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Marco Aurélio Nogueira O desafio de construir e consolidar direitos no mundo globalizado.

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Universidade Federal da Bahia
Tauana Marques.
O desafio de construir e consolidar direitos no mundo globalizado.
Marco Aurélio Nogueira.
Marco Aurélio Nogueira propõe uma reflexão do ponto de vista moderno, globalizado e capitalista. O pensamento se inicia evidenciando o fato de que todas as conquistas, iniciadas no século XIX e XX não foram concessões ou manifestação de bondade da classe dominante e sim fruto de intensas lutas sociais que permanecem ate hoje, de forma progressiva ocupando e participando do governo da sociedade em busca de emancipação social e por direitos que apesar de essenciais para uma vida democrática e justa, são muitas vezes negligenciados pelo sistema. Ainda que a modernidade se apresente como intrínseca ao progresso, as estruturas sociais de opressão aos indivíduos marginalizados permanecem, com uma roupagem mais sutil e não menos cruel, evidenciando que a necessidade das lutas sociais para proteger os mesmos está longe de acabar.
A expansão da cidadania traz consigo o debate de que as demandas dos grupos marginalizados vão além de proteções formais como direitos civis, políticos e sociais. Questões como as de gênero, raça, capacitismo, meio ambiente, animais, democracia representam a chamada 3ª e 4ª dimensão de direitos, no qual esses interesses multidimensionais e difusos são realocados como vitais para os habitantes da Terra. 
Com a ordem social globalizada, os acordos internacionais referentes aos direitos humanos muitas vezes se estabelece como superior até mesmo a soberania estatal, o estado reduz o seu papel de regular, controlar e proteger as garantias normativamente e assim o amparo dos direitos sociais é secundarizado e os mesmos deixam de ser efetivados de uma forma consistente e passam a ser baseado em consensos entre a comunidade internacional e a vontade política dos governantes de exercê-los na prática. 
 	É importante salientar que apesar de vivermos na “era dos direitos” repleto de avanços e conquistas, ainda há um grande descompasso entre a norma jurídica e a sua aplicação efetiva, principalmente por depender de decisões politicas cotidiana e de recursos econômicos e organizacionais, ficando a mercê de pactos societais e governamentais. O fato dos direitos sociais serem considerados do tipo especiais, por não implicarem em uma possível criminalização, estabelece na prática uma obrigação meramente moral ou no máximo politica (Bobbio) e por isso muitas vezes são negligenciados.
	Não há como negar os avanços que acompanharam a constituição de 1988, principalmente nas garantias individuais, mas o cenário globalizado agrava ainda mais o esvaziamento dessas expectativas de direito. A crise do Estado nacional, visão mercadológica aplicada em tudo (inclusive aos direitos), a crise da cidadania em que mesmo exercida ativamente não alcança o seio de decisões, a ineficiência das instituições na defesa da esfera social, a dinâmica reformadora socialmente desorientada, o adoecimento das organizações que passam a ser geridas pelas elites e tem sua resistência minada.
	É preciso se pensar em uma forma de valorizar a norma e o Estado, polindo o mercado, contendo assim a destruição dos bens e valores públicos, nos realocar no centro da luta por uma ordem social mais justa, desassociar os direitos da visão mercadológica, promover uma gestão democrática associada a uma reforma intelectual e moral, e estabelecer uma dinâmica de direitos em consonância a ordem e estruturação social-politico-econômica a fim de garantir que para além de expectativas esses direitos se tornem efetivos, contribuindo para a emancipação da comunidade e construção da democracia.

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