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22a edição Rio de Janeiro 2017 LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. REALIZAÇÃO Escola Nacional de Seguros SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA Diretoria de Ensino Técnico ASSESSORIA TÉCNICA Afonso Lopes Teixeira Garcia Lamas – 2017 Gumercindo Rocha Filho – 2016 Aluízio José Bastos Barbosa Junior – 2015 CAPA Coordenadoria de Comunicação Social DIAGRAMAÇÃO Info Action Editoração Eletrônica Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FUNENSEG. E73l Escola Nacional de Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Legislação e organização profissional/Supervisão e coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Afonso Lopes Teixeira Garcia Lamas. – 22. ed. – Rio de Janeiro: ENS, 2017. 226 p.; 28 cm 1. Seguro – Leis, decretos. 2. Corretor de seguros – Profissão – Leis, decretos. I. Lamas, Afonso Lopes Teixeira Garcia. II. Título. 0016-1794 CDU 368(094)(81)(072) A Escola Nacional de Seguros promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola Nacional de Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola Nacional de Seguros. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL4 SUMÁRIO 5 Sumário 1 2 O SISTEMA NACIONAL DE REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO 7 DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA, CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM As Principais Normas Legais e Regulamentares 9 O Sistema Nacional de Regulação, Supervisão e Fiscalização de Seguros Privados, 10 de Previdência Complementar Aberta, Capitalização e Corretagem Competências dos Órgãos Que Compõem o Sistema Nacional de Regulação, Supervisão e 14 Fiscalização de Seguros Privados, Previdência Complementar Aberta, Capitalização e Corretagem Compete ao CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados 14 Compete à SUSEP – Superintendência de Seguros Privados 18 Compete ao CRSNSP – Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, 23 de Previdência Privada Aberta e de Capitalização As Operações de Seguros Privados 25 Os Seguros Obrigatórios 29 O Resseguro – Lei Complementar no 126, de 15/01/2007 30 A Atuação do IRB Brasil RE 30 Das Normas Regulamentadoras do Resseguro e da Sociedade Corretora de Resseguros 33 Fixando Conceitos 1 35 O CORRETOR DE SEGUROS 37 O Sistema Sindical e o Corretor de Seguros 39 Vantagens da Associação Sindical 43 Funções das Entidades Sindicais 43 As Entidades Sindicais Representativas dos Corretores de Seguros 44 A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo – CNC 44 Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados, de Resseguros, de Capitalização, 45 de Previdência Privada e das Empresas Corretoras de Seguros e Resseguros – FENACOR Os Sindicatos de Corretores de Seguros nos Estados e no Distrito Federal (SINCORs) 46 A Lei que Regula a Profissão de Corretor de Seguros 48 O Papel de Intermediador do Corretor de Seguros 49 Requisitos para o Exercício Profissional e Registro na SUSEP 53 O Corretor de Seguros – Profissional Autônomo 53 As Corretoras de Seguros Pessoas Jurídicas 57 Qual a Melhor Opção? 60 Corretores de Seguros no SuperSimples 61 O que São Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada – EIRELI 62 Habilitação Técnico-Profissional 63 Requerimento de Registro na SUSEP 63 Inexistência de Limitação Territorial para a Atuação do Corretor de Seguros 65 Os Prepostos do Corretor 65 Direitos e Deveres do Corretor 68 Deveres Básicos do Corretor 68 Direito à Comissão de Corretagem 70 LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL6 Dever de Registro das Propostas e de Demonstração à SUSEP 71 Dever de Repasse do Prêmio Recebido 72 Restrições Profissionais 74 Formas de Contratação e Aceitação das Propostas 76 As Responsabilidades do Corretor de Seguros 78 A Responsabilidade do Corretor de Seguros e o Código de Defesa do Consumidor – CDC 80 A Responsabilidade Penal e o Código Penal 83 A Responsabilidade Administrativa ou Profissional 83 A Lavagem de Dinheiro e a Responsabilidade dos Corretores de Seguros e Resseguros 88 em Face da Circular SUSEP no 445/12 Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF 91 Do Cadastro 92 Das Operações Suspeitas 93 Da Comunicação das Operações Suspeitas 94 Da Comunicação Feita de Boa-Fé 94 Da Responsabilidade Administrativa 94 Das Penalidades 95 A Estrutura Sindical da FENASEG 95 A Estrutura Representativa da CNseg 95 A Autorregulação do Mercado da Corretagem (Lei Complementar no 137, de 26/08/2010) 96 O Instituto Brasileiro de Autorregulação do Mercado de Corretagem de Seguros, de Resseguros, de Capitalização e de Previdência Complementar Aberta – IBRACOR 97 Fixando Conceitos 2 99 TESTANDO CONHECIMENTOS 101 ESTUDOS DE CASO 111 ANEXOS 113 Anexo 1 – Lei Complementar no 126, de 15 de janeiro de 2007 115 Anexo 2 – Lei Complementar no 137, de 26 de agosto de 2010 125 Anexo 3 – Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de 1966 127 Anexo 4 – Lei no 4.594, de 29 de dezembro de 1964 147 Anexo 5 – Resolução CNSP no 233, de 1o de abril de 2011 153 Anexo 6 – Resolução CNSP no 243, de 6 de dezembro de 2011 159 Anexo 7 – Resolução CNSP no 249, de 15 de fevereiro de 2012 187 Anexo 8 – Resolução CNSP no 295, de 25 de outubro de 2013 191 Anexo 9 – Circular SUSEP no 428, de 15 de fevereiro de 2012 195 Anexo 10 – Circular SUSEP no 435, de 25 de maio de 2012 197 Anexo 11 – Circular SUSEP no 445, de 2 de julho de 2012 205 Anexo 12 – Circular SUSEP no 510, de 22 de janeiro de 2015 213 Anexo 13 – Outras Legislações Importantes 221 GABARITO 223 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 225 UNIDADE 1 7 O SISTEMA NACIONAL DE REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA, CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM 11 Após ler esta unidade, você deve ser capaz de: • Identificar as principais normas jurídicas sobre Seguros Privados, Previdência Complementar Aberta, Capitalização, Resseguros e Corretagem. • Conhecer a composição do Sistema Nacional de Regulação, Supervisão e Fiscalização de Seguros Privados, de Previdência Complementar Aberta, Capitalização e Corretagem. • Distinguir as competências do CNSP, da SUSEP e do CRSNSP. • Entender os fundamentos das operações de seguro e resseguro no Brasil. • Saber quais são os seguros legalmente obrigatórios no país. • Compreender e saber distinguir as responsabilidades administrativa, civil e penal do corretor de seguros. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL8 UNIDADE 1 9 AS PRINCIPAIS NORMAS LEGAIS E REGULAMENTARES As atividades de Seguros Privados, Previdência Complementar Aberta, Capitalização e Resseguros, bem como a Corretagem de Seguros, são regidas por um conjunto de normas legais (a Constituição Federal, além de leis complementares e ordinárias, decretos-leis e decretos) e normas infralegais regulamentares (ex.: resoluções editadas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP – e circulares emanadas pela Superintendência de Seguros Privados – SUSEP), as quais dispõem sobre a atividade dos seguros privados. Essas normas legais e infralegais contemplam a inserção da atividade seguradorano sistema financeiro; estabelecem os procedimentos operacionais dos setores de Seguros Privados, Previdência Complementar Aberta, Capitalização e Resseguro; disciplinam os respectivos contratos e regem as relações entre as partes; além de regular a profissão do corretor de seguros e a atividade da corretagem de seguros. Aqueles que pretendem atuar nesses setores devem conhecer as principais normas legais e infralegais regulamentares que se aplicam a tais atividades. São elas: Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB)1 – a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, estabelece em seu art. 21, inciso VIII, que compete à União: “Administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada”. No art. 22, inciso VII, dispõe que compete privativamente à União legislar sobre “política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores”. Lei no 4.594, de 29/12/1964 (com alterações posteriores)2 – regula a profissão de corretor de seguros. Decreto no 56.903, de 24/09/1965 – regula a profissão de corretor de seguros de Vida e de Capitalização, de conformidade com o artigo 32 da Lei no 4.594, de 29 de dezembro de 1964. Decreto-Lei no 73, de 21/11/19663 – dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, regula as operações de seguros e resseguros e dá outras providências. Decreto-Lei no 261, de 28/02/1967 – institui e regulamenta o Sistema Nacional de Capitalização. Decreto no 60.459, de 13/03/1967 – regulamenta o Decreto-Lei no 73, de 1966. 1 Lei maior do país, a qual estabelece os direitos e garantias individuais, a estrutura política, legislativa e judiciária. Na escala de hierarquia das leis, é a principal lei de um país, à qual todas as demais devem (em tese) submissão. 2 Lei ou lei ordinária são atos normativos primários, os quais contêm normas gerais de natureza abstrata. 3 Decreto-Lei é um decreto com força de lei, proveniente do Poder Executivo. Na verdade, a competência para a elaboração de leis é do Poder Legislativo. Em algumas ocasiões muito específicas, é dada ao Poder Executivo essa atribuição. Antes da Constituição Federal de 1988, denominava-se decreto-lei. Depois da promulgação da Constituição Federal de 1988, o Decreto-Lei foi substituído pela Medida Provisória, a qual trouxe diversas inovações. Alguns Decretos-Leis permanecem em vigor por terem sido recepcionados pela Constituição de 1988. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL10 Lei no 8.078, de 11/09/1990 – cria o Código de Defesa do Consumidor. Lei Complementar no 109, de 29/05/20014 – dispõe sobre o Regime de Previdência Complementar e dá outras providências. Lei no 10.406, de 10/01/2002 (o Código Civil, de 2002) – contém disposições sobre a corretagem e seguros. Lei Complementar no 126, de 15/01/2007 – dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e sua intermediação, as operações de cosseguro, as contratações de seguro no exterior e as operações em moeda estrangeira do setor securitário; altera o Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de 1966, e a Lei no 8.031, de 12 de abril de 1990. Esse decreto-lei criou o Programa Nacional de Desestatização5. Lei Complementar no 137, de 26/08/2010 – autoriza a participação da União em fundo destinado à cobertura suplementar dos riscos do Seguro Rural, revogando e alterando disposições do Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de 1966, instituindo, inclusive, as autorreguladoras da corretagem. O SISTEMA NACIONAL DE REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE SEGUROS PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA, CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM Inicialmente, os assuntos relacionados a Seguros e Capitalização eram conduzidos no âmbito do Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização – DNSPC –, vinculado ao então Ministério da Indústria e do Comércio, na forma do Decreto no 24.782, de 14 de julho de 1934. Em 21/11/1966 foi editado o Decreto-Lei no 73, que, no art. 35, criou a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP –, para a qual foram transferidos todo o acervo e a documentação do antigo DNSPC. Cabe acrescentar que, em 1979, a SUSEP passou a ser subordinada ao Ministério da Fazenda. Foi esse mesmo Decreto-Lei que instituiu, no artigo 8o, o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP), o qual, originalmente, tinha a seguinte composição: • Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; • Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; • Instituto de Resseguros do Brasil – IRB; • sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e • corretores habilitados. 4 Lei complementar é a espécie de lei que objetiva complementar algum dispositivo da Constituição. Pode-se afirmar que, abaixo da Constituição Federal, é a norma de maior poder hierárquico. 5 “Ato ou efeito de desestatizar, fazer passar (empresa estatal) para a iniciativa privada” (Dicionário Caldas Aulete Digital). Vale a pena ler na íntegra Por força das alterações promovidas no Decreto-Lei no 73/66, pela Lei Complementar no 126/07, recomenda-se a leitura do texto integral atual daquele Decreto-Lei. www.planalto.gov.br UNIDADE 1 11 Com a promulgação, em 15/01/2007, da Lei Complementar no 126, que, entre outras matérias, dispôs sobre a política de resseguros e retrocessão, promovendo a abertura do mercado ressegurador brasileiro em definitivo, a redação do artigo 8o do Decreto-Lei no 73/66 foi modificada, de modo que o Sistema Nacional de Seguros Privados passou a ter a seguinte configuração: • Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; • Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; • resseguradores; • sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e • corretores habilitados. Comentário 1 Antes da entrada em vigor da Lei Complementar no 126/2007, quando ainda havia o monopólio estatal do resseguro no Brasil, exercido pelo Instituto de Resseguros do Brasil – IRB –, cuja denominação social atual é IRB Brasil RE, este fazia parte diretamente do Sistema Nacional de Seguros Privados. Com a quebra desse monopólio, outros resseguradores puderam passar a atuar no mercado brasileiro, e o próprio IRB permaneceu funcionando como ressegurador, mais precisamente na modalidade de ressegurador local. Em 1988, como resultado do processo político de redemocratização, foi promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil (também denominada “Constituição Federal”), que sucedeu a Constituição de 1969, instituída pelo regime militar. O artigo 192 da Constituição Federal de 1988, que trata do Sistema Financeiro Nacional, previa, originalmente, que a autorização e o funcionamento dos estabelecimentos de Seguro, Previdência e Capitalização, que compõem o referido sistema, seriam objeto de lei complementar. Assim, com a promulgação da Constituição Federal em 5 de outubro de 1988, o Decreto-Lei no 73/66 passou a ter status de lei complementar, já que, desde a época da edição da referida Constituição, o referido decreto-lei era o único diploma legal que dispunha sobre as operações de seguros privados no país, tanto é que a própria Lei Complementar 126/07 efetuou alterações ao teor original do Decreto-Lei no 73/66, o que, indubitavelmente, comprova a vigência e eficácia desse diploma legal. O artigo 192 da Constituição Federal foi objeto de sucessivas emendas constitucionais. A última foi a Emenda Constitucional no 40, de 29/05/2003. A redação atual daquele dispositivo é a seguinte: Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participaçãodo capital estrangeiro nas instituições que o integram. Como até hoje não foi editada nenhuma lei complementar tratando das operações de seguros privados no país, o Decreto-Lei no 73, de 1966, continua a ser recepcionado pela Constituição Federal de 1988 com status de lei complementar. Vale a pena ler na íntegra A Lei Complementar no 126/07, que dispõe sobre a política de resseguro e retrocessão e dá outras providências, constituindo um importantíssimo marco para o resseguro no Brasil. www.planalto.gov.br LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL12 Com base nisso, a competência para formular a política de seguros privados, para legislar sobre suas normas gerais e para fiscalizar as operações do mercado nacional é do Governo Federal, conforme estabelecido no artigo 7o do referido Decreto-Lei: Art. 7o. Compete privativamente ao Governo Federal formular a política de seguros privados, legislar sobre suas normas gerais e fiscalizar as operações no mercado nacional (Redação dada pelo Decreto-Lei no 296, de 1967). Já as sociedades de capitalização, pertencem ao Sistema Nacional de Capitalização, instituído pelo artigo 3o do Decreto-Lei no 261, de 27/02/1967, tendo os seguintes integrantes: • Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; • Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; e • sociedades autorizadas a operar em Capitalização. Com a promulgação da Constituição Federal em 5 de outubro de 1988, o Decreto-Lei no 261/67 foi recepcionado pelo texto constitucional com status de lei complementar, a exemplo do que ocorrera com o Decreto-Lei no 73/66. Em 26/08/2010, foi editada a Lei Complementar no 137/2010, que modificou a redação dos parágrafos do artigo 3o do Decreto-Lei no 261/67, conforme segue: Art. 3o [...] § 1o Compete privativamente ao Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) fixar as diretrizes e normas da política de capitalização e regulamentar as operações das sociedades do ramo, relativamente às quais exercerá atribuições idênticas às estabelecidas para as sociedades de seguros, nos termos dos incisos I a VI, X a XII e XVII a XIX do art. 32 do Decreto-Lei no 73, de 21 de novembro de 1966. § 2o A Susep é o órgão executor da política de capitalização traçada pelo CNSP, cabendo-lhe fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operações das sociedades do ramo, relativamente às quais exercerá atribuições idênticas às estabelecidas para as sociedades de seguros, nos termos das alíneas “a”, “b”, “c”, “g”, “h”, “i”, “k” e “l” do art. 36 do Decreto-Lei no 73, de 1966. (NR) As Entidades Abertas de Previdência Complementar, por sua vez, eram regidas pela Lei no 6.435, de 15/07/1977, que, nos artigos 8o e 9o, atribuía ao órgão normativo e executivo do Sistema Nacional de Seguros Privados (portanto, à SUSEP) o poder de regulamentar e fiscalizar as Entidades Abertas de Previdência Privada, prevendo, ainda no artigo 10, que tais entidades seriam reguladas não apenas pelas disposições da mencionada lei, mas também pela legislação aplicável às sociedades seguradoras. Ocorre que, em 29/05/2001, a Lei Complementar no 109, que dispõe sobre o regime de Previdência Complementar, revogou, expressamente, a Lei no 6.435/77. UNIDADE 1 13 No entanto, o artigo 73 da Lei Complementar no 109/2001 prevê que as entidades abertas serão reguladas também, no que couber, pela legislação aplicável às sociedades seguradoras. O artigo 74, por sua vez, estabelece que as funções do órgão regulador e do órgão fiscalizador serão exercidas, no que toca às entidades abertas, pelo Ministério da Fazenda, por intermédio do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP – e da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP. Constata-se, portanto, que o Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP – exerce, no âmbito do Sistema Nacional de Seguros Privados, do Sistema Nacional de Capitalização, bem como do Regime de Previdência Privada Complementar (somente no que se refere às entidades abertas), as mesmas atribuições. Idêntica situação se verifica no tocante à Superintendência de Seguros Privados – SUSEP. Por tais razões é que se pode falar na coexistência legal de dois Sistemas distintos, sendo um o de “Seguros Privados” e o outro o de “Capitalização”, conforme acima exposto. Considerando as competências privativas do órgão regulador (CNSP) e do órgão supervisor e fiscalizador (SUSEP), bem como a atuação e operacionalidade das sociedades seguradoras e resseguradoras; sociedades de capitalização; sociedades de vida e previdência; entidades abertas de previdência complementar; corretores de seguros e de resseguros; corretores de vida, de capitalização e de previdência complementar aberta, pode-se dizer que foi estabelecido um integrado Sistema Nacional de Regulação, Supervisão e Fiscalização para tais setores, mercados e atividades, assim constituídos: Órgãos Oficiais: • Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP (regulador); e • Superintendência de Seguros Privados – SUSEP (supervisor e fiscalizador); Administrados, supervisionados e fiscalizados: • resseguradores; • sociedades autorizadas a operar em seguros privados, incluindo as de vida e previdência; • entidades abertas de Previdência Complementar; • sociedades de capitalização; e • corretores habilitados. É fundamental acrescentar que o Seguro-Saúde, embora seja também uma modalidade de seguro, é regido de forma específica pela Lei no 9.656, de 03/06/1998, e se insere no Sistema Nacional de Saúde Suplementar. Tal seguro é operado exclusivamente por seguradoras especializadas, na forma do artigo 1o da Lei no 10.185, de 12/02/2001, regulamentado pelo Conselho de Saúde Suplementar – CONSU –, competindo a fiscalização das respectivas seguradoras à Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS (conforme o §3o do artigo 1o da mencionada Lei). LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL14 COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS QUE COMPÕEM O SISTEMA NACIONAL DE REGULAÇÃO, SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO DE SEGUROS PRIVADOS, PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA, CAPITALIZAÇÃO E CORRETAGEM Compete ao CNSP – Conselho Nacional de Seguros Privados O Decreto-Lei no 73/66 criou, por meio do art. 32, o Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP –, um órgão colegiado, sem personalidade jurídica, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, composto, atualmente, na forma da Lei no 10.190, de 14/02/2001 (que deu nova redação ao art. 33 do Decreto-Lei no 73, de 1966), pelos seguintes membros: • ministro de Estado da Fazenda ou seu representante; • superintendente da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; • 1 representante do Ministério da Justiça; • 1 representante do Ministério da Previdência e Assistência Social; • 1 representante do Banco Central do Brasil; e • 1 representante da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Sua principal responsabilidade consiste na fixação das diretrizes e normas da política de seguros privados estabelecida pelo Governo Federal. Cabe analisar, a seguir, cada uma das competências atribuídas ao CNSP pelo referido Decreto-Lei: Art 32. É criado o Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP, ao qual compete privativamente (artigo retificado pelo Decreto-Lei no 296, de 1967): I – fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados; Comentário 2 Nesse inciso, fica claro que o CNSP, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, é o órgão responsável por fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados no país. O referido Conselho, baseado na política econômica estabelecida pelo Ministério da Fazenda, delimita a política de seguros privados, e esta deve estar, portanto, inteiramente integrada à política econômica. É necessário compreender que formular ou fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados é competência privativa do PoderExecutivo, bem como enviar proposição de normas legais ao Poder Legislativo; assim como editar Decretos e Medidas Provisórias. Os órgãos jurisdicionados ao Ministério da Fazenda, no caso, o CNSP e a SUSEP têm, a competência privativa de editar normas infralegais, resoluções e circulares, respectivamente. UNIDADE 1 15 II – regular a constituição, organização, funcionamento e fiscalização dos que exercerem atividades subordinadas a este Decreto-Lei, bem como a aplicação das penalidades previstas; III – estipular índices e demais condições técnicas sobre tarifas, investimentos e outras relações patrimoniais a serem observadas pelas sociedades seguradoras; Comentário 3 Trata-se de mais uma atribuição relacionada à política econômica do país, objetivando evitar que as seguradoras apliquem tarifas/preços fora da realidade econômica ou, então, possam extrapolar o poder que exercerão nas operações que conceberão. O CNSP é órgão controlador dos respectivos índices. IV – fixar as características gerais dos contratos de seguros; Comentário 4 O Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor tratam das normas gerais – e algumas específicas – a respeito dos contratos. Por exemplo, o Código Civil estabelece limites para os contratos de adesão, mas não fixa as respectivas cláusulas. Cabe ao CNSP delimitar essas características gerais, sempre respeitando as normas já expressas nos referidos Códigos. V – fixar normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas sociedades seguradoras; Comentário 5 Ao fixar as normas gerais de contabilidade e estatística que deverão ser observadas pelas sociedades seguradoras, o CNSP acaba exercendo uma espécie de controle, no concernente à gestão das próprias sociedades, zelando pelos investimentos dos segurados, bem como pelo lastro de capital necessário para garantir possíveis e futuras indenizações, além da veracidade dos lançamentos para efeitos tributários. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL16 VI – delimitar o capital das sociedades seguradoras e dos resseguradores; (inciso alterado pela Lei Complementar no 126, de 2007) Comentário 6 Outra atribuição com características de proteção, no sentido de garantir o cumprimento das obrigações assumidas pelas sociedades seguradoras. Observe-se que esse inciso teve a redação alterada pela Lei Complementar no 126, de 2007, a qual deu nova concepção às operações de resseguro. VII – estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro; Comentário 7 A Lei Complementar no 126, de 2007, estabeleceu uma sistemática específica para as operações de resseguro. O CNSP é o órgão responsável por estabelecer as diretrizes gerais dessas operações. VIII – disciplinar as operações de cosseguro (inciso alterado pela Lei Complementar no 126, de 2007); IX – (inciso revogado pela Lei Complementar no 126/07); X – aplicar às sociedades seguradoras estrangeiras autorizadas a funcionar no País as mesmas vedações ou restrições equivalentes às que vigorarem nos países da matriz, em relação às sociedades seguradoras brasileiras ali instaladas ou que neles desejem estabelecer-se; Comentário 8 O inciso X estabelece como atribuição do CNSP um princípio de Direito Internacional, denominado princípio da reciprocidade, pelo qual se dá ao estrangeiro o mesmo tratamento deferido ao nacional no país de origem daquele. XI – prescrever os critérios de constituição das sociedades seguradoras, com fixação dos limites legais e técnicos das operações de seguro; Comentário 9 As sociedades seguradoras devem ser concebidas na forma jurídica de sociedades anônimas, cabendo ao CNSP estabelecer os critérios pelos quais poderão ser efetivamente constituídas. UNIDADE 1 17 XII – disciplinar a corretagem de seguros e a profissão de corretor; Comentário 10 A corretagem de seguros e a profissão de corretor de seguros devem ser disciplinadas pelo CNSP, ao qual compete estabelecer as suas diretrizes e os seus requisitos. É preciso registrar que a Lei no 4.594, de 1964, estabelece os requisitos necessários para o exercício da profissão de corretor de seguros, exigindo o seu competente registro junto à SUSEP. A Circular SUSEP no 510, de 22 de janeiro de 2015, com alterações promovidas pelas Circulares SUSEP nos 514/2015, 520/2015 e 532/2016, dispõe sobre o registro de corretor de seguros, de capitalização e de previdência, pessoa física e pessoa jurídica, e sobre a atividade de corretagem de seguros, de capitalização e de previdência. XIII – (inciso revogado pela Lei Complementar no 126/07); XIV – decidir sobre sua própria organização, elaborando o respectivo Regimento Interno; Comentário 11 O próprio CNSP estabelecerá a sua organização, ditando como serão realizadas as suas atividades, compondo, inclusive, seu próprio regimento interno. XV – regular a organização, a composição e o funcionamento de suas Comissões Consultivas; Comentário 12 O CNSP está autorizado a criar e manter comissões consultivas com o objetivo não somente de analisar questões específicas, mas também de dirimir dúvidas sobre questões que lhe sejam apresentadas. XVI – regular a instalação e o funcionamento das Bolsas de Seguro. Comentário 13 Embora haja previsão legal para regulação, instalação e funcionamento das Bolsas de Seguro, na realidade, elas não existem, e não há qualquer marco regulatório nesse sentido. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL18 XVII – fixar as condições de constituição e extinção de entidades autorreguladoras do mercado de corretagem, sua forma jurídica, seus órgãos de administração e a forma de preenchimento de cargos administrativos; XVIII – regular o exercício do poder disciplinar das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem sobre seus membros, inclusive do poder de impor penalidades e de excluir membros; XIX – disciplinar a administração das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem e a fixação de emolumentos, comissões e quaisquer outras despesas cobradas por tais entidades, quando for o caso. (NR) Comentário 14 O CNSP editou, em abril de 2011, a Resolução no 233, que dispõe sobre as condições de constituição, organização, funcionamento e extinção de entidades autorreguladoras do mercado de corretagem de Seguros, Resseguros, de Capitalização e de Previdência Complementar Aberta, na condição de auxiliares da SUSEP, e dá outras providências. Tal resolução foi alterada pela Resolução CNSP no 251/2012 e regulamentada pela Circular SUSEP no 435/2012. No ano de 2004, foi aprovada a Resolução CNSP no 111, a qual teve por objetivo adequar as competências do CNSP às determinações contidas no Decreto-Lei no 73, de 1966. A citada resolução praticamente reproduziu as mesmas atribuições presentes no Decreto-Lei no 73, de 1966. Além disso, conforme exposto anteriormente, a Lei Complementar no 137, de 2010, ampliou ainda mais as competências do CNSP, com a instituição das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem. Compete à SUSEP – Superintendência de Seguros Privados O artigo 36 do Decreto-Lei no 73/66 atribui à Superintendência de Seguros Privados – SUSEP – a missão de executar a política traçada pelo CNSP e, entre outras obrigações, conferiu-lhe, de forma especial, a missão de fiscalizar a constituição, a organização, o funcionamento e as operações das sociedades seguradoras. A SUSEP é uma entidade autárquica pertencente aos quadros da administração federal indireta, dotada de personalidade jurídica de Direito Público. É o órgão responsável pela fiscalização e supervisão dos mercados de Seguros, Resseguros, Previdência Complementar Aberta, Capitalização e Corretagem. Vale a pena ler na íntegra A Resolução no 233/11 do CNSP estabelece, no artigo 3o, que “as entidades autorreguladoras terão por objetivozelar pela observância às normas jurídicas, em especial pelos direitos dos consumidores, e fomentar a elevação de padrões éticos dos membros do mercado de corretagem, bem como as boas práticas de conduta no relacionamento profi ssional com segurados, corretores e sociedades seguradoras, resseguradoras, de capitalização e entidades abertas de previdência complementar”. www.susep.gov.br UNIDADE 1 19 Seus poderes estão estabelecidos no artigo 36 do Decreto-Lei no 73, de 1966, cujo texto é o seguinte: Art. 36. Compete à SUSEP, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP, como órgão fiscalizador da constituição, organização, funcionamento e operações das sociedades seguradoras: Comentário 15 No referido artigo está claro que as competências e atividades finalísticas da SUSEP devem, obrigatoriamente, seguir a política traçada pelo CNSP. Dessa forma, ela deve fiscalizar a constituição, a organização, o funcionamento e as operações das sociedades seguradoras com independência, incentivando o desenvolvimento do setor, mas nos limites da política estabelecida pelo CNSP. a) processar os pedidos de autorização para constituição, organização, funcionamento, fusão, encampação, grupamento, transferência de controle acionário e reforma dos estatutos das sociedades seguradoras, opinar sobre os mesmos e encaminhá-los ao CNSP; Comentário 16 As sociedades seguradoras devem submeter seus processos de constituição, organização, funcionamento, fusão, encampação, grupamento, transferência de controle acionário e reforma dos estatutos à SUSEP para fins de processamento, análise e cumprimento das condicionantes legais, bem como para fins de encaminhamento ao CNSP. b) baixar instruções e expedir circulares relativas à regulamentação das operações de seguro, de acordo com as diretrizes do CNSP; Comentário 17 A SUSEP, por meio de circulares e instruções normativas, edita normas e instruções complementares com vistas ao cumprimento das diretrizes estabelecidas pelo CNSP. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL20 c) fixar condições de apólices, planos de operações e tarifas a serem utilizadas obrigatoriamente pelo mercado segurador nacional; Comentário 18 O CNSP estabelece os índices e as demais condições técnicas a respeito das tarifas a serem observadas pelas sociedades seguradoras no caso de seguros cujos prêmios são tarifados. A SUSEP, por sua vez, cumpre tais determinações, fixando, nos limites estabelecidos pelo referido Conselho, as condições das apólices e os respectivos planos de operações. d) aprovar os limites de operações das sociedades seguradoras, de conformidade com o critério fixado pelo CNSP; Comentário 19 O CNSP deverá estabelecer os critérios para os limites de operações das sociedades seguradoras. Estes critérios devem ser observados pela SUSEP no exercício de suas atividades de controle e de fiscalização das referidas sociedades. e) examinar e aprovar as condições de coberturas especiais, bem como fixar as taxas aplicáveis (alínea retificada pelo Decreto-Lei no 296/67); Comentário 20 As seguradoras, muitas vezes, propõem coberturas especiais. Cabe à SUSEP examinar tais propostas, aprová-las e estabelecer as taxas que poderão ser exercidas por elas. f) autorizar a movimentação e liberação dos bens e valores obrigatoriamente inscritos em garantia das reservas técnicas e do capital vinculado; Comentário 21 As sociedades seguradoras, quando constituídas, devem obrigatoriamente manter reserva de bens e valores como lastro para suas operações. Esses bens e valores poderão, em algumas oportunidades, ser liberados ou movimentados. São os denominados bens garantidores das reservas técnicas. Cabe à SUSEP analisar as respectivas razões e circunstâncias dessas liberações ou movimentações, quando necessárias ou justificáveis, podendo ou não autorizá-las. UNIDADE 1 21 g) fiscalizar a execução das normas gerais de contabilidade e estatística fixadas pelo CNSP para as sociedades seguradoras; Comentário 22 É evidente que a contabilidade de uma empresa possui estreita relação com as obrigações tributárias, haja vista estabelecer um diagnóstico de suas operações financeiras. O CNSP fixa as normas contábeis e de estatísticas que deverão ser seguidas pelas sociedades seguradoras, cabendo à SUSEP fiscalizar o seu cumprimento. h) fiscalizar as operações das sociedades seguradoras, inclusive o exato cumprimento deste Decreto-Lei, de outras leis pertinentes, disposições regulamentares em geral, resoluções do CNSP e aplicar as penalidades cabíveis; Comentário 23 Assim, por esse texto legal, constata-se que a SUSEP é o órgão responsável pela fiscalização das operações securitárias, zelando pelo cumprimento do universo de leis que versam sobre seguros, inclusive as que tratam do regime repressivo. Obviamente, o poder fiscalizador somente se completa se aliado ao poder delegado e constituído de aplicar as penalidades cabíveis. Caso o operador do seguro cometa qualquer infração, será a SUSEP a responsável pela realização do respectivo procedimento administrativo sancionador, que apenará o infrator. As formalidades dos processos administrativos sancionadores, por força de determinação legal, inclusive da Constituição Federal, devem garantir os direitos fundamentais dos administrados (o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa). i) proceder à liquidação das sociedades seguradoras que tiverem cassada a autorização para funcionar no País; Comentário 24 A liquidação e o encerramento das atividades de uma sociedade seguradora, em decorrência de má gestão administrativa, implicam consequências danosas para a imagem do mercado. Nos regimes especiais, conforme previsto pelo Decreto-Lei no 73, de 1966, a sociedade supervisionada pela SUSEP, antes da decretação de sua liquidação extrajudicial, ainda passa pela direção fiscal (com um diretor fiscal indicado pela SUSEP) e pela intervenção. A Lei Federal no 6.024, de 13/03/1974, dispõe sobre a intervenção e liquidação extrajudicial de instituições financeiras. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL22 j) organizar seus serviços, elaborar e executar seu orçamento; Comentário 25 A SUSEP está organizada e estruturada em função do contido no Decreto no 7.409, de 23/12/2009, e de seu regimento interno. A título de ilustração, o regimento interno atual está contido no anexo da Resolução CNSP no 338, de 09/05/2016, o qual pode ser, no curso do tempo, mantido, alterado ou revogado quando for editado outro em substituição ao atual. k) fiscalizar as operações das entidades autorreguladoras do mercado de corretagem, inclusive o exato cumprimento deste Decreto-Lei, de outras leis pertinentes, de disposições regulamentares em geral e de resoluções do Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), e aplicar as penalidades cabíveis; e l) celebrar convênios para a execução dos serviços de sua competência em qualquer parte do território nacional, observadas as normas da legislação em vigor. Comentário 26 Esses dispositivos estão relacionados à fiscalização, pela SUSEP, das operações das entidades autorreguladoras e ao cumprimento da legislação pertinente. É importante salientar que as entidades autorreguladoras são entidades de Direito Privado autorizadas a funcionar como órgãos auxiliares da SUSEP, na forma da Resolução no 233/11 do CNSP, que foi alterada pela Resolução CNSP no 251/2012 e regulamentada pela Circular SUSEP no 435/2012. Nota Relativamente à competência da SUSEP, convém registrar que a Lei Complementar no 126, de 2007, no seu art. 3o, parágrafo único, estabelece o seguinte: “Art. 3o. A fiscalização das operações de cosseguro, resseguro, retrocessão e sua intermediação será exercida pelo órgão fiscalizador deseguros, conforme definido em lei, sem prejuízo das atribuições dos órgãos fiscalizadores das demais cedentes. Parágrafo único. Ao órgão fiscalizador de seguros, no que se refere aos resseguradores, intermediários e suas respectivas atividades, caberão as mesmas atribuições que detém para as sociedades seguradoras, corretores de seguros e suas respectivas atividades.” UNIDADE 1 23 Compete ao CRSNSP – Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização Órgão integrante da estrutura básica do Ministério da Fazenda, o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização (CRSNSP) surgiu com o advento da Medida Provisória no 1.689-5, de 26 de outubro de 1998. A referida medida provisória apresentou o CRSNSP como órgão integrante do Ministério da Fazenda, mas suas atribuições foram então estabelecidas pelo Decreto no 2.824, de 27 de outubro de 1998, alterado pelo Decreto no 8.051, de 11 de julho de 2013 e revogado pelo Decreto no 8.634, de 12 de janeiro de 2016, publicado no D.O.U de 13/01/2016. A principal atribuição do CRSNSP consiste no julgamento, em última instância administrativa, dos recursos interpostos em face das decisões proferidas pela SUSEP, em processos administrativos sancionadores. O fato de o CRSNSP ser a última instância recursal administrativa não significa que os supervisionados não possam buscar a tutela jurisdicional do Estado pela via judicial. O que se deve ter em mente é que, no Poder Judiciário, o administrado pode produzir todas as provas admitidas pela legislação processual (documentais, testemunhais, periciais, entre outras). Já o processo administrativo sancionador que tramita na SUSEP comporta somente a produção de provas documentais ou materiais. O CRSNSP será integrado por seis conselheiros titulares e respectivos suplentes, de reconhecida capacidade técnica e possuidores de conhecimentos especializados nas matérias de competência do Conselho, observada a seguinte composição: I – três conselheiros indicados pelo setor público, dos quais dois pelo Ministério da Fazenda, e um pela SUSEP; e II – três conselheiros indicados, em lista tríplice, pelas entidades de classe dos mercados de seguro, de previdência privada aberta, de capitalização, de resseguro e de corretagem de seguro. Comentário 27 A composição, a organização e o funcionamento do CRSNSP serão fixados no Regimento Interno, o qual foi aprovado na forma do anexo à Portaria Ministério da Fazenda no 38, de 10 de fevereiro de 2016. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL24 O Presidente do Conselho terá como Presidente o representante do Ministério da Fazenda, designado pelo Ministro do Estado da Fazenda. Comentário 28 Portanto, o número de representantes no CRSNSP revelou a valorização da participação das entidades privadas nas decisões de última instância na esfera administrativa. Uma importante inovação do Decreto no 8.051/13 foi a possibilidade de Ato do Ministro da Fazenda criar Câmara Extraordinária, em caráter temporário, para reduzir a quantidade de recursos pendentes de julgamento ou acelerar seu julgamento no Conselho. A Câmara Extraordinária será composta pelos Conselheiros Suplentes e presidida por representante do Ministério da Fazenda. Comentário 29 É importante destacar que, junto ao CRSNSP, atuam Procuradores Federais, da estrutura da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional – PGFN –, com a atribuição de zelar pela fiel observância das leis, decretos, regulamentos e demais atos normativos. UNIDADE 1 25 AS OPERAÇÕES DE SEGUROS PRIVADOS As operações de seguros privados no Brasil estão representadas pelas várias modalidades de seguros facultativos, assim como os obrigatórios. É o Decreto-Lei no 73, de 1966, que estabelece as normas das operações de seguros privados no território nacional. Convém analisar, nesse aspecto, alguns de seus dispositivos: Art. 1o. Todas as operações de seguros privados realizados no País ficarão subordinadas às disposições do presente Decreto-Lei. Comentário 30 O referido decreto-lei determina que todas as operações de seguros privados realizadas no território nacional estão a ele subordinadas. Obviamente, isso não significa dizer que outras normas legais existentes, ou que venham a ser editadas, não se apliquem aos contratos de Seguros, de Previdência Complementar Aberta e de Capitalização. Tais contratos são regidos por outras leis, como, por exemplo, o Código Civil e o Código de Defesa do Consumidor. Art. 2o. O controle do Estado se exercerá pelos órgãos instituídos neste Decreto-Lei, no interesse dos segurados e beneficiários dos contratos de seguro. Comentário 31 Este artigo esclarece que haverá o controle estatal das operações securitárias por meio da delegação de poderes aos órgãos instituídos pelo Decreto-Lei no 73, de 1966. No caso, esses órgãos são o CNSP e a SUSEP. Vale lembrar que a normatização e a fiscalização do Seguro- Saúde são feitas pelo CONSU e pela ANS. Art. 3o. Consideram-se operações de seguros privados os seguros de coisas, pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos e garantias. Comentário 32 Em outras palavras, pode haver interesse segurável relativo a coisas, pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos e garantias. Isto revela a abrangência das operações de seguros. Vale lembrar que o atual Código Civil agrupou os seguros em duas modalidades, quais sejam: os Seguros de Danos e os Seguros de Pessoas. Isto é básico O Seguro-Saúde está regulamentado por lei especial, a Lei no 9.656/98. www.planalto.gov.br LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL26 Parágrafo único. Ficam excluídos das disposições deste Decreto-Lei os seguros do âmbito da Previdência Social, regidos pela legislação especial pertinente. Comentário 33 Esse dispositivo estabelece que os seguros relacionados à Previdência Social, a exemplo do Seguro de Acidentes do Trabalho, não são regulados pelo Decreto-Lei no 73/1966. A Previdência Social é regida pela Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, não sendo alvo de análise no presente estudo. O artigo 4o trata do cosseguro, do resseguro e da retrocessão: “Art 4o. Integra-se nas operações de seguros privados o sistema de cosseguro, resseguro e retrocessão, por forma a pulverizar os riscos e fortalecer as relações econômicas do mercado. Parágrafo único. Aplicam-se aos estabelecimentos autorizados a operar em resseguro e retrocessão, no que couber, as regras estabelecidas para as sociedades seguradoras (Incluído pela Lei no 9.932, de 1999).” Comentário 34 O cosseguro, o resseguro e a retrocessão são operações que viabilizam a pulverização ou a distribuição dos riscos assumidos nas operações de seguros. O inciso I do artigo 5o do Decreto-Lei no 73, de 1966, estabelece as metas a serem atingidas pela política de seguros privados. Art. 5o. A política de seguros privados objetivará: I – promover a expansão do mercado de seguros e propiciar condições operacionais necessárias para sua integração no processo econômico e social do País; Comentário 35 A política de seguros privados concentra seus esforços no crescimento do mercado de seguros. Não se trata de uma expansão desenfreada, a qualquer custo, mas, sim, de forma harmônica com o processo econômico e social do país. Esta é uma das razões pelas quais as operações de seguros privados são controladas pelo Ministério da Fazenda, por intermédio do CNSP e da SUSEP, responsável pela formulação da política e manutenção da ordem econômica do Brasil. Cosseguro Ocorre quando duas ou mais sociedades seguradoras, com a anuência do segurado e com relação a determinada apólice, distribuem percentualmente o risco entre si. ResseguroÉ um mecanismo de repartição de riscos por meio do qual um segurador, de forma facultativa ou automática, cede a sua responsabilidade, no todo ou em parte, a um ressegurador. Assim como o segurado procura garantir-se contra os efeitos dos riscos por meio do seguro, também o segurador procura resguardar-se dos prejuízos tecnicamente desaconselháveis por meio do resseguro. Uma sociedade seguradora pode transferir os riscos que assumiu a um ressegurador. Este sistema é muito utilizado em casos de coberturas com valores vultosos. Retrocessão Consiste na operação de transferência de riscos de resseguro de um ressegurador para um retrocessionário (que pode ser um outro ressegurador ou uma sociedade seguradora local). UNIDADE 1 27 II – evitar evasão de divisas, pelo equilíbrio do balanço dos resultados do intercâmbio, de negócios com o exterior; Comentário 36 É fundamental para o país manter relações negociais com o exterior. A inexistência de mecanismos de controle para essas operações poderá gerar desequilíbrio entre a entrada e a saída de divisas de um país para outro. Se não possuirmos uma política de seguros bem estabelecida, com regras bem fundamentadas, a grande demanda pelo seguro poderia acarretar a procura por sociedades seguradoras estrangeiras e, cada vez mais, a interferência delas em nosso mercado. Assim, o respectivo inciso deixa patente ser a nossa política de seguros privados centrada no equilíbrio desse intercâmbio, objetivando evitar a saída descontrolada de divisas nacionais. III – firmar o princípio da reciprocidade em operações de seguro, condicionando à autorização para o funcionamento de empresas e firmas estrangeiras a igualdade de condições no país de origem (Redação dada pelo Decreto-Lei no 296, de 1967); Comentário 37 O princípio da reciprocidade é do Direito Internacional, pelo qual se aplica ao estrangeiro tratamento semelhante ao dado ao nacional em terras estrangeiras. Desta forma, objetiva-se, dentro do possível, conferir a uma sociedade seguradora estrangeira o mesmo tratamento dado a uma seguradora nacional no país de origem da primeira pelo governo local. IV – promover o aperfeiçoamento das sociedades seguradoras; Comentário 38 Ao determinar que seja promovido o aperfeiçoamento das sociedades seguradoras, a lei objetiva, assim, o desenvolvimento do setor com as melhores práticas de mercado e modernidade no emprego da tecnologia na operacionalidade de seus controles internos. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL28 V – preservar a liquidez e a solvência das sociedades seguradoras; Comentário 39 Um dos objetivos do controle exercido pela lei, principalmente a de proteção ao consumidor, é a preservação da liquidez e solvência do mercado supervisionado pela SUSEP, ou seja, estabelecer regras que promovam maior segurança no concernente à capacidade econômico-financeira das empresas de poderem cumprir efetivamente suas obrigações. Seguindo as determinações legais e a adoção de padrões internacionais recomendados pela IAIS [International Association of Insurance Supervisors] (entidade internacional que congrega supervisores de seguros de vários países), com foco na solvência, novas regras de capital e controles internos, a SUSEP vem adotando, na sua estrutura fiscalizatória, progressivamente, a supervisão contínua nas empresas por ela controladas. VI – coordenar a política de seguros com a política de investimentos do Governo Federal, observados os critérios estabelecidos para as políticas monetária, creditícia e fiscal. Comentário 40 Quando o presidente da República é empossado, escolhe e nomeia seus ministros de Estado, que passam a exercer cargos de confiança, demissíveis ad nutum, ou seja, podem ser demitidos, a qualquer tempo, por iniciativa e vontade de quem os nomeou. Cada ministro de Estado exerce sua função somando suas competências ao plano de governo estabelecido pelo chefe do Executivo, ou seja, pelo presidente da República. O Ministério da Fazenda e o Banco Central do Brasil – BACEN –, observadas as suas competências legais, formulam as diretrizes da política monetária, creditícia e fiscal. O objetivo desse inciso, portanto, é estabelecer conexões harmônicas entre essas estratégias e as de formulação de política securitária. Conclui-se, assim, que o objetivo essencial da norma legal foi o de promover a expansão do mercado de seguros de forma ordenada, sempre procurando preservar os interesses dos segurados e buscar o equilíbrio no relacionamento deles com as sociedades supervisionadas, além do necessário e importante acompanhamento das operações de Seguros e Resseguros, Capitalização e Previdência Complementar Aberta. Vale dizer que todos os recursos financeiros que constituem os bens garantidores das reservas técnicas das sociedades supervisionadas estão vinculados à SUSEP. Embora esse modelo de vinculação tenha sido combatido e considerado conservador por outros países, ele se mostrou plenamente eficaz diante da recente crise financeira mundial (2008/2010), pois o setor de seguros brasileiro, englobando Resseguros, Capitalização e Previdência Complementar Aberta, não só atravessou ileso tal período de crise, como ainda registrou o crescimento da atividade e o desenvolvimento de excelentes oportunidades de negócio. Isso demonstrou, efetivamente, a consistência do modelo do processo regulatório de seguros adotado no país. UNIDADE 1 29 OS SEGUROS OBRIGATÓRIOS Os seguros obrigatórios são aqueles determinados por lei e que especificam quais situações devem, compulsoriamente, ser cobertas. Os seguros legalmente obrigatórios constam do artigo 20 do Decreto-Lei no 73, de 1966. Art. 20. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, são obrigatórios os seguros de: (Regulamento) a) danos pessoais a passageiros de aeronaves comerciais; b) responsabilidade civil do proprietário de aeronaves e do transportador aéreo; c) responsabilidade civil do construtor de imóveis em zonas urbanas por danos a pessoas ou coisas; d) bens dados em garantia de empréstimos ou financiamentos de instituições financeiras públicas; e) garantia do cumprimento das obrigações do incorporador e construtor de imóveis; f) garantia do pagamento a cargo de mutuário da construção civil, inclusive obrigação imobiliária; g) edifícios divididos em unidades autônomas; h) incêndio e transporte de bens pertencentes a pessoas jurídicas, situados no País ou nele transportados; i) ............ (revogado pela Lei Complementar no 126, de 2007); j) crédito à exportação, quando julgado conveniente pelo CNSP, ouvido o Conselho Nacional do Comércio Exterior (CONCEX); l) danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres e por embarcações, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não; m) responsabilidade civil dos transportadores terrestres, marítimos, fluviais e lacustres, por danos à carga transportada. Parágrafo único. Não se aplica à União a obrigatoriedade estatuída na alínea “h” deste artigo. A título de exemplo, os veículos automotores que trafegam pelas vias públicas impõem riscos à sociedade. Em razão desse risco em potencial, é necessário o pagamento do seguro obrigatório, o Seguro DPVAT, cujo objetivo principal é auxiliar a vítima de acidentes de trânsito em seus gastos médicos e hospitalares, além de proporcionar o pagamento de indenização aos beneficiários em caso de morte do acidentado. É necessário salientar, também, que o pagamento do seguro obrigatório não afasta o direito da vítima, ou de seus sucessores e/ou dependentes econômicos, de exigir em juízo indenização específica para reparação dos danos sofridos em decorrência do evento. Assim, por exemplo, uma vítima de acidente de trânsito poderá receber o valor correspondenteao seguro obrigatório (DPVAT) e, também, propor ação de reparação de dano em face do causador do acidente, visando receber pensionamento temporário ou vitalício (conforme o caso), além de indenização por danos materiais, morais e estéticos (se houver dano dessa natureza), entre outras verbas. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL30 O RESSEGURO – LEI COMPLEMENTAR No 126, DE 15/01/2007 A Atuação do IRB Brasil RE Antes do advento da Lei Complementar no 126, de 15 de janeiro de 2007, as operações de resseguro constituíam monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil – IRB. O IRB, na condição de empresa mista com controle estatal, foi criado pelo Decreto-Lei no 1.186/1939, a partir de uma iniciativa do então presidente Getúlio Vargas, numa época marcada pelo nacionalismo, em que a proteção da indústria local era tida como uma das mais importantes funções do Governo. Era, então, denominado Instituto de Resseguros do Brasil – IRB. O mercado de seguros começava a melhor se desenvolver no país, formado, principalmente, por seguradoras estrangeiras. As brasileiras não tinham capacidade de assumir grandes riscos, e, nesse cenário, o Governo decidiu criar um ressegurador nacional único, sob a forma de empresa de capital misto, com metade das ações detidas pelo Estado e o restante por um pool de seguradoras, sem direito a voto. A tudo isto se somou a obrigatoriedade da realização do resseguro por meio desse ressegurador, nascendo aí o aspecto monopolístico que, durante muitos anos, viria a marcar essa atividade no país. Com essa medida, pretendeu-se fortalecer o desenvolvimento do mercado segurador nacional e aumentar a capacidade seguradora das sociedades do país, retendo maior volume de negócios na economia brasileira, ao mesmo tempo em que captaria mais poupança interna. Em 1966, com a edição do Decreto-Lei no 73 /66, que criou o Sistema Nacional de Seguros Privados, atribuiu-se ao IRB uma série de competências regulatórias e fiscalizatórias, posteriormente regulamentadas pelo Decreto no 60.459/67. Com o passar do tempo, no entanto, o modelo monopolista e centralizador que regia a atividade do IRB, começou a dar demonstrações de esgotamento, deixando de atender plenamente às novas exigências do mercado. Foi então que a Emenda Constitucional no 13, de 21/08/1986, alterou o art. 192, inciso II, da Constituição Federal, extinguindo a expressão “órgão oficial ressegurador”. Este foi o primeiro passo para a quebra do monopólio. UNIDADE 1 31 Em 17/06/1997, a Medida Provisória no 1.578/97 convertida na Lei no 9.482, de 13 de agosto de 1997, transformou o IRB em sociedade por ações, passando a denominar-se IRB-Brasil Resseguros S.A. Essa MP viria a ser convertida na Lei no 9.482/97. No dia 20/12/1999, foi aprovada a Lei no 9.932/99, que transferiu as atribuições regulamentares e fiscalizatórias até então exercidas pelo IRB-Brasil Re para a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP. No dia 29/05/2003, foi aprovada a Emenda Constitucional no 40, que permitiu a regulamentação do art. 192 da Constituição Federal. Em 16/01/2007, foi publicada no DOU a Lei Complementar no 126/2007, que dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e sua intermediação, pondo fim ao monopólio até então detido pelo IRB. Mesmo assim, por cautela, no sentido de salvaguardar a estabilidade do mercado naquele momento, e prepará-lo para um novo cenário que se impunha por determinação legal, manteve-se, ainda, reserva de mercado ligada ao IRB, que foi estabelecida no art. 11 da citada lei. Finalmente, no dia 17/04/2008, com o advento da Resolução no 168/07 do CNSP, verificou-se a abertura formal do mercado de resseguros no Brasil a novos resseguradores. O IRB Brasil RE é o maior ressegurador da América Latina. Em 01/10/2013, o IRB foi transformado em empresa privada, deixando, assim, de ser uma sociedade de economia mista. Por força das mudanças imprimidas pela Lei Complementar no 126/07, o IRB Brasil RE foi autorizado a continuar exercendo suas atividades de resseguro e de retrocessão na qualidade de ressegurador local, conforme se extrai do artigo 22 da mencionada lei: Art. 22. O IRB-Brasil Resseguros S.A. fica autorizado a continuar exercendo suas atividades de resseguro e de retrocessão, sem qualquer solução de continuidade, independentemente de requerimento e autorização governamental, qualificando-se como ressegurador local. O mercado de resseguros, na concepção atual, tende a permitir uma participação maior das seguradoras, culminando numa sadia concorrência e, consequentemente, na redução dos custos desses serviços e emprego de novas tecnologias. Os reflexos nas demais operações de seguros, com o decorrer do tempo, deverão se mostrar ainda evidentes. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL32 Nessa linha, a Lei Complementar no 126/07, no seu artigo 4o, apresenta as qualificações dos resseguradores, apresentando as condições para o exercício da atividade de ressegurador eventual (parágrafo primeiro) e de ressegurador local (parágrafo segundo), conforme se depreende da leitura a seguir: Art. 4o. .................... I – ressegurador local: ressegurador sediado no País constituído sob a forma de sociedade anônima, tendo por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão; II – ressegurador admitido: ressegurador sediado no exterior, com escritório de representação no País, que, atendendo às exigências previstas nesta Lei Complementar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrado como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessão; e III – ressegurador eventual: empresa resseguradora estrangeira sediada no exterior sem escritório de representação no País que, atendendo às exigências previstas nesta Lei Complementar e nas normas aplicáveis à atividade de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrada como tal no órgão fiscalizador de seguros para realizar operações de resseguro e retrocessão. § 1o É vedado o cadastro a que se refere o inciso III do caput deste artigo de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais, assim considerados países ou dependências que não tributam a renda ou que a tributam a uma alíquota inferior a 20% (vinte por cento) ou, ainda, cuja legislação interna oponha sigilo relativo à composição societária de pessoas jurídicas ou à sua titularidade (Renumerado do parágrafo único pela Lei complementar no 137, de 2010). § 2o Equipara-se ao ressegurador local, para fins de contratação de operações de resseguro e de retrocessão, o fundo que tenha por único objetivo a cobertura suplementar dos riscos do seguro rural nas modalidades agrícola, pecuária, aquícola e florestal, observadas as disposições de lei própria (Incluído pela Lei complementar no 137, de 2010). Comentário 41 Essa categorização adotada pela lei complementar serve não somente para melhor organizar as operações de resseguro e congêneres, como também – e principalmente – para adotar uma política de maior controle sobre as empresas estrangeiras que porventura atuem em território nacional, cuidando, sobretudo, de impedir a participação daquelas sociedades que sejam sediadas em paraísos fiscais (vide transcrição, a seguir, do art. 4o, III, § 1o, da Lei Complementar no 126, de 2007), sobre as quais não se permitam, de forma transparente, as devidas operações tributárias. UNIDADE 1 33 Das Normas Regulamentadoras do Resseguro e da Sociedade Corretora de Resseguros O artigo 12 da Lei Complementar no 126/2007 atribuiu ao CNSP a competência para regulamentar as operações de resseguro, retrocessão, de corretagem de resseguro e, ainda, a atuação dos escritórios de representação dos resseguradores admitidos: Art. 12. O órgão regulador de seguros estabeleceráas diretrizes para as operações de resseguro, de retrocessão e de corretagem de resseguro e para a atuação dos escritórios de representação dos resseguradores admitidos, observadas as disposições desta Lei Complementar. Parágrafo único. O órgão regulador de seguros poderá estabelecer: I – cláusulas obrigatórias de instrumentos contratuais relativos às operações de resseguro e retrocessão; II – prazos para formalização contratual; III – restrições quanto à realização de determinadas operações de cessão de risco; IV – requisitos para limites, acompanhamento e monitoramento de operações intragrupo; e V – requisitos adicionais aos mencionados nos incisos I a IV deste parágrafo. Fazendo uso dessa competência, o CNSP editou uma série de resoluções visando regulamentar a referida Lei Complementar. Algumas dessas Resoluções foram objeto de normatização pela SUSEP. Todos esses atos normativos podem ser consultados no site da SUSEP (www.susep.gov.br). No que se refere à corretagem de resseguros, a Lei Complementar no 126, de 2007, artigo 8o, § 2o, estabeleceu o seguinte: Art. 8o. A contratação de resseguro e retrocessão no País ou no exterior será feita mediante negociação direta entre a cedente e o ressegurador ou por meio de intermediário legalmente autorizado. ......... § 2o. O intermediário de que trata o caput deste artigo é a corretora autorizada de resseguros, pessoa jurídica, que disponha de contrato de seguro de responsabilidade civil profissional, na forma definida pelo órgão regulador de seguros, e que tenha como responsável técnico o corretor de seguros especializado e devidamente habilitado. A fim de regulamentar esse dispositivo, o CNSP editou a Resolução no 173, de 17/12/2007 (alterada posteriormente pela Resolução no 248, de 08/12/2011, e pela Resolução no 330, de 09/12/2015), que dispõe sobre a atividade de corretagem de resseguros, dando outras providências. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL34 FIXANDO CONCEITOS 1 35 Anotações: Fixando Conceitos 1 [1] MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA (a) A profissão do corretor de seguros está regulamentada expressamente no Código Civil brasileiro, cuja edição ocorreu no início do século XX. (b) A atividade securitária, além de estar inserida na Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05/10/88, também foi totalmente regulamentada pelo próprio texto constitucional. (c) Com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, todas as normas legais anteriormente editadas, relativas aos contratos de seguros privados, perderam a eficácia. (d) A Lei no 4.594, de 1964 (com alterações posteriores), regula a profissão de corretor de seguros. (e) A FENACOR, no seu âmbito, representa os securitários, empregados de sociedades corretoras de seguros. [2] MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA (a) O Decreto-Lei no 73, de 1966, criou o Sistema Nacional de Seguros Privados. (b) As sociedades de capitalização já operam resseguro independentemente da Emenda Constitucional no 13, de 1996. (c) O Estado, como poder central (União Federal e suas autarquias), não exerce qualquer tipo de fiscalização no mercado segurador, que tem natureza nitidamente privada. (d) O contrato de seguro não representa, no seu conjunto, uma das maneiras de fomentar a economia nacional. (e) A atividade securitária não faz parte do sistema financeiro brasileiro. MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA [3] De acordo com a legislação vigente, o órgão que integra o Sistema Nacional de Seguros Privados, responsável pela fiscalização da atividade do corretor de seguros, é o(a): (a) FENACOR. (b) FUNENSEG. (c) CNC. (d) SUSEP. (e) FENASEG. [4] O Decreto-Lei no 73, de 1966, que instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, definindo seus objetivos, considera, também, como integrados nas operações de seguros privados: (a) Os sistemas de cosseguro, resseguro e retrocessão. (b) Somente os Seguros de Danos. (c) Somente os Seguros de Pessoas. (d) Somente os Seguros de Responsabilidade. (e) Somente os Seguros de Bens. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL36 Anotações: Fixando Conceitos 1 [5] De acordo com a legislação vigente, o órgão integrante do Sistema Nacional de Seguros Privados responsável pela autorização da movimentação e liberação dos bens e valores obrigatoriamente inscritos em garantia das reservas técnicas e do capital vinculado é o(a): (a) Ministério da Fazenda. (b) FENASEG. (c) SUSEP. (d) CVM. (e) CRSNSP. [6] O órgão regulador que estabelece as diretrizes gerais das operações de resseguro é o(a): (a) FENACOR. (b) IRB. (c) SUSEP. (d) FENASEG. (e) CNSP. [7] A legislação vigente define algumas restrições profissionais ao corretor de seguros, entre as quais podemos citar a de ser: (a) Advogado. (b) Contador. (c) Comerciante. (d) Dentista. (e) Empregado de seguradora. [8] O controle do Estado será exercido pelos órgãos instituídos pelo Decreto-Lei no 73, de 1966, sendo eles o CNSP e a SUSEP, no interesse dos(as): (a) Sociedades seguradoras e resseguradoras. (b) Segurados e beneficiários dos contratos de seguros. (c) Entidades de classe: FENASEG e FENACOR. (d) Sociedades corretoras, seguradoras e resseguradoras. (e) Corretores de seguros e securitários. UNIDADE 2 37 O CORRETOR DE SEGUROS22 Após ler esta unidade, você deve ser capaz de: • Saber como funciona o sistema sindical no qual se insere o corretor de seguros e as principais entidades que representam seus interesses. • Conhecer a lei federal que regula a profissão de corretor de seguros e disciplina a atividade de corretagem de seguros. • Aprender quais são os requisitos para o exercício da atividade de corretagem de seguros e como se procede à habilitação técnico-profissional. • Compreender os direitos e deveres do corretor de seguros. • Identificar as sanções administrativas aplicáveis aos corretores de seguros, bem como aos seus prepostos e às sociedades corretoras de resseguros. • Entender quais são as operações suspeitas de caracterização do crime de lavagem de dinheiro que devem ser comunicadas ao COAF. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL38 UNIDADE 2 39 O SISTEMA SINDICAL E O CORRETOR DE SEGUROS A Constituição Federal de 1988 preservou o Sistema Confederativo da Representação Sindical (art. 8o, inciso IV) e o princípio da unicidade sindical (art. 8o, inciso II), com a permissão legal de criação de entidades, cujas formas estão estabelecidas na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT –, e que são três: sindicatos, federações e confederações. Os sindicatos são associações de base, ou de primeiro grau, cabendo-lhes, pela sua proximidade com os trabalhadores, dentro de sua base territorial, que pode ser municipal ou estadual, o papel mais atuante. As federações e as confederações são consideradas entidades sindicais em grau superior. De acordo com a CLT, um grupo de sindicatos (mínimo de cinco) pode criar uma federação, assim como um grupo de federações (mínimo de três) pode constituir uma confederação. As pirâmides sindicais, formadas por categorias econômicas, têm as bases constituídas pelos sindicatos; nas faixas intermediárias, estão as federações e, nos ápices, as confederações. Assim, as pirâmides sindicais, por categoria econômica, estão sob a forma de uma escala, tendo suporte nos sindicatos, acima dos quais se construíram as federações e, sobre estas, por sua vez, as confederações. As federações, que podem ser de âmbito estadual ou federal, situam-se no “segundo degrau”. Já as confederações se encontram no “terceiro degrau” da organização sindical, sendo sua esfera de atuação nacional. É necessário compreender que os sindicatos são filiados às respectivas federações, e estas, por sua vez, às correspondentes confederações, tudo em consonância com o Quadro Anexoao art. 577 da CLT, que foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Não há qualquer subordinação hierárquica entre sindicatos, federações e confederações. Tais entidades possuem autonomias administrativas, financeiras e políticas. Em razão da sua representatividade, na forma dos estatutos sociais das entidades sindicais, os sindicatos se obrigam a respeitar as decisões de suas assembleias gerais ordinárias ou extraordinárias, constituídas pela presença e participação de seus associados, de acordo com o quórum em cada uma delas estabelecido. Os sindicatos são representados nas suas respectivas federações, assim como estas são representadas nas suas correspondentes confederações, por meio de seus delegados, eleitos junto com a diretoria e o conselho fiscal para exercerem mandato específico. As unidades internas dos sindicatos são a assembleia geral, a diretoria e o conselho fiscal. As federações e confederações têm como unidades internas o conselho de representantes (formado por delegados representantes), a diretoria e o conselho fiscal. Nas federações, atuam os delegados representantes dos sindicatos filiados e, nas confederações, atuam os delegados representantes das federações filiadas. Curiosidade O sindicalismo nasceu nas chamadas “corporações de ofício”, na Europa medieval (precisamente, a partir do século XII), as quais consistiam em associações destinadas a regulamentar o processo produtivo artesanal nas grandes cidades. Instituições similares se constituíram na Inglaterra na época da Revolução Industrial (século XVIII): os trabalhadores industriais doentes e desempregados dr reuniam nas chamadas “sociedades de socorro mútuo”. A legalidade dos sindicatos e das associações somente veio a ser reconhecida, no Reino Unido, em 1871 e, na França, em 1884. Já nos Estados Unidos, o sindicalismo surgiu em torno de 1827, sendo que apenas em 1886 foi constituída a Federação Americana do Trabalho (AFL), que defendia o sindicalismo de resultados e não se vinculava a correntes doutrinárias e políticas. No Brasil, as primeiras organizações de natureza sindical foram constituídas por imigrantes europeus que, ao chegarem ao país, se depararam com uma sociedade escravocrata e a mais absoluta ausência de direitos trabalhistas. Em 1930, o Governo Federal criou o Ministério do Trabalho e, em 1931, regulamentou, por meio de decreto, a sindicalização das classes patronais e operárias. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL40 Por força da filiação sindical, os sindicatos se obrigam a respeitar e acatar as deliberações dos conselhos de representantes das federações, e estas, da mesma forma, em relação às confederações. A FENACOR, ainda que possua atuação em âmbito nacional, não tem legitimidade para propor ação direta de inconstitucionalidade de leis, caso pretenda fazê-lo. O inciso IX do art. 103 da Constituição Federal reserva essa competência somente para as confederações. Portanto, uma das vantagens dessa filiação é a CNC poder propor ação direta de inconstitucionalidade de leis, quando houver interesse das entidades representativas dos corretores e deles próprios. No que se relaciona à organização sindical, a Constituição Federal prevê, no artigo 8o, que: Art. 8o. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: Comentário 42 A Constituição Federal de 1988, seguindo os princípios democráticos fortalecidos pela nova ordem constitucional, estabeleceu a liberdade de as categorias econômicas se organizarem em associações ou sindicatos. Convém esclarecer que, antes da promulgação da atual Constituição Federal, os sindicatos, para se organizarem e funcionarem, dependiam de autorização do Estado (Ministério do Trabalho), mediante expedição de carta sindical. Até então, os sindicatos eram fiscalizados pelo Estado, inclusive a aplicação de recursos arrecadados do antigo imposto sindical (atual contribuição sindical). I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; Comentário 43 A Constituição Federal deixa claro que nenhuma lei poderá exigir autorização do Estado para fundação de sindicato. Portanto, os sindicatos, assim como as associações profissionais, são livres e possuem autonomia administrativa, política e patrimonial. O registro no órgão competente da constituição de sindicato, enquanto não houver disposição regulamentando o assunto, é feito junto ao Ministério do Trabalho e Emprego – MTE –, apenas para o controle da vedação prevista no inciso II desse artigo, conforme definido pelo STF. UNIDADE 2 41 II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um município; Comentário 44 Nesse inciso, está evidenciado o princípio da unicidade sindical, ou seja, a lei não permite a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau (sindicato, federação ou confederação), na mesma base territorial, ou seja, no mesmo município. III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; Comentário 45 Embora não interfira na organização sindical, a Constituição Federal estabeleceu que cabe ao sindicato a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Como se observa, a organização de determinada categoria econômica em sindicato traz vantagens para os filiados ou associados, pois possibilita legalmente esse tipo de representação processual, tanto na via judicial quanto na administrativa. IV – a assembleia geral fixará a contribuição, que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; Comentário 46 Trata-se da chamada contribuição confederativa. A parte final do texto do inciso IV do artigo 8o da Constituição Federal, que expressa: “... independentemente da contribuição prevista em lei.”, refere-se à contribuição sindical prevista na CLT. LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL42 V – ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato; Comentário 47 A Constituição Federal dispõe que ninguém é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato, mas torna compulsório o pagamento da contribuição sindical, por se tratar de tributo. VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; Comentário 48 Ninguém é obrigado a filiar-se ou manter-se filiado ao sindicato. Entretanto, o sindicato tem papel fundamental como representante da parte interessada, além de ser integrante nas negociações de acordos ou convenções anuais de trabalho. Os sindicatos de corretores, obrigatoriamente, são partes nos acordos ou convenções de trabalho com os sindicatos dos securitários, inclusive nos dissídios coletivos ajuizados junto às seções de dissídios coletivos dos Tribunais Regionais do Trabalho das respectivas bases territoriais. VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Comentário 49 Trata-se de uma garantia aos candidatos a cargos sindicais contra dispensa
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