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AULA 05: Servidores Públicos. SUMÁRIO 1) INTRODUÇÃO À AULA 05 2 2) REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS 2 A. ESTABILIDADE, ESTÁGIO PROBATÓRIO E PERDA DO CARGO 3 B. FORMAS DE PROVIMENTO DOS CARGOS PÚBLICOS 6 C. VACÂNCIA 13 D. REMOÇÃO 14 E. REDISTRIBUIÇÃO 15 F. SUBSTITUIÇÃO 15 3) DIREITOS E VANTAGENS DOS SERVIDORES PÚBLICOS 16 A. VENCIMENTO E REMUNERAÇÃO 16 B. VANTAGENS 17 C. INDENIZAÇÕES 18 D. GRATIFICAÇÕESE ADICIONAIS 20 E. FÉRIAS 21 F. LICENÇAS 22 G. AFASTAMENTOS E CONCESSÕES 25 4) REGIME DISCIPLINAR 26 4.1 DOS DEVERES 28 4.2 DAS PROIBIÇÕES 28 4.3 DA ACUMULAÇÃO 30 4.4 DAS PENALIDADES 32 5) DAS RESPONSABILIDADES 40 5.1 RESPONSABILIDADE CIVIL 40 5.2 RESPONSABILIDADE PENAL 40 5.3 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA 42 6. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR 42 Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 1 6) RESUMO DA AULA 59 7) QUESTÕES 68 8) REFERÊNCIAS 73 1) Introdução à aula 05 Bem vindos à nossa aula 05 de Direito Administrativo, do curso preparatório para o cargo de Agente da PRF. Nesta aula 05, abordaremos a matéria “4.4 Lei nº 8.112/1990 e alterações.”. Como você pode observar, o conteúdo é bem extenso. Será que o examinador irá cobrar tudo isso? É, meus caros, se ele quiser ele pode cobrar! O pior é isso! Sugiro que você tenha aberto, ao lado desta aula, o texto da Lei nº 8.112/90, pois é impossível dar todos os detalhes da 8.112/90 em uma aula. Pegamos aqui os pontos mais importantes e os mais cobrados em concursos, mas como a lei é cheia de detalhes, não tenha preguiça de ler todo o seu texto. Não se esqueça que, ao final, você terá um resumo da aula e as questões tratadas ao longo dela. Use esses pontos da aula na véspera da prova! Chega de papo, vamos a luta! 2) Regime Jurídico dos Servidores Públicos A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão instituir, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 2 planos de carreira para os ser da Administração Pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Veja o art. 39 da CF: Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas. Esse dispositivo havia sido alterado pela EC 19/98, para afirmar que não era obrigatório o regime jurídico único. O Supremo Tribunal Federal, contudo, suspendeu o novo dispositivo para manter a redação original da Constituição, conforme transcrito acima. As leis editadas no período compreendido entre a promulgação da EC 19/98 e a declaração de inconstitucionalidade pelo STF devem ser consideradas válidas, pois o Supremo Tribunal decidiu com efeitos ex nunc, ou seja, a decisão de inconstitucionalidade proferida pelo STF não anula as leis editadas anteriormente com fundamento na redação do art. 39 dada pela EC 19/98. O regime jurídico único dos servidores civis da União é regulado pela Lei n. 8.112/90. Já abordamos diversos assuntos dessa lei quando tratamos do regime constitucional dos servidores. Agora falaremos da 8.112/90 de forma específica. a. Estabilidade, estágio probatório e perda do cargo A estabilidade tem como finalidade principal assegurar aos ocupantes de cargos públicos de provimento efetivo uma expectativa de permanência no serviço público, desde que adequadamente cumpridas suas atribuições. A partir da EC nº 19/1998, a estabilidade passou a ser conferida somente após três anos de efetivo exercício. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 3 ATENÇÃO!!! Somente os servidores titulares de cargos de provimento efetivo nomeados em virtude de concurso público podem adquirir estabilidade. O exercício de cargos em comissão não gera direito a estabilidade. A partir da EC nº 19/1998, passou a ser condição para a aquisição da estabilidade a aprovação do servidor em uma avaliação especial de desempenho feita por comissão instituída para esse fim (art. 42, §4º, CF). OBS: o STJ já teve oportunidade de decidir que é pressuposto dessa avaliação especial de desempenho o efetivo exercício do cargo, não se computando períodos de afastamento. ATENÇÃO!!! A partir do acréscimo desse §4º ao art. 41, CF, pela EC nº 19/98, podemos afirmar que não existe mais no Brasil a possibilidade de aquisição de estabilidade por mero decurso de prazo, como anteriormente era a regra. Em resumo, a partir da EC nº 19/98, passaram a ser requisitos concomitantes para aquisição de estabilidade: 1. concurso público; 2. cargo público de provimento específico; 3. três anos de efetivo exercício; 4. aprovação em avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. A respeito da perda do cargo, a partir da EC nº 19/98, verifica- se que passam a ser 4 as hipóteses de rompimento não voluntário do vínculo funcional do servidor já estável: 1. sentença judicial transitada em julgado; 2. processo administrativo com ampla defesa; Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 4 3. insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa; 4. excesso de despesa com pessoal. A dispensa por excesso de despesa com pessoal pode ser feita indiscriminadamente? Não! Somente se as medidas de redução, em pelo menos 20%, das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e de exoneração dos servidores não estáveis não forem suficientes para assegurar a adequação das despesas aos limites fixados na lei complementar poderá, então, o servidor estável perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. Nesse caso, conceder-se-á ao servidor exonerado uma indenização correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço e torna-se obrigatória a extinção do cargo por ele ocupado, vedando-se a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de 4 anos. O estágio probatório e a estabilidade são institutos jurídicos distintos. A estabilidade é um direito constitucional para quem possui cargo público efetivo e será adquirida após três anos de efetivo exercício. A aprovação no estágio probatório é um dos requisitos para aquisição da estabilidade, não se confundindo os institutos. No estágio probatório são realizadas avaliações periódicas para avaliar se o servidor se adaptou ao serviço público ou não. O Superior Tribunal de Justiça (MS 12.523) sedimentou o entendimento de que o período do estágio probatório deve ser o mesmo da estabilidade, ou seja, 3 (três) anos. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 5 Se o servidor for reprovado no estágio probatório (ou experimental), caberá exoneração de ofício, desde que assegurado ao interessado o direito de defesa, consoante entendimento consagrado pelo STF (AI 623854). Questão de concurso 1. (ESAF/AnalistaAdministrativo/ANA/2009) O servidor habilitado em concurso público e empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao completar 2 anos de efetivo exercício. Você não vai errar essa, por favor! Vimos que exige-se 3 anos para adquirir a estabilidade no serviço público. Item errado. b. Formas de provimento dos cargos públicos Provimento é o ato administrativo por meio do qual é preenchido o cargo público, com a designação de seu titular. Os cargos públicos podem ser de provimento efetivo ou de provimento em comissão. A Lei n° 8.112/90 afirma que são requisitos básicos para a investidura em cargo público: a nacionalidade brasileira; o gozo dos direitos políticos; a quitação com as obrigações militares e eleitorais; o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; a idade mínima de dezoito anos; aptidão física e mental. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 6 Com a leitura atenta desses requisitos básicos, você pode me fazer duas perguntas: E o exame psicotécnico, não é requisito, professor? E os estrangeiros, podem ser servidores públicos? A primeira pergunta tem sua resposta na Súmula nº 686 do STF, segundo a qual, só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. Assim, se não houver previsão legal de que para entrar naquele cargo será necessário realizar o psicotécnico, o órgão não poderá incluir esse exame dentre as fases do concurso. Com relação ao estrangeiro, em regra, ele não pode ocupar cargos públicos. A lei só ressalva a situação do professor, técnico ou cientista nas universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais. Ainda com relação ao provimento, não podemos nos esquecer da situação dos portadores de deficiências. Quanto a eles, o art. 37, VIII, da Constituição Federal, dispõe que a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para essas pessoas e definirá os critérios de sua admissão. A Lei nº 8.112/90 prevê esse percentual da seguinte forma, em seu art. 5º: § 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. Veja que a lei autoriza a reserva de até 20% das vagas aos portadores de necessidades especiais. Para a Súmula nº 377 do STF, o portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 7 E qual ato que caracteriza a investidura do servidor, professor? É nomeação, a posse ou o exercício? A investidura em cargo público ocorrerá com a posse (art. 7º da Lei n° 8.112/90). A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. Contudo, muita atenção, só se pode falar em posse nos casos de provimento de cargo por nomeação (nas demais formas de provimento não há posse). Aqui você já deve ir se preparando, meu amigo, não para o concurso, mas para saber o que você deverá fazer depois que for aprovado! Depois de sua nomeação, publicada no diário oficial, você terá 30 dias para tomar posse. Descumprido esse prazo, a sua nomeação será tornada sem efeito. Se você quiser, você poderá passar uma procuração específica para alguém fazer isso por você (mas você não vai perder esse gostinho, não é?) No ato da posse, o você deverá apresentar declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública. Além disso, antes de tomar posse você deverá se submeter a uma inspeção médica oficial. Você só vai ser empossado se for julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. Depois da nomeação e da sua posse, você vai entrar em exercício. No exercício, você vai, efetivamente, meter a mão na massa! Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 8 O prazo para você entrar em exercício será de 15 dias, contados da data da posse. E se você descumprir esse prazo? Meu amigo, aí você fará a maior ca.... de sua vida! Pois o servidor que não cumpre o prazo para entrar em exercício é exonerado do cargo (ou tornada sem efeito a designação para a função de confiança). No caso daquele que foi designado para função de confiança, o exercício não é em 15 dias, mas no mesmo dia da publicação do ato de designação. Assim, temos a seguinte sequência para o provimento em cargo efetivo: Concurso – nomeação – 30 dias para posse – posse – 15 dias para exercício – exercício. Aprofundando no estudo do provimento, devemos estudar ainda que ele pode ser originário ou derivado. 1. Provimento ORIGINÁRIO: preenchimento de classe inicial de cargo não decorrente de qualquer vínculo anterior entre o servidor e a administração. Para os cargos efetivos, depende sempre de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos. A única forma de provimento originário é a nomeação. 2. Provimento DERIVADO: preenchimento de cargo decorrente de vínculo anterior entre o servidor e a administração. Nesse caso, não há concurso público ou nomeação. As formas de provimento derivado são: promoção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegração e recondução (cada uma delas será abordada abaixo). Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 9 O provimento ainda pode ser classificado, quanto à sua durabilidade, em efetivo, vitalício e em comissão. 1. Provimento EFETIVO: faz-se em cargo público, mediante nomeação por concurso público, assegurando ao servidor, após 3 anos de exercício, o direito de permanência no cargo (estabilidade), do qual só pode ser destituído por sentença judicial, por processo administrativo em que seja assegurada ampla defesa ou por procedimento de avaliação periódica de desempenho, também assegurado o direito de ampla defesa. 2. Provimento VITALÍCIO: faz-se em cargo público, mediante nomeação, assegurando ao funcionário o direito à permanência no cargo, do qual só pode ser destituído por sentença judicial transitada em julgado. OBS: somente é possível com relação a cargos que a Constituição Federal define como de provimento vitalício, uma vez que a vitaliciedade constitui exceção à regra geral da estabilidade. Na CF/88, são vitalícios os cargos dos membros da Magistratura, do Tribunal de Contas e do Ministério Público. 3. Provimento EM COMISSÃO: faz-se mediante nomeação para cargo público, independentemente de concurso e em caráter transitório. Somente é possível com relação aos cargos que a lei declara de provimento em comissão. Nesse ponto, importante a análise da Súmula nº 685 do STF: STF Súmula nº 685 É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargoque não integra a carreira na qual anteriormente investido. Diante da redação dessa súmula, duas outras formas de provimento derivado anteriormente previstas, a ascensão e a Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 10 transferência, foram extintas. Veja, nesse sentido, a atual redação do art. 8º da Lei n° 8.112/90: Art. 8o São formas de provimento de cargo público: I - nomeação; II - promoção; III - ascensão;(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IV - transferência; (Execução suspensa pela RSF nº 46, de 1997) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) V - readaptação; VI - reversão; VII - aproveitamento; VIII reintegração; IX - recondução. Hoje fala-se também na inconstitucionalidade da transposição (alteração de denominação do cargo para equiparar a outro cargo de categoria superior), por essa mesma razão. Nos termos da jurisprudência do STF, é possível ao servidor estável aprovado para outro cargo, dentro do período de estágio probatório, optar pelo retorno ao antigo cargo, se assim desejar. Veja alguns tipos de provimento . Analisaremos cada um deles: Nomeação: É a forma exclusiva de provimento originário. Podendo ser em caráter de comissão, tornando dispensável o concurso público. Ou pode ser por precedido de concurso, onde terá caráter efetivo. Com relação ao concurso, você deve se lembrar de que ele terá validade de até 2 anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período, e não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. Promoção: Refere-se ao progresso do servidor, ingressando numa posição mais elevada que a anteriormente ocupava. Readaptação: Ocorre na situação em que o servidor ocupa cargo distinto do anterior, por ter adquirido alguma debilidade, Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 11 necessitando de um novo cargo que se adeque a sua limitação. A readaptação será efetivada em cargo de atribuições afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocorrência de vaga. Reintegração: Quando o servidor estável é demitido é comprova que a sua demissão não foi valida (seja por decisão judicial ou administrativa), retornando a sua atividade, com ressarcimento de todas as vantagens que possuía anteriormente. Na hipótese de o cargo ter sido extinto quando do retorno, o servidor ficará em disponibilidade. Se o cargo já estiver provido, o seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade (perceba que o privilégio é para aquele que está sendo reintegrado!). Aproveitamento: Quando o servidor estável retorna a sua atividade e recebe os seus vencimentos conforme o seu cargo anterior que por algum motivo foi considerado extinto, ou de atribuição inapropriada. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial. Reversão: é o retorno à atividade de servidor aposentado por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria. É também o retorno à atividade do servidor estável, aposentado voluntariamente, que tenha requerido a reversão e desde que haja cargo vago, a aposentadoria tenha ocorrido nos 5 anos anteriores à solicitação e seja de interesse da administração Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 12 Recondução: A lei define de forma bem clara: Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado e decorrerá de: I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo; II - reintegração do anterior ocupante. Questão de concurso 2. (CESPE - 2012 - ANCINE - Técnico Administrativo) A investidura em cargo público ocorrerá com a nomeação do servidor, após aprovação em concurso público. Atenção!!! A investidura em cargo público ocorrerá com a posse (art. 7º da Lei n° 8.112/90). Gabarito:Errado. 3. (CESPE - 2012 - ANCINE - Técnico Administrativo) Após a investidura no cargo, se realizar tarefas além daquelas relacionadas ao seu cargo, o servidor poderá solicitar ao seu superior hierárquico alteração das suas atribuições, independentemente de manifestação favorável, em relação ao pleito, de autoridade maior. Como já falamos, a posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. Gabarito: Errado. c. Vacância De acordo com a visão Di Pietro “É o fato administrativo-funcional que indica que determinado cargo público não está provido, ou em Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 13 outras palavras está sem titular.” O servidor, por não ocupar mais o seu cargo, torna-o vago, colocando a disposição de outra pessoa. Exemplos de vacância seria a exoneração, a demissão, a promoção(considerando, por óbvio, o cargo anteriormente ocupado), readaptação, aposentadoria, posse em outro cargo não passível de acumulação e o falecimento. d. Remoção Nesse instituto o servidor permanece com o seu cargo, porém é deslocado para praticar os atos de sua função em outra unidade do mesmo quadro, podendo ser em local distinto ou não. Exemplo: O servidor da agência do INSS de Brasília pode ser removido para a agência do INSS de Chapecó em Santa Catarina. A remoção poderá ser de ofício ou a pedido. ATENÇÃO: NÃO CONFUNDA REMOÇÃO COM TRANSFERÊNCIA. Quando de ofício a Administração Pública, com ou sem consentimento do servidor, remove o servidor tendo em vista o seu próprio interesse. Quando a pedido nem sempre a conveniência da Administração Pública é observada, são os casos do art.36, III da lei 8.112/90: Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. III - a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração: a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração; b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior ao número de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam lotados. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 14 e. Redistribuição É quando o cargo – seja ele efetivo, ocupado ou vago – é deslocado para outro órgão ou entidade do mesmo Poder. Podemos confirmar esse trecho do artigo 37 da Lei 8112/1990: Art. 37. Redistribuiçãoé o deslocamento de cargo de provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os seguintes preceitos: I - interesse da administração; II - equivalência de vencimentos; III - manutenção da essência das atribuições do cargo IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e complexidade das atividades; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação profissional; VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as finalidades institucionais do órgão ou entidade. A redistribuição é basicamente para que o serviço público seja prestado de forma adequada, de forma que a necessidade de serviços na Administração seja suprida. Atenção!!! A redistribuição não é forma de provimento e não é obrigatório que servidor ocupante seja estável. f. Substituição Veja o que nos diz a lei 8112/90: Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou entidade. Assim a substituição é algo temporário. O substituto assumirá o cargo assim que ele estiver vago. Você está se perguntando, como fica o cargo do servidor que assumiu essa substituição? E ainda com qual renda ele ficará? Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 15 Pode ficar tranquilo que o legislador pensou em tudo. Os cargos serão cumulativos, não haverá prejuízo para o cargo que ocupa. O §1º descreve: § 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o respectivo período. Nos casos acima marcados o servidor deverá optar qual remuneração será cabível. 3) Direitos e vantagens dos Servidores Públicos Além de estarem previstos na Constituição Federal, os direitos dos servidores públicos estão previstos também na lei de regimes jurídicos dos servidores públicos, a Lei 8.112/90. Dentre os direitos dos servidores públicos estão as férias, licenças, vencimento ou remuneração, a aposentadoria entre outros que falaremos adiante. a. Vencimento e remuneração Vencimento, nos termos do art. 40 da Lei 8112/90, é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público. Muito cuidado meus caros!!!É vedada a prestação de serviços gratuitos, salvo os previstos em lei. Confira o dispositivo da Lei 8112/90: Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 16 A Lei 8112/90 conceitua ainda, no art.41, a remuneração como o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. O destaque especial que o legislador faz sobre a remuneração está no §5º do dispositivo citado, vejamos: § 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salário mínimo. b. Vantagens Vejamos o que dizHely Lopes Meirelles em sua classificação: “Vantagens pecuniárias são acréscimos ao vencimento do servidor, concedidas a título definitivo ou transitório, pela decorrência do tempo de serviço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais (ex facto officii), ou em razão das condições anormais em que se realiza o serviço (propter laborem), ou, finalmente, em razão de condições pessoais do servidor (propter personam). As duas primeiras espécies constituem os adicionais (adicionais de vencimento e adicionais de função), as duas últimas formam a categoria das gratificações de serviço e gratificações pessoais).” Consideramos vantagens os acréscimos ao vencimento base por consequência de algum fato que dá direito ao servidor ao seu recebimento. De uma forma bem simplificada Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo ainda classificam: “como qualquer valor recebido que não se enquadre na definição de vencimento.” E quais são essas vantagens? Vale a leitura do artigo 49: Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens: I - indenizações; II - gratificações; Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 17 III - adicionais. Seguiremos a ordem de classificação dada pela lei de regime jurídico dos servidores públicos: c. Indenizações As indenizações não fazem parte da remuneração e nem de nenhum provento. É o que diz a lei 8112/90. São espécies de indenizações: 1. Ajuda de custo Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. O que podemos ter como lição? Primeiro que a Administração deverá ter interesse no serviço, e segundo que a mudança de domicílio deverá ser permanente. É englobado pela ajuda de custoas despesas de transporte do servidor e inclusive da sua família, compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. Não pense você que não há limite para a ajuda de custo. Esta não poderá exceder a importância correspondente a 3 (três) meses da remuneração do servidor. E se o servidor não se apresentar na nova sede pelo prazo de 30 dias, este ficará obrigado a restituir a ajuda de custo. Por fim se o servidor vier a falecer na nova sede, à sua família pelo pra de 1 ano é assegurado a ajuda de custo e transporte para o retorno ao seu lar de origem. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 18 E àquele que não é servidor da União, mas acaba sendo nomeado para cargo em comissão, ele recebe ajuda de custo? Sim, meus caros, nos termos do seguinte dispositivo da Lei nº 8.112/90: Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio. 2. Diárias Confiram a redação do art. 58 da Lei n. 8.112/90: Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. Importante ressaltar que as diárias são de caráter eventual e transitório. Caso o servidor, por qualquer motivo, não se afaste da sede ou ainda retorne antes do previsto, deverá restituir as diárias no prazo de 5 dias. 3. Indenização de transporte Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção para a execução de serviços externos, por força das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. Ressalta-se que o meio de transporte deverá ser próprio.4. Auxílio moradia Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa pelo servidor. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 19 Esta só será acrescida até 8 anosde uso do auxílio por parte do servidor. O valor deste auxílio não pode ultrapassar os 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração do Ministro do Estado. Questão de concurso 4. (CESPE - 2011 - CNPQ - Analista em Ciência e Tecnologia) O auxílio-moradia deve ser concedido a servidor público federal que, entre outros requisitos, tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do grupo direção e assessoramento superiores (DAS), níveis 4, 5 e 6, de natureza especial, de ministro de Estado ou equivalentes. Veja o que dispõe o artigo 60 -B, V, da Le 8112/90: “Art. 60-B.Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se atendidos os seguintes requisitos V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes.” Item correto. d. Gratificaçõese adicionais Ao tratarmos das gratificações e dos adicionais, vemos que eles podem fazer parte da remuneração e poderão incorpora-se aos proventos ou vencimentos. São eles: Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições, gratificações e adicionais: I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e assessoramento; II - gratificação natalina; III - adicional por tempo de serviço; (revogado) IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas ou penosas; V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; VI - adicional noturno; VII - adicional de férias; Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 20 VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. Observe que não há mais o adicional por tempo de serviço no estatuto, ou seja, não existem mais os famosos “anuênios” e “quinquênios” na Lei nº 8.112/90. e. Férias Como já falamos é o período descanso remunerado concedido ao funcionário público. O servidor tem direito a 30 dias de férias anuais, podendo ser divididas em até três etapas se o servidor assim requerer. A regra é que as férias sejam gozadas, porém, se houver necessidade de serviço, as férias poderão ser acumuladas em até dois períodos. Questão de concurso 4. (CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico Judiciário) O gozo de férias do servidor pode ser interrompido, entre outros motivos, por convocação de júri, serviço eleitoral ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade em que o servidor desempenhe suas funções. As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade. Conforme o artigo 80 da Lei 8.112. Item certo. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 21 f. Licenças Nas licenças o servidor poderá receber os seus vencimentos ou não, dependerá da licença. O art. 81 da Lei 8112/90 elenca as possibilidades de concessão das férias. Vejamos: Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: I - por motivo de doença em pessoa da família; II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; III - para o serviço militar; IV - para atividade política; V - para capacitação VI - para tratar de interesses particulares; VII - para desempenho de mandato classista. ATENÇÃO! Observe que não há mais a licença-prêmio por assiduidade! Comentaremos as principais para que você não erre na sua prova. 1. Licença por motivo de doença em pessoa da família Professor, quem afinal pertence a família? A lei dispõe que poderá ser cônjuge ou companheiro, os pais, os filhos, o padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. Essa licença deverá ser concedida quando indispensável a assistência direta e ainda essa não puder ser substituída por mais ninguém. Para que não tenha prejuízo na remuneração a licença poderá ser concedida, a cada período de 12 meses, desde que não ultrapasse 60 dias (consecutivos ou não). Ou sem remuneração pelo período de 90 dias (consecutivos ou não). Cuidado!!A licença para tratamento de saúde de pessoa da família do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 22 período de 12 (doze) meses, será contada tão somente para efeito de aposentadoria e disponibilidade. 2. Licença por motivo de afastamento do cônjuge Nessa espécie de licença o período não terá nenhum efeito. A licença não terá prazo pré-determinado e ainda será sem remuneração. Trata-se do afastamento para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. 3. Licença para o serviço Militar Quem irá condicionar será a legislação específica. Porém, mesmo após o término desta licença o servidor terá 30 dias para retornar ao cargo.Durante esses 30 dias não receberá remuneração. Esse período será contado como efetivo exercício. 4. Licença para atividade política Essa licença pode ser concedida com e sem remuneração. Será concedida sem remuneraçãono período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. Será concedidacom remuneração a partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição.Somente pelo período de três meses será paga a remuneração. ATENÇÃO!!! Poderá ser concedida a servidor em estágio probatório. 5. Licença para capacitação Assim nos diz a Lei 8112/90: Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 23 Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, para participar de curso de capacitação profissional. Ou seja, a cada cinco anos essa licença poderá ser concedida. Esse período não será acumulável. Será contado como efetivo exercício para efeito na contagem do tempo de serviço. 6. Licença para tratar de interesses particulares O destaque dessa licença é que o servidor efetivo não poderá estar em estágio probatório.Será concedida por discricionariedade da Administração, podendo ser interrompida se assim for interesse do Estado. A temporariedade será de até três anos. Questão de concurso 6. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de ControleExterno) A administração pode deferir pedido de licença sem remuneração, por até três anos consecutivos, a servidor público ocupante de cargo efetivo que esteja no segundo ano do estágio probatório, se a licença for para tratar de interesses particulares. Não será concedida a licença por interesse particular ao servidor em estágio probatório. Item errado. 7. Licença para desempenho de mandato classista Será concedida sem remuneração, devendo o cargo ser de direção ou representação e ainda que a entidade seja cadastrada no órgão competente. Terá a mesma duração do mandato podendo ser prorrogado uma única vez. Não poderá fruir dessa licença o servidor em estágio probatório. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 24 Questão de concurso 7. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário) Servidor público federal que esteja cumprindo o período de estágio probatório pode obter licença para exercer mandato classista em um sindicato. Não poderá fruir dessa licença o servidor em estágio probatório!!! Item errado. g. Afastamentos e concessões Observando da mesma forma que exposta na Lei 8112/90 (art.93 a 96) temos: O afastamento poderá ser, conforme a lei: 1. Art.93-Afastamento para servir a outro órgão ou entidade ; 2. Art.94-Afastamento para exercício de mandato eletivo 3. Arts.95 e 96-Afastamento para estudo ou missão no exterior; 4. Art. 96-A- Afastamento para participação em programa de pós- graduação stricto sensu no País Por fim, a lei regulamenta as seguintes concessões aos servidores públicos civis no âmbito da União: Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do serviço: I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor; III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : a) casamento; b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a compensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, respeitada a duração semanal do trabalho § 2o Também será concedido horário especial ao servidor portador de Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 25 deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário. § 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de horário na forma do inciso II do art. 44 § 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da administração é assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época, independentemente de vaga . Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com autorização judicial. Questão de concurso 8. (CESPE - 2012 - TRE-RJ - Técnico Judiciário) Aos servidores públicos civis da União são assegurados alguns dos direitos sociais garantidos aos trabalhadores em geral, como a licença-paternidade. Não poderia terminar em assunto sem apontar aversão Constitucional sobre esse tema. Art. 39, § 3º, CRFB/88: § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. Assim: XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; Gabarito: Certo. 4) Regime Disciplinar Se você já teve contato com o direito administrativo, você sabe que a Administração goza do poder disciplinar. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 26 O poder disciplinar é um poder-dever que cabe à Administração de examinar infrações cometidas por servidores públicos e demais pessoas com vínculo jurídico específico, sujeitas à disciplina administrativa. Podendo ainda aplicar penalidades se necessário após a devida averiguação dos fatos. Esse poder disciplinar está intimamente ligado ao poder hierárquico. No momento em que à administração exerce o controle interno das pessoas a ela vinculadas, exerce o poder disciplinar em uma relação decorrente do poder hierárquico. Nos contratos administrativos regidos pela Lei nº 8.666/93 não há hierarquia. Apesar das cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos, a Administração e o particular contratado não se situam em uma relação de subordinação. Contudo, as bancas vêm adotando cegamente o posicionamento doutrinário de Vicente de Paulo e Marcelo Alexandrino de que as sanções administrativas a que se sujeitam os contratados decorrem do poder disciplinar, uma vez que este seria “um vínculo jurídico específico”. Por isso, fique atento: para concurso, o poder disciplinar fundamenta as sanções aplicadas nos contratos administrativos. CUIDADO: Quando o assunto é a aplicação de pena para crimes e contravenções próprias do Código Penal pelo Poder Judiciário, não há manifestação do poder disciplinar. Nesse caso, o poder público está exercendo poder punitivo do Estado e não o poder disciplinar. A Lei 8.112/90 dispõe, em linhas gerais, como deve ser exercido esse poder disciplinar com relação ao servidor público. O regime disciplinar encontra previsão no título IV da Lei 8.112. Os seus capítulos dispõem: Capítulo I- Dos Deveres; II- Das Proibições; III- Da acumulação; IV- Das Responsabilidades; V- Das Penalidades. Veremos a seguir cada um desses capítulos: Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 27 4.1 Dos Deveres Com relação aos deveres, vale a transcrição do art. 116 da Lei 8.112/90: Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; (Vide Lei nº 12.527, de 2011) VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII - representar contrailegalidade, omissão ou abuso de poder. PRESTE BEM ATENÇAO PARA O DEVER INSERTO NO INCISO IV: CUMPRIR AS ORDENS SUPERIORES, EXCETO QUANDO MANIFESTAMENTE ILEGAIS. E se o servidor receber uma ordem ilegal o que ele deve fazer? O servidor não deverá cumpri-la e, além disso, neste momento também aparece o dever do servidor de representar contra o superior que lhe deu a ordem. Cada um dos deveres violados terá uma sanção. 4.2 Das Proibições Além dos deveres, a Lei n. 8.112/90 arrola várias proibições. Estas são específicas e a lei comina a sanção que deverá ser aplicada caso o agente incorra em cada uma delas. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 28 Vejamos a classificação das proibições com modelo semelhante ao proposto por Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: 1. Proibições que acarretam advertência (a numeração foi feita de acordo com a posição dos incisos): Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; VIII manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. 2. Proibições que se infringidas têm por consequência a suspensão: Art. 117. Ao servidor é proibido: XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; Lembre-se que, nos casos de reincidência em que o servidor já foi penalizado com a advertência, a suspenção poderá ser aplicada. Além disso, a suspensão é de aplicação residual, ou seja, se não houver previsão de outra penalidade, a suspensão deve ser aplicada. 3. Poderá ocasionar a demissão Art. 117. Ao servidor é proibido: IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 29 qualidade de acionista, cotista ou comanditário;XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; XV - proceder de forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; 4.3 Da acumulação A regra geral é a vedação à acumulação. Assim, somente nas hipóteses expressamente previstas no texto constitucional será ela lícita, mesmo assim, quando houver compatibilidade de horários. A vedação só existe quando ambos os cargos, empregos ou funções forem remunerados. As exceções somente admitem dois cargos, empregos ou funções, inexistindo qualquer hipótese de tríplice acumulação, a não ser que uma das funções não seja remunerada. A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. Quando houver compatibilidade de horários, é possível acumular: 1. Dois cargos de PROFESSOR; 2. Um cargo de PROFESSOR com outro, TÉCNICO OU CIENTÍFICO; 3. Dois cargos ou empregos PRIVATIVOS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE, com profissões regulamentadas. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 30 O servidor que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. Importante notar a existência, no texto constitucional, de outras hipóteses em que é lícita a acumulação remunerada, a saber: 1. Permissão de acumulação para os VEREADORES; 2. Permissão para os JUÍZES exercerem o MAGISTÉRIO; 3. Permissão para os MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO exercerem o MAGISTÉRIO. A proibição de acumular é a mais ampla possível, abrangendo, salvo as exceções constitucionalmente previstas, qualquer agente público remunerado em qualquer poder ou esfera da Federação. Quanto ao tratamento dado à percepção simultânea de remuneração e de proventos de aposentadoria, o art. 37, §10, da Constituição Federal, prevê que é vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, RESSALVADOS (ou seja, nas hipótese a seguir será possível a acumulação de aposentadorias): 1. os cargos acumuláveis na forma desta Constituição; 2. os cargos eletivos; e 3. os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. Como se vê, um juiz pode ter a aposentadoria de seu cargo de juiz e uma de magistério, pois são cargos acumuláveis na atividade. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 31 Além disso, entende-se que a soma dessas aposentadorias não pode ser superior ao TETO. ATENÇÃO!!! Não se enquadram na proibição de acumulação de proventos com remuneração os proventos recebidos em decorrência de aposentadoria obtida pelo regime geral de previdência (RGPS), de que trata o art. 201 da Constituição. Questão de concurso 9. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) Servidor público que ocupe cargo de médico na administração direta da União e cargo de professor em uma universidade pública federal, ambos remunerados, pode, havendo compatibilidade de horários entre as atividades, ocupar outro cargo público remunerado de médico, desde que esse cargo se situe no âmbito da administração de um estado- membro, do Distrito Federal ou de um município. Em nenhuma das hipóteses que estudamos é possível acumular três cargos. Tal hipótese não está prevista na Constituição. Item errado. 4.4 Das Penalidades O servidor estará sujeito às penalidades sempre que descumprir suas obrigações e faltar com seus deveres. Devendo ser observado o processo disciplinar cabível. O artigo 127 prevê as penalidades disciplinares: Art. 127. São penalidades disciplinares:I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 32 O direito ao contraditório e ampla defesa deverá sempre ser observado. E ainda, o administrador não poderá inovar em sanções a serem aplicadas no servidor, tal dispositivo é numerusclausus. Você deve ter observado que há uma discricionariedade no grau de aplicação da pena, por isso sempre será analisado a natureza e a gravidade da infração cometida, bem como o princípio da proporcionalidade. É claro que a discricionariedade não atenua a obrigação da Administração de punir o servidor ou aquele que tem vinculo jurídico específico com a Administração quando esta tomar conhecimento do fato. Vamos a cada uma das penalidades? a) ADVERTÊNCIA: será aplicada nos casos que já citamos, em situações que são incabíveis penalidades mais graves. Destacamos ainda que a advertência será por escrito, e ficará no banco de dados do servidor sendo cancelada após 3 anos de efetivo exercício. Confira o art. 129 da Lei 8.112/90: Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave. Estudamos as situações descritas nas proibições dos servidores. b) SUSPENSÃO: será cabível nos casos de reincidência nos casos em que a advertência foi aplicada, além das situações já tratadas. O servidor poderá ser suspenso por no máximo 90 dias. A lei nos traz um caso específico de suspensão. Vamos conferir? Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 33 Art. 130 § 1oSerá punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. Quando for conveniente ao serviço público, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço (art. 130, §2º). Essa hipótese é menos prejudicial ao servidor, uma vez que no período da suspensão ele fica sem receber os seus vencimentos. CUIDADO! Dentre as penalidades expostas no art. 127 da Lei 8.112/90 não existe a “pena de multa”, a multa será aplicada somente no caso de conversão da suspensão. O cancelamento do registro da suspensão só se dará após 5 anos de efetivo exercício. O cancelamento, contudo, não tem efeitos retroativos. Mais uma vez, isso deve ficar claro: o servidor não receberá remuneração no período da suspensão tampouco o tempo de suspensão será computado como tempo de serviço. c) DEMISSÃO: Neste caso não há cancelamento do registro da pena, o servidor perde o seu vinculo com a Administração e deixa de prestar o serviço público. Vimos acima que só uma proibição enseja a demissão se descumprida. Contudo, você deve estar atento ao art. 132 da Lei 8.112/90, que prevê diversas outras situações em que será aplicada a pena de demissão. Confira: Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: I - crime contra a administração pública; II - abandono de cargo; Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 34 III - inassiduidade habitual; IV - improbidade administrativa; V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; VI - insubordinação grave em serviço; VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; VIII aplicação irregular de dinheiros públicos; IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; XI - corrupção; XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. Dessa forma, a demissão está vinculada a uma das situações específicas. Repito: A pena de demissão é um ato vinculado, ou seja, ocorrida uma das hipóteses descritas no quadro, o julgador deve aplicar a sanção de demissão – ele não tem escolha! Nesse sentido, vale a transcrição do entendimento do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema: 3. "A Administração Pública, quando se depara com situações em que a conduta do investigado se amolda nas hipóteses de demissão ou cassação de aposentadoria, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos gravosa por tratar-se de ato vinculado" (MS 15.517/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 18.2.2011). No mesmo sentido: MS 16.567/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 18.11.2011). No mesmo sentido: MS 15.951/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJe 27.9.2011. Segurança denegada. (MS 12.200/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/03/2012, DJe 03/04/2012) d) Cassação de aposentadoria ou indisponibilidade: Será aplicada no caso do inativo que houver cometido, na atividade, falta punível com a demissão. e) Destituição de cargo em comissão: será aplicada ao não ocupante de cargo efetivo nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão (Art. 135 da Lei 8.112/90). Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 35 Por fim, com relação às penalidades você deve atentar-se para o disposto no art. 137 da Lei nº 8.112/90: Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. Esse dispositivo informa que, no caso de demissão ou a destituição de cargo em comissão, por ter o servidor valido do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública, e por atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. Lembre-se que não é considerada infração administrativa se o servidor atuar como procurador ou intermediário para obter benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro Ademais, o servidor público federal não poderá mais integrar qualquer cargo público federal se foi demitido ou destituído do cargo em comissão se foi demitido por: crime contra a administração pública; improbidade administrativa; aplicação irregular de dinheiros públicos; lesão aos cofres públicos e dilapidação do nacional; patrimônio corrupção; Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 36 Perceba que o servidor criminoso, ímprobo, corrupto ou aquele que causou lesão aos cofres públicos não poderá retornar ao serviço públicose foi demitido ou destituído do cargo em comissão. Não podemos encerrar este tópico sem mencionar que não é uma penalidade, mas encontra previsão da Lei nº 8.112/90 o afastamento preliminar. Esse afastamento é uma medida cautelar adotada pela Administração que afasta o servidor de suas funções, pelo prazo de até 60 dias (pode ser prorrogado por uma só vez), para que ele não influa na apuração da irregularidade cometida por ele. ATENÇÃO: Nesse período, o servidor continua recebendo! Veja como esses temas são cobrados pelo CESPE: Questões de concurso 10. (CESPE- 2010 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) Em processo administrativo disciplinar, a remoção de ofício de um servidor pode ser utilizada como forma de punição. A Lei 8.112/90 nos fala que são penalidades disciplinares: Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo de comissão; VI - destituição de função comissionada. Observe que a remoção não está entre as penalidades! Gabarito: Errado. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 37 11. (CESPE - 2011 - FUB - Analista de Tecnologia da Informação – Básicos) A conversão da penalidade de suspensão em multa, na base de 50% por dia de vencimento ou remuneração, poderá ocorrer na hipótese de o servidor permanecer obrigatoriamente na repartição e quando houver conveniência para a prestação do serviço. Vimos acima que a multa não é uma pena prevista na Lei nº 8.112/90, mas a Administração pode converter a pena de suspensão em multa de 50% por dia de vencimento, desde que haja conveniência para a prestação do serviço e o servidor deve permanecer trabalhando na repartição (art. 130, § 2º: “Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço”). Gabarito: Certo 12. (CESPE - 2011 - STM - Técnico Judiciário - Segurança – Específicos) Aplica-se suspensão em caso de reincidência de falta punida com advertência e de violação de proibição que não tipifique infração sujeita à penalidade de demissão, não podendo a suspensão exceder a noventa dias. Depois de estudar fica fácil. Essa questão cobra o texto literal do art. 130 da Lei nº 8.112/90 (“A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias”). Gabarito: Certo 13. (CESPE - 2007 - TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Pedro, servidor público federal ocupante de cargo Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 38 efetivo, faltou ao trabalho por mais de 30 dias consecutivos, no período de 2/5/2002 a 10/6/2002. Em razão disso, foi aberto contra ele um processo administrativo disciplinar, em 15/8/2006. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, considerando o regime jurídico dos servidores públicos. Se Pedro for punido com a penalidade de suspensão, os seus registros serão cancelados com o decurso de prazo de 3 anos de efetivo exercício, desde que não pratique, nesse período, nova infração. Por favor, meu caro aluno, não caia nesse pega, fique atento ao art. 131 da Lei nº 8.112/90: Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. Veja que a suspensão terá seu registro cancelado em 5 anos e a advertência em 3 anos. Gabarito: Errado 14. (CESPE - 2011 - FUB - Cargos de Nível Médio - Conhecimentos Básicos - Cargo 11 a 14, e 16) Na hipótese de o servidor público praticar nepotismo sob sua chefia imediata, a penalidade atribuída pelo regime jurídico dos servidores federais, via de regra, é a suspensão pelo prazo de trinta dias. Vimos acima que está sujeito a pena de advertência o servidor que mantiver “sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil”. Assim, o gabarito é errado. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 39 5) Das Responsabilidades O servidor público responde pelo exercício irregular de suas atribuições na esfera civil, penal e também administrativamente. 5.1 Responsabilidade Civil Observe o que diz Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sobre a responsabilidade civil: “A responsabilidade civil dos agentes públicos é do tipo subjetiva, por culpa comum, isto é, eles só respondem pelos danos que causarem se o Estado provar que houve culpa e dolo (intenção) do servidor. A ação do Estado contra o agente público é denominada ação regressiva.” Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. O Estado irá responder pelos danos causados pelos seus agentes independente de dolo ou culpa, por isso responsabilidade objetiva. Já o agente público só responderá se comprovado que houve culpa ou dolo. De forma bem simples podemos definir a ação regressiva citada pelos autores da seguinte forma: Quem irá ressarcir o dano causado pelo servidor ao terceiro será o Estado. Este por sua vez será indenizado pelo servidor que causou o dano. O servidor poderá ainda ter o desconto efetuado diretamente em seu vencimento, na forma da lei, independe de seu consentimento. 5.2 Responsabilidade Penal Ao praticar crime ou contravenção o servidor responderá na esfera penal. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 40 Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade Tendo em vista o princípio da independência as sanções penais, civis e administrativas, podem ser acumuladas. Porém a esfera penal tem um “peso” maior sobre as demais, uma decisão pode “acarretar o reconhecimento automático da responsabilidade do servidor nas demais esferas”, conforme ensinam Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Isso ocorre quando a sentença penal reconhece a autoria e a materialidade do fato irregular. Se houver decisão judicial nesse sentido, a Administração estará vinculada às conclusões sobre a autoria e a materialidade definidas na Justiça. Da mesma forma se ocorrer o contrário, ou seja, se a justiça criminal reconhecer a inocência (quanto à falta de autoria e a falta de materialidade), a possibilidade de julgá-lo culpado nas demais esferas será afastada. MUITA ATENÇÃO! Se o servidor, em processo judicial, for absolvido por falta de provas, essa decisão judicial não vinculará a decisão da esfera administrativa. Questão de concurso 15. (CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico Judiciário) Se determinado servidor, por ato cometido no exercício da função, for absolvido criminalmente por falta de provas, ele não poderá ser responsabilizado administrativamente pelo mesmo fato. Como estudado, item estáerrado. Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 41 5.3 Responsabilidade Administrativa “O servidor responde administrativamente pelos ilícitos administrativos definidos na legislação estatutária e que apresentam os mesmos elementos básicos do ilícito civil: Ação ou omissão contrária à lei, culpa ou dolo e dano”(Di Pietro). A administração que irá apurar as irregularidades cometidas pelo servidor público. A lei prevê a averiguação dos fatos através da sindicância e do processo administrativo disciplinar. Com a conclusão dos fatos, o servidor responderá disciplinarmente pelas irregularidades, como vimos no artigo 127 da 8.112/90. 6. Processo Administrativo Disciplinar Os ilícitos administrativos são apurados pelo processo administrativo disciplinar e os meios sumários. Segundo LadisaelBernado e Sérgio Viana, “o Processo Administrativo pode ser conceituado com como um instrumento formal em que a Administração Pública, tendo como suporte o jus puniendi do Estado (via Poder Disciplinar, espécie do gênero Poder Administrativo), apura a existência de infrações de natureza funcional praticadas por seus servidores e, caso o apuratório resulte pela autoria da prática infracional, aplica a sanção adequada e prevista em instrumento legal pertinente.” Veja o diz esse artigo: Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido. Aqui o legislador nos trouxe duas preciosas informações: Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 42 1º) O processo disciplinar é um instrumento destinado a apurar responsabilidade deservidor por infração praticada no exercício de suas atribuições. 2º) O instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido. No âmbito do direito disciplinar do servidor público há o processo administrativo disciplinar e a sindicância. Di Pietro define sindicância como: “fase preliminar à instauração do processo administrativo; corresponderia ao inquérito policial que se realiza antes do processo penal... A lei não estabelece procedimento para a sindicância, que pode ser realizada por funcionário ou por comissão de funcionário.” A sindicância pode ter duas naturezas: (a) preparatória e (b) punitiva. Na primeira, a sindicância apenas apura de modo preliminar a existência de anomalia na conduta do servidor. Se verificado que a prática do ato investigado pode se caracterizar como uma infração disciplinar, a sindicância concluirá pela necessidade de abertura de um processo administrativo disciplinar. Se afastada qualquer possibilidade de infração, a sindicância é arquivada. Na segunda natureza da sindicância – a punitiva – esse procedimento verificará, de plano, que o fato praticado pelo servidor caracteriza-se como ato infracional sujeito à sanção de repreensão ou suspensão de até 30 (trinta) dias. Nessa hipótese, não será necessária a abertura do processo disciplinar, poderá ser aplicada a repreensão ou a suspensão de até 30 dias no próprio procedimento da sindicância. Veja o que diz o art. 143 da Lei nº 8.112/90: Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 43 Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa. ATENÇÃO: Você não pode ler esse dispositivo sem se atentar para um fato de suma relevância: seja na sindicância PUNITIVA, seja no processo administrativo disciplinar, deve ser assegurado ao acusado a ampla defesa. Repare: na sindicância investigativa não é necessário observar a ampla defesa, pois esta se dará quando da abertura do processo administrativo disciplinar. Outras duas importantes características da sindicância é que ela deve ser concluída em 30 (trinta) dias, prorrogáveis por igual período, e que ela deve ser impulsionada por uma comissão disciplinar composta por três servidores. Assim, a sindicância, quando instaurada com caráter punitivo e não meramente investigatório ou preparatório de um processo disciplinar, tem natureza de verdadeiro processo disciplinar principal, no qual é indispensável a observância das garantias do contraditório e da ampla defesa e, além disso, do princípio da impessoalidade e da imparcialidade, mediante a convocação de uma comissão disciplinar composta por três servidores (STJ: REsp 509318). Vistas as principais características da sindicância, você pode passar para o estudo do processo administrativo disciplinar. A legislação brasileira retrata o PAD da seguinte forma: Constituição Federal: Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 44 Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. Lei 8.112/90 Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração de processo disciplinar. Como se vê, quando o servidor estiver sujeito a penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão, o procedimento que deve ser instaurado é o processo administrativo disciplinar. O PAD segue as seguintes fases: instauração, instrução, defesa, relatório e decisão. Veja bem, são 5 fases! INSTA – INSTRU – DE – RE –DE Mas essa sequência de fases pode ser simplificada com a seguinte operação: Instrução Defesa Relatório Inquérito administrativo (ou instrução sumária) Direito Administrativo p/PRF Teoria e exercícios comentados Prof. Daniel Mesquita – Aula 05 45 Com isso, teremos as três fases: instauração, inquérito e decisão. Para decorar: INSTA – INQUÉ – DE A instauração é promovida por meio da portaria de instauração. Ela é elemento processual indispensável, devendo estar juntada aos autos. A portaria, em sua redação, deve conter determinados requisitos formais essenciais, tais como, a identificação dos integrantes da comissão processante (nome, cargo e matrícula), destacando o presidente; o procedimento do feito (se sindicância ou PAD - no caso de rito sumário) e o nome e matrícula do servidor investigado. É importante observar que o Superior Tribunal de Justiça sedimentou o entendimento no sentido de que, na portaria de instauração do PAD, não é necessária a descrição detalhada dos fatos. Confira-se, nesse sentido, o seguinte trecho de um julgamento do STJ: - Na linha da jurisprudência desta Corte,
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