identidade docente evolui paulatinamente a partir de experiências pessoais e coletivas, 
quanto a tudo o que sou, a maneira em que vivo, meus valores e crenças pessoais sendo 
algo que se desenvolve durante a vida toda, não é algo fixo, mas mutável, a partir de 
experiências relacionais com outros docentes. 
Identidade pode ser compreendida respondendo à pergunta: Quem sou eu neste 
momento e quem eu quero ser? Podemos compreender, então, que se o docente não 
criar uma identificação com a docência, e se ao aprender a ser professor ele não alcançar 
o nível de reflexão necessária para a construção de sua identidade ela não ocorrerá. De 
acordo com Dubar “a aprendizagem experiencial permite por ela própria a 
implementação da reflexividade, isto é, a construção duma identidade reflexiva que 
devolve sentido a uma prática onde se tem sucesso” (DUBAR, 2006, p. 158). 
Reafirmando essa compreensão, André (2001, p. 66) afirma que: 
 
A importância de uma atitude reflexiva no trabalho docente é o domínio, pelo 
professor, de procedimentos de investigação científica como registro, 
sistematização de informações, análise e comparação de dados, 
levantamento de hipóteses e verificação, por meio dos quais poderá produzir 
e socializar o conhecimento pedagógico (ANDRÉ, 2001, p. 66). 
 
Nóvoa relata que a identidade não é um dado adquirido, uma propriedade ou um 
produto. Para o autor, “a identidade é um lugar de lutas e de conflitos, é um espaço de 
construção de maneiras de ser e de estar na profissão” (NÓVOA, 1992, p.16). 
Podemos concluir, então, que a maneira como desenvolvo minha relação com a 
docência recebe influência de tudo que tenho a minha volta, nossas interações sociais 
desde a infância, experiências vividas e com os modelos ideais que tivemos de professor. 
Assim, o professor só se torna professor quando está exercendo a prática docente em 
sala de aula que é onde podemos ampliar e realmente começar a construir nossa 
identidade profissional num processo contínuo. 
 
 
3 OS SABERES DA DOCÊNCIA 
 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer-
1937720896 
 
Caro (a) aluno (a), para chegar ao curso superior você já teve aula com muitos 
professores, em vários níveis de ensino diferentes e é um costume de que observemos 
suas práticas e os rotulamos como: Ah! Esse sabe o conteúdo, mas não sabe ensinar, 
ou seja, não tem uma boa didática (só sabe para ele), esse não domina muito o conteúdo, 
fica perdido na explicação, não responde perguntas com propriedade, mas é tão 
compreensivo e humano que faz com que toda a sala torne-se amiga dele e releve, e 
tem sempre aquele que não gosta de um relacionamento pessoal mais próximo e está 
sempre com feição fechada e tem também aquele a quem aguardamos ansiosos pelo 
dia de sua aula, porque para você ele é o melhor professor do mundo. 
Com certeza ao ler esse parágrafo, você lembrou-se de alguns professores que 
passaram na sua vida, não é? Mas...E o que quero dizer com tudo isso? Quero que você 
reflita um pouco, porque você provavelmente já chegoua esse curso com uma ideia 
prévia de como deve ser, ou não, um bom professor e alguns deles inspiraram-lhe 
positiva ou negativamente também e você teve exemplos de como gostaria de ser um 
dia ou como não seria de jeito nenhum. 
Segundo Salgueiro (2001, p. 89) “torna-se necessário um grande esforço para 
construir a competência docente capaz de responder aos novos desafios”. Pois os novos 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer-1937720896
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-happy-students-applauding-their-lecturer-1937720896
desafios da atualidade, fazem com que seja necessário aliar teoria e prática, organizar e 
diversificar os conteúdos, fazer adaptações de acordo com as necessidades da turma, 
compreender a realidade que cerca seus alunos, elogiar as conquistas, demonstrar 
carinho e atenção para que o ambiente seja agradável e exista respeito mútuo entre 
outras competências, já que “Educar é guiar os alunos em uma jornada interior em 
direção a um modo mais sincero de ver e estar no mundo” (PALMER, 2012, p. 22). 
Sendo assim, reflitamos agora sobre o termo docência segundo Tardif e Lessard: 
[...] como uma forma particular de trabalho sobre o humano, ou seja, uma 
atividade em que o trabalhador se dedica ao seu ‘objeto’ de trabalho, que é 
justamente um outro ser humano, no modo fundamental da interação humana 
(TARDIF e LESSARD, 2005, p. 8). 
 
Os saberes da docência são os saberes específicos que um professor precisa 
possuir sendo: um conjunto de habilidades, conhecimentos, competências e atitudes que 
o professor deve dominar para ser realmente um bom professor. 
Segundo Tardif (2011, p. 60), o saber engloba “[...] os conhecimentos, as 
competências, as habilidades (ou aptidões) e as atitudes dos docentes, ou seja, aquilo 
que foi muitas vezes chamado de saber, de saber-fazer e de saber ser”. Mas não basta 
só saber o conteúdo e não ter a didática necessária “saber, saber-fazer e saber-ser” 
conforme Tardif disse, para que os alunos se interessem pela matéria e aprendam, é 
necessário que o professor saiba fazer e saiba ser professor. 
Garcia (2010) afirma que o conceito de desenvolvimento profissional é um 
processo de longo prazo, vindo de oportunidades e experiências que produzem os 
métodos de aprender a ensinar. O professor é e será sempre um construtor desses 
saberes, pois a ação docente demanda ação e reflexão contínua, aliando teoria à prática, 
sendo, então, uma prática bastante reflexiva e não apenas uma aplicação de técnicas, 
pois o professor adquire experiências e competências na sala de aula. 
Severino e Pimenta (2009) delineiam três espécies de saberes da docência: 
1. A experiência (como aluno e como professor); 
2. O conhecimento específico (da disciplina a ser ensinada em suas relações 
com a contemporaneidade); 
3. Os saberes pedagógicos aqueles (“ligados à explicitação do sentido da 
existência humana individual, com sensibilidade pessoal e social”) (SEVERINO 
e PIMENTA, 2009, p. 13). 
 
Observe a figura 1, nela podemos perceber que esses saberes não são saberes 
separados, um está intrinsecamente ligado ao outro, plurais e mesclados ao mesmo 
tempo. 
Figura 1 – Saberes da docência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Pimenta (2012). 
 
Percebemos mediante este conceito, que não basta que os futuros docentes 
saibam apenas o conteúdo, pois é indispensável saber também como o aluno aprende, 
como organizar situações de aprendizagens significativas, como avaliar o 
desenvolvimento, porque se deve ensinar esse ou aquele conteúdo e qual a sua 
relevância para a formação do aluno. 
Iniciaremos explanando sobre o saber da experiência como aluno e como 
professor, conforme foi citado acima, quem já ouviu a expressão que diz: Ensinar se 
aprende ensinando! Pense sobre isso e reflita com o que será explanado agora a partir 
da ideia de Dewey: “Não é suficiente insistir na necessidade da experiência, nem 
inclusive da atividade na experiência. Tudo depende da qualidade da experiência que se 
tenha” (DEWEY, 1938, p. 27). 
Ou seja, segundo o pensamento do autor a qualidade das experiências é mais 
importante do que a quantidade, e podem ser divididas em duas vertentes: o quanto 
agradável ela foi para o sujeito tanto como aluno, quanto para professor e quais efeitos 
que tais experiências trarão para mim, a fim de que possam ser refletidas e utilizadas em 
ações posteriores a ela. Também devemos levar em consideração o que aquela 
experiência fez ou faz com que eu refletisse e mudasse algo em minha prática docente? 
Tardif diz que esses saberes não provêm das instituições de formação nem dos 
currículos. [...] não se encontram sistematizados em doutrinas ou teorias” (2011, p. 48-
49). Assim,podemos entender que o professor tem duas funções: a de ser produtor e a 
de ser sujeito, construindo experiências que agregam para sua prática docente. 
Continuemos com o pensamento do referido autor dizendo que as experiências “[...] 
fornecem aos professores certezas relativas a seu contexto de trabalho na escola de 
modo a facilitar sua integração” (2011, p. 50). 
Sobre o conhecimento específico, Amaral (2005) explica que: 
 
O domínio de conteúdo pode ser compreendido como o saber que o professor 
tem sobre o objeto de estudo e que orienta na mediação do aprendizado de seu 
aluno. Nessa orientação o professor partiria do conhecimento prévio do aluno, 
de sua realidade, a fim de ampliá-lo. Assim o aluno é entendido como indivíduo 
capaz de construir seu conhecimento (AMARAL, 2005,p. 22). 
 
A sabedoria popular diz que para ensinar bem, basta conhecer bem a matéria, 
mas nós sabemos e estamos vendo que não é necessário apenas isso, pois temos outros 
conhecimentos tão importantes quanto esse como: conhecer o contexto dos alunos onde 
se ensina, compreender seu reconhecimento social perante determinada comunidade e 
também saber como se ensina, ou seja, qual a melhor metodologia a ser utilizada para 
que eu atinja os objetivos propostos. 
Magnusson, Krajcih e Borko (2003) dizem que o conhecimento do conteúdo inclui 
a forma que se organiza os conteúdos para serem ensinados, os problemas que surgem, 
ou os imprevistos e também os diferentes interesses e habilidades que cada aluno 
possui. Então, conhecimento de conteúdo vai muito além do próprio conteúdo em si, não 
basta ser um professor conhecedor dos conteúdos e tê-los na “ponta da língua”, mas, 
sim, ser aquele professor que consegue articular o conhecimento que tem, com a 
maneira correta de apresentá-los, respeitando a individualidade de cada um e suscitando 
o interesse do aluno. 
 Para confirmar o que foi dito acima leia o pensamento deste grande pesquisador: 
 
(...) os professores executam essa façanha de honestidade intelectual mediante 
uma compreensão profunda, flexível e aberta do conteúdo; compreendendo as 
dificuldades mais prováveis que os alunos terão com essas ideias (...); 
compreendendo as variações dos métodos e modelos de ensino para ajudar os 
alunos em sua construção do conhecimento; e estando abertos para revisar seus 
objetivos, planos e procedimentos na medida em que se desenvolve a interação 
com os alunos. Esse tipo de compreensão não é exclusivamente técnica, nem 
somente reflexiva. Não é apenas o conhecimento do conteúdo, nem o domínio 
genérico de métodos de ensino. É uma mistura de tudo isso e é, principalmente, 
pedagógico (SHULMAN, 1992, p. 12). 
 
Schulman elucida exatamente sobre o assunto a ser refletido aqui, podemos 
perceber que só o conhecimento do conteúdo, das metodologias e uma boa didática 
ainda são insuficientes para que o aluno aprenda, e é necessário mesclar tudo isso 
tornando um âmbito pedagógico, que é mais abrangente. 
Então, compreendemos, assim, que o professor além de conhecer bem o 
conteúdo que leciona, precisa ter esse conhecimento pedagógico que nada mais é do 
que levar em consideração os outros fatoresenvolvidos no processo de aprendizagem 
e suas implicações para que ela aconteça ou não. O que nos leva ao terceiro saber: O 
saber pedagógico. 
O saber pedagógico está relacionado ao uso de técnicas, métodos e ferramentas 
que utilizaremos para conduzir o processo de ensino e aprendizagem nas nossas salas 
de aulas, mas ele vai muito além disso, pois o professor precisa saber articulá-los com a 
interação social, a experiência e ter uma boa relação professor- aluno. É necessário 
utilizar várias ferramentas e estratégias pedagógicas para que a construção do saber 
seja mais dinâmica e significativa, afinal cada estudante é de uma maneira e o 
aprendizado se dá de forma individual. 
Sendo assim, também podemos chamar o saber pedagógico de conhecimento 
prático, conforme afirma Grillo (2005, p. 105): “[...] trata-se do conhecimento prático, um 
tipo especial de conhecimento, idiossincrático, que vai sendo construído pelo professor 
ao articular saberes, esquemas e referenciais assumidos da sua experiência”. 
Então, podemos dizer que o saber pedagógico é o mesmo que conhecimento 
prático, é saber-fazer e para saber-fazer é necessário que você compreenda seu eu 
individual integralmente, nas esferas: intelectual, emocional e espiritual, ou seja, só se 
aprende a saber-fazer de verdade quando existe esse autoconhecimento. 
Bacich e Moran nos explicam da seguinte forma: 
 
As pesquisas atuais da neurociência comprovam que o processo de 
aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, e que cada pessoa 
aprende o que é mais relevante e o que faz sentido para si, o que gera conexões 
cognitivas e emocionais (BACICH; MORAN, 2018, p. 2). 
 
Percebemos, então, que para exercer o ofício do magistério, é necessário ter um 
olhar refinado para que cada aluno aprenda e segundo Palmer (2012) devemos nos 
perguntar: “Quem é o eu que ensina”? Ou seja, que qualidade da minha personalidade 
contribui, ou não, na maneira de me relacionar com os meus alunos, colegas e meu 
mundo? Para o referido autor ocorre um entrelaçamento dos aspectos intelectuais, 
sociais, emocionais e espirituais na constituição do Eu professor. Quando o docente 
consegue trabalhar de forma “mais inteira”, ou seja, se dedicando em todos os seus 
aspectos, ele consegue proporcionar ao aluno um aprendizado integral, “Pode ajudar a 
deixar todos mais inteiros” (PALMER, 2012, p. 80). 
Ainda segundo Palmer (2012), os aspectos intelectuais referem-se à maneira 
como pensamos sobre o ensino e a aprendizagem. A forma e o teor dos nossos conceitos 
sobre como as pessoas sabem e aprendem, da natureza dos nossos alunos e das 
nossas matérias”. Por emocionais, o autor (2012, p. 20) entende que é “o modo como 
nós e os nossos alunos sentem quando ensinamos e aprendemos, sentimentos que 
podem aumentar ou diminuir as trocas entre nós”. Por espirituais, referem-se “às diversas 
maneiras como lidamos com nosso eterno desejo de estarmos conectados à 
grandiosidade da vida, um desejo que dá vida ao amor e ao trabalho, principalmente, a 
esse trabalho chamado magistério” (PALMER, 2012, p. 21). Compreendemos aqui, como 
as características próprias do professor como ser humano são relevantes e podem fazer 
a diferença na vida dos seus alunos. 
Ainda segundo Palmer (2012): 
 
O magistério, como qualquer atividade verdadeiramente humana, emerge da 
subjetividade de cada um, para o bem ou para o mal. Enquanto eu ensino, projeto 
a condição da minha alma nos meus alunos, na minha matéria e em nossa 
maneira de estarmos juntos.(PALMER, 2012, p. 18) 
 
Já vimos que a identidade docente está sempre em construção no início dessa 
unidade, e o saber pedagógico ou conhecimento prático estão sempre em construção 
conosco também, pois o ser professor sempre se renova, reflete, melhora e transforma-
se na sua prática. 
Podemos concluir que para que tenhamos domínio do saber pedagógico e 
exerçamos uma prática docente de excelência, são necessários conhecimentos muito 
além daqueles adquiridos nos cursos superiores, de formação continuada, pós-
graduação etc. Porque segundo Tardif: 
 
[...] um saber é sempre ligado a uma situação de trabalho com outros (alunos, 
colegas, pais, etc.), um saber ancorado numa tarefa complexa (ensinar), situado 
num espaço de trabalho (a sala de aula, a escola), enraizado numa instituição e 
numa sociedade (TARDIF, 2011, p. 15). 
 
Deixo-os com essa reflexão. 
4 A PRÁXIS PEDAGÓGICA 
 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/teacher-his-pupils-work-on-programable-695764750 
 
 
Caro (a) aluno (a), chegamos ao último tópico desta unidade; já refletimos sobre 
o papel social do professor, sobre como sua identidade docente é formada e sobre os 
saberes necessários para exercer esse ofício. Agora estudaremos sobre a práxis 
pedagógica, ou seja, sobre a prática em si associada à teoria, quais são as ações 
necessárias na prática e sobre a prática que é preciso que o professor faça para chegar 
ao seu objetivo: a aprendizagem do aluno. 
Para iniciar vamos ler esta citação que diz: 
 
Ter em consideração as características do pensamento prático do professor 
obriga-nos a repensar, não só a natureza do conhecimento acadêmico 
mobilizado na escola e dos princípios e métodos de investigação na e sobre a 
acção, mas também o papel do professor como profissional e os princípios, 
conteúdos e métodos da sua formação (PÉREZ GÓMEZ, 1995, p. 104). 
 
Ou seja, o referido autor quer nos dizer que, o professor precisa ter o 
conhecimento acadêmico, mas é necessário também possuir o pensamento prático, 
deve conseguir articular ambos rapidamente com criatividade refletindo sobre a prática 
e na prática, para fazer as intervenções necessárias. 
Segundo Alarcão (2003) esse seria o professor reflexivo, numa escola reflexiva, 
em desenvolvimento e aprendizagem, organizada como um grupo onde alunos, 
https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/teacher-his-pupils-work-on-programable-695764750
professores e comunidade têm papéis ativos na construção do processo educativo. A 
definição de escola reflexiva para ela é: 
 
Organização que continuadamente se pensa a si própria, na sua missão social 
e na sua organização e se confronta com o desenrolar da sua actividade num 
processo heurístico simultaneamente avaliativo e formativo (ALARCÃO, 2003, 
p. 83). 
 
Pimenta e Ghedin (2002) apontam que essa reflexão docente é um processo 
coletivo e prático, em que a teoria tem um papel importantíssimo, pois essa teoria precisa 
proporcionar aos professores perspectivas de análise para que possam compreender 
contextos e informações históricas, sociais, culturais e organizacionais. Ou seja, 
embasamento teórico sobre determinados conteúdos, como também informações sobre 
si mesmos, enquanto professores, diante de sua atuação docente, transformando e 
aprimorando suas capacidades (PIMENTA; GHEDIN, 2002, p. 26). 
Morin, Ciurana e Motta (2003, p. 24) complementam esse pensamento ao 
afirmarem: 
 
Uma teoria não é o conhecimento, ela permite o conhecimento. Uma teoria não 
é uma chegada, é a possibilidade de uma partida. Uma teoria não é uma solução, 
é a possibilidade de tratar um problema. Uma teoria só cumpre o seu papel 
cognitivo, só adquire vida, com o pleno emprego da atividade mental do sujeito. 
E é essa intervenção do sujeito que confere[...] seu papel indispensável. 
 
Quando o professor exerce uma práxis pedagógica consciente, percebe que teoria 
e a prática são indissociáveis, para produzir mudanças, se utilizar somente o prático, 
sujeito e objeto se separam, transformando nossa consciência dos fatos e das coisas, 
mas não sobre os fatos e as coisas. A esse respeito, Konder (1992, p. 116) afirma: 
 
Práxis e teoria são interligadas, interdependentes. A teoria é um momento 
necessário da práxis; e essa necessidade não é um luxo: é uma 
característica que distingue a práxis das atividades meramente repetitivas, 
cegas, mecânicas, “abstratas”. [...] a práxisé a atividade que, para se tornar 
mais humana, precisa ser realizada por um sujeito mais livre e mais 
consciente. 
 
Cabe ao professor se colocar num papel consciente e politizado, adquirindo a 
consciência de professor intelectual, sendo aquele que analisa criticamente a natureza 
do seu trabalho e percebe as contradições entre o que ele pratica e os resultados dessa 
prática. Durante o trabalho docente, o professor age sobre suas experiências, cria e 
enfrenta desafios do cotidiano e baseado neles constrói seus conhecimentos. 
Ainda segundo Konder (1992, p. 11), a ação docente é um trabalho que: 
 
Pode ser considerado um processo que ao mesmo tempo se reafirma e se 
supera a si mesmo: ele só é possível mediante a repetição mecânica de 
determinadas ações, porém simultaneamente leva o sujeito a enfrentar 
problemas novos e o incita a inventar soluções para tais problemas. Com isso o 
trabalho abre caminho para o sujeito humano refletir, no plano teórico, sobre a 
dimensão criativa de sua atividade, quer dizer, sobre a práxis. No trabalho se 
encontra, por assim dizer, o caroço da práxis; mas a práxis vai além do trabalho 
(KONDER, 1992, p. 11). 
 
O professor nas diversas ocorrências cotidianas, enfrenta situações complexas, 
em que é necessário que encontre respostas imediatas e criativas, articulando o saber 
que possui com suas vivências, identifica-se aí a práxis da ação docente, pois a ação é 
feita, visando atingir um objetivo proposto. Vázquez (1977, p. 187) nos diz que: 
 
O resultado ideal, que se pretende obter, existe primeiro idealmente, como mero 
produto da consciência, e os diversos atos do processo se articulam ou 
estruturam de acordo com o resultado que se dá primeiro no tempo, isto é, o 
resultado ideal. 
 
Ou seja, práxis é uma atividade humana feita intencionalmente, a fim de 
transformar uma realidade, um produto da consciência, um ideal. Para isso, é necessário 
que o saber teórico e o saber prático sejam articulados, para alcançar um objetivo, 
considerando que teoria e prática não estão distantes, mas, sim, caminham juntas com 
uma intencionalidade. 
Veja como Zanella define intencionalidade: “Aqui está de forma clara o princípio 
da intencionalidade – a consciência é sempre consciência de alguma coisa. Não há 
consciência pura de um lado e objetos de outro” (ZANELLA, 2007, p. 8). 
Nesse caso, professor e aluno (objetos), fundamentam-se e refletem sobre a 
realidade ao seu redor, leem o mundo criticamente, problematizando e questionando as 
coisas que ocorrem e por que ocorrem (consciência). Ou seja, o objeto puro não atinge 
a intencionalidade e nem a consciência sozinha atinge também. É necessário utilizar a 
práxis: 
A práxis é, na verdade, atividade teórico-prática; ou seja, tem um lado ideal, 
teórico e um lado material, propriamente prático, com a particularidade de que 
só artificialmente, por um processo de abstração, pode se separar, isolar um do 
outro (VÁZQUEZ, 1977, p. 241). 
 
Para finalizar deixo-o(a) com esta citação de Paulo Freire: 
“A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. 
No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e 
modificadora da realidade” (FREIRE, 1996, p. 25) e desejo que você tenha compreendido 
bem os conceitos estudados até aqui e consiga realizar uma ótima práxis em suas aulas, 
a fim de transformar a realidade de seus alunos! 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O estudo da história é fundamental, pois por meio dela sabemos o que os homens 
foram e fizeram, e isso nos ajuda a compreender o que podemos ser e fazer, ela ajuda 
na conscientização dos homens para construir um mundo melhor e uma sociedade mais 
justa (NEVES; COSTA, 2002). 
 
Fonte: NEVES, F. M. COSTA, C. J. A importância da história da educação para a formação dos 
profissionais da educação. Teoria e Prática da educação, 2012. Disponível em: 
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/18570. Acesso em: 15 out. 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
Karnal Leandro (2003) nos ajudará a refletir sobre o ensino da História 
 “Eu diria que ensinar História é uma atividade submetida a duas transformações 
permanentes: a do objeto em si e da ação pedagógica. O objeto em si (o “fazer histórico”) 
é transformado pelas mudanças sociais, pelas novas descobertas arqueológicas, pelo 
debate metodológico, pelo surgimento de novas documentações e por muitos outros 
motivos. A ação pedagógica muda porque mudam seus agentes: mudamos professores, 
mudam os alunos, mudam as convenções de administração escolar e mudam os anseios 
dos pais”. 
 
Fonte: 8 Vícios do Professor e do Ensino de História. Ensinar História, 2015. Disponível em: 
https://ensinarhistoria.com.br/8-vicios-do-professor-e-do-ensino-de-historia/. Acesso em: 14 out. 2021. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Caro (a) aluno (a), chegamos ao término da unidade I, foi um grande prazer ajudá-
lo a construir esses conhecimentos. 
Aprendemos como o professor tem um papel social muito importante na 
transformação da sociedade em que atua e na vida de seus alunos, vimos que a 
identidade profissional docente começa a ser construída antes de nos formarmos, pois 
carregamos exemplos de professores que tivemos e que ela é formada durante toda 
nossa carreira, sendo mutável. 
Refletimos sobre os saberes docentes, que são aqueles saberes necessários para 
se tornar um bom professor: saberes da experiência que são aqueles que adquirimos 
tanto nas experiências como aluno e como docente; o conhecimento específico que é 
aquele adquirido enquanto estamos em formação, ou seja , o que é preciso saber para 
lecionar aquela disciplina; e, por último, vimos sobre o saber pedagógico, que também 
podemos chamar de conhecimento prático, que são aqueles conhecimentos sobre 
metodologias, técnicas e ferramentas que utilizamos em sala de aula, é saber articular 
tudo isso as outras variáveis que incidem sobre a aprendizagem: a interação, a 
experiência e uma boa relação professor-aluno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Título: Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar 
• Autor: Freire, Paulo. 
• Editora: Paz e Terra. 
• Sinopse: Educadores são responsáveis pela transformação social, em Professora, sim; 
tia, não, o maior educador brasileiro denuncia que a troca da palavra “professora” por 
“tia” para designar “pessoa que ensina” é uma armadilha ideológica. Nas dez cartas que 
compõem o livro, o autor analisa as qualidades verdadeiras e autênticas das virtudes 
éticas que educadores progressistas precisam ter e praticar, se querem ser agentes de 
transformação social. 
 
 
FILME/VÍDEO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Título: MUCIZE 
• Ano: 2015. 
• Sinopse: Enviado por sua família a uma cidade remota nas montanhas, o professor 
Mahir ajuda os moradores locais a construir uma escola e faz renascer neles a 
esperança. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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2003. 
 
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Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Educação da Universidade Federal de 
Goiás. Goiânia, 2005. 
 
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Ferreira. L’identité, l’individu, le groupe, la société. Jean-Claude Ruano-Borbalan. 
Auxerre: Ed. Sciences Humaines, 1998. 
 
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Paulo: Autores Associados. Cortez, 1989. 
 
FREIRE, Paulo; A Educação na Cidade, São Paulo: Cortez Editora, 1991. 
 
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 
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SOCIEDADE. In: MICHAELIS, Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Editora 
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portugues/busca/portugues-brasileiro/sociedade. Acesso em: 15 out. 2021. 
 
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Janeiro: Vozes, 2011. 
 
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da docência como profissão de interações humanas. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. 
 
VÁZQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. 
 
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Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/07/destaques-do-discurso-de-
malala-na-onu.html. Acesso em: 15 out. 2021. 
 
ZANELLA, José Luiz. Considerações sobre a filosofia da educação de Paulo Freire e o 
Marxismo. QUAESTIO - Revista de Estudos de Educação, v. 9, n. 1, p. 101-122, 
2007. 
 
UNIDADE II 
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES COMO UM PROJETO POLÍTICO 
Professora Esp. Daislene Rodrighero de Carvalho 
 
 
Plano de Estudo: 
• Contexto histórico e político da formação de professores; 
• A importância da formação inicial e continuada; 
• A importância do Projeto Político Pedagógico frente à formação e atuação do professor; 
• O papel do pedagogo frente à formação continuada dos professores e os aspectos que 
envolvem o processo de ensino e de aprendizagem. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Contextualizar historicamente a formação dos professores; 
• Compreender a influência da formação inicial e continuada aos docentes; 
• Estabelecer a importância do Projeto Político Pedagógico para a atuação do 
professor. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), continuaremos nossos estudos com a Unidade II - A formação 
dos professores com um projeto político. Espero que você leia atentamente a unidade e 
compreenda os conceitos explicitados. 
Nesta unidade, levo você a refletir sobre o contexto histórico e político da 
formação de professores. Faremos uma retrospectiva sobre os caminhos traçados na 
formação de professores, desde o início dela na Grécia até chegar aos dias atuais no 
Brasil, compreenderemos também a importância da formação inicial e continuada para 
uma carreira docente de sucesso. 
Você será levado a refletir e compreender sobre o que é o Projeto Político 
Pedagógico (PPP), qual sua função na escola, como ele é produzido e a importância do 
professor na construção dele e para finalizar, estudaremos sobre o papel do pedagogo 
na instituição escolar e qual é sua função e importância na organização da formação dos 
professores. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
 
 
 
Caro (a) aluno (a), iniciamos os estudos dessa unidade refletindo sobre a 
formação dos professores em seu contexto histórico e político. É necessário saber qual 
foi a evolução da história da educação para compreender melhor os rumos tomados pela 
educação no presente. 
O início da organização social e educativa remete aos tempos da Grécia antiga, 
principalmente, da cidade de Esparta e Atenas, essa organização serviu de modelo para 
as sociedades por muitos séculos. Em Esparta tinha-se o foco em códigos de condutas 
de militares, devido ao seu poder militar e caráter guerreiro, eles estimulavam as 
competições entre os alunos e tinham uma disciplina rígida. Já em Atenas o foco era o 
conhecimento, exercitavam a palavra, a retórica e a polêmica, como herança dessa 
educação surgiram os sofistas mestres da retórica e da oratória (arte de se comunicarde forma persuasiva, ou de bem argumentar). 
A profissão de professor existe há mais de 25 séculos e iniciou-se com o filósofo 
Grego Sócrates, que foi professor de Platão. Naquela época, Sócrates ensinava em 
lugares públicos como ginásios e praças, onde fazia perguntas que provocavam seus 
discípulos, obrigando-os a pensar, valorizando os conhecimentos prévios e suas 
experiências. 
 
Figura 1 - Filósofo grego antigo conversando com estudantes 
 
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O primeiro modelo de educação no Brasil vem dos jesuítas, que eram contra a 
reforma e seu currículo era centrado na Teologia cristã, Filosofia, artes sacras e nas 
línguas e esteve presente por mais de 200 anos. No Brasil, a formação de professores 
começou a ser uma preocupação após a proclamação da independência, ocorrida em 
07 de setembro de 1822 e intensificou-se depois da proclamação da República ocorrida 
em 15 de novembro de 1889, em que era parte do projeto de construção de uma nação. 
Para compreendermos melhor sobre o histórico de formação de professores, 
iremos dividi-los em três grandes períodos: 
Primeiro período: Foi originada como a criação das escolas normais e presença 
das concepções iluminista e positivista na educação, que se estende no período de 1890 
a 1930. Elas foram pioneiras no quesito formação docente no Brasil, mas não obtiveram 
bons resultados, um dos motivos para essa falta de sucesso foi que a população trazia 
consigo marcas totalmente agrárias, marcas da escravidão e pouco interesse e incentivo 
para a carreira no magistério. 
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Tanuri (1979, p. 22) afirma que: “nenhum aproveitamento notável tinham elas 
produzido até então”, sendo assim a escola normal era ainda uma instituição “quase 
completamente desconhecida”. As ideias iluministas defendiam que a escola deveria ser 
laica, livre e de qualidade para todos, as ideias positivistas rejeitavam a formação dada 
pela igreja, porque passavam apenas conhecimentos restritos, a fim de não formar seres 
pensantes. 
Para Oliveira (2010): 
 
O objetivo maior do positivismo pretendido inicialmente por Augusto Comte e 
posteriormente por seus seguidores era promover uma reforma intelectual da 
sociedade, a reforma positiva do modo de pensar uma vez que a filosofia positiva 
era a única capaz de responder às exigências que o saber científico impunha à 
sociedade como um todo [...].(OLIVEIRA, 2010, p. 07) 
 
Segundo período: Os ideais escolanovistas eram de uma escola gratuita, 
democrática e universal, com seus ideais marcados pelo “Manifesto dos Pioneiros da 
Escola Nova” de 1932, onde foram documentadas (escrito) por 26 professores para 
validar “o projeto educacional que defende, apresentando-o como o mais adequado para 
a reconstrução do país segundo o ideal republicano” (XAVIER, 2002, p. 3). Esse 
documento, segundo Ghiraldelli Jr. (1994, p. 42) foi como um divisor de águas, conforme 
descreve: 
 
[...] serviu como um divisor de águas entre católicos e liberais. Na tentativa de 
influenciar as diretrizes governamentais, os liberais vieram a público, em 1932, 
com o célebre Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova‟, um longo documento 
dedicado ao governo e à nação que pautou‐se em linhas gerais, pela defesa da 
escola pública obrigatória, laica e gratuita e pelos princípios pedagógicos 
renovados [...]. (GHIRALDELLI JR.,1994, p. 42) 
 
O país passava por uma grande mudança, em que estavam acontecendo 
processos de industrialização e urbanização, resultando no êxodo rural (quando as 
pessoas migram da zona rural para a zona urbana, a fim de garantirem sua 
sobrevivência) e o período exigia competências e habilidades técnicas. 
A partir da década de 1930, com o Governo de Getúlio Vargas esse modelo 
educacional ganhou força, era centrada no aluno que fazia busca ativa e significativa 
 
pelo conhecimento por meio de experiências e exigia um novo perfil do professor, com 
conteúdo científico e preparação didático-pedagógica. 
Segundo Saviani (2008), o professor configurava como um estimulador e 
orientador da aprendizagem, na qual o próprio aluno deveria buscar uma iniciativa 
principal, em uma forma de aprendizagem decorrente de uma ação espontânea de um 
ambiente estimulador a ser estabelecido entre os alunos e professores. Para tanto, 
Saviani (2008) afirma que o professor precisaria trabalhar de forma direcionada, com 
grupos pequenos de alunos, para facilitar as relações interpessoais e estimular, assim, 
a atividade educativa, em um ambiente rico de materiais didáticos, estímulos 
pedagógicos, biblioteca de classe, entre outros. 
 E, finalmente, o terceiro período, que estendeu-se de 1961 até 2001, sob a 
influência da concepção pedagógica produtivista, em que uma nova lei entrou em vigor 
no ano de 1946, que definiu como competência da União fixar “as diretrizes e bases da 
educação nacional”. Mas, a Lei de Diretrizes e Bases só foi promulgada em 1961. 
Saviani (2011, p. 34), discorre sobre a não criação de um Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação após o golpe civil militar em 1964 “[...] o golpe visava garantir a continuidade 
da ordem socioeconômica que havia sido considerada ameaçada no quadro político 
presidido por João Goulart, as diretrizes gerais, em vigor, não precisavam ser alteradas”. 
A educação foi ajustada a partir da Lei N.º 5540 de 28 de novembro de 1968, alterou a 
estrutura da organização da educação superior no país que atendeu duas demandas 
opostas: 
 
A dos professores e estudantes e dos grupos ligados ao regime civil-militar. A 
primeira foi atendida com a autonomia universitária, a indissociabilidade entre 
ensino e pesquisa, a abolição da cátedra e a eleição da universidade como forma 
prioritária de organização do ensino superior. O atendimento da segunda ocorreu 
por meio do regime de crédito, da matrícula por disciplina, cursos semestrais, 
cursos de curta duração e a organização fundacional (SAVIANI, 2011, p. 32). 
 
A Lei 5.692/71 alterou o ensino de 1 º e 2 º grau, o segundo grau passou a ter 
caráter profissionalizante, o 1 º grau tornou-se o ensino fundamental de 8 anos, 
obrigatório na faixa etária dos 7 aos 14 anos e o 2 º grau assumiu um caráter técnico. 
Devido a essas mudanças a formação dos professores precisou ser alterada, eles que 
eram habilitados por meio do curso normal, passaram a realizar sua formação a nível de 
 
2º grau em curso profissionalizante que ficou popularmente conhecido como magistério. 
Regulamentou-se, então, as licenciaturas curtas: 
 
Art. 29. A formação de professores e especialistas para o ensino de 1º e 2º graus 
será feita em níveis que se elevem progressivamente, ajustando-se às 
diferenças culturais de cada região do País, e com orientação que atenda aos 
objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de 
estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos. Art. 30. 
Exigir-se-á como formação mínima para o exercício do magistério: a) no ensino 
de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau; b) no ensino de 
1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de 
graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta 
duração; c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em 
curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena. § 1º Os 
professores a que se refere a letra a poderão lecionar na 5ª e 6ª séries do ensino 
de 1º grau se a sua habilitação houver sido obtida em quatro séries ou, quando 
em três mediante estudos adicionais correspondentes a um ano letivo que 
incluirão, quando for o caso, formação pedagógica. § 2º Os professores a que 
se refere à letra b poderão alcançar, no exercício do magistério, a 2ª série do 
ensino de 2º grau mediante estudos adicionais correspondentes no mínimo a um 
ano letivo. § 3° Os estudos adicionais referidos nos parágrafos anteriorespoderão ser objeto de aproveitamento em cursos ulteriores (BRASIL, 1971). 
 
O que podemos perceber por essa retrospectiva é o aumento da importância ao 
processo de formação de professores no decorrer dos anos, sendo um pré-requisito 
fundamental para a construção de um sistema educativo de qualidade. Percebendo, 
assim, também a sua relação com o meio de produção econômico. 
Em 1996 houve uma nova regulamentação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação- LDB Lei nº. 9.394 de 1996: 
 
Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos 
objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de 
cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: 
I- Associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em 
serviço; 
II- Aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de 
ensino e outras atividades (BRASIL, 1996). 
 
 
Assim, vemos o conceito de formação continuada, que é considerada como uma 
capacitação em serviço. O Art. 62 nos diz que o profissional precisa adequar sua 
formação, em que se faz necessário possuir um curso superior em licenciatura, admitindo 
como formação mínima para atuar na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do 
ensino fundamental, a formação em nível médio na modalidade normal. 
 
 
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em 
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades 
e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o 
exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do 
ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal 
(BRASIL, 1996). 
 
É válido ressaltar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB 
9.694/96 já sofreu diversas alterações, inclusive uma muito significativa neste art. 62, 
haja vista que mudou-se a nomenclatura do que era antes chamado série, agora 
denomina-se como ano. 
 
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em 
nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima 
para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos 
do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal 
(BRASIL, 2017). 
 
No Art. 62 atual diz que para atuar na Educação Infantil e nos cinco primeiros anos 
do ensino fundamental e não nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, como 
está na redação datada em 1996. Porém, ainda descrevendo sobre o contexto histórico. 
Analisando os artigos 64-66 veremos que: 
 
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, 
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação 
básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base 
comum nacional. 
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível 
de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. 
Parágrafo único – O notório saber, reconhecido por universidade com curso de 
doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico BRASIL, 
2017). 
 
 
A LDB fala a respeito do espaço ocupado pela formação continuada nas políticas 
públicas educacionais, em que é direito do docente e também um meio de valorização 
da carreira do magistério. Em seu Art. 67 são relatados elementos que regem a 
valorização do magistério como: Piso salarial profissional, progressão funcional, 
condições adequadas de trabalho e aperfeiçoamento profissional continuado. 
 
 
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da 
educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos 
de carreira do magistério público: I- Ingresso exclusivamente por concurso 
público de provas e títulos; II- Aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive 
com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III- Piso salarial 
profissional; IV- Progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na 
avaliação do desempenho; V- Período reservado a estudos, planejamento e 
avaliação, incluído na carga de trabalho; VI- Condições adequadas de trabalho 
(BRASIL, 2017). 
 
 
Isso foi uma grande vitória para os profissionais da educação, pois abriu espaço 
para a formação continuada entre as políticas públicas e definiu que os sistemas de 
ensino seriam responsáveis pelo desenvolvimento e pela oferta dela. 
 
 
 
2 A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA 
 
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Caro (a) aluno (a), neste tópico da unidade, continuaremos a estudar sobre a 
importância da formação inicial e continuada. Quero começar parabenizando-o por sua 
disposição e dedicação com sua formação, isso é início para ser um ótimo docente! 
Uma boa formação inicial é imprescindível para formar uma base sólida em que o 
professor se apoiará para exercer seu cargo, ela define-se como uma política pública e 
é adquirida a partir de estudo de renomados autores da educação, pesquisas sobre o 
âmbito escolar, história da educação, políticas públicas, compreensão de seu papel na 
sociedade e muito mais. A formação inicial proporciona também um alinhamento entre 
teoria e prática nos estágios supervisionados, primeiro observação e depois o estágio 
profissional exercendo a função docente (GADELHA, 2020). 
Mas, já é sabido que a formação de um professor está longe de acabar nessa 
formação inicial, porque o professor se forma também no dia a dia da sala de aula e nos 
momentos de estudos coletivos ou individuais. De acordo com Freire (2001, p. 27) “Não 
haveria educação se o homem fosse um ser acabado”. Todos somos seres inacabados, 
ainda mais o professor, pois se depara em sala de aula com muitos desafios e sempre 
precisa continuar estudando para conseguir superá-los e alcançar o objetivo que é a 
aprendizagem do aluno. 
A formação privilegia a construção de saberes e competências básicas 
necessárias para desenvolver uma boa prática, incluindo a construção da parceria 
professor e aluno e levando em consideração o nível de ensino em que se leciona, que 
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aproxima o graduando ao mundo da escola. Além disso, essa formação permite aos 
docentes analisar suas práticas docentes, para buscar sempre novos conhecimentos 
(GADELHA, 2020). 
Nesse contexto, de acordo com Pimenta (1997): 
 
Dada a natureza do trabalho docente, que é ensinar como contribuição ao 
processo de humanização dos alunos historicamente situados, espera-se da 
licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e 
valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-
fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática 
social lhes coloca no cotidiano. Espera-se, pois, que mobilize os conhecimentos 
da teoria da educação e da didática necessários para a compreensão do ensino 
como realidade social, e que desenvolva neles a capacidade de investigar a 
própria atividade para, a partir dela, constituírem e transformarem os seus 
saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de construção de suas 
identidades como professores.(PIMENTA, 1997, p. 18) 
 
Durante a formação inicial, os alunos (futuros docentes) constroem novas 
habilidades para chegar aos devidos fins, que é construir saberes e saberes docentes 
também, num processo de reflexão contínua, articulando os saberes e passando também 
pelos desafios cotidianos. 
Ens e Donato (2011, p. 83) definem que a atividade de ensinar constrói-se a partir 
de conhecimentos específicos e necessários que são adquiridos e construídos na 
formação inicial e na formação que acontece durante toda a vida profissional. Ou seja, 
começa-se na formação inicial o aprendizado de conhecimentos específicos e inerentesa essa atividade, mas durante o exercício da docência, continuo me formando 
constantemente. Isso pode ser observado nas palavras de Paulo Freire (2001, p. 10): 
“Quanto mais me capacito como profissional, quanto mais sistematizo minhas 
experiências, quanto mais me utilizo do patrimônio cultural, que é patrimônio de todos e 
ao qual todos devem servir, mais aumenta minha responsabilidade com os homens”. 
 Destaca-se que uma boa formação inicial contribui para formar bons professores, 
responsáveis e conscientes de seu papel perante a sociedade, que é o de saber e 
conseguir ensinar esse saber para alguém (LIMA; ANDRADE; COSTA, 2020). Diante 
disso, evidencia-se que não basta ter apenas o conhecimento sobre o conteúdo, 
conhecimento de técnicas, metodologias, conhecer as linhas pedagógicas e afins, mas, 
que o professor precisa adquirir na formação habilidades e atitudes para se tornar um 
 
profissional reflexivo. “O processo de formação deve dotar os professores de 
conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver profissionais reflexivos ou 
investigadores” (IMBERNÓN, 2011, p. 41). 
Para ser um profissional reflexivo é necessário que se reflita, parece redundante, 
mas não é; pois na correria que os professores são obrigados a trabalhar, devido, muitas 
vezes, a pouca valorização profissional e baixos salários, acaba não sobrando tempo 
para essa reflexão, e é nesse aspecto que veremos a importância da formação 
continuada realizada no ambiente escolar. 
 
Figura 2 - Grupo de Professores Trocando Experiências
 
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Nesse contexto, é possível destacar: 
 
O lócus (local) da formação a ser privilegiado é a própria escola; isto é, é preciso 
deslocar o lócus da formação continuada de professores da universidade para a 
própria escola de primeiro e segundo graus. Todo processo de formação 
continuada tem que ter como referência fundamental o saber docente, o 
reconhecimento e a valorização do saber docente (CANDAU, 1996, p. 143). 
 
Na citação acima, o autor esclarece que a formação continuada deve acontecer 
na escola, tendo como referência o saber docente e sua valorização do, pois têm 
opiniões e reflexões a serem externadas, devido ela estar no centro do processo 
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ensino/aprendizagem, enxergando as dificuldades que não colaboram para que ela 
aconteça. 
Corroborando essa perspectiva, é possível destacar que a formação continuada 
deve estar alinhada com o desempenho profissional do professor, em que as escolas 
sejam lugares de referência, um local de credibilidade para os programas de formação 
estruturarem-se, considerando problemas e projetos de ação reais e da comunidade em 
que estão inseridos, não apenas em torno de conteúdos acadêmicos (NÓVOA, 1992). 
Chegamos aqui a um ponto crucial da formação continuada, ela deve ser 
direcionada para resolver os problemas daquela comunidade e pensar em soluções que 
visem superá-los, como fazer, porque fazer e de que maneira resolver, não deve se 
limitar em torno de conteúdos acadêmicos em que o professor, muitas vezes, estuda 
assuntos que não condizem com a realidade que está vivendo. A formação continuada 
é essencial para um bom desempenho do professor, frente ao cenário complexo em que 
está inserida (GADELHA, 2020). 
Nóvoa (1995) nos diz que o desenvolvimento profissional deve abranger três 
dimensões: pessoal, profissional e organizacional. Para o autor, é possível estruturar da 
seguinte forma: Pessoal: Estimular reflexões críticas e autônomas, ter espaço de 
interação entre profissional e pessoal; Profissional: Aqui o professor é tido como autor e 
produtor de seu conhecimento profissional, sendo reflexivo e responsável pela sua 
formação; Organizacional: Voltado para a ideia de que formação e trabalho devem 
caminhar juntos, pois o desenvolvimento profissional e pessoal está ligado também ao 
desenvolvimento da instituição em que atua (NÓVOA, 1995). 
Ter acesso a uma boa formação continuada e permanente garante ao professor 
desenvolver-se profissionalmente ao mesmo tempo em que cria sua identidade e isso 
está relacionado à qualidade da aprendizagem. A formação continuada possibilita uma 
capacitação pessoal e profissional dos docentes, que reflete em uma ampliação e 
aprimoramento de suas práticas pedagógicas, como na utilização de novas metodologias 
e práticas de ensino (MUNCK; BORGES, 2020). 
O professor precisa sair do papel de mero expectador e assumir as rédeas de sua 
formação, indicando os desafios enfrentados e qual tipo de formação o ajudaria a superar 
esta ou aquela dificuldade, pois para resolver um problema é necessário estudá-lo a 
 
fundo, debruçar-se sobre suas origens, compartilhar saberes e experiências com os 
outros docentes da escola para chegarem a uma solução comum a todos, afinal todos 
são parte de uma mesma escola, inserida numa mesma comunidade. 
 
 
 
 
3 A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO FRENTE À FORMAÇÃO 
E ATUAÇÃO DO PROFESSOR 
 
O Projeto Político Pedagógico (PPP) mostra-nos a visão macro do que a escola 
pretende alcançar, é um plano de intenções produzido pela escola, nele contém o que 
temos a intenção de fazer, de realizar, quais são os objetivos metas e desafios que 
queremos alcançar, tanto nas questões pedagógicas quanto nas administrativas. 
Ele é uma direção, um rumo para as futuras ações da escola, ele é democrático 
e definido coletivamente pelo qual todos têm um compromisso, baseado no presente e 
planejando como queremos que seja o futuro. Portanto, o PPP pode ser considerado um 
instrumento norteador dos processos de formação de uma Instituição escolar, com 
significação dos conteúdos e do processo de ensino-aprendizagem (FERREIRA; 
BORGES JÚNIOR, 2020). 
 
Figura 3 - União De Todos Os Envolvidos Na Elaboração Do Projeto Político Pedagógico 
 
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Diante dessa nossa discussão, é possível evidenciar 
 
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar 
um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da 
promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente 
(GADOTTI, 1994, p. 579). 
 
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Assim, o PPP é político porque tem o direcionamento, as escolhas de caminhos 
para formar cidadãos conscientes, críticos e reflexivos o termo político aqui, nada tem a 
ver com partido ou doutrina conforme nos fala Vasconcellos (2002, p. 20): “[...] Ser 
político significa tomar posição nos conflitos presentes na Polis, significa, sobretudo, a 
busca do bem comum. Não deve ser entendido no sentido estrito de uma doutrina ou 
partido”. 
Ele também é pedagógico porque é o meio pelo qual a escola define os objetivos, 
atividades pedagógicas e as ações que fará, a fim de alcançar os objetivos educacionais. 
Segundo Veiga (1995, p, 13): “[...] Pedagógico, no sentido de definir as ações 
educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e 
sua intencionalidade”. Assim, ao construí-lo, é necessário que se tenha em mente que a 
escola é um lugar de grande diversidade cultural no corpo docente e discente, onde 
existem pessoas de várias etnias, religiões, raças e classes sociais, que faz a gestão da 
escola ser um processo complexo; e o Projeto Político Pedagógico mostra-nos uma 
visão global da sociedade em que a escola está inserida, ele é o retrato fiel da identidade 
da escola, portanto ele é dinâmico e deve ser adaptado às condições sociais, 
econômicas e políticas da realidade que cerca a escola. De acordo com Vasconcellos 
(2002): 
 
A identidade se constrói na alteridade e não na confusão de ideias, 
posicionamentos e personalidades. Cada instituição deverá traçar o seu 
caminho; porém, este caminho poderá ser tanto mais interessante quanto maior 
a oportunidade de diálogo com outros sujeitos também

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