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Difrac¸a˜o Luan Bottin de Toni(246851) Grupo: Luan, Fabio, Augusto, Ramon Professora: Cilaine Veronica Teixeira 23 de outubro de 2015 Resumo Este relato´rio apresenta uma experieˆncia onde observou-se al- guns fenoˆmenos caracter´ısticos da natureza ondulato´ria da luz, como a difrac¸a˜o e interfereˆncia. Mostra-se que atrave´s de modelos teo´ricos e´ poss´ıvel calcular a espessura de um fio cabelo e o nu´mero de fendas por mil´ımetro em uma grade de difrac¸a˜o, assim como em um CD e DVD. 1 Introduc¸a˜o Difrac¸a˜o e´ o feˆnomeno que acontece quando uma onda encontra um obsta´culo ou uma fenda. Este efeito e´ observado em todos os tipos de ondas. Usualmente e´ dif´ıcil observar a difrac¸a˜o da luz, entretanto, a difrac¸a˜o das ondas sonoras e´ facilmente observada sendo que o som contorna obsta´culos de tamanhos razoa´veis, como paredes e mob´ılia, diferentemente da luz. Isso ocorre porque os efeitos de difrac¸a˜o sa˜o observa´veis quando os obsta´culos ou aberturas sa˜o de dimenso˜es compara´veis ao comprimento de onda; e o som possui comprimento de onda cerca de oito ordens de grandeza maior que o da luz. Esta propriedade dos movimentos ondulato´rios foi estudada no ano de 1803 por Thomas Young, o qual demonstrou que a luz e´ um movimento ondulato´rio e que tambe´m sofre interfereˆncia e difrac¸a˜o como os outros tipos de onda. Young fez com que feixes de luz passassem por uma pequena e estreita abertura e com um ateparo posicionado no outro lado ele viu que na˜o aparecia somente uma linha reta, mas um conjunto de va´rias faixas com diferentes intensidades. Sendo assim, devemos observar o fenoˆmeno da difrac¸a˜o ao passar a luz de um laser por uma ou va´rias fendas estreitas. Para o caso de um fenda simples com abertura de tamanho a considere a seguinte figura: 1 No experimento de Young, depois de fazer passar a luz por uma fenda estreita, a luz passou por duas fendas. Figura 1: Onda atravessando uma fenda simples. Na figura 1 a fenda foi dividida mentalmente e outras duas de largura a/2 e considera-se que D >> a. Sendo P um ponto de mı´nimo, temos que a diferenc¸a de caminho entre os dois raios, sendo eles coerentes, e´ de meio comprimento de onda (λ/2), se cancelando por interfereˆncia. Por geometria vemos que essa diferenc¸a de caminho e´ a2sen(θ). Logo, podemos escrever para o primeiro mı´nimo: asend(θ) = λ Da mesma maneira, se dividirmos mentalmente a fenda em quatro partes iguais teremos para o segundo mı´nimo: asen(θ) = 2λ Se continuarmos a dividir a fenda em mais partes, aumentaremos o aˆngulo onde os raios se interceptam. Assim podemos chegar a` relac¸a˜o para o mı´nimos de intensidade para uma fenda simples: asen(θ) = mλ m = 1, 2, 3, ... E, considerando D >> a, portanto sen(θ) ' tg(θ) = y/D, onde y e´ a distaˆncia do mı´nimo de ordem m para o ma´ximo central, podemos reescrever a equac¸a˜o acima como: a y D = mλ m = 1, 2, 3, ... (1) Sendo I0 a intensidade da luz que atinge a fenda, sabe-se que a intensi- dade I que atinge o anteparo e´ dada por: I = I0 sen2(α) α2 e α = piasen(θ) λ (2) Sendo assim, quando α = 0 (ou (θ = 0) temos I = I0, que e´ a condic¸a˜o para o ma´ximo central. Se α = mpi a intensidade sera´ nula, que e´ a condic¸a˜o de mı´nimo. A figura 2 mostra como a intensidade decai conforme o aˆngulo aumenta: 2 Figura 2: Gra´fico da intensidade para uma fenda simples. No caso de um dispositivo com N fendas, denominado rede de difrac¸a˜o, considere a seguinte figura onde a e´ a largura das fendas e d e´ a distaˆncia entre elas: Figura 3: Luz atravessando mu´ltiplas fendas. Esse dispositivo produzira´ ma´ximos de intensidade de forma que obedec¸a a` equac¸a˜o da rede, onde y e´ a distaˆncia entre um ma´ximo de ordem m ate´ o ma´ximo central: dsen(θ) = mλ m = 0, 1, 2, 3, ... (3) A intensidade total e´ o produto de um fator devido a` difrac¸a˜o de fenda simples ( sen 2(α) α2 ) e um fator devido a` interfereˆncia causada pelas mu´ltiplas fendas ( sen 2(Nβ) sen2(β) ), onde β = pidsen(θ)λ . Sendo assim, temos a expressa˜o para 3 a intensidade no caso de fendas mu´ltiplas: I = I0 sen2(α) α2 sen2(Nβ) sen2(β) (4) O gra´fico da intensidade resultante obtem-se a partir da multiplicac¸a˜o do fator de difrac¸a˜o pelo fator de interfereˆncia e esta´ representado na figura a seguir: Figura 4: Gra´fico da intensidade para mu´ltiplas fendas. Vemos que entre os ma´ximos de intensidade ha´ uma distribuic¸a˜o de in- tensidades muito pequena, a luz nesses pontos e´ quase impercept´ıvel na pra´tica, de modo que podem ser desprezados. 1.1 Princ´ıpio de Babinet Este teorema, que sera´ usado em um experimento deste relato´rio, afirma que o padra˜o de difrac¸a˜o causado por um objeto espec´ıfico e´ o mesmo que o causado por um orif´ıcio de mesmas dimenso˜es. Considere um orif´ıcio de diaˆmetro x >> λ, em um determinado ponto situado na sombra geome´trica em um anteparo tem-se que a intensidade e´ nula, ou seja, o campo ele´trico resultante neste ponto e´ igual a zero. Definindo-se um objeto A e seu com- plementar B, tem-se que a soma dos campos ele´tricos provenientes dos dois objetos e´ nula, portanto: EA + EB = 0 ou seja, o campo ele´trico proveniente de dois objetos difratantes comple- mentares e´ igual em magnitude. Este princ´ıpio sera´ usado para a determinac¸a˜o da espessura de um fio de cabelo, o qual podera´ ser considerado como uma fenda de mesma dimensa˜o. Ale´m disso, veremos neste relato´rio os padro˜es de difrac¸a˜o citados anteri- ormente e como podemos aplicar as fo´rmulas deduzidas para, por exemplo, determinar o nu´mero de ranhuras por mil´ımetro de um CD. 4 2 Materiais Utilizados Foram utilizados os seguintes materiais: • Laser de HeNe (λ = 632, 8nm); • Banco o´ptico com cavaleiros; • Fenda ajusta´vel; • Slides com mu´ltiplas fendas; • Anteparo; • Fio de cabelo; • CD e DVD; • Trena (precisa˜o 0,1cm). • Paqu´ımetro (precisa˜o 0,05mm). 3 Procedimento de coleta de dados Foram posicionados sobre o banco o´ptico um laser de HeNe, um suporte com uma fenda ajusta´vel e um anteparo como mostra a figura 5, deste modo foi poss´ıvel observar qualitativamente o comportamento da luz ao passar pela fenda, variando sua abertura. Figura 5: Montagem do experimento. Apo´s isso, trocou-se a fenda ajusta´vel por slides com 2, 3, 4, 5 e 50 fendas para, assim, observar a relac¸a˜o da imagem observada no anteparo com o nu´mero de fendas. Tambe´m observou-se o padra˜o de difrac¸a˜o causado por um slide com fendas nos dois eixos. Para determinar a espessura de um fio de cabelo posicionou-se o fio de modo que o laser incidisse neste para formar o padra˜o de difrac¸a˜o no anteparo. Mediu-se com uma trena a distaˆncia entre o fio e o anteparo. 5 Para melhor medic¸a˜o das distaˆncias dos mı´nimos foi colocado uma folha em branco no anteparo para marcar com uma caneta suas posic¸o˜es e posterior- mente medir a distaˆncia dos mı´nimos de mesma ordem com um paqu´ımetro, mediu-se a distaˆncia de quatro mı´nimos. Usou-se tambe´m uma rede de difrac¸a˜o para calucular o nu´mero de fendas por mil´ımetro e comparar com o valor informado pelo fabricante (50 x mm). Neste caso mediu-se a distaˆncia entre dois ma´ximos de mesma ordem usando o mesmo procedimento explicado anteriormente. Procedimento semelhante foi adotado para calcular o nu´mero de ranhuras por mil´ımetro de um CD e um DVD, pore´m, estes refletem a luz do laser, logo foi necessa´rio inclinar a mı´dia utilizada de forma que a luz refletida atingisse o anteparo posicio- nado em paralelo; como neste u´ltimo experimento os ma´ximos ficavam muito espac¸ados, mediu-se diretamente a distaˆncia y com uma trena. 4 Dados Experimentais A tabela abaixo refere-se ao experimento do fio de cabelo e mostra os va- lores coletados para a distaˆncia entre dois mı´nimos de mesmaordem. Sendo y a distaˆncia entre um mı´nimo e o ma´ximo central, o valor aqui coletado e´ 2y. A distaˆncia do fio de cabelo ao anteparo e´ D = 78, 20(±0, 05)cm. E, a partir do princ´ıpio de Babinet, utilizando a equac¸a˜o 1 calculou-se o valor para a espessura do fio de cabelo (a) com sua incerteza propagada. Tabela 1: Valores medidos e calculados para a espessura do fio de cabelo. 2y(±0, 003)(cm) m a(µm) 1, 265 1 78, 2(±0, 4) 2, 590 2 76, 4(±0, 2) 3, 825 3 77, 6(±0, 1) 5, 270 4 75, 1(±0, 1) Da mesma forma coletou-se os dados para o experimento com rede de difrac¸a˜o. Usando um slide com 50 fendas por mil´ımetro (valor informado pelo fabricante) mediu-se a distaˆncia entre dois ma´ximos de mesma ordem (2y) e a distaˆncia entre o slide e o anteparo D = 64, 80(±0, 05)cm. Utili- zando a equac¸a˜o 3 e considerando D >> y calculou-se a distaˆncia d entre as fendas e propagou-se sua incerteza. Os valores sa˜o encontrados na tabela 2. A tabela 3 refere-se aos dados coletados para o experimento do CD e DVD. Onde as distaˆncias d entre as fendas tambe´m foram calculadas pela equac¸a˜o 3, pore´m nesse caso na˜o se pode fazer a considerac¸a˜o de que D >> y, por isso, calculou-se o sen(θ). 6 Tabela 2: Valores medidos e calculados para a rede de difrac¸a˜o. 2y(±0, 003)(cm) m d(µm) 3, 950 1 20, 76(±0, 04) 8, 040 2 20, 40(±0, 02) 12, 075 3 20, 38(±0, 02) 16, 340 4 20, 08(±0, 02) Tabela 3: Valores medidos e calculados para as mı´dias de CD e DVD. Mı´dia y(±0, 05)(cm) D(±0, 05)(cm) sen(θ) d(µm) CD 5, 90 12, 00 0, 441(±0, 004) 1, 43(±0, 01) DVD 12, 00 8, 00 0, 832(±0, 006) 0, 761(±0, 006) 5 Ana´lise dos Dados Ao incidir o laser sobre uma fenda simples ajusta´vel observou-se um padra˜o de franjas claras e escuras como mostrado na figura 6. Figura 6: Padra˜o de difrac¸a˜o para uma fenda simples. Nota-se na fotografia do experimento que as franjas mais afastadas do ma´ximo central possuem menor intensidade como mostrado no gra´fico da intensidade para uma fenda simples (figura 2). Quando variamos a abertura da fenda vimos que a` medida que a espessura da fenda (a) diminuia, a distaˆncia dos mı´nimos para o ma´ximo central (y) aumentava; vimos tambe´m que ao aumentar a distaˆncia entre o anteparo e a fenda (D), a distaˆncia entre as franjas (y) tambe´m aumentava. Tais comportamentos esta˜o de acordo com a teoria (vide equac¸a˜o 1). Utilizando os valores calculados para a apresentados na tabela 1, obteu- se um valor me´dio para a espessura do fio de cabelo, pois esta pode ser considerada como uma fenda simples de mesmas dimenso˜es como explica o princ´ıpio de Babinet; sua incerteza foi definida como o desvio padra˜o da me´dia. Assim, o valor encontrado e´ de: a = 76, 8(±0, 7)µm 7 Ao utilizar slides com fendas mu´ltiplas notou-se que as franjas claras tornavam-se mais n´ıtidas e espac¸adas. Como explicado anteriormente, para o caso de fendas mu´ltiplas ocorre o fenoˆmeno da interfereˆncia ale´m da di- frac¸a˜o. Foi tirada uma fotografia para o caso de 2 e 50 fendas: Figura 7: Padra˜o observado para 2 e 50 fendas, respectivamente. Vemos que para o caso de 50 fendas os ma´ximos esta˜o muito mais n´ıtidos e espac¸ados. Como mostrado no gra´fico da intensidade para mu´ltiplas fendas (figura 4) os ma´ximos de menor intensidade situados entre esses de maior intensidade sa˜o impercept´ıveis. Tambe´m vemos que a intensidade diminui conforme os pontos se afastam do ma´ximo central, fato tambe´m previsto pela figura 4. Os dados apresentados anteriormente na tabela 2 referem-se a um slide no qual e´ informado pelo fabricante que possui 50 fendas por mil´ımetro. Para verificar tal informac¸a˜o, calculou-se o valor me´dio para a distaˆncia d entre as fendas e seu desvio padra˜o da me´dia; e, apo´s isso, calculou-se o nu´mero de fendas N existentes em um mil´ımetro: d = 20, 4(±0, 1)µm N = 1mm d = 49, 0(±0, 2) Logo, obtemos um erro percentual de apenas 2%, mostrando que o me´todo e´ eficaz para tais medidas. Sendo assim, podemos fazer os mes- mos ca´lculos para a obtenc¸a˜o do nu´mero de fendas por mil´ımetro de um CD (NCD) e de um DVD (NDVD) a partir dos dados medidos e calculados apresentados na tabela 3. NCD = 699(±5) NDVD = 1314(±10) Apesar de na˜o saber o valor informado pelo fabricante para poder compa- rar os resultados, os valores obtidos parecem plaus´ıveis sendo que o me´todo mostrou-se eficaz ao chegar perto do valor real para o slide de 50 fendas por mil´ımetro. Tambe´m observamos que a mı´dida de DVD possui cerca de treˆs vezes mais ranhuras que o CD, o que teoricamente era esperado ja´ que o DVD possui capacidade de armazenamento muito maior. 8 As posições dos mínimos se mantém, desde que a distância d entre as fendas se mantenha. O efeito mais visível e importante é que com o aumento do números de fendas os picos ficam mais estreitos, por isso mais intensos, e os pontos escuros mais largos. Porém, se a distância entre fendas é a mesma, e D também, a distância centro a centro entre linhas é a mesma. 6 Conclusa˜o Foi poss´ıvel observar diversos fenoˆmenos relacionados a` natureza ondu- lato´ria da luz; e a partir de modelos matema´ticos mostrou-se que e´ poss´ıvel calcular a espessura de um fio de cabelo atrave´s do princ´ıpio de Babinet, assim como calcular o nu´mero de ranhuras presentes em um mil´ımetro de um CD ou DVD. Algumas fontes de erros podem ter alterado os resultados finais, tais como falta de cuidado e precisa˜o na hora das medidas. Refereˆncias [1] EUGENE HECHT Optics, Addison Wesley Longman Inc., 4a ed., San Francisco, 2002. [2] WIKIPEDIA, Babinet’s Principle. Dispon´ıvel em: https: //en.wikipedia.org/wiki/Babinet%27s_principle. Acessado em 20/10/2015. [3] D. HALLYDAY, R. RESNICK & J. WALKER, Fundamentos de F´ısica vol.4 - O´ptica e F´ısica Moderna, editora LTC, 8a edic¸a˜o, 2010. 9 9,9/10 Introdução Princípio de Babinet Materiais Utilizados Procedimento de coleta de dados Dados Experimentais Análise dos Dados Conclusão
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