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Dissertação Carolina Gester

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1 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
CAROLINA DE SOUZA LEÃO MACIEIRA GESTER 
 
 
 
 
 
 
LADRILHOS HIDRÁULICOS EM BELÉM: SUBSÍDIOS 
PARA A SUA CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR-BA 
2013
 
2 
 
CAROLINA DE SOUZA LEÃO MACIEIRA GESTER 
 
 
 
LADRILHOS HIDRÁULICOS EM BELÉM: SUBSÍDIOS PARA A SUA 
CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Arquitetura e Urbanismo, da Faculdade de 
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia, 
como parte dos requisitos para a obtenção do grau de 
Mestre em Conservação e Restauro. 
Orientadora: Profª. Drª. Cybèle Celestino Santiago 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR-BA 
2013 
 
3 
 
CAROLINA DE SOUZA LEÃO MACIEIRA GESTER 
 
 
 
 
LADRILHOS HIDRÁULICOS EM BELÉM: SUBSÍDIOS PARA A SUA 
CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Profª. Dr
a
. Cybèle Celestino Santiago (orientadora) 
Doutora pela Universidade de Évora, Portugal 
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal da Bahia 
 
 
 __________________________________________________________________ 
Prof. Dr. Mário Mendonça de Oliveira 
Título de Notório Saber em Arquitetura, Universidade Federal da Bahia 
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal da Bahia 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
Profª. Dr
a
. Thais Alessandra de Bastos Caminha Sanjad 
Doutora pela Universidade Federal do Pará, Brasil. 
 Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo – Universidade Federal do Pará 
 
 
SALVADOR-BA 
2013 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a todos que me apoiaram e que contribuíram de alguma maneira, 
para a realização deste trabalho. Principalmente à minha família, minha mãe, meu 
pai (in memoriam) e minha irmã, por estarem sempre ao meu lado. Impossível 
conseguir expressar o meu sentimento de gratidão. 
 
Pai, agradeço por ter sido meu pai com toda força e essência da palavra, por 
ter me incentivado, junto com a minha mãe, ir a busca dos meus sonhos. Hoje sei 
que estás orgulhoso da minha conquista. 
 
Ao tio João Cezar Moura, meus agradecimentos pelas passagens cedidas, de 
tantas idas e vindas à Salvador, as quais permitiram presenciar momentos 
importantes, mesmo que estes tenham sido difíceis, junto com a minha família. 
 
Agradeço, em especial, ao meu noivo Rui Borges, por sua companhia 
fortalecedora. Obrigada por estar sempre ao meu lado. 
 
Aos professores Cybèle Santiago e Mário Mendonça, meus sinceros 
agradecimentos pela confiança e pela dedicação a mim e ao meu trabalho. 
Agradeço pela compreensão, devido a meus momentos de ausência. Minha 
admiração por vocês motivou a minha ida à Salvador, assim como a enfrentar todas 
as dificuldades. 
 
Agradeço aos amigos baianos, pela ajuda e companhia. Com destaque as 
amigas Sthefania Habeyche e Ana Cristian Magalhães, pelo apoio às minhas 
estadias em Salvador e, principalmente, pela amizade. E Lisa Sahadia, pelos 
momentos de trabalho juntas. 
 
À professora Thais Sanjad, pela participação intensa em todos os momentos 
de decisão, com dedicação e sabedoria. Obrigada pelos anos de confiança e por 
todo apoio. Dedico-lhe imensa admiração. 
 
 
5 
 
Obrigada aos amigos do LACORE, que estão sempre dispostos a contribuir, 
nem que seja apenas com palavras de desespero. Com carinho especial, agradeço 
às amigas Flávia Palácios e Juliana Fortes, com as quais muitas vezes dividi 
experiências e compartilhei o mesmo teto de maneira muito divertida. À professora e 
amiga, Rose Norat, o meu agradecimento pelas contribuições e incentivos. 
 
Aos laboratórios da UFPA e da UFBA que possibilitaram a realização das 
análises laboratoriais: Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação 
(LACORE/UFPA), Laboratório de Caracterização Mineral (LCM/UFPA), Laboratório 
de Mineralogia e Geoquímica Aplicada (LaMIGA/UFPA), Laboratório de Microscopia 
Eletrônica de Varredura (LABMEV/UFPA) e Núcleo de Tecnologia da Preservação e 
da Restauração (NTPR/UFBA). 
 
 Ao Prof. Flávio Nassar, que gentilmente autorizou fotografar os catálogos 
antigos que pertenciam ao seu avô, José Sidrim. Aos entrevistados, Nelson Vale, 
Divo Picazio Júnior, Carlos Antônio Barbosa da Silva e José Leitão de Almeida 
Viana, pela disponibilidade. 
 
À CAPES, pela bolsa de mestrado a mim concedida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
RESUMO 
Em Belém, o ladrilho hidráulico está presente em várias edificações, principalmente 
as da década de 40 e 50, do século XX, quando alcançou o período auge da 
produção. Este material foi aplicado em palacetes e em edificações mais modestas, 
de uso residencial, e foram confeccionados majoritariamente pela produção local. A 
decadência da fabricação do ladrilho hidráulico ocorreu ao mesmo tempo em que 
novos revestimentos chegaram à cidade, como os “São Caetano”. Atualmente, em 
obras de restauro, este revestimento de piso é normalmente substituído por outros 
materiais. Na maioria dos casos, isso ocorre devido à falta de domínio de técnicas 
restaurativas compatíveis. O ladrilho hidráulico é composto por duas camadas. A 
primeira, que é superficial, pode ser decorada e possuir relevo em cimento branco 
pigmentado. A segunda, mais espessa, é constituída por cimento, areia e, 
eventualmente, pó de pedra finamente moído. Este material é conhecido pelo seu 
desempenho contra desgaste, pela facilidade de manutenção e por apresentar valor 
estético diferenciado, por ser um revestimento rústico e elegante. Este trabalho visa 
o estudo histórico e tecnológico de ladrilhos hidráulicos do século XX e réplicas do 
século XXI, presentes em Belém. Para isso, foi dividido em três etapas: 1) pesquisa 
histórica; 2) pesquisa tecnológica; 3) investigação laboratorial. A primeira etapa 
abrange a investigação acerca da origem do material, evolução tipológica, 
tecnologias de produção e de conservação e restauração. Tais informações foram 
pesquisadas em fontes primárias, como relatórios dos governantes do Estado do 
Pará dos séculos XIX e XX, notícias em jornais e periódicos da época, catálogos de 
fábricas de ladrilho, entre outros. A segunda etapa consiste na investigação sobre o 
processo de produção do ladrilho hidráulico, a partir de visitas a fábricas atuais de 
diversas cidades, e entrevistas com herdeiros, proprietários e funcionários dessas 
fábricas. Na última etapa realizou-se caracterização física, mineralógica e química 
das amostras de ladrilhos hidráulicos coletadas. Primeiramente, as amostras foram 
mapeadas quanto às patologias existentes com o auxílio do software CorelDraw 15. 
Para a caracterização física, as etapas foram: 1) identificação das fábricas das 
amostras; 2) dimensionamento com o auxílio de régua; 3) avaliação dascores 
utilizadas na decoração com o uso do colorímetro; 4) ensaio de absorção total em 
água; 5) ensaio de densidade pelo picnômetro de Hubbard; 6) ensaio de dureza; 7) 
teste de abrasão; 8) análise morfológica por meio de microscópio ótico e por 
 
7 
 
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV); 9) Análise de traço provável por meio de 
ataque ácido; 10) granulometria. Quanto à caracterização mineralógica e química, 
foram utilizadas, respectivamente, a Difração de Raios-X (DRX) e a Fluorescência 
de Raios-X (FRX). Por meio da pesquisa histórica e tecnológica foi possível 
entender a abrangência do uso do ladrilho hidráulico em Belém, e a ocorrência de 
várias fábricas locais, nos séculos XIX e XX, tais como a A. Pinheiro Filho e Cia, de 
maior destaque na produção da cidade. Por meio das análises laboratoriais pode-se 
perceber que a amostragem utilizada na pesquisa é de formato quadrado, variando 
de 15 a 20 centímetros de lado. São materiais de pouca porosidade, entre 5 a 12%, 
e resistentes à abrasão. As imagens de microscópio mostram uma matriz 
homogênea e partículas distribuídas com formatos arredondados ou com formatos 
irregulares, de diferentes tamanhos. Em relação às cores, o colorímetro indicou 
variações entre as amostras. Por meio da caracterização química pode-se perceber 
que as amostras são constituídas principalmente de Ca, Si e Al, elementos 
provenientes do cimento. Os pigmentos utilizados para a coloração são constituídos 
de Fe, Mn e Cu, para as cores amarelo, marrom e azul, respectivamente. Elementos 
como Ti, Na e Cl também estão presentes, sugerindo a adição de componentes com 
outras funções ou contaminação. A areia é caracterizada pelos elementos Si e O. As 
análises de DRX indicaram, a presença de larnita, portlandita, calcita, biotita e 
quartzo. Os resultados obtidos na pesquisa são importantes para a conservação e a 
restauração deste tipo de material, pois auxiliam na investigação tecnológica para 
futuras intervenções restaurativas adequadas. As informações adquiridas também 
são essenciais para a documentação dos ladrilhos hidráulicos, como subsídio para 
salvaguarda de sua técnica construtiva, para entender técnicas de produção, 
procedência e uso. 
 
Palavras-chave: Ladrilhos hidráulicos em Belém; história de ladrilhos hidráulicos; 
tecnologia de ladrilhos hidráulicos; caracterização de ladrilhos hidráulicos. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
In the city of Belém, floor tiles are present in several buildings, especially the ones 
from the 40’s and 50’s, of the twentieth century, during its peak in production. This 
construction material was applied in buildings of different social classes, and made 
by local production. The decay of the floor tile fabrication occurred at the same time 
in which new construction materials arrived in the city, such as “São Caetano” type. 
Currently, in restorative interventions, original floor tiles are normally substituted for 
other materials. In most of the cases, this occurs due to the lack of knowledge of 
compatible restoration techniques. Floor tiles are composed of two main layers. The 
first one is superficial and may be decorated and have relief made of pigmented 
white cement. The second one is thicker and constituted by cement, sand, and 
sometimes rock powder. Floor tiles are known for its performance against wear, to its 
ease of maintenance, and presentation of different esthetic value, for being rustic and 
elegant. This research aims to study floor tiles from the XX and XXI centuries in 
Belém, in a historic and technological approach. This study was divided in three main 
parts: 1) historical survey; 2) technological studies; 3) laboratorial investigation. The 
first part covers research on floor tiles origin, typological evolution, production 
technologies, and also conservation and restoration. Such information was found in 
original sources, such as records from Pará’s State Governors, and catalogues of tile 
manufacturers, among others. The second part consists in the investigation of floor 
tiles production, with factories visiting in several cities, and interviews with heirs and 
employees in factories. The last part covers the physical, mineralogical and chemical 
characterization of floor tiles samples. First, the samples were mapped according to 
weathering actions with the use of the software CorelDraw 15. The physical 
characterization was divided into the following steps: 1) identification of the samples’ 
factory; 2) samples measurement; 3) evaluation of the colors on the sampling with 
the use of a colorimeter; 4) water absorption tests; 5) density test with the use of 
Hubbard’s picnometer; 6) hardness tests; 7) abrasion tests; 8) morphological 
analysis, with the use of optical microscopy and Scanning Electron Microscope 
(SEM); 9) probable trace analysis; 10) grains analysis. For mineralogical and 
chemical characterization it was used X-Ray Diffraction (XRD) and X-Ray 
Fluorescence (XRF), respectively. Through the historical and technological research 
it was possible understanding the basis of floor tiles in Belém, and the occurrence of 
 
9 
 
several local factories in the nineteenth and twentieth centuries, such as A. Pinheiro 
Filho e Cia, of great participation in the city’s production. Through the laboratorial 
analysis it was possible to observe that the samples used in the research are square 
shaped, varying from 15 to 20 centimeters. The samples are of low porosity, between 
5 and 12%, and abrasion resistant. Microscope’s images show a homogenous 
matrix, and particles with different shapes and sizes distributed along the sampling. 
The colorimeter indicated variations in colors among the sampling. The chemical 
analysis indicated mainly Ca, Si and Al, elements from the cement, and Fe, Mn and 
Cu for the pigments used for coloring, for the colors yellow, brown and blue, 
respectively. Elements such as Ti, Na and Cl are also present, suggesting the 
addition of components that provide other functions or sample’s contamination. The 
sand used is characterized by Si and O. Mineralogical analysis indicated larnite, 
portlandite, calcite, biotite, and quartz. The results obtained on the research are 
important for conservation and restoration of floor tiles: they improve technological 
investigation for future interventions. The information acquired are also essential for 
this construction material documentation, as subside for the safeguard of its 
manufacturing techniques, as well as to understand its production, origin and use. 
 
Key-words: Floor tiles in Belém; floor tiles history; floor tiles technology; floor tiles 
characterization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Rua João Alfredo, a artéria comercial mais importante da cidade, em 1908. ....................... 19 
Figura 2: Palacete Vitor Maria da Silva: (A) lavatório em porcelana decorada inglesa, (B) painel de 
azulejos franceses da fábrica Choisy Le Roi, (C) forro em chapas metálicas decoradas e (D) ladrilhos 
cerâmicos. ............................................................................................................................................. 20 
Figura 3: Ladrilhos aplicados na parede do hall de entrada do Solar do Barão de Guajará em Belém.
 ...............................................................................................................................................................21 
Figura 4: Fábrica da Phebo em Belém ................................................................................................. 22 
Figura 5: Seção transversal de ladrilho hidráulico que indica as camadas que o constituem. ............ 23 
Figura 6: Sala de refeições do Instituto Lauro Sodré ............................................................................ 24 
Figura 7: Comparação entre (A) mosaico de pedra e ladrilho hidráulico, (B) azulejo e ladrilho 
hidráulico e (C) ladrilho cerâmico e ladrilho hidráulico. ........................................................................ 28 
Figura 8: Exemplos de prensas mecânicas utilizadas para fabricação de ladrilhos hidráulicos: (A) de 
mão, (B e C) prensa parafuso e (D) prensa hidráulica para fabricação de ladrilhos ............................ 30 
Figura 9: Anúncio em periódico referente à premiação da fábrica Orsola, Solá e Compañia .............. 32 
Figura 10: (A) Forma utilizada para a fabricação do ladrilho hidráulico de Gaudí e (B) o ladrilho 
hidráulico pronto .................................................................................................................................... 33 
Figura 11: Catálogo da fábrica Devesas contendo imagens de ladrilhos cerâmicos (A) e ladrilhos 
hidráulicos (B)........................................................................................................................................ 34 
Figura 12: Fábrica de Ladrilhos Lunardi & Machado, (A) antes e (B) depois de 1990 ......................... 37 
Figura 13: Anúncio da Emanuele Cresta & Comp. no Almanak da Cidade de Minas .......................... 38 
Figura 14: Fábrica de Mosaicos, uma das fábricas mais antigas de ladrilho hidráulico do Brasil ........ 39 
Figura 15: Galpão de produção da fábrica Dalle Piagge. ..................................................................... 40 
Figura 16: (A) Imagem da capa do catálogo da A. Pinheiro Filho e (B) artefatos de marmorite 
produzidos por ela ................................................................................................................................. 43 
Figura 17: Ladrilhos produzidos na A. Pinheiro Filho assentados na capela do Colégio Marista ........ 44 
Figura 18: Anúncio da fábrica de ladrilhos e marmorite Hercules ........................................................ 46 
Figura 19: Ladrilhos hidráulicos antigos aplicados atualmente em balcão de uma padaria em 
Belém/PA. .............................................................................................................................................. 47 
Figura 20: (A) Ladrilho hidráulico do Colégio Santo Antônio e (B) ladrilho cerâmico do Palacete do 
Parque da Residência. .......................................................................................................................... 49 
Figura 21: Variação de tonalidade de acordo com o cimento utilizado ................................................ 54 
Figura 22: Fábrica de ladrilhos hidráulicos em atividade no final do séc. XIX ...................................... 56 
Figura 23: Operário manuseando a prensa hidráulica. ......................................................................... 57 
Figura 24: (A) Depósitos com as misturas de cimento branco com pigmentos a serem utilizados nos 
ladrilhos hidráulicos, (B) derramamento da mistura no gabarito com o “calchalote”. ........................... 58 
Figura 25: (A) Adição da massa de cimento e (B) ladrilho hidráulicos sendo pressionados. ............... 59 
Figura 26: (A) Ladrilhos hidráulicos secando em estantes, (B) tanque onde os ladrilhos hidráulicos são 
imersos para a cura e (C) resultado final. ............................................................................................. 60 
Figura 27: Composição de ladrilhos hidráulicos (A) geométricos e (B) florais. .................................... 61 
 
11 
 
Figura 28: (A) faixas sendo utilizadas como moldura, (B) rodapé em faixa de ladrilho hidráulico. ...... 62 
Figura 29: (A) ladrilhos hidráulicos sextavados e (B) composição de ladrilhos hidráulicos oitavados 
com tozetos. .......................................................................................................................................... 63 
Figura 30: Exemplo de padrões de ladrilhos hidráulicos semelhantes, porém com procedência 
distinta. (A) Salvador Bulet y Cia, Barcelona-Espanha, (B) Procedência desconhecida e (C) Mosaic 
del Sur, Málaga-Espanha. ..................................................................................................................... 64 
Figura 31: Eflorescência salina nos ladrilhos da parede do Solar Barão de Guajará. ......................... 66 
Figura 32: Piso em ladrilho hidráulico com fissuras devido à acomodação do terreno, na Farmácia 
República (Belém/PA). .......................................................................................................................... 67 
Figura 34: Piso em ladrilho hidráulico com fissuras decorrentes de processos de dilatação térmica, na 
igreja de São Pedro dos Clérigos, em Salvador (BA). .......................................................................... 68 
Figura 35: Remoção de ladrilho hidráulico de maneira imprópria, no antigo cinema de Cachoeira (BA).
 ............................................................................................................................................................... 68 
Figura 37: Pisos desgastados por abrasão. .......................................................................................... 69 
Figura 38: Piso com diferentes tipos de deposição: tinta, argamassa e poeira, na Farmácia República 
(Belém, PA). .......................................................................................................................................... 69 
Figura 33: Ladrilhos hidráulicos com lacunas, sendo (A) com preenchimento e (B) sem 
preenchimento. ...................................................................................................................................... 70 
Figura 36: Peça de ladrilho hidráulico apresentando sulco produzido por Makita. .............................. 71 
Figura 39: Peças de ladrilho hidráulico apresentando mudança de cor. .............................................. 71 
Figura 40: Piso da biblioteca do Colégio Nazaré (Belém, PA) com aspecto brilhoso. ......................... 72 
Figura 42: (A) algas na superfície de ladrilhos hidráulicos, (B) plantas localizadas nas juntas. .......... 73 
Figura 43: Excrementos de pombos depositados no piso. ................................................................... 74 
Figura 44: (A) Pisos em ladrilhos hidráulicos com preenchimento de cimento e (B) e substituição. ... 75 
Figura 45: (A) Antes e (B) depois da peça restaurada pelo IEPHA/MG ............................................... 77 
Figura 46: Processo de aplicação de novos ladrilhos hidráulicos. (A) Piso em ladrilho hidráulico 
apresentando lacuna, (B) contrapiso nivelado, (C) assentamento das réplicas e (D) resultado final .. 78 
Figura 47: Piso coberto com papelão e gesso ...................................................................................... 79 
Figura 48: Piso com a aplicação do emplasto ...................................................................................... 81 
Figura 49: (A) Antes e (B) depois (B) da aplicação do ácido oxálico.................................................... 82 
Figura 50: Peças de vidro com plotagem substituindo ladrilhos hidráulicos originais. ......................... 82 
Figura 51: Aluna do CECI restaurando ladrilho hidráulico. ...................................................................84 
Figura 52: (A) área do piso, na qual já foram tiradas as peças originais, (B) ladrilhos originais 
empilhados pós-remoção e (C) caixa contendo as peças de substituição. .......................................... 85 
Figura 53: Piso apresentando ladrilhos novos e ladrilhos antigos. ....................................................... 86 
Figura 54: Desenho esquemático da avaliação das dimensões dos ladrilhos hidráulicos. .................. 90 
Figura 55: Espectrocolorímetro PANTONE COLORCUE e tabela de cores PANTONE...................... 90 
Figura 56: (A) Corte da amostra e (B) pesagem em balança técnica (B). ............................................ 91 
Figura 57: (A) Picnômetro de Hubbard cheio de mercúrio, (B) pesagem do picnômetro com mercúrio 
em balança semi-analítica, (C) picnômetro com mercúrio e a amostra e (D) pesagem da amostra. .. 92 
 
12 
 
Figura 58: Equipamento para teste de abrasão: abrasímetro .............................................................. 93 
Figura 59: Amostra dividida por camadas. ............................................................................................ 95 
Figura 60: Ataque ácido às amostras. .................................................................................................. 95 
Figura 61: Filtragem do material suspenso. .......................................................................................... 96 
Figura 62: Difratômetro de Raios-X do Laboratório de Caracterização Mineral do Instituto de 
Geociências da UFPA. .......................................................................................................................... 97 
Figura 63: Metalizador do LABMEV do Instituto de Geociências da UFPA. ........................................ 98 
Figura 64: Dimensionamento e configuração do tardoz das amostras. ............................................. 101 
Figura 65: Imagem de MEV de seção transversal da amostra AM-4. ................................................ 103 
Figura 66: Identificação das camadas na amostra AM-8. ................................................................... 104 
Figura 67: Identificação das amostras de superfície lisa e das amostras de superfície áspera. ....... 104 
Figura 68: Imagens de MEV identificando as características morfológicas dos ladrilhos de superfície 
lisa. ...................................................................................................................................................... 106 
Figura 69: Imagem de MEV da amostra AM-6. ................................................................................... 107 
Figura 70: Imagem de MEV da amostra AM-7. ................................................................................... 108 
Figura 71: Imagem de MEV da amostra AM-8. ................................................................................... 108 
Figura 73: Separação das amostras por tipo de agregado. ................................................................ 112 
Figura 74: Digrafograma da amostra AM-1. ........................................................................................ 113 
Figura 75: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-1 ................................................. 114 
Figura 76: Difratograma da amostra AM-2. ......................................................................................... 115 
Figura 77: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-2. ................................................ 115 
Figura 78: Difratograma da amostra AM-3. ......................................................................................... 116 
Figura 79: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-3. ................................................ 116 
Figura 80: Difratograma da amostra AM-4. ......................................................................................... 117 
Figura 81: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-4. ................................................ 117 
Figura 82: Difratograma representativo das amostras AM-5, AM-6, AM-7 e AM-8. ........................... 118 
Figura 83: Caracterização química por MEV/SED das amostras AM-5, AM-6, AM-7 e AM-8. .......... 118 
Figura 84: Difratograma da amostra AM-9R. ...................................................................................... 119 
Figura 85: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-9R. ............................................. 119 
Figura 86: Difratograma da amostra 10R. ........................................................................................... 120 
Figura 87: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-10R. ........................................... 120 
Figura 88: Difratograma da amostras AM-11R. .................................................................................. 121 
Figura 89: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-11R. ........................................... 121 
Figura 90: Difratograma da amostra AM-12R. .................................................................................... 122 
Figura 91: Caracterização química por MEV/SED da amostra AM-12R. ........................................... 122 
Figura 92: AM-1 com fragmentação total e parcial. ............................................................................ 124 
Figura 93: Amostra AM-5 apresentando fissuras. ............................................................................... 125 
Figura 94: Amostras AM-2 e AM-5 apresentando sujidade. ............................................................... 125 
Figura 95: (A) Amostra AM-4 com deposição de pingos de tinta e (B) amostra AM-1 com deposição de 
argamassa. .......................................................................................................................................... 126 
 
13 
 
Figura 96: Amostra AM-11R com eflorescência. ................................................................................ 126 
Figura 97: Alteração cromática na amostra AM-7. .............................................................................. 127 
Figura 98: Marca causada pela máquina de corte na amostra AM-11R. ........................................... 127 
Figura 99: Imagem-resumo das etapas de caracterização, diagnóstico e intervenção. ..................... 136 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Relação das amostras da pesquisa........................................................................ 88 
Tabela 2: Classificação das cores da decoração dos ladrilhos hidráulicos de acordo com a 
tabela de referência PANTONE.............................................................................................. 
 
102 
Tabela 3: Traço provável da camada inferior das amostras................................................... 109 
Tabela 4: Absorção total em água e massa específica das amostras.................................... 110 
Tabela 5: Desgaste das amostras por meio do teste de abrasão........................................... 110 
Tabela 6: Percentual de desgaste em pedras ornamentais.................................................... 111 
Tabela 7: Composição química das amostras........................................................................ 12115 
 
LISTA DE SIGLAS 
APD – Automatic Powder Diffraction 
CECI – Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrada 
DRX – Difratometria de Raios-X 
EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético 
FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
ICDD – Internacional Center for Diffraction Data 
IEPHA/MG – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais 
IG – UFPA – Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará 
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
LACORE – Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação 
LCM – Laboratório de Caracterização Mineral 
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura 
MEV/SED – Microscopia Eletrônica de Varredura com sistema de energia dispersiva 
NBR – Norma Brasileira 
NOSELOUR – Nossa Senhora de Lourdes 
NTPR – Núcleo de Tecnologia da Preservação e da Restauração 
SCIAL – Sociedade de Construções e Indústrias Anexas 
UFBA – Universidade Federal da Bahia 
UFPA – Universidade Federal do Pará 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 18 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 27 
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO.......................................................................... 27 
2.1.1 Contexto internacional............................................................................ 27 
2.1.2 Contexto nacional.................................................................................... 36 
2.2 SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE LADRILHOS HIDRÁULICOS 
E LARILHOS CERÂMICOS....................................................................... 
 
49 
2.3 PRODUÇÃO DE LADRILHOS HIDRÁULICOS.......................................... 51 
2.3.1 Matéria-prima utilizada............................................................................ 51 
2.3.2 Etapas da produção................................................................................. 55 
2.4 VARIAÇÕES TIPOLÓGICAS..................................................................... 60 
2.5 FATORES DE DEGRADAÇÃO.................................................................. 65 
2.5.1 Agentes físicos......................................................................................... 65 
2.5.2 Ataque químico........................................................................................ 72 
2.5.3 Agentes biológicos.................................................................................. 72 
2.6 TÉCNICAS JÁ USADAS EM CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO DE 
LADRILHOS HIDRÁULICOS..................................................................... 
 
74 
3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................... 
 
88 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................... 100 
4.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA...................................................................... 100 
4.2 CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA E QUÍMICA.................................. 111 
4.3 IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS NA AMOSTRAGEM...................... 123 
5 CONCLUSÕES.......................................................................................... 129 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 138 
7 ANEXOS.................................................................................................... 144 
 
 
17 
 
 
 
18 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A cidade de Belém, capital do Pará, foi fundada em 12 de janeiro de 1616, por 
Francisco José Caldeira Castelo Branco. As primeiras construções constituíram os 
dois núcleos iniciais denominados de Cidade e Campina. 
 
Relatos de viajantes do século XVIII e meados do XIX1 descrevem a cidade 
de Belém com aspecto de aldeia em função da simplicidade da maioria das 
construções, principalmente da arquitetura civil, cujos materiais empregados foram 
aqueles que a região poderia oferecer, ou seja, o barro, a madeira, a palha e as 
pedras. No entanto, algumas construções, como igrejas e palácios, já se 
destacavam nesse cenário, pela sua arquitetura monumental, principalmente a partir 
de 1753, com a chegada do arquiteto italiano Antônio José Landi, cujos projetos 
contribuíram para mudar ainda mais a aparência da cidade. 
 
A arquitetura de Landi introduz o estilo neoclássico em Belém, mas é só a 
partir de meados do século XIX até o início do século XX que a cidade iria passar 
por profundas modificações patrocinadas pela riqueza gerada na economia da 
borracha. As ruas passaram a ser pavimentadas e as edificações construídas com 
materiais nobres importados da Europa. Belém se revela como uma das principais 
cidades brasileiras, cuja aparência em nada se assemelhava aos relatos mais 
antigos (Figura 1). 
 
1
 BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Ed. 
da Universidade de São Paulo, 1979. 
 
19 
 
 
Figura 1: Rua João Alfredo, a artéria comercial mais importante da cidade, em 1908. Fonte: 
Lemos, 1902 – 1909 . 
As modificações foram também impulsionadas pelo código de posturas 
municipal de Antônio José de Lemos, intendente de Belém entre os anos de 1897 a 
1912, que obrigava a substituição de beirais por platibandas com sistema de 
captação de águas pluviais, a eliminação das “puxadas”2 das edificações, entre 
outras, em prol de melhores condições de higiene na cidade e nas suas edificações. 
 
O período da borracha também provocou mudanças culturais nas pessoas 
que residiam em Belém. A cidade tornou-se palco também de intensa vida social, 
com reuniões, bailes e espetáculos de ópera. Esses eventos faziam parte do 
cotidiano das pessoas mais “bem nascidas” e para atender a estas atividades as 
edificações passaram a ter salões ricamente ornamentados com pinturas artísticas, 
chapas metálicas estampadas, ladrilhos, azulejos etc., tudo importado, resultado do 
intenso comércio entre Belém, a Europa e os Estados Unidos. A residência Victor 
Maria da Silva é um dos exemplos mais representativos dessa época (Figura 2). 
 
 
 
 
 
2
 As "puxadas" seguiam o modelo tradicional português, com ambientes anti-higiênicos, sem 
ventilação e iluminação natural, e com ambientes que eram verdadeiras estufas, provocadas pela 
colocação de extensos planos envidraçados. 
 
20 
 
 
 
 
 Figura 2: Palacete Vitor Maria da Silva: (A) lavatório em porcelana decorada inglesa, (B) painel 
de azulejos franceses da fábrica Choisy Le Roi, (C) forro em chapas metálicas decoradas e (D) 
ladrilhos cerâmicos. 
 
Os mais avançados produtos de construção das principais fábricas europeias 
foram utilizados nas edificações de Belém. No que se refere aos revestimentos de 
piso, a mudança foi significativa pois, do século XVII ao início do século XIX, os 
materiais empregados como revestimentos correspondiam à madeira em tábuas 
espessas e largas aplicadas uma ao lado da outra, sem a preocupação de formar 
desenhos geométricos ou outros tipos de composição; a tijoleira,principalmente nas 
igrejas, fortificações, palácios; e o lioz, mas, em termos de piso, este ficou muito 
restrito às calçadas de Belém, às soleiras das mais diversas edificações e às lápides 
de túmulos dentro das igrejas. 
 
Com as facilidades advindas pelo intenso comércio a partir de meados do 
séc. XIX, surgem outros tipos de revestimentos. A madeira, mesmo sendo, ainda, de 
origem local, passou a ser aplicada diferentemente de até então, com composições 
constituídas por mais de um tipo de madeira e formando composições geométricas, 
A B 
C D 
 
21 
 
com técnica de parquetagem. O lioz continuou a ser muito utilizado. A novidade 
estava em outros tipos de pedras e nos ladrilhos. 
 
Os ladrilhos foram muito utilizados em áreas externas e no pequeno hall que 
antecede à escada que dá acesso ao interior da edificação. Em alguns casos, como 
no Solar do Barão de Guajará (Figura 3), foi aplicado na parede. Além de atribuir 
beleza pelas suas cores e composições geométricas e/ou orgânicas, os ladrilhos 
proporcionaram melhores condições de limpeza nestes ambientes. 
 
 
Figura 3: Ladrilhos aplicados na parede do hall de entrada do Solar do Barão de Guajará em 
Belém. 
 
A higiene e a resistência levaram o ladrilho a ser utilizado também no interior 
de fábricas de Belém, pela necessidade de manter o piso sempre limpo e de 
suportar o peso das máquinas (Figura 4). 
 
 
22 
 
 
Figura 4: Fábrica da Phebo em Belém (Fonte: www.ibge.gov.br). 
São dois os tipos de ladrilhos que chegaram a Belém, o cerâmico e o 
hidráulico, que apesar de terem a aparência muito semelhante, inclusive com os 
mesmos desenhos e cores, e serem materiais que passam por processos de 
moldagem, prensagem e secagem, são completamente distintos quanto à técnica de 
produção e à matéria prima utilizada. O ladrilho cerâmico corresponde a um material 
produzido com pasta cerâmica (argilas e óxidos metálicos) queimada a altas 
temperaturas. Já o ladrilho hidráulico é elaborado com cimento e pigmentos. Este 
trabalho se dedicará a estudar o ladrilho hidráulico, que corresponde ao material 
utilizado com maior frequência em Belém, além de ter sido produzido nesta cidade. 
 
Segundo a NBR 94573, o ladrilho hidráulico é uma placa de concreto de alta 
resistência ao desgaste para acabamento de paredes, pisos internos e externos, 
contendo uma superfície lisa ou em relevo, colorida ou não, de formato quadrado, 
retangular ou outra forma geométrica definida. 
 
 
3
 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9457: Ladrilhos hidráulicos – 
Especificação. Rio de Janeiro, 1986. 
 
23 
 
Esta definição, porém, não está completamente correta, pois o ladrilho 
hidráulico não pode ser tratado como uma placa de concreto, já que não apresenta 
agregado graúdo em sua composição. Ele é uma placa de cimento. 
 
Eles são constituídos por duas camadas facilmente reconhecidas, a 
decorativa e a base. A primeira é a parte superior do material que fica aparente 
quando assentado. A segunda corresponde ao suporte da decoração, e geralmente 
apresenta impresso no seu tardoz4, o nome e/ou a marca da fábrica que o produziu. 
 
A grande diferença do ladrilho para outros revestimentos é que ele não tem 
uma camada de pintura e nem possui impressão, mas sim uma camada decorada 
por volta de 5 mm, o que garante a maior durabilidade da decoração (Figura 5). 
 
Figura 5: Seção transversal de ladrilho hidráulico que indica as camadas que o constituem. 
O ladrilho hidráulico possui diferentes significados em função das linguagens 
de diferentes culturas. A expressão mais antiga que se conhece é a de “mosaico”5. 
Apesar da denominação “mosaico” ser muito utilizada para ladrilhos hidráulicos, este 
termo deve ser considerado impróprio, pois a definição de mosaico é o conjunto de 
peças, cerâmicas, de pedra, de vidro ou outro material, embutidas em um plano, 
formando desenhos ou não. 
 
No Brasil é chamado ladrilho o material em placas regulares para pavimentos, 
que pode ser cerâmico ou de cimento. A denominação ladrilho hidráulico dá-se por 
ser um material para revestimento fabricado a partir de cimento hidráulico. 
 
4
 Tardoz corresponde à face inferior do ladrilho. 
5
 ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolucioón. República 
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 26. 
Camada inferior 
Camada decorativa 
 
24 
 
Apesar da sua importância histórica e estética, o ladrilho hidráulico é 
constantemente substituído por outro tipo de material nas intervenções em 
edificações da cidade de Belém, por diversos motivos. Entre eles pode-se citar: 1) a 
ideia equivocada da “volta ao original” na arquitetura religiosa, de modo a substituir o 
ladrilho assentado posteriormente à construção por tijoleira atual, esta sem valor 
histórico e estético; e 2) o nível de desgaste das peças aliado ao desconhecimento 
dos meios técnicos adequados à sua conservação. 
 
Um dos exemplos mais marcantes de remoção de ladrilhos diz respeito à 
Igreja de Sant’Anna, edificação do século XVIII, restaurada recentemente, cujos 
ladrilhos foram desenhados por Joseph Casse, segundo relatos do historiador Aldrin 
Figueiredo. Provavelmente em função do estado de conservação da tijoleira original 
e diante da novidade de produção local, os ladrilhos foram provavelmente lá 
assentados na primeira década do século XX e estavam inseridos na unidade 
artística do monumento, contribuindo assim para o valor estético do mesmo. A 
substituição por novas tijoleiras descaracterizou a edificação e não alcançou o 
mesmo efeito adquirido pelo ladrilho ao longo desses anos. 
 
Outra edificação que teve seus ladrilhos removidos foi o Instituto Lauro Sodré, 
atual Tribunal de Justiça do Estado. A edificação possuía uma grande variedade de 
ladrilhos hidráulicos (Figura 6), provavelmente produzidos pela fábrica paraense A. 
Pinheiro Filho e Cia Ltda. uma vez que todos estão no catálogo de produtos 
cimentícios da referida indústria. Os ladrilhos foram substituídos por porcelanato, o 
que contribuiu significativamente para a descaracterização da edificação. 
 
Figura 6: Sala de refeições do Instituto Lauro Sodré (Fonte: Pará, SECULT, 1998). 
 
25 
 
 
Dessa maneira, o objetivo deste trabalho consiste em estudar o ladrilho 
hidráulico, sob o viés histórico e tecnológico, da cidade de Belém de modo a traçar 
subsídios para a sua conservação e restauração. 
 
Os objetivos específicos dessa pesquisa consistem em: 
 
 Identificar o contexto histórico da comercialização e produção dos 
ladrilhos hidráulicos, o início e o auge da utilização deste material em 
Belém; 
 Caracterizar o processo de fabricação do ladrilho e os materiais 
utilizados na sua produção; 
 Identificar prováveis diferenças e/ou semelhanças entre ladrilhos 
hidráulicos antigos e réplicas produzidas atualmente; 
 Caracterizar fisicamente o ladrilho hidráulico e sua composição química 
e mineralógica, de modo a identificar os melhores meios de 
preservação deste material.26 
 
 
 
 
27 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO 
O ladrilho hidráulico está presente em vários locais do mundo. A 
contextualização histórica do surgimento e aplicação do material em diversos locais 
subsidia o entendimento da importância do mesmo como patrimônio artístico e 
histórico. 
2.1.1 Contexto internacional 
 
O cimento revolucionou a indústria da construção e passou a ser utilizado em 
diversos elementos arquitetônicos, entre eles, o ladrilho hidráulico. Apesar das 
diversas hipóteses quanto à origem dos ladrilhos hidráulicos, não há dúvidas de que 
são derivados do cimento tipo Portland. 
 
O ladrilho hidráulico, assim como os elementos arquitetônicos em ferro e o vidro, 
pode ser considerado exemplo de produto advindo pós Revolução Industrial que, 
fabricado sob base artesanal, sobretudo, com aplicação de recursos relativamente 
inovadores para a época, tem técnica de produção manufatureira que transcendeu e 
se mantém viva, paralelamente ao processo industrial6. 
 
A técnica usada para a fabricação de ladrilhos hidráulicos baseia-se na técnica 
banchetto, que surgiu na Itália, no século XII7. A partir desta técnica, estima-se que a 
fabricação de ladrilhos hidráulicos imitativos de mármores tenha surgido entre os 
séculos XVII e XVIII na Itália, usando uma mistura de cal compactada em um molde 
de ferro, com sucessivas camadas de cor adicionadas e polidas à mão8. 
 
É comum no desenvolvimento de uma nova técnica que sua base esteja pautada 
em técnicas antecedentes Observam-se também na técnica do ladrilho hidráulico 
 
6
 MACHADO, Luiz Gomes. Apresentação: texto para exposição “Se esta rua fosse minha”. 
Museu da casa Brasileira. 2005. Disponível em: http://www.mcb.sp.gov.br. 
7
 NAVARRO, Mario Arturo Hernández. Puerto Rico Tile Designs. Pepinpress, 2012. p. 37. 
8
 JOYNT, Anna. Cuban Mortar Tiles. International Cooperation and Regeneration through the 
Rediscovery of a Lost Craft. Havana: 2009. Faculty of Architecture, University of Havana, s/p. 
 
28 
 
elementos residuais de outros revestimentos precedentes, como dos azulejos, dos 
ladrilhos cerâmicos e dos mosaicos. 
 
Na Figura 7 podem-se notar, comparativamente, as semelhanças entre ladrilhos 
hidráulicos (organizados na linha inferior) e exemplos anteriores de mosaico de 
pedra, azulejo antigo e ladrilho cerâmico (linha superior). Claramente, a composição 
formal, padrões e cores denotam a influência de mosaicos, azulejos e ladrilhos 
cerâmicos antigos na decoração dos ladrilhos hidráulicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7: Comparação entre (A) mosaico de pedra e ladrilho hidráulico, (B) azulejo e 
ladrilho hidráulico e (C) ladrilho cerâmico e ladrilho hidráulico. 
Detalhadamente, observa-se: (A) o ladrilho hidráulico replica o desenho 
reticulado do mosaico; (B) semelhança na composição formal dos padrões 
decorativos entre azulejo e ladrilho hidráulico e (C) repetição de padrão formal 
decorativo com alteração somente das cores entre ladrilho cerâmico e ladrilho 
hidráulico. 
Alguns países destacam-se na produção e popularização dessa técnica como a 
França, Espanha e Portugal, na Europa, o que viria influenciar a produção na 
América Latina e no Brasil. 
 
A B C 
 
29 
 
 França 
Na França, o ladrilho hidráulico surgiu por volta de 1850, logo depois da 
implantação da primeira fábrica de cimento no país, chamada Guilhon & Barthelemy, 
a qual foi responsável pela fabricação e exportação de peças, moldes e todos os 
utensílios necessários para a fabricação do ladrilho hidráulico para outras partes do 
mundo. Além desses materiais ela fornecia, também, um manual explicativo com os 
procedimentos necessários para o processo de fabrico e com a sugestão de que 
cada fabricante buscasse o desenvolvimento de suas peças, com desenhos 
próprios, estimulando a variedade de novas padronagens que se identificassem com 
seu local de origem9. 
 
Foi na França que o ladrilho hidráulico passou por uma revolução em seu 
processo de fabricação, impulsionando sua produção. A Guilhon & Barthelemy, já 
referida, introduziu a prensa hidráulica no processo de fabricação do ladrilho 
hidráulico, o que proporcionou melhor qualidade ao produto final, já que, com a nova 
prensa, as peças eram comprimidas com maior homogeneidade. 
 
Antes da prensa hidráulica, as prensas utilizadas para compactação dos 
ladrilhos hidráulicos eram de mão e, depois, em parafuso, necessitando maior 
esforço físico em sua operação e, naturalmente, levando à diferença nos resultados 
(Figura 8). 
 
 
 
 
9
 ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolución. República 
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 39-42. 
 
30 
 
 
 
 
Figura 8: Exemplos de prensas mecânicas utilizadas para fabricação de ladrilhos hidráulicos: 
(A) de mão, (B e C) prensa parafuso e (D) prensa hidráulica para fabricação de ladrilhos. 
Fontes: (A) http://ardecol.inforoutes.fr, (B) Autora, (C) Segurado, s/d, (D) Autora. 
 
As prensas manuais, em geral, não atingem pressão superior a 30 ou 50 quilos 
por centímentro quadrado (3 à 5 MPa). Já as prensas hidráulicas podem atingir 150 
quilos por centímetro quadrado (15 MPa)10. 
 
O Institut Promoció de Ceràmica11 descreve que a mecanização do processo 
permitiu o aumento da produção e a diminuição da fadiga do trabalhador, 
ressaltando, contudo, que a produtividade é sempre limitada pelas operações 
manuais, indispensáveis em todo o processo, principalmente na decoração. 
 
Ressalte-se que a França foi a principal responsável pela propagação da técnica 
de produção do ladrilho hidráulico, ao contribuir para a sistematização do processo 
 
10
 SEGURADO, João Emílio dos Santos. Biblioteca de instrução profissional: Materiais de 
construção. Lisboa: Livraria Bertrand, 7ª ed., s/d, p. 152. 
11
 http://www.ipc.org.es/home.html. 
A B 
C D 
 
31 
 
de fabricação e introduzir e estimular o tema de propriedade dos desenhos. O uso 
deste material expandiu-se assim pela Europa, Norte da África e América Latina. 
 
Inicialmente, os ladrilhos hidráulicos revestiam pisos de ambientes importantes, 
em edificações de alto padrão e em edifícios públicos. Porém, em meados do século 
XX, seu uso foi popularizado e passou a ser utilizado em vivendas em várias cidades 
francesas. 
 
Seu esplendor ocorre em consonância ao Art Nouveau, no final do século XIX, 
quando surgem modelos que reproduzem elaborados desenhos em linhas sinuosas 
e composições assimétricas, preferencialmente com motivos de vegetais estilizados. 
 
Devido à grande recessão no período entre as grandes guerras, os ladrilhos 
hidráulicos caíram em desuso na Europa. A partir da década de 1960, foram 
substituídos por outros materiais mais modernos no processo de reconstrução pós-
guerra e de renascimento econômico refletido na indústria da construção, resultando 
no desaparecimento das fábricas de ladrilhos hidráulicos12. 
 
 Espanha 
A origem do ladrilho hidráulico é discutida por vários autores e, por vezes,atribuída à diferentes países da Europa. Navarro13, cita a Espanha como o país que 
primeiro desenvolveu este tipo de material, sendo que a cidade de Barcelona seria a 
pioneira na produção, iniciada a partir de 1857. O auge das produções ocorreu 
durante o Art Nouveau, em 1880, e alcançou o mercado internacional. 
 
Uma das fábricas mais importantes da Espanha é a Bustsems y Cia, que é 
considerada a primeira do país, iniciando a produção de ladrilho hidráulico, em 1857. 
Entre os arquitetos que fizeram parceria com esta fábrica figura a personalidade 
marcante de Antoni Gaudí. 
 
 
12
 ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolución. República 
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 44. 
13
 NAVARRO, Mário Arturo Hernádez. Havana tile designs. Singapura: Pepin Press, 2007, s/p. 
 
32 
 
Outras fábricas de grande reconhecimento na Espanha são as Orsola, Solá y 
Compañia e a Garret, Rivet y Cia. A primeira destacou-se na exposição de 
Barcelona em 1888, recebendo diploma de honra em Bruxelas, devido a seu 
reconhecimento como maior produtora nacional e internacional, com grande 
diversidade de modelos e ótima qualidade, enquanto a segunda caracterizava-se 
como das mais tradicionais produtoras de ladrilhos hidráulicos no país14 (Figura 9 e 
Anexo 1). 
 
 
Figura 9: Anúncio em periódico referente à premiação da fábrica Orsola, Solá e Compañia. 
Fonte: httpupload.wikimedia.orgwikipediacommons66fAnunci_orsola-sola.jpg. 
 
A Escofet, Fortuna y Cia, fundada em 1886, também desfrutou de muito prestígio 
e ficou conhecida por seus desenhos inovadores e rápida expansão por toda a 
Espanha e América Latina. O arquiteto Antoni Gaudí contribuiu para esse sucesso 
ao desenhar alguns modelos de ladrilhos hidráulicos para esta fábrica. Um exemplo 
é o ladrilho hidráulico hexagonal, com tema marinho (Figura 10), produzido 
especialmente para a casa Batlló (1904), que, no entanto, não foi utilizado nesta 
edificação e, sim, na casa Milá (1906), do mesmo arquiteto. 
 
14
 ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolución. República 
Dominicana: Grafisfon, 2008. 
 
33 
 
 
Figura 10: (A) Forma utilizada para a fabricação do ladrilho hidráulico de Gaudí e (B) o ladrilho 
hidráulico pronto. Fonte:ORTEGA y LORA, 2008. 
 
Segundo o Institut Promoció de Ceràmica, nas primeiras décadas do século 
XX, não havia cidade alguma ou município da Espanha que não possuísse fábricas 
de “mosaico hidráulico”. De acordo com o anuário geral de construção, de 1958, em 
fase inicial de declínio, havia 1.021 fábricas de mosaico hidráulico na Espanha, 
sendo 151 na província de Madri, 109 em Barcelona, 42 em Bilbao, e 36 em 
Alicante. 
 Portugal 
Em 1910, a fábrica Devesas, famosa por fabricar azulejos, lançou um 
catálogo contendo específicações e imagens dos produtos oferecidos pela mesma. 
Entre esses materiais, estão os ladrilhos hidráulicos e os ladrilhos cerâmicos (Figura 
11). Algumas fábricas de azulejos produziam também ladrilhos cerâmicos. Outro 
exemplo é a fábrica Villeroy & Boch, na Alemanha. Em Portugal, até o presente 
momento, ainda não foi encontrada referência de outra fábrica que trabalhasse 
principalmente com peças cerâmicas, e que produzisse, também, ladrilhos 
hidráulicos. 
 
 
 
 
 
 
A B 
 
34 
 
 
LADRILHOS CERÂMICOS LADRILHOS HIDRÁULICOS 
 
Figura 11: Catálogo da fábrica Devesas contendo imagens de ladrilhos cerâmicos (A) e 
ladrilhos hidráulicos (B). Fonte: Catálogo Devesas, 1910. 
 
Em Portugal, tem-se resgistro, também, da Sociedade de Construções e 
Industrias Anexas, conhecida por Mosaicos SCIAL, de 1921, certamente uma das 
principais fábricas do país. Seu objetivo era produzir ladrilhos hidráulicos de boa 
qualidade, com arestas vivas e perfeitas, desenhos e cores inalteráveis e com 
resistências compatíveis com os ladrilhos estrangeiros. A fábrica critica a produção 
do material em outras fábricas, destacando que a matéria-prima e o processo 
utilizado nas demais, não garantiam bom resultado15. 
 
Os primeiros operários da SCIAL, os quais foram responsáveis por repassar 
toda a técnica de fabricação dos ladrilhos hidráulicos para os operários portugueses 
 
15
 Sociedade de Construções e Industrias Anexas. Mosaicos Scial. Lisboa. 
 
35 
 
eram de Barcelona. O cimento utilizado na produção era importado da França: 
Extra-Blanc LAFARGE e Gris LAFARGE. Os pigmentos também eram importados e 
garantiam concentração nas cores empregadas. 
 
 América Latina 
A vinda dos ladrilhos hidráulicos da Europa para a América aconteceu devido 
à grande imigração espanhola, no final do século XIX e início do XX, quando os 
imigrantes trouxeram suas culturas e experiências de um negócio rentável, com 
grande potencial de produção. Além disso, em 1867, a empresa Garreta, Rivet y Cia, 
de Barcelona, exibiu sua coleção na Exposition Universelle de Paris. A sua 
popularização extravasou as fronteiras do continente europeu para as colônias16. 
 
Cuba foi o primeiro país da América Latina a fabricar ladrilhos hidráulicos. Por 
volta de 1884 e, em 1899, já contava com quatro fábricas17. 
 
A fábrica “A Cubana”, fundada em 1903, era considerada, na época, como a 
maior fábrica do mundo, com suas instalações que ocupavam dez mil metros 
quadrados. A fábrica era conhecida por utilizar ferramentas modernas e matéria-
prima de primeira qualidade, como areia, constituída somente por silicatos e livre de 
sais, o que favorecia a qualidade das cores; cimento da indústria Lafarge e 
pigmentos da Ritcher. Além disso, muitos de seus trabalhadores eram antigos 
operários das fábricas Escofet, Orsola y Bustsems. 
 
Antes do século XX, os modelos usados nos ladrilhos hidráulicos de Cuba, 
em sua maioria, eram praticamente iguais aos de Barcelona. A fábrica La Havana, 
entretanto, aumentou a concorrência no mercado, depois que passou a elaborar sua 
própria coleção, utilizando cores e ornamentos diversos, fazendo com que a 
variedade de padrões aumentasse consideravelmente no país inteiro. Os ladrilhos 
hidráulicos passaram a ter desenhos compatíveis com a cultura local18. 
 
16
 NAVARRO, Mario Arturo Hernández. Puerto Rico Tile Designs. Pepinpress, 2012. p. 37. 
17
 ORTEGA, Carmen; LORA, Ana Mitila. El Mosaico Hidráulico: Arte em evolucioón. República 
Dominicana: Grafisfon, 2008, p. 49. 
18
 NAVARRO, Mário Arturo Hernádez. Havana tile designs. Singapura: Pepin Press, 2007, p. 27. 
 
36 
 
No México, os ladrilhos chegaram por influência italiana e espanhola. Em 
1885, Eugenio Talleri, de origem italiana, começou a importar algumas peças de 
Milão e, posteriormente, de Barcelona, passando, em 1896, a produzir seus próprios 
ladrilhos hidráulicos. 
 
Em 1900, surgiu a segunda fábrica, de propriedade do alemão Wilhem 
Stevens Sarto o qual, a princípio, importava toda a matéria-prima e o maquinário da 
Alemanha. 
 
Somente em 1910 o México passou a produzir seus próprios ladrilhos 
hidráulicos, iniciando a popularização do materialno país e, consequentemente, a 
abertura de diversas fábricas. 
 
Os ladrilhos hidráulicos espanhóis também influenciaram o início da produção 
na Argentina. Em 1896, o espanhol José Maria Cirtés fundou a Mosaicos 
Tradicionales Argentinos, uma das primeiras fábricas de pisos em Buenos Aires, 
passando a líder de mercado e, décadas depois, convertendo-se em exportador da 
mercadoria para países da Europa. Também, no século XX, a Argentina já exportava 
ladrilhos hidráulicos para o Brasil, Paraguai, Bolívia e Chile. 
 
2.1.2 Contexto nacional 
No Brasil, este material foi importado principalmente de Portugal, da França, 
da Bélgica e da Alemanha. Foi no final do século XIX que os segredos das técnicas 
de manufatura do ladrilho hidráulico foram passados aos imigrantes residentes no 
Brasil e, então, começaram a ser instaladas aqui as primeiras fábricas. 
 
 Minas Gerais 
A primeira fábrica de ladrilhos hidráulicos do Brasil foi fundada em Juiz de 
Fora/MG, em 1889. Depois foi transferida para Belo Horizonte/MG, em 1896. O 
fundador da fábrica foi o italiano Giovanni Lídio Lunardi, neto de Giovanni Lunardi, 
que foi presidente sindical das Indústrias de Ladrilhos Hidráulicos e Produtores de 
Cimento de Belo Horizonte. 
 
37 
 
A fábrica Lunardi & Machado era localizada na área comercial central da 
capital mineira, na Rua Curitiba, 158, em uma área de quatro mil metros quadrados. 
A fábrica possuía máquinas elétricas da fábrica francesa A. Guilhon et Fils, as quais 
podiam produzir diariamente quatro mil ladrilhos hidráulicos de variadas cores e 
desenhos. O maquinário da fábrica era composto por oito prensas hidráulicas, uma 
bateria de bombas hidráulicas, um moinho para tintas e um britador, tudo acionado 
por um motor inglês de vinte cavalos. 
 
Além de ladrilhos hidráulicos, a fábrica produzia, também, artefatos de 
cimento armado, como manilhas de “qualquer diâmetro”, soleiras, banheiras, 
degraus, ornamentos para fachada de prédios e outros. Era também oficina 
marmoarista19. 
 
A Figura 12 mostra a fachada da loja e fábrica de ladrilhos hidráulicos da 
família Lunardi, em Belo Horizonte, em dois momentos distintos. Apesar da imagem 
“A” não ser datada, pode-se perceber que deve ser anterior a 1900, já que o cartão 
postal é desta data “B”. A fábrica já tinha sofrido reformas em sua fachada. 
 
 
Figura 12: Fábrica de Ladrilhos Lunardi & Machado, (A) antes e (B) depois de 1990. Fonte: 
LLOYD, 1913. 
 
 
 
19
 LLOYD, Reginald. Impressões do Brazil no Século Vinte. Londres: Lloyd's Greater Britain 
Publishing Company, 1913, p. 765. 
A 
B 
 
38 
 
Quando da construção de Belo Horizonte, como a nova capital de Minas 
Gerais, foram importados diversos materiais construtivos do Rio de Janeiro para as 
obras. Na apresentação desses materiais eram utilizados catálogos de divulgação 
dos produtos, como o caso da Emanuele Cresta & Comp, que, dentre diversos 
materiais, fornecia também ladrilhos hidráulicos20 (Figura 13). Nesse período, as 
fábricas A Predial, Antiga Fábrica e Empresa Industrial, atendiam a demanda local 
por ladrilhos hidráulicos. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13: Anúncio da Emanuele Cresta & Comp. no Almanak da Cidade de Minas. Fonte: Lima, 
1900. 
 
Nas três primeiras décadas do século XX foram abertas mais duas fábricas, a 
Indústria Nacional e a Fábrica de Ladrilhos e Oficina Artística de Mármore Lupini & 
Comp. 
 
 
20
 CAMPOS, Cláudia Fátima. História do Ladrilho Hidráulico em Belo Horizonte. 2011. 
Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável) – Universidade Federal 
de Minas Gerais, p. 94. 
 
39 
 
Na década de 1940 existiam seis fábricas de ladrilhos hidráulicos, em Minas 
Gerais21. 
 
 Rio Grande do Sul 
A Fábrica de Mosaicos localizada em Pelotas/RS é uma das fábricas mais 
antigas do país ainda em funcionamento. Fundada em 1914, a fábrica surgiu em 
meio a uma efervescência econômica no país e disputava o mercado com mais 
dezesseis fábricas de ladrilhos hidráulicos22. Em consonância à prosperidade 
econômica, vieram também grandes artistas e arquitetos estrangeiros. Com isso, o 
gosto pelo ladrilho hidráulico tornou-se mais presente. A Fábrica de Mosaicos 
(Figura 14) possui, ainda hoje, mais de 300 modelos, do início do século, nos mais 
diversos padrões: art nouveau, art deco, florais e geométricos23. 
 
Figura 14: Fábrica de Mosaicos, uma das fábricas mais antigas de ladrilho hidráulico do Brasil. 
Fonte: www.fabricademosaicos.com.br. 
 
Apesar da importância e recorrência de uso do ladrilho hidráulico no país, há 
poucos registros sobre este material, mesmo com sua constante presença nas 
edificações e calçadas de cidades históricas. Considerando a relevância desse 
material, foi desenvolvido em Pelotas um inventário dos ladrilhos hidráulicos usados 
 
21
 CAMPOS, Cláudia Fátima. História do Ladrilho Hidráulico em Belo Horizonte. 2011. 
Dissertação (Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável) – Universidade Federal de 
Minas Gerais, p. 94-95. 
22
 http://fabricademosaicos.com.br/ 
23
 LEÓN, Zênia de. Pelotas: casarões contam sua história. 2ª edição. Editora: Dm. Hofstatter. 1º 
Vol. 1993, p. 257. 
 
40 
 
em calçadas da cidade, reconhecendo esse instrumento de registro como um 
importante passo para a preservação de bens culturais24. 
 
 São Paulo 
Em São Paulo, a fábrica Dalle Piage, uma tradicional produtora de ladrilhos 
hidráulicos, está em funcionamento desde 1922. Seu nome é inspirado em seu 
fundador, o italiano Federico Dalle Piagge, um dos precursores da técnica no Brasil. 
A fábrica Dalle Piagge, assim como diversas outras fábricas de ladrilhos hidráulicos, 
passou por um período de estagnação entre 1960 e 2000, tendo sido fechada neste 
período. Foi, entretanto, reaberta pela quarta geração da família em 2000. 
Atualmente a Dalle Piagge é uma das fábricas mais importantes do país (Figura 15). 
 
 
Figura 15: Galpão de produção da fábrica Dalle Piagge. 
 
Outra fábrica de ladrilhos hidráulicos tradicional de São Paulo/SP é a Ornatos. 
Ela tem a sua origem na década de 30, porém fechou as portas na época de crise 
do material. Já na década de 80, voltou a funcionar, com o principal objetivo de 
trabalhar com peças para restauro de edifícios. Os ladrilhos hidráulicos de 
substituição, preparados para obra de restauro do Palacete Pinho, foram produzidos 
nesta fábrica. Segundo o site da mesma, as peças são de 2004. 
 
24
 ZECHLINSKI, Ana Paula Polidori; ALMEIDA, Lílian Borges; OLIVEIRA, Ana Lúcia Costa. Ladrilho 
hidráulico: tentativa de preservação. Revista de pesquisa & Pós-graduação. Ano 2, volume 2, nº 2. 
Ouro Preto. 2000. 
 
41 
 
 Maranhão 
Os ladrilhos hidráulicos de São Luís começaram a ser importados de 
Portugal, Inglaterra, França e outras países da Europa a partir do século XIX. Na 
cidade, também foi desenvolvido um trabalho de pesquisa sobre o assunto, 
abordando o contexto histórico e político-econômico da inserção do ladrilho 
hidráulicona cidade, apontando algumas edificações históricas que possuem o 
ladrilho hidráulico utilzado especialmente como revestimeento de pisos25. 
 
 Pará 
Apesar de não ter sido encontrado, até o momento, registro algum 
documental que comprove a importação de ladrilhos hidráulicos em Belém/PA, 
possivelmente os primeiros exemplares da cidade foram importados da Europa, 
especialmente da França, Portugal e Alemanha, seguindo a lógica da chegada de 
praticamente todos os materiais construtivos utilizados na capital paraense no 
apogeu da economia do látex da região, entre o final do século XIX e início do XX, 
na Belle Epóque. 
 
Primeiramente, chegaram os ladrilhos cerâmico, que foram usados em 
diversas edificações importantes da cidade, como o Palacete Pinho e o Palacete 
Vitor Maria da Silva. Os ladrilhos cerâmicos eram originados nos principais pólos 
cerâmicos do mundo, a exemplo da fábrica alemã Villeroy & Boch. O uso desse 
material construtivo era justificado por sua beleza e durabilidade, porém, era um 
produto que somente pessoas de alto padrão aquisitivo poderiam obter. 
 
Já os ladrilhos hidráulicos, eram de mais fácil acesso, devido ao seu processo 
de fabricação ser mais simplificado, com relação ao ladrilho cerâmico, e, 
consequentemente, possuir menor custo. 
 
A difusão do uso do ladrilho hidráulico em Belém está provavelmente 
relacionada ao início da produção local, resultando em maior acessibilidade ao 
 
25
 SILVA, Svetlana Maria Farias da. Ladrilhos de São Luís: reflexos estéticos de uma época. São 
Luis: Secretaria de Estado da Cultura – SESC, 2005, p. 29. 
 
 
42 
 
material e ao preço final de revenda. Com a possibilidade de adquirir peças na 
própria cidade ocorreu maior estímulo ao comércio de compra e venda desse 
material. 
 
A primeira fábrica em Belém deve ter sido a que foi fundada por Domingos 
Acatauassú Nunes em sociedade com o alemão Guilherme Frederico Humdemark. 
Segundo o senhor Nelson Vale, em entrevista concedida durante essa pesquisa em 
2012, o seu avô, Guilherme Frederico Humdemark, foi o responsável pela chegada 
da produção de ladrilhos hidráulicos em Belém. O relato, destaca que Guilherme 
possuía o conhecimento da produção de ladrilhos hidráulicos trazido da Alemanha, 
contudo não detinha recursos financeiros para montar uma fábrica própria. 
 
Guilherme, então, propôs sociedade à Domingos Acatauassú, dividindo a 
responsabilidade da gestão administrativa para o sócio, enquanto que ele próprio se 
encarregava do gerenciamento e produção das peças. Apesar desses relatos, ainda 
não foi possível precisar a data de fundação da fábrica, tampouco sua denominação 
oficial. 
 
Outra fábrica de muito prestígio na cidade era a A. Pinheiro Filho, localizada 
na Travessa Quintino Bocayuva, Nº 31. Além da fabricação de ladrilhos hidráulicos, 
esta fábrica produzia outros elementos construtivos e de ornamentação, tais como: 
marmorite (pedra artificial), escadarias, soleiras, peitoris, colunas, balaustradas, 
portais, tampos de mesas para bares, bancos de jardim, vasos, bacias com sifão 
para banheiro, pias, postes, estátuas, túmulos, guarda-corpos entre outros (Figura 
16). 
 
43 
 
 
 
 
Figura 16: (A) Imagem da capa do catálogo da A. Pinheiro Filho e (B) artefatos de marmorite 
produzidos por ela. Fonte: Catalogo A. Pinheiro Filho e Cia Ltda, 1927. 
 
Os catálogos da fábrica eram ricos e bem ilustrados. Um volume de 1927 da 
A. Pinheiro Filho relata que o objetivo da fábrica era oferecer um material que 
atendesse aos mais modernos requisitos de higiene e técnica, contando com o mais 
moderno em máquinas. 
 
Os ladrilhos produzidos na A. Pinheiro Filho eram prensados com força de 
150 a 200 Atm, com “esquadrias perfeitas e arestas vivas”26. A fábrica oferecia 
também grande variedade de desenhos criados por outras indústrias estrangeiras 
especialistas em ladrilhos, e a coloração dos desenhos era resultado de pigmentos 
de primeira qualidade, importados da Europa. 
 
A. Pinheiro Filho forneceu ladrilhos hidráulicos para diversas edificações da 
cidade, principalmente para escolas e prédios públicos. O Colégio Marista possui 
vários ladrilhos, distribuídos em diversos ambientes, produzidos por esta fábrica. 
 
26
 Catálogo A. Pinheiro Filho e Cia Ltda, 1927. 
 
44 
 
A Figura 17 mostra a capela do colégio, com ladrilhos hidráulicos assentados 
no piso e os modelos dos ladrilhos utilizados no catálogo da fábrica. 
 
 
 
Figura 17: Ladrilhos produzidos na A. Pinheiro Filho assentados na capela do Colégio Marista. 
Fonte: Catálogo da fábrica A. Pinheiro Filho e Cia Ltda, 1927. 
 
O filho do alemão Guilherme Frederico, suposto pioneiro na produção de 
ladrilhos hidráulicos em Belém, Henrique Ferreira do Vale, herdou a prática de 
produzir ladrilhos e também trabalhou como mestre ladrilheiro. Foi proprietário da 
fábrica de Ladrilhos Cruzeiro, a partir de 1946, até o momento de decadência do 
ladrilho hidráulico, com a introdução das lajotas cerâmicas. 
 
Em 1961, seguindo a tradição da família de trabalhar na produção de ladrilhos 
hidráulicos, o engenheiro Nelson Vale, filho de Henrique Vale, deu continuidade à 
fabricação do material, com a fábrica CONSTAR. Inicialmente, começou com a 
fábrica no quintal de seu sogro. Já em 1963, mudou-se para uma casa maior, onde 
fabricou ladrilhos até 1968. 
 
45 
 
Em sua entrevista, Nelson Vale relatou que chegou a ter quatro prensas 
funcionando e vinte funcionários trabalhando em sua fábrica, no período em que o 
ladrilho era mais valorizado. As prensas eram provenientes da fábrica de máquinas 
J. Gimines. 
 
Outra fábrica de ladrilhos hidráulicos que funcionava em Belém/PA foi a 
Fábrica Nossa Senhora de Lourdes, conhecida também como NOSELOUR. Essa 
fábrica iniciou seu funcionamento em 1959 e registrou falência em 1970. 
 
Em contato pessoal com o engenheiro José Leitão de Almeida Viana, filho de 
Orlando Viana, fundador da fábrica, este explicou que acompanhou do surgimento 
até a decadência a fábrica de ladrilhos do pai. Assim, sabe-se que Orlando Viana 
iniciou carreira militar aos 17 anos, e aos 38 anos já entrava para a reserva. A busca 
de um novo ofício o levou a comprar equipamentos para a fabricação de ladrilho, os 
quais foram adquiridos de uma fábrica em Icoaraci e instalados em seu quintal. 
 
Além dos equipamentos, foram contratados também, os operários que 
trabalhavam na fábrica de Icoaraci, com o objetivo de repassar a técnica de 
produção para os demais funcionários. No início do funcionamento, em 1959, a 
fábrica contava com uma prensa com quatro operários, mas, em 1961, a produção 
dobrou, sendo adquirida mais uma prensa, na qual também trabalhavam quatro 
operários. 
 
José Viana garante que o material produzido por seu pai possuía ótima 
qualidade e que o ladrilho era muito utilizado na época. O modelo mais procurado 
pelo público era o tipo marmorizado, o qual imitava mármores, modelo que era 
produzido exclusivamente pela NOSELOUR. As peças possuíam dimensões de 
20cm x 20cm ou 30cm x 30cm, sendo que os maiores eram mais adequados para 
assentamento em calçadas. Na face posterior, as peças possuíam um círculo como 
sua marca.

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