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Resumo - Os dois métodos e o núcleo duro da teoria econômica

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Universidade Federal de São Paulo
Escola Paulista de Política, Economia e Negócios.
Os dois métodos e o núcleo duro de teoria econômica
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Guilherme Scaglione
Guilherme Zucco
Humberto de Souza
Otávio Henrique Neves
Wellington Gomes
Pedro Aud
INTRODUÇÃO
A escolha métodos, inerente ao curso da prática de qualquer ciência social, contribuiu para que durante a história do pensamento econômico as aproximações entre sujeito e objeto ocorressem de diferentes formas, e que, portanto, contribuições ao debate viessem de diferentes perspectivas. Autores como Adam Smith e Karl Marx utilizaram-se majoritariamente do método histórico-dedutivo, baseando suas argumentações em observações da realidade econômica. Foi então que por volta de 1870, baseado na tentativa de superação do caráter “impreciso” da economia, o modelo hipotético-dedutivo surgiria. 
Anos mais tarde esta tendência se reforçou com a chegada de engenheiros e físicos à profissão de economista, resultando na consolidação da utilização de modelos matemáticos como forma de estudo predominante da teoria econômica e na predominância do pensamento neoclássico, que atualmente abarca as expectativas racionais dentro das teorias de equilíbrio geral.
OS MÉTODOS HIPOTÉTICO-DEDUTIVO E HISTÓRICO-DEDUTIVO
A economia é classificada como uma ciência substantiva, diferente da matemática e da estatística, e deve utilizar principalmente o método histórico-dedutivo, pois lida com sistemas econômicos, que são objetos demasiadamente complexos e em constante. Neste caso, o método hipotético-dedutivo, também considerado legítimo, deve ser utilizado apenas de forma secundária, partindo de uma base histórica-dedutiva, para explicar os sistemas e desenvolver ferramentas para regulá-los. 
Além de ser analítico, como se dá ciências naturais, o método histórico-dedutivo, por lidar com a esfera social, é também dialético. Isto acontece pois, na sociedade, causas e consequências não têm uma separação nítida entre si. O panorama social também opera em constante mudança, e, portanto, é essencialmente histórico. Ao abarcar atores com interesses distintos que agem livremente de acordo com suas experiências, provocam-se mudanças substanciais nas estruturas da sociedade, na criação de culturas e instituições que também agirão, modificando as preferências dos indivíduos. 
O resultado é que, por mais que a observação empírica seja fundamental nas ciências sociais, suas justificações são relativas e a lógica da descoberta é central. Bresser critica amplamente a tentativa de economistas e demais cientistas sociais de reduzirem a complexidade social em modelos que aspiram estabelecer um método positivo que opere numa realidade utopicamente precisa. A ambiguidade e a multiplicidade de fatores que compõem o funcionamento dos sistemas econômicos delimita o espaço até onde esse método possa agir, comprometendo a consistência lógica de suas formulações e regras. 
Os sistemas econômicos são objetos de estudo da economia, na qual tem como objetivo entender e explicar esses sistemas e prever seu desenvolvimento. O grande desafio do estudo da economia é compreender os fenômenos de forma empírica, sendo mais especificamente o método histórico-dedutivo. Porém não obstante temos o uso do método hipotético-dedutivo, mas esse é mais usado para elaboração de métodos científicos e formulações teóricas, não para compreender os fenômenos de mercado. Esse método é histórico, abdutivo, dedutivo e indutivo, pois testa hipóteses com formulas econométricas.
	Vemos a ligação que há entre os sistemas econômicos e os âmbitos social e político, por isso a relação que sempre é feita e que há de ser perfeitamente estudada e incorporada na metodologia de aprendizado. Quando a economia se torna uma ciência metodológica, ela se torna um conjunto de ferramentas a serem utilizadas para analise dos sistemas, perdendo assim o objetivo fundamental da analise econômica.
	A economia não pretende estudar todos os sistemas econômicos, porém apenas os que envolvem o mercado e dinheiro, ou seja, os sistemas modernos. Elas permitem a troca de mercadorias, alocação de recursos e distribuição de renda. Como objetivo a economia deve-se pautar em, não apenas a sobrevivência ou estabilidade, mas a distribuição eficaz dos recursos e o bem estar da população em geral. Isso a microeconomia clássica, Keynes, economia politica clássica tentaram e conseguiram dar respostas para essas questões que também são sociais e fazem parte do mundo. O pensamento neoclássico, ao contrario dos citados anteriormente, não conseguiu contribuir muito para o estudo econômico pois, apesar de bem útil no mundo acadêmico, ele é uma abstração da realidade e foge muito da economia real, sendo totalmente descartada para o estudo.
	Pelo fato da microeconomia neoclássica não representar a realidade da economia, usar padrões abstratos e ser considerada uma ciência metodológica, ela acaba se tornando uma ferramenta de estudo, assim como a teoria dos jogos e a econometria, portanto não suficientes como metodologia para serem classificadas e lidas como a economia estudada com a metodologia de Keynes ou Marx, por exemplo. A economia deve ser realista e representar a totalidade dos comportamentos, as ferramentas e metodologias precisam ser consistentes e firmes, para que sejam válidas.
	O método histórico-dedutivo é o mais indicado para estudar sistemas econômicos. Ele se baseia na observação da realidade, portanto é histórico, onde cada evento é único, mas ainda assim é possível achar tendências e ou regularidades. Entretanto nem sempre é possível achar regularidades, dado cada evento ser único. Por exemplo a revolução industrial, Big Bang, são eventos únicos e sem precedentes, sem regularidades, porém podem ser estudados assim como os eventos do dia-dia da economia, que se aplicados os métodos e ferramentas corretas, podemos estuda-los.
O OBJETO DA ECONOMIA: OS SISTEMAS ECONÔMICOS
A ciência econômica tem por objetivo o estudo acerca do sistema econômico, tendo por destaque a análise de sua “estabilização, crescimento e distribuição”. Ao fazermos a análise com relação às diversas escolas do pensamento econômico, poderemos constatar que todas procuram compreender o funcionamento do sistema econômico a fim de prever seus desenvolvimentos.
Desta forma, a resolução dos problemas econômicos pode ser alcançada de melhor forma com o uso do método histórico-dedutivo, que tem por característica sua natureza empírica. Este método é histórico porque observa a realidade através de eventos passados, e, por conseguinte, procura generalizar a partir disto.
Além de tudo, podemos dizer que este método, o histórico-dedutivo, é, também, indutivo, uma vez que faz uso de ferramentas econométricas e de mensuração para testar as hipóteses anteriormente formuladas.
De acordo com Bresser-Pereira, há interpretações diversas, de tal sorte que a “[...] alternativa é acreditar que a economia é uma teoria da escolha, ou uma caixa de ferramentas para entender os sistemas de mercado [...]”. Portanto, outra visão de grande relevância advoga que o estudo da economia se faz por meio do rigor da metodologia científica, sob a égide de que o estudo da produção e distribuição deve perder o protagonismo em favor da mera análise dos sistemas econômicos. 
Segundo o autor, esta visão deixa de lado o fato de que os sistemas econômicos são fundamentalmente expressão do trabalho orientado para a produção de riqueza. Assim, não devemos esquecer que a economia é, de fato, um sistema social. Cada ciência social busca, da sua maneira particular, interpretar a estrutura dos sistemas sociais. Assim sendo, por mais diferentes que elas possam ser, todas possuem o mesmo objeto de estudo. 
Se, por um lado, os clássicos mostravam-se preocupados com o sistema econômico, por outro, os neoclássicos mudaram gradualmente a conformação do debate. Calcados no equilíbrio geral, o grau de abstração ficou demasiadamente desconectado da realidade econômica concreta.Porém, é verídico afirmarmos que os neoclássicos desempenharam papel imprescindível na construção do aparato teórico que iria fundamentar a microeconomia.
Para além do supracitado, a economia prende-se predominantemente em assuntos que abarquem os sistemas econômicos modernos – mais precisamente o capitalismo regido por duas instituições principais: o mercado e o dinheiro.
Desta forma, segundo Bresser-Pereira, o objetivo político central que as sociedades modernas adotaram foi não pura e simplesmente a manutenção da vida, sua estabilidade e sobrevivência, mas, acima de tudo, o bem-estar dos indivíduos e a sustentabilidade ambiental.
A economia passa, portanto, a reunir esforços para estudar sobre a alocação de recursos escassos, como os mesmos permanecem relativamente estáveis ao longo das mudanças nos modelos econômicos, como se desenvolvem, e, finalmente, “[...] como distribuem a renda gerada.”.
A economia marshalliana, então, tem como ponto nevrálgico responder a primeira indagação; a keynesiana, a segunda; e, a economia política, as duas últimas. Assim, enquanto a economia política e a keynesiana procuram partir de alicerces reais, a economia neoclássica (marshalliana) pouco ou nada se predispõe a isto. “A teoria de como os sistemas econômicos crescem no tempo foi desenvolvida pelos economistas clássicos, particularmente Smith e Marx.”.
Smith, de acordo com sua teoria, assumia que a forma como a economia aloca seus recursos está intimamente vinculada à divisão do trabalho e à acumulação de capital. Marx, por sua vez, acreditava que esta se encontrava atrelada a mesma acumulação de capital mas, também, ao avanço da técnica, ou seja, o progresso tecnológico.
Ademais, segundo Bresser-Pereira, Keynes foi o responsável por desenvolver a primeira teoria geral que procurasse explicar o funcionamento do sistema capitalista, apesar da mesma se prender a assuntos como renda e pleno emprego. Entretanto, diametralmente oposto a isto, os marginalistas se apropriavam da microeconomia para criar interpretações alternativas acerca da realidade objetiva econômica a qual os indivíduos se deparavam.
Contudo, se descartarmos as premissas elaboradas pelos marginalistas por meio da teoria do valor-utilidade e o modelo walrasiano do equilíbrio geral, então observaremos que esta economia caracteriza-se por ser majoritariamente metodológica. Como resultado, apesar de não ser capaz de se mostrar assertiva na elaboração de ferramentas adequadas às ciências substantivas, a microeconomia – expressão concreta do modelo marginalista – pôde gerar um largo arcabouço teórico com competência o bastante para auxiliar nas tomadas de decisões econômicas e criar cenários propícios para agentes preocupados com predições.
O método hipotético-dedutivo parte do princípio que os agentes econômicos maximizam sua utilidade. Seu pressuposto interno próprio é que basta ter as condições iniciais definidas para saber quais serão as consequências. De acordo com Prigogine (1997), essa forma de determinismo metodológico é atemporal, implicando causalidade perfeita ou lógica. As variáveis econômicas são determinadas por condições iniciais. As irregularidades não previstas, oriundas dos processos históricos reais, são ignoradas: não há “dependência da trajetória”.
Usando esse método, os economistas neoclássicos elaboraram o modelo microeconômico; depois utilizaram do mesmo para ao crescimento econômico com o modelo de Solow, por fim chegaram ao modelo macroeconômico, o modelo neoclássico, em que o modelo macroeconômico também se torna totalmente fechado.
O movo modelo macroeconômico clássico ganhou aceitação após ter sido apresentado porque alcançou em nível macro aquilo que o modelo de Solow havia alcançado no nível do crescimento: consistência. No entanto, logo se evidenciou sua incapacidade de explicar e prever o desempenho macroeconômico, e tanto os responsáveis pelos bancos centrais como os analistas econômicos o abandonaram, juntamente com sua correspondente política de metas monetárias.
Os três modelos que formam o núcleo do pensamento neoclássico (equilíbrio geral, modelo de Solow e modelo de Lucas) estão comprometidos com a consistência lógica, não com a correspondência com a realidade. Todas as anomalias, como o poder monopolista, as externalidades, a dependência da trajetória, etc., são definidas de maneira elegante e vistas somente como fatores falhos de mercado de um modelo que é internamente consistente. As instituições, até mesmo o dinheiro, foram simplesmente excluídas do modo neoclássico central. O dinheiro é visto como “neutro”, ou seja, não tendo consequências sobre as variáveis reais.
Economistas com uma forte demanda interna por consistência e precisão, e que se sentem particularmente atraídos pela matemática, costumam ficar fascinados quando apresentados a uma teoria que consegue ser clara. Dessa forma, eles acreditam que a economia se torna plenamente formal e, portanto, “científica”, como se ciência e formalização fossem a mesma coisa. Atualmente, essa é a principal razão para a crescente irrelevância da teoria macroeconômica pretensamente científica das expectativas racionais que é ensinada nos cursos de pós-graduação das universidades. Adotando o método hipotético-dedutivo e seu modelo supremo – o equilíbrio geral – os economistas tentam analisar sistemas econômicos reais.
 Eles partem daí, e então, passo a passo, relaxam os pressupostos correspondentes até o ponto em que se aproximariam do mundo real. Esse procedimento, entretanto, envolve uma trajetória pouco natural. Os economistas que tentam adotá-la logo percebem que é uma via perigosa: eles se arriscam a acabar sem nenhum modelo. Assim, voltam a cair em algum tipo de equilíbrio geral que não diz nada sobre o sistema econômico real, a não ser que os mercados são mecanismos institucionais de alocação de recursos excelentes mas incompletos. Ou se limitam a fazer estudos econométricos específicos que podem fornecer informações relevantes, mas que não substituem a análise macro do sistema econômico.
Para os economistas neoclássicos, a forma de provar sua ciência está relacionada à sua formalização, que, por sua vez, depende da adoção de um método dedutivo. Ou seja, um uso abusivo da matemática é visto por estes economistas como prova de sua proficiência científica pessoal.
Só é possível reduzir totalmente a economia ao raciocínio matemático quando se adota um individualismo metodológico radical, e se deduzem todos os modelos de um microfundamento básico – a plena racionalidade dos agentes. Mirowski (1991: 145, 153,155), que citou Debreu, rejeita o abuso da matemática na economia, criticando acertadamente a implícita “noção de que as commodities exibem um isomorfismo natural em relação a um espaço vetorial euclidiano real”, e salienta que a matematização da economia deveria ser limitada, porque as “simetrias e invariâncias existentes nas atividades do mercado” devem ser explicadas “por meio da instrumentalidade das instituições sociais”. Mas Debreu e seu crítico deixam de perceber que a razão central para a matematização da economia está no próprio método escolhido: o método hipotético-dedutivo. Uma vez que o economista decida derivar logicamente toda a análise econômica do pressuposto do homo economicus, juntamente com alguns outros pressupostos como a lei dos retornos decrescentes, a análise pode ser totalmente reduzida à matemática. 
A CRÍTICA PRINCIPAL
Entre a teoria Neoclássica e Clássica a principal forma de distinção é metodológica. Enquanto a escola clássica de forma generalizada usufrui do método histórico-dedutivo a neoclássica traça o caminho do método hipotético-dedutivo. Bresser Pereira afirma que “o comportamento dos agentes não segue a lógica racional” que os neoclássicos pregam. Contudo a crítica central não é da racionalidade desses agentes, e sim o uso desse pressuposto. A idéia não é substituir o conceito do homo economicus por um mais realista, mas minimizar sua importância no momento da análise pelo método histórico dedutivo, excluindoo “caráter dedutivo radical” e dando ênfase as observações de fatos históricos! Não se abandona o caráter racional, esse fica para explicar o que foi observado.
O pensamento econômico dominante para alguns analistas não é mais neoclássico. Esse é de pouca utilidade para analistas e formuladores de políticas e pecam ao excederem em suas generalizações, ao seguirem a retórica normativa e ao darem importância à credibilidade. Contudo na esfera ortodoxa convencional continua sim sendo ele somado aos novos agregados do seu formato contemporâneo: economia evolucionaria economia neoschumpteriana, economia experimental, a psicologia econômica, a teoria dos jogos e a economia aplicada. Os atuais adeptos dessa corrente tentam adapta-la a realidade. Em suma “profissionais competentes são suficientemente realistas para usar modelos que carecem dos microfundamentos exigidos pela teoria econômica neoclássica”. A regra de Taylor é citada como exemplo (BACEN com taxas de juros acima do aumento da inflação) que se afasta do método original neoclássico (hipotético-dedutivo). Outro exemplo que é a aplicação da teoria dos jogos aos manuais de Macro e Microeconomia, uma vez que isso faz referencia a escolhas e na teoria pura neoclássica não existem escolhas e sim apenas um caminho: “o ideal”.
Microfundamentos são relevantes apenas para teorias econômicas que usam o método hipotético-dedutivo. Já na análise histórico-dedutiva abandona-se o caráter normativista do estudo preocupando se com o que foi observado e não com o que deveria ser. A diferença entre microeconomia clássica e neoclássica está na “teoria subjetiva do valor e do modelo do equilíbrio geral”.
O autor ainda afirma que Micro e macroeconomia “não podem ser reduzidas um a outra” pois também utilizam métodos diferentes. Ela é “razoavelmente unificada” visto a complexidade do tema e suas diferentes metodologias históricas.
O NÚCLEO DA TEORIA ECONÔMICA
	Diferente do que se coloca o núcleo da teoria econômica (tríade neoclássica – equilíbrio geral, modelo de crescimento de Solow e novo modelo macroeconômico clássico), não é formada por essa base! A escola clássica desenvolveu uma concepção de microeconomia baseada no caráter instável e dinâmico da economia capitalista explicando preços e alocação de recursos, seus maiores colaboradores foram Marx e Smith. Nos anos 70 teve sua importância abafada por questões ideológicas neoliberais. E nesse entendimento confirma se que o verdadeiro núcleo da teoria econômica é apoiada “sobre o valor-trabalho e sobre a tendência à equalização das taxas de lucro, a teoria clássica do desenvolvimento capitalista completada por Schumpeter, a teoria econômica dos pioneiros desenvolvimentos e a macroeconomia keynesiana,” ressaltando também a contribuição de Marshall à compreensão dos mercados e excluindo o modelo de equilíbrio geral (que mostra um a falsa ideia de eficiência dos mercados prejudicando o entendimento do seu funcionamento real.) Contudo não se faz necessário excluir desse núcleo algumas contribuições neoclássicas.
	Podemos ver a contribuição marshalliana como uma “segunda teoria econômica”, com papel de ciência metodológica contribuindo com a teoria geral da tomada de decisões e em outra parte a teoria dos jogos. Economistas no geral observam sistemas econômicos como uma “mala de ferramentas”. Von Kempski fala que a pura teoria econômica é uma tentativa de interpretar la com a lógica da decisão validando o conhecimento normativo-analítico. Já Gafgen fala que “o cáculo está envolvido apenas com a ação estratégica que leva de uma situação, constituída do sujeito atuante e seu ambiente relevante, a uma nova situação, por meio da aplicação de uma máxima definida de decisão e um sistema de valores”, e Habermas fecha dizendo que o procedimento científico não é compatível com uma ciência empírico-dedutiva. Assim o núcleo da teoria econômica e macroeconômica permanece sendo a visão keynesiana por utilizar o método empírico dedutivo e formular hipóteses “refutáveis e falseáveis”, acrescentando econometria, teoria dos jogos e microeconomia da escolha.
CONCLUSÃO
Na conclusão desse trabalho, Bresser-Pereira reafirma e justifica sua preferência pelo método histórico-dedutivo, o qual deveria prevalecer sobre o método hipotético-dedutivo, nas investigações no campo da ciência econômica. 
O principal argumento seria que, por ser uma ciência social substantiva, a adequação das teorias à realidade constitui-se no critério de verdade mais adequado, em detrimento da consistência lógica, critério mais adequado às ciências metodológicas. Realizações como a teoria da microeconomia clássica, da macroeconomia keynesiana e a teoria econômica do desenvolvimento clássico-keynesiana, todas desenvolvidas pelo método histórico-dedutivo, demonstram a eficácia desse método. 
Para o autor, a opção pelo método hipotético-dedutivo é feita basicamente por sua capacidade de atração proporcionada pelo grau de precisão das previsões alcançado pelo uso das ferramentas matemáticas, embora esses modelos sejam incapazes de explicar os sistemas econômicos, devido à pouca relação com a realidade. 
É imperativo, portanto, para Bresser-Pereira, que a proposição de políticas econômicas seja fundamentada em hipóteses construídas com base na observação da realidade social. É dela, da realidade, que o economista extrai os modelos e suas explicações, por meio do exame e da busca de regularidades. 
Outro elemento importante, chave para o método histórico-dedutivo, é considerar a realidade como um produto histórico. Essa abordagem é primordial para a compreensão da constante mudança da realidade social. Para o autor, os principais elementos dos sistemas econômicos são instituições, as quais refletem suas realidades históricas. 
O pensamento é concluído, de forma categórica e sintética, com a descrição do autor sobre o processo de construção da ciência econômica, por meio do método histórico-dedutivo. Segundo Bresser-Pereira “o economista começa com a observação da realidade econômica, assume que o conhecimento anteriormente acumulado é razoavelmente válido e busca fatos novos, novas regularidades e tendências que estejam emergindo historicamente. A partir dessa observação, dos fatos históricos novos observados, de sua própria experiência e das ferramentas econômicas disponíveis, ele tentará desenvolver seu próprio modelo do sistema ou complementar os modelos existentes. Ele sabe que seu modelo é intrinsecamente provisório, na medida em que a realidade sob estudo está historicamente mudando. “

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