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AÇÃO CIVIL PÚBLICA ECA

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Infância e Juventude de – CEARA.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA AO MINISTERIO PUBLICO (CRIAÇÃO E NUTENÇÃO DE ABRIGO) COM PRELIMINAR – AO MUNICIPIO DE IPUEIRAS DO ESTADO DO CEARA
Informar sobre a legitimidade do Ministério Público na defesa dos interesses difusos e coletivos, analisando o Ministério Público com explanações acerca da sua atuação na defesa de tais interesses.
Samuel de Araújo Marques – Defensor Público
Haley de Carvalho Filho – Promotor de Justiça
 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ através do Promotor de Justiça infra-assinado.
A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO CEARÁ, através do Defensor Público desta Comarca, amparados pela Constituição Federal, precisamente em seus artigos 129º incisos II e III 134º e 227º, e nos artigos 201º, V, 210º, I, 86/88, 90, 148ª, IV, 208/210º, do Estatuto da Criança e do Adolescente, assim como nos dispositivos da Lei nº 7.347/85, vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE PRELIMINAR.
MUNICÍPIO IPUEIRAS, no Estado do CEARA pessoa jurídica de Direito Público interno, com sede na Prefeitura desta cidade, representada judicialmente pelo PREFEITO Municipal ou PROCURADOR do Município, pelos fatos e fundamentos que Passados mais de dezesseis anos da entrada em vigor do Estatuto da Criança e do Adolescente, o Município de Ipueiras não oferece à comunidade um local adequado para o abrigo de crianças e adolescentes que estejam em situação de risco,impossibilitando a aplicação da medida de proteção prevista no artigo 101º, VIIl, do Estatuto da Criança e do Adolescente.
SÃO SABEDORES DESSA REALIDADE, o PROMOTOR de Justiça e o DEFENSOR PÚBLICO da comarca de Ipueiras, em atuação conjunta, enviaram ao Conselho Tutelar deste Município o Ofício nº 013/2007 – DPGE/MP/IPUEIRAS/Solicitação (em anexo), no intuito de solicitar que lhes fosse enviado um parecer sobre as condições dos menores carentes que estão em situação de risco, bem como que se relatas se as dificuldades encontradas.
3. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(LEI N° 8.069, 13 JULHO DE 1990). Do Ministério Público Art. 200º. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. Art. 201º. Compete ao Ministério Público:
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e destituição do pátrio poder a nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiãs, bem como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude;
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98º;
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220º § 3º inciso II, da Constituição Federal;
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los: a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias:
c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas;
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e hábeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente;
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível;
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições. § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei. § 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público. § 3º O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre criança ou adolescente. § 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. § 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério Público:
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o competente procedimento, sob sua presidência;
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade reclamada, em dia, local e horário, previamente notificados ou acertados;
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública afeta à criança e ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita adequação. Art. 202º. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis. Art. 203º. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente. Art. 204º. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. Art. 205º. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser fundamentadas. Art. 210º. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público;
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os territórios;
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia autorização estatutária. § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei. § 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
CONSELHO TUTELAR, por não dispor este Município de um local adequado para o encaminhamento dessas crianças e adolescentes. Em resposta ao supracitado ofício, o Conselho Tutelar relatou os seguintes problemas: prostituição infantil, alcoolismo, envolvimento de menores com drogas, adolescentes fora da escola, dentre outros.
Dessa forma, podemos constatar a presença de 11 (onze) adolescentes envolvidos com prostituição infantil,destacando-se, sobretudo, uma menor que encontra - se grávida. Ademais, podemos perceber, ainda, o envolvimento de 04 (quatro) menores com drogas, bem como outros 05 (cinco) adolescentes que encontram - se fora da escola, destacando-se, dentre esses, o caso de um menor que dorme nas ruas e vive nos lixões dessa cidade. É unânime em nossa sociedade o pensamento de que a rua não é lugar para criança ou para adolescente. Tal sentimento se traduziu nas medidas protetivas previstas na legislação em vigor. Entre estas medidas, o abrigo dês ponta, em face da falta de conscientização, educação e preparo das famílias, como uma das mais necessárias, diante do sempre crescente número de crianças e adolescentes em estado de abandono ou sem possibilidades de reintegração familiar, por motivos diversos.
Assim, as pessoas que labutam diariamente com a proteção da infância e adolescência nesta cidade se sentem impotentes diante da omissão apontada, que, muitas vezes, prejudica a eficácia das ações tanto do Conselho Tutelar, quanto do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Justiça da Infância e Juventude. Sem a retaguarda do referido programa é quase inócuo o trabalho da Justiça da Infância e da Juventude com a criança e o adolescente desamparados. É pública e notória a necessidade real desta cidade em criar uma entidade de abrigo para crianças e adolescentes, pois basta uma rápida visita a cidade para se deparar com menores que vivem pelas ruas, por conta do abandono e negligência a que são relegados pelos pais.
II – DA LEGITIMIDA ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DA DEFENSORIA PÚBLICA
A Constituição Federal, ao tratar sobre a legitimidade do Ministério Público para propor ações civis públicas, visando á tutela de direitos difusos e coletivos, dispõe o seguinte:
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: (...)
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente perde outros interesses difusos e coletivos; (...)
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis e previstas neste artigo 129º não impede a de terceiros nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
Nessa disposição, o Ministério Público é parte legítima para figurar no pólo ativo da presente demanda.
Ademais, compete à Defensoria Pública a defesa plena dos necessitados, nos termos do artigo 5º, LXXIV, e 134 da Constituição Federal:
“Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à
Função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação
Jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na
Forma do art. 5º, LXXIV”.
A doutrina majoritária entende que tem legitimidade para propor ação civil pública todos os órgãos e entidades, com e sem personalidade jurídica, que atuem na defesa dos direitos difusos e coletivos. O escopo da interpretação doutrinária é garantir uma maior tutela desses interesses, como se extrai das lições dos nobres Professores Rodolfo Camargo Mancuso e Hugo Nigro Mazzili, litteris:
“Presentemente, registra-se a tendência a reconhecer
legitimação para agir aos grupos sociais de fato, não personificados. E isso em função de duas considerações:
 a) a natureza mesma da tutela aos interesses metaindividuais
conduz, de per si, a uma legitimação (...) difusa, de modo que pareceria incoerente um excessivo rigor formal na constituição de grupos ou associações que pretendam ser portadores de tais interesses em juízo;
b) corolariamente, segue-se a desvalia da exigência da personalidade jurídica como pressuposto da capacidade processual em tem de interesses difusos”.
2 “Isso significa que órgãos públicos especificamente destinados à proteção de interesses transindividuais, ainda que sem personalidade jurídica, autorizados pela autoridade administrativa competente, podem ajuizar ações civis públicas ou coletivas, não só em matéria defesa do consumidor, como também do meio ambiente, de pessoas
Portadora de deficiência, de pessoa idosa, ou quaisquer áreas afins, o que é conseqüência das normas de integração entre a LACP e CDC”.
3 Nossos Tribunais, antes mesmo da inclusão da Defensoria Pública no rol dos legitimados ativos para Ação Civil Pública, já vinham reconhecendo a legitimidade da Defensoria Pública para propositura de ação civil pública, como exemplificam as seguintes ementas. É indisputável que o Ministério Público possui legitimidade para propor esse tipo de ação, como se infere do teor do artigo 129, III, da CF/88, do art. 5º da lei nº 7437/85 e do art.82, inc.I da lei nº 8078/90. Tal legitimidade, contudo, não exclui a de outras entidades, que igualmente a possuem, autônoma e concorrentemente, como previsto nesses mesmos dispositivos legais.Ora, a Defensoria Pública, como órgão essencial à função jurisdicional do Estado, integrando, assim, a Administração Pública, tem por igual legitimidade autônoma e concorrente, para aforar ação civil pública. E tal legitimidade lhe advém do art. 82, inc. III, da Lei 8.078/90, ao lhe deferir a defesa e os direitos, protegidos pelo CDC. Ressaltando-se, ainda, que o art. 21 da lei nº 7.347/85, com a inclusão e redação que lhe deu o art. 117 daquele Código, manda aplicar à defesa do direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituía aquele CDC, entre os quais se inclui a legitimidade para agir. 
Nessa ordem de raciocínio, forçoso é concluir-se, que a Assistência Judiciária do Estado possui, também, legitimidade concorrente, para propor Ação Civil Pública sendo pois parte ativa legítima nesse pleito, estando correta a decisão agravada que merece ser mantida, pois, a meu ver, não rogou qualquer gravame aos direitos do Agravante. Frise-se, pois, que a Ação Civil Pública é importante ferramenta da sociedade civil, no sentido de permitir que ela possa pleitear, diretamente, seus direitos difusos e coletivos ao Poder Judiciário. Constitui, portanto, instrumento de concretização da cidadania. E, ainda, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069/90), a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, constituindo dever geral de prevenção velar pela sua dignidade, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. (arts. 3º, 6º e 18 da Lei n.º 8.069/90).
Tendo em mente, como indicado na Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, bem como nas Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras de Beijing), que a criança e o adolescente possuem peculiar condição de vulnerabilidade, em razão de sua falta de maturidade física e mental, essas necessitam de proteção e cuidados especiais, incluindo a proteção jurídica apropriada antes e depois do nascimento, nos termos do que estabelece o art. 141 do ECA como uma das garantias fundamentais do sistema de proteção integral o acesso de toda criança ou adolescente, sem distinção, à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. 
Ademais, de acordo com os artigos 208º, parágrafo único c/c 224º. ECA às ações de responsabilidade por ofensa aos direitos, interesses individuais, difusos ou coletivos assegurados à criança e ao adolescente, aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, que foi alterada pela Lei n.º 11.448 de janeiro de 2.007, incluindo no rol de legitimados para as ações civis com base nesta lei a Defensoria Pública. Nestes termos é teor da lei 11.448/2007:
 	 “Art. 1o Esta Lei altera o art. 5º da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, que disciplina a ação civil pública, legitimando paraa sua propositura a Defensoria Pública.
 	Art. 2º O art. 5º da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, passa vigorar com a :seguinte redação:
 	"Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
 I - o Ministério Público;
 II - a Defensoria Pública;
 III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
 IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economista
 V - a associação que, concomitantemente:
esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua entre suas finalidades institucionais, a Pra ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico,estético, turístico e paisagístico..(NR)
 Art. 3º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Dessa forma, a legitimidade do Ministério Público e da Defensoria Pública para as apresente ações são incontestáveis pelos fatos e fundamentos expostos acima.
ECA prevê que é competente para processar as causas em que houver interesse de criança e de adolescente o Juízo onde ocorreu o dano:
“Art. 209. As ações previstas neste capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deve ocorrer a ação ou omissão, cujo Juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais Superiores.”(grifo nosso)
 Por sua vez, o art. 148º. ECA dispõe:
“Art. 148. A Justiça da Infância e Juventude e competente para: (...) IV – conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209º.
Portanto, após leitura dos artigos expostos acima, verifica-se que as ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e do adolescente são de competência absoluta do Juízo da Infância e Juventude da Comarca onde tenha havido violação ou omissão a direitos da criança e do adolescente. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, no artigo 201º inciso V, também aduz: (Art. 201º) Compete ao Ministério Público: 
V – promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220º § 3º inciso II, da Constituição Federal. A legitimação conferida ao Ministério Público, nos termos do art. 127º da CF e art. 201º V da Lei nº 8.069/90 (ECA), deve ser compreendida como de interesses individuais diretos e pessoais, por serem direitos indisponíveis, decorrente de garantia individual. 
Entretanto, a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do RS, no Agravo de Instrumento nº 70006937163, Rel. Des. Cláudio Luís Martinewski, Julgado em 22/10/2003, está por retirar a legitimidade do Ministério Público em postular ativamente em favor de criança ou adolescente, quando se tratar de direitos individuais indisponíveis, dando "nova interpretação" ao artigo 201 V do Estatuto da Criança e do Adolescente, senão vejamos: 
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONSTITUCIONAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PARA TRANSFERÊNCIA DE ADOLESCENTE DE HOSPITAL DO INTERIOR PARA HOSPITAL DA CAPITAL E REALIZAÇÃO DE EXAMES CLÍNICOS. INTERESSE INDIVIDUAL NÃO CONTEMPLADO DENTRE OS INTERESSES QUE LEGITIMAM O MINISTÉRIO PÚBLICO À PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 1. A ação civil pública tutela interesses meta individuais, de início compreensivos dos difusos e dos coletivos em sentido estrito, aos quais na seqüência se agregaram os individuais homogêneos(Lei nº 8.078/90, art. 81, III, c/c os arts. 83 e117). 
2. A legitimação conferida ao Ministério Público, nos termos do art. 201, V, da Lei nº 8.069/90(ECA), para propor a ação civil pública visando à proteção de interesses individuais, é compreensiva dos interesses homogêneos e não dos interesses individuais diretos e pessoais, ainda que se trate de indisponível, decorrente de garantia individual. 3. Não possui o Ministério Público legitimidade para, em tal hipótese, agir como substituto processual. 4. A proteção ao referido interesse encontra amparo no sistema legal-normativo e jurídico-administrativo por intermédio da Defensoria Pública, nos casos de insuficiência de recursos(CF, art. 5º, LXXIV), ou pela atuação da advocacia privada, nos casos em que não haja tal insuficiência. Por maioria, acolheram a preliminar de ilegitimidade do Ministério Público. (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 70006937163, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: CLÁUDIO LUÍS MARTINEWSKI, JULGADO EM 22/10/2003)
Dessa forma, o juízo da Comarca de Ipueiras é competente para julgar as ações civis propostas que tutelem direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos da criança e do adolescente, nos termos do que dispõe o art. 209º ECA.
Por outro lado. ECA no art. 148º IV dirime qualquer dúvida sobre a matéria em comento, sendo, portanto, incontestável, a competência desse Juízo para processar e julgar á apresente demanda. 
IV - DA ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
A ação civil pública é destinada à proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, nos termos do artigo 129º inciso III da Constituição Federal.
A ação civil pública tem como objeto a tutela dos interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos, ou seja, interesses que excedem o âmbito individual, mas que não chegam a configurar interesse público. Na lição de Hugo Nigro Nigro Mazzili:
“Para a defesa na área cível dos interesses individuais homogêneos, coletivos e difusos, bem como para a defesa do próprio interesse público, existem as chamadas ações civis públicas ou ações coletivas”
A Lei n. 7.347/85, que dispõe sobre a ação civil pública, mantém este objetivo, especificando os seus objetos de proteção em seu artigo 1º:
“Art. 1º. Regem-se pelas disposições desta lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
I – ao meio ambiente;
II – ao consumidor;
III – aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
IV – a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
V – por infração da ordem econômica e da economia popular;
VI – à ordem urbanística”. (grifamos)
DA OMISSÃO DO PODER PÚBLICO.
A omissão do Poder PÚBLICO MUNICIPAL IPIUEIRA provocada pela não construção de um abrigo para os menores carentes, viola o respeito à dignidade dos adolescentes, à preservação de sua integridade física e moral. Esses direitos somente serão garantidos quando o Estado cumprir seus deveres (prioridade absoluta) de proteger integralmente as crianças e adolescentes. Deveres que impõem o atendimento às exigências legais para o cumprimento das medidas sócio-educativas, bem como as condições exigidas para privação de liberdade do adolescente.
Urge trazer à colação a lição de Carlos Maximiliano afirma que:
“A ação civil pública é instrumento processual constitucional adequado para a defesa de quaisquer direitos difusos coletivos, conforme inciso V do art. 1º da Lei 7347/85.”
Ora, os direitos coletivos fazem parte dos chamados interesses trans individuais ou meta individuais os quais são categoria intermediária entre o interesse particular e o interesse secundário do Estado. O interesse é meta individual quando ultrapassa o círculo individual e corresponde aos anseios de todo um segmento ou categoria. Tais interesses podem ser difusos, coletivos ou individuais homogêneos. No caso em tela, trata-se de interesse individual homogêneo, uma vez que diz respeito a uma categoria determinável de indivíduos ligados por uma situação de fato. 
DA PROTEÇÃO Á CRIANÇA E AO ADOLESCENTE NO SISTEMA CONSTITUCIONAL E INFRACONSTITUCIONAL 
A Constituição Federal assegura, em seu artigo 227º, “caput”,às crianças e adolescentes, com absoluta prioridade o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O ESTATUDO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PREVÊ, EM SEU ARTIGO 7º QUE:
“A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas existências”
A partir do momento em que o Estado, através do Juízo da Infância e Juventude, conclui que uma criança ou adolescente não possuem condições de desenvolver-se sadia e harmoniosamente no seio de sua família, necessitando de proteção especial e delibera pela aplicação da medida de abrigo, cabe ao Poder Executivo dar condições para que estes infantes e jovens recebam tratamento prioritário em perfeita sintonia com as normas contidas na legislação supracitada.
Estabelece o artigo 204, da Constituição Federal, que as ações governamentais na área da assistência social serão realizadas e organizadas de forma descentralizada, cabendo à União a coordenação e a emissão de normas gerais e ao Estado-membro e ao Município a coordenação e a execução de programas
O artigo 4º, parágrafo único, alínea c e d, assim como o art. 88, ambos do Estatuto, rezam serem diretrizes de atendimento à criança e adolescente:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
[...] c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
 Art. 88, – a municipalização do atendimento (inciso I); 
[...] - a criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa (inciso III).
Contudo, embora esteja o Estatuto da Criança e do Adolescente em vigor desde 14/10/90, não organizou o Município promovido, até a presente data, o programa de proteção previsto no artigo 90°, IV 7º, combinado com o artigo 101º, VIII, daquela Lei. Sintetizando os novos rumos da Administração Pública, advindos com o Estatuto da Criança e do Adolescente, é possível concluir que prioridade absoluta para a infância e juventude, nos termos do artigo 227º da Constituição Federal, significa os administradores da coisa pública se dedicar à criança e ao adolescente a maior parte do seu tempo, significa despender com a infância e juventude parte considerável das verbas públicas. Enfim, investir na infra-estrutura social.
Tanto é assim que o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 4º, dispõe ser dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, definindo ainda que a garantia de prioridade compreender se dentre outros aspectos, a destinação privilegiadas de recursos públicos, nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (parágrafo único, alínea “d”).
Assim, diante da imperatividade do regramento legal em torno da proteção da infância e juventude, necessária se torna a urgente adoção de medidas tendentes a sanar a omissão do Poder Público, omissão esta que vem, ao longo dos últimos anos, comprometendo a eficácia da proteção das crianças e adolescentes desamparados. 
Da Prevalência dos Direitos à Prestação Material frente a cláusula da Reserva do Possível Os chamados direitos a prestações materiais resultam da concepção social do Estado.
São tidos como os direitos sociais por excelência – concebidos para atenuar desigualdades de fato na sociedade e para ensejar que a libertação das necessidades aproveite ao gozo da liberdade efetiva por um maior número de indivíduos. O seu objeto consiste numa utilidade concreta (bem ou serviço).
Indiscutivelmente, nos dias atuais, o Ministério Público assumiu um papel de enorme relevo na efetivação dos direitos da população infanto- adolescente, que corresponde a 30%(trinta por cento) do total de habitantes do país.
Isto porque historicamente crianças e adolescentes nunca receberam a devida atenção por parte do Estado, da sociedade, e até mesmo da própria família, em que pese os inúmeros pensamentos propagados ao longo dos tempos em sentido absolutamente contrário, como por exemplo : “educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”; ou ainda, “o que se faz agora com as crianças é o que elas farão depois com a sociedade”, dentre tantos outros.
É possível aferir, pois, que existe uma enorme distância entre a realidade vivida por nossas crianças e adolescentes e a retórica empregada por nossos governantes, agentes políticos, e, sociedade em geral, pois, ao mesmo tempo em que reconhecem a importância da criança para o futuro da nação nada fazem de concreto para que isto venha a ocorrer.
Buscando a superação desta distância, o Ministério Público tornou-se um paladino da causa infanto- adolescente, promovendo as mais variadas ações, judiciais e extrajudiciais, voltadas à realização dos direitos este promovendo a articulação e funcionamento da rede de atendimento colocada á disposição da população-juvenil. Afinal, “sendo uma instituição de tutela do ingresso social, cabe ao Ministério Público aproximar-se da coletividade, de organismo e entidade de representação. Diga-se aqui que as ações extrajudiciais são de suma importância para a implementação da doutrina da proteção integral, quer por meio da divulgação da legislação em vigor, quer por meio de articulações políticas junto aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, aos Conselhos tutelar.
O Poder Judiciário, por seu turno, internalizando esta responsabilidade passou a compelir os demais Poderes a atenderem o mandamento constitucional previsto no artigo 227º, inclusive, os Tribunais Superiores passaram a consagrar a garantia da prioridade absoluta e o atendimento do superior interesse da criança nos casos postos em julgamento. 
A AGARANTIA DA PRIORIDADE ABSOLUTA E SUPERIOR INTERESSE DA CRIANÇA. 
Como bem pondera, é comum, em sede de responsabilidade civil, falarmos na tendência moderna de socializar o dano. No direito da criança e do adolescente estamos socializando a responsabilidade, buscando assim, prevenir, evitar, ou mesmo minimizar o dano que imediatamente recairá sobre a criança ou jovem, mas que de forma mediata será suportado por todo o grupamento social.
É certo que a garantia da prioridade absoluta consagrada no artigo 227º da CF-88 constitui diretriz de ação para a efetivação dos direitos fundamentais, sendo vista como uma tentativa de superação das práticas assistencialistas, meramente emergenciais e segmentadas, que excluíam a maior parte do universo das crianças e adolescentes da possibilidade de usufruir os serviços decorrentes das políticas sociais básicas.
Muito embora a carta magna arrole outras prioridades e princípios, tais como efetivação dos direitos e garantias fundamentais, há que se levar em conta que o legislador constituinte apenas e num único momento estabeleceu que esta prioridade e absoluta, e, isto se deu no artigo 227°. 
Consignou-se, portanto, uma verdadeira primazia, preferência ou diretriz no que tange à formulação de políticas sociais públicas, aonde em primeiro lugar e acima de todas as demais ações governamentais ou não governamentais devem figurar as ações voltadas às nossas criançase adolescentes. Também é certo que esta determinação se aplica à família, à sociedade e ao Poder Público em todas as suas esferas, vale dizer: Poder Executivo, Poder Judiciário, Poder Legislativo e Ministério Público.
Por sua vez, esta garantia de atenção absolutamente prioritária visa atingir a um determinado fim e que neste caso é o asseguramento do superior interesse da criança.
O superior interesse da criança encontra assento no dispositivo constitucional em comento e ainda, na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança quando em seu artigo 3.1 estabelece que: “todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o interesse maior da criança”. Este princípio estrutural da doutrina da proteção integral transcende a esfera das discussões sobre guarda (aonde é amplamente utilizado) a partir do momento em determina que toda e qualquer a ação voltada à promoção ou resguardo dos direitos de crianças e adolescentes, portanto, não somente aquelas empreendidas pelos pais, mais sim, pelo Estado, sociedade e família deve necessariamente buscar o bem-estar de nossas crianças, inclusive, e, se necessário, com a sobreposição de seus direitos em face dos demais. Logo, a resolução de todos os atos ou fatos que possam afetar ou atingir nossas crianças devem ser dirimidos à luz deste princípio. 
Para que o superior interesse da criança seja efetivamente atendido no caso concreto afigura-se como medida imprescindível que esta análise se dê por meio de um enfoque interdisciplinar, envolvendo, portanto, as mais variadas áreas do conhecimento e, principalmente, mais de um ator.
De fato, como a criança é um ser humano em pleno processo de desenvolvimento físico, psíquico, intelectual, moral, social e espiritual, exige-se uma atuação conjunta envolvendo as mais variadas áreas do conhecimento, para que somente, ao final, com uma análise conglobada de todas estas facetas é que poderemos nos aproximar daquilo que deve ser seu superior interesse.
A POSTURA ADOTADA PELO PODER JUDICIÁRIO NA ÁREA INFANTO-JUVENIL.
Apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente determinar que os Estados e o Distrito Federal, deverão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões (art. 145º), é oportuno lembrar que quando da celebração dos 18 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Associação Brasileira de Magistrados, Promotores e Defensores da Infância e Juventude - ABMP promoveu um levantamento que revelou as fragilidades do sistema de justiça especializada para o segmento infanto-juvenil, constatando que apenas 3% das comarcas do país possuíam vara da infância e juventude. Este levantamento revelou que apenas 92 comarcas possuem varas da infância - o que corresponde a 3,4% das 2.643 comarcas de todo o País, e ainda, que existe uma enorme disparidade entre as regiões do país: enquanto no Norte existe um juiz especializado para cada 279 mil habitantes, no Sudeste essa relação é de um juiz para cada 503 mil habitantes. Em suma, este estudo, demonstrou que a garantia da prioridade absoluta é inexistente na organização do Sistema de Justiça da Infância e da Juventude no País. 
Ainda de acordo com esta pesquisa, apurou-se a seguinte relação de habitantes por juiz especializado em infância e juventude, por Região: 1) Sudeste - 503.188; 2) Centro-oeste - 494.551; 3) Nordeste - 433.975; 4) Sul - 302.009; 5) Norte - 279.357. Média do Brasil : 438.896, e, a seguinte relação habitantes por juiz especializado em infância e juventude - por estado: Amazonas 823.301; Pernambuco 748.648; Goiás 681.830; Rio de Janeiro 677.052; DF 613.975; Bahia 576.103; São Paulo 576.103; Ceará 486.283; Minas Gerais 443.106; Paraná 440.585; Santa Catarina 392.232; Piauí 389.969; Rondônia 369.345; Alagoas 366.454; Paraíba 348.607; Mato Grosso do Sul 302.131; Acre 290.639; Maranhão 282.709; Mato Grosso 263.415; Sergipe 260.151; Rio Grande do Sul 252.754; Rio Grande do Norte 252.155; Roraima 249.853; Amapá 218.125; Pará 203.737; Tocantins 178.386; Espírito Santo 188.050. 
De outra parte, da análise do critério distributivo de competência firmado pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Ceara depreende-se que apenas as comarcas com quatro varas judiciais ou mais é que passaram a contar com Vara da Infância e Juventude, e ainda, que somente os municípios de grande porte contam com varas judiciais específicas e exclusivas. 
Além deste número significativamente reduzido de varas da infância e juventude, insta salientar que a maioria esmagadora delas, senão todas, apresentar um quadro funcional defasado e desestruturado, isto porque não contam com assessores, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, dentre outros cargos importantes para a completa compreensão do fenômeno criança e adolescente. 
ATUAÇÃO DO MINISTERIO PUBLICO COMO FISCALIZADOR.
A atuação do Ministério Público, no âmbito de proteção da criança e da juventude, pode ocorrer-se pela propositura de inúmeras ações civis públicas. Previamente, não se pode afastar a possibilidade de ajuizamento de representações interventivas ou de ações diretas de inconstitucionalidade de norma federal, estadual ou municipal (até mesmo por omissão) ou, ainda, de ajuizamento de mandado de injunção, quando a falta de norma regulamentadora torna-se inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais. Todavia deve ser ressaltado o importante papel fiscalizador exercido pelo Ministério Público quanto aos gastos públicos, às campanhas, aos subsídios e investimentos estatais ligados à área em exame. Igualmente, devem ser consideradas as ações civis públicas destinadas a proteger a criança e o adolescente enquanto destinatários de propaganda ou na qualidade de consumidores (arts. 77-82 do Estatuto e Lei nº 7347, de 1985).
Pelo Estatuto, regem-se pelas disposições da Lei no 8069/90 as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não-oferecimento ou oferta irregular: - do ensino obrigatório; - de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência; - de atendimento em creche e pré-escola; - de ensino noturno; - de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde; - de serviço de assistência social; - de acesso às ações e serviços de saúde; - de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade (CF. art. 208). Reiterem-se, enfim, duas questões fundamentais, assim interpretadas num contexto que concorre para melhor proteção da criança e do adolescente.
De um lado, a enumeração de ações civis públicas de iniciativa ministerial é meramente exemplificativa, haja vista a norma residual ou de extensão contida não só no art. 201º VI, do Estatuto, como no art. 129º, III, da Constituição federal. De outro, nessa área, não é nem poderá ser exclusiva a legitimidade ativa do Ministério Público (arts. 201º, § 1º, e 210º do Estatuto; art. 129º, § 1º, da CR); sua iniciativa não exclui a de terceiros, na forma da lei. A Defesa de Interesses Difusos e Coletivos na Área de Proteção à Criança e à Juventude.
Em vista dos bons frutos da Lei no 7347/85, a Constituição de 1988 não só ampliou o rol dos legitimados ativos para a defesa dos interesses trans individuais, como alargou as hipóteses de cabimento da sua tutela judicial (V.G.., art. 5º, XXI - que confere às entidades associativas a representação de seus filiados em juízo ou extrajudicialmente; art. 5º, LXX - que cuida do mandado de segurança coletivo; art. 8º, III - que confere aos sindicatos a representação judicial ou administrativa dos interesses coletivos ou individuais da categoria etc.).
 “é muito estreita a ligação do Ministério Público com as normas de proteção à criançae ao adolescente, pois que está ele naturalmente votado à defesa de interesses sociais e dos interesses individuais indisponíveis”, isto porque “os direitos e interesses ligados à proteção da criança e do adolescente sempre têm caráter social ou indisponível, conseqüentemente não se pode excluir a iniciativa ou a intervenção ministerial em qualquer feito judicial em que se discutam esses interesses. “Assim tanto interesses sociais ou interesses individuais indisponíveis ligados à proteção da criança e do adolescente merecem tutela pelo Ministério Público; o mesmo se diga dos interesses individuais homogêneos, coletivos ou difusos ligados à infância e à juventude.
Apesar de ser constitucionalmente assegurada ao Ministério Público a autonomia funcional e administrativa, percebe-se que na prática a criação e implantação de Promotorias da Infância e Juventude ainda está atrelada à pratica dos Tribunais, neste caso, Tribunal de Justiça do Estado do Ceara, e, por conseguinte, também apresenta uma estrutura deficitária análoga àquela acima explicitada. No que se refere - se a atuação em segundo grau os procuradores de justiça a distribuição de serviços subdivide-se em procuradorias cíveis e criminais não constando a existência de uma procuradoria destinada ao acompanhamento específico das questões relacionadas à infância e juventude. Nesse sentido, decisão do Supremo Tribunal Federal, de relatoria do Ministro Celso de Melo, quando do julgamento da adpf Nº 45 MC/DF, o qual, com muita propriedade, faz uma profunda análise sobre o ativismo judicial no controle das políticas públicas, sobretudo em face da teoria da “reserva do possível”:
EMENTA: ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO CONTROLE E DA INTERVENÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO EM TEMA DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS, QUANDO CONFIGURADA HIPÓTESE DE ABUSIVIDADE GOVERNAMENTAL. DIMENSÃO POLÍTICA DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INOPONIBILIDADE DO ARBÍTRIO ESTATAL À EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS, ECONÔMICOS E CULTURAIS. CARÁTER RELATIVO DA LIBERDADE DE CONFORMAÇÃO DO LEGISLADOR. CONSIDERAÇÕES EM TORNO DA CLÁUSULA DA "RESERVA DO POSSÍVEL".NECESSIDADE DE PRESERVAÇÃO, EM FAVOR DOS INDIVÍDUOS, DA INTEGRIDADE E DA INTANGIBILIDADE DO NÚCLEO CONSUBSTANCIADOR DO "MÍNIMO EXISTENCIAL". VIABILIDADE INSTRUMENTAL DA ARGÜIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO NO PROCESSO DE CONCRETIZAÇÃO DAS LIBERDADE POSITIVAS E (DIREITOS CONSTITUCIONAIS DE SEGURANÇA COERÇÃO).
A hipótese de que o Ministério Público e também uma associação se apresentem para assumir a titularidade, é resolvida pelo litisconsórcio. 
1 É admitido litisconsórcio facultativo entre o Ministério Público da União e dos Estados, figura que é reconhecida na jurisprudência e que deverá estar presente, também, no futuro Código de Defesa do Consumidor, nada obstante parecer esdrúxula, porque sempre importará em que um Ministério Público atue em jurisdição estranha. 
2. A atuação do Ministério Público pode ser provocada por funcionários públicos, que tem o dever de prestar-lhe informações sobre fatos que possam constituir objeto de ação civil, remetendo-lhe as peças necessárias. As mesmas informações também podem ser prestadas por qualquer pessoa (art. 220º). Os juízes e tribunais também devem remeter ao Ministério Público as peças processuais de que tiverem conhecimento no exercício de suas funções e que possam ensejar a propositura de ação civil (art. 221º). 
3. Na maioria das vezes, a iniciativa processual do Ministério Público, nessa espécie de ação, se originará do inquérito civil. Ao poder de requisição de documentos e perícias que já o instrumentalizava na Lei 7.347 (art. 8º, par. 1º), a Lei 8.069 acrescentou o de notificação, inclusive a requisição de força policial, em caso de não comparecimento injustificado da pessoa notificada (art. 201º VI, "a"). Desnecessário advertir que todo excesso pode configurar abuso de autoridade. A instalação de abrigo em condições adequadas, com a fiel observância do que está contido nos artigos 92º e 94º do Estatuto da Criança e do Adolescente, exige o dispêndio de recursos que, a toda evidência, não estão previstos no atual orçamento do município.
Não interessa aos autores que se imponha à municipalidade o início imediato do serviço de abrigo a crianças e adolescentes em condições insatisfatórias, até porque a junção desses dois fatores – ausência de previsão orçamentária e início do serviço em condições precárias – levariam certamente à reversão de provimento jurisdicional liminar assim exarado, até sem muito esforço.
Pretendem os autores, então, que seja determinada a inclusão de previsão orçamentária, no próximo orçamento, suficiente para a destinação de um prédio onde possa ser instalado e mantido um abrigo para crianças e adolescentes em situação de risco, com um mínimo de 20 (vinte) vagas e fiel observância, para o seu funcionamento, do que se contém nos artigos 92 e 94, da Lei 8069/90. Surge então, já que estamos a alguns meses do prazo fatal para remessa do projeto de lei orçamentária do ano vindouro, que seja concedida medida liminar para a inclusão de verba tal como aqui pleiteado. Não se cuida de indevida ingerência no Poder Executivo pela só razão de que as normas que o obrigam a tanto são imperativas, não havendo margem de discricionariedade no tratamento da questão. A não ser assim, a prioridade absoluta a que aludem a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente para esses seres em formação não passará de um conjunto de recomendações sem o mínimo de efetividade 94, da Lei 8069/90, determinando-se ainda um prazo de 180 dias, a partir de 01.01.2008¸para que o abrigo inicie as suas atividades. Requer-se, ainda, a citação da municipalidade, para que, querendo, ofereça resposta no prazo legal.
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
•	MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade, coordenadora, in Curso de Direito da Criança e do Adolescente – Aspectos teóricos e práticos. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2010.
•	MAIOR NETO, Olympio de Sá Sotto, no artigo: “PODER JUDICIÁRIO, MINISTÉRIO PÚBLICO E A PRIORIDADE ABSOLUTA PARA A INFÂNCIA E A JUVENTUDE”, fonte: http://www.abmp.org.br/textos/289.htm
•	MANATA, Celso José Neves. Artigo “… no superior interesse da criança” apresentado no Seminário: Direitos das crianças e intervenção que competências?, Centro Ismaili, em 24 de Abril de 2008, fonte: www.cnpcjr.pt/preview_documentos.asp?r=2249&m=DOC .
•	MAZZILLI, Hugo Nigro. Artigo: “O MINISTÉRIO PÚBLICO NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE”, fonte: www.mazzilli.com.br/pages/artigos/mpnoeca.pdf

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