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RESUMO_O CAPITAL CAPÍTULO 21 - REPRODUÇÃO SIMPLES Como as pessoas não podem deixar de consumir, logo também não se pode deixar de produzir. Portanto, seja em qualquer forma social de produção, todo processo social de produção é também processo de reprodução. De todo modo uma sociedade só é capaz de reproduzir sua riqueza se, e só se, em determinado período de tempo ela produzir os meios de produção em escala igual que serão utilizados em um novo processo de produção. No modo de produção capitalista, o processo de trabalho aparece apenas como um meio para o processo de valorização, e da mesma forma a reprodução aparece como um meio para reproduzir o valor adiantado como capital, como o valor que se valoriza (por ex,$100 se transforma em capital e produz um mais-valor de $20). Mas o caráter capitalista só é assumido quando este valor adiantado, que agora é propriamente capital, entra continuamente nesse processo. Desse modo o mais-valor obtido assume a forma de uma renda proveniente do capital. Se essa renda serve ao capitalista apenas como fundo de consumo ou é gasta com a mesma periodicidade com que é obtida, então ocorre, a reprodução simples. Essa mera repetição ou continuidade imprime no processo características novas e dissolve as que ela ostentava quando ocorria de forma isolada. A primeira é de que o valor pago a força de trabalho, valor esse que só é pago depois de atuada essa força, assume a forma de um capital pago ao trabalhador, o capital variável. Também agora o que antes era o ponto de partida do processo de produção, isto é, o confronto no mercado, do trabalhador e do capitalista, na reprodução simples se torna resultado próprio da produção capitalista. De um lado o processo de produção transforma a riqueza material em capital, de outro coloca o trabalhador sob domínio do capital, pois ele sai do processo de produção da mesma forma como ele entrou, como fonte pessoal de riqueza, e destituído dos meios para tornar essa riqueza efetiva para si. Nessa forma, o próprio trabalho já esta alienado do trabalhador, e por isso, esse trabalho se objetiva em um produto alheio, que não pertence ao trabalhador e sim ao capitalista. O consumo do trabalhador é duplo. Na medida em que ele consome os meios de produção, por meio de seu trabalho, é consumo produtivo. E na medida em que ele consome o dinheiro pago pelo capitalista em meios de subsistência, consumo individual. Entretanto, se considerarmos a reprodução simples, a mera continuidade do processo, o consumo individual é também lucro do capitalista, pois o dinheiro que ele paga ao trabalhador, este último gasta em meios de subsistência que o permitirão vender sua força uma vez mais e reproduzir esses mesmos meios de subsistência. A manutenção e reprodução constantes da classe trabalhadora continuam a ser uma condição constante para a reprodução do capital. Em si próprio processo de produção capitalista, representa um rompimento entre a força de trabalho e as condições de trabalho. Ele força o trabalhador a vender continuamente sua força de trabalho para sobreviver e condiciona o capitalista a comprar esta força. Já não é mais o confronto entre o capitalista e o trabalhador no mercado, é um beco sem saída. Esse processo de reprodução produz não apenas mercadorias, não apenas mais-valor, mas produz e reproduz a própria relação capitalista: de um lado, o capitalista, do outro, o trabalhador assalariado. CAPÍTULO 22 - TRANSFORMAÇÃO DE MAIS-VALOR EM CAPITAL A aplicação de mais-valor como capital ou a reconversão de mais-valor em capital se chama acumulação de capital, essa é a reprodução ampliada. O mais-valor agora é também aplicado como capital. Ou seja, o trabalho não pago vira capital. O produto derivado de um capital adiantado tem mais-valor em sua composição de valor, esse produto ao ser vendido, se converte em dinheiro, e dessa forma o mais-valor muda sua existência, se transforma em dinheiro, e passa a ser aplicado como capital da mesma forma que o valor adiantado de antes. Para haver acumulo de capital, é necessário transformar parte do mais-produto em capital. Mas o que é o mais-produto? Nada mais é que o liquido da produção ao se retirar os componentes materiais, os meios de produção utilizados no período anterior para a produção dos produtos, do qual o mais- produto é o líquido. O mais-valor só é convertido como capital, dado que o mais-produto, do qual ele é valor, traz em si os componentes materiais de um novo capital, isto é, é um meio de produção ou de subsistência que é utilizável no processo de trabalho. Para aplicar esse mais-valor o capital precisa empregar mais forças de trabalho, mas isso não é problema, pois o mecanismo de produção capitalista faz com que o trabalhador necessite vender sua força de trabalho para sobreviver. Sendo assim, a acumulação de capital não é mais do que a reprodução do capital em escala progressiva. Podemos compreender que esse mais-valor, o mais-produto, derivado do trabalho alheio não pago, ao incorporar novas forças de trabalho exprime a seguinte situação: que a classe capitalista continua a agir segundo o velho procedimento do conquistador que compra as mercadorias dos vencidos (classe trabalhadora) com o dinheiro que roubou destes últimos. A acumulação impõe como condição que para ocorrer apropriação de trabalho não pago, em escala cada vez maior, seja derivado de uma apropriação de trabalho não pago passada. A relação de troca entre o capitalista e o trabalhador se converte, assim, em mera aparência pertencente ao processo de circulação, numa mera forma, estranha ao próprio conteúdo e que apenas o mistifica. A contínua compra e venda da força de trabalho é a forma. O conteúdo está no fato de que o capitalista troca continuamente uma parte do trabalho alheio já objetivado, do qual ele não cessa de se apropriar sem equivalente, por uma quantidade maior de trabalho vivo alheio. Agora, ao contrário, a propriedade aparece do lado do capitalista, como direito a apropriar-se de trabalho alheio não pago ou de seu produto; do lado do trabalhador, como impossibilidade de apropriar-se de seu próprio produto. A cisão entre propriedade e trabalho torna-se consequência necessária de uma lei que, aparentemente, tinha origem na identidade de ambos. As leis de propriedade que regulam a produção de mercadorias se convertem em leis da apropriação capitalista.
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