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Teoria Critica da Arquitetura 1 - resumo livro

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Teoria Critica da Arquitetura 1
Introdução ao Universo Arquitetonico
Por que a história na arquitetura?
A intenção desta viagem panorâmica pela história da Arquitetura é esclarecer as relações entre o passado e o presente, o ontem e o hoje, tratando a história como uma força viva e potencialmente transformadora na prática contemporânea dos arquitetos.
O que é arquitetura?
O termo Arquitetura vem do grego antigo, (arkhé) que significa "primeiro" ou "principal" e (tékhton) que significa "construção" e refere-se, simultaneamente, à arte e a técnica de projetar e edificar o ambiente habitado pelo ser humano
Vitrúvio
O que é fundamental para arquitetura?
“A definição mais precisa que se pode dar atualmente da Arquitetura é a que tem em conta o espaço interior. A Arquitetura bela será a Arquitetura que tem um espaço interior que nos atrai, nos eleva, nos subjuga espiritualmente; a Arquitetura feia será aquela que tem um espaço interior que nos aborrece e nos repele. Mas o importante é estabelecer que tudo o que não tem espaço interior não é Arquitetura. ”
Arquitetura 
“mais que construção”
Arquiteto
“mais que construtor”
Responsável por idealizar e coordenar o processo arquitetônico, da concepção à construção da obra.
Organização do homem no espaço = projeto e planejamento de edificações, cidades, regiões e espaços urbanos.
O arquiteto urbanista
É importante lembrar que o arquiteto lida com o problema da organização do homem no espaço, e por isso abrange também o projeto e planejamento de cidades, regiões e espaços urbanos. Por isso todo arquiteto é também um urbanista. 
Qual a importância da arquitetura?
A arquitetura deve seu surgimento à finalidade primordial de oferecer aos seres humanos proteção às intempéries e aos perigos da vida. 
As obras arquitetônicas são capazes de nos fazer sentir e também de nos fazer pensar, são expressões, reflexos da sociedade em que são construídas. A arquitetura comunica os valores, as crenças e sua visão de mundo, é a materialização de uma cultura, o espelho de um povo. 
O desenho e o projeto
Desenho é um meio de representar uma proposta de edificação ou de espaço urbano.
A proposta, estruturada a partir de conceitos e conhecimentos que o profissional possui, chamamos projeto. 
Interpretando a arquitetura
1. político-social
Arquitetura reflete os estilos sistemas de vida, relações de classe, valores, costumes de uma sociedade em uma determinada época.
Ex: igrejas barrocas eram uma representação do poder que a igreja católica tinha na época.
2. filosófico-sociológica
Simbolismo cultural e religioso.
Ex: A igreja é vista como uma representação do paraíso celeste.
3. técnico-científico
A forma como foi construída, os materiais que foram utilizados, as limitações tecnológicas do período, a funcionalidade de seus espaços, etc.
4. estético-formal
Ênfase na composição e nos elementos arquitetônicos.
Ex: formas curvas e sinuosas que caracterizam sua arquitetura, bem como a riqueza de detalhes.
5. perceptivo-psicológica 
Impacto perceptivo e cognitivo.
Ex: o impacto que sua exuberância e riqueza poderiam exercer em um sujeito comum daquela época. 
Catedral de São Carlos (KarlsKirche)
Johann Bernhard Fischer von Erlach, 1716-1773, em Viena, Áustria.
O Abrigo Primitivo
Neste modelo primitivo de edificação estão presentes os elementos básicos que compõem a arquitetura até hoje: 
1. Estrutura: pilares e vigas – sistema arquitravado
2. Cobertura: telhado
3. Fechamento: paredes
O que representa um abrigo primitivo?
1. Casa como segunda pele.
2. A cabana é a forma mais rudimentar de edificação. 
Isso define a edificação através da justaposição de planos:
Verticais: paredes
Horizontais: piso
Inclinados: telhado
A caverna 
Um dos primeiros abrigos encontrados pelo homem na natureza. Estas, por si só, não podem ser consideradas arquitetura, apesar da proteção que ofereciam.
Funcionaram como referencial para diversas construções humanas escavadas e subterrâneas.Cabana tuaregue de pele de animais, feita pelo povo nômade do norte da África, foto de aprox. 1907.
O Menir
Grande monólito disposto verticalmente no chão. 
. O menir está no princípio do monumento devido ao seu significado simbólico.
. Ele não possui a função de abrigo, mas de símbolo e marco cultural.
. A verticalidade do menir pode inspirar a composição de obras de arquitetura.
Não há evolução em arquitetura, e sim transformação!Menir dos Almendres, em Portugal e o monumento megalítico de Stonehenge, (2600-2000 a.C.) em Salisbury, Ing.
Obelisco egípcio de Sésostris Ier - XII dinastia; Coluna de Trajano (113 d.C.), em Roma; Torre Eiffel (1889); e Empire State Building (1929-1931). 
A camara mortuária conhecida como Tesouro de Atreu, em Micenas, Grécia. Vista da entrada e corte transversal.
Desenhos do aluno Raphael Simões, 2015.
Egito Antigo - o vocabulário básico da Arquitetura
As realizações da Arte e da Arquitetura, desenvolvidas no antigo Egito, são as primeiras formas de expressão artística que podemos relacionar a todas as outras que vieram depois, até os dias atuais. 
Heródoto definiu o Egito como “uma dádiva do Nilo”. 
Através da observação das cheias e vazantes do Nilo, percebeu-se que elas se repetiam regularmente a cada 365 dias, o que deu origem a um calendárioanual que utilizamos, com poucas adaptações, até hoje. 
Além disso, a relação estreita com o rio despertou nos egípcios a noção de orientação.
Religião egípcia e arte
A arte egípcia era fortemente baseada em leis e regras de composição. 
O papel do artista não era criar, mas representar da forma mais legível possível uma história a ser contada. 
Lei da frontalidade
. Representava os elementos de forma mais clara.
. Grande regra da composição artística do Egito.
. Representação do homem em formas específicas.
A orientação, os eixos horizontais e a religião 
O rio corre em uma trajetória quase linear de sul a norte, de sua desembocadura até a foz, no Mar Mediterrâneo. Os egípcios perceberam que o Sol nascia sempre a uma margem do rio e se punha do outro lado, estabelecendo uma linha em direção oposta à percorrida pela água. Assim, desenvolveram um sistema de orientação simples baseado em um eixo maior (o caminho do rio, que corre de sul para norte) e um eixo menor (o caminho do Sol, que nasce em leste
e morre a oeste).
Assim, a localização dos vivos e dos mortos também passa a seguir essa noção de orientação: a leste a cidade dos vivos, e a oeste a cidade dos mortos. O uso da orientação com finalidades simbólicas e sagradas se repetiu em muitas outras épocas da história da Arquitetura; na Idade Média, por exemplo, era utilizada para definir a implantação de edifícios sagrados.
A percepção desses dois caminhos cruzados leva a abstrações que configuram duas noções básicas para a Arquitetura: a axialidade (organização a partir de um eixo) e a ortogonalidade (ângulo reto formado pelo cruzamento de duas linhas). 
A sucessão de cruzamento dos eixos define o que denominamos quadrícula, ou seja, uma malha regular composta por linhas que se intersectam a 90 graus. Isso configura o plano horizontal, resultado dos quadrados ou retângulos formados pelas linhas cruzadas.
O eixo vertical e a religião
Da relação entre o plano horizontal e o céu nasce a noção de verticalidade. É como se um ponto no chão se unisse ao Sol, formando uma linha reta em outra direção, que não as duas paralelas ao solo.
A vertical está ligada ao céu, e por isso tem um potencial místico e simbólico muito acentuado. Desde então, a verticalidade representa o movimento e a elevação, enquanto a horizontalidade, por sua relação com a terra, representa o repouso, a estabilidade.
Pirâmides
Sua função é prover a morada eterna aos faraós, garantindo a continuidade da vida após a morte terrenal, ou seja, é um grande monumento funerário.
1. Mastabas e pirâmides escalonadas “escadaria para o céu”2. As três pirâmides de Gizé (cerca de 2.200 a.C.)
Representam as expressões máximas das pirâmides egípcias. Quéops, a maior, é ainda hoje a maior massa de pedra que o homem já reuniu, com uma altura de 150 metros e uma base de 230x230 metros, e tem ao seu lado as pirâmides de Quéfren e Miquerinos. 
O eixo, linha real ou imaginária que organiza elementos ao seu redor, faz
também com que surja a noção de simetria. O rebatimento especular de uma
imagem ou objeto dos dois lados do eixo se converte em lei essencial da arte e
da arquitetura egípcia. Além de todas essas noções fundamentais, alguns elementos que até hoje
fazem parte do vocabulário formal básico da arquitetura são criações egípcias, como as colunas, o capitel e a cornija.
Portanto, já estão presentes na arquitetura egípcia aquilo que Francis D. K.
Ching denomina de princípios ordenadores: o eixo e a simetria.
Os egípcios criaram várias formas de colunas, todas
baseadas em protótipos naturais.
1. Colunas caneladas assemelhavam-se a feixes
amarrados de cana de papiro. Os topos das colunas,
ou capitéis, eram decorados com flores de
papiro ou lótus, símbolos, respectivamente, do baixo
e do alto Egito .
2. Pilares de tronco com folhas de palmeira.
3. Flores de papiro.
4. Botões fechados de papiro.
5. Feixes amarrados de flores de lótus eram algumas das formas misturadas livremente.
Grécia - berço da ordem, da beleza e do Humanismo
A Grécia Antiga abrange o período aproximado entre 1.100 a.C. (período Homérico, posterior à invasão dórica) até à dominação romana em 146 a.C. 
Na Grécia, no entanto, as concepções cósmicas dão lugar a uma interpretação científica do mundo, centrada no ser humano como fim e medida para todas as coisas e, desta forma, definiram a primeira civilização “humanista” da história.
Isso ilustra muito bem a cultura dos gregos, que, em um curto período de tempo, definiram as bases da cultura do Ocidente e criaram obras de arte sublimes em escultura e arquitetura. A Filosofia, a democracia, o teatro, a Literatura, a estética, a oratória, a Pedagogia, conhecimentos avançados na Matemática e Geometria, além dos esportes, com os Jogos Olímpicos, nos dão a dimensão da importância da herança grega para o mundo atual.
Os valores essenciais da cultura e da sociedade da Grécia antiga prevalecem até os dias de hoje, como fundamento básico das civilizações ocidentais. Nas Artes e na Arquitetura, os estilos criados pelos gregos possuem tal força, que, ao longo dos séculos posteriores até a atualidade, vêm sendo cultuados e referenciados, estabelecendo o que se denomina linguagem “clássica” no mundo ocidental.
A arte grega
Os artistas gregos, no entanto, romperam gradativamente com a rigidez das esculturas egípcias, feitas seguindo regras e padrões muito bem estabelecidos. Enquanto os egípcios produziam arte através do conhecimento hereditário, os gregos passaram a buscar a representação perfeita da figura humana. Com o tempo, a representação fiel deu lugar a um ser humano idealizado, mais que perfeito, divino. A perfeição das partes, a proporcionalidade, a representação dos movimentos atingiram graus notáveis de apuro técnico.
Isso demonstra que, na Grécia, as Artes e a Arquitetura passaram a responder a leis próprias, não mais vinculadas a regras obrigatórias. A Arquitetura agora passa a ser entendida como ciência autônoma, estudada como campo separado das outras artes. Na Grécia, a busca da beleza e da perfeição passou a ser objetivo em si das artes e da Arquitetura.
A arquitetura grega começou seu desenvolvimento no chamado período Arcaico (séc. VIII a VI a.C.). Após esse período, a Grécia viveu o período Clássico (séc. VI a IV a.C.), no qual sua civilização floresceu, definiu suas características principais e atingiu o ápice de seu desenvolvimento. Até hoje o termo clássico serve como referência de qualidade, equilíbrio e bom gosto.
Escala humana e proporção
A filiação inicial entre a arte grega e a egípcia (irmãos Cleóbis e Bíton, por Polimedes de Argos, c. 615-590 a.C.) ao ser humano idealizado (Discóbolo, de Myron, c. 450 a.C.)
No século V a.C., Parmênides já dizia que “o homem é a medida de todas as coisas”, deixando claro que para os gregos o homem é o ponto de referência para a interpretação e as relações com o mundo. A consideração do homem como centro e medida do universo é denominado antropocentrismo. Por sua vez, o uso das medidas e proporções do corpo humano como referência universal é chamado antropomorfismo, que aplicado à Arquitetura deriva no que denominamos escala humana.
O uso da escala humana será utilizado ao longo de toda a história da Arquitetura, estando nas bases de uma ciência bastante atual: a antropometria, um conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes.
Isso leva ao aparecimento de conceitos como medida e módulo, que utilizamos até hoje. Um módulo é um elemento ou medida padrão, uma unidade, a partir da qual construímos o todo. Por exemplo, um espaço que possui 50 pés de largura por 60 pés de comprimento. 
Já quando falamos de proporção, nos referimos não à medida, mas à relação entre as partes de um edifício e sua totalidade. Assim como no corpo humano, os gregos passaram a buscar relações que dariam aos edifícios equilíbrio, harmonia e beleza.
Seção Aurea
Através do estudo das proporções do corpo humano (relação de tamanho entre as falanges dos dedos, por exemplo) e da natureza (crescimento em espiral de uma concha, por exemplo), os gregos encontraram uma razão entre números que passaram a aplicar na composição de suas obras de Arte e Arquitetura. Faziam isso pois acreditavam, que tanto o homem quanto suas obras deveriam pertencer a uma ordem universal mais elevada. 
A Seção Áurea, portanto, não é uma relação arbitrária, inventada. Os gregos encontraram os números que representam padrões de crescimento existentes na natureza.
“A seção áurea pode ser definida como a razão entre duas seções de uma reta, ou as dimensões de uma figura plana, na qual a menor das duas está para maior assim comoAs partes do braço humano e o crescimento em espiral de uma concha, por exemplo, seguem proporções áureas.
O antropocentrismo em esquemas do renascentista Leonardo da Vinci e do moderno
Ernst Neufer.
a maior está para a soma de ambas.” (CHING, 2013)
Desde a Grécia antiga, muitas edificações utilizaram a Seção Áurea como base compositiva, entre elas algumas obras primas da arquitetura mundial ao longo da história.
Outros sistemas de proporcionalidade foram desenvolvidos ao longo do tempo, muitos deles com base na própria Seção Áurea, também conhecida como Número de Ouro. A série de Fibonacci, onde cada termo é também a soma dos dois termos anteriores, é outro exemplo desenvolvido em 1202 d.C.
Mesmo em tempos mais próximos da atualidade, esses sistemas foram muito utilizados. O arquiteto moderno Le Corbusier (1887-1965) utilizou a proporção áurea em muitos edifícios de sua autoria. Para ele: “Um traçado regulador constitui uma garantia contra o capricho (...) Confere à obra a qualidade do ritmo. Um traçado regulador introduz a forma tangível da Matemática, que confere a percepção tranquilizadora de uma ordem.”
A partir de mediados da década de 1940, e com base na Seção Áurea, Le Corbusier criou um novo sistema de proporcionalidade, ao qual denominou modulor. Esse sistema foi concebido a partir da fusão entre o número de ouro e as proporções do corpo humano, como uma espécie de “atualização” dos sistemas antigos.
Arquitetura e ordem
O sistema de ordens definiu as proporções ideais para todos os componentes dos templos, de acordo com proporções matemáticas predefinidas, baseadas no diâmetro de uma coluna, medida que seria o parâmetro para todos os demais componentes da Arquitetura. 
Além das proporções, as colunas guardavam os elementos mais característicos dos estilos, e por meio delas encontramos os meios mais fáceis de identificar cada um deles. Especialmente nos capitéis encontramosos principais elementos definidores de cada estilo.
Os gregos desenvolveram três ordens utilizadas de acordo com o caráter da obra a ser erigida: a Dórica, a Jônica e a Coríntia.
Ordem Dórica
A precursora ordem Dórica era austera e evidenciava os elementos estruturais. As colunas dóricas eram robustas, não tinham base e possuíam capitéis mais simples sobre o fuste com caneluras.
Ordem Jônica
A ordem Jônica era mais delgada e transmitia uma acentuada percepção de leveza e delicadeza. As colunas possuem uma base que sustenta o fuste com caneluras, além de um capitel com volutas (adorno espiralado que referencia um pergaminho enrolado). Esse tipo de capitel introduzia uma noção de direção nas ordens, pois as volutas ficavam voltadas para a parte frontal do templo, que se diferenciava das laterais.
Ordem Coríntia
Considerada como uma evolução da ordem Jônica, as colunas de ordem Coríntia possuem os capitéis ricamente esculpidos representando as folhas de acanto, vegetação abundante na costa mediterrânea.Templo de Poseidon, em Paestum, na Magna Grécia.
Erecteion, templo Jônico na Acrópole de Atenas e detalhe de capitel do templo de Portunus, em Roma.
O historiador romano Vitrúvio considerava a arquitetura grega como referência humanista e, por isso, associou as características formais dos estilos à forma do corpo humano. Para ele, o estilo Dórico representava um homem vigoroso e forte, enquanto o estilo Jônico referenciava as formas delicadas e curvas de uma mulher.
Além da coluna, a maioria dos elementos que compunha os templos gregos eram diferentes segundo a ordem a que pertenciam. A arquitetura era definida basicamente a partir de um sistema tripartido, segundo o qual cada edifício era subdivido em entablamento — parte superior composta por uma série de elementos como: frontão, cornija, frisos etc. —, coluna: dividida em base, fuste e capitel e estilóbata: base ou pedestal sobre o qual o edifício se levantava.
Veremos mais adiante que esses elementos criaram uma linguagem tão poderosa que será a base das arquiteturas da Roma Antiga, do período renascentista e do estilo neoclássico, desenvolvido entre os séculos XVIII e XIX.
O Parthenon
O Parthenon, templo dórico destinado ao culto da deusa Atena Partenos e considerado por muitos o edifício mais perfeito já construído pelo homem, é o principal edifício erguido pela cultura grega. Foi construído em mármore pelos arquitetos Ictinos e Calícrates (447-438 a.C.), e todo o conjunto escultórico, inclusive a estátua de 15 metros de altura da deusa Atena foi obra do grande escultor Fídias.
Tal como a maioria dos templos gregos, era constituído, basicamente, de uma planta retangular cercado por uma fileira dupla de colunas, com um pórtico na frente e outro atrás. Seu núcleo principal é uma sala retangular denominada de naos ou cela, que abrigava a estátua da divindade, cujo acesso se dá por uma grande porta orientada para leste. Possuía um espaço interior reduzido, visto que não era destinado à visitação pública. 
Na frente do naos, costuma haver um pórtico ou vestíbulo aberto, denominado pronaos. Na parte posterior, uma sala destinada a abrigar o tesouro do templo, denominada opistodomus, tinha somente abertura para o exterior.
Na forma básica de um templo, ficam evidentes as partes essenciais antecipadas na cabana primitiva: os planos horizontais (chão), os verticais (paredes) e os inclinados (telhado).
O Parthenon é considerado um paradigma, pois é o exemplar mais bem acabado do estilo Dórico, sintetizando as principais características da arquitetura grega.
A busca pela perfeição era uma obsessão dos antigos gregos. Eles perceberam que a escala e o ângulo de visão, de baixo para cima de um observador, distorcia a visualização do templo fazendo com que ele parecesse mais largo da base para o topo. Para corrigir essa percepção, nas colunas, foi introduzido o conceito de êntase, que era a redução gradual da seção, a medida em se subia em altura. A êntase era utilizada para compensar o efeito visual de concavidade, apresentado pela colunas de seção uniforme.
Roma Antiga – império da técnica 
A história de Roma se divide em três fases: Nomenclatura das partes e características gerais das ordens gregas.
As colunas dóricas da fachada frontal do templo e os elementos que caracterizam a ordem Dórica.
O Parthenon como é visto, como seria visto sem a êntase e como foi efetivamente construído.
.Monarquia (753-509 a.C.) – Período de domínio dos reis etruscos
.República (507-27 a.C.) – Roma era administrada por uma Senado
.Império (27 a.C. – 476 d.C.) – Roma comandada pelos grandes generais
A grandeza desse império estava diretamente relacionada ao seu alto grau de desenvolvimento
técnico, que permitiu a construção de aquedutos, pontes e uma extensa rede de estradas, entre outros exemplos. Por isso diz o ditado que “todos os caminhos levam à Roma”.
Dos romanos, herdamos grande parte de nosso padrão de civilização, começando pelas leis e formas de governo, como a República e a Ditadura, por exemplo, até o desenvolvimento de facilidades modernas como os encanamentos, os sistemas de esgoto, os estádios esportivos etc. A arquitetura romana tinha um papel político e representativo importante: marcavam a presença de sua cultura nos territórios conquistados.
De caráter extremamente técnico e pragmático, os romanos construíram sua civilização com base na herança cultural e arquitetônica grega. Dos gregos absorveram grande parte da cultura que, juntamente com sua tradição construtiva, forjaram as bases da civilização romana. A epopeia romana começa com sua fundação no ano de 753 a.C., e de um pequeno centro comercial na região do Lácio se transformou no primeiro grande império que o mundo conheceu. Roma, a cidade eterna, se transformou então na caput mundi (capital do mundo).
O Império romano atinge seu apogeu nos séculos I e II d.C., absorvendo os próprios domínios gregos e egípcios, além de muitos outros povos e territórios. Eram conhecidos pelo pragmatismo e praticidade, características que forjaram uma cultura extremamente técnica e funcional, além de serem conhecidos pelo pendor à crueldade e à violência, representadas pelo massacre público de animais e pessoas e pela punição através da crucificação. A política de oferecer diversão e comida para desviar a atenção das massas dos problemas reais ficou conhecido como panis et circenses (pão e circo).
Arte Romana
Na arte, apesar de não apresentarem grandes inovações e experimentalismos em relação aos gregos, de quem herdaram suas principais características, criaram esculturas que prezavam pelo realismo do representado, sem a idealização das formas cultivada pelos gregos.
Na realidade, a arte assumiu a função de representar a imagem do imperador e do império. A importância da reprodução exata e narrativa clara de acontecimentos muda o caráter da arte. O objetivo deixa de ser a harmonia, a beleza e a expressão dramática da arte grega para ser a clareza e a eficiente difusão da mensagem a todos os rincões do império.
A Coluna de Trajano era uma espécie de jornal esculpido na pedra, relatando as
conquistas do imperador.
Tipo x Modelo
Os três pilares definidos por Vitrúvio representavam melhor as condicionantes levadas em consideração pelos romanos. A conjunção de firmitas, venustas e utilitas (técnica, beleza e funcionalidade) passou a definir a forma final do objeto arquitetônico, resultando em algo que, muitos séculos depois, seria denominado tipologia arquitetônica.
Diferentemente do observado, na Grécia, não se trata de uma relação de proporcionalidade ou do uso correto de determinados elementos na composição das obras. Um tipo, em Arquitetura, não representa uma imagem, mas sim uma ideia geral, a essência do objeto arquitetônico.
É importante salientar que a evolução tipológica da Arquitetura conta ahistória da própria Arquitetura. Vejamos o exemplo do Teatro: na Grécia, os teatros eram executados acompanhando a declividade do terreno; em Roma, devido a novas necessidades dos espetáculos, ele passou a ser construído sobre o terreno. Essa mudança na utilitas resultou na necessidade de uma alteração na firmitas, que por sua vez teve grande impacto na venustas.
 
Um tipo é diferente de um modelo. Um modelo é um objeto definido e que se deve imitar; um tipo é a essência formal das obras de arquitetura, a partir da qual podemos criar composições diversas. 
Arcos, abóbadas e cúpulas: o esplendor da técnica
Segundo o filósofo Alfred North Whitehead, “o Império romano existiu em virtude da magnífica aplicação da mais magnífica tecnologia que o mundo tinha visto até então.”. Talvez a maior contribuição dada pelos romanos à Arquitetura tenha sido a ampliação do repertório de técnicas construtivas utilizadas até então, o que causou grande impacto nas formas e espaços arquitetônicos conhecidos.
De origem etrusca, o arco é o elemento básico a partir do qual se desenvolverão abóbadas e cúpulas. Esse avanço na tecnologia construtiva, permitia a execução de vãos muito maiores que os possíveis através do sistema trilítico, ou seja, uma viga apoiada sobre duas colunas utilizada pelos gregos. Enquanto esse sistema em pedra raramente cobria mais que 4,5m de vão, um arco podia chegar a 46m. Isso permitiu a criação de grandes espaços cobertos, além de gerar uma espacialidade inteiramente nova.
Outra contribuição técnica dada pelos romanos foi o desenvolvimento da argamassa, ou de um concreto primitivo. De acordo com análises, eles usavam material vulcânico (rochas e cinzas) e cal, além de um método de preparo bastante específico.As transformações tipológicas do teatro entre Grécia e Roma.
1) Chave, 2) Aduela, 3) Extradorso, 4) Imposta, 5)
Intradorso, 6) Flecha, 7) Vão ou Luz, 8) Contraforte
Essa argamassa, utilizada junto com o tijolo tornou possível a construção de grandes abóbadas e cúpulas. Formalmente, as abóbadas são a extrusão de um arco no sentido longitudinal, enquanto uma cúpula é o giro de um arco a partir de seu eixo central.
A criatividade e a inovação estrutural dos romanos permitiu que os construtores cobrissem imensos vãos e criassem enormes espaços interiores, fazendo surgir uma arquitetura de vãos encerrados e não de massas de sustentação. Em Roma, a percepção dos volumes internos e externos atingem seu melhor paradigma edificado.
A aplicação dessas técnicas propiciou o desenvolvimento de uma arquitetura de formas arredondadas, bastante plástica e atraente. Sua adoção substituiu a coluna como elemento de maior importância estrutural pela parede de carga, reduzindo as colunas a elementos linguísticos. As edificações e os conjuntos urbanos construídos na Roma antiga buscavam representar a grandiosidade e o poder do império. A escala da edificação romana é a escala de um império e, por isso, não tem que ter a escala do homem. Suas realizações arquitetônicas são monumentais. Os edifícios de uso público eram os mais adequados a essa representação colossal. 
Em Roma, uma diversidade de novos programas arquitetônicos fez surgir uma série de edifícios com tipologias distintas das observadas na Grécia: basílicas, termas, edifícios para espetáculos e monumentos comemorativos são representativos da cultura da sociedade romana.
Basílica
A basílica é um edifício público com múltiplas funções, dedicada principalmente à justiça e ao comércio. Geralmente possui planta retangular com uma nave central mais alta e duas laterais mais baixas, por onde entra a iluminação. Ao contrário dos templos gregos, as colunatas ficam dentro da edificação, evidenciando a maior preocupação com a espacialidade interna.
Planta e fachada da Basílica de Ulpia, no Fórum de Trajano
Termas
As termas, edifícios muito característicos da cultura romana, são banhos públicos que integram atividades sociais, de higiene e esportivas. Devido à quantidade de usos que concentravam, eram edifícios extremamente complexos e grandiosos.
Teatros e Anfiteatros
Entre os edifícios para espetáculos estavam os teatros, os anfiteatros e os circos. Os teatros, de criação grega, apresentam algumas variações tipológicas em Roma, mas seu esquema geral permanece reconhecível. Os anfiteatros, destinados a combates e lutas, é que serão os mais característicos edifícios da arquitetura romana. Formalmente, são a junção de dois teatros espelhados formando uma planta elíptica, com a arena ao centro, onde as apresentaçõesDesenho artístico das Termas de Caracalla (220 d.C.)
aconteciam.
O anfiteatro Flávio, mais conhecido como Coliseu. Situação atual e esquema do anfiteatro.
Arcos do Triunfo
Em Roma, os monumentos comemorativos serviam para deixar registros das conquistas dos imperadores. Além das colunas, podemos destacar os Arcos de triunfo, que simbolizavam as portas da cidade e ficavam na entrada dos foros, das pontes e das fronteiras.
Arcos de Tito e de Constantino, em Roma.
Domus
Em Roma, a arquitetura doméstica atingiu níveis de complexidade nunca antes vistos. A domus é a habitação romana mais característica e conhecida. Praticamente fechada para o exterior, se organiza através de um pátio ou átrio central e normalmente distribui seus cômodos de forma simétrica ao redor deles. Dela surgiu a tipologia básica que ainda hoje chamamos casa-pátio. A insula, por sua vez, é uma tipologia doméstica ancestral dos edifícios de apartamentos atuais, constituída por várias habitações idênticas e sobrepostas, separadas por pisos de madeira ou lajes abobadadas.
 
 Em Roma, duas novas ordens foram criadas: a ordem Toscana, que trata-se de uma simplificação de mesmas proporções do estilo dórico, com o fuste liso; e a ordem Compósita tendo sido
até ao renascimento considerada uma versão tardia do coríntio. Trata-se de um estilo misto em que se inserem no capitel as volutas jônicas e as folhas de acanto das coríntias. 
O Pantheon
Templo dedicado a diversos deuses, o Pantheon é reconhecido como exemplar máximo da arquitetura de Roma, pois nele atinge a perfeição a conjunção de elementos técnicos, espaciais e simbólicos, que o converterão em protótipo para as grandes cúpulas renascentistas posteriores.
É um exemplo perfeito dos sistemas construtivos conhecidos como massa ativa, nos quais toda a massa trabalha distribuindo as forças de forma homogênea, sem transferi-las para outros elementos estruturais como vigas e pilares, por exemplo.
OBS
Para Alonso Pereira a comparação entre o Parthenon e Pantheon revela o caráter tectônico41 e extrovertido da arquitetura grega e a natureza plástica e introvertida da arquitetura romana.
Se o Parthenon evoca a cabana primitiva em sua construtividade e forma, o Pantheon rememora a caverna com seu grande espaço interno oco e arredondado. Um óculo aberto no topo da cúpula enche de luz o espaço interior e remete à abóbada celeste.
Outra diferença marcante em relação ao Parthenon é que a concepção do templo como casa da divindade, inacessível e proibida ao povo foi subvertida, tronando-se um espaço para abrigar um grande número de pessoas. No Pantheon o espaço interior é mais importante que o exterior.
A cidade greco-romana e o nascimento do urbanismo
O edifício mais importante de uma cidade grega era o templo, que além de sua função religiosa, também possuía grande sentido político e social para a vida cidadã: era o centro para as festas solenes da nação. Os templos e seus arredores eram recintos sagrados e se localizavam nas partes mais altas, juntamente com os edifícios mais importantes. Esse conjunto era denominado Acrópole, sendo a de Atenas a mais célebre de todas as erguidas pelo mundo grego.
Na Acrópole, haviavários templos menores, cada um deles implantado de forma a definir um percurso controlado e estudado que levava até o templo principal. Na Acrópole de Atenas, por exemplo, uma sucessão de pórticos dóricos, chamada Propileu, marca a entrada.
Vista da entrada da Acrópole, com os pórticos do Propileu em primeiro plano, o pequeno templo de Atena Niké à direita e a estátua da deusa Atena ao fundo.
As cidades romanas, assim como as gregas, eram regidas pela vida social e
Não por acaso as palavras cidade e civilidade se confundem no termo latino civitas. Segundo o filósofo espanhol Ortega y Gasset: “A urbe é, antes de tudo, isto: ágora, lugar para a conversa, a discussão, a eloquência, a política. A cidade clássica nasce de um instinto oposto ao doméstico. Se constrói a casa para se estar nela; se funda a cidade para sair da casa e reunir-se com outros que também saíram de suas casas.”
A retícula hipodâmica: a gênese do planejamento urbano
A história do planejamento urbano começa na Grécia com Hipódamo de Mileto, que viveu em Atenas no século V a.C. De forma oposta à configuração das cidades gregas tradicionais, onde à exceção da Acrópole e da Ágora as casas e as ruas surgiam organicamente formando em emaranhado irregular de edificações, ele propõe um traçado de ruas regulares ao longo de padrões reticulados, intercalando praças abertas na disposição em grelha.
Como já vimos anteriormente, os egípcios já utilizavam a quadrícula e tinham sentido de orientação. O sentido com que a utilizavam era, no entanto muito diferente para os gregos e romanos, que estavam interessados na organização do território, acima de qualquer sentido religioso ou místico. Os romanos, no entanto, serão os responsáveis por aplicar e disseminar o modelo urbano reticulado pelos domínios do império. Introduzem à grelha estrutural a noção de hierarquia urbana, marcando duas vias principais, mais largas que as demais, disposta de forma ortogonal: o cardo (no sentido norte-sul) e o decumanus (leste-oeste).
Idade Média 
Lógica e luz : a arquitetura medieval
. 311-94 d.C. : Constantino estabelece o cristianismo como religião oficial do Estado
. Período que se segue à queda do Império Romano é marcado por guerras, invasões e migrações intensas
. Concentração do saber em mãos da Igreja: arte e ciência subjugadas à religião.
A decadência do Império romano tem início no século III d.C., a partir da transferência da capital de Roma para Constantinopla (atual Istambul) e se acelera com a invasão da cidade pelos bárbaros, aproximadamente no ano 410.
Nesses tempos, renasceu a ideia de que a Arte deveria ter o papel de representar claramente uma mensagem. Assim, as obras de arte deveriam servir como meios de
evangelização, levando a palavra do Senhor àqueles que sequer sabiam ler e escrever.
Na Arquitetura, a partir de um período de transição bastante austero e simplificado, conhecido como paleocristão, desenvolve-se o belo período românico (como o nome sugere, marcado pela influência da arquitetura de Roma), chegando-se ao esplendor da arquitetura gótica a partir do primeiro milênio depois de Cristo.
Divergências dogmáticas, especialmente relacionadas à aceitação e ao uso de ícones e imagens artísticas, acabaram por dividir a igreja cristã entre a vertente romana e a ortodoxa, baseada na antiga capital do Império romano do oriente, Constantinopla. Os ortodoxos criaram uma Arte e uma Arquitetura próprias, fortemente relacionadas à cultura e à iconografia árabe, denominada bizantina.
A Arte bizantina foi marcada pelo uso intensivo de mosaicos,
cores fortes e contrastantes. Com a função exclusiva de servir à
religião, era definida por regras compositivas rígidas, aproximando-
se da concepção artística dos egípcios. 
Arquitetura românica
Traçado orgânico, sem um planejamento global. 
Após a religião cristã sair da ilegalidade e ser incorporada pelo Império romano, as basílicas passam a ser utilizadas como local de culto pelos cristãos. No entanto, os arquitetos cristãos a alteraram e adaptaram para melhor atender ao seu novo uso. Tais movimentos de adaptação e transformação da arquitetura romana às novas necessidades de uso fundamentaram as características da arquitetura paleocristã, a primeira das expressões arquitetônicas medievais.
O primeiro estilo bem definido da Idade Média é o Românico, cujo nome remete à herança técnico-construtiva romana. Toda a arquitetura da Idade Média deriva do uso e da transformação dos sistemas em arco e, principalmente, abóbadas.
Na realidade, se tivéssemos que descrever, rapidamente, a essência da arquitetura medieval poderíamos dizer que se baseia na transformação do sistemas de massa ativa (parede e cobertura juntas como em um grande bloco unitário) em sistemas de vetor ativo (esforços percorrem caminhos definidos, como vigas, pilares e arcos).
Com o tempo, descobriram que poderiam fragmentar as partes do edifício
em peças menores, criando caminhos por onde as forças poderiam percorrer.
Seria como uma espécie de esqueleto estrutural, forrado por uma pele feita de paredes. Isso retira das paredes a função de suportar peso e permite fazer aberturas maiores, deixando os edifícios mais leves.
Essas estruturas inseriram nervuras nas antigas abóbadas, além de introduzir uma parte denominada contraforte, destinada a suportar os empuxos vindos da cobertura que tendem a “abrir” a edificação. Como podemos ver, as construções românicas são baseadas na concepção estrutural, da qual sua forma deriva. A firmitas tem um papel muito importante na venustas dessas obras.
Arquitetura gótica
Nesse período, levantaram-se construções mais leves e altas, onde a luz assume seu papel definitivo no espaço interno, através de grandes vitrais.
Três elementos novos foram os grandes responsáveis por essa transformação arquitetônica: o arco ogival, a abóbada de aresta e o arcobotante.
Por sua forma vertical, o arco ogival consegue diminuir os empuxos laterais e, consequentemente, alivia as paredes e os pilares de sustentação. Do cruzamento ortogonal de duas ogivas, surge a abóbada de aresta, capaz de conduzir todos os esforços para apenas quatro pontos formados pelas linhas de cruzamento.O arcobotante, por sua vez, é um segmento de arco que fica do lado de fora da construção, posicionado na base da abóbada interna, responsável por absorver e transmitir os empuxos ao contraforte.
Juntos, esses novos elementos estruturais causam um grande impacto na volumetria e na espacialidade das obras, definindo o aspecto vertical e delgado que será a marca da arquitetura gótica.
Esses templos altíssimos dominavam a paisagem, em profundo contraste com a escala do entorno, destacando a presença de Deus na comunidade.
Assim se definiu a tipologia da grande catedral gótica, paradigma da era medieval, lógica e geométrica, de três ou até cinco naves e duas enormes torres na fachada, como dois menires a valorizar sua presença. 
Após essa fase de esplendor, o mundo medieval começa lentamente a entrar em decadência, a partir da formação dos Estados nacionais e da consequente diminuição do poder da Igreja. As cidades se fortaleciam como importantes centros de vida cultural e de trocas econômicas.
Tipos de abóbadas
Conceito e partido em Arquitetura
Muitas vezes, a intersecção entre a nave e o transepto replica a forma de uma cruz, símbolo máximo do cristianismo, fazendo da planta um ideograma da função que abriga. Dessa maneira, um elemento abstrato acaba estruturando a composição formal da arquitetura. 
Essa mensagem simbólica, que reveste de significado a obra de arquitetura, é o que chamamos conceito.
A forma de cruz, organizada a partir da intersecção entre duas barras retangulares, e sua volumetria inicialmente horizontal e fechada é o que denominamos partido arquitetônico: a forma básica que estrutura todo o edifício.
As igrejas medievaistambém retomam a ideia de orientação do edifício emfunção de crenças religiosas. De forma parecida com os conceitos egípcios, a entrada das igrejas ficavam voltadas para o poente e a parte do altar para o nascente: a vida em Cristo e a morte no espaço mundano.
O conceito está relacionado a algo abstrato e intangível, à ideia ou percepções que o arquiteto deseja transmitir com a obra. O partido é a estruturação formal e volumétrica que organiza essencialmente o edifício.
 
Oscar Niemeyer, grande arquiteto moderno brasileiro, era um grande mestre em definir conceitos fortes e transformá-los em partidos arquitetônicos igualmente potentes. O conjunto do Congresso Nacional, por exemplo, transmite com clareza as noções de equilíbrio (dois volumes semiesféricos posicionados em pontas opostas de uma base horizontal e separados virtualmente por duas torres, o que remete à forma de uma balança) e complementaridade (as semiesferas sugerem duas partes de uma mesma forma, que se complementam através de volumes que evocam o côncavo e o convexo) entre as duas casas legislativas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
Em um exemplo contemporâneo, o Pavilhão da Malásia, na Expo Milão 2015, do escritório Hijjas Kasturi Associates, baseia-se na forma das sementes encontradas em florestas tropicais do país, símbolos de crescimento e do estilo de vida malaio.
A luz na Arquitetura
Ao separar as funções estruturais das de fechamento e criar uma nova lógica estrutural, a arquitetura gótica trocou as paredes de pedra por grandes vitrais coloridos e inaugurou uma espacialidade interna construída pela luz. A luminosidade quase mágica dessas edificações tem o poder de desmaterializar a massa construída, criando uma ambientação etérea e misteriosa. O interior da Saint Chapelle de Paris, templo gótico cuja ambiência é definida pela luz dos vitrais.
As rosáceas, grandes vitrais circulares que caracterizavam a fachada das catedrais medievais são outro belo exemplo de manipulação dos efeitos luminosos. A luz exterior penetra na nave da igreja reluzindo em desenhos multicoloridos.
Uma rosácea vista da parte externa de uma catedral e o efeito luminoso interno de seus vitrais.
Temos basicamente dois tipos de entrada de luz externa nas edificações: as laterais e as zenitais, aquelasque entram através de aberturas no teto.
O Pantheon romano é talvez um dos primeiros exemplos do uso magistral da luz como definidora do próprio espaço. A grande piazza interna é banhada de forma espetacular pela luz proveniente do óculo no topo da cúpula.
Muitos arquitetos, em todos os tempos, se valem dos efeitos da luz para gerar ambientações que impactem a percepção humana e valorizem a espacialidade interna. Le Corbusier, em sua Capela de Ronchamp (1950-55) explora todo o impacto perceptivo que as cores dos vitrais e o contraste entre luzes e sombras vindas das paredes laterais podem causar no espaço interno. O arquiteto contemporâneo japonês Tadao Ando faz a cruz brilhar através de simples cortes na parede do altar de sua Igreja da Luz, em Osaka (1989).
Além do efeito poético que a luz oferece ela é, na realidade, necessária para que possamos perceber e nos localizar no espaço arquitetônico. As partes de uma edificação e a forma com as utilizamos são profundamente influencia das pela disponibilidade de iluminação. Assim, ambientes de trabalho exigem mais intensidade luminosa enquanto ambientes de recolhimento e repouso pedem iluminação mais controlada e acolhedora.
Estrutura e forma arquitetônica
A história da construção tem início desde que o homem começou a empilhar pedras e apoiar peças de madeira umas nas outras de forma a se proteger das intempéries e dos animais selvagens. Na cabana primitiva, já encontramos as partes essenciais de todas as estruturas arquitetônicas: os pilares e as vigas. As gigantescas pirâmides egípcias se baseavam na sobreposição de imensos blocos de pedra, um tipo de técnica construtiva que apesar de bela e monumental, representa a forma mais rudimentar de edificação. A arquitetura grega explora magistralmente o sistema viga x pilar, que a partir da introdução dos arcos pelos romanos ganhará a capacidade de vencer grandes vãos. Essa mudança, para além da evolução técnico-construtiva, imprime um caráter novo à Arquitetura: enquanto as colunatas gregas transmitem a sensação de estabilidade e tranquilidade, a sucessão de arcos sugere dinamismo e força aosOs interiores das igrejas de Notre-Dame du Haut, em Ronchamp, de Le Corbusier, e da Igreja da Luz, de Tadao Ando.
edifícios de Roma. 
Será na Idade Média, especialmente no período Gótico, que a concepção estrutural atingirá o ápice de seu desenvolvimento, a ponto de se fundirem nas grandes catedrais a firmitas e a venustas. Nas obras medievais, compreendemos com clareza como o desenho da estrutura pode derivar na forma arquitetônica, criando um diálogo onde uma reforça o sentido e a presença da outra.
No século XIX, o aparecimento do concreto armado – junção doconcreto com barras de ferro–representará outra inovação tecnológica que produzirá grande impacto na Arquitetura, tanto na forma de construir quanto nas formas das edificações, sendo o material de preferência dos arquitetos modernos do século XX.
As inovações técnicas possuem grande impacto nas formas, fazendo surgir inclusive tipologias novas. O edifício em grande altura, conhecido como arranha- céu, por exemplo, só pôde surgir a partir do aparecimento desses novos materiais e técnicas.
A partir de 1920, Le Corbusier define um esquema que torna independente a estrutura das partes de vedação, possibilitando a definição de uma planta livre, desenvolvida por entre a modulação dos pilares.
Como podemos perceber, o conhecimento dos sistemas estruturais, materiais e técnicas construtivas é essencial para que se possa conceber obras que combinem e equilibre firmitas, utilitas e venustas, ou seja, para que o arquiteto possa efetivamente fazer Arquitetura.
A idade do Humanismo - o retorno ao clássico no Renascimento e no Barroco
Como vimos o termo clássico, em Arquitetura, se refere ao repertório formal e compositivo desenvolvido pelos gregos e enriquecido pelos romanos. Após a queda de Roma e a assunção do período medieval, tais princípios ficam esquecidos e surge uma nova linguagem arquitetônica e artística cuja rigorosidade matemática que caracterizava sua composição vai se diluindo ao longo do tempo em favor de um repertório estilístico amplo, mas muito ornamentado e por vezes confuso.
Este contexto, juntamente com grandes transformações sociais, abre passo a um resgate dos conceitos clássicos na Arquitetura, baseados na rigorosidade e simplicidade compositivas. O retorno aos princípios greco-romanos marca o desenvolvimento artístico e arquitetônico desse novo período, não por acaso batizado de Renascimento.
A linguagem clássica, na Arquitetura, ultrapassa os limites temporais da renascença, sendo a base também das fantásticas manipulações barrocas e da ampla gama compositiva neoclássica e eclética, já no século XIX.
O Humanismo representa esse tempo de ruptura com a forte influência da Igreja e do pensamento religioso da Idade Média. O teocentrismo (Deus como centro de tudo) cede lugar novamente ao antropocentrismo, devolvendo ao homem o lugar central no interesse das artes e da ciência.
Renascimento: a ressurreição dos ideais clássicos
Idade da razão - Sec. XV e XVI
Aparecimento na Itália, onde a arquitetura medieval teve pouca transcendência. 
Decadência da arte gótica: os italianos a consideravam selvagem e confusa.
A partir de 1300, o feudalismo entra em crise e o nascimento das primeiras monarquias nacionais abre caminho para o surgimento de um novo capítulo da história ocidental.
O fortalecimento das cidades e do comércio entre elas, juntamente com o enfraquecimento do poder da Igreja completam os ingredientes necessários para uma grande transformação nas basesda sociedade da época, inaugurando a idade do humanismo.
Na Arte, ressurgem os ideais de beleza e perfeição, e as esculturas parecem ganhar ainda mais vivacidade que os exemplares gregos e romanos. A pintura incorpora técnicas de perspectiva e representação pictórica que a eleva a patamares de apuro técnico nunca antes experimentados.
Retorno a uma visão de mundo humanista, antropocêntrica e científica.Rafael Sanzio, O casamento da Virgem, 1504; Michelangelo, David, 1501-1504.
Os grandes descobrimentos.
Arquitetura e nas artes: Resgate da simplicidade e precisão geométrica clássica. 
Nesse processo de renascimento, demarca-se uma diferença conceitual entre o que é velho e o que é antigo. Velho seriam as arquiteturas medievais, consideradas variáveis e instáveis, enquanto o antigo carrega a eternidade e a estabilidade, e por isso possui valor absoluto, transcendente, a exemplo das realizações greco-romanas.
A Idade Média passa a ser vista como um desvio de rota civilizacional, um tempo de trevas onde a curiosidade científica teria dado lugar ao obscurantismo religioso. A revalorização dos preceitos clássicos seria, dessa forma, um meio de resgatar os valores sociais humanistas greco-romanos.
A figura de Leonardo Da Vinci é uma das melhores representações dessa época humanista, onde a ciência e as artes compartilhavam ideais comuns de perfeccionismo e rigorosidade.
Estudo anatômico; projeto de um helicóptero e retrato de Isabela D’Este, todos de Leonardo da Vinci.
Esses tempos de valorização científica e consolidação de poder das monarquias redundarão nas grandes navegações, responsáveis pelo descobrimento da América e, posteriormente, do Brasil.
O projeto em perspectiva
Na Arquitetura, o uso de figuras geométricas elementares, de relações matemáticas simples e a reutilização das ordens gregas serão a base do sistema compositivo renascentista.
Pela primeira vez na história, o projeto (teoria) e a construção (prática) passam a ser encarados como etapas distintas e possivelmente independentes.
Obras passaram a ser vinculadas diretamente ao seu autor
Essa nova divisão do trabalho concede ao arquiteto a figura de intelectual, e a autoria das obras passa a ter importância cada vez maior. A partir de então, nos referimos às obras de Arquitetura vinculadas ao nome de seu autor. 
Como consequência disso, o projeto passa a ser um sistema entre muitos dentro do processo de construção. Isso representa uma mudança conceitual radical em relação ao pensamento clássico e medieval.
Tanto a Arquitetura quanto a Pintura passam a trabalhar a partir da noção de profundidade dada pela perspectiva, onde a realidade pode ser traduzida a partir de relações matemáticas. Assim, podemos representar com exatidão a posição que os elementos realmente ocupariam no espaço construído.
Esquema do uso da perspectiva na composição do afresco
da Santíssima Trindade, de Masaccio.
No século XV, que os arquitetos passam a utilizar a maquete como meio técnico de representação. 
Arquitetura renascentista: a linguagem clássica
A transição da Idade Média para o Renascimento tem um nome e um lugar preponderantes: o arquiteto Fillipo Brunelleschi (1377-1446) e a cidade de Florença, na Itália.
Ao voltar sua atenção às técnicas e formas da antiga Roma, Brunelleschi constrói o marco simbólico da virada para a arquitetura humanista: a cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore (1420-1434), dominando a paisagem florentina. As cúpulas haviam, praticamente, desaparecido ao longo da Idade Média e seu resgate representou o ponto de retorno aos ideais clássicos.
Florença: o Quattrocento
 O domo de Santa Maria del Fiore, na paisagem de Florença, e esquema da cúpula.
Mas será na igreja de São Lourenço e na Capela Pazzi que a linguagem clássica retornará em toda sua plenitude, sem qualquer vestígio da velha arquitetura gótica, através do uso de colunas e capitéis clássicos, entablamentos e arcos romanos.
Na Capela Pazzi, os centros da planta quadrada e do domo são coincidentes, revelando uma composição baseada em estudadas proporções matemáticas. A rigorosidade compositiva presente nas formas geométricas simples, além dos elementos característicos do repertório greco-romano simboliza o resgate da linguagem clássica na Arquitetura.
Capela Pazzi, em Florença. Planta, vistas externa e interna.
Além de Brunelleschi, é destacável o gênio de Leon Battista Alberti (1402-1472), que utilizou a referência ao arco de triunfo romano como base de suas composições. Na igreja de Santo André de Mântua, aparecem motivos que se repetiriam em inúmeros edifícios renascentistas: arcos baixos e altos, pilastras e a cúpula. 
Leon Battista Alberti Santo André de Mântua Florença, 1441
O novo estilo surgido, em Florença, retomava os preceitos gregos que consideravam o homem e as proporções de seu corpo como base referencial para o processo compositivo. Os edifícios, portanto, voltaram a apresentar a escala humana e a horizontalidade como características distintivas.
O homem vitruviano, de Leonardo da Vinci, e esquema de planta de igreja antropomórfica
de Francesco di Giorgio, que relaciona o corpo humano a uma planta em cruz grega e latina.
CURIOSIDADE - Ordens e gêneros
Nesse período, também foi resgatada e adaptada do ideário vitruviano a associação das ordens aos gêneros masculino e feminino. Assim, edifícios masculinos, como cortes judiciais e igrejas dedicadas aos santos utilizariam a ordem dórica; edifícios femininos, para filófosos e acadêmicos, além de igrejas dedicadas a santas, seriam compostos com a ordem jônica; e igrejas dedicadas à Virgem Maria e à santas jovens utilizariam a ordem coríntia.
Roma: O Cinquecento
A entrada no século XVI, denominado cinquecento ou alta renascença, marca a passagem do centro difusor do Renascimento de Florença para Roma. Da mesma forma, se Brunelleschi foi o personagem principal do século florentino, o protagonista do período romano será Donato Bramante (1444-1514).
Após o fim da Idade Média a capital italiana começava a recuperar seu esplendor perdido a partir da reorganização dos Estados Pontifícios pela Igreja. Grandes obras são erguidas pelo Vaticano para construir a nova Roma renascentista e monumental. Esse período será considerado a apoteose do Renascimento, onde os arquitetos e os artistas atingirão o grau máximo de perícia no uso da linguagem clássica.
Seu esquema compositivo baseado em uma planta centralizada e simétrica reaparece de forma monumental em seu projeto para a nova Catedral de São Pedro do Vaticano, encomendada pelo Papa Júlio II. No principal templo da igreja cristã, a cúpula iguala as dimensões do Pantheon romano e a referência albertiana do arco de triunfo reaparece.
Com a morte de Bramante, ninguém menos que Michelangelo (1475-1564) assume o controle do projeto, que promove alterações sem desrespeitar o esquema original centralizado e em cruz grega.
No cinquecento, a escala humana florentina cede lugar à escala monumental, repetindo a transição do antropomorfismo grego para a monumentalidade na Roma antiga. A monumentalidade, juntamente com a adoção da planta centralizada são características marcantes desse período.
Maneirismo
Essa etapa final do período renascentista será conhecida como Maneirismo, que enriquece o vocabulário da linguagem clássica, subvertendo as normas e as regras em nome de uma arquitetura mais livre e inventiva, que relega a um segundo plano a busca pela perfeição através da rigorosidade compositiva.
O Barroco: arquitetura do espetáculo
Enquanto o Renascimento é caracterizado pela serenidade, o Barroco é conhecido pelo exagero e pela volúpia. Na renascença prevalecem a lógica e a simplicidade, ao passo que na Arquitetura e na arte barroca explodem o populismo e a emoção.
De comum entre os dois encontramos o uso da linguagem clássica, utilizada no Renascimentopara conferir equilíbrio e estabilidade às obras e, contrariamente, para criar surpresa e movimento nas obras barrocas.
Nesse período, a Reforma Protestante, movimento reformista cristão do início do século XVI, causou a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou protestantes, que questionavam princípios éticos e doutrinários da Igreja. Os templos protestantes eram marcados pela simplicidade e despojamento, de acordo com o que pregava sua doutrina.
Como resposta, a Igreja Católica lança um ambicioso programa de construção de novos templos que se opunha totalmente ao minimalismo protestante, como forma de marcar uma diferença clara e reafirmar sua força. A Igreja convoca os melhores arquitetos e artistas para a missão de criar uma atmosfera mística e sublime, uma espécie de céu na terra marcado pelo luxo e pela ostentação.
O impacto perceptivo e psicológico causado pela exuberância inebriante das novas igrejas transportariam os fiéis a um universo paralelo, radicalmente distinto de sua experiência mundana. Era uma arquitetura, sobretudo, destinada à propaganda dos valores e do poderio católico.
CURIOSIDADE - O termo barroco
O termo barroco originalmente significaria "pérola irregular ou imperfeita", um termo cuja origem parece derivar do português antigo ou do espanhol. Surgiu com sentido pejorativo para designar um tipo de pensamento considerado complexo e confuso. 
As obras funcionam como suporte para grandes cenários urbanos e a teatralidade será uma das maiores marcas do Barroco.
Essa intensa relação entre o edifício e o espaço urbano circundante faz com que as obras deixem de ser peças autônomas e passem a se comportar como peças integradas a um todo: a cidade. O ideal barroco é compor uma obra de arte total, resultante da fusão entre Arquitetura, Escultura e Pintura.
A Fontana di Trevi, de Bernini (1732-1737), em Roma, fusão
total entre Arte, Arquitetura e cidade.
Além do ilusionismo cenográfico, o movimento passa a ser uma forte referência para a composição das obras barrocas. As fachadas e as plantas ondulam, serpenteiam e parecem dançar, através de um jogo dinâmico de formas e volumes que em tudo se opõem à estabilidade e tranquilidade renascentista.
Essa arquitetura fluida e extremamente plástica se vale da distorção e manipulação livre dos elementos que compõem a linguagem clássica da Arquitetura: entablamentos e frontões se distorcem, colunas se retorcem em impressionantes espirais, paredes se encurvam.
A sugestiva movimentação e o complexo trabalho de cheios e vazios presente, nas obras barrocas, resulta em uma gradação de luzes e sombras que enriquecem as formas. A manipulação da luz será outra estratégia fundamental para atingir o mais alto grau de surpresa e impacto arquitetônico, tanto interna quanto externamente.
A combinação de luzes e cores potencializa o desejado caráter cenográfico barroco. Aberturas posicionadas em pontos estrategicamente estudados lançam feixes de luz sobre partes específicas ou em conjuntos escultóricos projetados junto com a obra. 
Da mesma forma, a pintura barroca utiliza ao máximo os efeitos de claro e escuro combinados com cenas impactantes, configurando imagens de alta carga dramática. 
Os arquitetos Gianlorenzo Bernini (1598-1680) e Francesco Borromini (1599-1667) serão os grandes protagonistas desse período e ferrenhos competidores. De perfil mais equilibrado e suave, Bernini erigirá as principais obras do Barroco italiano ao passo que o estilo excêntrico e experimental de Borromini originará edifícios que desprezavam as convenções e maximizavam os princípios barrocos.
CURIOSIDADE – O Rococó
Na última etapa do período Barroco, aparece, na França, uma variação do estilo, denominada Rococó, termo originado da palavra francesa rocaille, que significa concha. Resumidamente, manifestou-se por formas delicadas e graciosas e pelo uso de cores suaves e claras, em oposição ao peso e à coloração forte das obras barrocas.
Nossa história começa: o Barroco brasileiro
Introduzido no país, no século XVII, pelos jesuítas, o acervo Barroco brasileiro é basicamente composto por obras de arte e arquitetura sacras. Com o ascendente português compartilha o estilo dinâmico, narrativo, ornamental e dramático, mas adequa-se à realidade brasileira. De caráter funcional e com a finalidade de difundir a doutrina católica e a cultura europeia, na Colônia, nossas obras barrocas são marcadas pela simplicidade e economia nos exteriores, sem deixarem de ser poéticas.
Assim, nosso Barroco nasce de uma intrincada confluência da herança europeia, especialmente portuguesa, e de transformações e releituras locais. O caráter popular e espontâneo será a grande marca do Barroco nacional, cuja arquitetura é feita com base nas técnicas construtivas tradicionais.
Nossas igrejas “brancas”, resultado da pintura em caiação, são simples sem ser simplórias. A característica popular da arquitetura barroca brasileira produz obras marcadas pela espontaneidade e pela criatividade no uso dos limitados recursos da Colônia, afastando-se da suntuosidade monumental do Barroco europeu.As plantas e as fachadas das igrejas de Santo André no Quirinale, de Bernini, e de Santo Ivo ala Sapienza, de Borromini, bem mais complexas que as primeiras.
O maior acervo Barroco, no Brasil, está no Nordeste e em Minas Gerais. Nas cidades de Salvador e no Rio de Janeiro, antigas capitais do país, aparecem as maiores e mais luxuosas obras do estilo.
Assim como no Brasil, em toda a América espanhola o estilo barroco se difundiu,igualmente adaptando-se à cultura e às tradições de cada país.
O urbanismo renascentista e barroco: da cidade ideal à cidade teatral
Em 1516, o político inglês Thomas Morus forjou o conceito de utopia ao imaginar uma ilha composta de 54 cidades, idênticas e erguidas a partir de um mesmo projeto e com edifícios iguais. De acordo com os princípios do Renascimento, essa terra ideal impunha racionalidade à vida coletiva.
Além do caráter utópico de tais modelos, não havia, na Europa de então, espaço para a construção de cidades a partir do zero, fazendo com que essas propostas tivessem pouca aplicabilidade prática. Esse ideal urbano se concretizará na América, o novo mundo recentemente descoberto, especialmente nas colônias espanholas. 
As Leis das Índias, documento promulgado em 1573 pelo rei da Espanha, será a primeira legislação urbanística do mundo, baseado no uso da retícula hipodâmica e na exigência da elaboração de uma planta da cidade a ser construída. Ainda que bem menos utópicas e de caráter marcadamente prático, essas cidades materializam o ideal racional do Renascimento.
Por isso, o ideal urbano renascentista vai aparecer no contexto das cidades já existentes, através de intervenções como praças ou conjuntos de edificações onde a manipulação da perspectiva sugere novas abordagens perceptivas.
As cidades brasileiras
Diferentemente das cidades de colonização espanhola, no Brasil, os núcleos urbanos foram construídos de forma orgânica, seguindo a declividade e respeitando as características do relevo, sem uma normativa ou projeto. Enquanto, na América espanhola, prevalecia a razão do homem sobre a natureza, na colônia portuguesa a cidade vai se construindo entrelaçada à paisagem e à topografia.
O Barroco vai conferir aos ideais urbanos do Renascimento um forte caráter cenográfico e dramático. As obras de arquitetura são pensadas como partes do cenário urbano, em um contexto onde arquitetura e cidade se fundem para criar uma obra de arte total.
Essa concepção se repetirá de forma monumental nas principais capitais europeias. A Praça de São Pedro, de Bernini, é a melhor representação da nova espacialidade urbanística barroca. O esquema parte de duas barras retas saindo obliquamente da fachada da catedral, para a qual abre uma generosa perspectiva, desaguando em uma grande praça ovalada que demarca umacentralidade própria. Configurando uma sucessão espetacular de colunatas que emolduram a fachada do templo e abraçam os fiéis, a praça conforma um verdadeiro teatro sacro no coração de Roma.
 
Todo esse espetáculo urbano assume sua representação mais monumental e dramática na cidade de Versalhes, do rei Luís XIV. Através de uma composição total, integram-se o desenho da cidade, com as ruas convergindo para o palácio real; os jardins, compostos ao longo de um grande eixo povoado de terraços, espelhos d`água e esculturas; e a própria arquitetura do palácio, faustosa e impressionante.
A linguagem clássica da Arquitetura
O período Barroco termina de forma relativamente abrupta, com a Europa vivendo um tempo de impérios mais sóbrios e ponderados, inaugurando um período que acabaria por culminar na Revolução Francesa de 1789, motivada pelos ideias do Iluminismo.
Esse novo momento de austeridade social, junto a um entusiasmo por novidades na sociedade da época, foi decisivo para a ruptura com a extravagância barroca e a um retorno a princípios clássicos mais estritos.
Ao emergir na Inglaterra, o movimento se baseia inicialmente em uma releitura da arquitetura de Palladio. Variações de sua Villa Rotonda passam a aparecer em diversas casas de campo e sua obra como um todo inspirou o que veio a ser denominado classicismo romântico.
Com efeito, nesse período muitas outras teorias que vinculam os templos e as ordens da antiga Grécia às casas primitivas apareceram. Estes estudos procuram argumentos para a tese de que a gênese da arquitetura é naturalmente clássica.
Essas teorias ajudaram a impulsionar e a consolidar esse retorno ao vocabulário clássico, que vai se estender ao longo dos séculos XVIII e XIX, prolongando-se em alguns países até inícios do século XX. Nas obras desse período, elementos como as colunas, os frontões, os entablamentos e as cúpulas voltam a ser utilizados à maneira renascentista, ainda que com sensíveis variações.A colunata barroca de Bernini para a Praça de São Pedro, em desenho de Piranesi, 1748
A fusão dos desenhos urbano, arquitetônico e paisagístico com o Palácio de Versalhes ao centro.
A Villa Rotonda, de Palladio e seu impacto posterior, visível na Casa Chiswick, Londres, de Lorde Burlington e William Kent (1725), e na residência Monticello de Thomas Jefferson, nos EUA (1770-1796).
Na segunda metade do século XVIII, o classicismo palladiano vai se transformando em um neoclássico rigoroso e erudito, evidenciado pela competência na manipulação do idioma arquitetônico fundado pelos gregos.
Ecletismo
No século XIX, a referência clássica se estende às formas barrocas e define um vocabulário que mescla elementos de etapas históricas diferentes de forma simultânea e livre, denominado ecletismo.
Como poderíamos reconhecer um edifício clássico? Para John Summerson: “(...) um edifício clássico é aquele cujos elementos decorativos derivam direta ou indiretamente do vocabulário arquitetônico do mundo antigo – o mundo ‘clássico’, como muitas vezes é chamado. Esses elementos são facilmente reconhecíveis, como, por exemplo, os cinco tipos padronizados de colunas que são empregados de modo padronizado, os tratamentos padronizados de aberturas e frontões, ou, ainda, as séries padronizadas de ornamentos que são empregadas nos edifícios clássicos.”
Porém, conforme ressalta o autor, essas características demonstram o “uniforme” da arquitetura clássica, mas não revelam sua essência, que está mais além das aparências. Como vimos, nas origens da arquitetura clássica a harmonia e a proporção entre as partes eram aspectos fundamentais de sua composição. 
Ainda segundo Summerson, as ordens sempre foram entendidas como se incorporassem uma personalidade. Determinadas ordens, como a toscana e a dórica, representam rudeza e força, enquanto a coríntia, por outro lado, sugere abundância, luxo e opulência. 
Assim, a escolha da ordem confere caráter ao edifício, relacionando suaOs teatros municipais de Rio de Janeiro e São Paulo, joias da arquitetura eclética brasileira.
A colunata jônica do Altes Museum, em Berlim, de Karl Schinkel,1823-1830.
aparência ao seu uso e simbolismo social.
Da Revolução Industrial à Arquitetura Moderna
Durante o século XVII, o Barroco dominou a arquitetura integralmente. No entanto, a sucessão de eventos históricos que marcou o século XVIII sacudiu essa homogeneidade e desestabilizou as bases da Arquitetura e sua lógica de evolução em períodos sucessivos.
A Revolução Industrial alterou profundamente a estrutura social e produtiva da Inglaterra entre 1780 e 1850. Logo, a lógica industrial de produção em massa se espalhou pelo mundo e impôs uma nova dinâmica de pensamento e uma aceleração dos ciclos históricos nunca antes experimentada pela humanidade, que perdura até os dias de hoje.
O Iluminismo, movimento intelectual francês que surgiu no século XVIII, afirmava a supremacia científica e a racionalidade humana sobre qualquer tipo de dogmatismo ou crença. Assim, a “luz” seria representada pela razão humana contra as “trevas” do pensamento religioso e das monarquias absolutistas que dominavam a Europa.
A partir de então, e de forma gradativa, o homem passa a se enxergar como um ser autônomo, autossuficiente e universal, e a acreditar que pode atuar sobre a natureza e a sociedade. Nessa época científica, os pensadores passam a buscar leis e princípios universais que possam explicar, de forma geral, o funcionamento da sociedade e dos fenômenos da natureza.
A Revolução Francesa de 1889, influenciada pelos preceitos iluministas, se insurgiu contra a monarquia absolutista, pregando liberdade, igualdade e fraternidade e instituiu um novo modelo de Estado, que derrubou monarquias europeias em série, e também deixa sua marca ideológica na organização constitucional da maioria dos países democráticos atualmente.
Nesse contexto, as velhas instituições, como a monarquia e a Igreja, perderam grande parte de sua força, e se iniciou um rápido movimento de urbanização e desvalorização da vida agrária. A Arquitetura, até então fortemente vinculada a essas instituições, passa por um momento de crise e profunda renovação. 
Inicialmente, os arquitetos se agarraram aos estilos históricos, reeditando- os ou manipulando-os e combinando-os livremente. Mas as novidades trazidas pelo advento da indústria exigiram uma reinvenção da própria Arquitetura e de suas técnicas construtivas. Dessa forma, as novas condições sociais, os novos materiais e meios de produção se combinaram e abriram o caminho para uma Arquitetura cada vez mais relacionada ao universo tecnológico industrial.
A apoteose desse período foi o surgimento e a consolidação da denominada arquitetura
moderna, forjada nas referências de objetividade, tecnologia e cientificidade
do mundo industrial.
Revolução industrial
Enquanto a sociedade mudava e a ciência avançava rapidamente, a Arquiteturabuscou a segurança dos estilos históricos, apegando-se ao passado. Dessa maneira, a arquitetura do século XIX será marcada pelo historicismo, derivado da apropriação da linguagem de arquiteturas do passado, de locais e culturas diferentes.
A referência clássica já não era a única, e o estilo utilizado passou a ser definido em função do gosto ou do caráter que se desejava dar a cada nova edificação. A arquitetura perde sua vinculação com o tempo em que é produzida e passa a ser escolhida como um produto de catálogo.
Passaram a conviver nas cidades edifícios neoclássicos, neogóticos, neobarrocos, entre uma infinidade de referências a outros estilos. Como vimos, no capítulo anterior, a mistura de elementos de diversos estilos, em uma mesma obra, gera um estilo arquitetônico novo, chamado Eclético, termo derivado do grego eceklein, que significa justamente “escolher”.
Ainda que produzidos com extrema competência e beleza pelos arquitetos da época, ao recorrer ao passado de forma acrítica a Arquitetura perdia seu potencialreflexivo e propositivo, enfraquecendo seu papel social.
Qual seria então a diferença do resgate histórico feito pelos arquitetos do século
XIX para aquele proposto pelos renascentistas? 
Os renascentistas confiavam nos valores sociais e nos princípios compositivos dos gregos e romanos. Os novecentistas, por sua vez, transformaram esse repertório em mera convenção, reduzindo o conceito de estilo de algo unificador e representativo da cultura para algo simplesmente decorativo.
Como observa Alonso Pereira, ocorre uma separação entre a linguagem e a composição arquitetônica, relegando à Arquitetura o papel de decorar edifícios, suportes genéricos para apliques e exercícios habilidosos, porém vazios.
Mas as inovações técnico-construtivas trazidas pela Revolução Industrial forçaram os arquitetos a redimensionar sua prática. Aos poucos, o uso do ferro foi se incorporando à Arquitetura, inicialmente de forma tímida e reproduzindo elementos históricos originalmente criados para outros materiais e épocas.
A sala de leitura da Biblioteca Sainte Genèvieve, de Henri Labrouste (1838-50),
em Paris, obra pioneira no uso do ferro como estrutura. Porém, no exterior o arquiteto opta pela
materialidade clássica deixando os pilares de ferro apenas no interior.
A arquitetura do ferro será a mais expressiva manifestação técnico-formal do século XIX, sendo a própria imagem da primeira arquitetura industrial. A produção industrial em série possibilita a pré-fabricação das partes da construção, projetada de forma modular e montada no canteiro de obras, de forma mais racional, rápida e econômica.
.Na Exposição Universal, de 1889, em Paris, ergueu-se o símbolo máxim da Revolução Industrial: a Torre Eiffel.
Como vimos anteriormente, as novas técnicas e materiais produziram até mesmo novas tipologias, como o arranha-céu. As novas possibilidades da firmitas impulsionaram uma transformação na venustas, conjunção que estava de acordo com as novas necessidades da utilitas na vida moderna. A invenção do elevador, por Otis, em 1853, e sua versão elétrica desenvolvida por Siemens, em 1881, derrubaram todos os obstáculos ao crescimento da construção em altura, criando edificações verticais que transformariam a paisagem das cidades
no século XX.
Nas primeiras décadas do século XX, a limpeza de construções de linhas retas e simples configurou um movimento denominado Art Dèco, considerado em seu momento ultramoderno, elegante e funcional, abrindo as portas ao surgimento de uma nova expressividade: a arquitetura moderna.
Art Déco no Brasil
O estilo Art Déco foi muito popular no Brasil das primeiras décadas do século XX. Tanto que o Rio de Janeiro é a cidade que concentra a maior quantidade de obras no estilo em todo o mundo, inclusive sua maior estátua, o Cristo Redentor, construído entre 1926 e 1931. Projeto de Hector da Silva Costa, Paul Landowski e Lelio Landucci. Na Bahia, o Elevador Lacerda, um dos maiores símbolos de Salvador, ganhou linhas Art Déco em 1930, quando foi ampliado e remodelado.
International Style: a assunção da arquitetura moderna
Os ideais iluministas, que associados aos impactos da Revolução Industrial provocaram uma reviravolta na produção arquitetônica, vão atingir sua melhor representação na denominada arquitetura moderna, que se desenvolveu a partir do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-19).
O estrago causado pela guerra impôs uma nova necessidade à Europa: a reconstrução das cidades, mais especialmente do grande número de habitações destruídas. Nesse contexto, as possibilidades industriais de produção em série poderiam ser a solução, baseada no projeto de casas simples, funcionais e padronizadas, como “uma máquina de morar”, segundo Corbusier.
De acordo com Alonso Pereira, a composição arquitetônica passa a ser entendida como a combinação de peças funcionais mínimas, que se agregam ou desagregam em diversas combinações. Dessa forma, uma casa seria a junção de partes funcionais organizadas hierarquicamente a partir de sua função, onde as partes funcionais de ordem inferior (banheiros, quartos e cozinha) se articulam por um elemento espacial agregador (salas e espaços comuns).
Le Corbusier: o gênio individual
Em 1925, Corbusier propôs os célebres cinco pontos da arquitetura moderna. A estrutura independente, configurada por uma malha de pilares que suspendem o edifício do solo, denominados pilotis; essa estrutura pontual permite a concepção da planta livre, desenvolvida a partir das necessidades funcionais do programa; da mesma forma, a estrutura libera os planos
de vedação, possibilitando a fachada livre; se a fachada não é portante, pode-se imaginar nela qualquer tipo de abertura, inclusive a maior delas, a janela em fita, percorrendo toda a extensão horizontal da fachada sem interrupções; e, finalmente, a consideração da laje cobertura da edificação como área útil, denominada terraço-jardim.
A primeira fase da obra de Le Corbusier é caracterizada pela referência ao universo tecnológico e racional, pelo uso de linhas retas, concreto armado e paramentos brancos e leves, todas presentes em sua obra prima, a residência Ville Savoye (1928).
Universal x Local: funcionalismo x organicismo
A concepção da obra como um elemento que cresce de forma natural, se desenvolvendo em relação estreita com as condicionantes do local onde é implantada, é chamada por muitos críticos e historiadores de arquitetura orgânica, ou organicista, termo criado e difundido pelo crítico teórico italiano Bruno Zevi.
É importante ressaltar que, como prova a obra de Wright, a arquitetura orgânica não é a imitação de formas da natureza. Conforme Zevi (1945): “Orgânica porque em seus espaços busca a felicidade material e psicológica e espiritual do homem, no ambiente isolado, na casa, na cidade. Orgânico, portanto, é um atributo que tem por base uma ideia social, não uma ideia figurativa, em outra palavras, deve ser referido a uma Arquitetura que quer ser, antes que humanista,
humana”
O termo arquitetura orgânica não é usado para se referir exclusivamente a obras do período moderno. Está relacionada mais a uma atitude projetual que a uma época em específico.
A crença de que o homem moderno seria um ser universal, com as mesmas necessidades e desejos em qualquer parte do globo, induz à idealização de uma Arquitetura também universalizante. Segundo esta interpretação, as possibilidades de industrialização da construção ou de partes dela e a definição da forma com base nas funções do edifício deveriam prevalecer sobre questões locais. Essa atitude passa a ser denominada de arquitetura funcionalista, ou racionalista.
Jeitinho brasileiro: universalidade com personalidade
O uso de curvas e sinuosidades será uma marca da arquitetura moderna brasileira. Conforme explica Oscar Niemeyer: “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.”
Cobogó
São elementos vazados, cerâmicos ou em concreto, que assim como os brises servem para proteção de insolação nas edificações, permitindo a ventilação e o controle da visualização
entre espaços ou ambientes. De forma análoga, os muxarabis, herança milenar dos árabes e muito utilizado no Brasil colônia, são treliças de madeira que servem para a mesma finalidade.
Opostamente à linguagem harmoniosa dos cariocas, os paulistas desenvolvem uma estética baseada na exposição dos materiais e das técnicas de construção, criando volumes pesados e opacos. Essa rudeza expressiva, que muitos chamam de brutalismo paulista, queria denunciar a realidade de um país de modernização imperfeita, desigual e injusta.
A revisão da arquitetura moderna
A arquitetura moderna do International Style nasceu e se desenvolveu após o final da 1ª Grande Guerra, em 1919. A partir dos anos 1950,

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