Buscar

O DIREITO PORTUGUÊS E O DIREITO NO BRASIL COLÔNIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS
MISSÕES – URI CAMPUS ERECHIM
O DIREITO PORTUGUÊS E O DIREITO NO BRASIL COLÔNIA:
HISTÓRIADO DIREITO
ERECHIM
2017
INTRODUÇÃO:
Este trabalho visa trazer a tona os principais aspectos do Direito Português e a sua influência no Direito Brasileiro, principalmente, à época do Brasil Colônia. A intenção é fazer um breve relato sobre asOrdenações (Afonsinas, Manuelinas e Filipinas), a organização nacional anterior à independência, a constituição de 1824 e as suas garantias fundamentais.
1. As Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas:
As Ordenações foram ostrês principais conjuntos de leis portuguesas até o fim da monarquia.
Deve-se observar que no século XV já havia em Portugal diversas leis emanadas das culturas da Antiga Roma, dos germanos e da cultura eclesiástica, mas faltava certa sistematização que possibilitasse a ideia de uma unidade jurídica. Fazia-se necessário determinar quais seriam as fronteiras do Direito Canônico e do Direito Romano, bem como definir suas relações com os princípios do direito natural. Portugal, no início do século XV, sentiu tal necessidade.
A multiplicidade de normas jurídicas, bem como as contradições dela originadas, pode ser apontada como a causa imediata das Ordenações Portuguesas, que representam um esforço pioneiro de sistematização do direito nacional. A estreitarelação percebida entre as transformações que marcam um período com as mudanças na legislação são percebidas, também, na substituição de uma Ordenação por outra.
Os códigos legislativos portugueses mais abrangentes eram denominados Ordenações do Reino, queeram regulamentos que levavam o nome dos reis que as faziam elaborar ou compilar e que pretendiam dar conta de todos os aspectos legais da vida dos súditos. Trata-se das Ordenações Afonsinas (1446), Ordenações Manuelinas (1521) e Ordenações Filipinas, promulgadas no ano de 1595 e editadas em 1603, período de domínio espanhol do império luso.
As Ordenações Afonsinas foram a primeira grande compilação das leis esparsas em vigor. Criadas no reinado de D. Afonso V, que reinou em Portugal de 1438 a 1481, são divididas em cinco livros que tratam desde a história da própria necessidade daquelas leis, passando pelos bens e privilégios da Igreja, pelos direitos régios e de sua cobrança, pela jurisdição dos donatários, pelas prerrogativas da nobreza e pela legislaçãoespecial para os judeus e mouros; o livro IV trata mais especificamente do chamado direito civil; e o livro V diz respeito às questões penais.
As Ordenações Manuelinas foram publicadas pela primeira vez em 1514 e receberam sua versão definitiva em 1521,ano da morte do rei D. Manuel I. Foram obrada reunião das leis extravagantes promulgadas até então com as Ordenações Afonsinas, visando a um melhor entendimento das normas vigentes. A invenção da imprensa e a necessidade de correção e atualização das normas contidas nas Ordenações Afonsinas foram justificativas para a elaboração das novas leis. A estrutura de cinco livros foi mantida, algumas leis foram suprimidas e/ou modificadas e um estilo mais conciso foi adotado.
As Ordenações Filipinas, promulgadas em 1603, durante o reinado de Felipe II (1598 a 1621), compuseram-se da união das Ordenações Manuelinas com as leis extravagantes em vigência. No período conhecido como União Ibérica, no qual Portugal foi submetido ao domínio da Espanha (1580 a 1640), foramconcebidas as últimas leis que o reino lusitano teve até ver o fim na monarquia. As novas Ordenações foram necessárias devido à atualização com o direito vigente, pois algumas normas já estavam em desuso e outras precisavam ser revistas. Felipe II, apesarde ser Espanhol, mostrando habilidade política, promulgou as novas leis dentro de um espírito tradicional respeitando as leis portuguesas, mantendo-se, inclusive, a mesma forma das Ordenações anteriores.
O período das Ordenações revela decisivas contribuições para a solidificação do Estado português e do Direito moderno ao passo que evidencia a frequente tentativa histórica de os povos consolidarem os poderes instituídos, possibilitando melhor distribuição de justiça. Nota-se que a iniciativa de compilar alegislação é mais expressiva após longos períodos de sua produção espontânea.
2. Organização local no Brasil antes da independência:
Como é de conhecimento, após o descobrimento da América, as terras que posteriormente viriam a serem denominadas de “Brasil”, foram descobertas pelos portugueses, mais propriamente, por Pedro Alvares Cabral, no ano de 1500.
Em 1532, Martim Afonso de Souza, em expedição designada pelo rei João III, trouxe para a colônia as primeiras leis (três cartas régias datadas de 1530),dentre as quais uma que lhe nomeava capitão-mor de todas as terras que fossem descobertas, dando-lhe alçada de juiz no crime e no cível.
No Brasil, o primeiro sistema administrativo foi o de capitanias, governadas pelo capitão-mor, ou seja, a terra foi dividida em senhorios, dentro do senhorio do Estado, tendo como natureza jurídica a autarquia territorial, não havendo laços de coesão entreas capitanias, muito menos obrigação recíproca de se defenderem no caso de agressão externa, elas sujeitavam-se diretamente à metrópole.
As figuras administrativas e jurídicas desse período foram:
Governador: era o capitão-mor donatário, cuja jurisdição se estendia a todo território da capitania, com alçada no cível e no crime, em conjunto com o Ouvidor.
Ouvidor: figurajudiciária de grande relevância, era a maior autoridade depois do capitão-mor, tendo como funções a judiciária e a administrativa, vindo de Portugal já nomeado pelo donatário.
Juízes: os primeiros foram o juiz ordinário e o juiz de fora, seguidos por outras espécies de juízes de primeira instância, cujos cargos foram criados por lei, tendo suas funções especificadas nas Ordenações do Reino.
Juiz ordinário: presidente nato da Casa da Câmara, eleito pelos “homens bons”, tinha sua eleição confirmada pelo Ouvidor, não havendo necessidade de ser bacharel, usando como insígnia a magistratura, a vara vermelha, assim como os demais juízes, com exceção do juiz de fora.
Juiz de fora: nomeado pelo Rei, tinha de ser letrado e entendido, ou seja, versado em Direito, bacharel em leis. Esse juiz visitava as Comarcas, servindo nos lugares que não tinham juiz, bem como auxiliando em suas funções os juízes ordinários que lhe cediam a jurisdição, bem como substituía o ouvidor, na sua ausência ou impedimento.
Juiz de vintena: atuava em aldeias pequenas, com mais de 20 famílias (o que dava o seu nome, isto é, juiz de vintena ou vintenário), sendo um pequeno juiz, um juiz de paz, com alçada entre 100 e 400 réis, decidindo verbalmente os pleitos, podendo prender em flagrante os malfeitores.
Juiz pedâneo: na escala dos juízes, esse era o mais ínfimo, sendo mandado servir em lugares distantes, de pequena importância. “Desta forma, era denominado de pedâneo por andar a pé ou por julgar de pé”.
Juiz de órfãos apartado: esse tipo de juizdevia existir desde as Ordenações Manuelinas em vila onde residiam mais de 400 vizinhos. Devendo ter mais de 30 anos de idade, esse juiz devia saber o número de órfãos existentes na comarca, providenciar-lhes tutor, saber se tinham bens e cuidar dos mesmos. Na ausência desse juiz, o juiz ordinário acumulava as duas varas.
Escrivães: havia aqueles que atuavam como juízes ordinários, outros como ouvidor e os que trabalhavam com os demais juízes. Deveriam ser muito diligentes e aplicados, no caso de órfão, emanotar, arrecadar e zelar pelos bens desses menores. Além disso, deviam prestar fiança antes de entrar no exercício do cargo.
Tabeliães: as Ordenações Manuelinas dispuseram sobre os tabeliães, sendo que em cada lugarejo afastado uma légua ou mais da vila,deveria ter um tabelião, o qual era escolhido pelos vereadores da vila próxima, podendo ser um morador que jurava sobre os Evangelhos que serviria fielmenteo ofício.
Vereadores: eram eleitos pelos “homens bons” e, uma vez eleito, era cargo obrigatório, sendo a reeleição imediata proibida, podendo ser reeleito três anos após terminar o mandato. Prestava fiança antes de exercer o cargo, tendo seus bens hipotecados em nome da Casa da Câmara, enquanto durasse o mandato.
Almotacés: os almotacés eram oficiais com funções administrativas e judiciais, sendo uma espécie de fiscais, competindo-lhes a polícia administrativa e higiênica das vilas, tendo como atribuições: fiscalizar a limpeza e todas as questões referentes acaminhos, estradas, ruas, becos, praças, logradouros públicos, mercados, aquedutos etc. Eram eleitos mensalmente na Casa da Câmara pelo juiz ordinário, seu presidente nato.
Inquiridores: eram os juízes bem entendidos e diligentes, destinados a inquirir testemunhas nos processos.
Procurador:representava o Rei na Casa da Câmara, sendo uma espécie de promotor de justiça.
Provedor: o provedor representava a fazenda, sendo uma espécie de procurador e fiscal da Coroa.
Tesoureiro: competia a ele cuidar e zelar pelo dinheiro existente na Casa da Câmara, resultante de multas, fianças e fintas, além de outras arrecadações.
Vedor: era responsável pela arrecadação de taxas e multas.
Meirinhos: inicialmente denominados de “cursores”, tinham a incumbência de levar cartas dos juízes para fazer as diligências nela mandadas, sendo que havia três categorias de meirinhos.
Meirinho-mor: muito principal e nobre, a serviço de El-Rei, era o oficial de justiçar particular do Rei.
Meirinho da Corte: andava continuamente na Corte no intuito de levantar as forças, prender malfeitores e outras diligências.
Meirinho das cadeias: cumpria os mandados de justiça.
Corregedor: era uma espécie de fiscal dos juízes.
Quadrilheiros: eras os policiais civis da vila, que prendiam os malfeitores, evitavam malefícios e perseguiam vagabundos.
Após a derrota de Napoleão, D. João VI elevou o Brasil a condição de Reino, unido a Portugal, permanecendo no Rio de Janeiro, até 1820, quando as cortes exigiram seu retorno a Lisboa, em 1820, e aceitasse uma constituição liberal. Desta forma, D. João VI deixou seu filho Pedro como príncipe regente no Brasil, o qual, em 1822, tomou medidas para declarar o Brasil independente, coroando a si mesmo como D. Pedro I. Dia 12 de outubro D. Pedro I é aclamado primeiro imperador do país.
3. A carta constitucional de 1824:
Após o rompimento dos laços institucionais com Portugal iniciou-se um lento processo para criar e instituir regras brasileiras desvinculadas da matriz lusitana, o que não significa dizer que seriam diametralmente opostas àquelas.
Em abrilde 1822, D. Pedro escrevia ao pai informando que era opinião corrente a necessidade de se criar Cortes Gerais brasileiras para tratar dos assuntos do país. Num primeiro momento, a Assembleia teria como principal função “verificar a viabilidade da aplicaçãoao Brasil da Constituição em elaboração pelas Cortes, estabelecer as emendas, assim como deliberar sobre as justas condições em que o Brasil deveria permanecer unido a Portugal”. 3 Em junho, D. Pedro convocou uma Assembleia denominada de luso brasiliense.A convocatória não era uma proposta de rompimento com Portugal, pois ainda se falava em manter a unidade luso-brasileira, bem como em examinar e adaptar as bases constitucionais portuguesas.
O processo eleitoral para a nova Assembleia foi lento. As instruções foram apresentadas em junho de 1822. Em setembro, D. Pedro proclamou a Independência e as características da Assembleia mudaram, a principal é que ela passou a ter a missão de criar a primeira Constituição brasileira. Noventa deputados foram eleitos,na sua maioria, eram brasileiros natos e membros da elite intelectual. As primeiras cinco sessões foram preparatórias, trataram de regras e formalidades para o funcionamento da Assembleia. A sessão inaugural foi marcada para 3 de maio e contou com a presença de D. Pedro que na Fala à Assembleia, enfatizou a luta pela liberdade do povo brasileiro, mas não fez o que dele se esperava: jurar a Constituição.
Em 12 de novembro, D. Pedro decretava o fechamento da Assembleia prometia outro projeto de Constituição “que será duplicadamente mais liberal, do que a que a extinta Assembleia acabou de fazer”. 11 Porém, não cumpriu a promessa. A responsabilidade de elaborar a Constituição saiu dos noventa deputados eleitos e passou para os dez representantes escolhidos peloImperador. O resultado do trabalho daqueles senhores D. Pedro apresentou em 24 de março de 1824: a Constituição Política do Império do Brasil ou Carta Constitucional outorgada. Tinha como características soberania popular limitada e um poder neutro superior aos demais são as principais, O poder moderador, é sem dúvida, o diferencial da Constituição brasileira, pois nenhuma antes dela havia apresentado um quarto poder.
O Poder Moderador, afirmava a Constituição, era a chave de toda a organização política. Esse Poder era exercido pelo Imperador, e se destinava a velar pela independência, equilíbrio e harmonia dos outros Poderes (art. 98). A pessoa do Imperador era inviolável e sagrada, não estando sujeito a responsabilidade alguma (art. 99). Naturalmente, talinstituição desfigurava a ideia de equilíbrio e controle recíproco entre os poderes. O Poder Executivo era exercido por um ministério, de livre nomeação e demissão pelo Imperador, que era também o chefe do Poder Executivo (art. 102). Assim como o Imperador não tinha nenhuma responsabilidade, os seus ministros não tinham o dever de prestar contas, embora fossem responsáveis por qualquer dissipação dos bens públicos (art. 133, § 6o).
O Poder Legislativo era exercido pela Assembleia Geral, composta por duas Câmaras: Câmara de Deputados e Câmara de Senadores ou Senado (art. 14). A Câmara de Deputados era composta por deputados eleitos por período temporário (art. 35) e o Senado era composto de senadores vitalícios e de livre escolha do Imperador, a partir de lista tríplice eleita pelas províncias (art. 40). As eleições eram indiretas, tanto para senadores como para deputados, pois os cidadãos elegiam em assembleias paroquiais os eleitores das províncias (art. 90). Havia também a possibilidade de o Poder Moderador exercer o direito de dissolução da Câmara dos Deputados (art. 101).
O Poder Judiciário era composto de um Supremo Tribunal de Justiça, que era um órgão superior localizado na capital do Império (art. 163). Esse Tribunal foi criado pela Lei Complementar de 18 de setembro de 1828. Ainda existiam os Tribunais de Relação nas Províncias, os juízes de direito, os juízes de paz e os jurados. Esse Poder também era frágil, pois podia o Imperador, no exercício do Poder Moderador, suspender os magistrados (art. 101).
4. Direitos e Garantias na carta de 1824:
A Constituição de 1824 tinha como seu Título 8º: Das disposições gerais e garantias dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros. Este era o último título da Constituição. Também o art. 179, quetrazia um extenso rol de direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros, era o último artigo da Constituição. Isso demonstra que a Constituição não destinou um espaço de relevância para os direitos fundamentais.
O art. 179 afirmava que a inviolabilidade dos direitos civis e políticos tinham por base a liberdade, a segurança individual e a propriedade. Inspirava-se para isso no art. 2o da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Porém, diferente da Declaração francesa, não fez menção a umquarto direito natural: o direito de resistência à opressão. No art.179, constavam 35 incisos, contemplando direitos civis e políticos. Entre os direitos, encontravam-se: a legalidade, a irretroatividade da lei, a igualdade, a liberdade de pensamento, a inviolabilidade de domicílio, a propriedade, o sigilo de correspondência, a proibição dos açoites, da tortura, a marca de ferro quente e outras penas cruéis, entre outros direitos e garantias.
Os direitos políticos dos cidadãos eram graduados segundo suas rendase status social. A Constituição estabelecia clara- mente a renda necessária para o cidadão votar na escolha dos eleitores da província: renda líquida anual de cem mil réis por bens rurais, da indústria, do comércio ou de empregos (art. 92). Para sercandidato a deputado, a renda líquida anual deveria ser de quatrocentos mil réis por bens rurais, da indústria, do comércio ou de empregos (art. 95). Portanto, reinava o chamado voto censitário, o que não consistia numa particularidade brasileira, mas algotambém existente nos principais países europeus.
Vedava-se também o voto aos analfabetos (art. 92), que representavam mais de 80% da população no fim do século XIX, e às mulheres, que constituíam em torno de 50% da população. Em todo o Brasil somente 1% da população participava do processo eleitoral.
Apesar da declaração de direitos e garantias expressas na Constituição (art.179), resultante das ideias liberais da época, foi mantido o sistema escravocrata durante todo o Império, estando isso relacionado com a base econômica da época e a monocultura latifundiária. Somente no fim do Império, em 1888, é que foi abolida a escravidão. Isso demonstra o quanto esse regime político constitucional era contraditório.
5. A organização administrativa do Império do Brasil:
Historicamente, esse período foi dividido em três fases: o Primeiro Reinado, período inicial do Brasil – Império entre os anos de 1822 e 1831; o período Regencial, de 1831 até 1840, governado por Governos – Regenciais; e o Segundo Reinado, governadopor D. Pedro II.
Passado algum tempo depois da independência brasileira, a renúncia de D. Pedro I, em 7 de abril do ano de 1831, e a vitória dos liberais em relação aos conservadores no chamado período Regencial, em vez de suceder-se uma calmaria no país,sobreveio um período onde ocorreram várias revoltas, entre elas a Cabanagem (1835-1840), no Pará, a Sabinada, na Bahia (1834-1837), a Balaiada, no Maranhão(1838-1841) e a Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul (1835-1845) entre Chimangos e Maragatos. OSegundo Reinado foi marcado por lutas civis e pacificação interna (1840-1850), por lutas externas que envolveram países banhados pelo Rio da Prata, como Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai, este último arrasado pela guerra (1850-1870). Ainda, existiramcampanhas pela libertação dos escravos e em prol da proclamação da República (1870-1889).
	No Brasil, no entanto, os ideais iluministas não fizeram parte do cotidiano de todas as pessoas, uma vez que o liberalismo fez prosperar a elite da época. Além disso, houve no plano jurídico o surgimento de duas escolas de Direito, uma em São Paulo e outra em Recife, que oportunizaram os descendentes dos grandes fazendeiros e proprietários de terras a darem continuidade aos seus negócios. Posteriormente às escolas Jurídicas, surgiu um importante documento jurídico pós-independência, a Constituição Imperial de 1824, as- sinalando a forma monárquica de governo, caracterizada pela vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade do Chefe de Estado perante as consequências dos atos outorgados, obtendo, dessa maneira, o monarca, todos os poderes por meio do Poder Moderador. O grau de autoritarismo era enorme; não se vivia em um regime democrático de direitos; o povo não participava ativamente das decisões políticas do Estado. Em suma, o poder era centralizado nas mãos do imperador.
Vale salientar que a estrutura judicial no tempo do Império era com- posta pelos Magistrados, que representavam os interesses do imperador ou mantinham-se fiéis aos interesses lusitanos, pois, mesmo com a independência, não deixaram de existir simpatizantes do Antigo Regime. Os Magistrados faziam parte de uma camada privilegiada da sociedade, sendo inspirados pelo mercantilismo e absolutismo português, sem ter a menor compatibilidade com a cultura da população do denominado Império do Brasil. Pelo fato de exercer atividades governamentais, é possível dizer que eles foram os primeiros funcionários do Estado responsáveis pela consolidação de um sistema jurídico nacional.
Após a Constituição de 1824,outro documento legislativo de relevante importância foi o Código Criminal de 1830, advindo das Câmaras do Império com dificultosa aprovação, sendo objeto de seu conteúdo o princípio da legalidade de Cesare Beccaria, por meio da proporcionalidade do delito à pena. A pena era exclusiva do condenado, nunca passando para seus descendentes. Esse novo Código representou um avanço em relação às Ordenações do Reino de Portugal, embora preservasse a pena de morte, que, mais tarde, foi modificada pela prisão perpétua. A reforma no sistema judicial dessa época se encerra com o Código de Processo Criminal e o Código Comercial de 1850. O Código de Processo Criminal era inspirado no direito inglês e francês, o que representava o espírito liberal em detrimento das ordenações portuguesas. Teve como inovação o Habeas Corpus e o Sistema de Jurados. O Código Comercial atendia aos interesses da elite que, de longe, estava de acordo com as ideias sociais revolucionárias de países considerados os mais evoluídos do Ocidente.
CONCLUSÃO:
	Certamente o Direto no Brasil Colonial foi influenciado por outras legislações anteriores (neste caso, o Direito Português), mas também inspirou o Direito no Brasil Império e este, por sua vez, estimulou o Direito no Brasil República. Por isso, a compreensão dos fatos políticos e sociais fez da História do Direito importante instrumento para que se compreenda a formação histórico democrática do Estado de Direito brasileiro.
BIBLIOGRAFIA:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_direito_portugu%C3%AAs
http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leituraHYPERLINK "http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7088"&HYPERLINK "http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7088"a 
rtigo_id=7088
http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2045

Continue navegando