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Arquitetura e Reflexão Crítica

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<
DESCRIÇÃO
Vocabulário arquitetônico no tempo; características da produção arquitetônica, desde a
antiguidade clássica até a contemporaneidade; influências das ações das sociedades na
arquitetura; origens e desenvolvimento do pensamento arquitetônico no Ocidente.
PROPÓSITO
Compreender a arquitetura como reflexo das sociedades, as necessidades humanas e a
criatividade como responsáveis pelas formas arquitetônicas e como os diversos campos do
pensamento exercem influências nas soluções espaciais idealizadas por arquitetos e
construtores.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer o significado da arquitetura por meio de seus conceitos e definições
MÓDULO 2
Identificar características plásticas, técnicas e funcionais em construções representativas da
história arquitetônica da antiguidade clássica, da idade média, do renascimento e da idade
moderna
MÓDULO 3
Relacionar as produções arquitetônicas do movimento moderno aos seus reflexos na
contemporaneidade
ARQUITETURA E REFLEXÃO CRÍTICA
MÓDULO 1
 Reconhecer o significado da arquitetura por meio de seus conceitos e definições
INTRODUÇÃO
A arquitetura é consequência da ação humana ante a necessidade de abrigar-se em
construções que proporcionem comodidade e praticidade.
 
Fonte: Adam Bixby / Unsplash
 
 
Fonte: Federica Esposito / Unsplash
A designação da arte e ciência arquitetônicas provém dos radicais gregos arkhḗ e téktōn e para
os filósofos pré-socráticos (600-400 a.C.) ambas significam respectivamente:
arkhḗ
Expressava a essência ou princípio das coisas.

téktōn
Termo genérico com que se referia a artesão, especificamente a carpinteiro.

Arquitetura
Logo, podemos admitir que a arquitetura incorpora o sentido de primeira construção produzida
pelo homem com o objetivo de manter-se em segurança contra as intempéries e os animais
selvagens.
Como efeito material da relação entre o homem e o ambiente, a arquitetura se desenvolve e
aperfeiçoa à medida que se organizam espaços harmônica e funcionalmente apropriados às
diversas atividades humanas. No entanto, há diferenças entre simples construções (por
exemplo, cabana, curral, celeiro) e obras arquitetônicas, em cuja composição e finalidade está
presente uma intenção estética e simbólica. É o que observamos nas casas, templos, palácios,
praças, tumbas etc.
 
Fonte: Timothy Eberly / Unsplash
 
 
Fonte: Stephan Bechert / Unsplash
Portanto, o arquiteto pode exercer seu trabalho em distintos ramos e ambientes. Por isso,
temos de reconhecer a importância desse profissional e entender sua função na sociedade. A
conscientização do papel do arquiteto fornece elementos para os futuros profissionais
encontrarem seu lugar no mundo.
O QUE É ARQUITETURA
Vamos partir do verbete do dicionário Aulete Digital (online):
ARQUITETURA (AR.QUI.TE.TU.RA) SF.
1 Arq. Arte e técnica de projetar espaços e edificações adequados à vivência e atividades
humanas, e de acordo com padrões estéticos.
2 Arq. Conjunto das obras arquitetônicas de uma época, de um lugar, de um povo etc.
(arquitetura grega; arquitetura barroca)
3 Arq. Disposição dos elementos em uma edificação ou em um conjunto arquitetônico.
4 Arq. O conjunto dos princípios, normas, técnicas e materiais us. para criar o espaço
arquitetônico; ARQUITETÔNICA.
5 Fig. O modo como as partes se relacionam com o todo em qualquer estrutura: Em sua
filosofia, Kant tentou descrever a arquitetura do pensamento.
6 Fig. Plano, projeto.
7 Fig. O artifício, a contextura, a disposição especial de qualquer conjunto harmônico: A
arquitetura celestial. [F.: Do lat. architectura,ae.]
 COMENTÁRIO
É interessante observar que as definições de arquitetura remetem, direta ou indiretamente, a
arte. E quando nos aproximamos da arte deparamos com outro conceito: a beleza. Muitos se
perguntam se uma boa arquitetura necessariamente precisa ser bela.
 
Fonte: Victor Garcia / Unsplash
VAMOS, ENTÃO, ESBOÇAR A RELAÇÃO ENTRE
ARTE E BELEZA:
Se levarmos em consideração construções erguidas com base em um planejamento, é
provável que tenha havido uma intenção estética ligada ao produto final. Por mais que se
pense na melhor solução funcional, pretende-se atrair atenção positiva, ou ao menos
provocativa, para o objeto construído.
Entre os tipos de construções realizadas sem a participação do arquiteto, mas que apresentam
uma estética singular, estão as chamadas arquiteturas “vernaculares”, também conhecidas
como arquiteturas “primitivas”, produto de povos que não sofreram influências externas. Por
exemplo, a arquitetura maia e inca.
 
Fonte: Filip Gielda / Unsplash
 Complexo Chichén Itzá, ruínas maias na península de Iucutão - México.
 
Fonte: Irene Ortiz / Unsplash
Percebemos que estética, beleza e arte podem não estar na intenção primária de quem
projeta, mas nos olhos de quem as vê e interpreta. O que outrora pôde ser considerado
destituído de beleza, com o passar dos anos toma uma outra conotação por fazer parte de um
momento de uma civilização, por exemplo. A arte, portanto, se encerra ali, assim como a
beleza.
Voltando ao verbete do dicionário Aulete percebemos que, além da arte, outro termo define a
arquitetura: técnica. Essa compreensão revela outras dimensões de conhecimento, como:

MATEMÁTICA APLICADA

GEOMETRIA

ENGENHARIA

PINTURA

ESCULTURA
A técnica está intimamente ligada ao lugar e à época em que se está sendo realizada.
Podemos concluir que o planejamento e execução de uma construção requer um nível de
organização e integração interdisciplinar; aliado a isso, estão as questões socioeconômicas e
culturais.
A relação entre técnica e estética permite traçar um breve panorama da arquitetura desde a
antiguidade até os dias atuais.
No mundo antigo, distingue-se a arquitetura do Egito, da Mesopotâmia e da Pérsia.
 
Fonte: TheDigitalArtist / Pixabay
As mais emblemáticas construções desse período foram as pirâmides egípcias.
 SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
As pirâmides do Egito são consideradas tão importantes em razão da sua grandiosidade
e da técnica empregada na construção. Elas eram túmulos dos faraós e familiares. Além
javascript:void(0)
de todo o significado místico que envolvia os corpos para uma futura ressurreição, havia
o objetivo de guardar as riquezas do faraó junto dele.
 
Fonte: Anestiev / Pixabay
O berço da arquitetura clássica foi a Grécia.
 SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
As construções gregas que mais influenciaram a arquitetura europeia ocidental foram os
templos. Os gregos eram politeístas e personificaram seus deuses em 12 divindades que
habitavam o monte Olimpo. A maior parte dos templos erguidos na Grécia foi dedicada a
um dos deuses do Olimpo. Diferentemente dos templos que conhecemos — onde os fiéis
se congregam —, a principal função dos templos gregos era sobressair entre os demais
edifícios e assim exaltar a respectiva divindade.
javascript:void(0)
 
Fonte: mostafa_meraji / Pixabay
O Império Romano deixou um grande legado, embora considerada como derivada da
arquitetura grega, diferenciou-se por características próprias.
 SAIBA MAIS
SAIBA MAIS
Os romanos eram fortes, severos, organizados, e progressivamente subjugaram outros
povos. Roma deixou de ser, então, uma vila para tornar-se uma das cidades-estado mais
importantes da época e, posteriormente, um grande império. Grandes construtores, os
romanos não se importavam em aproveitar ideias de outros povos e adaptá-las à sua
maneira. Aperfeiçoaram o arco e a abóbada dos etruscos e ainda diversificaram o
concreto ao acrescentar cacos de tijolos à mistura.
Os templos gregos se desenvolveram sob uma característica estrutural que marcou esse tipo
de construção: as colunas. Havia dois estilos de colunas: as dóricas e as jônicas, mais tarde
surgiu a ordem coríntia.
DÓRICA
javascript:void(0)
 
Fonte: vectorpocket / Freepik
Os dóricos relacionavam a arquitetura às características dos seus povos, assim como seus
hábitos de guerra. Eram muito fortes e rígidos.
JÔNICA
 
Fonte:vectorpocket / Freepik
Os jônicos também relacionavam a arquitetura às características dos seus povos. Tinham uma
ascendência asiática de caráter mais emotivo e refinado.
CORÍNTIA
 
Fonte: macrovector / Freepik
A ordem coríntia, apesar de ser uma variação das outras duas ordens gregas, acabou sendo
mais utilizada pelos romanos.
As colunas possuíam três elementos principais: a base, o fuste e o capitel.
 
Fonte: flaticon / Freepik
BASE
 
Fonte: flaticon / Freepik
FUSTE
 
Fonte: flaticon / Freepik
CAPITEL
Vejamos alguns exemplos da Arquitetura Romana:

 
Fonte: Evan Qu / Unsplash
 Panteão de Roma, vista interna do óculo.
PANTEÃO DE ROMA
Os templos romanos não são consideradas as construções mais importantes, porém
representam obras emblemáticas
TERMAS ROMANAS
Outro tipo de arquitetura muito utilizada eram as termas públicas, pois não havia salas de
banho nas residências romanas.
 
Fonte: Hulki Okan Tabak / Unsplash
 Ruínas das Termas públicas romanas em Bath, Inglaterra.


 
Fonte: Thimo van Leeuwen / Unsplash
 Coliseu em Roma.
COLISEU
Ficou conhecido pela sua dimensão, pois comportava 50.000 espectadores.
IGREJA BASILICAIS
Foi em Roma que, ao ser coroado pelo papa Leão III no ano 800, Carlos Magno tomou posse
do Sacro Império Romano-Germânico e deu novo impulso à construção de igrejas cristãs, entre
as quais se destacavam, desde a época do imperador Constantino (272-337), as igrejas
basilicais. O que marca essas igrejas é o formato retangular e a ausência de cúpula, embora os
romanos já conhecessem a execução da estrutura.
 
Fonte: Liam McKay / Unsplash
 Basílica de Santo Estêvão, Budapeste, Hungria.


 
Fonte: Adrian Dascal / Unsplash
 Igreja Bizantina - Romania.
IMPÉRIO ROMANO DO ORIENTE
No Império Romano do Oriente, a arquitetura bizantina apresentava a típica cúpula circular
fechando o teto de uma estrutura quadrada. Outra característica que seria seguida até o século
XX eram as paredes internas cobertas de afrescos com motivos bíblicos.
ISLAMISMO
Paralelamente às igrejas romanas (ou latinas) e bizantinas, desenvolve-se a arquitetura
islâmica. As mesquitas foram as construções mais emblemáticas dessa arquitetura, trazendo
um novo colorido às arquiteturas ocidentais.
 
Fonte: mostafa meraji / Unsplash
 Escola Shah – Irã.


 
Fonte: Liam McKay / Unsplash
 Pirâmide maia de Kukulcan.
MESOPOTÂMIA
Do outro lado do oceano Atlântico, na Mesoamérica, os maias, astecas e incas também
produziam uma arquitetura complexa, marcada por pirâmides, templos e cidadelas.
Outras três arquiteturas influentes foram a indiana, a chinesa e a japonesa. Na arquitetura
indiana, as construções mais importantes são os templos e palácios, assim como na chinesa e
japonesa. Todas essas arquiteturas foram fortemente influenciadas pela filosofia religiosa.
TAMBÉM SE DEVE DESTACAR NA HISTÓRIA DA
ARQUITETURA A INFLUÊNCIA DO ESTILO ROMÂNICO
(SÉCULOS XI-XII). SEU MARCO ARQUITETÔNICO FOI
A EXECUÇÃO DO ARCO PLENO E SUAS VÁRIAS
IGREJAS, CATEDRAIS E MOSTEIROS. UMA DAS
CONSTRUÇÕES MAIS REPRESENTATIVAS DO ESTILO
ROMÂNICO É A CATEDRAL DE SANTIAGO DE
COMPOSTELA , NA ESPANHA.
 
Fonte: Alessio Rinella / Unsplash
 Catedral de Santiago de Compostela, capital da Galiza, Espanha.
 
Fonte: Shutterbug75 / Pixabay
 Castelo de Bodiam, Inglaterra – Reino Unido.
Outro tipo de construção que se torna marcante são os castelos medievais, tanto na Inglaterra
quanto nos países do Oriente Médio. Sua estrutura era defensiva, e se utilizavam pedras na
construção das muralhas que cercavam castelos e fortificações.
Para conhecer os estilos de arquitetura mais marcantes da nossa história, assista ao
vídeo a seguir:
Você já parou pra pensar em como chegamos à arquitetura moderna que conhecemos
hoje?
 
Fonte: Freepik
A arquitetura não parou de evoluir, como veremos a seguir:
No século XX, surgem os primeiros movimentos modernistas. Um dos materiais mais utilizados
nesse período foi o concreto armado. As técnicas construtivas deixavam de lado os elementos
tradicionais e rejeitavam arquitetura clássica. A arquitetura adquire um tom mais simples, mas
não simplório.
Os materiais tradicionais como mármore e outras pedras são substituídos por materiais como o
concreto, o ferro e o vidro. As ornamentações saem de cena para entrarem linhas retas e
formas mais básicas. Esse movimento foi muito facilitado pela Revolução Industrial, que trouxe
um novo modo de produção, em que era possível criar elementos em massa em vez de criar
produtos únicos.
 
Fonte: Pixabay
 COMENTÁRIO
Uma característica interessante desse período é a preocupação com a forma pelas quais as
arquiteturas seriam utilizadas, ou seja, sua função. Os arquitetos, como grandes artesãos do
passado, agora são elevados ao status de grandes artistas. Se antes falávamos em estilos
arquitetônicos, a partir do Modernismo falaremos mais nos estilos dos arquitetos que
produziam determinadas arquiteturas.
Dentro desse perfil citaremos alguns arquitetos cujas obras estão representadas abaixo:
Le Corbusier
 
Fonte: Ricardo Gomez Angel / Unsplash
 Capela Notre-Dame-du-Haut, Le Corbusier, 1950.
Walter Gropius
 
Fonte: Marina Reich / Unsplash
 Bauhaus, escola de arte vanguardista na Alemanha, Walter Gropius, 1919.
Mies van der Rohe
 
Fonte: Jean-Philippe Delberghe / Unsplash
 Detalhe do Pavilhão Alemão, Barcelona – Espanha, Mies van der Rohe, 1928.
Oscar Niemeyer
 
Fonte: Jean-Philippe Delberghe / Unsplash
 Edifício do Congresso Nacional do Brasil, Palácio Nereu Ramos, Oscar Niemeyer, 1960.
Le Corbusier é considerado o expoente do Funcionalismo; Walter Gropius, Ganhou fama com a
Escola da Bauhaus; e no Brasil além de Oscar Niemeyer, temos os nomes de Lúcio Costa, Lina
Bo Bardi, Affonso Eduardo Reidy e outros. A obra mais famosa desse período é Casa da
Cascata, da chamada arquitetura orgânica de Frank Lloyd Wright (veja a figura abaixo),
arquiteto que transpassou o modernismo rumo à contemporaneidade. 
 
Fonte: Kirk Thornton / Unsplash
 Casa da Cascata ou Casa Kaufmann - Pensilvânia, Estados Unidos, Frank Lloyd Wright,
1964.
 
Fonte: Investigation11111 / Wikipedia
 Centro Heydar Aliyev em Baku, capital do Azerbaijão, Zaha Hadid, 2007.
A arquitetura contemporânea, cujas origens remontam ao fim dos anos 1980, é uma mistura de
várias tendências arquitetônicas. E nessas tendências há alguns traços como a aplicação da
tecnologia em benefício da sustentabilidade (emprego de materiais recicláveis) e do conforto
ambiental. Entre os arquitetos que se podem citar nessa nova tendência, estão Zaha Hadid
(obra na figura ao lado), Frank Gehry e Peter Eisenman.
O PAPEL SOCIAL DO ARQUITETO
A partir dos anos 1980 percebemos que os estilos arquitetônicos “perdem” espaço para nomes
da arquitetura que passam a influenciar as construções segundo suas visões de mundo. É
preciso portanto refletir:
 
Fonte:Shutterstock
Qual a função do arquiteto na sociedade?
Qual o seu papel diante das transformações do mundo?
Qual o impacto de seus projetos na vida das pessoas e da cidade?
Se lermos as atribuições do arquiteto e urbanista contidas na Resolução CAU/BR n. 21 (2012),
encontraremos sete páginas com um leque de atuação vastíssimo.
NO ENTANTO, AINDA PERMANECE A PERGUNTA:
QUAL É O PAPEL SOCIAL DO ARQUITETO?
Essa é uma questão essencial, pois a profissão de arquitetura e urbanismo tem sido atrelada a
uma parcela da sociedade que possui recursos para a contratação de tal serviço. Diante desta
questão o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR) e o Instituto de Pesquisas Datafolha
fizeram uma pesquisa quali-quanti para diagnosticar como as pessoas enxergam o papel dos
arquitetos e urbanistas na sociedade brasileira. Na pesquisa, entrevistaram 2.400 pessoas em
177 municípios, abrangendo as cinco regiões do país. Para entendermos a função social do
arquiteto vamos analisar alguns pontos da pesquisa:
 
Fonte: Freepik
TOTAL DE ENTREVISTADOS
54% já construíram ou reformaram seu imóvel.

Somente 15% utilizaram os serviços de um arquiteto ou engenheiro.
 
Fonte: Freepik
TOTAL DE ENTREVISTADOS

70% dos entrevistados utilizariam os serviços de um arquiteto.

7% já solicitaram esse tipo de serviço.
 
Fonte: Freepik
Oito em cada dez entrevistados que contrataram os serviços de um arquiteto ficaram
satisfeitos.

Entre os 24% que não usaram os serviços de um arquiteto, verificou-se uma ideia distorcida
dos valores cobrados pelos profissionais, pois acreditavam que o valor seria em torno de 20%
a 40% do valor da obra.

Quando esclarecido que o valor do arquiteto fica em torno de 10% do valor da obra, essas
pessoas acharam um valor justo que estariam dispostas a pagar.
OUTRO FATOR QUE IMPACTA A VISÃO DO PAPEL
SOCIAL DO ARQUITETO ESTÁ EM COMO AS
PESSOAS DE UM MODO GERAL ENTENDEM A
FUNÇÃO DO PROFISSIONAL. ENTRE AS PESSOAS
COM NÍVEL DE FORMAÇÃO MAIS ELEVADO, HOUVE
UM CONSENSO SOBRE A ATRIBUIÇÃO DE QUE O
ARQUITETO FAZ O PROJETO ARQUITETÔNICO, O
GERENCIAMENTO DA OBRA E O PLANEJAMENTO
URBANO. TAMBÉM HOUVE UM CONSENSO SOBRE A
IMPORTÂNCIA DA CONTRATAÇÃO DO ARQUITETO
PARA A ECONOMIA DE MATERIAIS E TEMPO DE
EXECUÇÃO DA OBRA, ASSIM COMO NA QUESTÃO DE
SEGURANÇA.
No que tange ao planejamento das cidades, não há muito conhecimento sobre as atribuições
dos arquitetos em obras públicas, principalmente no que se refere a qualidade de vida,
mobilidade e acessibilidade. Só concluíram que seria de grande valia o exercício dessas
atribuições pelos arquitetos.
 
Fonte: Unsplash
 RESUMINDO
A Pesquisa (CAU/BR DATAFOLHA, 2015), é extremamente importante para que se entenda
que a função do arquiteto e urbanista vai além a de um mero construtor de belas edificações,
mas que pode contribuir efetivamente para a melhoria da cidade. A arquitetura e o urbanismo
pertencem ao campo das ciências sociais aplicadas, pois, ao projetar uma edificação ou um
espaço público, interfere-se diretamente na forma pela qual as pessoas atuam e interagem
nesses espaços.
A arquitetura e o urbanismo têm um leque multidisciplinar de atuação, como arquitetura de
interiores; arquitetura paisagística; patrimônio histórico, cultural e artístico; planejamento
urbano e regional; topografia; tecnologia e resistência dos materiais; instalações e
equipamentos referentes à arquitetura e urbanismo; conforto ambiental; meio ambiente, estudo
e avaliação dos impactos ambientais, licenciamento ambiental, utilização racional dos recursos
disponíveis e desenvolvimento sustentável.
ARQUITETURA ALÉM DA DIMENSÃO
FÍSICA
 
Fonte: Pixabay
Pensar em arquitetura não é somente resolver a dimensão física do projeto. A qualidade do
ambiente construído não está relacionada somente à qualidade do projeto, mas também à
satisfação produzida no usuário do ambiente. Podemos concluir que o espaço também pode
influenciar e afetar o comportamento humano.
 
Fonte: Unsplash
O homem é um ser subjetivo com necessidades físicas e psicológicas que devem ser supridas
na medida do possível. Neste contexto, o espaço pode influenciar de maneira positiva ou
negativa o comportamento e satisfação das pessoas, pois os espaços construídos apresentam
aspectos físicos, químicos e biológicos.
COMO FUNCIONA A PERCEPÇÃO?
A percepção é a recepção de estímulos através dos sentidos que se traduzem em um
significado único, pois dependem da realidade e experiência vivida de cada indivíduo.
As questões relacionadas à preocupação com a saúde em função do espaço começam na
Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX. As reivindicações são feitas, mas não se sabe
ainda como mensurar as variáveis subjetivas.

No período moderno, o individual dá lugar ao coletivo. Os projetos são realizados para um
homem ideal sem levar em consideração as particularidades de cada um.

No pós-moderno o homem é visto como um ser único, com características individuais. Nesse
momento se começa a valorizar os sentimentos e percepções dos homens diante do mundo.
Suas percepções tornam-se importantes para a interpretação do mundo. A função perde
espaço para a interação humana. E com isso os sentidos são incorporados ao estudo do
espaço, inter-relacionando cores, texturas, luz, forma etc.
O pós-modernismo traz conceitos sobre os espaços vivenciados, justamente pela valorização
dos sentimentos e percepções do homem. Na arquitetura esses conceitos levaram à
questionamentos sobre o conforto ambiental e a qualidade do ambiente construído. No entanto,
trata-se de variáveis subjetivas, e ainda resta a dúvida de como podem ser mensuradas.
A partir da década de 1990 começa-se a pensar em como quantificar essas variáveis de
conforto e qualidade, pois já se sabia que influenciavam a saúde física e mental dos usuários
dos espaços. O termo conforto havia voltado à tona na década de 1970 com quatro
abordagens:
FÍSICA
 
Fonte: Freepik
SOCIOCULTURAL
 
Fonte: Freepik
PSICOESPIRITUAL
 
Fonte: Freepik
AMBIENTAL
 
Fonte: Freepik
Essas quatro abordagens tornaram-se a base do conceito de conforto ambiental. A arquitetura,
no entanto, na tentativa de analisar os conceitos do conforto ambiental, parte de fatores
objetivos e pouco subjetivos como conforto visual, conforto térmico e conforto acústico.
Mediante esses fatores principais de conforto ambiental, os arquitetos devem criar espaços não
só esteticamente bonitos, mas que também sejam harmoniosos e saudáveis, causando aos
usuários percepções positivas e agradáveis. No entanto, quando falamos em percepção
referimo-nos às sensações dos indivíduos.
PARA QUE UM PROJETO ATENDA A ESSES
QUESITOS, É IMPORTANTE ENTENDER COMO O
HOMEM SENTE E COMO ELE INTERAGE COM O
EXTERIOR, OU SEJA, ENTENDER COMO O CORPO
REAGE AOS VÁRIOS ESTÍMULOS DO AMBIENTE.
DESDE CRIANÇAS AINDA NA PRÉ-ESCOLA
APRENDEMOS QUE TEMOS SEIS FORMAS DE SENTIR
O MUNDO: VISUAL, AUDITIVA, OLFATIVA, GUSTATIVA,
TÁTIL E ESPACIAL. ASSIM CONCLUÍMOS QUE A
ARQUITETURA PERPASSA A CONSTRUÇÃO
PROPRIAMENTE DITA PARA ATENDER OUTRAS
DIMENSÕES DO PROJETO.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A GRÉCIA FICOU CONHECIDA COMO O BERÇO DA ARQUITETURA
CLÁSSICA. MAIS TARDE OUTRO ESTILO ARQUITETÔNICO REUTILIZOU
OS CONCEITOS CLÁSSICOS CRIANDO OBRAS EMBLEMÁTICAS.
ABAIXO, LISTAMOS ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DE ESTILOS
ARQUITETÔNICOS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE REPRESENTE O
ESTILO QUE REUTILIZOU O ESTILO CLÁSSICO E QUE CONTENHA UM
EXEMPLO DE OBRA QUE CORRESPONDE A ESSE ESTILO:
A) Momento promissor de grande expansão da cultura em geral como a filosofia, ciência e
literatura. Desse período temos obras de arte voltadas à beleza da concepção arquitetônica e à
técnica construtiva. É o caso da cúpula da Catedral de Florença (1420) realizada por Fillippo
Brunelleschi;
B) O século XIX ficou marcado pela utilização de novos materiais como o ferro e o vidro. Esses
dois novos materiais influenciaram enormemente a arquitetura que seria realizada a partir do
século XX, pois trariam modificações técnicas na utilização desses novos materiais. Como
exemplo emblemático desse período temos a Basílica de São Pedro;
C) Mistura de várias tendências arquitetônicas. Nessas tendências há pontos como a
preocupação com a sustentabilidade pelo uso de materiais recicláveis, conforto ambiental
assim como o emprego da tecnologia à serviço tanto da sustentabilidade quanto do conforto
ambiental. Como exemplo emblemático desse período temos a Igreja da Sagrada Família;
D) Uma característica interessante desse período é a preocupação com a forma pelas quais as
arquiteturas seriam utilizadas, ou seja, sua função. Os arquitetos, como grandes artesãos do
passado, agora são elevados ao status de grandes artistas. Como exemplo emblemático desse
período temos as pirâmides.
E) O estilo renascentista enfatizava a simetria, a proporção, a geometria e a regularidade das
partes. Como exemplo, temos os perfis dos edifícios medievais da antiga arquitetura romana.
2. ESTUDAMOS A FUNÇÃO SOCIAL DO ARQUITETO E TAMBÉM VIMOS
COMO A ARQUITETURA TRANSCENDEA DIMENSÃO FÍSICA DO
PROJETO. NESSE PROCESSO O ARQUITETO ACABA TENDO UMA
RESPONSABILIDADE SOBRE COMO O USUÁRIO PERCEBE E SENTE O
ESPAÇO CONSTRUÍDO. ABAIXO, LISTAMOS ALGUNS CONCEITOS
SOBRE A PERCEPÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO. ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE CONTENHA UM CONCEITO QUE NÃO
CORRESPONDA A ELA:
A) Podemos concluir que o espaço também pode influenciar e afetar o comportamento
humano. O homem é um ser subjetivo com necessidades físicas e psicológicas que ficam mais
satisfeitas e confortáveis quando essas necessidades são atendidas.
B) As questões relacionadas à preocupação com a saúde do indivíduo em função do espaço
começam na Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX.
C) Por meio desses fatores principais de conforto ambiental os arquitetos devem criar espaços
não só esteticamente bonitos, mas que também sejam harmoniosos e saudáveis, causando
aos usuários percepções positivas e agradáveis.
D) O termo conforto havia voltado à tona na década de 1970 com quatro abordagens: física,
sociocultural, psicoespiritual e ambiental. Essas quatro abordagens tornaram-se a base do
conceito de conforto ambiental. A arquitetura, no entanto, na tentativa de analisar esses
conceitos do conforto ambiental, parte de fatores muito subjetivos como conforto visual,
conforto térmico e conforto acústico.
E) A denominação float do vidro é devido ao tempo de recozimento e molde.
GABARITO
1. A Grécia ficou conhecida como o berço da arquitetura clássica. Mais tarde outro estilo
arquitetônico reutilizou os conceitos clássicos criando obras emblemáticas. Abaixo,
listamos algumas características de estilos arquitetônicos. Assinale a alternativa que
represente o estilo que reutilizou o estilo clássico e que contenha um exemplo de obra
que corresponde a esse estilo:
A alternativa "A " está correta.
 
A arquitetura grega, que ficou conhecida como clássica, marcou um momento muito importante
que seria rememorado em vários outros momentos da história da arquitetura; no entanto, o
Renascimento foi o mais conhecido nesse processo, pois tinha como lema justamente fazer
renascer a arte clássica de um modo geral, não só na arquitetura.
2. Estudamos a função social do arquiteto e também vimos como a arquitetura
transcende a dimensão física do projeto. Nesse processo o arquiteto acaba tendo uma
responsabilidade sobre como o usuário percebe e sente o espaço construído. Abaixo,
listamos alguns conceitos sobre a percepção do ambiente construído. Assinale a
alternativa que contenha um conceito que não corresponda a ela:
A alternativa "D " está correta.
 
Na verdade os fatores relacionados ao conforto visual, térmico e acústico são objetivos e não
subjetivos, pois conseguimos mensurar os níveis de conforto lumínico, térmico e acústico de
um ambiente. A qualidade da luz, a percepção do que é termicamente confortável e as
sensações que os sons causam é que são subjetivas e de difícil mensuração.
MÓDULO 2
 Identificar características plásticas, técnicas e funcionais em construções
representativas da história arquitetônica da antiguidade clássica, da idade média, do
renascimento e da idade moderna
CARACTERÍSTICAS PLÁSTICAS, TÉCNICAS
E FUNCIONAIS EM CONSTRUÇÕES
REPRESENTATIVAS DA HISTÓRIA
ARQUITETÔNICA DA ANTIGUIDADE
CLÁSSICA, DA IDADE MÉDIA, DO
RENASCIMENTO E DA IDADE MODERNA
ARQUITETURA: VOCABULÁRIO BÁSICO
O vocabulário usado pela arquitetura e pelo urbanismo é composto pelos edifícios e pelas
cidades. Ao longo do tempo e de acordo com cada uma das civilizações e grupamentos
sociais, em diferentes lugares, os espaços construídos pelo homem exprimem características
específicas e, como qualquer artefato produzido, retratam os hábitos e o cotidiano das pessoas
que ali vivem ou viveram.
 VOCÊ SABIA
A arquitetura comunica comportamentos, argumentos e sentimentos, além de conter
informações sobre a história e a cultura das sociedades e dos diversos tempos, dos quais
apresenta-se como testemunha.
Os diversos conjuntos de informações que estão solidificados nas paredes dos edifícios
constituem o que chamamos de vocabulário arquitetônico, que se mostra por meio dos
materiais e técnicas utilizados e das intenções plásticas dos criadores.
 SAIBA MAIS
Este vocabulário é intencionalmente trabalhado por seus autores e corporifica um conjunto de
signos e ordens específicos, a ser codificado e compreendido por quem o analisa.
O vocabulário arquitetônico, como veículo de comunicação, nos ajuda a compreender o mundo
que nos cerca e os caminhos que estamos percorrendo em direção a nosso futuro.
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
Quando falamos da arquitetura da antiguidade clássica, estamos nos referindo aos edifícios
representativos das duas sociedades que são inspiradoras à cultura do Ocidente — as
civilizações grega e romana.
 VOCÊ SABIA
A maior parte do conhecimento construído pelas sociedades do mundo ocidental tem origem
na antiga Grécia, onde a Filosofia, como ciência de compreensão da existência humana e do
universo que a cerca, desdobrou-se na maioria das vertentes do saber, tais como a
Matemática, a Geometria, a Física, a Química, a Política, a Gramática, a Medicina, o Direito e
tantas outras.
A Arquitetura, como ciência da edificação, desenvolveu novas técnicas construtivas e utilizou-
se das leis da geometria e da matemática para transfigurar as habitações tradicionais,
conformadas como cabanas de madeira, palha e tecidos em edifícios de pedra.
 COMENTÁRIO
Os templos gregos traduziram em mármore — material encontrado em abundância ao leste do
mar Mediterrâneo — não somente as formas habitacionais primitivas, mas a interpretação que
aquela sociedade tinha em relação a seu ser e estar no mundo.
Os templos gregos eram constituídos principalmente de pedra calcárea e estuque de mármore,
além de apresentarem estrutura geométrica e formal desenvolvida com base em um elemento
horizontal de cobertura, denominado entablamento, apoiado por peças estruturais verticais ou
colunas. Desse modo, os antigos apoios feitos com troncos de árvores deram lugar às colunas
e o entablamento substituiu o conjunto de peças de madeira que configuravam o madeiramento
do telhado. 
As construções desses edifícios elevaram a arquitetura à excelência científica e se
estabeleceram como cânones de toda a produção arquitetônica posterior, seguindo princípios
de ordem, simetria e recursos de adaptação perceptiva do espaço.
AS PLANTAS DOS TEMPLOS GREGOS CONTINHAM
UM ESPAÇO RETANGULAR FECHADO, CERCADO POR
PAREDES DE BLOCOS DE CALCÁRIO E OUTRO
ESPAÇO, PERIFÉRICO E ABERTO, MARCADO POR
COLUNAS DE SUSTENTAÇÃO DA COBERTURA.
A cobertura, com telhado em duas águas, era encerrada por um pesado elemento triangular,
nomeado frontão, que marcava a parte superior da fachada do edifício (figura 1).
 
Fonte: Wata51 / shutterstock.com
 Figura 1: Imagem das ruínas do Parthenon, em Atenas, Grécia. Sobre o conjunto e acima
das colunas, vestígios do frontão, que marcava a sua fachada principal.
Em todos os elementos que desenhavam a edificação, eram aplicadas peças decorativas em
referência a deuses, conquistas e às atividades que representavam a história e a cultura
daquela civilização.
CADA UM DOS TEMPLOS, DE ACORDO COM A
REGIÃO E O MOMENTO HISTÓRICO, DEMONSTRAVA
EM SUA PLÁSTICA NÃO SOMENTE A TECNOLOGIA
DA CONSTRUÇÃO EM MÁRMORE, MAS TAMBÉM
ELEMENTOS QUE SEGUIAM REGRAS E PARÂMETROS
ARQUITETÔNICOS E FORMAIS: AS ORDENS
CONSTRUTIVAS.
O desenvolvimento da arquitetura grega deu origem a três diretrizes construtivas, com
características plásticas diferentes, determinantes de seus desenhos e proporções. As duas
iniciais, produzidas simultaneamente pelas populações dóricas e jônicas, nomearam as
primeiras ordens e uma terceira — a coríntia — que posteriormente passou também a ser
usada nas edificações. As ordens estipularam como as peças que compõem as construções
deveriam ser e se evidenciavam, principalmente, pela aparência de suas colunas e seus
entablamentos (figura 2).
 
Fonte: Christos Georghiou/ shutterstock.com
 Figura 2: As ordens gregas se configuravam, especialmente, nas colunas e no elemento
que por elas era sustentado, ou seja, o entablamento.
As colunas são os suportes verticais, compostos por três elementos: a base ou o ponto de
contato da coluna com o piso; o corpo, também chamado de fuste; e a parte superior,
denominada capitel, que conectava a coluna à estrutura de cobertura. 
O entablamento se refere ao elemento horizontal que é sustentado pelas colunas. Ele possui
partes estruturais e decorativas divididas em três camadas: a inferior (arquitrave); a
intermediária (friso) e a camada superior (cornija). No Parthenon, templo ateniense dedicado à
deusa Atena, a ordem utilizada é a dórica (figura 3).
 
Fonte: Sdvramos / shutterstock.com
 Figura 3: Detalhe construtivo do Parthenon que mostra fustes, capitéis e entablamento da
ordem dórica. Localiza-se na cidade de Atenas, Grécia.
A proeminência da cultura grega se manteve até o início da ocupação de seus territórios pelo
Império Romano, ocorrida a partir do terceiro século a.C. As trocas culturais entre
conquistadores e conquistados influenciaram fortemente o desenvolvimento da arquitetura
clássica romana, que adotou quase que totalmente os princípios criativos gregos e os
aprimorou com a incorporação de novas tecnologias. 
Entre inúmeras evoluções técnicas, os romanos criaram mais duas ordens: a compósita (figura
4) e a toscana (figura 5), além de introduzir em seus edifícios novas alternativas construtivas,
tais como o arco e a abóbada.
 
Fonte: Livioandronico2013 / Wikipedia.com
FIGURA 4:
Capitel compósito, Museu de Taranto, Itália.

 
Fonte: Andrea Palladio, 1570 / Wikipedia.com
FIGURA 5:
Ordem toscana. Ilustração pertencente à publicação Os Quatro Livros da Arquitetura, do
arquiteto quinhentista Andrea Palladio
Um dos aprimoramentos técnicos mais relevantes desenvolvidos pelos construtores romanos
foi a descoberta do concreto, composto de pedaços de pedra e tijolo cerâmico como agregados
e cal, cinza vulcânica e água como argamassa. 
O Coliseu de Roma (figura 6) foi construído entre os anos 72 e 80 d.C. e apresenta, em sua
fachada, fileiras de colunas dóricas, jônicas e coríntias. Sua construção é testemunha da alta
tecnologia desenvolvida pela arquitetura de então, da força e da preponderância do poder
romano, que podem ser percebidas até hoje, quando nos depararmos com suas ruínas,
presentes na Via Sacra, em Roma. 
Este pequeno fragmento descreve alguns detalhes do edifício:
PEDIU-SE AOS PROJETISTAS DA CONSTRUÇÃO QUE
ACOMODASSEM 50.000 ESPECTADORES, COM
ESPAÇO ACIMA E ABAIXO DO SOLO PARA TODAS AS
MODALIDADES DE JOGOS, DISPUTAS E QUAISQUER
OUTROS EVENTOS. O RESULTADO FOI UMA
REALIZAÇÃO DE ENGENHARIA QUE SÓ SE TORNOU
POSSÍVEL PELO USO DO CONCRETO. A
CONSTRUÇÃO TOTAL FOI UMA COLMEIA DE
PAREDES SÓLIDAS COM ABÓBADAS, CONTENDO
CÉLULAS E PEQUENAS CÂMARAS, SUSTENTANDO
FILEIRAS DE ASSENTOS, A ARENA E OS VÁRIOS
CORREDORES DE COMUNICAÇÃO. CONSTATOU-SE
QUE O CONCRETO USADO NA CONSTRUÇÃO
VARIAVA, GERANDO MENOS PESO ONDE FOSSE
EXIGIDO. DA MESMA FORMA, USARAM-SE TIJOLOS E
TUFAS PARA SUPORTAR PAREDES E PEDRAS
POLIDAS PARA AS ABÓBADAS. A FACE EXTERNA
DAS PAREDES ERA REVESTIDA COM BLOCOS DE
TRAVERTINO PRESOS COM GANCHOS DE METAL [...]
MANSELL, 1980
 
Fonte: levy / shutterstock.com
 Figura 6: Ruínas do Coliseu de Roma.
Roma foi o centro do mundo entre os últimos séculos antes e os primeiros depois de Cristo.
Um dos motivos de sua decadência deveu-se à ascensão do Cristianismo, proclamado como
religião oficial no ano de 326 pelo imperador Constantino. As ideias sociais e culturais que,
como vimos, podem ser identificadas na arquitetura, passaram a ser expressas nas
construções que caracterizaram as igrejas cristãs primitivas e, posteriormente, por meio da
exuberância das formas góticas, na Idade Média.
IDADE MÉDIA
O início da transição da forma arquitetônica da antiguidade clássica para a da Idade Média
pode ser exemplificado pela mudança dos usos que ocorreram nos antigos edifícios públicos
romanos que acolhiam atividades de comércio e socialização, denominados basílicas. Essas
edificações foram adaptadas pelas primeiras comunidades cristãs para serem utilizadas como
espaços sagrados.
 ATENÇÃO
As plantas das antigas basílicas mantiveram seu grande espaço de formato retangular, dividido
por colunas, em três setores — ou naves — longitudinais, e ali passaram a ocorrer com
bastante êxito as novas práticas religiosas.
Posteriormente, uma nova arquitetura, chamada românica, foi desenvolvida com o intuito de
abrigar os ritos cristãos, ocorrendo a partir do século XI. Sua mais enfática característica formal
é a incorporação à planta das igrejas basilicais as ideias espaciais absorvidas em função das
trocas culturais entre a Europa Ocidental e a Europa Oriental, especificamente em relação aos
templos bizantinos, de planta quadrangular.
AS PLANTAS ROMÂNICAS CONFIGURARAM-SE,
ENTÃO, COMO UMA CRUZ LATINA, ONDE A NAVE
PRINCIPAL OCUPA A LINHA LONGITUDINAL E OS
BRAÇOS MENORES DETERMINARAM ESPAÇOS
TRANSVERSAIS DESIGNADOS TRANSEPTOS. SUA
INTERSEÇÃO, CHAMADA DE CRUZEIRO, SERVIA DE
VESTÍBULO A UM OUTRO ESPAÇO, NO FINAL DA
NAVE, CHAMADO DE ABSIDE.
Além dessa atitude projetual, essencial aos edifícios românicos, estes desenvolveram
importante processo de experimentação construtiva ao substituírem os antigos telhados de
duas águas por cúpulas, abóbadas e arcos, utilizando processos formais já experimentados
anteriormente por romanos, bizantinos e persas. Tais iniciativas serão profusamente
exploradas e desembocarão nas ações que levarão os construtores a elaborar as
esplendorosas estruturas da arquitetura gótica.
 COMENTÁRIO
A arquitetura gótica comprova que a Idade Média não é, como algumas pessoas pensam, uma
época de obscurantismo intelectual.
A cultura medieval, por meio milênio, permitiu que equipes de carpinteiros, pedreiros,
vidraceiros, ferreiros, escultores e outras modalidades profissionais desenvolvessem métodos
construtivos que permitiram o surgimento de edifícios com estruturas e espacialidades
extremamente sofisticadas. Os interiores das catedrais góticas eram bastante amplos e os
experimentos construtivos possibilitaram espaços com pés-direitos altíssimos, delimitados por
superfícies verticais rendilhadas, ornadas por requintados vitrais.
 
Fonte: akegooseberry / shutterstock.com
 Figura 7: Interior da Catedral de Milão, construída a partir do século XIV.
As materializações condicionadas pela arquitetura gótica são consequências de
experimentações técnico-construtivas empíricas, iniciadas ainda no período românico, em que
as melhores soluções eram escolhidas em processos de tentativa e erro. A sociedade da Idade
Média buscou elaborar edifícios visualmente deslumbrantes, onde a fenestração sobrepujava
os planos opacos e sua leveza tátil e visual era experimentada pelos fiéis, em seu caminho ao
encontro de Deus.
FENESTRAÇÃO
Ato de abrir buracos para acoplagem de janelas em edifícios.
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Para que a arquitetura gótica pudesse reluzir, edifícios ruíram centenas de vezes durante as
obras e recursos construtivos, tais como arcos ogivais em pedra e abóbadas de arestas
conjugaram-se a reforços estruturais indispensáveis à estética gótica, assim como os
contrafortes e os apoios sobrepostos a eles, os arcobotantes. Um dos mais importantes
exemplos da arquitetura gótica é a catedral de Notre-Dame de Paris, construída entre os
séculos XII e XIV (figura 8).
 
Fonte: Gurgen Bakhshetyan / shutterstock.com
 Figura 8: Catedral de Notre-Dame, Paris.
RENASCIMENTO
O Renascimento ocorreu na Europa a partir do século XIV, durante a Idade Média. Novas
compreensões sobre a existência humana, com base em pensamentos e visões de mundo
distanciadas de preceitos religiosos, influenciaram substancialmente toda a produção científica
e artística ocorrida naquele momento, além de determinarem uma nova visão sobre os
conhecimentos produzidospelas sociedades antigas grega e romana. 
Valorizou-se o saber crítico voltado para um maior conhecimento do homem e uma cultura
capaz de desenvolver as potencialidades da condição humana foi construída. Grupos sociais
que outrora submetiam-se às normas do feudalismo passaram a desenvolver atividades
econômicas baseadas no comércio, possibilitando o incremento de investimentos voltados para
as ciências, artes e arquitetura.
A CIÊNCIA ARQUITETÔNICA TOMOU CORPO A
PARTIR DO RENASCIMENTO QUANDO O TEXTO DE
ARCHITECTURA LIBRI DECEM, DO ARQUITETO
ROMANO MARCUS VITRUVIUS POLLIO (81 A.C. – 15
A.C.) FOI REDESCOBERTO PELOS ESTUDIOSOS DA
CONSTRUÇÃO. TAIS ESTUDOS RETOMARAM ALGUNS
DOS PRINCIPAIS IDEAIS DO PERÍODO DA
ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA COM BASE,
ESPECIALMENTE, NO TRINÔMIO TEÓRICO
VITRUVIANO: UTILITAS, FIRMITAS, VENUSTAS, QUE
ENFATIZAVA QUE O EDIFÍCIO, PARA SER
CONSIDERADO COMO PLENO EM SUA ARQUITETURA
DEVERIA ABRIGAR USOS COMPATÍVEIS COM SUAS
FUNÇÕES, SER TECNICAMENTE BEM ERIGIDO E
COMUNICAR-SE POR MEIO DE SUA PLÁSTICA.
Leon Battista Alberti (1404–1472), arquiteto e teórico, era leitor atento de Vitruvius e
acrescentou à teoria clássica que a razão primordial da arquitetura é dar ao homem condições
plenas para o enfrentamento da vida. Em sua obra De re aedificatoria (século XV), o tratadista
enfatiza o bene beateque vivendum, ou seja, que a arquitetura não tem fim em si mesma, mas
na capacidade de atender ao homem em suas necessidades cotidianas.
A visão que conciliava os três atributos da arquitetura no fundamento do novo pensamento
renascentista, no entanto, conviveria com outra vertente do fazer arquitetônico anterior oriundo
da tradição medieval.
 COMENTÁRIO
Ao mesmo tempo em que a teoria se estabelecia ao trazer a filosofia clássica vitruviana a
coexistência desta com a exuberância formal do Gótico, embora já em fase de declínio, poria
em discussão a preponderância do aspecto exterior dos objetos construídos — no caso
venustas — sobre os demais.
Tal contradição levaria Alberti a justificar essa e todas as outras respostas formais como uma
consequência e não como a razão principal da arquitetura, pois ela encontrou sua origem na
necessidade e desenvolveu-se em função da praticidade. A beleza pura e simples da forma
construída se limitaria somente ao nível do deleite superficial, autônomo e independente da
totalidade da arquitetura e, por isso, seria ineficaz no que diz respeito à sua ética. 
Com base na teoria construtiva que então se consolidava a prática do projeto e da construção,
revelou nomes como Filippo Brunelleschi (1377-1446), Andrea Palladio (1508-1580), Donato
Bramante (1444-1514) e Michelangelo Buonarroti (1475-1564), que além de se destacarem
como escultores, pintores, geômetras e matemáticos, obtiveram reconhecimento como autores
de obras arquitetônicas. Os edifícios, que até o fim da Idade Média eram construídos por
grupos de artesãos, agora eram feitos por arquitetos, financiados por ricos mecenas e,
especialmente, pelo poderio econômico, social e cultural da Igreja Católica Apostólica Romana.
MECENAS
Os mecenas eram burgueses ricos da época do Renascimento que patrocinavam o
trabalho de artistas e escritores em busca de glória e prestígio.
Fonte: Wikibooks
A arquitetura do Renascimento não possibilitou o desenvolvimento de processos construtivos
inéditos, mas enfatizou, por meio da genialidade de seus autores, experimentações plásticas
revolucionárias.
 EXEMPLO
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Temos dois exercícios construtivos importantes: um do início do movimento, século XV, e outro
— já na transição para o período barroco — do século XVI. São obras arquitetônicas lapidares
de dois dos principais arquitetos renascentistas: a cúpula da igreja de Santa Maria del Fiore,
em Florença (Figura 9); e a cúpula da basílica de São Pedro no Vaticano, de Michelangelo
(Figura 10).
 
Fonte: Faber1893. / Shutterstock.com
FIGURA 9:
Igreja de Santa Maria del Fiore, de Brunelleschi, em Florença.

 
Fonte: Camila MB Fotografia. / Shutterstock.com
FIGURA 10:
Basílica de São Pedro, de Bramante e sua cúpula, de Michelangelo.
O BARROCO E A MODERNIDADE
A palavra “barroco”, segundo sua etimologia, provém da denominação latina dada a uma
pérola de formato irregular. A complexidade formal do elemento originário do termo inspirou os
teóricos a referenciarem as artes que vieram em seguida ao Renascimento, pois espaços e
plásticas extremamente elaborados e perturbadores configuraram a arquitetura do período. 
A linha do tempo da história da arquitetura posiciona o estilo Barroco entre os séculos XVI e
XVIII — inclusive adentrando no século XIX — como um movimento de oposição a dois estilos
que retomaram preceitos formais da antiguidade clássica: o antecessor, Renascimento; e o
posterior, Neoclassicismo.
APESAR DA EXUBERÂNCIA DE SUAS
CONSTRUÇÕES, O BARROCO TAMBÉM É
CONSIDERADO POR MUITOS CRÍTICOS DA
ARQUITETURA COMO UMA DETURPAÇÃO
ESTILÍSTICA.
O século XVI foi profundamente marcado pela ruptura social provocada pela Reforma
Protestante. Por conta deste movimento cultural e religioso, a Igreja Católica condenou, no
Concílio de Trento, a arte pagã renascentista e estabeleceu instruções voltadas a ações da
Contrarreforma, em oposição e combate à rebeldia de Martinho Lutero.
CONCÍLIO DE TRENTO
O Concílio de Trento, realizado de 13 de dezembro de 1545 a 4 de dezembro de 1563, foi
convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica,
no contexto da Reforma da Igreja Católica e da reação à divisão então vivida na Europa
devido à Reforma Protestante.
MARTINHO LUTERO
Martinho Lutero (1483-1546), foi um monge agostiniano e professor de teologia
germânico que tornou-se uma das figuras centrais da Reforma Protestante. Ele
contestava a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das
indulgências. Lutero propôs, com base em sua interpretação das Sagradas Escrituras,
que a salvação não poderia ser alcançada pelas boas obras ou por quaisquer méritos
humanos, mas tão somente pela fé em Cristo Jesus.
Além de localizar-se entre dois estilos caracterizados pela precisão, a expressão barroca
consolidou-se como um vocabulário firmado na conjugação de elementos artísticos e
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arquitetônicos que mesclavam formas que expressavam colisões substantivas entre espaço,
massa, tempo e movimento.
A SEGURANÇA E O COMEDIMENTO DO
RENASCIMENTO, PORTANTO, DERAM LUGAR A
ESTRUTURAS CENOGRÁFICAS, IRREGULARES E
DISFORMES, QUE EXPRESSAVAM AS INCERTEZAS
DAS RELAÇÕES ENTRE A NATUREZA HUMANA E A
NATUREZA DIVINA.
O Renascimento ocorreu simultaneamente aos movimentos expansionistas dos navegadores
portugueses e espanhóis, mas o estilo que caracterizará o período da colonização brasileira
será o Barroco, especialmente em núcleos urbanos referenciais, tais como o Rio de Janeiro
(figura 11), Minas Gerais (figura 12) e Bahia.
 
Fonte: Bernard Barroso / Shutterstock.com
FIGURA 11:
Interior da Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, no Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro.

 
Fonte: Gabriel Borghi / Shutterstock.com
FIGURA 12:
Fachada da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, Minas Gerais.
Apesar de termos, no Brasil e na Europa, admiráveis exemplos da arquitetura religiosa barroca,
o movimento amplificou-se em sua abrangência, especialmente na França, durante os séculos
XVII e XVIII, sob o reinado de Luís XIV. O Barroco determinou edificações não religiosas
inteiramente projetadas sob a égide da opulência, tais como o palácio de Versalhes (Figura 13),
símbolo máximo da monarquia absoluta francesa.
 
Fonte: younes_bkl / shutterstock.com
 Figura 13: Palácio de Versalhes, em Paris, França.
No século XVII, ainda durante o período barroco, a sociedade ocidental viveu substancial
renovação científica que, em função de profundas mudanças de visões de mundo e filosofias,
levou a História a inaugurar uma nova era denominada “modernidade”. A sociedademoderna
mudou a sua forma de expressão, pois a subjetividade religiosa deu lugar ao pragmatismo
científico e a novos exercícios culturais, artísticos e arquitetônicos. Consolidou-se a crença na
racionalidade emancipadora e na instrumentalização da técnica para domínio da natureza.
O INCOMENSURÁVEL UNIVERSO DA CIÊNCIA
MODERNA PERMITIU QUE A ARQUITETURA, A ARTE,
A CIÊNCIA, A RELIGIÃO E A POLÍTICA SE
DESENVOLVESSEM EM CAMPOS DISTINTOS E
INDEPENDENTES.
A ARQUITETURA NEOCLÁSSICA E
ARQUITETURA ECLÉTICA
O neoclassicismo é um estilo de raiz classicizante, posicionado cronologicamente logo após o
movimento barroco, ou seja, na virada do século XIX. A busca por um estilo menos profuso e a
ânsia por espaços mais regrados estimularam artistas e arquitetos a redescobrirem
ordenamentos clássicos de construção e composição, como também a explorarem conceitos
projetuais calcados em regras tipológicas e ao ideário clássico.
 SAIBA MAIS
O desenvolvimento das ciências arqueológicas permitiu que escavações ocorressem nos
antigos territórios gregos e romanos, proporcionando estudos mais esmerados sobre a
antiguidade clássica.
Em arquitetura, os projetos passaram a ser modelados por classificações referenciais aos
edifícios clássicos, com desenhos sucintos, baseados em normas matemáticas e geométricas,
tais como a trigonometria e a simetria. 
Durante o período neoclássico, novas vertentes estilísticas germinaram, originando uma
linguagem mais livre, baseada em repetições estilísticas, que buscaram informações plásticas
e planos em outros momentos e fontes históricas, tais como a arquitetura gótica, a
renascentista, a oriental, a egípcia e a moura.
 VOCÊ SABIA
Este estilo perdurou até a virada do século XIX e foi denominado Ecletismo.
O estilo eclético se estabeleceu como prática à cópia de elementos compositivos pertencentes
a estilos passados, independentemente de critérios puristas. Desse modo, reproduções de
colunas gregas eram aceitas em conjunto com cúpulas de linguagem barroca, vitrais
neogóticos e esculturas de gosto oriental.
 COMENTÁRIO
A arquitetura eclética se instituiu a partir da necessidade burguesa em aliar novas tecnologias
de instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias a edifícios que remetiam às arquiteturas
históricas.
A arquitetura de grandes estabelecimentos comerciais, bancos, hotéis, teatros (figura 14) e
mansões deram primazia ao conforto, camuflando técnicas construtivas em expansão — como
as estruturas metálicas — com elementos de forte apelo visual e decorativo. O período se
caracteriza também por ser simultâneo à expansão da industrialização, o que proporcionou a
fabricação em larga escala de elementos arquitetônicos, tais como escadas e balaustradas
metálicas, sistemas de escoamento de águas pluviais e claraboias pré-fabricadas.
 SAIBA MAIS
Estas e outras peças eram apresentadas aos consumidores por meio de catálogos e outros
materiais gráficos de divulgação para serem adquiridos e utilizados nas construções.
O ecletismo produziu uma arquitetura livre, caracterizada por profusa mistura de desenhos e
composições despreocupadas e isentas de autonomia, sendo compreendido como um
movimento displicente, repetidor de modelos e incentivador de modas que eram valorizadas e
enaltecidas pela sociedade da virada do século XX.
 
Fonte: Fvolu / shutterstock.com
 Figura 14: Detalhe da cobertura do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AO ANALISARMOS A ARQUITETURA CLÁSSICA, CONSTATAMOS QUE
O DESENVOLVIMENTO DAS FORMAS GREGAS ORIGINOU TRÊS
DIRETRIZES CONSTRUTIVAS, COM CARACTERÍSTICAS PLÁSTICAS
ESPECÍFICAS, QUE DETERMINARAM SEUS DESENHOS E
PROPORÇÕES. TAIS DIRETRIZES SÃO DENOMINADAS ORDENS
ARQUITETÔNICAS. SOBRE AS ORDENS DA ARQUITETURA CLÁSSICA
GREGA ASSINALE AQUELA QUE AS NOMEIA CORRETAMENTE.
A) Coríntia; Compósita; Jônica.
B) Dórica; Coríntia; Toscana.
C) Dórica; Jônica; Coríntia.
D) Coríntia; Toscana; Compósita.
E) Jônica; Dórica; Compósita.
2. A ARQUITETURA ROMÂNICA, CARACTERÍSTICA DO SÉCULO XI, FOI
DESENVOLVIDA COM O INTUITO DE ABRIGAR OS RITOS CRISTÃOS, EM
PLENA EXPANSÃO POR TODA A EUROPA, MESCLANDO
CARACTERÍSTICAS ESPACIAIS DA ARQUITETURA BIZANTINA AOS
EDIFÍCIOS BASILICAIS ROMANOS. ASSINALE, ENTRE AS
ALTERNATIVAS A SEGUIR, AQUELA QUE DESCREVE CORRETAMENTE O
PRINCIPAL RECURSO ESPACIAL QUE CARACTERIZA A ARQUITETURA
ROMÂNICA.
A) Os construtores dos edifícios românicos se inspiraram na planta quadrangular bizantina e
desenvolveram como solução espacial o edifício em formato de cruz latina.
B) A arquitetura românica adotou como elemento construtivo reforços laterais às paredes
externas dos edifícios, chamados de contrafortes, muito utilizados pelos construtores
bizantinos.
C) Os construtores românicos adicionaram aos edifícios, a partir do século XI, as abóbadas de
berço, seguindo as soluções construtivas das populações bizantinas.
D) Os construtores bizantinos trouxeram à Europa Central técnicas revolucionárias de
confecção de vitrais coloridos.
E) Os arquitetos românicos e os construtores bizantinos fundaram novos grupos de artesãos
para o desenvolvimento da planta quadrangular, caracterizada principalmente pelo uso da
modulação estrutural ortogonal.
GABARITO
1. Ao analisarmos a arquitetura clássica, constatamos que o desenvolvimento das
formas gregas originou três diretrizes construtivas, com características plásticas
específicas, que determinaram seus desenhos e proporções. Tais diretrizes são
denominadas ordens arquitetônicas. Sobre as ordens da arquitetura clássica grega
assinale aquela que as nomeia corretamente.
A alternativa "C " está correta.
 
As três ordens clássicas da arquitetura grega são: dórica, jônica e coríntia.
2. A arquitetura românica, característica do século XI, foi desenvolvida com o intuito de
abrigar os ritos cristãos, em plena expansão por toda a Europa, mesclando
características espaciais da arquitetura bizantina aos edifícios basilicais romanos.
Assinale, entre as alternativas a seguir, aquela que descreve corretamente o principal
recurso espacial que caracteriza a arquitetura românica.
A alternativa "A " está correta.
 
A arquitetura românica incorporou à planta das basílicas romanas a espacialidade
caracterizada pela planta quadrangular bizantina, desenvolvendo, então, a planta em formato
de cruz latina.
MÓDULO 3
 Relacionar as produções arquitetônicas do movimento moderno aos seus reflexos na
contemporaneidade
PRODUÇÕES ARQUITETÔNICAS QUE
OCORRERAM A PARTIR DO MOVIMENTO
MODERNO E SEUS REFLEXOS
OBSERVADOS NA CONTEMPORANEIDADE
PRODUÇÕES ARQUITETÔNICAS QUE
OCORRERAM A PARTIR DO MOVIMENTO
MODERNO E SEUS REFLEXOS OBSERVADOS
NA CONTEMPORANEIDADE
RESSONÂNCIAS NA
CONTEMPORANEIDADE: O CONTRAPONTO
DA ARQUITETURA MODERNA
RESSONÂNCIAS NA CONTEMPORANEIDADE: O
CONTRAPONTO DA ARQUITETURA MODERNA
A retomada de padrões históricos da antiguidade clássica marcou as décadas posteriores ao
movimento barroco e, por conta disso, foi denominado Neoclassicismo. Esta nova linguagem
arquitetônica, juntamente ao estilo que o seguiu, conhecido como Ecletismo, marcaram a
transição da arquitetura que era praticada entre o final do século XIX e as primeiras décadas
do século XX. 
Os arquitetos desse período trabalhavam os projetos de modo a modelar as edificações
baseadas em dois princípios:
Modelos eficientes
O uso de modelos eficientes, chamados de “tipos”, como estruturas espaciais que deveriam ser
seguidas de acordo com a função e o tema do edifício.

Ornatos
O uso de ornatos, que reproduziam, com base em geometrizações e cópias, desenhos
estilísticos históricos.
Paralelamente, grupos de vanguarda ligados à arquitetura, artes plásticas, música, poesia,
teatro e literatura buscavam novas referências para suas criações, enquanto a sociedade se
defrontava com inovações tecnológicas revolucionárias, tais como a engenharia elétrica, os
antibióticos, o telefone e o avião.
 VOCÊ SABIA
A arquitetura moderna nasceu como contraponto à arquiteturatradicional eclética que, como
vimos, repetia padrões.
Os teóricos e arquitetos do modernismo trouxeram à arquitetura, como principal característica,
a atitude de criar edifícios que tivessem como prerrogativa desconsiderar o passado como
referência. A arquitetura moderna, então, passou a ter como inspiração e meta somente o que
era novo e inédito. As ideias de espaço nasceriam como indicações inovadoras e não
referentes e, especialmente, os edifícios deveriam se desvencilhar do elemento decorativo,
pois este, como diz o nome, passou a ser entendido como supérfluo, ineficaz e dispensável. 
A virada do século XIX não apresentou substanciais comprometimentos com a autonomia
criativa, mas serviu como período de reflexão para artistas e arquitetos sobre a produção
intelectual de uma época em que incontáveis avanços políticos, econômicos, sociais e
tecnológicos tomaram corpo. As contradições das primeiras décadas do século XX permitiram
o florescimento de profundos questionamentos em relação à arquitetura e conduziram
arquitetos a buscar, por meio de seus estudos e edifícios, uma linguagem plástica que aliasse
inovações tecnológicas à liberdade formal.
 SAIBA MAIS
Na era modernista, as edificações puderam se livrar de todo e qualquer parâmetro referencial
histórico, consolidando o que posteriormente veio a ser chamado de Estilo Internacional.
Na primeira década do século XX, foi fundada, na Alemanha, a Bauhaus pelo arquiteto Walter
Gropius, que seria a primeira escola de ensino apta a conjugar ensinamentos estruturais das
artes, da arquitetura e do design.
WALTER GROPIUS
Walter Gropius (1883-1969) foi um arquiteto alemão considerado um dos principais
nomes da arquitetura do século XX, tendo sido fundador da Bauhaus, escola que foi um
marco no design, arquitetura e arte moderna e diretor do curso de arquitetura da
Universidade de Harvard.
 COMENTÁRIO
A Bauhaus tinha como propósito primordial formar profissionais cujo aprendizado era
conduzido por pesquisas e experimentos sobre os fundamentos da forma, com base em suas
estruturas geométricas, compositivas, visuais e comunicativas.
A escola, então, assumiu como paradigmas as leis da psicologia da forma — ou gestalt —
como princípio didático. Simultaneamente investigava as influências que a produção em escala
industrial, então em plena expansão, exercia sobre as criações arquitetônicas. Fundava-se
naquele momento o embrião de toda a filosofia de trabalho e de pensamento da arquitetura
moderna.
O abstracionismo das artes plásticas também chegou aos ateliês de arquitetura. A expressão
por meio de informações alheias ao veículo, tais como as cores dos quadros impressionistas,
passou a ser adotada como prática projetual, juntamente à exploração formal da multiplicidade
de planos de observação, que eram utilizados e reproduzidos nas obras dos pintores cubistas.
 SAIBA MAIS
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Em 1928, na Suíça, os principais representantes do pensamento moderno, constituíram uma
organização denominada CIAM — Congresso Internacional de Arquitetura Moderna — e a
partir de então, em uma série de eventos que reuniam arquitetos modernos de vários países,
as bases conceituais do modernismo, em arquitetura, foram estabelecidas.
No mesmo período, um dos principais pensadores do modernismo, o arquiteto Le Corbusier
utilizou em uma residência localizada em Poissy, norte da França, algumas prerrogativas a
serem incorporadas nos projetos modernos e que são consideradas como os cinco princípios
construtivos da arquitetura moderna:
LE CORBUSIER
Le Corbusier (1887-1965), foi um arquiteto, urbanista, escultor e pintor de origem suíça e
naturalizado francês em 1930. Ele é considerado um dos maiores arquitetos do século
XX.
1
Pilotis, como o pavimento caracterizado por conter uma colunata cuja função é sustentar e
descolar o edifício do nível do terreno.
2
Planta livre, que desenha os compartimentos, nos pavimentos, com independência em relação
à malha estrutural.
3
Fachadas livres, que também, com independência da estrutura, configuram as faces verticais
externas dos edifícios.
4
Janelas em fita, que rasgam as fachadas em planos contínuos.
5
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Terraço-jardim, que dá uso às lajes de cobertura, agora impermeabilizadas e independentes de
telhados.
 
Fonte: Wikipedia.com
 Figura 1: Ville Savoye, 1928. Autor: Le Corbusier.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Figura 2: Fallingwater House, 1935. Autor: Frank Lloyd Wright.
 
Fonte: Wikipedia.com
 Figura 3: Farnsworth House, 1945. Autor: Ludwig Mies van der Rohe.
A Ville Savoye, a Fallingwater House (figura 2), na Pensilvânia, projetada em 1935 pelo
arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright (1967-1959) e a Farnsworth House (figura 3), no
Illinois, de 1945, projetada pelo alemão Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969), formam uma
significativa e seminal tríade moderna da arquitetura, além de representarem, com maestria e
respectivamente, a cartilha moderna:
Regionalismo arquitetônico
Considera os materiais regionais como elementos fundamentais para a expressividade
arquitetônica.

Menos é mais
A frase 'less is more' ('menos é mais'), lapidar sentença de Mies van der Rohe, resume o
conceito do modernismo no sentido de produzir edifícios que não necessitam de elementos
decorativos supérfluos para serem arquitetura.
O modernismo frutificou e expandiu-se a partir das primeiras décadas do século XX,
estabeleceu novos conceitos e direcionou as decisões das novas gerações de arquitetos e
urbanistas. A arquitetura brasileira, especialmente, ganhou notoriedade mundial por conta do
talento dos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, ao materializarem no projeto urbano e
nos edifícios de Brasília todo o ideário modernista criado e desenvolvido sob os
encaminhamentos dos CIAMs. Assim sendo, a nova capital federal apresentou soluções
projetuais que proporcionaram setorizações funcionais, profusamente ajardinada por Roberto
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Burle Marx e composta por edifícios que se tornaram ícones modernistas, como o Palácio da
Alvorada (figura 4) e a Catedral de Brasília (figura 5).
LÚCIO COSTA
Lúcio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima Costa (1902-1998) foi um famoso arquiteto,
urbanista e professor brasileiro nascido na França. Pioneiro da arquitetura modernista no
Brasil, ficou conhecido mundialmente pelo projeto do Plano Piloto de Brasília.
OSCAR NIEMEYER
Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (1907-2012) foi um arquiteto brasileiro,
considerado uma das figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna.
Niemeyer foi mais conhecido por arquitetar Brasília, porém também teve sua colaboração
no grupo de arquitetos indicados pelos Estados-membros da ONU que projetaram a sede
das Nações Unidas em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
ROBERTO BURLE MARX
Roberto Burle Marx (1909-1994) foi um artista plástico brasileiro, renomado
internacionalmente ao exercer a profissão de paisagista. Além de pintor, desenhista,
designer, escultor e cantor, ele é o responsável por ter introduzido o paisagismo
modernista no Brasil.
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Fonte: Diego Grandi / shutterstock.com
 Figura 4: Palácio da Alvorada, 1958. Autor: Oscar Niemeyer.
 
Fonte: 061 Filmes / shutterstock.com
 Figura 5: Catedral de Brasília, 1958. Autor: Oscar Niemeyer.
A arquitetura moderna nasceu nas primeiras décadas do século XX e entrou em decadência a
partir da década de 1960, quando teóricos, arquitetos e urbanistas passaram a apresentar
inúmeras críticas àquelas soluções, especialmente em relação à qualidade dos usos
proporcionados pelos espaços urbanos e edifícios projetados.
 COMENTÁRIO
A forma arquitetônica, por si só, não conseguia responder aos anseios específicos dos
usuários e muitas vezes, por desconsiderá-los, denotaram espaços desumanos e inóspitos,
tendendo ao vandalismo e ao abandono.
A partir da década de 1970 novas concepções de arquitetura retomaram conceitos
abandonadospelos modernistas, especialmente aqueles que valorizavam a espacialidade e a
vida cotidiana das cidades tradicionais, bem como a expressão intrínseca aos elementos
ornamentais que haviam sido rechaçados pelos arquitetos modernistas. Iniciou-se, então, um
período prolífico em experimentações formais, designado pós-modernismo.
ARQUÉTIPOS E FANTASIA COMO
SUPORTE PARA A ARQUITETURA
A partir da metade do século XX, os parâmetros arquitetônicos e urbanísticos que enalteciam a
condição, sempre buscada, de se criar formas inovadoras e inéditas passaram a ser
contestados pela intelectualidade crítica.
COM ORIGEM EM CONCEPÇÕES COMPOSITIVAS DE
BASE ANTROPOLÓGICA E ESTÉTICA TRADICIONAIS,
A ARQUITETURA PÓS-MODERNA TROUXE DE VOLTA
O IDEÁRIO DA CRIAÇÃO QUE SEGUIA PRECEITOS
HISTÓRICOS PARA A ELABORAÇÃO DE EDIFÍCIOS E
AMBIENTES URBANOS.
Desse modo, elementos notáveis das soluções clássicas e referenciais estilísticos
conservadores forneceram exemplares arquitetônicos de lembrança tradicionalista,
frequentemente irônicos e muitas vezes exagerados (figura 6).
 
Fonte: Wikipedia.com
 Figura 6: Portland Municipal Services Bulding, 1982. Autor: Michael Graves.
Um dos principais ideólogos das transformações teóricas e conceituais da arquitetura que veio
após o período moderno foi o arquiteto e crítico de arquitetura italiano Aldo Rossi (1931-1997).
A teoria de projeto de Rossi, representada principalmente pela sua obra literária de 1966, A
arquitetura da cidade, considerada obra seminal sobre a teoria do urbanismo. Nela, o autor
argumenta que:
OS ARQUITETOS DEVERIAM SER SENSÍVEIS AO
CONTEXTO CULTURAL E URBANO, UTILIZANDO O
DESENHO HISTÓRICO PRECEDENTE AO INVÉS DE
TENTAR REINVENTAR TIPOLOGIAS.
(GALLOWAY, 2020)
 
Fonte: Philip Johnson / Wikipedia.com
 Figura 7: Sony Building (antigo AT&T Building), 1984.
Os arquitetos do período pós-moderno se esforçaram em recuperar a qualidade urbana que
havia sido menosprezada pelos modernistas e a arquitetura, especialmente por meio da
utilização de releituras formais de elementos compositivos, que renovou o interesse pelo
decorativismo e pela fantasia, como itens a serem considerados importantes adereços aptos a
reforçar o simbolismo e as rememorações necessárias para a humanização dos espaços
(figura7).
Desde a década de 1970, a arquitetura tem seguido tendências de caráter mais universais e
menos referentes aos limites culturais dos lugares onde é produzida. Entre várias vertentes,
alguns movimentos importantes apresentaram-se como protagonistas na produção
arquitetônica contemporânea, entre eles, o desconstrutivismo. 
Tal movimento se consolidou por meio da conjunção de duas importantes visões sobre a
existência humana:
Desconstrução
Corrente filosófica e literária que reestrutura os modos tradicionais de pensamento.

Construtivismo
Movimento artístico e arquitetônico russo do início do século XX.
Grandes profissionais da arquitetura contemporânea (figura 8) obtiveram reconhecimento
global, em função de suas propostas espaciais. Entre os principais, podemos citar a iraquiana
Zaha Hadid (1950-2016), o inglês Norman Foster, o canadense Frank Gehry, o português
Álvaro Siza, o suíço Peter Zumthor e o brasileiro Paulo Mendes da Rocha.
 
Fonte: Wikipedia.com
 Figura 8: Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre/RS, 2003. Autor: Alvaro Siza.
Arquitetura, como vimos, é reflexo da sociedade. As transformações que ocorrem nos modos
de pensar e agir se aderem às decisões dos arquitetos quando projetam e propõem novos
espaços e edificações. O fazer arquitetônico, de acordo com o momento histórico em que
ocorre, produz objetos que se referem, em sua base, a grandes inovações de pensamento,
como é o caso da arquitetura moderna, ou se prende a soluções que historicamente já são
consagradas, isto é, quando os projetistas trabalham com arquétipos e os renovam em
soluções compatíveis com os conhecimentos do momento em que são propostas. 
As soluções arquitetônicas e urbanísticas estão sempre em busca de respostas plausíveis aos
problemas dados e de emoções e experiências que possam ser disponibilizadas aos usuários.
Assim, há momentos, na história, em que os arquétipos são relevantes e outros em que não
são.
 EXEMPLO
Enquanto a arquitetura moderna rechaçou a fantasia decorativa de seus edifícios, o movimento
cultural e intelectual que veio logo a seguir — o pós-modernismo — enalteceu a força simbólica
dos ornatos e os retomou para que os edifícios comunicassem conceitos e emoções,
especialmente por meio de sua aparência.
A arquitetura se configura e se expressa, portanto, por sua essência e sua aparência. Ora a
essência estrutural, formal e material é a própria expressão do edifício e ela se mostra
integralmente, ora o principal elemento de comunicação é a aparência. Ambas as situações
são válidas e ocorrem de tempos em tempos, geralmente com alternância de situações. Assim
foi com as dicotomias que podemos perceber entre o Renascimento — essência — e o Barroco
— aparência — ou entre o Barroco e o Neoclassicismo.
A TECNOLOGIA COMO PRESSUPOSTO
PROJETUAL: SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA
Arquitetos, quando projetam, produzem situações que “virão a ser”. Como o vocábulo
descreve, projetar significa antecipar algo que ainda não existe. Projetar é desenhar e propor
espaços e construções, baseados em informações reais — a respeito do que se tem de
conhecimento sobre os futuros usuários e de técnicas —, sistemas construtivos e materiais
disponíveis que possam responder aos problemas postos.
 RESUMINDO
Projetar é, fundamentalmente, um processo de idealizações, com base no mundo real.
Cada momento histórico apresenta aos seus arquitetos circunstâncias específicas a serem
vencidas, por isso a arquitetura adquire e adapta-se a linguagens diferentes para acontecer.
Tais circunstâncias estão profundamente atreladas à tecnologia disponível e a seu
conhecimento. O uso e o desenvolvimento dos contrafortes e arcobotantes (figura 9) durante a
era gótica, na Idade Média, representam o esforço investigativo das equipes de artesãos sobre
as características físicas da pedra e da geometria, no intuito de elevar o edifício religioso a
alturas cada vez mais dramáticas.
 
Fonte: znatalias / Shutterstock
 Figura 9: Sistema estrutural gótico, composto por contrafortes e arcobotantes.
Sant'Ambrogio di Torino, Turin, Italy.
As construções medievais são resultado de experimentações empíricas, ou seja, de seleção de
casos de sucesso por meio de tentativas e erros. 
A aparência formal do objeto é uma expressão — visual, auditiva, táctil etc. — de sua essência,
não a finalidade. Todas as respostas plásticas são, portanto, consequência, não a razão
principal da arquitetura. Os edifícios góticos louvam a Deus por meio dos ornatos, pedras,
vidros, luz e espaço, mas essencialmente seus enormes pés-direitos e suas estruturas
colossais assim o fazem como resultado da luta entre o empirismo e a gravidade terrestre. A
plástica nasce da essência. É intrínseca ao objeto.
AS DICOTOMIAS ENTRE OS VALORES DA APARÊNCIA
DO OBJETO ARQUITETÔNICO E SUA
MATERIALIDADE, QUE ATÉ OS LIMIARES DO SÉCULO
XV COMPUNHAM-SE EM UMA ÚNICA PREOCUPAÇÃO
CIENTÍFICA, SOFRERAM SIGNIFICATIVA RUPTURA NA
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVII.
Na década de 1670 fundou-se em Paris, França, a primeira academia de arquitetura,
consolidando o ensino generalista da atividade, embora inserido em um cenário intelectual de
contenda entre os ideais das belas artes, louvados pela arquitetura, e do pragmatismo
científico das engenharias. 
Somente à época do princípio da revolução industrial europeia foi instituída, também em Paris,
a Escola de Pontes e Estradas, com viés estritamente voltado para a cátedra da engenharia.
Meio século depois, ainda sob os efeitos da Revolução Francesa, a Academia de Arquitetura
teve suas portas fechadas pelo governo, enquanto eram fundadas a Escola Politécnica, a
Escola de Pontes e Caminhos e a Escola de Minas, todas em Paris; a Escola de Engenheirosem Mezière; a Escola de Aplicação de Artilharia e do Gênio Militar, em Metz; e a Escola do
Gênio Marítimo, em Brest. Fundamentais instituições cujos currículos eram eminentemente
marcados por convicções do Iluminismo. Entre outras as que equiparavam o ornamento, em
edifícios, a logro e hipocrisia construtiva.
 RESUMINDO
O mundo científico, a partir do século XVIII, incorporou a estática dos materiais como princípio
norteador das construções, embora a noção e a certeza de que a capacidade expressiva da
arquitetura jamais tinha sido desprezada. Assim sendo, a Arquitetura e a Engenharia passaram
a conviver simultaneamente como ciências da construção.
Voltando ao debate sobre a forma arquitetônica, é natural imaginar que tanto o arrebatamento
estrutural gótico quanto o funcionalismo modernista, tomados como exemplos de soluções
técnicas e plásticas, devem ser considerados como respostas formais a problemas postos pela
necessidade de se construir e se expressar por meio da arquitetura. A arquitetura, portanto,
situa-se entre os requisitos específicos dos usuários e sua forma, constituída de matéria e
imagem.
 RESUMINDO
A forma arquitetônica deve ser entendida como intrínseca à ideia do edifício e mostra sua
epifania por ser produto do pensamento e da imaginação do arquiteto.
A IDEIA EM ARQUITETURA RESIDE NO NASCEDOURO
DO PROJETO E PERMEIA TODO O PROCESSO DE
CONFIGURAÇÃO E MATERIALIZAÇÃO DO OBJETO
ARQUITETÔNICO, DESDE AS PRERROGATIVAS
PROGRAMÁTICAS MANIFESTADAS PELO
CONTRATANTE ATÉ O DETALHAMENTO EXECUTIVO.
A sociedade contemporânea apresenta desafios específicos, considerados pressupostos
projetuais, que refletem preocupações quanto às necessidades a serem respondidas por meio
das soluções arquitetônicas e urbanísticas e que configuram o trabalho do arquiteto do século
XXI. Podemos afirmar que a atividade do projeto e da construção, atualmente, tem
preocupações específicas em, pelo menos, quatro campos de conhecimento: a representação
gráfica; a parametrização; os materiais de construção e técnicas construtivas; e a
sustentabilidade.
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
A representação gráfica é, essencialmente, o modo de expressão primordial dos arquitetos e
urbanistas. As informações sobre os objetos projetados que antes eram transmitidas por meio
dos desenhos feitos à mão e dos modelos físicos reduzidos — ou maquetes — atualmente
ocorrem baseadas em programas de computadores que são atualizados periodicamente. 
Há softwares específicos de representação gráfica que estão aptos a reproduzir os desenhos
de acordo com os processos tradicionais, como o AutoCAD e Revit, que simulam integralmente
a construção e respondem a todas as questões construtivas que envolvem não somente as
soluções espaciais da arquitetura, mas também as prerrogativas dos projetos complementares,
tais como o sistema estrutural, as instalações prediais e os orçamentos. Além destes, há
programas específicos de modelagem e renderizações, que processam imagens e permitem
apreensões visuais dos objetos e espaços projetados como se fossem fotografias da realidade,
já materializada.
PARAMETRIZAÇÃO
A parametrização é atualmente utilizada como meio para se chegar a formas e espaços de
acordo com premissas que são informadas em programas de computador específicos que
solucionam, por meio de algoritmos, o problema registrado. O domínio das ferramentas de
parametrização é essencial para que se possa alcançar formatos considerados inatingíveis, em
se tratando do senso comum das idealizações em arquitetura. 
Os programas de parametrização fornecem dados geométricos, com base em coordenadas
que apontam a tridimensionalidade adequada às soluções espaciais pretendidas. É uma
enorme inovação em termos de atividade profissional de projeto e de imaginação, pois explora
parâmetros até então inexplorados pelos arquitetos e urbanistas.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO E TÉCNICAS
CONSTRUTIVAS
O conhecimento das técnicas construtivas e dos materiais de construção que se mostram
disponíveis, atualmente, são sempre essenciais para a realização da boa arquitetura. Ambos
refletem a evolução das civilizações, pois estão constantemente em busca de eficiência, custos
reduzidos e experimentações estéticas relevantes. 
Tanto as especificações de materiais de construção e acabamento quanto os métodos de
execução das construções são primordiais para que se possa obter projetos, edifícios e
cidades que respondam aos anseios das sociedades. Para que isso ocorra, o conhecimento
dos materiais e das técnicas construtivas existentes precisam ser minuciosamente investigados
a fim de que os projetos demonstrem, por meio de detalhamentos e especificações adequados,
o que e como se deve fazer para materializarmos as ideias concebidas. 
Fazer arquitetura depende profundamente do conhecimento e da prática das atividades
relacionadas à construção. Construir é, essencialmente, o objetivo final da arquitetura e do
urbanismo.
SUSTENTABILIDADE
O desenvolvimento das sociedades determinou que os serviços de atendimento às
necessidades humanas precisam estar em harmonia com a longevidade que se espera para a
presença humana na Terra. A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu dezessete
objetivos a serem alcançados para que tenhamos um planeta sustentável e adequado à
expansão das populações. A arquitetura contemporânea tem buscado, por meio de suas
propostas de espaço, atender senão a todos, pelo menos àqueles que lhe dizem respeito. Os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável — ODS — são (NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL,
s.d.):
Erradicação da pobreza
Fome zero e agricultura sustentável
Saúde e bem-estar
Educação de qualidade
Igualdade de gênero
Água potável e saneamento
Energia limpa e acessível
Trabalho decente e crescimento econômico
Indústria, inovação e infraestrutura
Redução das desigualdades
Cidades e comunidades sustentáveis
Consumo e produção responsáveis
Ação contra a mudança global do clima
Vida na água
Vida terrestre
Paz, justiça e instituições eficazes
Parcerias e meios de implementação
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. GRUPOS DE ARQUITETOS QUE ATUAVAM NAS PRIMEIRAS DÉCADAS
DO SÉCULO XX INDICARAM ELEMENTOS QUE DEVERIAM SER
INCORPORADOS AOS PROJETOS DE EDIFÍCIOS E FORAM
CONSIDERADOS COMO OS CINCO PRINCÍPIOS CONSTRUTIVOS DA
ARQUITETURA MODERNA. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS A
SEGUIR, QUAL DELAS INDICA UM PARÂMETRO CONSTRUTIVO
INCORRETO EM RELAÇÃO ÀQUELES ACIMA MENCIONADOS.
A) Pilotis
B) Fachada ventilada
C) Terraço-jardim
D) Janelas em fita
E) Planta livre
2. A BAUHAUS, ESCOLA DE DESIGN E ARQUITETURA, FUNDADA NA
ALEMANHA EM 1919, REVOLUCIONOU O ENSINO DE ARQUITETURA AO
INCORPORAR NO CURRÍCULO CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS DE
OUTRAS ÁREAS DE CONHECIMENTO RELACIONADAS À CRIAÇÃO DA
FORMA. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS ABAIXO, AQUELA QUE
INDICA CORRETAMENTE O NOME DO ARQUITETO RESPONSÁVEL POR
SUA FUNDAÇÃO.
A) Le Corbusier
B) Andrea Palladio
C) Ludwig Mies van der Rohe
D) Walter Gropius
E) Lúcio Costa
GABARITO
1. Grupos de arquitetos que atuavam nas primeiras décadas do século XX indicaram
elementos que deveriam ser incorporados aos projetos de edifícios e foram
considerados como os cinco princípios construtivos da arquitetura moderna. Assinale,
entre as alternativas a seguir, qual delas indica um parâmetro construtivo INCORRETO
em relação àqueles acima mencionados.
A alternativa "B " está correta.
 
As fachadas ventiladas não foram estabelecidas como parâmetro construtivo pelo Movimento
Moderno, mas, sim, as fachadas livres, que, com independência da estrutura, configuram as
faces verticais externas dos edifícios.
2. A Bauhaus, escola de design e arquitetura, fundada na Alemanha em 1919,
revolucionou o ensino de arquitetura ao incorporar no currículo conhecimentos
específicos de outras áreas de conhecimento relacionadas à criação da forma. Assinale,
entre as alternativas abaixo, aquela que indica corretamente o nome do arquiteto
responsável por sua fundação.
A alternativa "D " está

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