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CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO

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1 O PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO
1.1 Distinção entre processo e procedimento
Não se confunde processo com procedimento. O primeiro é um instrumento por meio do qual o julgador pesquisa e interpreta os fatos que são submetidos pelas partes à sua apreciação, colimando aplicar o direito material ao caso concreto (no caso do processo penal, a aplicação da pena, quando do cometimento de um delito, depende do prévio – e devido – processo legal).
Já o procedimento é o caminho por meio do qual o processo irá se desenvolver. É a exteriorização do processo em atos formais. É o modus faciendi com que a atividade jurisdicional se realiza, se desenvolve.
O CPP prevê que o procedimento será COMUM ou ESPECIAL (art. 394).
O procedimento COMUM classifica-se de acordo com a pena privativa de liberdade cominada ao crime:
a) se cominada pena IGUAL OU SUPERIOR A QUATRO ANOS, o procedimento será ORDINÁRIO;
b) se cominada pena INFERIOR A QUATRO ANOS, E SUPERIOR A DOIS o procedimento será SUMÁRIO;
c) se cominada pena IGUAL OU INFERIOR A DOIS ANOS, o procedimento será SUMARÍSSIMO (atenção para o fato de que o delito também deve ser considerado de menor potencial ofensivo, segundo alteração introduzida no art. 394, CPP pela Lei Maria da Penha).
O § 2º do art. 394, CPP, prevê que se aplica o procedimento comum a qualquer processo em andamento, salvo disposição em sentido contrário do próprio CPP ou legislação especial.
Por seu turno, o §3º dispõe que a todos os procedimentos que tramitam perante o primeiro grau de jurisdição, inclusive os especiais e exceto o do júri, aplicam-se os arts. 395, 396 e 397, CPP, que tratam, respectivamente, da rejeição preliminar da denúncia, do seu recebimento, citação e resposta escrita, e da absolvição sumária.
1.2 FLUXOGRAMA DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
1.3 O início do processo: oferecimento da denúncia ou queixa
O oferecimento da denúncia ou queixa deflagra o início do processo penal. 
A DENÚNCIA é a petição inicial que dá início à ação penal de iniciativa pública (condicionada ou incondicionada). Deve ser oferecida pelo Ministério Público no prazo de 5 dias (réu preso) ou 15 dias (réu solto), nos termos do art. 46, CPP.
A QUEIXA é a peça inicial da ação penal de iniciativa privada. Deve ser oferecida pelo ofendido ou seu representante legal, por meio de advogado, dentro do prazo de 6 meses a contar: a) da data em que o ofendido souber quem foi o autor do crime (art. 38, CPP); b) da data de esgotamento do prazo de oferecimento da denúncia, nos casos de ação penal de iniciativa privada subsidiária (art. 29, CPP).
A denúncia e a queixa devem observar os requisitos do art. 41, CPP. Além disso, por analogia, devem ser também observados os requisitos do art. 319, CPC. Esses requisitos são:
O Juízo ou Tribunal para o qual a peça é dirigida;
Introito, com a qualificação do órgão (MP) ou pessoa que está oferecendo a peça acusatória;
Qualificação do acusado, com atenção ao disposto no art. 259, CPP;
Exposição do fato criminoso de forma correta e clara;
Capitulação do crime;
Pedido para que o réu seja citado e regularmente processado;
Rol da prova oral permitida (até oito testemunhas para cada parte, com a ressalva da posição jurisprudencial que entende que podem ser até oito para cada fato);
Requerimento de diligências (como, por exemplo, esclarecimento de peritos);
Data e assinatura.
1.4 Recebimento da denúncia ou queixa
O recebimento da denúncia ocorre por ato do juiz que, nesse momento, deve se ocupar somente dos requisitos formais essenciais. Vigora nesse ato o princípio in dubio pro societate: no caso de dúvida sobre a autoria, a inicial deve ser recebida. 
Para a jurisprudência majoritária, o recebimento da denúncia é um mero despacho, que prescinde de fundamentação.
Já para a doutrina majoritária, o recebimento da denúncia é uma decisão interlocutória simples, e representa um juízo de admissibilidade da acusação. Essa posição parece mais acertada, até porque o art. 581, inciso I, CPP, prevê o cabimento de recurso em sentido estrito da decisão de não recebimento da denúncia.
Caso a denúncia seja recebida, considera-se iniciada a ação penal. A prescrição por consequência se interrompe passando a correr novo prazo prescricional a partir da decisão (art. 117,I, do CP).
QUESTÕES CONTROVERTIDAS:
Quantos recebimentos da denúncia existem no processo penal?
Três posições:
1ª – Existe apenas um recebimento da denúncia, o primeiro (Guilherme Nucci).
2ª – Existe apenas um recebimento da denúncia, mas o último, aquele que acontece depois da resposta à acusação (Gustavo Badaró).
3ª – Existem dois recebimentos da denúncia: o primeiro após a denúncia e o segundo depois da resposta à acusação. Dois recebimentos da denúncia em regime progressivo de admissibilidade (Antonio Scarance Fernandes).
É possível a mutatio libelli in limine (recebimento da denúncia por outra definição jurídica)?
Parte da doutrina defende que sim, ou seja, que o magistrado, já por ocasião do recebimento da inicial acusatória, pode dar ao fato descrito definição jurídica diversa da constante na queixa ou denúncia.
No entanto, como regra, isso não é possível, pois cabe ao MP, como titular da ação penal, a definição jurídica dos fatos, sendo proibido ao juiz, no ato do recebimento da denúncia, dar-lhes classificação diversa. Isso porque o enquadramento penal sugerido na denúncia é provisório, podendo ser alterado pelo órgão ministerial ao longo do processo, nos termos do art. 569, CPP e, pelo magistrado, no momento em que prolatar a sentença, mediante a aplicação dos arts. 383 e 384, CPP.
EXEMPLO: um acusado, passando-se por comprador de uma moto, ilude o vendedor, que lhe entrega o bem para experimentação. O acusado sai e não volta mais com a moto. Isso é furto mediante fraude ou estelionato??? A dúvida persiste na jurisprudência. Se for furto qualificado, o acusado deixará de ter direito a uma série de benefícios, mas se for estelionato, poderá, inclusive, ter direito à suspensão condicional do processo. Nesse caso, pode o juiz divergir do Promotor de Justiça no momento do recebimento da denúncia e não recebê-la por furto qualificado, mas sim pelo estelionato? Entende-se que não, ou seja, que o juiz deve receber a denúncia pela imputação feita pelo MP, que é o titular da ação penal. Eventual correção, se for o caso, deverá ser feita no momento da sentença, nos termos do art. 383, CPP.
1.5 Rejeição liminar da denúncia ou queixa
As hipóteses de rejeição liminar da denúncia ou queixa são previstas no art. 395, CPP:
quando a inicial acusatória for manifestamente inepta: a inépcia é caracterizada pela ausência de formalidades previstas no art. 41, CPP, além dos requisitos exigidos pelo art. 282, CPC. ATENÇÃO: a omissão de requisitos considerados não essenciais à peça pórtico não pode implicar sua rejeição, pois pode ser suprida a qualquer tempo antes da prolação da sentença final (art. 569, CPP);
quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal: I) pressupostos de existência (jurisdição, partes e demanda); II) pressupostos de validade (competência e imparcialidade do juiz, capacidade das partes e respeito ao formalismo processual); III) falta de condição para o exercício da ação penal (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir, legitimidade ad causam).
quando faltar justa causa para a ação penal: a justa causa é definida como a existência de um conjunto probatório mínimo, que indique a viabilidade da acusação, ou, em outras palavras, a existência de um fumus comissi deliciti, consubstanciado em prova da materialidade e indícios suficientes de que o acusado é seu autor ou partícipe.
1.6 Citação do acusado
O art. 396, CPP, prevê que se o juiz não rejeitar liminarmente a denúncia, recebê-la-á, designando dia e hora para aaudiência de instrução e julgamento, ordenando a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
A citação é o ato de dar conhecimento ao réu da acusação contra ele intentada. É a citação que viabiliza o contraditório e a ampla defesa (art 5º, LIV e LV, CF).
A citação irregular é uma nulidade absoluta, nos termos do art. 564, III, e, CPP (atenção para o disposto no art. 570, CPP).
O art. 363, CPP, dispõe que o processo, enquanto relação jurídica, se completa com a citação válida.
A citação pode ser REAL (ou pessoal) ou FICTA (por edital ou hora certa).
O Art. 352, VI CPP, estabelece que, no mandado, devem constar a data e o juízo em que o réu deve comparecer, na medida em que, no regime processual anterior à Lei 11.719/2008, o interrogatório era realizado logo após a citação. No regime atual, todavia, o interrogatório só é marcado após o réu apresentar sua resposta escrita, de modo que não é possível constar do mandado de citação a data em que deve comparecer para ser interrogado em juízo.
Assim, o que deve constar do mandado é o juízo ao qual o acusado deve apresentar sua resposta escrita no prazo de 10 dias, sob pena de nomeação de defensor dativo caso não o faça.
A REGRA é que a citação seja feita de modo pessoal (art. 351 e seguintes, CPP). Ela pode ser feita em qualquer dia e hora, observada a razoabilidade. Deve o oficial de justiça, caso não encontre o acusado, procurá-lo nos endereços contidos no mandado e, havendo notícias outras sobre seu paradeiro, proceder às buscas nos limites do território da circunscrição do juiz processante para fins de consumação da citação. 
Se o acusado for militar, a citação será feita por intermédio de seu chefe de serviço – Art. 358 CPP. (nos casos de crime comum).
Se o acusado for funcionário público, é citado por oficial de justiça, por meio de mandado, porém, o art. 359 CPP exige que o chefe da repartição seja comunicado da data em que ele deverá comparecer em juízo, para que possa previamente providenciar a substituição do funcionário naquela data.
Caso o acusado esteja fora dos limites territoriais da jurisdição do juiz processante, sua citação far-se-á por carta precatória (art. 353, CPP).
Se no juízo deprecado verificar-se que o réu mudou-se para uma terceira localidade, a precatória será remetida diretamente a tal juízo, comunicando-se o fato ao juízo deprecante. Esta é a chamada carta precatória itinerante.
A citação por carta rogatória: segundo o art. 368 CPP, “estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento”. Também será expedida carta rogatória no caso de citação a ser realizada em legações estrangeiras – embaixadas ou consulados (art. 369 CPP). Em ambos os casos, a carta rogatória deverá ser encaminhada ao Ministério da Justiça, que solicitará o cumprimento ao Ministério das Relações Exteriores.
A citação por EDITAL ocorre quando esgotados todos os meios possíveis para localização do paradeiro do acusado. O edital é uma forma fictícia de comunicação de atos solenes. Segundo o §1º do art. 363, CPP, será feita a citação editalícia somente quando, pura e simplesmente, não for encontrado o réu. O prazo para publicação do edital é de 15 (quinze) dias (art. 361) e se o acusado não comparecer, nem constituir advogado para oferecer resposta escrita à acusação (art. 396-A), ocorre a suspensão do processo e do prazo prescricional (art. 366, CPP). Comparecendo o acusado, observa-se o disposto no art. 394, passando então a fluir o prazo de 10 dias para a resposta escrita à acusação.
A nulidade da citação por edital deixou de ter a relevância que possuía no passado. Com efeito, atualmente o processo fica suspenso se o réu citado por edital não comparece e não nomeia defensor. Assim, o reconhecimento posterior de nulidade da citação por edital só terá relevância se tiver sido determinada a produção antecipada da prova (oitiva de testemunhas), hipótese em que a prova terá que ser repetida. 
Súmula 366 STF “não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia”.
A citação por HORA CERTA é uma inovação do processo penal brasileiro. A lei 11.719/2008 alterou a redação do art. 362, CPP. Naquelas hipóteses em que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e, independentemente de determinação judicial, procederá à citação com hora certa, nos termos dos arts. 227 a 229, do CPC.
1.7 Resposta escrita à acusação
Na resposta escrita à acusação o acusado poderá sustentar qualquer matéria, arguindo preliminares, adentrando no próprio mérito da acusação, enfim, alegando tudo que interesse à sua defesa, podendo oferecer documentos e justificações, especificar provas e arrolar testemunhas (art. 396-A, CPP).
O prazo para oferecimento da resposta escrita à acusação é de 10 (dez) dias, contado do dia da efetiva citação (art. 396, CPP). A contagem deve observar o disposto no art. 798, §1º, CPP. Ver, sobre o tema, a Súmula nº 710, STF.
ATENÇÃO: A resposta escrita à acusação NÃO É FACULTATIVA, MAS OBRIGATÓRIA. Se o acusado não a apresentar, o juiz deverá nomear-lhe um defensor (art. 396-A, §2º, CPP).
1.8 Absolvição sumária
As hipóteses de absolvição sumária são previstas no art. 397, CPP:
Existência MANIFESTA de causa excludente da ilicitude do fato (estado de necessidade, legítima defesa e estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito – arts. 23 a 25, CP);
Existência MANIFESTA de causa excludente da culpabilidade do agente;
Fato narrado não configura crime;
Extinção da punibilidade do agente.
1.9 Audiência de instrução e julgamento
Se não ocorrer absolvição sumária, o juiz designará a audiência de instrução, debates e julgamento (art. 399, CPP).
A audiência deve ser realizada dentro do prazo máximo de 60 dias, a contar do despacho que a designou, logo após a resposta escrita à acusação (art. 400, CPP).
Na audiência, vai ser colhida a prova. Em primeiro lugar, é ouvido o ofendido, a vítima, sempre que possível (ATENÇÃO ao disposto no art. 201 e §§ do CPP).
Depois do ofendido, são ouvidas as testemunhas de ACUSAÇÃO e DEFESA, nesta ordem. Cada parte pode arrolar até oito testemunhas (art. 401, CPP).
A Lei 11.690/2008 alterou o sistema presidencial de colheita de prova (art. 212, CPP). Agora, as testemunhas são inquiridas diretamente pelas partes, cabendo ao juiz fiscalizar e impedir as perguntas que induzam as respostas, bem como não permitir as que não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
A inquirição da testemunha inicia pela parte que a arrolou, seguindo-se na inquirição direta da parte contrária. Somente após as partes o juiz, de forma complementar, poderá inquirir as testemunhas (art. 212, parágrafo único, CPP).
Após, são ouvidos os peritos e assistentes técnicos, para que prestem esclarecimentos, desde que tenha havido prévio requerimento das partes nesse sentido.
Depois da oitiva dos peritos e assistentes, pode ser feita acareação (art. 229, CPP) e o reconhecimento de pessoas e coisas.
Por último, será feito o INTERROGATÓRIO DO ACUSADO. Trata-se de outra importante alteração feita no procedimento ordinário, porque amplia a possibilidade de defesa, na medida em que o acusado tem plena ciência da prova judicializada produzida contra si, o que facilita a sua defesa. 
No interrogatório, é o juiz quem inicia as indagações ao interrogado. Somente depois ele deve permitir que as partes, por meio de questionamento indireto, obtenham esclarecimentos complementares (art. 188, CPP). Entende-se que os questionamentos complementares devem ser iniciados pelo defensor, já que o interrogatório é um meio de defesa do acusado.
Após o interrogatório, podem as partes requerer a realizaçãode diligências (art. 402, CPP).
Por fim, passa-se aos debates orais, nos termos do art. 403, CPP. Acusação e defesa tem o prazo de 20 minutos para apresentação das alegações finais. Esse prazo pode ser prorrogado por mais 10 minutos.
Caso haja mais de um acusado, o tempo para a defesa de cada um será individual (§1º).
Se houver assistente de acusação, o prazo para sua manifestação será de 10 minutos, prorrogável por igual tempo, após a manifestação do MP (§2º).
Em casos complexos ou que envolvam vários acusados, o juiz poderá conceder às partes o prazo sucessivo de 5 dias para apresentação de memoriais, prolatando sentença no prazo de 10 dias (§3º).
ATENÇÃO: caso sejam requeridas diligências, observar o disposto no art. 404, CPP.
A obrigatoriedade ou não da presença do Ministério Público nas audiências de instrução e julgamento não é questão nova, mas tem passado desapercebida faz um certo tempo. Agora, com a alteração da redação do artigo 212 do CPP, parece não haver mais dúvida. Digo parece, pois parecia certo que o juiz não podia iniciar a inquirição das testemunhas, mas a jurisprudência tratou de dar uma interpretação diferente à nova redação do dispositivo legal.
De qualquer forma, foi analisando essa questão que o STJ afirmou a necessidade da presença do promotor na audiência, ao negar provimento a recurso especial do Ministério Público, que pretendia reformar decisão da 3ª Câmara Criminal do TJRS.
No acórdão da apelção (70038050605), o Tribunal Gaúcho havia dado provimento ao recurso da defesa e anulado a instrução processual desde o início da audiência, por violação ao artigo 212 do Código de Processo Penal. Não pela inversão da ordem das perguntas, mas em razão da ausência do representante do Ministério Público do ato. No caso, o promotor não foi à audiência e o juiz, então, deu início à inquirição das testemunhas, passando, depois, a palavra à defesa. Entendeu a Corte gaúcha que a ausência do órgão acusador desnatura a estrutura acusatória do processo, fazendo com que o juiz assuma o lugar da acusação, sendo, pois, causa de nulidade absoluta.
O Ministério Público recorreu, mas a decisão foi mantida pela Corte Especial (Resp 1259482), em voto conduzido pelo Ministro Bellizze, que afirmou:
“A sentença condenatória está lastreada em elementos obtidos exclusivamente na oitiva de testemunhas arroladas pelo Ministério Público, tendo o juiz formulado todas as perguntas que envolviam os fatos da imputação penal”, constatou o ministro, para concluir que, independentemente da ordem das perguntas, “a inquirição pelo juiz não se deu em caráter complementar, mas sim principal, em verdadeira substituição ao órgão incumbido da acusação”.
Segundo Marco Aurélio Bellizze, essa situação “configura indisfarçável afronta ao sistema acusatório e evidencia o prejuízo efetivo” para o réu. A nulidade, para o ministro, não decorre do descumprimento da ordem de inquirição do juiz, mas da violação de seu caráter complementar. Ele disse ainda que a anulação do processo não seria necessária caso a sentença condenatória tivesse se baseado em outros elementos de prova. (notícia de 18.10.2011, no site do STJ)
Oferecimento da Ação Penal
Queixa-crime
Denúncia
Vista ao MP para aditamento
Decisão liminar do juiz
Rejeição
Recebimento
Recurso cabível
Citação
Defesa inicial
Juiz
Não decretação da absolvição sumária
Decretação da absolvição sumária
Ofendido
Testemunhas
Peritos
Acareações
Reconhecimento
Interrogatório
Apelação, salvo no artigo 581, VIII.
Audiência de instrução e julgamento
Fase artigo 402 CPP
Alegações finais orais
Sentença

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