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CRIMINOLOGIA Mod VI

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VI. A MODERNA CRIMINOLOGIA E SUAS RELAÇÕES COM A SOCIOLOGIA CRIMINAL, BIOLOGIA CRIMINAL E PSICOLOGIA CRIMINAL.
1. Sociologia Criminal
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Em 1878, Enrico Ferri lançou o seu primeiro livro, Negação do livre arbítrio e responsabilidade, contestando os princípios da Escola Clássica.
Após dois anos, Ferri deu nova versão às já polêmicas idéias de Lombroso, que serviu de base para o seu segundo livro, Novo Horizonte do Direito e do Procedimento Penal.
Os clássicos não aceitavam o determinismo sociológico de Ferri.
Em 1889, durante Congresso de Antropologia Criminal, os franceses, entre eles Tarde e Lacassagne, atacaram a doutrina de Lombroso sobre o criminoso nato de forma tão violenta que o fizeram mudar a postura radical.
Neste clima, Ferri, associando seus estudos sobre fatores antropológicos, físicos e sociais que influenciam o comportamento criminoso com as idéias emitidas anteriormente, lança o livro Sociologia Criminal (1891).
O fenômeno delitivo passou a ser estudado não apenas sob aspecto orgânico, mas principalmente social, agora encarado como um acontecimento na vida do homem em sociedade.
Acentuou-se a importância dos fatores exógenos, enquanto Lombroso preocupou-se exclusivamente com os fatores endógenos.
Segundo Ferri, na eclosão do delito preponderam os fatores ambientais sobre as falhas biológicas, devendo-se atuar contra aqueles (ambientais) para evitar o crime.
Definiu a Sociologia Criminal como a ciência que cogita do fenômeno social da criminalidade.
Cuello Calon criticou a concepção de Ferri por incluir o Direito Penal na Sociologia Criminal, conceituando-a como o conjunto de estudos relativos ao delito como fenômeno social. Diferencia-se, pois, do Direito Penal, porque este tem a função de estabelecer as normas sobre o delito e a pena.
FATORES CRIMINÓGENOS SEGUNDO FERRI.
Ferri dividiu os fatores criminógenos em antropológicos, físicos e sociais.
Os antropológicos são representados pelos componentes biológicos inerentes à personalidade do criminoso, incluindo:
- constituição orgânica - engloba as anomalias do crânio do cérebro, das vísceras, da sensibilidade reflexa, entre outras;
- constituição psíquica - inclui as anomalias da inteligência, sentimento e senso moral;
- caracteres pessoais - são as condições biológicas, ou biossociais como raça, idade, estado civil, profissão, domicilio, classe social, instrução e educação.
b. Físicos – incluem o clima, a natureza do sol, a periodicidade, diurna e noturna, as estações do ano, a temperatura anual, as condições metereológicas entre outras.
c. Sociais – englobam a densidade da população, os costumes, as condições da família, o regime educativo, a produção industrial, o alcoolismo, as condições econômicas, a polícia, a justiça etc.
Ao afirmar que a vontade humana seria influenciada por todos esses fatores, Ferri fulmina o livre arbítrio dos clássicos.
A vontade seria um efeito desses fatores, daí a ausência de domínio pelo homem.
Esse efeito seria uma conseqüência necessária, proporcional e inevitável do conjunto de causas que o produzissem. É o fatalismo do destino.
Assim, além da Sociologia, a obra de Ferri engloba a Antropologia e a Biologia criminais.
Ferri classificou os delinqüentes em:
a. Natos ou instintivos, nos quais há predomínio dos caracteres orgânicos que se refletem no psiquismo e na moral.
São selvagens, brutais, desonestos, insensíveis à pena, pois encaram a prisão com naturalidade e podem cometer qualquer tipo de delito.
b. Loucos, que são os alienados, imbecis, loucos morais, incluindo os que se situam entre a loucura e a razão, na zona fronteiriça.
c. Habituais, compostos pelos fracos morais que iniciam, desde a infância ou juventude, a prática esporádica de crimes contra a propriedade.
Com o passar do tempo, os fatores ambientais (mesológicos) atuam na sua degeneração.
Acabam semelhantes ao criminoso nato, apesar de não serem portadores dos respectivos caracteres orgânicos.
d. Ocasionais, que são os indivíduos induzidos por tentações pessoais e do meio social, mas que não delinqüem se estas (meio social) não ocorrerem.
e. Passionais, considerados uma variação dos ocasionais, mas incidem em crimes contra a pessoa.
São indivíduos honestos, nervosos e de sensibilidade exagerada.
O impulso passional abole a consciência e a razão, podendo os criminosos passionais assemelhar-se aos natos no momento da crise.
Entretanto, não agem com frieza, mas com emoção e por paixão.
Confessam o crime, arrependem-se e são pacíficos na prisão.
FATORES SOCIAIS DESENCADEANTES DO COMPORTAMENTO DELITIVO
Atualmente, consideram-se múltiplos fatores no desencadeamento do comportamento delitivo.
Entre os fatores sociais mais comuns, temos:
a. Fatores sócio–familiares, representados pela falta, deterioração ou desajustamento familiar, constituem a raiz mais profunda da criminalidade;
b. Fatores sócio-econômicos, constituídos pela pobreza, vadiagem, desemprego, subemprego, ou riqueza com exagerada ganância, desejo de ganho fácil levando a fraudes.
c. Fatores sócio-pedagógicos, que englobam a ignorância, a falta de educação e de formação moral
d. Fatores sócio-ambientais, como más companhias e más influências ambientais que atingem menores carentes, abandonados, vítimas de maus tratos que fogem do lar e das instituições para perambular pelas ruas.
Enquanto a miséria corrói a moral, a riqueza entorpece a consciência, levando ambas ao delito.
2. Biologia Criminal e Antropologia Criminal.
Estudam a constituição orgânica, fisiológica, endócrina, nervosa, psíquica, genética, anatômica, morfológica, funcional, patológica, a fim de explicar o comportamento criminoso.
A postura radical de Lombroso e de seus seguidores ao explicarem tal comportamento, exclusivamente, através de fatores biológicos, levou ao fracasso da Antropologia. 
A Biologia estuda o ser humano em relação ao meio ambiente, enquanto a Antropologia estuda apenas o homem sob o aspecto biológico.
Influência dos fatores endógenos no comportamento delitivo.
a. Glândulas endócrinas: a diminuição ou aumento das secreções da tireóide, paratireóide, hipófise, timo, epífise, supra-renais, pâncreas e glândulas sexuais, associadas a alterações funcionais, principalmente do sistema nervoso central, podem alterar a conduta humana.
b. Defeitos cromossômicos: também podem influenciar o comportamento.
As alterações podem ir desde estados mórbidos, como doenças mentais ou perturbação da saúde mental, até comportamentos agitados, violentos, agressivos, astênicos, fanáticos, perdulários.
3. Psicologia Criminal
As ações do ser humano são comandadas pelo psiquismo.
Sendo assim, o estudo da vida psíquica do criminoso seria mais importante do que o estudo da sua biologia.
A Psicologia Criminal, ramo da Psicologia Analítica, tem por objeto o estudo do estado mental dos indivíduos perigosos em razão dos delitos que cometem, incluindo os fatores determinantes e o estado mental gerador dos seus atos.
O exame psicológico do comportamento anti-social, realizado de forma científica, visa a desvendar o caráter e as tendências do delinqüente.
Os motivos do comportamento criminoso também são estudados na avaliação da periculosidade, da predição de reincidência e na cessação da periculosidade.
Ao estudar o criminoso, a criminalidade e os fatores criminógenos endógenos e exógenos, a Psicologia Criminal integra a Criminologia.
Como as causas do crime encontram-se muitas vezes em transtornos mentais, transitórios ou permanentes, a explicação dos mecanismos de vários crimes e a indicação dos meios de combate à periculosidade de seus autores, que interessam à Criminologia, são feitos através da Psicologia e da Psiquiatria.
Pedro Dorado Monteiro, um dos mentores da doutrina correcionalista, estudou a psicologia do delinqüente partindo da sua personalidade, istoé, da sua consciência, da sua vontade e do seu caráter, questionando as visões clássica e positivista.
A corrente clássica partidária do livre arbítrio acreditava que o querer livre e espontâneo conferia ao criminoso a condição de culpável, imputável e moralmente responsável.
A corrente positivista, determinista, entendia que o homem não tinha domínio pleno da vontade e da consciência, sendo seus atos dependentes do contexto moral do seu caráter ou das idiossincrasias (incompatibilidades), decorrentes de fatores endógenos e exógenos.
Sem perceber e sem intervenção da consciência e da vontade, o homem contrairia, desde a infância e juventude, fatores deletérios, sem ter o conhecimento necessário para prever as conseqüências.
Não haveria como escolher de quem e o local onde nasceria, onde moraria, nem as pessoas com quem iria conviver.
Assim, tanto os fatores endógenos como os exógenos dependeriam da sorte. ter, questionando as visrina correlacionista,tria s
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Se as situações dependessem do livre arbítrio, provavelmente a escolha recairia no lado do bem, pois haveria consciência das conseqüências do caminho do mal.
Dessa forma, a vontade seria livre no homem com boa formação moral, que não teve influências maléficas do meio em que viveu e que não teve distúrbios endócrinos, nervosos, genéticos ou desajustes psicológicos capazes de influir no comportamento, que o levassem a uma conduta anormal. 
IMPULSIVIDADE CRIMINAL SOB A ÓTICA PSICANALÍTICA.
A Psicanálise dedica-se ao tratamento de pessoas com anomalias do comportamento de fundo nervoso.
De acordo com os psicanalistas, o ser humano entra no mundo inadaptado, como um criminoso, mantendo-se a sua criminalidade no mais alto grau durante a infância.
A real adaptação começa na puberdade, momento em que o desenvolvimento do criminoso se diferencia do normal, o qual consegue reprimir os impulsos instintivos, tipicamente criminosos.
Existiriam três classes de criminosos:
- O neurótico, no qual o conflito psíquico entre os componentes sociais e anti-sociais da personalidade tem origem na infância e na vivência posterior;
- O normal, cuja causa da criminalidade é sociológica;
- O criminoso, em que a etiologia é biológica, orgânica.
Entretanto, não podemos afastar a possibilidade de indivíduos absolutamente normais tornarem-se criminosos sob influência de determinadas circunstâncias específicas. 
Relação entre a psicopatologia e os crimes praticados. 
RETARDAMENTO MENTAL
É o funcionamento intelectual geral subnormal, que pode ser evidente no nascimento ou surgir durante a infância.
Há lentidão ou parada no desenvolvimento intelectual, gerando alteração quantitativa da mente.
Acompanha-se de transtornos de aprendizagem, adaptação social, amadurecimento e, freqüentemente, transtornos emocionais.
Os retardados graves, denominados idiotas, têm idade mental inferior a 3 (três) anos. Em decorrência da baixíssima capacidade mental e da dificuldade de locomoção, geralmente não são capazes de delinqüir, mas podem ter reações instintivas muito violentas, durante as quais praticam crimes monstruosos.
Quando apresentam capacidade de movimentação, podem praticar estupros e bestialismo.
Os retardados mentais moderados, chamados imbecis, cuja idade mental oscila entre 3 (três) e 8 (oito) anos, agem brutalmente para satisfazer seus instintos imediatos, praticando atentados violentos ao pudor, estupros e bestialismo.
As mulheres praticam o infanticídio, e os homens espancam e atiram contra a parede os próprios filhos.
São freqüentemente utilizados como laranjas por traficantes de drogas e arrombadores, assim com os retardados leves (débeis).
Confessam crimes que não praticaram porque não têm condições de argumentar.
Os retardados mentais leves, denominados débeis, têm idade mental superior a 8 (oito) anos, são valentões, destemidos e rancorosos, praticando atos agressivos e até homicídios, principalmente se estimulados pelo álcool ou estresse.
DOENÇA MENTAL
Caracteriza-se pelas manifestações que refletem anomalias do pensamento, do sentimento e da conduta, pois não existe uma definição para doença mental.
O pensamento está deformado, levando a delírios e comprometendo o juízo valorativo das alternativas no curso de uma ação.
Podem apresentar distúrbios da sensopercepção, manifestados por alucinações e ilusões.
Delírio é a convicção errônea, baseada em conclusões falsas, tiradas da realidade exterior. 
Alucinações são sensações auditivas ou visuais sem base na realidade.
Ilusões são erros de percepção ou de entendimento por engano dos sentidos ou da mente (na doença mental, o erro está na interpretação).
A doença mental é uma alteração qualitativa da mente, que leva à perda da identidade pessoal.
O indivíduo não tem consciência da doença. 
São consideradas doenças mentais: as demências, as psicoses, o alcoolismo crônico e as toxicomanias graves.
Demência é o rebaixamento de todos os setores do psiquismo, tendo como exemplos, a demência senil, Alzheimer, demência por arteriosclerose, por trauma craniano etc.
Em relação à demência do idoso, as ocorrências criminais são raras e geralmente relacionadas à impossibilidade de satisfazer seus instintos sexuais, consistindo em atos de libidinagem, exibicionismo, sadismo etc.
Freqüentemente, as vítimas são crianças, até as próprias netas.
Quando casado com mulher mais jovem, pode ter ciúme doentio que o leva ao crime.
Psicose é a ruptura total ou parcial com a realidade circundante, alterando a conduta social do indivíduo.
Inclui a psicose maníaco-depressiva (distúrbio bipolar), as psicoses epiléptica, pré-senil, senil, puerperal, a esquizofrenia etc.
A esquizofrenia do tipo paranóide, que se manifesta com delírios de perseguição, é a mais envolvida em crimes, como se fosse autodefesa: ataca para se defender.
O crime é imotivado, sendo disparado por alucinações auditivas imperativas (ouve vozes que o intimidam, que determinam).
Os crimes geralmente são bárbaros, pois há embotamento da afetividade.
Não há arrependimento, nem dissimulação, porque acha ter agido em legítima defesa, permanecendo no local do crime ou próximo a ele.
São freqüentes os homicídios cruéis e os delitos contra a família e pessoas próximas, premeditados ou não.
Os psicóticos maníaco-depressivos (distúrbio bipolar) habitualmente não delinqüem, mas podem fazê-lo.
Na fase maníaca, praticam furtos e estelionatos, utilizam cheques sem fundos, pois com seu otimismo infundado, acham que ganharão muito dinheiro.
A orientação da vontade é paradoxal, podendo doar os próprios bens.
Como seus impulsos doentios não têm freios, podem tornar-se violentos caso encontrem obstáculos em seu caminho.
Na fase depressiva, as manifestações ansiosas e delirantes levam aos atos brutais, geralmente contra a própria família: matam para livrá-los de futuros sofrimentos, pelos quais se sentem responsáveis (delírio de culpa). 
Não raras vezes, eliminam toda a família e depois se suicidam, pois para eles o suicídio é uma saída lógica.
Também são comuns, nessa fase, os crimes de omissão em decorrência da inércia gerada pela depressão.
A epilepsia é uma doença que se manifesta de várias maneiras.
Na forma orgânica, representada por contrações musculares ou convulsões generalizadas, não apresentam qualquer componente delitivo diferente do restante da população.
Já na forma psicótica, podem surgir ou não delírios e alucinações.
Esse tipo de epiléptico age de forma brutal e violenta, denominada furor epiléptico, inclusive quebrando tudo ao redor (pantoclastia), principalmente quando sob efeito de álcool ou drogas.
O alcoolismo agudo é a embriaguez, cujos sintomas variam com o estado de ânimo e cessam com a eliminação do álcool, pois não há crise de abstinência.
Temos dois tipos:
- Alcoolista social - abusa esporadicamentede bebida alcoólica, podendo ficar alegre, eufórico, expansivo, generoso, ou depressivo, irritado, agressivo, indo da forma mais leve até o estado comatoso.
- Alcoolista habitual - difere do anterior porque a embriaguez (o porre) é freqüente.
O alcoolismo crônico manifesta-se após muitos anos de ingestão de bebida alcoólica e os distúrbios não cessam mesmo após a eliminação do álcool, pois há crise de abstinência.
Se moderado, apesar de se perceberem manifestações comportamentais, o convívio social está mantido. Entretanto, sendo grave, surgem transtornos psicóticos pelo alcoolismo, com distúrbios da sensopercepção, como alucinações, e do pensamento, como o ciúme alcoólico.
 
Inclui:
- Demência alcoólica, na qual o psiquismo está comprometido, havendo desorientação, alterações da memória, do interesse, da afetividade, embotamento intelectual, decadência moral, familiar, social e profissional.
- Delirium tremens, que é um quadro gravíssimo de desorientação, alucinações visuais, inquietação, ausência de memória de fixação, sudorese, debilidade cardíaca, febre, podendo levar à morte.
- Alucinose alcoólica, onde o dependente escuta vozes, com as quais dialoga, sendo o discurso violento, repetitivo, mantendo certo grau de lucidez.
 
Também se encaixam no alcoolismo crônico quadros que são patologias mentais por si sós, mas ligadas ao alcool.
- Embriaguez patológica é a embriaguez súbita, exteriorizada por atos violentos, seguidos de sono profundo após pequena ingestão de álcool, que ocorre em indivíduos com constituição epiléptica, retardamento mental ou após trauma craniano.
- Dipsomania, na qual o consumo de bebidas alcoólicas é esporádico, mas em grande quantidade, até por vários dias seguidos, sem que haja qualquer manifestação de embriaguez, pois é alta a tolerância. Nos intervalos, não há qualquer ingestão de álcool e manifesta aversão ao mesmo.
 
Também é dipsomania quadro semelhante usando gasolina, refrigerantes, água, clorofórmio.
- Psicose de Korsakov, que consiste na perturbação da memória (não fixa nada), alucinações visuais e confabulação (inventa uma história e passa a acreditar nela). Fisicamente está desnutrido, com fraqueza muscular e reflexos lentos.
O alcoolismo crônico grave é considerado doença mental por anular o entendimento e o livre arbítrio.
O alcoolista julga de maneira deformada ou executa sem julgar.
O álcool predispõe aos acidentes e crimes, pois leva à perda dos freios da crítica. 
Os crimes contra a companheira são motivados por delírios de ciúme porque, apesar do apetite sexual, há impotência causada pelo uso crônico do álcool. A violência é maior se estiverem alcoolizados no momento do delito.
No delirium tremens, e na psicose de Korsakov, o estado clínico é tão grave que não permite praticamente qualquer atividade, criminosa ou não.
Já na dipsomania, como o consumo de bebidas alcoólicas é motivado por alguma doença mental ou perturbação da saúde mental, os crimes praticados dependem destas e, não, do alcoolismo. 
Na embriaguez patológica, exacerbam-se os impulsos mais primitivos, levando a atos obscenos, estupros e atentados violentos ao pudor, inclusive contra crianças.
Toxicomania grave – é considerada doença mental por anular o entendimento e o livre arbítrio.
Os crimes mais cometidos relacionam-se com a obtenção das drogas, mesmo que estas não estejam faltando: extorsão, roubo, estelionato, tráfico de drogas etc..
O usuário de crack, por viver em função da droga, é capaz de matar friamente por quantias irrisórias, mas também morre precocemente pelas conseqüências do crack, suicídio ou em ajuste de contas. 
A cocaína, que transforma o medroso em corajoso, e os esteróides anabolizantes aumentam a agressividade, daí os crimes de lesão corporal e homicídios praticados.
O viciado e o traficante diferem quanto à gênese do comportamento delitivo, motivação, personalidade, fatores endógenos, prevenção dos delitos etc..
O viciado é doente, decai financeiramente e materialmente, pretende apenas obter o efeito das drogas, vende tudo e mata pela droga, tem intenção toxicofílica, isto é, visa apenas a adquirir a droga, e fere a lei pela doença.
O traficante não é doente mesmo que também seja viciado, prospera, pois adquire e vende a droga, aumentando o capital, tem intenção lucrativa e por ela infringe a lei.
PERTURBAÇÃO DA SAÚDE MENTAL
Encontra-se entre a normalidade e a doença mental, numa fronteira com limites imprecisos.
Inclui as neuroses, a toxicomania moderada e leve, o alcoolismo crônico moderado e as condutopatias (psicopatias).
Neuroses são distúrbios da saúde mental relacionados à angustia e à ansiedade, que têm pouca importância para a criminologia pois os delitos não diferem dos praticados pelos criminosos comuns.
Angustia é o medo sem objeto atual e definido, desconhecido.
Ansiedade é a inquietação, a impaciência.
Nas neuroses obsessivo-compulsivas, as idéias obsessivas se impõem ao indivíduo, levando-o à ação. Aqui se incluem a cleptomania, que é a mania de furtar objetos, e o jogo patológico, que pode levar ao estelionato, contravenções penais e furtos. Também a clastomania, que é a mania de quebrar ou rasgar coisas, pode levar a crime de dano.
Já a neurose histérica pode ser causa de atos omissivos.
CONDUTOPATIA, OU SOCIOPATIA, OU PSICOPATIA
É a loucura dos atos, a patologia da vontade e dos sentimentos contrastando com uma inteligência geralmente normal.
Recebeu várias denominações: loucura moral, loucura dos degenerados, enfermidade do caráter, inferioridade psicopática, loucura lúcida, cegos morais, anestesiados do senso moral, semi loucos, desequilibrados insociáveis, personalidade psicopática, transtorno de caráter, distúrbio de comportamento, distúrbio da conduta, sociopata, transtorno de personalidade e de comportamento (CID-10), transtorno de personalidade (DSM-IV) e, mais modernamente, condutopatia (Palomba, pág.518).
Aqui se enquadram os indivíduos situados na fronteira entre o normal e o patológico, por isso chamados fronteiriços.
A anomalia da personalidade resulta basicamente do comprometimento de três estruturas psíquicas: afetividade, conação (intenção mal dirigida) - volição (movimento em direção ao ato) e capacidade de crítica.
As outras estruturas da mente como inteligência, memória e senso-percepção estão íntegras. 
A característica básica dos indivíduos fronteiriços é a ausência de arrependimento.
Esse transtorno de personalidade, que se reflete no comportamento, pode assentar-se em uma base esquizofrênica, epiléptica ou encefalopática. Isto significa que os sintomas destas patologias de base são frustros, exteriorizando-se quase que totalmente pelo distúrbio de personalidade.
Aí residem algumas diferenças de comportamento:
- condutopatas de base esquizofrênica (origem constitucional) - são desconfiados, rancorosos, tendentes ao isolamento e distantes das normas e convenções sociais; 
- condutopatas de base epiléptica (origem constitucional) - são explosivos, impulsivos, instáveis nos empregos, desrespeitadores de normas e convenções, comportando-se de forma assemelhada a uma convulsão (epilepsia comportamental - golpes repetitivos, com intensa violência).
- condutopatas de base encefalopática (adquirida) – as alterações são conseqüentes a doença ou traumatismo, apresentam déficit de inteligência, são sugestionáveis e impulsivos, mesmo contra os próprios interesses.
Nos três tipos são freqüentes os transtornos sexuais:
- transtornos de desejo sexual - impotência, frigidez, ejaculação precoce etc..
- transtornos de identidade de gênero – homossexualismo, travestismo etc..
- parafilias – exibicionismo, sadomasoquismo, pedofilia, etc..
Os distúrbios de personalidade permitem ao indivíduo uma vida de relações suficientemente normal, sem evidente comprometimento social e/ou pessoal. Há, entretanto, um distanciamento da realidade ambientale das regras de comportamento social.
Características gerais dos crimes praticados pelos condutopatas
As infrações são variadas e geralmente repetitivas, indo do furto simples ao homicídio, ligando-se regularmente a três tipos: assassinato em série, parricídio e piromania.
ASSASSINOS EM SÉRIE
Os assassinos em série podem ser indivíduos mentalmente sãos, doentes mentais ou fronteiriços.
a. Mentalmente sãos - têm um motivo para os crimes praticados:
- econômico – matadores de aluguel;
- fanatismo – terroristas;
- político – ditadores chefes de Estado.
b. Doentes mentais – cometem os crimes sozinhos, em decorrência de descarga de agressividade, visando a atingir o maior número possível de vítimas, muitas vezes suicidando-se a seguir:
- franco-atiradores (mass murderer) – matam quatro ou mais vítimas em um único episódio, num mesmo local;
- matadores ao acaso (spree killers) – matam em locais diversos, num lapso de tempo muito curto.
No caso dos franco-atiradores, a crise de liberação de agressividade pode ser um substituto da crise convulsiva orgânica, devendo-se observar se presentes pelo menos seis dos nove itens indicadores dos crimes violentos praticados pelos doentes mentais epilépticos:
- ausência de motivos plausíveis;
- ausência de premeditação;
- instantaneidade da ação;
- ferocidade na execução;
- multiplicidade dos golpes;
- ausência de dissimulação;
- ausência de remorso;
- ausência de cúmplice;
- amnésia ou lembranças confusas.
c. Serial killers fronteiriços – cometem três ou mais homicídios sem um motivo plausível, havendo espaço de tempo entre os mesmos, com requintes de perversidade, com conotação sexual e com encontro de lesões que signifiquem a vontade de mastigar e engolir as vítimas (canibalismo).
São os verdadeiros assassinos em série.
Critérios identificadores de um assassino narciso sexual:
- o crime é violento e o autor não experimenta remorso algum;
- o matador teve relações sexuais com a vítima antes, durante ou depois da morte;
- a vítima foi fortemente despersonalizada, especialmente após a morte.
- o criminoso matou para manipular o cadáver (transporte, mutilação, troféu corporal).
- o matador não teve relações com a vítima, mas o homicídio apresenta uma conotação sexual (exemplo: o corpo desnudado sem uma violação aparente). 
PARRICÍDIOS
Os indivíduos que matam os pais são geralmente enquadrados em duas patologias:
- esquizofrenia (paranóide) – mutilam o cadáver, não dissimulam o crime e não fogem do local; 
- condutopata de base epiléptica – há premeditação mórbida do crime e tentativa de dissimulação.
A incidência maior dos parricídios em datas festivas ou próximas a elas sugere estímulo dos impulsos mórbidos por estas datas, que funcionam como fator desencadeante da ação criminosa e, não, determinante.
PIROMANIA
É a mania incendiária geralmente relacionada com graves distúrbios mentais e perversões sexuais, pois o fogo é a personificação do amor e ódio.
Os condutopatas piromaníacos costumam voltar ao local do crime pelo prazer de ver o objeto queimar.
Periculosidade dos condutopatas.
A periculosidade dos condutopatas não cessa nunca, exigindo segregação permanente, pois uma vez postos em liberdade, voltam a delinqüir, corrigindo os erros do passado, aprimorando-se e tornando o delito mais elaborado.
4. Desvios sexuais ou parafilias.
Anafrodisia – diminuição do desejo sexual no homem.
Frigidez - diminuição do desejo sexual na mulher.
Erotismo ou afrodisia – aumento do apetite sexual.
- satiríase – ereção quase contínua, com ejaculações repetidas.
- priapismo – ereção sem desejo.
- erotomania – desejo exaltado sem ereção, com idéia fixa de sexo.
- ninfomania ou uteromania - desejo exaltado na mulher (furor uterino).
Auto-erotismo – erotismo sem parceiro.
Exibicionismo – prazer em exibir os órgãos sexuais em público.
Narcisismo – admiração pelo próprio corpo, sendo indiferente ao sexo oposto.
Fetichismo – desejo ou satisfação sexual despertado por objeto (calcinha, meia) ou parte da pessoa (pés, nuca), que absorve todo o desejo sexual.
Lubricidade senil – atração de velhos, muitas vezes impotentes, por pessoas muito mais jovens, principalmente crianças, levando-os a atos de libidinagem.
Mixoscopia – prazer sexual em assistir a relação sexual dos outros.
Cronoinversão – amor pelo sexo oposto com grande diferença de idade.
Gerontofilia – atração sexual de jovens por pessoas idosas.
Pigmalionismo ou iconolagnia ou iconomania – o indivíduo se enamora pela sua criação (desenhos, estátuas). Também chamados de estupradores de estátuas, pois estas os excitam a ponto de induzi-los à masturbação.
Voyeurismo – excitação sexual ao expiar os outros em cenas íntimas (tomando banho, trocando de roupa). 
Edipismo – atração sexual específica pela mãe.
Eletrismo - atração sexual específica pelo pai.
Erotofobia – temor mórbido em realizar o ato sexual.
Homossexualismo – é uma anormalidade de conduta, embora sua prática possa ser escolhida por fatores culturais, econômicos, etc. Pode não estar ligado a qualquer outra anormalidade.
Frotteurismo – consiste em esfregar os órgãos sexuais em outra pessoa, sem o consentimento desta.
Pedofilia – atividade sexual com criança pré-púbere (menor de 13 nos). Para sua caracterização, o infrator deve ter mais de 16 anos e, no mínimo, 5 anos a mais do que a vítima.
Sadismo – excitação e satisfação sexual ao causar maus tratos e humilhação.
Masoquismo – satisfação sexual ao sofrer dor e humilhação (contrário do sadismo).
Necrofilia – relação sexual com cadáveres.
Bestialismo ou zoofilia – satisfação sexual com animais.
Triolismo – excitação na presença de terceira pessoa ou de um grupo (swing).
Transtornos de identidade de gênero.
Transsexualismo – consiste em reconhecer numa pessoa com genitais de um tipo, psiquismo contrário (do outro sexo).
Travestismo – excitação e até orgasmo ao exibir-se com roupas do sexo oposto.
Interssexualismo - transtorno do desenvolvimento sexual em que existem elementos dos dois sexos, sendo assumido um deles na vida social (geralmente de acordo com as características externas como barba). 
As parafilias têm importância como sinais e sintomas de patologias mentais, cuja gravidade depende da qualidade e quantidade das suas manifestações, e do grau de subordinação do indivíduo à sua tara.
A necrofilia, a coprofilia, o estupro de estátuas, a pedofilia e o bestialismo demonstram por si sós a gravidade do comprometimento mental. 
Estão presentes nos neuróticos, epilépticos, encefalopatas, alcoolistas crônicos, retardados mentais e condutopatas.
Os crimes mais comuns são: 
- estupro – sado-masoquista, epiléptico, encefalopata e retardado mental; 
- atentado violento ao pudor – exibicionistas neuróticos e epilépticos;
- incesto – pedófilo alcoolista crônico;
- homicídios e lesões corporais – sadomasoquistas, epilépticos e retardados;
- furtos e roubos – fetichistas neuróticos e condutopatas.

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