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< DESCRIÇÃO Vocabulário arquitetônico no tempo; características da produção arquitetônica, desde a antiguidade clássica até a contemporaneidade; influências das ações das sociedades na arquitetura; origens e desenvolvimento do pensamento arquitetônico no Ocidente. PROPÓSITO Compreender a arquitetura como reflexo das sociedades, as necessidades humanas e a criatividade como responsáveis pelas formas arquitetônicas e como os diversos campos do pensamento exercem influências nas soluções espaciais idealizadas por arquitetos e construtores. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer o significado da arquitetura por meio de seus conceitos e definições MÓDULO 2 Identificar características plásticas, técnicas e funcionais em construções representativas da história arquitetônica da antiguidade clássica, da idade média, do renascimento e da idade moderna MÓDULO 3 Relacionar as produções arquitetônicas do movimento moderno aos seus reflexos na contemporaneidade ARQUITETURA E REFLEXÃO CRÍTICA MÓDULO 1 Reconhecer o significado da arquitetura por meio de seus conceitos e definições INTRODUÇÃO A arquitetura é consequência da ação humana ante a necessidade de abrigar-se em construções que proporcionem comodidade e praticidade. Fonte: Adam Bixby / Unsplash Fonte: Federica Esposito / Unsplash A designação da arte e ciência arquitetônicas provém dos radicais gregos arkhḗ e téktōn e para os filósofos pré-socráticos (600-400 a.C.) ambas significam respectivamente: arkhḗ Expressava a essência ou princípio das coisas. téktōn Termo genérico com que se referia a artesão, especificamente a carpinteiro. Arquitetura Logo, podemos admitir que a arquitetura incorpora o sentido de primeira construção produzida pelo homem com o objetivo de manter-se em segurança contra as intempéries e os animais selvagens. Como efeito material da relação entre o homem e o ambiente, a arquitetura se desenvolve e aperfeiçoa à medida que se organizam espaços harmônica e funcionalmente apropriados às diversas atividades humanas. No entanto, há diferenças entre simples construções (por exemplo, cabana, curral, celeiro) e obras arquitetônicas, em cuja composição e finalidade está presente uma intenção estética e simbólica. É o que observamos nas casas, templos, palácios, praças, tumbas etc. Fonte: Timothy Eberly / Unsplash Fonte: Stephan Bechert / Unsplash Portanto, o arquiteto pode exercer seu trabalho em distintos ramos e ambientes. Por isso, temos de reconhecer a importância desse profissional e entender sua função na sociedade. A conscientização do papel do arquiteto fornece elementos para os futuros profissionais encontrarem seu lugar no mundo. O QUE É ARQUITETURA Vamos partir do verbete do dicionário Aulete Digital (online): ARQUITETURA (AR.QUI.TE.TU.RA) SF. 1 Arq. Arte e técnica de projetar espaços e edificações adequados à vivência e atividades humanas, e de acordo com padrões estéticos. 2 Arq. Conjunto das obras arquitetônicas de uma época, de um lugar, de um povo etc. (arquitetura grega; arquitetura barroca) 3 Arq. Disposição dos elementos em uma edificação ou em um conjunto arquitetônico. 4 Arq. O conjunto dos princípios, normas, técnicas e materiais us. para criar o espaço arquitetônico; ARQUITETÔNICA. 5 Fig. O modo como as partes se relacionam com o todo em qualquer estrutura: Em sua filosofia, Kant tentou descrever a arquitetura do pensamento. 6 Fig. Plano, projeto. 7 Fig. O artifício, a contextura, a disposição especial de qualquer conjunto harmônico: A arquitetura celestial. [F.: Do lat. architectura,ae.] COMENTÁRIO É interessante observar que as definições de arquitetura remetem, direta ou indiretamente, a arte. E quando nos aproximamos da arte deparamos com outro conceito: a beleza. Muitos se perguntam se uma boa arquitetura necessariamente precisa ser bela. Fonte: Victor Garcia / Unsplash VAMOS, ENTÃO, ESBOÇAR A RELAÇÃO ENTRE ARTE E BELEZA: Se levarmos em consideração construções erguidas com base em um planejamento, é provável que tenha havido uma intenção estética ligada ao produto final. Por mais que se pense na melhor solução funcional, pretende-se atrair atenção positiva, ou ao menos provocativa, para o objeto construído. Entre os tipos de construções realizadas sem a participação do arquiteto, mas que apresentam uma estética singular, estão as chamadas arquiteturas “vernaculares”, também conhecidas como arquiteturas “primitivas”, produto de povos que não sofreram influências externas. Por exemplo, a arquitetura maia e inca. Fonte: Filip Gielda / Unsplash Complexo Chichén Itzá, ruínas maias na península de Iucutão - México. Fonte: Irene Ortiz / Unsplash Percebemos que estética, beleza e arte podem não estar na intenção primária de quem projeta, mas nos olhos de quem as vê e interpreta. O que outrora pôde ser considerado destituído de beleza, com o passar dos anos toma uma outra conotação por fazer parte de um momento de uma civilização, por exemplo. A arte, portanto, se encerra ali, assim como a beleza. Voltando ao verbete do dicionário Aulete percebemos que, além da arte, outro termo define a arquitetura: técnica. Essa compreensão revela outras dimensões de conhecimento, como: MATEMÁTICA APLICADA GEOMETRIA ENGENHARIA PINTURA ESCULTURA A técnica está intimamente ligada ao lugar e à época em que se está sendo realizada. Podemos concluir que o planejamento e execução de uma construção requer um nível de organização e integração interdisciplinar; aliado a isso, estão as questões socioeconômicas e culturais. A relação entre técnica e estética permite traçar um breve panorama da arquitetura desde a antiguidade até os dias atuais. No mundo antigo, distingue-se a arquitetura do Egito, da Mesopotâmia e da Pérsia. Fonte: TheDigitalArtist / Pixabay As mais emblemáticas construções desse período foram as pirâmides egípcias. SAIBA MAIS SAIBA MAIS As pirâmides do Egito são consideradas tão importantes em razão da sua grandiosidade e da técnica empregada na construção. Elas eram túmulos dos faraós e familiares. Além javascript:void(0) de todo o significado místico que envolvia os corpos para uma futura ressurreição, havia o objetivo de guardar as riquezas do faraó junto dele. Fonte: Anestiev / Pixabay O berço da arquitetura clássica foi a Grécia. SAIBA MAIS SAIBA MAIS As construções gregas que mais influenciaram a arquitetura europeia ocidental foram os templos. Os gregos eram politeístas e personificaram seus deuses em 12 divindades que habitavam o monte Olimpo. A maior parte dos templos erguidos na Grécia foi dedicada a um dos deuses do Olimpo. Diferentemente dos templos que conhecemos — onde os fiéis se congregam —, a principal função dos templos gregos era sobressair entre os demais edifícios e assim exaltar a respectiva divindade. javascript:void(0) Fonte: mostafa_meraji / Pixabay O Império Romano deixou um grande legado, embora considerada como derivada da arquitetura grega, diferenciou-se por características próprias. SAIBA MAIS SAIBA MAIS Os romanos eram fortes, severos, organizados, e progressivamente subjugaram outros povos. Roma deixou de ser, então, uma vila para tornar-se uma das cidades-estado mais importantes da época e, posteriormente, um grande império. Grandes construtores, os romanos não se importavam em aproveitar ideias de outros povos e adaptá-las à sua maneira. Aperfeiçoaram o arco e a abóbada dos etruscos e ainda diversificaram o concreto ao acrescentar cacos de tijolos à mistura. Os templos gregos se desenvolveram sob uma característica estrutural que marcou esse tipo de construção: as colunas. Havia dois estilos de colunas: as dóricas e as jônicas, mais tarde surgiu a ordem coríntia. DÓRICA javascript:void(0) Fonte: vectorpocket / Freepik Os dóricos relacionavam a arquitetura às características dos seus povos, assim como seus hábitos de guerra. Eram muito fortes e rígidos. JÔNICA Fonte:vectorpocket / Freepik Os jônicos também relacionavam a arquitetura às características dos seus povos. Tinham uma ascendência asiática de caráter mais emotivo e refinado. CORÍNTIA Fonte: macrovector / Freepik A ordem coríntia, apesar de ser uma variação das outras duas ordens gregas, acabou sendo mais utilizada pelos romanos. As colunas possuíam três elementos principais: a base, o fuste e o capitel. Fonte: flaticon / Freepik BASE Fonte: flaticon / Freepik FUSTE Fonte: flaticon / Freepik CAPITEL Vejamos alguns exemplos da Arquitetura Romana: Fonte: Evan Qu / Unsplash Panteão de Roma, vista interna do óculo. PANTEÃO DE ROMA Os templos romanos não são consideradas as construções mais importantes, porém representam obras emblemáticas TERMAS ROMANAS Outro tipo de arquitetura muito utilizada eram as termas públicas, pois não havia salas de banho nas residências romanas. Fonte: Hulki Okan Tabak / Unsplash Ruínas das Termas públicas romanas em Bath, Inglaterra. Fonte: Thimo van Leeuwen / Unsplash Coliseu em Roma. COLISEU Ficou conhecido pela sua dimensão, pois comportava 50.000 espectadores. IGREJA BASILICAIS Foi em Roma que, ao ser coroado pelo papa Leão III no ano 800, Carlos Magno tomou posse do Sacro Império Romano-Germânico e deu novo impulso à construção de igrejas cristãs, entre as quais se destacavam, desde a época do imperador Constantino (272-337), as igrejas basilicais. O que marca essas igrejas é o formato retangular e a ausência de cúpula, embora os romanos já conhecessem a execução da estrutura. Fonte: Liam McKay / Unsplash Basílica de Santo Estêvão, Budapeste, Hungria. Fonte: Adrian Dascal / Unsplash Igreja Bizantina - Romania. IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE No Império Romano do Oriente, a arquitetura bizantina apresentava a típica cúpula circular fechando o teto de uma estrutura quadrada. Outra característica que seria seguida até o século XX eram as paredes internas cobertas de afrescos com motivos bíblicos. ISLAMISMO Paralelamente às igrejas romanas (ou latinas) e bizantinas, desenvolve-se a arquitetura islâmica. As mesquitas foram as construções mais emblemáticas dessa arquitetura, trazendo um novo colorido às arquiteturas ocidentais. Fonte: mostafa meraji / Unsplash Escola Shah – Irã. Fonte: Liam McKay / Unsplash Pirâmide maia de Kukulcan. MESOPOTÂMIA Do outro lado do oceano Atlântico, na Mesoamérica, os maias, astecas e incas também produziam uma arquitetura complexa, marcada por pirâmides, templos e cidadelas. Outras três arquiteturas influentes foram a indiana, a chinesa e a japonesa. Na arquitetura indiana, as construções mais importantes são os templos e palácios, assim como na chinesa e japonesa. Todas essas arquiteturas foram fortemente influenciadas pela filosofia religiosa. TAMBÉM SE DEVE DESTACAR NA HISTÓRIA DA ARQUITETURA A INFLUÊNCIA DO ESTILO ROMÂNICO (SÉCULOS XI-XII). SEU MARCO ARQUITETÔNICO FOI A EXECUÇÃO DO ARCO PLENO E SUAS VÁRIAS IGREJAS, CATEDRAIS E MOSTEIROS. UMA DAS CONSTRUÇÕES MAIS REPRESENTATIVAS DO ESTILO ROMÂNICO É A CATEDRAL DE SANTIAGO DE COMPOSTELA , NA ESPANHA. Fonte: Alessio Rinella / Unsplash Catedral de Santiago de Compostela, capital da Galiza, Espanha. Fonte: Shutterbug75 / Pixabay Castelo de Bodiam, Inglaterra – Reino Unido. Outro tipo de construção que se torna marcante são os castelos medievais, tanto na Inglaterra quanto nos países do Oriente Médio. Sua estrutura era defensiva, e se utilizavam pedras na construção das muralhas que cercavam castelos e fortificações. Para conhecer os estilos de arquitetura mais marcantes da nossa história, assista ao vídeo a seguir: Você já parou pra pensar em como chegamos à arquitetura moderna que conhecemos hoje? Fonte: Freepik A arquitetura não parou de evoluir, como veremos a seguir: No século XX, surgem os primeiros movimentos modernistas. Um dos materiais mais utilizados nesse período foi o concreto armado. As técnicas construtivas deixavam de lado os elementos tradicionais e rejeitavam arquitetura clássica. A arquitetura adquire um tom mais simples, mas não simplório. Os materiais tradicionais como mármore e outras pedras são substituídos por materiais como o concreto, o ferro e o vidro. As ornamentações saem de cena para entrarem linhas retas e formas mais básicas. Esse movimento foi muito facilitado pela Revolução Industrial, que trouxe um novo modo de produção, em que era possível criar elementos em massa em vez de criar produtos únicos. Fonte: Pixabay COMENTÁRIO Uma característica interessante desse período é a preocupação com a forma pelas quais as arquiteturas seriam utilizadas, ou seja, sua função. Os arquitetos, como grandes artesãos do passado, agora são elevados ao status de grandes artistas. Se antes falávamos em estilos arquitetônicos, a partir do Modernismo falaremos mais nos estilos dos arquitetos que produziam determinadas arquiteturas. Dentro desse perfil citaremos alguns arquitetos cujas obras estão representadas abaixo: Le Corbusier Fonte: Ricardo Gomez Angel / Unsplash Capela Notre-Dame-du-Haut, Le Corbusier, 1950. Walter Gropius Fonte: Marina Reich / Unsplash Bauhaus, escola de arte vanguardista na Alemanha, Walter Gropius, 1919. Mies van der Rohe Fonte: Jean-Philippe Delberghe / Unsplash Detalhe do Pavilhão Alemão, Barcelona – Espanha, Mies van der Rohe, 1928. Oscar Niemeyer Fonte: Jean-Philippe Delberghe / Unsplash Edifício do Congresso Nacional do Brasil, Palácio Nereu Ramos, Oscar Niemeyer, 1960. Le Corbusier é considerado o expoente do Funcionalismo; Walter Gropius, Ganhou fama com a Escola da Bauhaus; e no Brasil além de Oscar Niemeyer, temos os nomes de Lúcio Costa, Lina Bo Bardi, Affonso Eduardo Reidy e outros. A obra mais famosa desse período é Casa da Cascata, da chamada arquitetura orgânica de Frank Lloyd Wright (veja a figura abaixo), arquiteto que transpassou o modernismo rumo à contemporaneidade. Fonte: Kirk Thornton / Unsplash Casa da Cascata ou Casa Kaufmann - Pensilvânia, Estados Unidos, Frank Lloyd Wright, 1964. Fonte: Investigation11111 / Wikipedia Centro Heydar Aliyev em Baku, capital do Azerbaijão, Zaha Hadid, 2007. A arquitetura contemporânea, cujas origens remontam ao fim dos anos 1980, é uma mistura de várias tendências arquitetônicas. E nessas tendências há alguns traços como a aplicação da tecnologia em benefício da sustentabilidade (emprego de materiais recicláveis) e do conforto ambiental. Entre os arquitetos que se podem citar nessa nova tendência, estão Zaha Hadid (obra na figura ao lado), Frank Gehry e Peter Eisenman. O PAPEL SOCIAL DO ARQUITETO A partir dos anos 1980 percebemos que os estilos arquitetônicos “perdem” espaço para nomes da arquitetura que passam a influenciar as construções segundo suas visões de mundo. É preciso portanto refletir: Fonte:Shutterstock Qual a função do arquiteto na sociedade? Qual o seu papel diante das transformações do mundo? Qual o impacto de seus projetos na vida das pessoas e da cidade? Se lermos as atribuições do arquiteto e urbanista contidas na Resolução CAU/BR n. 21 (2012), encontraremos sete páginas com um leque de atuação vastíssimo. NO ENTANTO, AINDA PERMANECE A PERGUNTA: QUAL É O PAPEL SOCIAL DO ARQUITETO? Essa é uma questão essencial, pois a profissão de arquitetura e urbanismo tem sido atrelada a uma parcela da sociedade que possui recursos para a contratação de tal serviço. Diante desta questão o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR) e o Instituto de Pesquisas Datafolha fizeram uma pesquisa quali-quanti para diagnosticar como as pessoas enxergam o papel dos arquitetos e urbanistas na sociedade brasileira. Na pesquisa, entrevistaram 2.400 pessoas em 177 municípios, abrangendo as cinco regiões do país. Para entendermos a função social do arquiteto vamos analisar alguns pontos da pesquisa: Fonte: Freepik TOTAL DE ENTREVISTADOS 54% já construíram ou reformaram seu imóvel. Somente 15% utilizaram os serviços de um arquiteto ou engenheiro. Fonte: Freepik TOTAL DE ENTREVISTADOS 70% dos entrevistados utilizariam os serviços de um arquiteto. 7% já solicitaram esse tipo de serviço. Fonte: Freepik Oito em cada dez entrevistados que contrataram os serviços de um arquiteto ficaram satisfeitos. Entre os 24% que não usaram os serviços de um arquiteto, verificou-se uma ideia distorcida dos valores cobrados pelos profissionais, pois acreditavam que o valor seria em torno de 20% a 40% do valor da obra. Quando esclarecido que o valor do arquiteto fica em torno de 10% do valor da obra, essas pessoas acharam um valor justo que estariam dispostas a pagar. OUTRO FATOR QUE IMPACTA A VISÃO DO PAPEL SOCIAL DO ARQUITETO ESTÁ EM COMO AS PESSOAS DE UM MODO GERAL ENTENDEM A FUNÇÃO DO PROFISSIONAL. ENTRE AS PESSOAS COM NÍVEL DE FORMAÇÃO MAIS ELEVADO, HOUVE UM CONSENSO SOBRE A ATRIBUIÇÃO DE QUE O ARQUITETO FAZ O PROJETO ARQUITETÔNICO, O GERENCIAMENTO DA OBRA E O PLANEJAMENTO URBANO. TAMBÉM HOUVE UM CONSENSO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA CONTRATAÇÃO DO ARQUITETO PARA A ECONOMIA DE MATERIAIS E TEMPO DE EXECUÇÃO DA OBRA, ASSIM COMO NA QUESTÃO DE SEGURANÇA. No que tange ao planejamento das cidades, não há muito conhecimento sobre as atribuições dos arquitetos em obras públicas, principalmente no que se refere a qualidade de vida, mobilidade e acessibilidade. Só concluíram que seria de grande valia o exercício dessas atribuições pelos arquitetos. Fonte: Unsplash RESUMINDO A Pesquisa (CAU/BR DATAFOLHA, 2015), é extremamente importante para que se entenda que a função do arquiteto e urbanista vai além a de um mero construtor de belas edificações, mas que pode contribuir efetivamente para a melhoria da cidade. A arquitetura e o urbanismo pertencem ao campo das ciências sociais aplicadas, pois, ao projetar uma edificação ou um espaço público, interfere-se diretamente na forma pela qual as pessoas atuam e interagem nesses espaços. A arquitetura e o urbanismo têm um leque multidisciplinar de atuação, como arquitetura de interiores; arquitetura paisagística; patrimônio histórico, cultural e artístico; planejamento urbano e regional; topografia; tecnologia e resistência dos materiais; instalações e equipamentos referentes à arquitetura e urbanismo; conforto ambiental; meio ambiente, estudo e avaliação dos impactos ambientais, licenciamento ambiental, utilização racional dos recursos disponíveis e desenvolvimento sustentável. ARQUITETURA ALÉM DA DIMENSÃO FÍSICA Fonte: Pixabay Pensar em arquitetura não é somente resolver a dimensão física do projeto. A qualidade do ambiente construído não está relacionada somente à qualidade do projeto, mas também à satisfação produzida no usuário do ambiente. Podemos concluir que o espaço também pode influenciar e afetar o comportamento humano. Fonte: Unsplash O homem é um ser subjetivo com necessidades físicas e psicológicas que devem ser supridas na medida do possível. Neste contexto, o espaço pode influenciar de maneira positiva ou negativa o comportamento e satisfação das pessoas, pois os espaços construídos apresentam aspectos físicos, químicos e biológicos. COMO FUNCIONA A PERCEPÇÃO? A percepção é a recepção de estímulos através dos sentidos que se traduzem em um significado único, pois dependem da realidade e experiência vivida de cada indivíduo. As questões relacionadas à preocupação com a saúde em função do espaço começam na Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. As reivindicações são feitas, mas não se sabe ainda como mensurar as variáveis subjetivas. No período moderno, o individual dá lugar ao coletivo. Os projetos são realizados para um homem ideal sem levar em consideração as particularidades de cada um. No pós-moderno o homem é visto como um ser único, com características individuais. Nesse momento se começa a valorizar os sentimentos e percepções dos homens diante do mundo. Suas percepções tornam-se importantes para a interpretação do mundo. A função perde espaço para a interação humana. E com isso os sentidos são incorporados ao estudo do espaço, inter-relacionando cores, texturas, luz, forma etc. O pós-modernismo traz conceitos sobre os espaços vivenciados, justamente pela valorização dos sentimentos e percepções do homem. Na arquitetura esses conceitos levaram à questionamentos sobre o conforto ambiental e a qualidade do ambiente construído. No entanto, trata-se de variáveis subjetivas, e ainda resta a dúvida de como podem ser mensuradas. A partir da década de 1990 começa-se a pensar em como quantificar essas variáveis de conforto e qualidade, pois já se sabia que influenciavam a saúde física e mental dos usuários dos espaços. O termo conforto havia voltado à tona na década de 1970 com quatro abordagens: FÍSICA Fonte: Freepik SOCIOCULTURAL Fonte: Freepik PSICOESPIRITUAL Fonte: Freepik AMBIENTAL Fonte: Freepik Essas quatro abordagens tornaram-se a base do conceito de conforto ambiental. A arquitetura, no entanto, na tentativa de analisar os conceitos do conforto ambiental, parte de fatores objetivos e pouco subjetivos como conforto visual, conforto térmico e conforto acústico. Mediante esses fatores principais de conforto ambiental, os arquitetos devem criar espaços não só esteticamente bonitos, mas que também sejam harmoniosos e saudáveis, causando aos usuários percepções positivas e agradáveis. No entanto, quando falamos em percepção referimo-nos às sensações dos indivíduos. PARA QUE UM PROJETO ATENDA A ESSES QUESITOS, É IMPORTANTE ENTENDER COMO O HOMEM SENTE E COMO ELE INTERAGE COM O EXTERIOR, OU SEJA, ENTENDER COMO O CORPO REAGE AOS VÁRIOS ESTÍMULOS DO AMBIENTE. DESDE CRIANÇAS AINDA NA PRÉ-ESCOLA APRENDEMOS QUE TEMOS SEIS FORMAS DE SENTIR O MUNDO: VISUAL, AUDITIVA, OLFATIVA, GUSTATIVA, TÁTIL E ESPACIAL. ASSIM CONCLUÍMOS QUE A ARQUITETURA PERPASSA A CONSTRUÇÃO PROPRIAMENTE DITA PARA ATENDER OUTRAS DIMENSÕES DO PROJETO. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A GRÉCIA FICOU CONHECIDA COMO O BERÇO DA ARQUITETURA CLÁSSICA. MAIS TARDE OUTRO ESTILO ARQUITETÔNICO REUTILIZOU OS CONCEITOS CLÁSSICOS CRIANDO OBRAS EMBLEMÁTICAS. ABAIXO, LISTAMOS ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE ESTILOS ARQUITETÔNICOS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTE O ESTILO QUE REUTILIZOU O ESTILO CLÁSSICO E QUE CONTENHA UM EXEMPLO DE OBRA QUE CORRESPONDE A ESSE ESTILO: A) Momento promissor de grande expansão da cultura em geral como a filosofia, ciência e literatura. Desse período temos obras de arte voltadas à beleza da concepção arquitetônica e à técnica construtiva. É o caso da cúpula da Catedral de Florença (1420) realizada por Fillippo Brunelleschi; B) O século XIX ficou marcado pela utilização de novos materiais como o ferro e o vidro. Esses dois novos materiais influenciaram enormemente a arquitetura que seria realizada a partir do século XX, pois trariam modificações técnicas na utilização desses novos materiais. Como exemplo emblemático desse período temos a Basílica de São Pedro; C) Mistura de várias tendências arquitetônicas. Nessas tendências há pontos como a preocupação com a sustentabilidade pelo uso de materiais recicláveis, conforto ambiental assim como o emprego da tecnologia à serviço tanto da sustentabilidade quanto do conforto ambiental. Como exemplo emblemático desse período temos a Igreja da Sagrada Família; D) Uma característica interessante desse período é a preocupação com a forma pelas quais as arquiteturas seriam utilizadas, ou seja, sua função. Os arquitetos, como grandes artesãos do passado, agora são elevados ao status de grandes artistas. Como exemplo emblemático desse período temos as pirâmides. E) O estilo renascentista enfatizava a simetria, a proporção, a geometria e a regularidade das partes. Como exemplo, temos os perfis dos edifícios medievais da antiga arquitetura romana. 2. ESTUDAMOS A FUNÇÃO SOCIAL DO ARQUITETO E TAMBÉM VIMOS COMO A ARQUITETURA TRANSCENDEA DIMENSÃO FÍSICA DO PROJETO. NESSE PROCESSO O ARQUITETO ACABA TENDO UMA RESPONSABILIDADE SOBRE COMO O USUÁRIO PERCEBE E SENTE O ESPAÇO CONSTRUÍDO. ABAIXO, LISTAMOS ALGUNS CONCEITOS SOBRE A PERCEPÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTENHA UM CONCEITO QUE NÃO CORRESPONDA A ELA: A) Podemos concluir que o espaço também pode influenciar e afetar o comportamento humano. O homem é um ser subjetivo com necessidades físicas e psicológicas que ficam mais satisfeitas e confortáveis quando essas necessidades são atendidas. B) As questões relacionadas à preocupação com a saúde do indivíduo em função do espaço começam na Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. C) Por meio desses fatores principais de conforto ambiental os arquitetos devem criar espaços não só esteticamente bonitos, mas que também sejam harmoniosos e saudáveis, causando aos usuários percepções positivas e agradáveis. D) O termo conforto havia voltado à tona na década de 1970 com quatro abordagens: física, sociocultural, psicoespiritual e ambiental. Essas quatro abordagens tornaram-se a base do conceito de conforto ambiental. A arquitetura, no entanto, na tentativa de analisar esses conceitos do conforto ambiental, parte de fatores muito subjetivos como conforto visual, conforto térmico e conforto acústico. E) A denominação float do vidro é devido ao tempo de recozimento e molde. GABARITO 1. A Grécia ficou conhecida como o berço da arquitetura clássica. Mais tarde outro estilo arquitetônico reutilizou os conceitos clássicos criando obras emblemáticas. Abaixo, listamos algumas características de estilos arquitetônicos. Assinale a alternativa que represente o estilo que reutilizou o estilo clássico e que contenha um exemplo de obra que corresponde a esse estilo: A alternativa "A " está correta. A arquitetura grega, que ficou conhecida como clássica, marcou um momento muito importante que seria rememorado em vários outros momentos da história da arquitetura; no entanto, o Renascimento foi o mais conhecido nesse processo, pois tinha como lema justamente fazer renascer a arte clássica de um modo geral, não só na arquitetura. 2. Estudamos a função social do arquiteto e também vimos como a arquitetura transcende a dimensão física do projeto. Nesse processo o arquiteto acaba tendo uma responsabilidade sobre como o usuário percebe e sente o espaço construído. Abaixo, listamos alguns conceitos sobre a percepção do ambiente construído. Assinale a alternativa que contenha um conceito que não corresponda a ela: A alternativa "D " está correta. Na verdade os fatores relacionados ao conforto visual, térmico e acústico são objetivos e não subjetivos, pois conseguimos mensurar os níveis de conforto lumínico, térmico e acústico de um ambiente. A qualidade da luz, a percepção do que é termicamente confortável e as sensações que os sons causam é que são subjetivas e de difícil mensuração. MÓDULO 2 Identificar características plásticas, técnicas e funcionais em construções representativas da história arquitetônica da antiguidade clássica, da idade média, do renascimento e da idade moderna CARACTERÍSTICAS PLÁSTICAS, TÉCNICAS E FUNCIONAIS EM CONSTRUÇÕES REPRESENTATIVAS DA HISTÓRIA ARQUITETÔNICA DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA, DA IDADE MÉDIA, DO RENASCIMENTO E DA IDADE MODERNA ARQUITETURA: VOCABULÁRIO BÁSICO O vocabulário usado pela arquitetura e pelo urbanismo é composto pelos edifícios e pelas cidades. Ao longo do tempo e de acordo com cada uma das civilizações e grupamentos sociais, em diferentes lugares, os espaços construídos pelo homem exprimem características específicas e, como qualquer artefato produzido, retratam os hábitos e o cotidiano das pessoas que ali vivem ou viveram. VOCÊ SABIA A arquitetura comunica comportamentos, argumentos e sentimentos, além de conter informações sobre a história e a cultura das sociedades e dos diversos tempos, dos quais apresenta-se como testemunha. Os diversos conjuntos de informações que estão solidificados nas paredes dos edifícios constituem o que chamamos de vocabulário arquitetônico, que se mostra por meio dos materiais e técnicas utilizados e das intenções plásticas dos criadores. SAIBA MAIS Este vocabulário é intencionalmente trabalhado por seus autores e corporifica um conjunto de signos e ordens específicos, a ser codificado e compreendido por quem o analisa. O vocabulário arquitetônico, como veículo de comunicação, nos ajuda a compreender o mundo que nos cerca e os caminhos que estamos percorrendo em direção a nosso futuro. ANTIGUIDADE CLÁSSICA Quando falamos da arquitetura da antiguidade clássica, estamos nos referindo aos edifícios representativos das duas sociedades que são inspiradoras à cultura do Ocidente — as civilizações grega e romana. VOCÊ SABIA A maior parte do conhecimento construído pelas sociedades do mundo ocidental tem origem na antiga Grécia, onde a Filosofia, como ciência de compreensão da existência humana e do universo que a cerca, desdobrou-se na maioria das vertentes do saber, tais como a Matemática, a Geometria, a Física, a Química, a Política, a Gramática, a Medicina, o Direito e tantas outras. A Arquitetura, como ciência da edificação, desenvolveu novas técnicas construtivas e utilizou- se das leis da geometria e da matemática para transfigurar as habitações tradicionais, conformadas como cabanas de madeira, palha e tecidos em edifícios de pedra. COMENTÁRIO Os templos gregos traduziram em mármore — material encontrado em abundância ao leste do mar Mediterrâneo — não somente as formas habitacionais primitivas, mas a interpretação que aquela sociedade tinha em relação a seu ser e estar no mundo. Os templos gregos eram constituídos principalmente de pedra calcárea e estuque de mármore, além de apresentarem estrutura geométrica e formal desenvolvida com base em um elemento horizontal de cobertura, denominado entablamento, apoiado por peças estruturais verticais ou colunas. Desse modo, os antigos apoios feitos com troncos de árvores deram lugar às colunas e o entablamento substituiu o conjunto de peças de madeira que configuravam o madeiramento do telhado. As construções desses edifícios elevaram a arquitetura à excelência científica e se estabeleceram como cânones de toda a produção arquitetônica posterior, seguindo princípios de ordem, simetria e recursos de adaptação perceptiva do espaço. AS PLANTAS DOS TEMPLOS GREGOS CONTINHAM UM ESPAÇO RETANGULAR FECHADO, CERCADO POR PAREDES DE BLOCOS DE CALCÁRIO E OUTRO ESPAÇO, PERIFÉRICO E ABERTO, MARCADO POR COLUNAS DE SUSTENTAÇÃO DA COBERTURA. A cobertura, com telhado em duas águas, era encerrada por um pesado elemento triangular, nomeado frontão, que marcava a parte superior da fachada do edifício (figura 1). Fonte: Wata51 / shutterstock.com Figura 1: Imagem das ruínas do Parthenon, em Atenas, Grécia. Sobre o conjunto e acima das colunas, vestígios do frontão, que marcava a sua fachada principal. Em todos os elementos que desenhavam a edificação, eram aplicadas peças decorativas em referência a deuses, conquistas e às atividades que representavam a história e a cultura daquela civilização. CADA UM DOS TEMPLOS, DE ACORDO COM A REGIÃO E O MOMENTO HISTÓRICO, DEMONSTRAVA EM SUA PLÁSTICA NÃO SOMENTE A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO EM MÁRMORE, MAS TAMBÉM ELEMENTOS QUE SEGUIAM REGRAS E PARÂMETROS ARQUITETÔNICOS E FORMAIS: AS ORDENS CONSTRUTIVAS. O desenvolvimento da arquitetura grega deu origem a três diretrizes construtivas, com características plásticas diferentes, determinantes de seus desenhos e proporções. As duas iniciais, produzidas simultaneamente pelas populações dóricas e jônicas, nomearam as primeiras ordens e uma terceira — a coríntia — que posteriormente passou também a ser usada nas edificações. As ordens estipularam como as peças que compõem as construções deveriam ser e se evidenciavam, principalmente, pela aparência de suas colunas e seus entablamentos (figura 2). Fonte: Christos Georghiou/ shutterstock.com Figura 2: As ordens gregas se configuravam, especialmente, nas colunas e no elemento que por elas era sustentado, ou seja, o entablamento. As colunas são os suportes verticais, compostos por três elementos: a base ou o ponto de contato da coluna com o piso; o corpo, também chamado de fuste; e a parte superior, denominada capitel, que conectava a coluna à estrutura de cobertura. O entablamento se refere ao elemento horizontal que é sustentado pelas colunas. Ele possui partes estruturais e decorativas divididas em três camadas: a inferior (arquitrave); a intermediária (friso) e a camada superior (cornija). No Parthenon, templo ateniense dedicado à deusa Atena, a ordem utilizada é a dórica (figura 3). Fonte: Sdvramos / shutterstock.com Figura 3: Detalhe construtivo do Parthenon que mostra fustes, capitéis e entablamento da ordem dórica. Localiza-se na cidade de Atenas, Grécia. A proeminência da cultura grega se manteve até o início da ocupação de seus territórios pelo Império Romano, ocorrida a partir do terceiro século a.C. As trocas culturais entre conquistadores e conquistados influenciaram fortemente o desenvolvimento da arquitetura clássica romana, que adotou quase que totalmente os princípios criativos gregos e os aprimorou com a incorporação de novas tecnologias. Entre inúmeras evoluções técnicas, os romanos criaram mais duas ordens: a compósita (figura 4) e a toscana (figura 5), além de introduzir em seus edifícios novas alternativas construtivas, tais como o arco e a abóbada. Fonte: Livioandronico2013 / Wikipedia.com FIGURA 4: Capitel compósito, Museu de Taranto, Itália. Fonte: Andrea Palladio, 1570 / Wikipedia.com FIGURA 5: Ordem toscana. Ilustração pertencente à publicação Os Quatro Livros da Arquitetura, do arquiteto quinhentista Andrea Palladio Um dos aprimoramentos técnicos mais relevantes desenvolvidos pelos construtores romanos foi a descoberta do concreto, composto de pedaços de pedra e tijolo cerâmico como agregados e cal, cinza vulcânica e água como argamassa. O Coliseu de Roma (figura 6) foi construído entre os anos 72 e 80 d.C. e apresenta, em sua fachada, fileiras de colunas dóricas, jônicas e coríntias. Sua construção é testemunha da alta tecnologia desenvolvida pela arquitetura de então, da força e da preponderância do poder romano, que podem ser percebidas até hoje, quando nos depararmos com suas ruínas, presentes na Via Sacra, em Roma. Este pequeno fragmento descreve alguns detalhes do edifício: PEDIU-SE AOS PROJETISTAS DA CONSTRUÇÃO QUE ACOMODASSEM 50.000 ESPECTADORES, COM ESPAÇO ACIMA E ABAIXO DO SOLO PARA TODAS AS MODALIDADES DE JOGOS, DISPUTAS E QUAISQUER OUTROS EVENTOS. O RESULTADO FOI UMA REALIZAÇÃO DE ENGENHARIA QUE SÓ SE TORNOU POSSÍVEL PELO USO DO CONCRETO. A CONSTRUÇÃO TOTAL FOI UMA COLMEIA DE PAREDES SÓLIDAS COM ABÓBADAS, CONTENDO CÉLULAS E PEQUENAS CÂMARAS, SUSTENTANDO FILEIRAS DE ASSENTOS, A ARENA E OS VÁRIOS CORREDORES DE COMUNICAÇÃO. CONSTATOU-SE QUE O CONCRETO USADO NA CONSTRUÇÃO VARIAVA, GERANDO MENOS PESO ONDE FOSSE EXIGIDO. DA MESMA FORMA, USARAM-SE TIJOLOS E TUFAS PARA SUPORTAR PAREDES E PEDRAS POLIDAS PARA AS ABÓBADAS. A FACE EXTERNA DAS PAREDES ERA REVESTIDA COM BLOCOS DE TRAVERTINO PRESOS COM GANCHOS DE METAL [...] MANSELL, 1980 Fonte: levy / shutterstock.com Figura 6: Ruínas do Coliseu de Roma. Roma foi o centro do mundo entre os últimos séculos antes e os primeiros depois de Cristo. Um dos motivos de sua decadência deveu-se à ascensão do Cristianismo, proclamado como religião oficial no ano de 326 pelo imperador Constantino. As ideias sociais e culturais que, como vimos, podem ser identificadas na arquitetura, passaram a ser expressas nas construções que caracterizaram as igrejas cristãs primitivas e, posteriormente, por meio da exuberância das formas góticas, na Idade Média. IDADE MÉDIA O início da transição da forma arquitetônica da antiguidade clássica para a da Idade Média pode ser exemplificado pela mudança dos usos que ocorreram nos antigos edifícios públicos romanos que acolhiam atividades de comércio e socialização, denominados basílicas. Essas edificações foram adaptadas pelas primeiras comunidades cristãs para serem utilizadas como espaços sagrados. ATENÇÃO As plantas das antigas basílicas mantiveram seu grande espaço de formato retangular, dividido por colunas, em três setores — ou naves — longitudinais, e ali passaram a ocorrer com bastante êxito as novas práticas religiosas. Posteriormente, uma nova arquitetura, chamada românica, foi desenvolvida com o intuito de abrigar os ritos cristãos, ocorrendo a partir do século XI. Sua mais enfática característica formal é a incorporação à planta das igrejas basilicais as ideias espaciais absorvidas em função das trocas culturais entre a Europa Ocidental e a Europa Oriental, especificamente em relação aos templos bizantinos, de planta quadrangular. AS PLANTAS ROMÂNICAS CONFIGURARAM-SE, ENTÃO, COMO UMA CRUZ LATINA, ONDE A NAVE PRINCIPAL OCUPA A LINHA LONGITUDINAL E OS BRAÇOS MENORES DETERMINARAM ESPAÇOS TRANSVERSAIS DESIGNADOS TRANSEPTOS. SUA INTERSEÇÃO, CHAMADA DE CRUZEIRO, SERVIA DE VESTÍBULO A UM OUTRO ESPAÇO, NO FINAL DA NAVE, CHAMADO DE ABSIDE. Além dessa atitude projetual, essencial aos edifícios românicos, estes desenvolveram importante processo de experimentação construtiva ao substituírem os antigos telhados de duas águas por cúpulas, abóbadas e arcos, utilizando processos formais já experimentados anteriormente por romanos, bizantinos e persas. Tais iniciativas serão profusamente exploradas e desembocarão nas ações que levarão os construtores a elaborar as esplendorosas estruturas da arquitetura gótica. COMENTÁRIO A arquitetura gótica comprova que a Idade Média não é, como algumas pessoas pensam, uma época de obscurantismo intelectual. A cultura medieval, por meio milênio, permitiu que equipes de carpinteiros, pedreiros, vidraceiros, ferreiros, escultores e outras modalidades profissionais desenvolvessem métodos construtivos que permitiram o surgimento de edifícios com estruturas e espacialidades extremamente sofisticadas. Os interiores das catedrais góticas eram bastante amplos e os experimentos construtivos possibilitaram espaços com pés-direitos altíssimos, delimitados por superfícies verticais rendilhadas, ornadas por requintados vitrais. Fonte: akegooseberry / shutterstock.com Figura 7: Interior da Catedral de Milão, construída a partir do século XIV. As materializações condicionadas pela arquitetura gótica são consequências de experimentações técnico-construtivas empíricas, iniciadas ainda no período românico, em que as melhores soluções eram escolhidas em processos de tentativa e erro. A sociedade da Idade Média buscou elaborar edifícios visualmente deslumbrantes, onde a fenestração sobrepujava os planos opacos e sua leveza tátil e visual era experimentada pelos fiéis, em seu caminho ao encontro de Deus. FENESTRAÇÃO Ato de abrir buracos para acoplagem de janelas em edifícios. javascript:void(0) Para que a arquitetura gótica pudesse reluzir, edifícios ruíram centenas de vezes durante as obras e recursos construtivos, tais como arcos ogivais em pedra e abóbadas de arestas conjugaram-se a reforços estruturais indispensáveis à estética gótica, assim como os contrafortes e os apoios sobrepostos a eles, os arcobotantes. Um dos mais importantes exemplos da arquitetura gótica é a catedral de Notre-Dame de Paris, construída entre os séculos XII e XIV (figura 8). Fonte: Gurgen Bakhshetyan / shutterstock.com Figura 8: Catedral de Notre-Dame, Paris. RENASCIMENTO O Renascimento ocorreu na Europa a partir do século XIV, durante a Idade Média. Novas compreensões sobre a existência humana, com base em pensamentos e visões de mundo distanciadas de preceitos religiosos, influenciaram substancialmente toda a produção científica e artística ocorrida naquele momento, além de determinarem uma nova visão sobre os conhecimentos produzidospelas sociedades antigas grega e romana. Valorizou-se o saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem e uma cultura capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana foi construída. Grupos sociais que outrora submetiam-se às normas do feudalismo passaram a desenvolver atividades econômicas baseadas no comércio, possibilitando o incremento de investimentos voltados para as ciências, artes e arquitetura. A CIÊNCIA ARQUITETÔNICA TOMOU CORPO A PARTIR DO RENASCIMENTO QUANDO O TEXTO DE ARCHITECTURA LIBRI DECEM, DO ARQUITETO ROMANO MARCUS VITRUVIUS POLLIO (81 A.C. – 15 A.C.) FOI REDESCOBERTO PELOS ESTUDIOSOS DA CONSTRUÇÃO. TAIS ESTUDOS RETOMARAM ALGUNS DOS PRINCIPAIS IDEAIS DO PERÍODO DA ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA COM BASE, ESPECIALMENTE, NO TRINÔMIO TEÓRICO VITRUVIANO: UTILITAS, FIRMITAS, VENUSTAS, QUE ENFATIZAVA QUE O EDIFÍCIO, PARA SER CONSIDERADO COMO PLENO EM SUA ARQUITETURA DEVERIA ABRIGAR USOS COMPATÍVEIS COM SUAS FUNÇÕES, SER TECNICAMENTE BEM ERIGIDO E COMUNICAR-SE POR MEIO DE SUA PLÁSTICA. Leon Battista Alberti (1404–1472), arquiteto e teórico, era leitor atento de Vitruvius e acrescentou à teoria clássica que a razão primordial da arquitetura é dar ao homem condições plenas para o enfrentamento da vida. Em sua obra De re aedificatoria (século XV), o tratadista enfatiza o bene beateque vivendum, ou seja, que a arquitetura não tem fim em si mesma, mas na capacidade de atender ao homem em suas necessidades cotidianas. A visão que conciliava os três atributos da arquitetura no fundamento do novo pensamento renascentista, no entanto, conviveria com outra vertente do fazer arquitetônico anterior oriundo da tradição medieval. COMENTÁRIO Ao mesmo tempo em que a teoria se estabelecia ao trazer a filosofia clássica vitruviana a coexistência desta com a exuberância formal do Gótico, embora já em fase de declínio, poria em discussão a preponderância do aspecto exterior dos objetos construídos — no caso venustas — sobre os demais. Tal contradição levaria Alberti a justificar essa e todas as outras respostas formais como uma consequência e não como a razão principal da arquitetura, pois ela encontrou sua origem na necessidade e desenvolveu-se em função da praticidade. A beleza pura e simples da forma construída se limitaria somente ao nível do deleite superficial, autônomo e independente da totalidade da arquitetura e, por isso, seria ineficaz no que diz respeito à sua ética. Com base na teoria construtiva que então se consolidava a prática do projeto e da construção, revelou nomes como Filippo Brunelleschi (1377-1446), Andrea Palladio (1508-1580), Donato Bramante (1444-1514) e Michelangelo Buonarroti (1475-1564), que além de se destacarem como escultores, pintores, geômetras e matemáticos, obtiveram reconhecimento como autores de obras arquitetônicas. Os edifícios, que até o fim da Idade Média eram construídos por grupos de artesãos, agora eram feitos por arquitetos, financiados por ricos mecenas e, especialmente, pelo poderio econômico, social e cultural da Igreja Católica Apostólica Romana. MECENAS Os mecenas eram burgueses ricos da época do Renascimento que patrocinavam o trabalho de artistas e escritores em busca de glória e prestígio. Fonte: Wikibooks A arquitetura do Renascimento não possibilitou o desenvolvimento de processos construtivos inéditos, mas enfatizou, por meio da genialidade de seus autores, experimentações plásticas revolucionárias. EXEMPLO javascript:void(0) Temos dois exercícios construtivos importantes: um do início do movimento, século XV, e outro — já na transição para o período barroco — do século XVI. São obras arquitetônicas lapidares de dois dos principais arquitetos renascentistas: a cúpula da igreja de Santa Maria del Fiore, em Florença (Figura 9); e a cúpula da basílica de São Pedro no Vaticano, de Michelangelo (Figura 10). Fonte: Faber1893. / Shutterstock.com FIGURA 9: Igreja de Santa Maria del Fiore, de Brunelleschi, em Florença. Fonte: Camila MB Fotografia. / Shutterstock.com FIGURA 10: Basílica de São Pedro, de Bramante e sua cúpula, de Michelangelo. O BARROCO E A MODERNIDADE A palavra “barroco”, segundo sua etimologia, provém da denominação latina dada a uma pérola de formato irregular. A complexidade formal do elemento originário do termo inspirou os teóricos a referenciarem as artes que vieram em seguida ao Renascimento, pois espaços e plásticas extremamente elaborados e perturbadores configuraram a arquitetura do período. A linha do tempo da história da arquitetura posiciona o estilo Barroco entre os séculos XVI e XVIII — inclusive adentrando no século XIX — como um movimento de oposição a dois estilos que retomaram preceitos formais da antiguidade clássica: o antecessor, Renascimento; e o posterior, Neoclassicismo. APESAR DA EXUBERÂNCIA DE SUAS CONSTRUÇÕES, O BARROCO TAMBÉM É CONSIDERADO POR MUITOS CRÍTICOS DA ARQUITETURA COMO UMA DETURPAÇÃO ESTILÍSTICA. O século XVI foi profundamente marcado pela ruptura social provocada pela Reforma Protestante. Por conta deste movimento cultural e religioso, a Igreja Católica condenou, no Concílio de Trento, a arte pagã renascentista e estabeleceu instruções voltadas a ações da Contrarreforma, em oposição e combate à rebeldia de Martinho Lutero. CONCÍLIO DE TRENTO O Concílio de Trento, realizado de 13 de dezembro de 1545 a 4 de dezembro de 1563, foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e da reação à divisão então vivida na Europa devido à Reforma Protestante. MARTINHO LUTERO Martinho Lutero (1483-1546), foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico que tornou-se uma das figuras centrais da Reforma Protestante. Ele contestava a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências. Lutero propôs, com base em sua interpretação das Sagradas Escrituras, que a salvação não poderia ser alcançada pelas boas obras ou por quaisquer méritos humanos, mas tão somente pela fé em Cristo Jesus. Além de localizar-se entre dois estilos caracterizados pela precisão, a expressão barroca consolidou-se como um vocabulário firmado na conjugação de elementos artísticos e javascript:void(0) javascript:void(0) arquitetônicos que mesclavam formas que expressavam colisões substantivas entre espaço, massa, tempo e movimento. A SEGURANÇA E O COMEDIMENTO DO RENASCIMENTO, PORTANTO, DERAM LUGAR A ESTRUTURAS CENOGRÁFICAS, IRREGULARES E DISFORMES, QUE EXPRESSAVAM AS INCERTEZAS DAS RELAÇÕES ENTRE A NATUREZA HUMANA E A NATUREZA DIVINA. O Renascimento ocorreu simultaneamente aos movimentos expansionistas dos navegadores portugueses e espanhóis, mas o estilo que caracterizará o período da colonização brasileira será o Barroco, especialmente em núcleos urbanos referenciais, tais como o Rio de Janeiro (figura 11), Minas Gerais (figura 12) e Bahia. Fonte: Bernard Barroso / Shutterstock.com FIGURA 11: Interior da Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, no Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro. Fonte: Gabriel Borghi / Shutterstock.com FIGURA 12: Fachada da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, Minas Gerais. Apesar de termos, no Brasil e na Europa, admiráveis exemplos da arquitetura religiosa barroca, o movimento amplificou-se em sua abrangência, especialmente na França, durante os séculos XVII e XVIII, sob o reinado de Luís XIV. O Barroco determinou edificações não religiosas inteiramente projetadas sob a égide da opulência, tais como o palácio de Versalhes (Figura 13), símbolo máximo da monarquia absoluta francesa. Fonte: younes_bkl / shutterstock.com Figura 13: Palácio de Versalhes, em Paris, França. No século XVII, ainda durante o período barroco, a sociedade ocidental viveu substancial renovação científica que, em função de profundas mudanças de visões de mundo e filosofias, levou a História a inaugurar uma nova era denominada “modernidade”. A sociedademoderna mudou a sua forma de expressão, pois a subjetividade religiosa deu lugar ao pragmatismo científico e a novos exercícios culturais, artísticos e arquitetônicos. Consolidou-se a crença na racionalidade emancipadora e na instrumentalização da técnica para domínio da natureza. O INCOMENSURÁVEL UNIVERSO DA CIÊNCIA MODERNA PERMITIU QUE A ARQUITETURA, A ARTE, A CIÊNCIA, A RELIGIÃO E A POLÍTICA SE DESENVOLVESSEM EM CAMPOS DISTINTOS E INDEPENDENTES. A ARQUITETURA NEOCLÁSSICA E ARQUITETURA ECLÉTICA O neoclassicismo é um estilo de raiz classicizante, posicionado cronologicamente logo após o movimento barroco, ou seja, na virada do século XIX. A busca por um estilo menos profuso e a ânsia por espaços mais regrados estimularam artistas e arquitetos a redescobrirem ordenamentos clássicos de construção e composição, como também a explorarem conceitos projetuais calcados em regras tipológicas e ao ideário clássico. SAIBA MAIS O desenvolvimento das ciências arqueológicas permitiu que escavações ocorressem nos antigos territórios gregos e romanos, proporcionando estudos mais esmerados sobre a antiguidade clássica. Em arquitetura, os projetos passaram a ser modelados por classificações referenciais aos edifícios clássicos, com desenhos sucintos, baseados em normas matemáticas e geométricas, tais como a trigonometria e a simetria. Durante o período neoclássico, novas vertentes estilísticas germinaram, originando uma linguagem mais livre, baseada em repetições estilísticas, que buscaram informações plásticas e planos em outros momentos e fontes históricas, tais como a arquitetura gótica, a renascentista, a oriental, a egípcia e a moura. VOCÊ SABIA Este estilo perdurou até a virada do século XIX e foi denominado Ecletismo. O estilo eclético se estabeleceu como prática à cópia de elementos compositivos pertencentes a estilos passados, independentemente de critérios puristas. Desse modo, reproduções de colunas gregas eram aceitas em conjunto com cúpulas de linguagem barroca, vitrais neogóticos e esculturas de gosto oriental. COMENTÁRIO A arquitetura eclética se instituiu a partir da necessidade burguesa em aliar novas tecnologias de instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias a edifícios que remetiam às arquiteturas históricas. A arquitetura de grandes estabelecimentos comerciais, bancos, hotéis, teatros (figura 14) e mansões deram primazia ao conforto, camuflando técnicas construtivas em expansão — como as estruturas metálicas — com elementos de forte apelo visual e decorativo. O período se caracteriza também por ser simultâneo à expansão da industrialização, o que proporcionou a fabricação em larga escala de elementos arquitetônicos, tais como escadas e balaustradas metálicas, sistemas de escoamento de águas pluviais e claraboias pré-fabricadas. SAIBA MAIS Estas e outras peças eram apresentadas aos consumidores por meio de catálogos e outros materiais gráficos de divulgação para serem adquiridos e utilizados nas construções. O ecletismo produziu uma arquitetura livre, caracterizada por profusa mistura de desenhos e composições despreocupadas e isentas de autonomia, sendo compreendido como um movimento displicente, repetidor de modelos e incentivador de modas que eram valorizadas e enaltecidas pela sociedade da virada do século XX. Fonte: Fvolu / shutterstock.com Figura 14: Detalhe da cobertura do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AO ANALISARMOS A ARQUITETURA CLÁSSICA, CONSTATAMOS QUE O DESENVOLVIMENTO DAS FORMAS GREGAS ORIGINOU TRÊS DIRETRIZES CONSTRUTIVAS, COM CARACTERÍSTICAS PLÁSTICAS ESPECÍFICAS, QUE DETERMINARAM SEUS DESENHOS E PROPORÇÕES. TAIS DIRETRIZES SÃO DENOMINADAS ORDENS ARQUITETÔNICAS. SOBRE AS ORDENS DA ARQUITETURA CLÁSSICA GREGA ASSINALE AQUELA QUE AS NOMEIA CORRETAMENTE. A) Coríntia; Compósita; Jônica. B) Dórica; Coríntia; Toscana. C) Dórica; Jônica; Coríntia. D) Coríntia; Toscana; Compósita. E) Jônica; Dórica; Compósita. 2. A ARQUITETURA ROMÂNICA, CARACTERÍSTICA DO SÉCULO XI, FOI DESENVOLVIDA COM O INTUITO DE ABRIGAR OS RITOS CRISTÃOS, EM PLENA EXPANSÃO POR TODA A EUROPA, MESCLANDO CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS DA ARQUITETURA BIZANTINA AOS EDIFÍCIOS BASILICAIS ROMANOS. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS A SEGUIR, AQUELA QUE DESCREVE CORRETAMENTE O PRINCIPAL RECURSO ESPACIAL QUE CARACTERIZA A ARQUITETURA ROMÂNICA. A) Os construtores dos edifícios românicos se inspiraram na planta quadrangular bizantina e desenvolveram como solução espacial o edifício em formato de cruz latina. B) A arquitetura românica adotou como elemento construtivo reforços laterais às paredes externas dos edifícios, chamados de contrafortes, muito utilizados pelos construtores bizantinos. C) Os construtores românicos adicionaram aos edifícios, a partir do século XI, as abóbadas de berço, seguindo as soluções construtivas das populações bizantinas. D) Os construtores bizantinos trouxeram à Europa Central técnicas revolucionárias de confecção de vitrais coloridos. E) Os arquitetos românicos e os construtores bizantinos fundaram novos grupos de artesãos para o desenvolvimento da planta quadrangular, caracterizada principalmente pelo uso da modulação estrutural ortogonal. GABARITO 1. Ao analisarmos a arquitetura clássica, constatamos que o desenvolvimento das formas gregas originou três diretrizes construtivas, com características plásticas específicas, que determinaram seus desenhos e proporções. Tais diretrizes são denominadas ordens arquitetônicas. Sobre as ordens da arquitetura clássica grega assinale aquela que as nomeia corretamente. A alternativa "C " está correta. As três ordens clássicas da arquitetura grega são: dórica, jônica e coríntia. 2. A arquitetura românica, característica do século XI, foi desenvolvida com o intuito de abrigar os ritos cristãos, em plena expansão por toda a Europa, mesclando características espaciais da arquitetura bizantina aos edifícios basilicais romanos. Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que descreve corretamente o principal recurso espacial que caracteriza a arquitetura românica. A alternativa "A " está correta. A arquitetura românica incorporou à planta das basílicas romanas a espacialidade caracterizada pela planta quadrangular bizantina, desenvolvendo, então, a planta em formato de cruz latina. MÓDULO 3 Relacionar as produções arquitetônicas do movimento moderno aos seus reflexos na contemporaneidade PRODUÇÕES ARQUITETÔNICAS QUE OCORRERAM A PARTIR DO MOVIMENTO MODERNO E SEUS REFLEXOS OBSERVADOS NA CONTEMPORANEIDADE PRODUÇÕES ARQUITETÔNICAS QUE OCORRERAM A PARTIR DO MOVIMENTO MODERNO E SEUS REFLEXOS OBSERVADOS NA CONTEMPORANEIDADE RESSONÂNCIAS NA CONTEMPORANEIDADE: O CONTRAPONTO DA ARQUITETURA MODERNA RESSONÂNCIAS NA CONTEMPORANEIDADE: O CONTRAPONTO DA ARQUITETURA MODERNA A retomada de padrões históricos da antiguidade clássica marcou as décadas posteriores ao movimento barroco e, por conta disso, foi denominado Neoclassicismo. Esta nova linguagem arquitetônica, juntamente ao estilo que o seguiu, conhecido como Ecletismo, marcaram a transição da arquitetura que era praticada entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Os arquitetos desse período trabalhavam os projetos de modo a modelar as edificações baseadas em dois princípios: Modelos eficientes O uso de modelos eficientes, chamados de “tipos”, como estruturas espaciais que deveriam ser seguidas de acordo com a função e o tema do edifício. Ornatos O uso de ornatos, que reproduziam, com base em geometrizações e cópias, desenhos estilísticos históricos. Paralelamente, grupos de vanguarda ligados à arquitetura, artes plásticas, música, poesia, teatro e literatura buscavam novas referências para suas criações, enquanto a sociedade se defrontava com inovações tecnológicas revolucionárias, tais como a engenharia elétrica, os antibióticos, o telefone e o avião. VOCÊ SABIA A arquitetura moderna nasceu como contraponto à arquiteturatradicional eclética que, como vimos, repetia padrões. Os teóricos e arquitetos do modernismo trouxeram à arquitetura, como principal característica, a atitude de criar edifícios que tivessem como prerrogativa desconsiderar o passado como referência. A arquitetura moderna, então, passou a ter como inspiração e meta somente o que era novo e inédito. As ideias de espaço nasceriam como indicações inovadoras e não referentes e, especialmente, os edifícios deveriam se desvencilhar do elemento decorativo, pois este, como diz o nome, passou a ser entendido como supérfluo, ineficaz e dispensável. A virada do século XIX não apresentou substanciais comprometimentos com a autonomia criativa, mas serviu como período de reflexão para artistas e arquitetos sobre a produção intelectual de uma época em que incontáveis avanços políticos, econômicos, sociais e tecnológicos tomaram corpo. As contradições das primeiras décadas do século XX permitiram o florescimento de profundos questionamentos em relação à arquitetura e conduziram arquitetos a buscar, por meio de seus estudos e edifícios, uma linguagem plástica que aliasse inovações tecnológicas à liberdade formal. SAIBA MAIS Na era modernista, as edificações puderam se livrar de todo e qualquer parâmetro referencial histórico, consolidando o que posteriormente veio a ser chamado de Estilo Internacional. Na primeira década do século XX, foi fundada, na Alemanha, a Bauhaus pelo arquiteto Walter Gropius, que seria a primeira escola de ensino apta a conjugar ensinamentos estruturais das artes, da arquitetura e do design. WALTER GROPIUS Walter Gropius (1883-1969) foi um arquiteto alemão considerado um dos principais nomes da arquitetura do século XX, tendo sido fundador da Bauhaus, escola que foi um marco no design, arquitetura e arte moderna e diretor do curso de arquitetura da Universidade de Harvard. COMENTÁRIO A Bauhaus tinha como propósito primordial formar profissionais cujo aprendizado era conduzido por pesquisas e experimentos sobre os fundamentos da forma, com base em suas estruturas geométricas, compositivas, visuais e comunicativas. A escola, então, assumiu como paradigmas as leis da psicologia da forma — ou gestalt — como princípio didático. Simultaneamente investigava as influências que a produção em escala industrial, então em plena expansão, exercia sobre as criações arquitetônicas. Fundava-se naquele momento o embrião de toda a filosofia de trabalho e de pensamento da arquitetura moderna. O abstracionismo das artes plásticas também chegou aos ateliês de arquitetura. A expressão por meio de informações alheias ao veículo, tais como as cores dos quadros impressionistas, passou a ser adotada como prática projetual, juntamente à exploração formal da multiplicidade de planos de observação, que eram utilizados e reproduzidos nas obras dos pintores cubistas. SAIBA MAIS javascript:void(0) Em 1928, na Suíça, os principais representantes do pensamento moderno, constituíram uma organização denominada CIAM — Congresso Internacional de Arquitetura Moderna — e a partir de então, em uma série de eventos que reuniam arquitetos modernos de vários países, as bases conceituais do modernismo, em arquitetura, foram estabelecidas. No mesmo período, um dos principais pensadores do modernismo, o arquiteto Le Corbusier utilizou em uma residência localizada em Poissy, norte da França, algumas prerrogativas a serem incorporadas nos projetos modernos e que são consideradas como os cinco princípios construtivos da arquitetura moderna: LE CORBUSIER Le Corbusier (1887-1965), foi um arquiteto, urbanista, escultor e pintor de origem suíça e naturalizado francês em 1930. Ele é considerado um dos maiores arquitetos do século XX. 1 Pilotis, como o pavimento caracterizado por conter uma colunata cuja função é sustentar e descolar o edifício do nível do terreno. 2 Planta livre, que desenha os compartimentos, nos pavimentos, com independência em relação à malha estrutural. 3 Fachadas livres, que também, com independência da estrutura, configuram as faces verticais externas dos edifícios. 4 Janelas em fita, que rasgam as fachadas em planos contínuos. 5 javascript:void(0) Terraço-jardim, que dá uso às lajes de cobertura, agora impermeabilizadas e independentes de telhados. Fonte: Wikipedia.com Figura 1: Ville Savoye, 1928. Autor: Le Corbusier. Fonte: Shutterstock.com Figura 2: Fallingwater House, 1935. Autor: Frank Lloyd Wright. Fonte: Wikipedia.com Figura 3: Farnsworth House, 1945. Autor: Ludwig Mies van der Rohe. A Ville Savoye, a Fallingwater House (figura 2), na Pensilvânia, projetada em 1935 pelo arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright (1967-1959) e a Farnsworth House (figura 3), no Illinois, de 1945, projetada pelo alemão Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), formam uma significativa e seminal tríade moderna da arquitetura, além de representarem, com maestria e respectivamente, a cartilha moderna: Regionalismo arquitetônico Considera os materiais regionais como elementos fundamentais para a expressividade arquitetônica. Menos é mais A frase 'less is more' ('menos é mais'), lapidar sentença de Mies van der Rohe, resume o conceito do modernismo no sentido de produzir edifícios que não necessitam de elementos decorativos supérfluos para serem arquitetura. O modernismo frutificou e expandiu-se a partir das primeiras décadas do século XX, estabeleceu novos conceitos e direcionou as decisões das novas gerações de arquitetos e urbanistas. A arquitetura brasileira, especialmente, ganhou notoriedade mundial por conta do talento dos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, ao materializarem no projeto urbano e nos edifícios de Brasília todo o ideário modernista criado e desenvolvido sob os encaminhamentos dos CIAMs. Assim sendo, a nova capital federal apresentou soluções projetuais que proporcionaram setorizações funcionais, profusamente ajardinada por Roberto javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Burle Marx e composta por edifícios que se tornaram ícones modernistas, como o Palácio da Alvorada (figura 4) e a Catedral de Brasília (figura 5). LÚCIO COSTA Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima Costa (1902-1998) foi um famoso arquiteto, urbanista e professor brasileiro nascido na França. Pioneiro da arquitetura modernista no Brasil, ficou conhecido mundialmente pelo projeto do Plano Piloto de Brasília. OSCAR NIEMEYER Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (1907-2012) foi um arquiteto brasileiro, considerado uma das figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. Niemeyer foi mais conhecido por arquitetar Brasília, porém também teve sua colaboração no grupo de arquitetos indicados pelos Estados-membros da ONU que projetaram a sede das Nações Unidas em Nova Iorque, nos Estados Unidos. ROBERTO BURLE MARX Roberto Burle Marx (1909-1994) foi um artista plástico brasileiro, renomado internacionalmente ao exercer a profissão de paisagista. Além de pintor, desenhista, designer, escultor e cantor, ele é o responsável por ter introduzido o paisagismo modernista no Brasil. javascript:void(0) Fonte: Diego Grandi / shutterstock.com Figura 4: Palácio da Alvorada, 1958. Autor: Oscar Niemeyer. Fonte: 061 Filmes / shutterstock.com Figura 5: Catedral de Brasília, 1958. Autor: Oscar Niemeyer. A arquitetura moderna nasceu nas primeiras décadas do século XX e entrou em decadência a partir da década de 1960, quando teóricos, arquitetos e urbanistas passaram a apresentar inúmeras críticas àquelas soluções, especialmente em relação à qualidade dos usos proporcionados pelos espaços urbanos e edifícios projetados. COMENTÁRIO A forma arquitetônica, por si só, não conseguia responder aos anseios específicos dos usuários e muitas vezes, por desconsiderá-los, denotaram espaços desumanos e inóspitos, tendendo ao vandalismo e ao abandono. A partir da década de 1970 novas concepções de arquitetura retomaram conceitos abandonadospelos modernistas, especialmente aqueles que valorizavam a espacialidade e a vida cotidiana das cidades tradicionais, bem como a expressão intrínseca aos elementos ornamentais que haviam sido rechaçados pelos arquitetos modernistas. Iniciou-se, então, um período prolífico em experimentações formais, designado pós-modernismo. ARQUÉTIPOS E FANTASIA COMO SUPORTE PARA A ARQUITETURA A partir da metade do século XX, os parâmetros arquitetônicos e urbanísticos que enalteciam a condição, sempre buscada, de se criar formas inovadoras e inéditas passaram a ser contestados pela intelectualidade crítica. COM ORIGEM EM CONCEPÇÕES COMPOSITIVAS DE BASE ANTROPOLÓGICA E ESTÉTICA TRADICIONAIS, A ARQUITETURA PÓS-MODERNA TROUXE DE VOLTA O IDEÁRIO DA CRIAÇÃO QUE SEGUIA PRECEITOS HISTÓRICOS PARA A ELABORAÇÃO DE EDIFÍCIOS E AMBIENTES URBANOS. Desse modo, elementos notáveis das soluções clássicas e referenciais estilísticos conservadores forneceram exemplares arquitetônicos de lembrança tradicionalista, frequentemente irônicos e muitas vezes exagerados (figura 6). Fonte: Wikipedia.com Figura 6: Portland Municipal Services Bulding, 1982. Autor: Michael Graves. Um dos principais ideólogos das transformações teóricas e conceituais da arquitetura que veio após o período moderno foi o arquiteto e crítico de arquitetura italiano Aldo Rossi (1931-1997). A teoria de projeto de Rossi, representada principalmente pela sua obra literária de 1966, A arquitetura da cidade, considerada obra seminal sobre a teoria do urbanismo. Nela, o autor argumenta que: OS ARQUITETOS DEVERIAM SER SENSÍVEIS AO CONTEXTO CULTURAL E URBANO, UTILIZANDO O DESENHO HISTÓRICO PRECEDENTE AO INVÉS DE TENTAR REINVENTAR TIPOLOGIAS. (GALLOWAY, 2020) Fonte: Philip Johnson / Wikipedia.com Figura 7: Sony Building (antigo AT&T Building), 1984. Os arquitetos do período pós-moderno se esforçaram em recuperar a qualidade urbana que havia sido menosprezada pelos modernistas e a arquitetura, especialmente por meio da utilização de releituras formais de elementos compositivos, que renovou o interesse pelo decorativismo e pela fantasia, como itens a serem considerados importantes adereços aptos a reforçar o simbolismo e as rememorações necessárias para a humanização dos espaços (figura7). Desde a década de 1970, a arquitetura tem seguido tendências de caráter mais universais e menos referentes aos limites culturais dos lugares onde é produzida. Entre várias vertentes, alguns movimentos importantes apresentaram-se como protagonistas na produção arquitetônica contemporânea, entre eles, o desconstrutivismo. Tal movimento se consolidou por meio da conjunção de duas importantes visões sobre a existência humana: Desconstrução Corrente filosófica e literária que reestrutura os modos tradicionais de pensamento. Construtivismo Movimento artístico e arquitetônico russo do início do século XX. Grandes profissionais da arquitetura contemporânea (figura 8) obtiveram reconhecimento global, em função de suas propostas espaciais. Entre os principais, podemos citar a iraquiana Zaha Hadid (1950-2016), o inglês Norman Foster, o canadense Frank Gehry, o português Álvaro Siza, o suíço Peter Zumthor e o brasileiro Paulo Mendes da Rocha. Fonte: Wikipedia.com Figura 8: Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre/RS, 2003. Autor: Alvaro Siza. Arquitetura, como vimos, é reflexo da sociedade. As transformações que ocorrem nos modos de pensar e agir se aderem às decisões dos arquitetos quando projetam e propõem novos espaços e edificações. O fazer arquitetônico, de acordo com o momento histórico em que ocorre, produz objetos que se referem, em sua base, a grandes inovações de pensamento, como é o caso da arquitetura moderna, ou se prende a soluções que historicamente já são consagradas, isto é, quando os projetistas trabalham com arquétipos e os renovam em soluções compatíveis com os conhecimentos do momento em que são propostas. As soluções arquitetônicas e urbanísticas estão sempre em busca de respostas plausíveis aos problemas dados e de emoções e experiências que possam ser disponibilizadas aos usuários. Assim, há momentos, na história, em que os arquétipos são relevantes e outros em que não são. EXEMPLO Enquanto a arquitetura moderna rechaçou a fantasia decorativa de seus edifícios, o movimento cultural e intelectual que veio logo a seguir — o pós-modernismo — enalteceu a força simbólica dos ornatos e os retomou para que os edifícios comunicassem conceitos e emoções, especialmente por meio de sua aparência. A arquitetura se configura e se expressa, portanto, por sua essência e sua aparência. Ora a essência estrutural, formal e material é a própria expressão do edifício e ela se mostra integralmente, ora o principal elemento de comunicação é a aparência. Ambas as situações são válidas e ocorrem de tempos em tempos, geralmente com alternância de situações. Assim foi com as dicotomias que podemos perceber entre o Renascimento — essência — e o Barroco — aparência — ou entre o Barroco e o Neoclassicismo. A TECNOLOGIA COMO PRESSUPOSTO PROJETUAL: SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA Arquitetos, quando projetam, produzem situações que “virão a ser”. Como o vocábulo descreve, projetar significa antecipar algo que ainda não existe. Projetar é desenhar e propor espaços e construções, baseados em informações reais — a respeito do que se tem de conhecimento sobre os futuros usuários e de técnicas —, sistemas construtivos e materiais disponíveis que possam responder aos problemas postos. RESUMINDO Projetar é, fundamentalmente, um processo de idealizações, com base no mundo real. Cada momento histórico apresenta aos seus arquitetos circunstâncias específicas a serem vencidas, por isso a arquitetura adquire e adapta-se a linguagens diferentes para acontecer. Tais circunstâncias estão profundamente atreladas à tecnologia disponível e a seu conhecimento. O uso e o desenvolvimento dos contrafortes e arcobotantes (figura 9) durante a era gótica, na Idade Média, representam o esforço investigativo das equipes de artesãos sobre as características físicas da pedra e da geometria, no intuito de elevar o edifício religioso a alturas cada vez mais dramáticas. Fonte: znatalias / Shutterstock Figura 9: Sistema estrutural gótico, composto por contrafortes e arcobotantes. Sant'Ambrogio di Torino, Turin, Italy. As construções medievais são resultado de experimentações empíricas, ou seja, de seleção de casos de sucesso por meio de tentativas e erros. A aparência formal do objeto é uma expressão — visual, auditiva, táctil etc. — de sua essência, não a finalidade. Todas as respostas plásticas são, portanto, consequência, não a razão principal da arquitetura. Os edifícios góticos louvam a Deus por meio dos ornatos, pedras, vidros, luz e espaço, mas essencialmente seus enormes pés-direitos e suas estruturas colossais assim o fazem como resultado da luta entre o empirismo e a gravidade terrestre. A plástica nasce da essência. É intrínseca ao objeto. AS DICOTOMIAS ENTRE OS VALORES DA APARÊNCIA DO OBJETO ARQUITETÔNICO E SUA MATERIALIDADE, QUE ATÉ OS LIMIARES DO SÉCULO XV COMPUNHAM-SE EM UMA ÚNICA PREOCUPAÇÃO CIENTÍFICA, SOFRERAM SIGNIFICATIVA RUPTURA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVII. Na década de 1670 fundou-se em Paris, França, a primeira academia de arquitetura, consolidando o ensino generalista da atividade, embora inserido em um cenário intelectual de contenda entre os ideais das belas artes, louvados pela arquitetura, e do pragmatismo científico das engenharias. Somente à época do princípio da revolução industrial europeia foi instituída, também em Paris, a Escola de Pontes e Estradas, com viés estritamente voltado para a cátedra da engenharia. Meio século depois, ainda sob os efeitos da Revolução Francesa, a Academia de Arquitetura teve suas portas fechadas pelo governo, enquanto eram fundadas a Escola Politécnica, a Escola de Pontes e Caminhos e a Escola de Minas, todas em Paris; a Escola de Engenheirosem Mezière; a Escola de Aplicação de Artilharia e do Gênio Militar, em Metz; e a Escola do Gênio Marítimo, em Brest. Fundamentais instituições cujos currículos eram eminentemente marcados por convicções do Iluminismo. Entre outras as que equiparavam o ornamento, em edifícios, a logro e hipocrisia construtiva. RESUMINDO O mundo científico, a partir do século XVIII, incorporou a estática dos materiais como princípio norteador das construções, embora a noção e a certeza de que a capacidade expressiva da arquitetura jamais tinha sido desprezada. Assim sendo, a Arquitetura e a Engenharia passaram a conviver simultaneamente como ciências da construção. Voltando ao debate sobre a forma arquitetônica, é natural imaginar que tanto o arrebatamento estrutural gótico quanto o funcionalismo modernista, tomados como exemplos de soluções técnicas e plásticas, devem ser considerados como respostas formais a problemas postos pela necessidade de se construir e se expressar por meio da arquitetura. A arquitetura, portanto, situa-se entre os requisitos específicos dos usuários e sua forma, constituída de matéria e imagem. RESUMINDO A forma arquitetônica deve ser entendida como intrínseca à ideia do edifício e mostra sua epifania por ser produto do pensamento e da imaginação do arquiteto. A IDEIA EM ARQUITETURA RESIDE NO NASCEDOURO DO PROJETO E PERMEIA TODO O PROCESSO DE CONFIGURAÇÃO E MATERIALIZAÇÃO DO OBJETO ARQUITETÔNICO, DESDE AS PRERROGATIVAS PROGRAMÁTICAS MANIFESTADAS PELO CONTRATANTE ATÉ O DETALHAMENTO EXECUTIVO. A sociedade contemporânea apresenta desafios específicos, considerados pressupostos projetuais, que refletem preocupações quanto às necessidades a serem respondidas por meio das soluções arquitetônicas e urbanísticas e que configuram o trabalho do arquiteto do século XXI. Podemos afirmar que a atividade do projeto e da construção, atualmente, tem preocupações específicas em, pelo menos, quatro campos de conhecimento: a representação gráfica; a parametrização; os materiais de construção e técnicas construtivas; e a sustentabilidade. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA A representação gráfica é, essencialmente, o modo de expressão primordial dos arquitetos e urbanistas. As informações sobre os objetos projetados que antes eram transmitidas por meio dos desenhos feitos à mão e dos modelos físicos reduzidos — ou maquetes — atualmente ocorrem baseadas em programas de computadores que são atualizados periodicamente. Há softwares específicos de representação gráfica que estão aptos a reproduzir os desenhos de acordo com os processos tradicionais, como o AutoCAD e Revit, que simulam integralmente a construção e respondem a todas as questões construtivas que envolvem não somente as soluções espaciais da arquitetura, mas também as prerrogativas dos projetos complementares, tais como o sistema estrutural, as instalações prediais e os orçamentos. Além destes, há programas específicos de modelagem e renderizações, que processam imagens e permitem apreensões visuais dos objetos e espaços projetados como se fossem fotografias da realidade, já materializada. PARAMETRIZAÇÃO A parametrização é atualmente utilizada como meio para se chegar a formas e espaços de acordo com premissas que são informadas em programas de computador específicos que solucionam, por meio de algoritmos, o problema registrado. O domínio das ferramentas de parametrização é essencial para que se possa alcançar formatos considerados inatingíveis, em se tratando do senso comum das idealizações em arquitetura. Os programas de parametrização fornecem dados geométricos, com base em coordenadas que apontam a tridimensionalidade adequada às soluções espaciais pretendidas. É uma enorme inovação em termos de atividade profissional de projeto e de imaginação, pois explora parâmetros até então inexplorados pelos arquitetos e urbanistas. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS O conhecimento das técnicas construtivas e dos materiais de construção que se mostram disponíveis, atualmente, são sempre essenciais para a realização da boa arquitetura. Ambos refletem a evolução das civilizações, pois estão constantemente em busca de eficiência, custos reduzidos e experimentações estéticas relevantes. Tanto as especificações de materiais de construção e acabamento quanto os métodos de execução das construções são primordiais para que se possa obter projetos, edifícios e cidades que respondam aos anseios das sociedades. Para que isso ocorra, o conhecimento dos materiais e das técnicas construtivas existentes precisam ser minuciosamente investigados a fim de que os projetos demonstrem, por meio de detalhamentos e especificações adequados, o que e como se deve fazer para materializarmos as ideias concebidas. Fazer arquitetura depende profundamente do conhecimento e da prática das atividades relacionadas à construção. Construir é, essencialmente, o objetivo final da arquitetura e do urbanismo. SUSTENTABILIDADE O desenvolvimento das sociedades determinou que os serviços de atendimento às necessidades humanas precisam estar em harmonia com a longevidade que se espera para a presença humana na Terra. A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu dezessete objetivos a serem alcançados para que tenhamos um planeta sustentável e adequado à expansão das populações. A arquitetura contemporânea tem buscado, por meio de suas propostas de espaço, atender senão a todos, pelo menos àqueles que lhe dizem respeito. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — ODS — são (NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL, s.d.): Erradicação da pobreza Fome zero e agricultura sustentável Saúde e bem-estar Educação de qualidade Igualdade de gênero Água potável e saneamento Energia limpa e acessível Trabalho decente e crescimento econômico Indústria, inovação e infraestrutura Redução das desigualdades Cidades e comunidades sustentáveis Consumo e produção responsáveis Ação contra a mudança global do clima Vida na água Vida terrestre Paz, justiça e instituições eficazes Parcerias e meios de implementação VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. GRUPOS DE ARQUITETOS QUE ATUAVAM NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX INDICARAM ELEMENTOS QUE DEVERIAM SER INCORPORADOS AOS PROJETOS DE EDIFÍCIOS E FORAM CONSIDERADOS COMO OS CINCO PRINCÍPIOS CONSTRUTIVOS DA ARQUITETURA MODERNA. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS A SEGUIR, QUAL DELAS INDICA UM PARÂMETRO CONSTRUTIVO INCORRETO EM RELAÇÃO ÀQUELES ACIMA MENCIONADOS. A) Pilotis B) Fachada ventilada C) Terraço-jardim D) Janelas em fita E) Planta livre 2. A BAUHAUS, ESCOLA DE DESIGN E ARQUITETURA, FUNDADA NA ALEMANHA EM 1919, REVOLUCIONOU O ENSINO DE ARQUITETURA AO INCORPORAR NO CURRÍCULO CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DE OUTRAS ÁREAS DE CONHECIMENTO RELACIONADAS À CRIAÇÃO DA FORMA. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, AQUELA QUE INDICA CORRETAMENTE O NOME DO ARQUITETO RESPONSÁVEL POR SUA FUNDAÇÃO. A) Le Corbusier B) Andrea Palladio C) Ludwig Mies van der Rohe D) Walter Gropius E) Lúcio Costa GABARITO 1. Grupos de arquitetos que atuavam nas primeiras décadas do século XX indicaram elementos que deveriam ser incorporados aos projetos de edifícios e foram considerados como os cinco princípios construtivos da arquitetura moderna. Assinale, entre as alternativas a seguir, qual delas indica um parâmetro construtivo INCORRETO em relação àqueles acima mencionados. A alternativa "B " está correta. As fachadas ventiladas não foram estabelecidas como parâmetro construtivo pelo Movimento Moderno, mas, sim, as fachadas livres, que, com independência da estrutura, configuram as faces verticais externas dos edifícios. 2. A Bauhaus, escola de design e arquitetura, fundada na Alemanha em 1919, revolucionou o ensino de arquitetura ao incorporar no currículo conhecimentos específicos de outras áreas de conhecimento relacionadas à criação da forma. Assinale, entre as alternativas abaixo, aquela que indica corretamente o nome do arquiteto responsável por sua fundação. A alternativa "D " está
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