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AULAS - Direitos Fundamentais - GABRIEL MARQUES

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Aluna: Adriele Almeida | Direitos Fundamentais – T3B
DIREITOS FUNDAMENTAIS
PROFESSOR: GABRIEL MARQUES
CONCEITO DE DIREITO FUNDAMENTAL:
É uma previsão normativa, mas uma previsão normativa contida na Constituição que assegura a uma pessoa a tutela de uma situação jurídica de defesa, promoção ou participação. 
No âmbito jurídico é muito comum a distinção entre texto normativo e norma. Boa parte dos nossos pesquisadores construiu a ideia de que texto ou conjuntos de textos construímos interpretação que são as normas. Sempre que se deparar com uma norma já se pode chegar a essa conclusão: norma é o resultado/ produto de uma interpretação de um texto ou conjunto de textos normativos.
Exemplo do dia-a-dia: Quando indivíduos se deparam com um sinal amarelo pode ocorrer mais de um comportamento, pode parar ou avançar, o semáforo é uma espécie de símbolo assim como o texto normativo, ou seja, em um texto normativo pode ser extraído vários significados.
Pode-se falar em outra moldagem em relação às normas: as chamadas normas- regra e normas-princípio. Após a IIª Guerra Mundial houve uma grande valorização dos princípios, o que chamamos de força normativa dos princípios, alguns juízes tomam decisões com base exclusivamente nos princípios. As duas são normas e ambas tem caráter obrigatório, mas existem distinções entre eles, inclusive, vários autores separam conceitos entre elas. 
As normas-regra segundo Alexy trazem deveres, são visto como deveres definitivos. Enquanto por outro lado, as normas-princípio traduziriam deveres prima facie.
 Exemplo de norma-regra: a idade mínima para alguém ser Ministro no Brasil é 21 anos (art.87 da CF/88). 
Do outro lado, temos o domínio dos princípios que trazem os deveres prima facie (a primeira vista), são deveres a primeira visto, o princípio ao contrário da norma-regra deve ser implementado na maior medida possível. Exemplo de normas-princípio: liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição no artigo 5º, contudo, não é ilimitada, pois pode entrar em choque com a honra e imagem de alguém, um exemplo concreto seria a biografia de famosos. Normalmente, os direitos fundamentais são versados como normas-princípio, trazem usualmente uma necessidade de ponderação e essa ponderação vai fazer com que se tenha uma solução ao caso concreto a partir do peso maior de um princípio em detrimento do outro, além de está presente na Constituição, é um critério que tem natureza formal por está prevista na CF/88.
Uma doutrina alemã trouxe o conceito de que os direitos fundamentais podem ser aplicados através de um critério formal, e com isso, exigiu-se um debate, que também ocorreu no Brasil. 
Qual é a melhor terminologia para se referir aos direitos fundamentais?
>> Surgiram as seguintes nomenclaturas: Direitos do homem, direitos da pessoa, direitos humanos, direito internacional dos direitos humanos e direitos fundamentais. Diante de tantas nomenclaturas duas ficaram em evidência: direitos fundamentais e direitos humanos. O critério formal nos fez optar por Direitos fundamentais. Na Alemanha eles fizeram uma distinção entre direitos fundamentais e direitos humanos, em termos materiais existirão pontos em comum, contudo, pelo critério formal os direitos humanos terão previsão em tratados e convenções internacionais enquanto que os direitos fundamentais serão direitos de um ordenamento jurídico específico.
	Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
 I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
 (Exemplificando Direitos humanos)
No âmbito dos Direitos Fundamentais, temos o título II da Constituição Federal de 1988, consagra os direitos fundamentais desde o artigo 5º até o artigo 17, inteiramente dedicado a esse tema. A CF/88 tem o apelido de Constituição Cidadã. 
Artigo 5ª – direitos e deveres individuais e coletivos;
Artigo 6ª até o artigo 11 – direitos sociais;
Artigo 12 e 13 – nacionalidades;
Artigo 14, 15 e 16 – direitos políticos;
Artigo 17 – partidos políticos.
Obs.: Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas são titulares de direitos fundamentais. Nas pessoas jurídicas terão direitos fundamentais adaptados a sua existência peculiar, tem direito a imagem, a reputação. 
Obs ¹.: Existe também a preocupação com os direitos fundamentais dos animais. No direito francês, os animais não são considerados bem como ocorre no Brasil, mas animais secientes.
A preocupação que se encontra é a relação entre o indivíduo e o Estado e isso também ocorre nas situações jurídicas de defesa, promoção e participação. Quando a gente se depara com os direitos fundamentais a nossa principal preocupação é a situação que se opera entre o indivíduo e o Estado, nesses três casos estamos preocupados com essa relação do indivíduo vs. Estado no tocante aos direitos fundamentais, denominados de eficácia vertical. 
Quando falamos em direitos fundamentais de defesa, ou também denominada de liberdades públicas por alguns, a ideia é a construção ao redor do indivíduo uma espécie de blindagem dos excessos do Estado, vai trazer ao Estado uma exigência de não intervenção para a felicidade do indivíduo. É uma categoria que trabalha com a abstenção do Estado trazendo consigo os direitos fundamentais de abstenção do estado (direitos absenteístas). Exemplo: inviolabilidade de domicílio, exceto em quatro situações: flagrante em delito, desastre, prestação de socorro ou durante o dia por ordem judicial. 
Tratando-se dos direitos fundamentais promocionais a lógica é contrária, alguns direitos para serem efetivados necessitam da intervenção do Estado. Cinco direitos fundamentais previstos no artigo 6º da Constituição de 1988 exemplificam a atuação do Estado:
Saúde – exemplo: SUS
Educação – exemplo: PRONATEC
Alimentação – exemplo: Bolsa família
Moradia – exemplo: Minha casa, minha vida
Lazer – exemplo: Sua nota é um show
Obs.: Já se fala em direitos fundamentais entre particulares, ou seja, os próprios particulares seriam obrigados entre si a respeitar os direitos fundamentais, a chamada eficácia horizontal.
Nos direitos fundamentais de participação o indivíduo deseja participar das decisões políticas do Estado, exercemos a participação por meio do sufrágio universal, conforme previsto no artigo 14. 
	Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos
Pode haver participação via plebiscito, referendo e iniciativa popular. 
Qual a diferença entre plebiscito e referendo? 
>>Plebiscito existe uma consulta prévia ao eleitorado a respeito daquela matéria, enquanto que no referendo a consulta é posterior.
Iniciativa popular é como se fosse uma espécie de abaixo assinado que nos legitima a apresentar um projeto de lei para que se possa dar início a uma discussão sobre determinada matéria, que deve ser levado para a Câmara dos Deputados para que se inicie o debate e posterior votação sobre o projeto de lei, e para apresentar esse projeto de lei são necessárias pelo menos 1% do eleitorado nacional,dividido em pelo menos cinco estados com não menos que 0.3% do eleitorado de cada um deles. Temo como exemplo de iniciativa popular a Lei da Ficha Limpa.
	Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
GERAÇÕES DE DIREITOS:
É um conteúdo histórico, em muitos livros os autores não consagram quem concebeu essa divisão, contudo, sabe-se que foi Karel Vasak no ano de 79, fez um discurso na ONU com o intuito de vincular os direitos s a gerações. Dividindo assim em três gerações ao longo da história: direitos de primeira geração, direitos de segunda geração e direitos de terceira geração. O intuito era demonstrar o reconhecimento dos direitos, apresentando a ideia de que cada geração teve sua razão de ser e determinados direitos consagrados em cada uma delas.
Primeira geração – liberdade
Segunda geração – igualdade
Terceira geração – fraternidade
Obs.: Teve influência da Revolução Francesa, vinculando a cada geração um valor da revolução. 
Na primeira geração é preocupada com os direitos da liberdade, situando direitos que são civis e político acontece a partir do século XVIII, a lógica do indivíduo vs. Estado está muito constatada nessa época, percebe-se em dois países particularmente em prol da limitação do poder do Estado e garantia dos direitos fundamentais, sendo eles os Estados Unidos da América e da França, nomeia-se de movimento constitucionalista ou até mesmo de constitucionalismo. As bases da preocupação com a Constituição surgiram nessa época, espalhando-se pelo restante do mundo.
Na segunda geração preocupa-se com direitos sociais, econômicos e culturais. Entre o século XIX e o XX acontece a Revolução Industrial que modifica todo o contexto de produção, dará surgimento da exploração do homem pelo homem, não havia preocupação com o trabalho feminino e infantil, nem com a jornada de trabalho, o salário era bem pequeno, a razão para que acabe eclodindo em alguns países o movimento socialista. Nesse contexto existiram duas constituições representando os direitos de promoção, preocupadas com os direitos sociais: o México de 1917 e a Alemanha, a República de Weimar, de 1919, ambas inauguram capítulos específicos sobre os direitos sociais. Para que seja promovida a igualdade, é necessária a participação do Estado para promover os direitos. As constituições do México e da República de Weimar serviram de inspiração para a Constituição brasileira de 1934, a primeira constituição brasileira a recepcionar os direitos sociais, sendo nessa época a criação das leis trabalhistas.
Na terceira geração, a partir da IIª Guerra Mundial serão reconhecidas duas categorias de direito: direitos difusos e direitos coletivos, ambos são direitos transindividuais, existe uma preocupação com a solidariedade, estão em uma figuração que vai além da individualidade. Os direitos difusos são direitos transindividuais cuja titularidade é indeterminada (todos são titulares e ao mesmo tempo ninguém em particular) e os direitos coletivos recepcionam os subgrupos (Direitos de grupos, direitos de categorias ou então direitos de classes).
Temos, ainda, a quarta e quinta geração. 
Na quarta dimensão, seria o direito à democracia direta e os direitos relacionados à biotecnologia. Segundo Bonavides, essa dimensão é o resultado da globalização dos direitos fundamentais. Compreendem, conforme o autor, os direitos à democracia direta, ao pluralismo e à informação, que constituem a base de legitimação de uma possível globalização política e deles depende a concretização da sociedade aberta do futuro, em sua dimensão de máxima universalidade. O direito à democracia direta e globalizada é o mais importante dos direitos fundamentais da quarta dimensão, no qual o Homem é a constante axiológica, para o qual convergem todos os interesses do sistema. Nessa democracia globalizada, segundo Bonavides, o controle de constitucionalidade de todos os direitos de todas as quatro dimensões será obra do cidadão legitimado, perante uma instância constitucional suprema. Ademais, é de se reconhecer, também, como direitos de quarta dimensão, o direito contra manipulações genéticas, o direito à mudança de sexo e, em geral, os relacionados à biotecnologia. (Livro de Dirley da Cunha Jr.)
Na quinta dimensão, Paulo Bonavides propõe o reconhecimento do direito à paz como direito de quinta dimensão, sugerindo a sua trasladação da terceira para a quinta geração de direitos fundamentais. 
Alguns autores criticam a nomenclatura gerações, pois acham que pode trazer uma impressão equivocada quando tratado o tema, já que pode traduzir uma mera substituição de uma geração por outra ao passar do tempo, propõe a substituição pelo termo dimensões, essa é a crítica mais famosa. Contudo, não ocorre uma mera substituição, mas sim um acúmulo de classificação de direitos e elas vão se somando umas as outras.
Existe uma crítica, também, ao termo dimensões e gerações, acredita-se que essa nomenclatura pode trazer uma ideia de homogeneidade no reconhecimento dos direitos ao longo da história. Quando na verdade a história é bem turbulenta, no Brasil, por exemplo, alguns direitos surgiram antes que outros, de modo que, não conseguimos sistematizar essa homogeneização. A nossa primeira Constituição, a de 1824, já congrega a ideia de direito a educação, instrução pública primária, que é um direito social, logo, se assim o fosse, não poderíamos nessa questão já que o momento mais propício para falar nos direitos sociais é no final do século XIX e início do século XX, com as Constituições do México e da República de Weimar, o Brasil teve quase 100 anos antes o reconhecimento de um direito social. Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins (escritores do livro Teoria Geral dos Direitos Fundamentais) defendem essa outra crítica, não havia essa pretensa homogeneidade ao longo da história. Sugere a nomenclatura espécies ao invés de gerações.
George Marmelstein Lima é um professor, juiz do Ceará e o autor de uma terceira crítica, muito utilizada atualmente, só usa-se o termo gerações por questões didáticas, porque na verdade os direitos podem pertencer simultaneamente a mais de uma geração. Para exemplificar, temos o direito à saúde ele pode ser visualizado ao mesmo tempo em diversas gerações, uma ótica a primeira geração está muito ligado à garantia dos direitos fundamentais e ao mesmo tempo sem intervenção do Estado, sabendo que em uma determinada época o Estado era muito opressor, e consequentemente uma ausência de tratamento do Estado pode significar a nossa saúde, por outro lado, se houver o raciocínio com base na segunda geração a saúde normalmente é inserida na atuação do Estado, existe também uma perspectiva através da terceira geração, tratando dos direitos difusos e coletivos, ou seja, a garantia à saúde é um direito transindividual.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
Antecedentes remotos – as primeiras preocupações mais declaradas pelo ser humano.
Período axial – No Brasil quem fala sobre esse tema, particularmente, é Fábio Konder Comparato, não sendo o primeiro a falar sobre esse tema se inspira em um filósofo chamado Karl Jaspers. Traduz uma ideia de que os séculos II a XVIII a.C. é um período central, alguns pensadores distribuídos em cada parte do planeta ao mesmo tempo tiveram a ideia que traziam com o ser humano a noção de liberdade e razão, a exemplo de Confúcio, Zaratustra, os profetas de Israel e Buda, ou seja, o que há de mais peculiar é a simultaneidade de pensamento emboraexistisse a distância entre eles. 
A importante contribuição de Kant (1785) – viveu entre o século XVIII e XIX. Uma obra de Kant chamada a Fundamentação da metafísica dos costumes é uma obra do século XVIII, neste livro está muito preocupado com a fundamentação da moralidade, para fundamentar faz distinções entre os imperativos, imperativos estes que são aplicáveis a coisas ou a pessoas, onde extraímos uma passagem: “As coisas servem para que alcancemos as finalidades.”, logo, coisas representam imperativos hipotéticos, ou seja, servem para alcançar finalidades. Por outro lado, “As pessoas são fins em si mesmas”, logo, representam imperativos categóricos, temos dignidade e não preço. 
O nazifascismo foi uma experiência catastrófica e desumana vivida no século XX, onde ocorreu o contrário do imperativo categórico, as pessoas (fora do padrão imposto pela sociedade alemã da época) eram tratadas como coisas, teve seu apogeu em Nuremberg, cidade marcada por leis discriminatórias. 
No pós 1945 ocorre o resgaste da filosofia kantiana integrada às Constituições. Com a Carta das Nações Unidas é também criada a ONU. A ONU por si só necessitava de uma declaração, declaração essa chamada de Declaração Universal dos Direitos Humanos (The Universal Declaration of Human Rights). Em 1949, foi constituída a Lei fundamental de Bonn da Alemanha e em seu artigo 1º consagra um fundamento extremamente kantiano, a tutela da dignidade da pessoa humana, o que nos remete a filosofia do final do século XVIII onde recepcionamos a ideia de que o ser humano tem uma dignidade e não um preço, imperativos categóricos. Em 1951 na Alemanha, foi criado o chamado TCF (Tribunal Constitucional Federal da Alemanha) tem uma das mais ricas experiências de proteção aos direitos fundamentais, citado o tempo inteiro pelo Supremo Tribunal Federal. A Constituição Federal de 1988 também consagra a dignidade da pessoa humana, em seu artigo 1º, III, princípio que rege várias decisões judiciais.
DECLARAÇÕES INGLESAS:
Com o passar do tempo alguns povos notaram a importância de colocar no papel algumas garantias de Direito, então, declarações acabam sendo acordos tidos para promover a garantia dos direitos. 
Magna Carta (1215) – A primeira declaração do mundo. Envolve os barões feudais e o rei João sem terra, ele é constrangido a assinar a Magna Carta como exigência dos barões feudais desejosos dos seus direitos, envolve disputa de poder. Na Magna Carta temos várias preocupações interesses, alguns autores discutem que na Magna Carta ocorreu embrionariamente a criação do habeas corpus. No art. 39, a passagem mais importante, “Law of the land” em tradução livre Direito da terra, consagra a ideia de que os processos não podem ser arbitrários, traz a ideia do Devido Processo Legal, na perspectiva formal é necessário respeitar o contraditório e a ampla defesa, é vedada prova ilícita, garantia do juiz imparcial, na perspectiva material adota-se a proporcionalidade e razoabilidade.
	 Analogicamente no Brasil temos o artigo 5º, CF/88:
 LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
Petition of Rights (Petição de Direitos) – 1628
Cita o “Law of the land” e “Due process of law” (devido processo legal), mas tem também como preocupação o tributo. Havia uma época em que o tributo não era controlado, exige que antes da instituição de um tributo torna-se imprescindível uma lei anterior. Com o passar dos anos foi chamado de anterioridade da lei primária, precisamos saber antecipadamente quando houver a criação de um novo tributo, evitando a surpresa de um contribuinte. 
Analogicamente temos o art. 150, da Constituição Federal de 1988, no inciso III, cobrar tributos: em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentados, temos uma garantia do século XVII também presente na nossa Constituição.
Habeas corpus act (Lei de habeas corpus) – a grande preocupação é a garantia da liberdade de locomoção. A ideia é levar ao judiciário um instrumento de combate às prisões arbitrárias, sendo alcançada por meio do habeas corpus. O habeas corpus é matriz do surgimento de outras garantias constitucionais. O habeas corpus chega ao Brasil em 1891, com a primeira constituição brasileira republicana, ameaça ou violação ao direito seria tutelada pelo habeas corpus. Ruy Barbosa resolveu a partir dessa previsão constitucional genérica desenvolve uma teoria, teoria brasileira do habeas corpus, fosse possível usar o habeas corpus para tutelar qualquer direito ameaçado não só a liberdade de locomoção, essa teoria encerra em 1926, com uma reforma constitucional que restringe o habeas corpus a sua origem inglesa. Em 1934 é criado o Mandado de Segurança (MS) a partir do fim da teoria brasileira do habeas corpus, os direitos além da garantia de locomoção passam a ser garantidos pelo MS, utilizados para garantir direito líquido e certo. O habeas corpus hoje em dia no artigo 5º, inciso LXVIII: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.
Bill of rights (1689): Declaração de direito inglês, instrumento de uma instituição fiscalizadora, denominado de Parlamento Inglês. A Revolução Gloriosa tem como consequência a valorização do Parlamento. O Direito de petição uma forma da população se reportar ao poder público sobre alguma ilegalidade, é um direito de acesso ao Estado, de forma gratuita. Esse mesmo direito de aparece na Constituição Federal de 1988, art. 5º, XXXIV, A, são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. A liberdade de expressão no Parlamento torna-se necessária, garantir aqueles que exercem sua função uma garantia de proteção jurídica de não ser processado por uma opinião, palavra ou voto, denominado de imunidade parlamentar, pois se existe preocupação quanto a isso não poderá ser exercida uma função com liberdade. Não se pode valer da imunidade para cometer crimes e afins, logo, não é uma garantia absoluta. A imunidade formal tange questões de prisão e processo, enquanto na imunidade material temos uma proteção especial quanto à liberdade de expressão do parlamentar, previsto no art. 53. “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”. No século XVII, a Inglaterra previa a proibição das punições cruéis, a CF/88 também recepciona essa ideia, em seu artigo 5º, XLVII, não haverá penas: de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento; cruéis; XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. 
Obs.: Alguns autores dizem que esses documentos, a Magna Carta, Petition of Rights, Habeas Corpus act e Bill of rights, formam o constitucionalismo inglês.
DECLARAÇÕES DO SÉCULO XVIII
A partir do século XVIII dois eventos históricos mudam de forma definitiva, um acontecimento nos EUA, em 4 de julho de 1776, nesse ano foi criada a Declaração do bom povo da Virgínia, além dessa declaração foi criada a Constituição norte-americana no ano de 1787, é uma constituição sintética, ou seja, pequena, possui sete artigos. Em 1791, são promulgadas as dez primeiras emendas constitucionais à Constituição, denominadas também de Bill of rights. 
A França juntamente com os EUA, fincaram as bases no constitucionalismo ou também chamado de constitucionalismo moderno, que seria a limitação do poder do Estado e garantia dos direitos fundamentais. A experiência francesa, um cenário da Revolução Francesa em 1789, nesse mesmo ano cria a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, é uma declaração que possui umcuidado mais intenso com a universalidade dos direitos, é uma divergência da declaração norte-americana, é nessa previsão da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão que observaremos três palavras: liberdade, fraternidade e igualdade, são valores que regem os direitos em diversas partes do mundo. É uma declaração mais citada do que as Constituições francesas, as constituições da época são marcadas por instabilidade. Essa declaração acaba sendo mais citada do que a própria Constituição francesa, pelo fato das constituições francesas terem sido bastante instáveis, com uma sucessão/substituição de constituição a todo o momento. Os ideais da revolução francesa se projetam para o mundo inteiro.
Abaixo está selecionado dois artigos da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, 
No artigo 1º, tem um ideal de universalidade, fala sobre a preocupação de existir direitos de liberdade e igualdade para todos, todos devem ser livres e iguais, essa preocupação que está assentada nas raízes da sociedade e se projeta para todo o restante do planeta. 
No artigo 16, o mais citado, possui a seguinte frase: “Toda sociedade que não tiver separação de poderes e garantia de direitos não tem Constituição”, denominado de constitucionalismo, a partir das constituições se tenta limitar o poder do Estado e garantir direitos fundamentais, as bases do constitucionalismo são assentadas nesse artigo que marca o final do século XVIII, mas também é permitido utilizar a declaração atualmente por meio do conceito de “bloco de constitucionalidade”, é todo um conjunto de dispositivos, a palavra bloco já traz a ideia de conjunto, ele é integrado pela Constituição somado a outros documentos que aderem à constituição, ou seja, existe uma preocupação com a Constituição e com os outros documentos que possuem equivalência constitucional. 
O Brasil tem incorporado o conceito de bloco de constitucionalidade, no artigo 5º, parágrafo 3º, incorporado pela EC45/04, somente os tratados e convenções internacionais que versam sobre os direitos humanos é que podem passar por esse procedimento, pela sua imensa importância, e essa incorporação não é automática precisa de uma aprovação de 3/5 nas duas casas do Congresso Nacional, dois turnos em cada casa (é o mesmo quórum de uma emenda constitucional), e esses tratados que passarem por todos esses processos terão status de equivalência as emendas constitucionais, só existe um tratado que foi aprovado nesses parâmetros que é a Convenção de Proteção aos Portadores de Deficiência ou Protocolo de Nova Iorque. Enquanto que o Pacto de São José da Costa Rica possui natureza supralegal está abaixo da constituição e acima das outras leis, logo não altera a Constituição.
O Conselho Constitucional lembra o nosso Supremo Tribunal Federal, é quem protege a Constituição francesa, só que esse conselho tomou uma decisão em 1971. E essa decisão virou uma decisão para o mundo inteiro. Foi questionado o seguinte: Qual o parâmetro para identificar uma lei que vai de encontro a Constituição? E perceberam que alguns documentos franceses são tão importantes para França e para o resto do mundo que não se pode verificar apenas através da constituição, é preciso pensar que assim como existe a constituição há outros documentos que acabam tendo uma posição similar (status) a da constituição francesa. 
DUDH – Declaração Universal dos Direitos humanos
Antes da Declaração Universal dos Direitos humanos: O impacto da IIª Guerra Mundial, o cenário de tragédia foi tão enorme que muita gente pensou o papel do direito nesse contexto, a Guerra acaba em 1945, é criada a Carta das Nações Unidas que vai originar a Organização das Nações Unidas, depois da IIª Guerra e antes da DUDH a população mundial se deparada com a necessidade de criar uma organização que esteja acima das soberanias e evitar que se repita tamanha tragédia, e promover valores que trouxesse uma consciência politica universal mais cuidadosa. 
Declaração Universal dos Direitos Humanos: Criada em 1948 como o movimento que reuniria valores enaltecidos por toda a população universal previstos em uma declaração própria. Possui 30 artigos, e a Declaração em seu artigo 1º reúne o objetivo central da DUDH: “Todos os seres humanos são livres e iguais, somos dotados de razão e consciência e devemos agir uns com os outros com espírito de fraternidade”. A Declaração não possuía uma eficácia imediata, no contexto da Guerra Fria, no mesmo ano são aprovados dois pactos que tentam tornar efetiva a Declaração Universal dos Direitos Humanos já que não havia um consenso com inspiração do regime americano, sendo o PIDCP (Pacto Internacional de Direitos civis e políticos), e outro no regime soviético, PIDESC (Pacto Internacional de Direitos Econômicos, culturais e sociais). 
O chamado PIDESC ele foi marcada por uma progressividade na garantia dos direitos, na medida dos recursos disponíveis, foi aprovado com mais restrição do que o PIDCP. Na verdade o DUDH, não coloca os instrumentos de operacionalização desses direitos. Temos três documentos que integram Carta Internacional dos Direitos Humanos: DUDH, PIDCP e o PIDESC. Além do sistema global, existem sistemas regionais de proteção aos direitos humanos, no caso do Brasil, possui o sistema global de proteção e o sistema interamericano de proteção dos direitos humanos, temos um pacto no âmbito brasileiro que apresenta o perfil muito parecido com o PIDCP, que é o Pacto de São José da Costa Rica, dentro do sistema interamericano, enquanto o PIDCP apresenta uma proteção universal, o Pacto de São José da Costa Rica apresenta uma escala de proteção regional. No sistema interamericano também existe um tratado inspirado no PIDESC que é o Protocolo de São Salvador.
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
Historicidade – Os direitos fundamentais estão muito ligados ao contexto histórico. Existe uma frase de Bobbio que traz a ideia de historicidade “Não surgem todas de uma vez nem de uma vez por todas”. O direito fundamental de propriedade, ele é o mesmo direito, mas foi se alterando com o passado do tempo, no passado, alguns séculos atrás, existiu uma propriedade que incluía escravos, era visto como coisa e de tal modo que não possuía personalidade jurídica nenhum tipo de interferência na vida social, era um mero objeto de comercialização. Passou por uma mudança substancial, hoje em dia, existe a função social da propriedade que significa aproveitamento da propriedade, e a Constituição se preocupa com isso, contudo, isso não significa a coletivização da propriedade. Quanto ao direito de liberdade, temos como exemplo que no Código Civil de 1916 a mulher ao se casar era vista como relativamente incapaz tornando-se submissa ao marido, ao passar do tempo foi aprovado o Estatuto da Mulher casada, e mais recentemente temos o Código Civil de 2002, existe uma maior liberdade feminina comparado ao que era anteriormente, onde é possível uma chefia familiar divida entre o casal. Atualmente, se fala em direito a internet, sabe-se que a internet é algo relativamente novo. A cada momento, e a cada sociedade, é constituído e entendido um novo direito fundamental.
Universalidade – Os direitos fundamentais carregam uma pretensão, é a pretensão de contemplar todo o gênero humano, quando falamos em Declaração Universal dos Direitos Humanos, a grande preocupação é a universalidade, onde seria possível aplicar em toda e qualquer sociedade os direitos humanos. Contudo, existe uma crítica, que essa universalidade não é tão homogênea quanto parece ser, a primeira vista, temos como exemplo a extirpação clitoriana em alguns locais da África, outro exemplo seria o infanticídio indígena, temos com esses exemplos o chamado relativismo cultural que acaba entrando em choque com a universalidade dos direitos humanos, ou seja, os padrões homogêneos ditos universais convivem com as peculiaridades de cada sociedade. 
Inalienabilidade – São intransferíveis, em outras palavras, não é possível se despojar dos direitos fundamentais. 
Irrenunciabilidade – É a impossibilidadede renunciar aos direitos fundamentais.
A inalienabilidade e a irrenunciabilidade são muitos parecidos, contudo, existem divergências, uma delas é que na inalienabilidade não é possível transferir, enquanto que a irrenunciabilidade é a impossibilidade de renunciar os direitos fundamentais. Há uma abordagem conjunto e crítica com relação à inalienabilidade e a irrenunciabilidade dos direitos fundamentais, os traços desses dois conceitos não são tão absolutos assim, pois já é admissível uma flexibilidade quanto a isso, por meio da livre consciência às vezes é permissível flexibilizar determinadas situações.
Imprescritibilidade – Tem total relação com o tempo. A regra é prescritibilidade, por razões de segurança jurídica se criou a necessidade de prescrição, porque se tornou perceptível que o tempo gera efeito jurídico, o Estado precisa organizar sua relação com o tempo para que não traga um mal permanentemente ameaçador. Contudo, os direitos fundamentais não se perdem pelo seu não exercício ao longo do tempo, ou seja, é imprescritível, além de se projetar além da morte, se fala em reputação e memória. 
A nossa Constituição só traz dois crimes imprescritíveis: sendo o primeiro racismo e o segundo a ação de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional ou contra o regime democrático. 
Eficácia irradiante – É uma expressão usada pelo professor Daniel Sarmento, entre outros autores, aqui a interpretação dos direitos fundamentais ela necessariamente atinge toda a ordem jurídica, não existe a possibilidade de interpretar qualquer ramo da área jurídica sem que haja um cuidado com os direitos fundamentais. Essa eficácia irradiante, a partir de uma jurisprudência alemã do TCF, pode ser relacionada com um sentido subjetivo, os direitos fundamentais foram pensados para indivíduos então, garantem posições individuais, e também um sentido objetivo, além do sentido tradicional objetivo também traduzem deveres para todo o poder público que deve construir sua caminhada pautada nos direitos humanos. 
Caráter Relativo - Todos os direitos fundamentais são relativos, não há direitos absolutos, porque todos são sujeitos ao raciocínio da ponderação. Até mesmo o direito a vida pode ser relativizado, como, por exemplo, a legítima defesa, outro exemplo é que não existe pena de morte salvo em crime de guerra declarada. Dentro do caráter relativo, existe outro exemplo, o aborto é crime, contudo, existem duas exceções legalmente permitidas: estupro e risco de vida à mãe, e jurisprudencialmente, aborto de feto anencéfalo. 
DIREITOS FUNDAMENTAIS E PROPORCIONALIDADE:
Até que ponto é tolerável, de forma legítima, a restrição ao direito fundamental? A partir de uma jurisprudência germânica, decidiu-se que o critério utilizado será a proporcionalidade. A nossa Constituição brasileira não fala da proporcionalidade diretamente, embora seja repleta de direitos fundamentais, uma primeira alternativa é extrair a proporcionalidade do Estado de direito, porque o Estado de direito é um estado que tem toda uma preocupação com a legalidade, sendo a legalidade um limite de poder do próprio Estado, contudo, o Brasil foi mais além denominando se Estado democrático de direito, sendo a lei fundada na participação popular como já diz o artigo 1ª da CF/88. Quando se fala em um Estado firmado pela legalidade e uma legalidade fundada na participação existe uma expectativa de haja proporcionalidade, ou seja, a lei precisa ser ponderada e esse equilíbrio da lei acaba sendo justamente a mensagem trazida pela proporcionalidade. Outros autores sugerem outro fundamento, e esses outros autores vão dizer que a proporcionalidade deriva do devido do processo legal no seu sentido material.
Para tentar que esse raciocínio se tornasse mais organizado, foi promovido um teste da proporcionalidade, tem uma finalidade, se a lei for desproporcional ela é inconstitucional, se uma lei restringe demais um direito fundamental ela será submetida a esse teste. A Alemanha concebeu três etapas, sendo etapas sucessivas:
Primeira etapa – adequação ou idoneidade. Deve-se se fazer a seguinte pergunta: Os meios utilizados pela lei para restringir o direito fundamental alcançam o objetivo pretendido ou pelo menos fomentam esse alcance? A palavra fomentar significa incentivar, a lei passa no teste se ela alcança ou se colabora para o alcance, se passar nessa primeira etapa, segue para a seguinte, mas se isso não ocorrer a lei é considerada desproporcional, logo, inconstitucional.
Segunda tapa – necessidade ou exigibilidade. Traz consigo um teste comparativo, a pergunta feita nessa segunda etapa é a seguinte: Os meios utilizados pela lei para restringir o direito fundamental são os menos gravosos aos direitos envolvidos, para alcançar os objetivos desejados com a mesma intensidade? Se passar nessa segunda etapa, segue para a seguinte, mas se isso não ocorrer a lei é considerada desproporcional, logo, inconstitucional.
Terceira etapa – proporcionalidade em sentido estrito. Na terceira etapa é feita a seguinte pergunta: Os sacríficos aos direitos fundamentais eles justificam os benefícios? Se passar nessa etapa é considera constitucional e proporcional, mas caso não passe a lei é considerada desproporcional e inconstitucional.
Exemplo¹: A lei que trouxe a pesagem dos botijões de gás no estado do Paraná, passa pela primeira etapa, contudo não passa pela segunda etapa porque existe outra forma que não a pesagem obrigatória dos botijões. Sendo uma lei desnecessária e desproporcional, porque pode ser aumentada a fiscalização, além de existirem problemas como o repasse da compra das balanças ao consumidor, a locomoção de um idoso até a empresa de gás toda vez que necessitar comprar um botijão de gás, entre outros.
Exemplo²: Uma lei baiana é criada que proíbe a circulação de forma permanente, não passa nem pela primeira etapa, porque pune uma imensa quantidade de pessoa que usa a motocicleta de boa fé, como meio de locomoção ou meio de sobrevivência.
Qual seria a natureza jurídica da proporcionalidade? Natureza jurídica é uma classificação dentro do direito, ocorre uma preocupação com a classificação, porque se conseguimos classificar algo da vida podemos extrair efeitos jurídicos. A primeira natureza atribuível à proporcionalidade é o principio, chamada de principio de proporcionalidade, dada a importância que possui. A segunda natureza é influenciada por Robert Alexy, estabelece que seja uma regra da proporcionalidade, falando que é proporcional ou não é proporcional, o tudo ou nada (all or nothing). Existe uma terceira alternativa construída por Humberto Ávila, que diz que não é nem princípio nem regra, seria na verdade um postulado porque serve tanto a aplicação dos princípios quanto das regras. 
A razoabilidade se aproxima da adequação, que seria a primeira etapa do teste de proporcionalidade.
Para entender melhor o transconstitucionalismo, se faz necessário uma revisão do constitucionalismo, final do século XVIII, dois países: EUA e França, onde duas experiências contribuíram para tal movimento, a constituição norte-americana de 1787 e a Declaração do homem e do cidadão de 1789, a grande preocupação é com a figura do Estado nacional, que está associada à ideia de soberania. 
O transconstitucionalismo, Marcelo Neves é o nome do grande autor sobre o tema, é um fenômeno atual, e esse fenômeno acontece mundialmente e evidentemente alcança o Brasil, a figura do Estado começa a conviver com outras instituições que se encontra acima do Estado, denominadas de supra estatais, a soberania começa a ser relativizada é o próprio Estado que concorda com isso, se submete as decisões internacionais, sendo que no passado os direitos fundamentais eram aplicados e resolvidos em casos de conflito em âmbito nacional, contudo, com o transconstitucionalismo torna-se permissível que essa aplicação e resolução sejam feitas, também, em âmbito internacional. 
O transconstitucionalismo seria justamente o entrelaçamento de diversas instâncias decisórias que resolvem casos muitasvezes simultaneamente de direitos fundamentais. Temos um primeiro exemplo que é o caso Ximenes Lopes, envolve tortura e morte de um deficiente mental por uma clínica de internação, foi a primeira condenação internacional brasileira, através da CIDH – Corte Interamericana dos Direitos Humanos, que condenou o Brasil, e essa condenação internacional gerou efeitos internamente. Um segundo exemplo é o caso Gomes Lund e a Guerrilha do Araguaia, que envolve a lei da anistia, também houve condenação quanto a esse caso, sendo a Comissão Nacional da Verdade produto dessa condenação. Para Marcelo Neves, as cortes internacionais e os Estados precisam dialogar, pela existência de um ponto cego, onde o outro enxerga aquilo que nós não enxergamos.
EFICÁCIA:
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais: Nossa tradição com relação a esse tema é pensar em uma lógica vertical, individuo frente ao Estado. Em paralelo a eficácia vertical, surgiu a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, ou também, direitos fundamentais entre particulares. Ocorre uma preocupação com a autonomia privada, e levanta o seguinte questionamento: até que ponto por meio da autonomia privada é permitido restringir um direito fundamental?
Foram feitas três teorias pra explicar essa relação, a doutrina para tentar explicar como opera a horizontalidade dos direitos fundamentais:
Ação estatal (state action): De origem norte-americana. Tentou equiparar do indivíduo a ação do estado, ou seja, olhar a ação do indivíduo como se tivesse sido praticada uma ação estadual. Temos como exemplo par entender essa lógica, o caso Mandado de Segurança, protege o direito chamado de líquido e certo, que é provado normalmente por via documental, que pode ser violado pelo poder público e por um particular como se poder público fosse, que pode ser combatido por meio do mandado segurança. É feita uma crítica que em alguns casos a equiparação acontece, mas em outros ela se mostra extremamente artificial. É uma teoria que o Brasil não segue, sendo mais próxima da eficácia direta.
A eficácia direta e indireta são construídas pela doutrina germânica.
Eficácia direta: De forma imediata a mesma Constituição que é aplicada para relações indíviduos e Estados, também é imediatamente aplicada para relações dos indivíduos entre si. A vantagem da eficácia direta é a simplificação no processo de interpretação, porque o que é aplicável na verticalidade também contempla a horizontalidade das relações. Também possui desvantagem, sendo sua grande desvantagem a aniquilação da autonomia privada. Temos um caso concreto em que funcionários da AirFrance são tratados de forma diferenciada, brasileiros possuíam menos privilégios do que os franceses, chegando ao STF e foi decidido que todos os funcionários deveriam ser tratados de forma igualitária com base na própria aplicação da Constituição.
Eficácia indireta – A Constituição não é automaticamente aplicada, porta, é como se houvesse entre a Constituição e a relação privado uma ponta, é necessário que haja outras leis no âmbito do direito privado e essas leis que serviram de porta de entrada da Constituição nas relações privadas. Temos como exemplo de lei o Código Civil de 2002. Na eficácia indireta existe uma garantia maior da autonomia privada, enquanto que existe uma menor proteção constitucional, por ser aplicada secundariamente. Como exemplo da eficácia indireta temos um dentro do âmbito trabalhista, João não pode abrir mão das suas férias e do seu décimo terceiro para aumento do salário.
DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE – Constituição Federal de 1988:
A Constituição Federal de 1988 é apelidada de “Constituição cidadã” por ser muito generosa com os direitos fundamentais, dedica todo o seu título II para tratar dos direitos fundamentais, a partir do artigo 5ª até o artigo 17ª. 
Artigo 5ª – direitos e deveres individuais e coletivos;
Artigo 6ª até o artigo 11 – direitos sociais;
Artigo 12 e 13 – nacionalidades;
Artigo 14, 15 e 16 – direitos políticos;
Artigo 17 – partidos políticos.
Dignidade da pessoa humana – Consagrada no art. 1º, III. Tecnicamente falando a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos do Estado democrático de direito brasileiro, sendo o principal dos fundamentais, uma frase de Daniel Sarmento demonstra isso “A dignidade da pessoa humana seria o epicentro axiológico do direito constitucional brasileiro”, porque a dignidade da pessoa humana possui um efeito irradiante, atinge toda e qualquer pessoa. No quesito filosófico dois autores importantes: Kant escrevia sobre o fato de que as pessoas possuem dignidade e não um preço, ou seja, as pessoas são imperativos categóricos e nunca pode ser utilizada como meio para alcançar uma finalidade, e Hannah Arendt “As pessoas devem reconhecer que tem a ter direitos”. A primeira constituição que trouxe a dignidade humana após a IIª Guerra Mundial foi a constituição germânica, Lei Fundamental de Bonn de 1949, no cenário pós-guerra também foi criada a Declaração Universal de Direitos Humanos em 1948, que recebia uma crítica de operacionalização e para uma maior eficácia foram criados outros dois pactos: PIDCP e PIDESC.
Cláusulas pétreas: São limites de caráter material, limite de conteúdo, ao exercício do poder constituinte derivado reformador. Prevista no artigo 60, parágrafo 4º, são vetadas as propostas tendentes a abolir as cláusulas pétreas, e a CF/88 prevê quatro cláusulas pétreas: a forma federativa de Estado, o voto (direto, secreto, universal e periódico), separação de poderes e direitos e garantias individuais. Quanto à cláusula pétrea de direitos e garantias individuais foram formadas duas correntes: a primeira corrente diz que a CF deve ser interpretada de forma literal, Savigny diz que é possível interpretar a partir dos sentidos das palavras, a consequência dessa tese é que somente os direitos e garantias individuais seriam cláusulas pretas, a segunda corrente integra uma interpretação sistemática, a preocupação não é só com palavras, mas também com o conjunto, porque não faria sentido apelidar a CF/88 de Constituição cidadã e não haver uma preocupação com o conjunto, com essa segunda corrente pode ser feita uma releitura do termo “direitos e garantias individuais” torna-se direitos e garantias fundamentais. Direitos e garantias fundamentais literalmente não é cláusula pétrea, mas sistemática sim.
“Princípios sensíveis”: É prevista na Constituição, mas o termo está implícito. 
No artigo 34, VII, “assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) dignidade da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido de receita de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde” - existe uma preocupação com a intervenção federal, mas o foco é na dignidade da pessoa humana, a nossa Constituição Federal trouxe para os direitos fundamentais uma importância tão grande que representa um dos princípios sensíveis de tal modo que o desrespeito aos direitos da pessoa humana pode levar a uma intervenção federal. Essa nomenclatura foi consagrada há muitos anos por um autor chamado Pontes de Miranda. 
No Brasil temos uma ação toda voltada para garantia desses princípios sensíveis, Ação de Inconstitucionalidade Interventiva (ADI Interventiva), outros chamam de representação interventiva, só existe uma autoridade que pode propor essa ação que é o Procurador Geral da República (ajuíza a ação) perante o Supremo Tribunal Federal (julga a ação), se for julgada procedente requisita ao presidente da república que decrete a intervenção federal. Temos como exemplo a IF 114, Chacina do Matupá, no começo dos anos 90, onde a população queria fazer justiça com as próprias mãos com três sequestradores, o que chamamos no Direito penal de exercício arbitrário das próprias razões, todos os três forammortos sendo que dois deles foram queimados em praça pública, o Procurador Geral da República propôs uma ação de intervenção federal ao estado de Mato Grosso, retirar temporariamente a autonomia política onde o presidente da república nomeia um interventor e retirado a governadora ou o governador do estado, a ação chegou ao STF e julga o pedido improcedente por considerar que é um caso isolado.
SEGUNDA PROVA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS
PROFESSOR: GABRIEL MARQUES
DIREITOS EM ESPÉCIE (análise do artigo 5º): 
78 incisos + 4 parágrafos
Etapa I: principais direitos do artigo 5º
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)
DIREITO À VIDA:
Em termos legais a morte se dá com a morte encefálica, existe uma lei brasileira que trata desse assunto embora ocorram divergências/debates quanto a isso, a morte cerebral seria autorizadora do processo de doação de órgãos, atestada por médicos. Ocorreu um debate no STF que a vida teria início em termos de proteção jurídica quando houver a formação cerebral, contudo, existem vários critérios possíveis que envolvem questões jurídicas, filosóficas e religiosas. 
O STF diz que haveria um paralelismo entre o início da vida e o término na vida quando se trata de aborto de feto anencéfalo, que envolve inúmeras pesquisas, além de ser uma questão que envolve o âmbito jurídico e religioso.
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante – traz uma impossibilidade de tortura e tratamento desumano ou degradante, sendo que a tortura no Brasil é um crime. Alguns autores já chegaram a cogitar que essa seria talvez a única proibição absoluta, mesmo a vida seria um direito relativizado, como, por exemplo, o aborto, sendo que a regra geral é que os direitos são relativos.
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem – a grande preocupação é com a honra das pessoas gerando, portanto, vários tipos de indenização, somado com o X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 
Teoria dos círculos concêntricos - teoria de inspiração germânica e alguns autores brasileiros acolhem para que seja percebido o grau de violação à intimidade, podem ser visualizada e aplicada tanto no inciso V quanto no inciso X. Existem três círculos que podem ser: haveria um círculo maior que seria garantidor de nossa privacidade (lato sensu), haveria, também, um círculo chamado de círculo da intimidade, que se encontra dentro do círculo da privacidade, e dentro do circulo intimidade haveria o círculo do segredo, que seria um círculo restrito. As violações são distintas. Quanto mais restrito for o círculo maior a violação, e consequentemente maior a indenização a ser aplicada. 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial - a análise desse artigo será dividida em duas partes: a primeira parte é centrada na palavra casa, o primeiro raciocínio é garantir a residência, mas o termo “casa” não é protetor apenas da residência, protege tanto residência quanto local de trabalho, ao longo dos anos firmou-se jurisprudencialmente esse sentido, não ocorrendo da noite para o dia, a palavra literal foi mantida, mas o sentido foi alterado, doutrinariamente é um caso clássico de mutação constitucional; a segunda parte está centrada na análise do termo inviolabilidade de domicilio no Brasil, a primeira hipótese de ingresso no domicílio é o consentimento, além deste existem quatro casos em que é possível ingressar no domicílio mesmo sem consentimento do morador: flagrante e delito, desastre, prestação de socorro ou durante o dia por ordem judicial.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX – O Brasil já assumiu compromissos internacionais com relação a pena de morte, a não ampliar casos de pena de morte no futuro, nem mesmo em uma nova Constituição, o que remete a disciplina de Constitucional I, que abre um debate quanto ao tema de que não há limites ao poder originário.
b) de caráter perpétuo; - O Brasil faz parte da jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI), regido pelo Estatuto de Roma que permite a prisão perpétua em alguns casos, em contradição com a CF/88 que proíbe a aplicação de pena de caráter perpétuo.
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.
Beccaria influenciou a CF/88 nesse sentido, no passado era muito comum penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados e cruéis, onde pessoas, por exemplo, eram queimadas em praça pública. A intenção é a humanização das penas.
DIREITO À LIBERDADE:
Envolve todo o âmbito do direito civil e seu conceito/princípio chave é autonomia privada. Os particulares possuem liberdade para agir conforme sua vontade desde que não vá de encontro com o que está na lei.
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei – é o principal inciso que rege a autonomia privada.
Liberdade religiosa:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias – o Estado protege tanto aquele que acredita em algo como aquele que não acredita em nada, e todo e qualquer indivíduo é livre para acreditar ou não acreditar naquilo que é mais cabível e confortável.
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei – chamada de escusa de consciência, alguns autores denominam de objeção de consciência. O serviço militar é o grande exemplo, obrigações legais imposto a todos não se harmonizam com algumas religiões, por isso, a CF/88 por meio deste inciso para garantir o Estado laico permite que alguns indivíduos podem não cumprir uma obrigação imposta a todos, contudo, as Forças Armadas são obrigadas legalmente a substituir o serviço militar por algum outro serviço alternativo, como por exemplo alguma atividade filantrópica. 
Não sendo permitido que o indivíduo recuse o serviço alternativo, já que sua religião não coaduna com o serviço obrigatório. Como consequência de um não cumprimento temos o seguinte artigo: Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º.
Liberdade profissional:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer – o foco é na liberdade de trabalho, ofício ou profissão, dado que vários fatores influenciam isso, como por exemplo, o vestibular onde o indivíduo é livre para escolher seu curso. É o grande exemplo histórico de uma norma de eficácia contível, alguns chamam de norma de eficácia contida, a nossa CF/88 garante o exercício do direito, mas uma lei pode restringir eventualmente esse direto, o exemplo clássico é o exame da OAB. 
Liberdade de reunião:
 XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente – a nossa CF/88 registra o caráter pacífico da reunião, desde que não ocorra simultaneamente com outra reunião para evitar “bagunça”; não se fala em autorização, mas sim em aviso, a razão de ser desseprévio aviso é para garantir a harmonizar e a organização da autoridade. Um caso específico chegou ao STF, que seria a Marcha da Maconha e foi considerada constitucional, pelo fato de atender a liberdade de expressão, de pensamento e reunião, contudo com a ausência de consumo, para que não ocorra uma suposta apologia ao crime.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei – as pessoas podem ser presa em dois casos: flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciário competente. Qualquer do povo pode prender outrem em flagrante, diz o nosso Código Penal.
DIREITO DE IGUALDADE:
A nossa Constituição agrega a Igualdade formal e igualdade material.
A igualdade formal é a noção mais básica, que significa tratar de forma indistinta todos. Conforme o art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade – o nosso caput trata duas vezes sobre a igualdade.
A igualdade material é justamente o tratamento desigual, é porque caso não seja feito isso estará sendo perpetuada a desigualdade, conforme a frase de Aristóteles: “tratar  desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade”. 
 I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. O que não quer dizer que não ocorram desigualdades, como por exemplo, a própria Constituição favorece a mulher com uma idade menor do que a do homem quando diz respeito a aposentadoria, baseada na igualdade formal, sendo que, também é baseado no contexto histórico na dupla jornada da mulher. Possuindo outros dois exemplos: o serviço militar obrigatório é excepcional para mulheres e eclesiásticos, e a licença maternidade.
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei – artigo centrado na igualdade racial, para promover uma diminuição da desigualdade, o crime não é sujeito à fiança e a passagem do tempo não torna impossível a punição. 
Existe no Brasil uma dificuldade que é a distinção entre racismo e injúria racial, quando se fala em injúria racial seria uma ofensa individual enquanto o racismo seria uma ofensa coletiva. Inclusive, o Brasil já foi censura no âmbito internacional devido a essa distinção.
Obs¹: O STF acolheu jurisprundecialmente a tese de racismo contra judeus.
Obs²: Temos outro crime inafiançável, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. Só existem dois crimes inafiançáveis, previsto no artigo XLII e XLIV da CF/88. 
Obs³: XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem – possui um tratamento menos rigoroso.
DIREITO À SEGURANÇA:
Quando se pensa em segurança em nosso país é pensado em dois tipos de segurança: segurança pública, que seria um combate à violência, e a segurança jurídica.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Com esses artigos é perceptível a preocupação com a segurança pública e o combate a criminalidade.
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada – a segurança jurídica é a preocupação comum a essas três situações. 
 O direito adquirido é quando alguém já possui os requisitos necessários para o exercício do direito e uma lei que venha a surgir não pode restringir esse direito, porque possui uma confiança legítima no exercício daquele direito, confiança essa que não pode ser prejudicada por uma lei. 
Ato jurídico perfeito: já cumpriu todas as etapas necessárias para sua execução, consequentemente, é semelhante ao direito adquirido. 
Coisa julgada: é uma decisão da qual não caiba mais recurso.
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Principio da inafastabilidade da jurisdição, isso vale para a segurança e para todos os outros direitos. Havia uma época em que ocorreu o inverso, especificamente em 13 de dezembro de 1968, AI-5, os atos praticados previstos nesse ato institucional não permitiam apreciação judicial. 
DIREITO À PROPRIEDADE:
A CF/88 sempre que fala da propriedade associa a função social, registra ser o Brasil um país capitalismo, mas é um capitalismo que deve ser restringido por essa função social, não se tornando um capitalismo desenfreado. Sendo possível sua visualização no art. 1º, IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social.
A CF/88 diz que função social, de modo geral, seria aproveitamento da propriedade. Se o órgão público não achar que esta função social não esteja sendo cumprida pode ser feita a desapropriação.
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.
A nossa Constituição também protege a propriedade intelectual, por um tempo determinado até que a obra ingresse ao domínio público.
AÇÕES CONSTITUCIONAIS (alguns denominam de remédios constitucionais):
HABEAS CORPUS:
Contexto histórico: A grande preocupação é a garantia da liberdade de locomoção, surgindo no ambiente da Inglaterra denominado de Habeas corpus act em conjunto com a Magna Carta, Petition of Rights e Bill of rights. Chega ao Brasil com a Constituição de 1891, vinculava o habeas corpus com a garantia de direito e não apenas a liberdade de locomoção, sendo construída uma teoria chamada de teoria brasileira do habeas corpus, que defendia o uso expansivo do habeas corpus, essa teoria finda em 1926. O habeas corpus volta a ter o mesmo sentido que o sentido inglês, tratando sobre liberdade de locomoção. 
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Existem dois tipos habeas corpus no Brasil: preventivo e o repressivo. No preventivo a pessoa presume uma ameaça a sua liberdade de locomoção e no repressivo a liberdade já foi restringida.
Se uma autoridade desrespeita um ato vinculado está praticando uma ilegalidade, e se desrespeita o ato discricionário está praticando um abuso de poder.
É uma ação gratuita, não existem custas processuais, pode ser usada sem advogado (a), apesar de ser um indivíduo indispensável, extremamente informal e é a ação que possui uma maior prioridade.
Concessão de ofício: é quando a própria autoridade judicial concede (de ofício) o habeas corpus.
Plantão judiciário: incluem finais de semana e feriados, funciona fora do horário para recepcionar causas urgentes, como por exemplo, a impetração de habeas corpus.
MANDADO DE SEGURANÇA (MS):
Contexto histórico: Foi uma criação de 1934. Foi justamente o fim da teoria brasileira do habeas corpus que deixou um sentimento de incompletude. No passado era protegido via habeas corpus qualquer violação aos direitos, contudo em 1926 somente os direitos de locomoção passaram a ser protegido, após 8 anos foi elaboradoo MS, justamente para tentar superar o término da teoria brasileira. 
 LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
É retrato também na lei 12016/09.
Direito líquido e certo é aquele que é provado documental. Alguns autores dizem que independe de dilação probatória, é uma expressão técnica, em outras palavras não se pode necessitar de provas complexas. 
Atos administrativos vinculados podem gerar um desrespeito a legalidade, como por outro lado atos administrativos discricionários podem gerar uma situação de abuso de poder.
Ex: o caso clássico da impetração do mandado de segurança é o desrespeito a ordem de nomeação em concurso público.
É possível combater atos de alguns particulares desde que esses particulares exerçam algum tipo de função pública. O grande exemplo é o dirigente de uma escola particular, é equiparado a um agente público. 
O prazo para a impetração do mandado de segurança é de 120 dias contados a partir do conhecimento da lesão, ultrapassando esse prazo outra ação deverá ser utilizada que não o MS.
MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO:
É uma criação da CF/88, trazido no art. 5º, inciso LXX, além de ter previsão na lei 12016/09. 
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
 a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
A grande diferença entre o MS individual e o MS coletivo é o polo ativo, ou seja, em quem tem o direito de propor essa ação, no MS coletivo existem quatro possibilidades: partido político com representação no Congresso Nacional, organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída em funcionamento há pelo menos um ano.
O mandado de segurança coletivo tem uma preocupação com direitos de grupos, categorias, classes, trata de direitos que são de natureza transindividual.
É exigido o funcionamento de pelo menos um ano para as associações para que não sejam criadas de forma excessiva com o intuito exclusivo de impetrar MS coletivo.
Tem como uma de suas funções a simplificação, ao invés de 100 alunos impetrarem cada um deles um MS, pode ser impetrado somente um mandado de segurança coletivo por uma associação dos alunos da Faculdade Baiana de Direito.
MANDADO DE INJUNÇÃO:
Originado da Constituição Federal de 1988.
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 
A falta da norma regulamentadora embora exista um desejo de que fosse criada, mas não foi criada e a sua ausência prejudica um direito, liberdade constitucional ou uma prerrogativa de nacionalidade, soberania e cidadania.
Apesar de não estar explicito na CF/88 existe mandado de injunção individual e mandado de injunção coletivo, diferentemente do mandado de segurança que está explicito na Constituição Federal. 
Até 2007 o STF adotava uma tese que era não concretista, ou seja, notificava aos órgãos sua omissão sobre determinada matéria. A partir 2007, adotou o meio concretista, ou seja, concretiza o direito por meio de analogia, como por exemplo, a existência de lei de greve para o serviço privado e adaptou para o serviço público. 
Tem uma ligação direta com as normas constitucionais de eficácia limitada devido a uma dependência do legislador, porque é a própria CF/88 que projeta a responsabilidade do legislador.
HABEAS DATA:
É uma ação institucional que foi originada na CF/88 a partir de um contexto ditatorial, possui uma ligação direta com a ditadura militar, porque a grande preocupação do habeas data é a garantia do acesso à informação. Na época da ditadura muitas pessoas eram fichadas em órgãos policiais sem seu conhecimento e não existia uma ideia concretizada do que constava nesses arquivos, então foi pensado um instrumento para garantir o acesso a informações que estejam no cadastro ou no banco de dados governamental e/ou de caráter público. É uma ação gratuita.
LXXII - conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
O instituto do habeas data foi pensado para que a própria pessoa o impetre e não outra pessoa, mas com a contratação de um advogado, no campo jurídico isso tem um termo denominado de obrigação de natureza personalíssima, ninguém pode substituir o impetrante, apenas ele é que pode impetrar determinada ação, neste caso o habeas data. Jurisprudencialmente uma ressalva, familiares de um falecido impetraram um habeas datas pra obter informações.
Lei 9507/07 – Art. 7° Conceder-se-á habeas data:
I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público; Caráter público significa uma informação que seja passível de transmissão a terceiros e que não seja de uso privativo da entidade. Art. 1ª Parágrafo único. Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações.
O Código de Defesa do Consumidor diz que Serviços de proteção ao crédito possui caráter público. Pode ser usado o habeas data para consultar informações desse banco de dados.
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.
Caso haja recusa expressa ou a administração foi provocada e ficou em silêncio, pode ser impetrado o habeas data, conforme o artigo 8º.
Art. 8º. Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.
O artigo 8º tem uma razão de ser que é denominada em IED Processual de “interesse de agir”.
Alguns autores acham que o artigo 8º da Lei 9507/97 entraria em choque com o artigo 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 
AÇÃO POPULAR:
A ação popular não se confunde com a iniciativa popular. Na iniciativa popular é encontrado um “grande abaixo assinado” por parte do eleitorado nacional para que haja apresentação de um projeto de lei ordinário ou completar, que deve conter 1% de todo o eleitorado nacional dividido em pelo menos 5 estados com não menos que 0.3% do eleitorado de cada um deles.
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Deve ser proposto por qualquer nacional que se encontre no gozo dos direitos políticos, podendo ser o nacional, dividido em duas categorias, nato ou naturalizado. Sendo que nenhum estrangeiro pode propor ação popular, assim como a pessoa jurídica também não pode.
É possível que ocorraprivação dos direitos políticos, não sendo possível propor ação popular, como, por exemplo, as situações previstas no art. 15: “É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos”. 
O autor da ação comprova sua cidadania com o título de eleitor ou algum documento equivalente, conforme previsto no artigo 1º, § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda. A ação popular pode ser proposta por maiores de 16 e menor de 18 anos. 
Os cidadãos maiores de 16 e menores de 18 necessitam de assistência para propor a ação popular?
>>Existe uma divisão doutrinária. Uma parte da doutrina diz que não é necessária a assistência pelo fato de ser comprovada a cidadania por meio do título do eleitor, logo, é suficiente para demonstrar a capacidade para propor a ação popular. Enquanto que, outra parte da doutrina diz que mesmo o autor popular que possua mais de 16 e menos de 18 não foge das regras do Direito civil, aplica-se também no processo da ação popular.
Quais são os objetos que podem ser defendidos pelo autor popular? O autor popular pode se valer da ação popular para defender:
PATRIMÔNIO PÚBLICO
PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL
MEIO AMBIENTE
MORALIDADE ADMINISTRATIVA
Esses quatro objetivos possuem algo em comum, todos eles nos levam ao passado quando tratávamos do assunto “Gerações dos direitos fundamentais”, criada por Karel Vasak em 1979, recortando o assunto na terceira geração que trata e se preocupada com os direitos transindividuais associados aos direitos de fraternidade, mais especificamente com os direitos difusos (abrange o todo) e coletivos (abrange os subgrupos). O autor popular atua em prol da coletividade, porque pretende defender um dos quatro objetos passíveis de proteção por meio da ação popular, particularmente existe uma ligação com os direitos transindividuais, onde o autor popular tem a intenção de anular um ato lesivo que pode ter prejudicado os objetos (patrimônio público, patrimônio histórico-cultural, meio ambiente ou moralidade administrativa).
EXEMPLO: Caso ocorra um acidente que lese a Baía de Todos os Santos, por meio da irresponsabilidade de uma empresa e omissão ou corrupção do poder público é possível propor uma ação popular para que ocorra uma indenização essa situação e seja revertida para um ente filantrópico.
EXEMPLO: O prefeito de Tabocas do Brejo Velho nomeou toda a sua família para exercer cargos públicos, um exemplo de lesão a moralidade administrativa, um cidadão pode entrar com uma ação popular para reverter essa lesão ao bem jurídico.
A CF/88 consagra dois benefícios do autor popular de boa fé, ficando o autor isento das custas e o do ônus da sucumbência, salvo comprada má-fé. A ação popular não é naturalmente gratuita, possui isenção de custas que é ligeiramente diferente, contudo, o autor popular de má-fé, será obrigado a pagar o decuplo (10 vezes o valor) das custas judiciais. 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA:
Art. 129. III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. 
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
Podem propor a ação civil pública: Ministério Público, Defensoria Pública, os entes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), entes de administração indireta (autarquia, fundação, empresa pública e sociedade de economia de mista) e as associações, precisando provar dois requisitos, prévia constituição de pelo menos 1 ano e deve mostrar que a sua finalidade se harmoniza com o objeto da ação civil pública proposta.
Lei 7347/85. Art. 5 § 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. 
	Art. 1º  Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística;
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;
VIII – ao patrimônio público e social.
A ação civil pública foi pensada para o inciso IV. É um rol exemplificativo, porque a expressão “qualquer” permite uma ampla interpretação, além dos objetos citados nos incisos.
Comparação entre ação popular e ação civil pública: A própria legislação em seu artigo 1, prevê ao falar “sem prejuízo da ação popular” já demonstra uma suave semelhança entre elas. A ação civil pública possui oito objetos de proteção, enquanto a ação popular possui quatro objetos, com alguns objetos convergentes.
Parágrafo único.  Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados.
Qual é a razão de ser para estes casos não permitem a propositura de uma ação civil pública? É uma medida de contenção/proteção do próprio Estado. 
Análise final do artigo 5º:
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Essa regra constitucional entra em choque com uma teoria da eficácia das normas constitucionais elaborada por José Afonso da Silva, que a doutrina aceita majoritariamente, existindo três categorias: eficácia plena, eficácia contida e eficácia limitada. A categoria de eficácia plena e contida já existe o conhecimento prévio que a aplicação delas é imediata. Essa última categoria é a mais problemática e menos desejada com relação à aplicação imediata dos direitos e garantias fundamentais previsto na CF/88, porque necessita de outra lei para ser aplicada, a exemplo da possibilidade de greve do servidor público previsto na Constituição, mas que ainda não foi elaborada uma lei para tratar da matéria. Em suma, alguns direitos no Brasil só podem ser exercidos com plenitude quando existir uma lei que o regulamente, o que acaba fragilizando a normatividade.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
O § 2º deixa claro que o nosso rol de direitos fundamentais mesmo já sendo tão plural é um rol exemplificativo, já que se quer proteger o máximo de direitos fundamentais. Em latim é denominado de rol numerus apertus que é o oposto de numerus clausus (rol taxativo). 
Usualmente é aferida a proporcionalidade que não tem previsão constitucional e que deriva do devido processo legal, este tem previsão na CF/88. 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Não é qualquer tratado, e sim os tratados que versam sobre direitos humanos procedimento de incorporação serão equivalentes às emendas constitucionais. 
O único tratado que foi aprovado por meio desse procedimento foi o Protocolo de Nova Iorque.
Caso não seja aprovado nesses termos torna-se um tratado e/ou convenção de natureza supralegal (abaixo da Constituição e acima de outras leis) com eficácia paralisante (paralisa a eficácia de leis contrárias a esses tratados). Sendo o mais famoso o Pacto de São José da Costa Rica.
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
Uma organização internacional regido

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