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PORTFÓLIO PTE I

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UFRGS
Faculdade de Direito
Departamento de Direito Público e Filosofia do Direito
Disciplina de Política e Teoria do Estado I
PORTFÓLIO 
GUSTAVO SANTOS SILVA
TURMA C
00275145
PORTO ALEGRE
Julho de 2016
SUMÁRIO
1. DA DISCPLINA...................................................................3
1.1 A CIÊNCIA politica...............................................................3 
1.1.1. A Política como ramo do conhecimento: três fases..............3 
1.1.2 Posição curricular da Ciência Política no Brasil e no RS........3
1.1.3 Objeto (material e formal) da Ciência Política.......................4
1.2 A TEORIA GERAL DO ESTADO............................................4
1.2.1 Gênese histórica da Teoria Geral do Estado (TGE)................4
1.2.2 Introdução do livro “Elementos de Teoria Geral do Estado” de Dalmo Dallari..........................................................................4
1.2.3. Posição curricular da TGE no Brasil e no RS.......................6
1.2.4. Objeto (material e formal) da Teoria Geral do Estado...........6
1.2.5. A combinação: a disciplina Política e Teoria do Estado (PTE).....................................................................................7
1.2.6. Gênese histórica e denominação da disciplina PTE...............7
1.2.7. Posição curricular no Brasil e no RS..................................7
1.2.8. Objeto (material e formal) da PTE.......................................7
2. PESQUISAS SOLICITADAS..................................................8
2.1 CONCEITOS DE ESTADO..................................................8 
2.1.1. Dalmo De Abreu Dallari...................................................8
2.1.2 Visâo Uni, Bi E Triidimensional...........................................9
2.1.3. Visão pentadimensional..................................................10
2.1.4 Estado geral...........................................................................11
2.1.5 Darcy Azambuja.............................................................11
2.2. PORTARIA Nº 1886..............................................................12
2.3. DECRETO-LEI Nº 2639.................................... ...............15
2.4. APSA e IPSA..................................................................17
3. ANOTAÇÕES DE AULA........................................................18
4. FICHAMENTOS REQUERIDOS...........................................28
4.1 MENEZES, Aderson de. Teoria Geral do Estado. Capítulo IV, Evolução Histórica do Estado...................................................28
4.2. ARISTÓTELES – ÉTICA A NICOMACO, LIVRO V•..............30
4.3. ELLWEIN, Thomas. Federalismo e Autonomia Administrativa: Unidade para fora, diversidade para dentro................................33
4.4. CONSTANT, Benjamin. Da Liberdade dos Antigos comparada à dos Modernos........................................................................34
4.4. CONSTANT, Benjamin. Da Liberdade dos Antigos comparada à dos Modernos.........................................................................34
4.6. SOUZA JUNIOR, Cezar Saldanha. Tribunal Constitucional como Poder..........................................................................36
5. NOTICIAS RELACIONADA..................................................47
6. ANEXOS...........................................................................51
1. DA DISCIPLINA
1.1 A CIÊNCIA POLITICA
1.1.1 A Política como ramo do conhecimento: três fases.
 Primeira Fase (384 a.C.): no estudo de Aristóteles, não havia a Ciência Política propriamente dita; ela era um elemento estudado juntamente com a Filosofia Política e a Sociologia sob a denominação de filosofia do poder — kratos. Essa filosofia estudava a indução — epagoge — que levava à criação de leis sábias — phronesis — e à realização de atos justos na polis no âmbito da esfera privada (idion), que era composta de mulheres, escravos, crianças, estrangeiros, e da pública (koinon), que compreendia a participação dos cidadãos (homens livres que atendiam aos requisitos) na ecclesia e na ágora. 
 Segunda Fase (século XIX): o filósofo francês Auguste Comte emancipa, como ramo do conhecimento, a Sociologia da Ciência Política. Comte inova ao propor a ideia de consensus: a política como arte de construir consenso, de unir e aceitar posições divergentes, ao invés do mero uso da força bruta. O estudo da Sociologia ingressa no Brasil na passagem do Império para a República.
 Terceira Fase (século XX): Os Estados Unidos, em meio aos períodos turbulentos da primeira metade do século XX, empenharam-se nos estudos políticos e, definitivamente, emanciparam a Ciência Política como ramo do conhecimento. Nesse contexto, surgiram organizações de pesquisa política ao redor do mundo, como a APSA e a IPSA, responsáveis pela disseminação e asserção da Ciência Política nos meios acadêmicos e na sociedade. 
1.1.2 Posição curricular da Ciência Política no Brasil e no RS
	No Brasil, a Ciência Política ingressou no ano de 1945, em meio a um processo confuso e desuniforme descrito por Darcy Azambuja: “A Ciência Política, dentro e fora das universidades, onde em umas poucas conseguiu ser disciplina autônoma, desperta uma natural perplexidade. Quanto ao objeto, ao conteúdo e à finalidade, mesmo entre os especialistas, não se conseguiu ainda um acordo definitivo, e para muitos permanece mais ou menos incógnita”.
1.1.3 Objeto (material e formal) da Ciência Política
O objeto formal de uma ciência é a perspectiva sob a qual a matéria é pesquisada — implica a visão plena, sem a qual não se determina ponto no espaço — e distingue uma ciência da outra. Já o objeto material é o segmento da realidade objetiva que interessa ao pesquisar; o objeto material não define ciência, pois pode ser analisado por várias outras ciências.
Assim, a Ciência Política é o ramo do conhecimento que estuda a sociedade — objeto material — pelas suas relações de poder — objeto formal.
1.2 A TEORIA GERAL DO ESTADO
1.2.1 Gênese histórica da Teoria Geral do Estado (TGE)
A Teoria Geral do Estado é uma ciência que apareceu na Alemanha, na metade do século XIX, durante um período em que prevaleceram os ensejos e anseios unificadores de uma Alemanha politicamente fragmentada em dezenas de pequenos Estados. Nesse contexto de unificação — e pela falta de um centro político que pudesse centralizar a nação germânica —, os acadêmicos lançaram-se ao desafio de elaborar teorias de sistematização jurídica dos fenômenos políticos, para facilitar o processo de unificação da colcha de retalhos que era a Alemanha.
Dentre os eminentes estudiosos que realizaram essa tarefa, faz-se mister citar o jurista Johann Kaspar Bluntschli e o filósofo Georg Jellinek. De acordo com Dalmo de Abreu Dallari, em sua obra “Elementos de Teoria Geral do Estado”, é a Jellinek que se deve “a criação de uma Teoria Geral do Estado, como disciplina autônoma, tendo por objeto o conhecimento do Estado”.
1.2.2 Introdução do livro “Elementos de Teoria Geral do Estado” de Dalmo Dallari.
Dallari, em sua obra, afirma que é necessário o conhecimento das instituições, para que não se aja como um autômato que não sabe como a sociedade está organizada e o papel que desempenha nela. Também se faz mister saber como os problemas sociais devem ser conhecidos e resolvidos, para que não se apliquem as ideias de modo simplista, de modo a não levar em consideração a realidade social. Além disso, o estudo da Teoria Geral do Estado não deve ser feito, apenas, de um ponto de vista jurídico, mas, sim, deve-se adotar uma postura multidisciplinar. Segundo o autor, a Teoria Geral do Estado analisa o Estado em sua totalidade.	
Segundo Dallari, quanto à noção da matéria, a Teoria Geral do Estado é uma disciplina de síntese, que “sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamentodo Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça”. 
A disciplina é nova, surgida nos fins do século XIX, apesar de já haver estudos no âmbito da Teoria Geral do Estado desde os tempos de Platão e Aristóteles, mas sem o rigor das concepções científicas modernas. Na Idade Média, muitos dos escritos de Santo Agostinho e Santos Tomás de Aquino também tentavam justificar a ordem existente. Maquiavel, Hobbes, Locke, Montesquieu e Rousseau foram outros importantes filósofos sobre o assunto.
Já no século XIX, na Alemanha, ocorre um esforço de “sistematização jurídica dos fenômenos políticos”, através das obras de, principalmente, Georg Jellinek, a quem se deve a criação de uma Teoria Geral do Estado como disciplina autônoma.
Para Dallari, é indispensável para a formação do jurista atual o estudo da Teoria Geral do Estado com Ciência Política, pois, segundo Neil MacCormick, “o Estado é de interesse central para a política, sendo ele próprio um locus para o exercício do poder, um produtor de decisões e a comunidade política primária para muitos seres humanos, no mundo contemporâneo”.
Sucintamente, o objeto da Teoria Geral do Estado é o estudo do Estado sob todos os aspectos, considerando suas finalidades, seu funcionamento, sua origem e organização, compreendendo-se no seu escopo tudo o que exista no Estado e influa sobre ele. Ainda, segundo Dallari, a Teoria Geral do Estado “sempre o considera na totalidade de seus aspectos, apreciando-o como um conjunto de fatos integrados numa ordem e ligados a fundamentos e fins, em permanente movimento”.
Portanto, com essa multiplicidade de aspectos a serem considerados, existe uma impossibilidade de se adotar um método único para a disciplina. Dallari diz que o método mais adequado deve ser escolhido conforme o ângulo da análise. Independentemente do método escolhido, os resultados da análise devem ser integrados numa síntese, havendo a possibilidade de que “de uma lei geral, obtida por indução, tirem-se deduções que irão explicar outros fenômenos”. Haverá, assim, uma associação de métodos, do mesmo modo que os próprios fenômenos sofrem interação causal, já que “a vida social está sempre submetida a um processo dialético, o que faz da realidade social uma permanente criação”.
1.2.3. Posição curricular da TGE no Brasil e no RS
	A disciplina Teoria Geral do Estado, no Brasil, passa a existir de forma autônoma a partir do decreto-lei 2963/1940, que desmembra a disciplina Direito Público e Constitucional naquela e em Direito Constitucional. Especula-se que o motivo dessa fragmentação teria sido a pesada desaprovação da Constituição de 1937 outorgada por Getúlio Vargas, por conter inspirações fascistas das cartas italiana e polonesa. Com essa medida, os catedráticos de Direito Público e Constitucional lecionam apenas Teoria Geral do Estado, e Vargas passa a nomear diretamente — sem concurso público — os professores de sua confiança para ministrar Direito Constitucional, evitando, assim, a crítica acadêmica de sua Carta Magna.
	No Rio Grande do Sul, o primeiro professor de Teoria Geral do Estado na UFRGS foi Francisco Brochado; os juristas Darcy Azambuja e Cezar Saldanha também ministraram a disciplina.
1.2.4. Objeto (material e formal) da Teoria Geral do Estado
O objeto da TGE foi genialmente definido por Dalmo de Abreu Dallari, em sua obra “Elementos de Teoria Geral do Estado”, como sendo: “A Teoria Geral do Estado é uma disciplina de síntese que sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem que procura atingir os seus fins, com eficácia e com justiça”.
1.2.5. A combinação: a disciplina Política e Teoria do Estado (PTE).
1.2.6. Gênese histórica e denominação da disciplina PTE
Em 1994, a portaria 1886 do Ministério da Educação (MEC) fixa e altera certas características do Curso de Direito; une o ensino da Ciência Política ao ensino da Teoria Geral do Estado, o que resultou na disciplina Política e Teoria do Estado.
1.2.7. Posição curricular no Brasil e no RS
Com a decisão do governo federal de 1994, o ensino da Teoria Geral do Estado integrou-se ao ensino da Ciência Política. De acordo com Dallari, a “questão do relacionamento da Teoria Geral do Estado com a Ciência Política é de interesse mais acadêmico do que prático”, pois, segundo ele, há casos de mestres consagrados de Teoria Geral do Estado que publicaram obras de Ciência Política, como o professor gaúcho Darcy Azambuja. No livro “A Política como Vocação”, Max Weber conceitua a política como “o conjunto de esforços feitos com vista a participar do poder ou a influenciar a divisão do poder, seja entre Estados seja no interior de um único Estado”. Esses fatores demonstram que não há como se desenvolver pesquisas de Ciência Política sem levar em conta o Estado.
1.2.8. Objeto (material e formal) da PTE
Com as mudanças instituídas pelo Ministério da Educação, o objeto da nova disciplina Política e Teoria do Estado passam a ter objeto material e formal sob duas perspectivas: aquela da Teoria Geral do Estado e aquela da Ciência Política, ambas possuindo diversos pontos de convergência. O professor escocês Neil MacCormick, em seu livro “Theories and Concepts of Politics”, faz a observação de que “o Estado é de interesse central para a política, sendo ele próprio um locus para o exercício do poder, um produtor de decisões e a comunidade política primária para muitos seres humanos, no mundo contemporâneo”. 
2. PESQUISAS SOLICITADAS
2.1 CONCEITOS DE ESTADO 
2.1.1. Dalmo De Abreu Dallari
Em ''Elementos de Teoria Geral do Estado'' (segunda edição, 1998, editora Saraiva) de Dalmo de Abreu Dallari coloca-se em discussão a existência de dois possíveis caminhos para a definição de Estado: a partir da noção de força ou dando ênfase a natureza jurídica. Esta última foi priorizada por Hans Kelsen, que carece de elementos não jurídicos, sendo, assim, considerada por Dallari, incompleta. A preocupação em priorizar a noção jurídica teve início com Gerber, que buscava inmplantar o Estado unicamente como uma pessoa jurídica, fixada por Jellinek. Segundo Dallari, o primeiro caminho para a definição, a partir de elementos ligados a força como já citado anteriormente, também tem a preocupação com as características jurídicas, mas, segundo o próprio autor: ''... O Estado é visto, antes de mais nada, como força que se põe a si própria e que, por suas próprias virtudes, busca a disciplina jurídica.''
Autores como Duguit e Heller seguem essa orientação. O primeiro conceitua o Estado a partir de uma definição de que é ''uma força material irresistível'', mas, ao contrário da definição de Hobbes citada acima, tem como limitação o direito. Já Heller, caracteriza o Estado como uma ''unidade de dominação'', que age utilizando seu poder e depende de cada pessoa e território. Enfim, Dallari conclui que o Estado é uma '' ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território''. Essa definição resume todos os fatores que compõem o Estado: o sentido de poder, a relação existente entre Estado e direito e a importante questão da nacionalidade que o Estado proporciona que é a sensação pessoal de pertencimento visto que, em um determinado território que possua uma forma arcaica ou moderna de Estado, haverá normas, leis ou costumes aos quais todos estarão igualmente subordinados.
2.1.2 VISÂO UNI, BI E TRIIDIMENSIONAL 
A visão unidimensional considera apenas as normas. Guido Gonella, Freund e Cabral de Moncada dizem que todo ser humano tem seis dimensões, que são política, ética, econômica, artística, religiosa, científica. Cada dessas dimensões possui suas próprias instituições: religião possui templos, economia possui bancos, ética possui leis etc. Silvio Romero consideraessas seis dimensões mais uma, a jurídica. A visão unidimensional de Estado é, normalmente, reducionista e totalitária; com essa visão, é possível que se caía num fundamentalismo, como Marx, que teve visão economicista do Estado (via apenas o capital). Já Kelsen reduzia o Estado ao Direito (juridicismo) e dizia que “uma norma só é norma porque encontrou fundamento de validade em outra norma” e que “a norma fundamental é o pressuposto lógico formal de onde todas as normas do ordenamento jurídico extraem a sua validade”. A norma fundamental, como pressuposto lógico, é superior à Constituição. Kelsen afirmou que “todas as normas do ordenamento jurídico são normas de criação e de execução, exceto duas: a norma fundamental (criação) e a portaria (execução)”.
 Já quanto à visão bidimensional, Jellinek diz que a norma fundamental deve ter aspecto teleológico e finalístico por buscar fim com conteúdo ontológico. Considera apenas os valores e as normas. 
Concebida por Miguel Reale, a visão tridimensional leva em consideração os fatos, os valores e as normas. Cada qual influencia os outros por causação circular cumulativa; há relação de interdependência, pois influenciam-se reciprocamente, e essa causação pode ser positiva ou negativa. A causação circular cumulativa negativa gera recessão, crise e falta de governabilidade. Vista essa possibilidade de causação negativa, deparamo-nos com o fato de que Reale não concebeu ideia lógica de como alterar esse sistema. Se essa negatividade ocorrer, o melhor fator para se alterar é as normas, porque uma sociedade não pode ser gerida por valores ou fatos, já que os valores são diversos e relativos demais; e os fatos podem ter desvalor. A norma é a maneira mais rápida e eficaz de mudar-se a sociedade e, se não houvesse normas, seríamos escravos de valores pessoais.
2.1.3. VISÃO PENTADIMENSIONAL
 
O Estado possui três projeções das quais partimos para conceitua-lo: FATO, VALOR E NORMA. O fato possui duas causas (que são intrínsecas ao ser, ou seja, o constituem): a material que afirma que o estado é feito de um povo (ou seja, uma sociedade) vivendo em determinado território. A causa material do Estado é desenvolvida pela teoria social, que o considera como um fenômeno social e é assim estudada por Sociologia, Geografia e Economia. A segunda causa, a formal, afirma que o estado é o que é a partir de sua morfologia, ou seja, a partir da delimitação da soberania (base física, delimitada por fronteiras, que estabelece até onde o poder coercitivo do Estado alcança) é desenvolvida a teoria política (constitui o Estado como organização política do poder) que é estudada pela Ciência política. As próximas projeções dizem respeito a causas extrínsecas ao ser humano. A segunda projeção, denominada valor, também é delimitada por duas causas. A primeira é a final, que fala sobre o objetivo (ou fim) do Estado: atingir o bem comum. A partir desse conceito, é desenvolvida a teoria teleológica, que conceitua o Estado como um meio e é aprofundada pela disciplina de Filosofia Política Ética. Já a causa eficiente afirma que o Estado nasce da natureza social humana (ou seja, trata de sua origem) e com isso, desenvolve-se a teoria justificativa, que trata do Estado como resultância e é considerada pelas disciplinas de História da Filosofia e Antropologia. A última projeção, denominada norma, possui apenas uma causa: a instrumental. Ela trata da metodologia do Estado, que acontece por meio de direito e leis (ou seja, a partir de uma disciplina jurídica) criando-se, assim, a teoria jurídica, que considera o Estado como ordenamento e é desenvolvida, obviamente, por todas as Ciências Jurídicas.
2.1.4 ESTADO GERAL
 O Estado, segundo grande parte das definições, tem o objetivo de visar o bem comum. Por ser um conceito marcado pela subjetividade de cada autor, este torna-se um aspecto discutível e, por isso, muito complexo. Thomas Hobbes, em O Leviatã (editora Coleção Fundamentos do Direito; segunda edição) define o Estado como uma ''unidade real de todos, numa só e mesma pessoa''. Hobbes, como defensor da monarquia, fala sobre o Estado estar centrado em apenas um indivíduo, que poderia usar de seu poder e sua força para visar o bem comum de uma determinada sociedade, assim, definindo a não limitação do poder do soberano: '' Pois graças a esta autoridade que lhe é dada por cada indivíduo no Estado, é-lhe conferido o uso de tamanho poder e força que o terror assim inspirado o torna capaz de conformar as vontades de todos eles, no sentido da paz em seu próprio país, e ela ajuda mútua contra os inimigos estrangeiros. É nele que consiste a essência do testado, a qual pode ser assim definida: Uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurara paz e a defesa comum. ''
2.1.5 DARCY AZAMBUJA
Azambuja Define o Estado com sendo uma sociedade. Essa se constitui essencialmente de um grupo de indivíduos unidos e organizados por um grande período de tempo, ou permanentemente a fim de realizar um objetivo em comum. O Estado é denominado como sociedade política, pois tem sua organização determinada por normas de Direito positivo. É hierarquizado na forma de governantes e governado e tem a finalidade de servir o bem público. Azambuja afirma ainda que, a adequação ao fim visado (servir o bem público) será tão perfeita quanto à organização da sociedade política. (AZAMBUJA, 1998). Ademais, o bem público diz respeito a um bem que ultrapassa o bem particular dos homens. Esse, “consiste em um regime de ordem, de coordenação, de esforços e Inter cooperação organizada” (AZAMBUJA, 1998).
2.2. PORTARIA Nº 1886
PORTARIA Nº 1.886, DE 30 DE DEZEMBRO DE 1994
Fixa as diretrizes curriculares e o conteúdo mínimo do curso jurídico.
O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, no uso das atribuições do Conselho Nacional de Educação, na forma do artigo 4º da Medida Provisória no 765, de 16 de dezembro de 1994, e considerando o que foi recomendado nos Seminários Regionais e Nacional de Cursos Jurídicos, e pela Comissão de Especialistas de Ensino de Direito, da SESu-MEC,
RESOLVE:
Art. 1º O curso jurídico será ministrado no mínimo de 3.300 horas de atividades, cuja integralização se fará em pelo menos cinco e no máximo oito anos letivos.
Art. 2º O curso noturno, que observará o mesmo padrão de desempenho e qualidade do curso no período diurno, terá um máximo diário de quatro horas de atividades didáticas.
Art. 3º O curso jurídico desenvolverá atividades de ensino, pesquisa e extensão, interligadas e obrigatórias, segundo programação e distribuição aprovadas pela própria Instituição de Ensino Superior, de forma a atender às necessidades de formação fundamental, sócio-política, técnico-jurídica e prática do bacharel em direito.
Art. 4º Independentemente do regime acadêmico que adotar o curso (seriado, créditos ou outro), serão destinados cinco a dez por cento de carga horária total para atividades complementares ajustadas entre o aluno e a direção ou coordenação do curso, incluindo pesquisa, extensão, seminários, simpósios, congressos, conferências, monitoria, iniciação científica e disciplinas não previstas no currículo pleno.
Art 5º Cada curso jurídico manterá um acervo bibliográfico atualizado de no mínimo dez mil volumes de obras jurídicas e de referência as matérias do curso, além de periódicos de jurisprudência, doutrina e legislação.
Art. 6º O conteúdo mínimo do curso jurídico, além do estágio, compreenderá as seguintes matérias, que podem estar contidas em uma ou mais disciplinas do currículo pleno de cada curso.
I — Fundamentais: Introdução ao Direito, Filosofia (geral e jurídica, ética geral e profissional), Sociologia (geral e jurídica), Economia e Ciência Política (com Teoria do Estado);
II — Profissionalizantes: Direito Constitucional, Direito Civil, Direito Administrativo,Direito Tributário, Direito Penal, Direito Processual Civil, Direito Processual Penal, Direito do Trabalho, Direito Comercial e Direito Internacional.
Parágrafo único. As demais matérias e novos direitos serão incluídos nas disciplinas em que se desdobrar o currículo pleno de cada curso, de acordo com suas peculiaridades e com observância de interdisciplinaridade.
Art. 7º A prática de educação física, com predominância desportiva, observará a legislação específica.
Art. 8º A prática de 4º ano, ou do período letivo correspondente, e observado o conteúdo mínimo previsto no art. 6º, poderá o curso concentrar-se em uma ou mais áreas de especialização, segundo suas vocações e demandas sociais e de mercado de trabalho.
Art. 9º Para conclusão do curso, será obrigatória apresentação e defesa de monografia final, perante banca examinadora, com tema e orientador escolhidos pelo aluno.
Art. 10. O estágio de prática jurídica, supervisionado pela instituição de ensino superior, será obrigatório e integrante do currículo pleno, em um total mínimo de 300 horas de atividades práticas simuladas e reais desenvolvidas pelo aluno sob controle e orientação do núcleo correspondente.
§ 1º o núcleo de prática jurídica, coordenado por professores do curso, disporá de instalações adequadas para treinamento das atividades profissionais de advocacia, magistratura, Ministério Público, demais profissões jurídicas e para atendimento ao público.
§ 2º As atividades de prática jurídica poderão ser complementadas mediante convênios com a Defensoria Pública e outras entidades públicas, judiciárias, empresariais, comunitárias e sindicais que possibilitem a participação dos alunos na prestação de serviços jurídicos e em assistência jurídica, ou em juizados especiais que venham a ser instalados em dependência da própria instituição de ensino superior.
Art. 11. As atividades do estágio supervisionado serão exclusivamente práticas, incluindo redação de peças processuais e profissionais, rotinas processuais, assistência e atuação em audiências e sessões, visitas a órgãos judiciários, prestação de serviços jurídicos e técnicas de negociações coletivas, arbitragens e conciliação, sob o controle, orientação e avaliação do núcleo de prática jurídica.
Art. 12. O estágio profissional de advocacia, previsto na Lei 8.906, de 04/07/1994, de caráter extracurricular, inclusive para graduados, poderá ser oferecido pela Instituição de Ensino Superior, em convênio com a OAB, complementando-se a carga horária efetivamente cumprida no estágio supervisionado, com atividades práticas típicas de advogado e de estudo do Estatuto da Advocacia e da OAB e do Código de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. A complementação da carga horária, no total estabelecido no convênio, será efetivada mediante atividades no próprio núcleo de prática jurídica, na Defensoria Pública, em escritórios de advocacia ou em setores jurídicos, públicos ou privados, credenciados e acompanhados pelo núcleo e pela OAB.
Art. 13. O tempo do estágio realizado em Defensoria Pública da União, do Distrito Federal ou dos Estados, na forma do artigo 145, da Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de 1994, será considerado para fins de carga horária do estágio curricular previsto no artigo 10 desta Portaria.
Art. 14. As instituições poderão estabelecer convênios de intercâmbio dos alunos e docentes, com aproveitamento das respectivas atividades de ensino, pesquisa, extensão e prática jurídica.
Art. 15. Dentro do prazo de dois anos, a contar desta data, os cursos jurídicos proverão os meios necessários ao integral cumprimento desta Portaria.
Art. 16. As diretrizes curriculares desta Portaria são obrigatórias aos novos alunos matriculados a partir de 1996 nos cursos jurídicos que, no exercício de sua autonomia, poderão aplicá-las imediatamente.
Art. 16 As diretrizes curriculares desta Portaria são obrigatórias aos novos alunos matriculados a partir de 1997 nos cursos jurídicos que, no exercício de sua autonomia, poderão aplicá-las imediatamente. (Nova Redação dada pela Portaria Ministerial n.º 003, de 09 de janeiro de 1996)
Art. 17. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especialmente as Resoluções 03/72 e 15/73 do extinto Conselho Federal de Educação.
MURÍLIO DE AVELLAR HINGEL 
Publicação no DOU de 04.01.1995
2.3. DECRETO-LEI Nº 2639
DECRETO-LEI Nº 2.639, DE 27 DE SETEMBRO DE 1940
Desdobra em duas a disciplina Direito Público Constitucional, do curso de bacharelado em Direito.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição,
DECRETA: 
     Art. 1º A disciplina Direito público constitucional, ora constante do curso de bacharelado em direito, fica desdobrada em duas, a saber: Teoria geral do Estado e Direito constitucional. 
     Parágrafo único. Será a Teoria geral do Estado ministrada na primeira série e o Direito constitucional na segunda série do referido curso. 
     Art. 2º Cada uma das disciplinas de que trata o artigo anterior constituirá objeto de uma cadeira especial nas faculdades de direito do País. 
     Art. 3º Os atuais professores catedráticos de Direito público constitucional das faculdades de direito federais passarão a exercer o cargo de professor catedrático de Teoria Geral do Estado. 
     Art. 4º Ficam criados dois cargos de professor catedrático, do padrão L, sendo um no Quadro I, e outro no Quadro IV, do Ministério da Educação e Saúde. 
     Art. 5º Os cargos de professor catedrático de Direito constitucional, nas faculdades de direito federais, bem como nas faculdades de direito reconhecidas ou autorizadas pelo Governo Federal, não serão preenchidos em caráter efetivo, nos primeiros três anos a contar da vigência deste decreto-lei, devendo o provimento ser feito em caráter interino ou mediante contrato. 
     Art. 6º Este decreto-lei terá vigor a partir do ano escolar de 1941. 
     Art. 7º Ficam revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 27 de setembro de 1940, 119º da Independência e 52º da República. VARGAS 
Gustavo Capanema.
2.4. APSA e IPSA
A APSA — American Political Science Association —, fundada em 1903, é a organização profissional líder no estudo da Ciência Política, possuindo mais de treze mil membros em mais de oitenta países. Listados em seu website, estão seus objetivos principais: promover a pesquisa acadêmica; promover um ensino de alta qualidade sobre política e governo; fortalecer o ambiente profissional da Ciência Política; defender a legitimidade da pesquisa sobre política e governo; servir o público através da disseminação da pesquisa e preparar cidadãos para serem efetivos e ativos participantes da política.[1: Disponível em http://www.apsanet.org/]
Já a IPSA — International Political Science Association —, fundada em Paris no ano de 1949, possui como objetivo — discriminados em seu website — a promoção do apoio ao desenvolvimento da Ciência Política em todas as partes do mundo, construindo redes acadêmicas para conectar Oriente e Ocidente, Norte e Sul; além disso, almeja criar uma comunidade global inclusiva de Ciência Política da qual todos possam participar; quer também promover a colaboração entre estudiosos de democracias consolidadas e emergentes, e apoiar a liberdade acadêmica necessária para o florescimento das Ciências Sociais.[2: ]
3. ANOTAÇÕES DE AULA
Segundo Bobbio, o ser humano é dotado de subtância (corpo e alma; matéria e espírito), que transcende a realidade concreta.
Estado= fruta de aglomeração natural, com fim determinado deviao a natureza social. Indivíduos, com a formação dele, estão dentro de uma nacionalidade política (transcende nacionalidade étnica).
Teoria da Representação:Rosseau: Todos devem participar da política (deliberar sobre o bem comum). Nega a existência de partidos políticos.
Montesquieu: o ser humano é capaz de escolher representantes= escolher os mais capazes para fazer certa atividade em uma comunidade.
OBJETO MATERIAL->segmento da realidade objetiva que atrai o interesse do investigador. Assunto a ser estudado.
OBJETO FORMAL-> é a perspectiva (ângulo sob a qual a matéria é pesquisada).
O ponto de vista próprio. Como uma coordenada cartesiana, ele nos localiza no espaço cultural a determinar a máteria e o enfoque, o ângulo pelo qual é vista.
A DISCIPLINA CIÊNCIA POLÍTICA:
GÊNESE HISTÓRICA: passou por três fases:
1. Aristóteles (384-322 a.C) até século XIX: política como estudo da pólis inconscientemente (gregos não tinham noção de ciência política);
Distinção: Filosofia política (ramo do conhecimento que estuda últimas causas e primeiros princípios da vida em sociedade), sociologia (ramo do conhecimento que estuda os fenômenos da vida social) e ciência política (ramo do conhecimento que estuda a sociedade e o poder político).
Ideias de Aristóteles: política para funcionamento da epapoge (processo de indução); a partir do de leis justas= phoresis.
Gregos possuíam duas diferenciações: esfera privada (privatus; labor; mulheres, escravos, filhas, estrangeiros) e esfera pública (homem). Após o preenchimento do privado, o homem poderia ser considerado cidadão (outros faziam o seu labor).
2. ao longo do século XIX: fase marcada pela separação da sociologia (a partir de Augusto Comte). Política tornou-se a junção de ciência e filosofia política. Política como capacidade de unir pessoas; aceitar posições divergentes.
3. após a Segunda Guerra Mundial nos EUA; ciência política autônoma; estímulo ao estudo das relações de poder entre Estados; formação de instituições para estudo de ciência política (IPSA/APSA)
POSIÇÃO CURRICULAR NO BR/RS: ingressou no Brasil em 1945; houve problema para conceitua-la.
Azambuja, Darcy: ''A ciência política dentro e fora das universidades, onde em poucas conseguiu ser disciplina autônoma, desperta uma natural perplexidade. Quanto ao objeto, ao conteúdo e à finalidade, mesmo entre especialistas, não se conseguiu ainda um acordo definitivo e, para muitos, permanece mais ou menos incógnita.'' Para definir a ciência política, é necessário estudo do seu objeto formal e material.
A ciência politica é o ramo do conhecimento que estuda sociedade (objeto material) pelas suas relações de poder (objeto formal).
A DISCIPLINA TGE:
GÊNESE HISTÓRICA: surge na Alemanha (Blums Chili, Georg Jellinek, Hans Kelsen);
POSIÇÃO CURRICULAR NO BR/RS: ingressou no BR na década de 40 em direito público constitucional; autonomia conquistada após decreto lei n 2639/27/9/1940= desmembra direito público constitucional (TGE e Direito constitucional); Primeiros professores: Francisco Brochado, Darcy Azambuja, Cezar Saldanha.
OBJETO MATERIAL: estado
OBJETO FORMAL: '‘... Sistematiza conhecimentos jurídicos filosóficos, políticos, históricos, antropológicos, sociológicos, econômicos, psicológicos, valendo-se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado, concedendo-o, ao mesmo tempo, como fato social e uma ordem que procura atingir seus fins com eficácia e justiça.'' caráter enciclopédico levado em conta.
O TERMO ESTADO: vem de ''status''. Há vários sentidos para empregá-lo, de acordo com Jorge Miranda:
SENTIDO AMPLÍSSIMO: unidade política e designa toda a sociedade politicamente organizada em torno do poder de mando de última instância: polis grega, Civita romana, regnum medieval, impérios orientais. Sem ideia de território organizado e burocracia.
SENTIDO AMPLO: Inspirado em Marcelo Caetano. O Estado é uma comunidade com consciência de unidade, possui território, dotado de poder político de mando (soberania). Incluída a noção de burocracia. Ex.: Paz de Wesphalia (momento em que se reconheceu reciprocamente a independência do Estado).
SENTIDO ESTRITO: apenas uma parte da sociedade política está englobada nesse conceito; o Estado é apenas o conjunto dos mecanismos que controlam o poder político, um aparato ou aparelho de poder com órgãos que buscam a manutenção da lei e a administração dos negócios públicos. Idealizado por Jacques Maritain.
SENTIDO ESTRITÍSSIMO: pessoa jurídica do direito público. Ex.: demanda judicial, responsabilidade do Estado, polo passivo da relação política. União como pessoa jurídica do direito público interno.
Um estado necessita de: BUROCRACIA aparelhada (corpo de funcionários pagos), TERRITÓRIO (base física delimitada por fronteiras por onde se entende poder coercitivo), CONCENTRAÇÃO, CENTRALIZAÇÃO (do poder), NACIONALIDADE (política, não étnica).
FATOS <-> VALORES <-> NORMAS
Miguel Reale: nunca ninguém se perguntou de onde começa a reforma de um sistema.
Mudança talvez possa começar com as normas: sociedade é gerida por ela; ela a cobra coercitivamente.; pode ser frágil em relação ao valor, porém regula o comportamento humano. Sociedade carrega valores, mas se não houvesse normas seríamos escravos deles.
As leis do sistema norte-americano são feitas por juízes e o Congresso baixa atos políticos (noção de Common Law). Statues= atos parlamentares como normas administrativas.
AS VISÕES DE ESTADO:
VISÃO UNIDIMENSIONAL: Jul. Freund (direito como ponte entre ética e jurídica); há seis dimensões básicas da natureza humana que se relacionam entre si: política, ética/moral, econômica, artística, religiosa e científica. A cada dimensão, há uma instituição correspondente: religiosa (igreja/templo), científica (universidade), artística (galeria de arte), econômica (não há apenas uma); ética (família- privado e lei- público). Silvio Romero crê em 7 dimensões (+ a jurídica). A dimensão é reducionista/totalitária= fundamentalismo religioso, econômicos, éticos, científicos. MARX (economista), COMTE (ético-social/político-social) e KELSEN (juridicista).
KELSEN: reduzia Estado ao direito; Estado= escalonamento de normas jurídicas; VISÃO PIRAMIDAL DO DIREITO (norma fundamental> constituição> lei complementar>lei ordinária>decreto>portaria); há norma que segue de fundamento para todas as outras= pressuposto lógico formal de onde todas as normas do ordenamento jurídico extraem o posto de validade= é o poder constitucional originário inicial, ilimitado, soberano; faz estrutura do direito lógico dedutiva.
''Todas as normas do ordenamento jurídico são normas de execução e criação, exceto duas: norma fundamental (criação) e portaria (execução).
VISÃO BIDIMENSIONAL: Jellinek (norma fundamental deve ter aspecto teleológico e fundalistico)= função ética; leis inferiores dão fundamento a ''norma fundamental''; voltada para valiresm não só a dedução de fatos;
VISÃO TRIDIMENSIONAL: Miguel Reali (direito=fatos, valores e normas inter-relacionados); influenciam-se reciprocamente; CCC (causação circular cumulativa) que pode ser negativa ou positiva;
VISÃO PENTADIMENSIONAL: SOBERANIA= até onde o poder coercitivo do Estado; base física; delimitação por fronteiras; POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA; BEM COMUM= o bem de todos naquilo que todos temos em comum (dignidade da pessoa humana);
PROBLEMA: Estado pode colocar diferenças para remediar alguns grupos; igualdade de oportunidade
UPAO:
-4000 a.C.
-unidade mal delineada
-várias dimensões do ''existir humano'' (política, religiosa, científica, ética, artistíca, econômica) eram dominadas pela crença e religião
-não havia especificidade da política
-não se distinguia política e religião
-normalmente, AUTOCRACIA ou MONARQUIA DESPÓTICA
-carência de unidade política, de teoria política, de concepção política
-sempre com presença teocrática (ou teológica)
-tudo era resultado da fonte divina
-visão unidimensional
-predomínio de castas sacerdotais dominantes
-LEGADO: Código de Hammurabi, direito egípcio, direito hitita, bíblia
-JUSTIÇA aplicada dentro das aldeais, com cunho familiar patriarcal
-família->sociedade->aglomerações->cidades-> IMPÉRIO (poder militar de uma cidade impõe-se ao outro)
-pastoreio com gado miúdo
-cidade opõe
-se ao campo
-início da agricultura com instrumento de ferro + aço
-cidade tem domínio da escrita e cobra tributos
-desvio de rios-> canais de irrigação para silos, armazéns-> ESTOQUES= criação de umaburocracia
-espécie de federação (alianças entre cidades e aldeias) para proteção militar
-pequena atividade administrativa (governadores com função de arrecadar tributos, manter a paz externa e internamente para proteção da soberania)
-povos dominados pagavam pela liberdade -memória oral-> ''sabedoria'' acumulada por corpos de funcionários que passavam para outras gerações-> MEMORIZAÇÃO
-na visão de WEBER-> justiça de cadi-oriental tratava de regras cotidianas (relações na comunidade)= direito costumeiro não escrito
UPAG:
-não havia consciência de unidade política
-multiplicidde de cidades-estado
-''ideia'' mínima de unidade pois havia cultura comum (instituições sociais e religiosas semelhantes)
-alianças e guerras constantes
-PÓLIS-> denominação da unidade política cingida pelos limites de uma cidade; um ''todo genérico'' econômico, social e cultural, capaz de sustentar e garantir vida autônoma bastante em si por meio de uma atividade com poder especifico (POLÍTICA)
-POLITEIA diferente de DEMOCRACIA (perturbação do regime): participação dos cidadãos na vida da polis; cidadania aparente (mulheres, escravos e estrangeiros excluídos); escravidão era o principal fator para cidadão dedicar-se a vida pública=espaço privado devia estar preenchido;
-sem concepção de pessoa humana/dignidade/direitos fundamentais
-LIBERDADE ANTIGA X MODERNA:
ANTIGA: consideravam-se livres somente quando preenchiam espaço privado, partindo o público (trabalhar no agir em conjunto); liberdade participativa, ativa, positiva; privado -> público; STATUS ACTIVUS
MODERNA: a partir do absolutismo; rei domina muitas atividades (como legislativa, tributos, jurisdicional, governamental...); liberdade passiva=bloquear ingerência do estado da vida pessoal; público -> privado (limitar estado na vida privada); sentido liberal; STATUS NEGATIVUS
-Para gregos, liberdade significava ser cidadão, participar da vida pública
-(TESE DE FUSTEL DE COULANGES: costumes dos gregos; ‘‘O grego, mesmo o cidadão era um escravo do estado). O privado (óikos) emancipado e autônomo; passava dias deliberando (sem pagamento= o que importava era prudência e sabedoria); temperamento da tese= ''também somos escravos do Estado''; fim do ser humano (eudaimonia/bem comum) era exercer a cidadania; reinterpretação da ideia de eudaimonia (fim do ser humano era buscar acesso à polis).
- GREGOS (teóricos; sem juristas; sem faculdade de direito; ensinavam retórica, dialética, filosofia e metafísica; filosofia grega=persuasão, argumento) X ROMANOS (práticos; direito romano civil=política aplicada)
UPAR:
-romanos influenciados pelos gregos mas mudaram as instituições.
-estado distinguido dos indivíduos que o compõe.
-estado e direito diferentes da moral
-direito público (relação do todo com a parte; justiça geral) diferente do privado (justiça comutativa)
-noção de direitos políticos (como votar; em relação ao todo; de participação= indivíduo age como busca da ordem/direito comum da sociedade) e civis (subjetivos mais individuais; que pessoa tem enquanto titular e pessoa; carta de garantia de direito enquanto pessoa; decorrentes da liberdade)
-sem noção de direitos fundamentais /humanos (apenas a partir do século XVII)
-organização territorial (com influência romana nos povos conquistados)
-respeito à cultura (como religião) dos conquistados, porém arquitetura deveria ser de estilo romano (exército também)
-assimilação de culturas
-história dividida em três períodos: ARCAICO, CLÁSSICO, TARDIO
-processualistas dividem a partir de formas do processo civil IDADE MÉDIA
- REINO MEDIEVAL FEUDAL:
-400-800 d.C (após= construção política com pactos, contratos e acordos normalmente costumeiros entre os reinos)
-estrutura hierarquizada da sociedade política
-noção de estamento, hierarquia, poder abóboda.
-fragmentação da sociedade política
-divisão em feudos (muito fragmentado)
-COMMON LAW é medieval e costumeiro
-NO OCIDENTE= formado a partir da fusão entre cultura romana, cultura germânica e forma ordenadora e aglutinadora do cristianismo.
-PERÍODOS: Prima, Alta, Média, Baixa.
-SÉCULOS XII E XIII: esboço de Universidades; reinos incentivam o aculturamento da sociedade (centros de ensino); início da ciência; período de construção civil; cidades construídas; monastérios aumentados; indústria de construção civil;
-ECONOMIA: predomínio da agricultura, comércio dependia dos feudos (necessidade de excedente; força jurídica, administrativa; estados à parte)
-cada feudo teria sido em si, uma unidade estatal própria
-senhores exerciam função administrativa, jurisdicional e tornavam se mais ricos que o rei
-escambo entre feudos dependia de excedentes; revezamento de solos; POUSIO= de tempos em tempos, deixava-se terras em repouso
-CONTRATO ENFITEUSE= vivia-se em um território em troca de segurança; contrato entre vassalos, susseranos e servos;
-indústria têxtil primitiva (unicamente) 
-TÉCNICA DE ARROTEAMENTO= invasão de pântanos para aumento de área de produção; melhor estrutura da charrua; vinculada aos feudos; com o tempo, desenvolveram-se corporações de ofício 
SETOR SOCIAL: 
->rural>urbano em atividade social, mas setor urbano vai se ampliando.
 ->POSIÇÕES SOCIAIS: senhores feudais (nobreza e alto clero); servos 
->forte influência dos valores do cristianismo latino 
->ascendência do teocentrismo 
->AUGE CULTURAL no séc XIII 
-DIREITO MEDIEVAL: 2 correntes jurídicas: DIREITO COSTUMEIRO (a partir de Guilherme, O Conquistador) x DIREITO ESCRITO (a partir de instituições romanas). Surgimento de 2 FAMÍLIAS: 
-COMMON LAW= genético (nasce na sociedade, no conflito); complementa-se no estado de direito bruto + legislado; formação de precedentes que levam à jurisprudência; STATUES= voltados a leis políticas; STATUES LAW= violação dos direitos; segurança coletiva > segurança individual= fazer o que todos fazem. 
-ROMANO GERMÂNICA: operativo; leis ocorrem anteriores aos fatos; nasce no Estado; complementa-se na sociedade; direito vivo + dos juristas 
-INGLATERRA (maior centralização do rei; justiça unificada) x FRANÇA (feudos delimitados) 
-século V a X 
-DIREITO ROMANO= oficia l, entre XII a.C. até V d.C.; ideia de propriedade, pertencimento; ideia de ritos formais para transiçãode propriedade entre ação de outros direitos e obrigações; códigos escritos capazes de organizar o direito; criação de direito internacional para lidar com outros povos; não desapareceu, apenas menos usados 
-DIREITO GERMÂNICO= a partir de invasões a partir do século II d.C. e de países como Alemanha; II a V= fusão cultural (com migração de pessoas); diminuição de população; perda da infraestrutura romana; difusão cultural (mistura de costumes romanos e germânicos); tem contato com direito romano (leis romanas adaptadas); perda de capacidade de aplicação de leis romanas não adaptadas; IUS SANGUINIS= aplicação do direito de acordo com a origem da pessoa; costumes celtas religiosos; predominantemente oral; LEI SÁLICA= escrita em 802, vigente a partir de 481, melhor exemplo, não havia prisão, casos eram resolvidos com punição imediata (maioria das vezes= multas), processos e punições eram públicos e orais.
-DIREITO CANÔNICO= queda do Império Romano= vazio político na Europa; feudos autossuficientes e isolados; Igreja atuava em espaço amplo, unindo grandes territórios em áreas, como família e casamento; cristianismo hegemônico, mas sem sucesso em evitar outras religiões (como célticas); Igreja menos hierárquica do que hoje; decisões eram tomadas em conselhos (CONCÍLIOS); alianças com reis para mais poder políticos; reestabelece cortes, tribunais e ideia de jurisdição (territoriais como em Roma); manteve formalizações típicas do direito romano; formação de juristas profissionais (faculdades junto a centros religiosos); forte influência do direito romano; distribuição organizada da competência de julgamento; existência de processos escritos em níveis recursais; limitava interpretação dos nobres; processo com fases demarcadas, conduzido para profissionais, escrito,com recursos; provas inquisitoriais com valores definidos.
FRAGMENTAÇÃO E UNIFICAÇÃO:
>CARLOS MAGNO= consegue reconquistar território europeu (Alemanha até Espanha) 
>800=nomeado, pela Igreja, um imperador romano.
 >aumento de atividades culturais 
>fortalecimento da Igreja 
>Depois de sua morte=feudalismo. FILHOS: Carlos, O Careca (atual região da França); Luís, o Germânico (Alemanha); Othar (Itália); adoto um sistema de distribuição de terras para soldados e outros escolhidos pelo rei; feudos menores perto de cidades
 >máxima descentralização feudal 
>há hierarquia em estrutura escalonada de ordem moral; não existia poder coercitivo; a partir de pactos e contratos costumeiros (havia poucos escritos de cunho pessoal) 
>LEGADO: surgimento de parlamentos como poder legislativo na Baixa Idade Média-> inventados para controlar despesas dos reis medievais porque o mais importante para o Estado orçamento por ser a base do bom funcionamento da economia; tinha função de aprovar receitas e despesas 
>estrutura medieval converge ao rei= juiz de segunda instância e senhores feudais de primeira; a partir de AUCTORITAS= obediência por respeito; abaixo da lei; chefe guerreiro e do fisco; submetido à lei da terra; feicho da abóboda 
>exército permanente com tarifas pagas por burgos 
>CÂMARAS= eleições começam como locais; pessoas davam opinião sobre administração. -supremacia do direito sob o poder como um Estado de Direito 
>concepção de filosofia democrática: noção básica de pessoa humana sem distinções e sem noção de sua dignidade; sem direitos humanos 
>descentralização territorial do poder= nascimento do princípio de SUBSIDIARIEDADE= aplicado na União Europeia, tudo que pode ser feito e bem por uma entidade menor, não deve ser realizado por uma maior= ''tudo que pode ser feito em um país, não deve ser feito pela UE'’.
ORGANIZAÇÃO SOCIAL: 
>sociedade medieval era hierarquica com 3 grandes divisões: LABORATORES (servos), ORATORES (clero), BELLATORES (nobreza, senhores feudais) 
>SERVO-VASSALOS+VASSALOS= PACTO DE 1 GRAU: enfiteuse da terra. Em troca de trabalhar e dar parte da produção, servos tinham terra e segurança.
>SUSERANO-VASSALOS+VASSALOS= PACTO DE 2 GRAU: allegiance (proteção e lealdade) pacto formal com cerimônia, as vezes escrito, perpétuo, certo caráter religioso. 
>SUSERANOS+REI= PACTO DE 3º GRAU: reconhecia nobre, reconhecia-se direito do rei de fazer guerras e cobrar tributos. 
>SERVOS+REI= PACTO DE 4º GRAU NÃO FORMAL: servos com acesso à justiça do rei; acontecia na Inglaterra; fortalecia papel do rei
>REI+IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO= PACTO DE 5º GRAU: foi imaginado; uniam-se todos os reis à Igreja.
4. FICHAMENTOS REQUERIDOS
4.1 MENEZES, Aderson de. Teoria Geral do Estado. Capítulo IV, Evolução Histórica do Estado
4.1.1 Estado Oriental 
A definição de Estado oriental engloba as mais antigas civilizações distintas. È marcado pela prevalência dos sitemas teocráticos autocráticos ou despóticos divididos em castas. Não havia separação entre pensamento político, moral, econômico, filosófico, legal e religioso. 
Na China cultuou-se o Céu, tomando como fim do Estado a virtude. Na índia, a teocracia não se tornou dominante, a religião apenas orientava os líderes que era muito mais militaristas que religiosos. Na Pérsia, o governo foi criado por Ormuzd e passado a seus descendentes diretos. Os reis assírios se autoproclamavam vigários dos deuses. Os judeus acreditavam em um líder imbuído de poder pelo único Deus. Os faraós egípcios eram não apenas magistrados, mas divindades visíveis no mundo físico. 
4.1.2 Estado Grego 
Não existe um Estado grego único. As cidades seguiam tradições de origem comum, mas eram independentes e apenas forjavam alianças, sendo cada uma um Estado completo, uma autarquia auto-suficiente. Cada cidade-estado era uma religião ou uma igreja, no entanto os líderes não apresentavam origem divina. As assembléias do povo em Atenas e os Éforos em Esparta representavam a vontade popular. 
4.1.3 Estado Romano 
O Estado Romano iniciou na cidade e logo expandiu-se com as conquistas de povos e territórios. Separou-se o direito público do privado, o Estado e o Direito da Moral e da Ética, O Estado do indivíduo e os direitos políticos dos civis. 
O Estado romano começou pela cidade, a civitas, formada por famílias e tribos que constituíam as gentes. Ampliou-se a cidade no seu aspecto estatal, conservando a família, no entanto, a sua importância primitiva, desde quando o governo residia numa assembleia de paters-familias, ao ponto mesmo de manter-se sempre aos senadores romanos o tratamento usual de paters. Para fazer parte de uma gens, era preciso pertencer a uma família, que compreendia duas classes de pessoas: os patrícios e os clientes, os primeiros de raça nobre, livres de nascimento e descendentes de um pater, disso lhes advindo o nome, e os segundos eram meros servidores de cada grupo familiar, não podendo jamais tornar-se proprietários. Havia também os plebeus, os chamados sem-família e sem religião, sem deus e sem lei, representando inicialmente uma população separada. 
Na era republicana, um complicado sistema de distribuição de funções, por meio de órgãos múltiplos e colegiados, assegurava a liberdade e defendia os romanos dos excessos da tirania. Eram eleitos, para substituir o poder militar e civil do rei, dois cônsules. O comício das centúrias, todos os anos, elegia um cônsul togatus, que era o presidente do senado, e um cônsul armatus, que comandava o exército. As magistraturas foram instituídas para limitar a autoridade dos cônsules. Eram elas:
Questura - os questores eram auxiliares de confiança dos cônsules. Cuidavam da questão financeira;
Pretura - o pretor era o juiz. Posteriormente criaram-se dois cargos, o de praetor urbanus e o de praetor peregrinus (julgava conflitos envolvendo estrangeiros);
Censura - dois censores eram eleitos por cinco anos pelo comício das centúrias. Sua função era administrar domínios, rendas e bens.
Tribunato - era o tribuno da plebe, criado por uma lex sacrata, era eleito no comício das tribos e intervinha em benefício dos plebeus.
Edilidade - era formada por quatro edis, dois patrícios e dois plebeus. Tinham encargos policiais e municipais.
Ditadura - o ditador era nomeado excepcionalmente em caso de invasão estrangeira ou comoção interna, pelo prazo máximo de seis meses. Tinha poderes ilimitados e discricionários, ficando suspensas as demais funções.
4.2. ARISTÓTELES – ÉTICA A NICOMACO, LIVRO V·
Aristóteles nesse trecho do livro fala sobre o conceito de justiça e injustiça. Dividirei o resumo tal qual ele dividiu seu livro:
1. A justiça, segundo o senso comum, é uma disposição de caráter que condiciona ação justa e o ''pensar'' justo. Essa definição é utilizada como base geral. Um estado, como a justiça, é reconhecido pelo seu contrário (a injustiça, nesse exemplo) e pelos sujeitos que o manifestam. Se um desses estados relacionados for ambíguo, o outro, consequentemente, também será e essa, muitas vezes, pode passar despercebida. A justiça está relacionada à lei pois todos os atos conforme à lei são atos juntos pois as leis buscam atingir o bem comum. Por isso, os atos considerados justos tendem a produzir e manter a felicidade entre os membros de uma determinada sociedade. As leis, portanto, define atos como sendo certos e errados e o deve fazer retamente. Para alguns, a justiça é considerada a maior das virtudes e, assim, é o exercício atual da virtude completa. Ela é considerada, então, um ''bem de um outro'' por se relacionar com os outros. Nesse sentido, a justiça é a virtude inteira (elas são a mesma coisa, porém possuem essências distintas); a injustiça, o vício inteiro.
meio-termo (mede faltas e excessos). Por isso, todos os bens devem ser julgados por apenas um único padrão, o dinheiro (representante da procura) e ''está em nosso poder mudá-lo ou torná-lo sem valor'', mas é o meio mais estável para assegurar-se a realização de trocas quando fosse necessário. A reciprocidade acontecequando houve igualdade.
6. Quando partimos do fato de que ''agir injustamente não implica necessariamente ser injustiça’’, a questão torna-se mais complexa: é preciso determinar ''quais são os atos injustos que tornam seu autor injusto em relação a cada tipo de injustiça''.
A justiça política visa à autossuficiência, que condiciona igualdade e liberdade a todos os homens e por isso, necessita das leis. Já a justiça legal é a conceituação entre o que é injusto e o que é justo. ''A justiça e a injustiça se relacionam com a lei e existem entre pessoas naturalmente sujeitas à lei''. Porém, isso não é justiça política.
7. A justiça política é natural e legal. A parte natural tem força igual em todos os lugares. Já a legal é os casos particulares, prescrições dos decretos.
Existe uma justiça por natureza e outra por convenção. As coisas que se tornaram justas por convenção são como medidas e não são iguais em toda parte, pois são derivadas da decisão humana que resulta em diferentes constituições em determinados territórios.
8. O valor de justo e injusto só pode ser julgado quando o indivíduo age voluntariamente, pois nessa situação ele tem conhecimento de causa. Um determinado ato é involuntário quando é feito na ignorância ou que não seja dependente do agente. As ações voluntárias podem ser praticadas por escolha (após deliberar) ou não. Existem danos que ocorrem em relações pessoais: os que são infligidos por ignorância (ato, instrumento ou fim é diferente do que o agente esperava) e são eles os enganos; ação com conhecimento do indivíduo, porém sem deliberação constitui um ato de injustiça; homem age injustamente por escolha, ele é injusto e vicioso. Os atos originados da cólera partem do homem que encolerizou o indivíduo que fez determinada ação injusta.
9. É possível que se participe da justiça ou da injusta acidentalmente, sendo possível fazer isso com si próprio, mas sabendo que não é possível sofrer injustiça de modo voluntário, pois ninguém almeja ser tratado injustamente por vontade própria. Em uma relação pessoal, pode-se dizer que a culpa do ato injusto está naquele que originou tal ação injusta, a partir, obviamente, de uma prática voluntária. Por isso, o homem que agiu injustamente tem certo objeto (material ou imaterial) em excesso fazendo que o próximo sofra com a falta. Esse homem deve ter feito o que fez por plena disposição de caráter, e não por simplesmente ter agido injusta ou covardemente.
''... a justiça é algo essencialmente humano..''
10. A justiça e a equidade não parecem ser idênticas, mas, se os dois são bons, podem ser a mesma coisa. O equitativo é justo em si mesmo, sendo superior a justiça por ser uma correção desta, privilegiando seu aspecto universal. ''A razão disto é que toda lei é universal, mas não é possível fazer uma afirmação universal que seja correta em relação a certos casos particulares''.
11. Os atos justos devem necessariamente estar de acordo com alguma lei ou virtude. ''A ação injusta é voluntária e praticada por escolha, e a ela pertence a iniciativa, mas se alguém pratica um dano a si próprio, sofre e pratica as mesmas coisas a um só tempo.'' o agir injustamente é o mal pior e é censurável pois há deficiência moral envolvida.
Há uma justiça no homem em relação a suas partes, como a relação entre a sua parte irracional com a racional. Um homem pode ser injusto consigo mesmo, pois essas partes podem entrar em conflito, de modo que possa haver justiça entre elas.
4.3. ELLWEIN, Thomas. Federalismo e Autonomia Administrativa: Unidade para fora, diversidade para dentro.
Grande parte da população mundial vive em Estados constituídos por unidades semi-autônomas, estados federados ou províncias. O mais antigo Estado federalista são os EUA. 
A Alemanha nunca foi um Estado centralizado, nem mesmo durante o regime nazista. O federalismo atual provém do século XIX, ainda que a região utilize esta forma de governo tradicionalmente. O povo alemão sempre esteve dividido em territórios autônomos. No 1º Reich (início do século XIX) a união não foi mais que apenas superficial. Os maiores Estados, como Prússia, Baviera e Hanover colocavam seus interesses como territórios em primeiro plano, a ponto de a Prússia guerrear contra o próprio Reich. O reino tinha mais de 100 Estados e não era capaz de satisfazer a necessidade de modernização em 1800. 
Em 1806 o Reich terminou devido ao enfraquecimento causado por Napoleão e à ambição de territórios pelas terras de seus vizinhos dizimados pelo exército francês. Os pequenos Estados do Reich foram incorporados pelos maiores, condensando a região. Dessa forma, o Reich passou de mais de uma centena para 39 Estados, que formaram a Liga Alemã. 
A Liga Alemã era uma Confederação de Estados cujos membros haviam prometido não guerrear entre si. Contudo, em relação aos direitos internacionais, os territórios eram autônomos. Com exceção de Prússia e Áustria, os Estados eram pequenos e dependiam de seus vizinhos maiores. 
A população, insatisfeita com o atraso na industrialização dos países e com a falta de participação civil na política, realizou manifestos revolucionários em 1848. Esses culminaram na tentativa de elaboração da Constituição de Paulskirche, que prezava pelo Estado Federal com grande poder e estados autônomos. Apesar do fracasso da Constituição e da revolução, os estados obtiveram maior participação na administração do Reich. 
Quase vinte anos depois, a Prússia realizou a unificação com redução para pouco mais de 20 estados.Foi decidido com a Constituição de 1870 que estes deveriam ser autônomos, sem administração do Reich. 
Na Constituição de Weimar de 1919 foi criada a administração das finanças do Reich. Na Constituição da República Federal da Alemanha de 1949, os estados se tornaram ainda mais fortes. 
Para maior participação dos estados na legislação, foram criados o Senado Federal (em 1870 e em 1949) e o Senado Imperial (em 1919). Ao contrário dos EUA, o Senado não é formado por senadores eleitos pelo povo, mas por representantes de um estado. Cada estado tem poder de três a seis votos, de acordo com sua expressividade, sendo que todos os votos de um estado devem coincidir. 
O federalismo alemão baseia-se na cooperação, não na confrontação. Há ainda hoje regiões em diferentes fases de industrialização. As menos desenvolvidas recebem incentivos para equilíbrio financeiro entre os estados, visando a cooperação. 
As tarefas específicas de cada nível da administração são: Federação - defesa, controle monetário, política econômica e social, comunicação, correio, vias ferroviárias, sistema de transporte marinho e fluvial, aviação e estradas;
Estados - execução de leis estatais, educação, polícia e administração dos municípios;
Municípios - execução de leis estatais e estaduais. São ligados diretamente à administração estatal.
4.4. CONSTANT, Benjamin. Da Liberdade dos Antigos comparada à dos Modernos
O governo representativo é a condição mínima para a liberdade moderna e o modelo antagônico à liberdade antiga.
Constant explica a diferença entre os dois conceitos: para os antigos, liberdade era uma característica da vida política, era o poder de decidir diretamente sobre a vida pública, para os modernos, liberdade é um conceito atrelado aos direitos fundamentais, a liberdade de crença, de expressão, de movimentação.
Para os antigos, a liberdade era compatível com a submissão da vida privada à autoridade do todo, para os modernos é justamente a blindagem completa do privado contra a força do público.
Essa transição ocorrou devido, entre outros fatores, ao crescimento territorial e populacional das nações, ao fim da escravidão e à expansão do comércio. Com o tempo, esses fatos tornaram os cidadãos cada vez mais numerosos, ocupados, individualistas e distantes geograficamente, a política ativa sem representantes afastou-se pouco a pouco do plausível dentro do ritmo de vida das sociedades.
Constant narra os efeitos nefastos da confusão entre as duas concepções e afirma:
“A independência individual éa primeira das necessidades modernas. Conseqüentemente, não se deve nunca pedir seu sacrifício para estabelecer a liberdade política.”
4.5. REVERBEL, Carlos E. D. Ativismo judicial e o Estado de Direito
Persona est rationalis naturae individua substantia. A pessoa humana possui três características naturais: racionalidade, individualidade e substancialidade. 
Em sua (1) substância o ser humano é composto de corpo e alma, matéria e espírito; pela (2) racionalidade, extraímos que “significa lo que hay más perfecto en toda naturaleza, es decir, lo subsistente en una naturaleza racional4”; pela sua (3) individualidade, alteridade, do latim altero (no outro, com o outro), o ser humano apresenta esta perplexidade: um ser totalmente individual e totalmente social. 
Devido a essa sociabilidade natural humana formou-se o Estado de Direito com o objetivo de regular e orientar as relações entre indivíduos. Ele se baseia em princípios axiológicos (formados a partir do consenso da sociedade política), políticos e técnicos: 
Princípios axiológicos - Dignidade da Pessoa Humana; Subsidiariedade; Pluralismo das dimensões humanas; Bem Comum; e Direitos Fundamentais. 
Princípios políticos - Soberania Popular; Cidadania Universal e Plural; Pluralismo Político; Separação de Poderes; e Separação de Funções. 
Princípios técnicos - Princípio da Legalidade; Princípio da Igualdade; Princípio da Prospectividade ou Segurança Jurídica; Princípio da Controlabilidade, Processualidade ou Justicialidade; Princípio da Razoabilidade ou Proporcionalidade. 
Common Law e Direito Romano-Germânico 
Da diferença entre a forma de lidar com o Direito depreendem-se divergências radicais entre o sistema de Common Law e o Romano-Germânico. Eles não distinguem-se apenas por darem, respectivamente, soluções posteriores ou anteriores aos casos concretos, a partir desse fato vê-se que até mesmo as funções da lei, do costume, da jurisprudência, da doutrina, da eqüidade, e dos princípios gerais de Direito diferem entre ambos. 
É nos princípios técnicos ou instrumentais e políticos do Estado Democrático de Direito que encontramos a maior diferenciação entre as famílias de Direito. No plano axiológico, em nível de valores supremos, há consenso acerca das necessidades de preservá-los; entretanto, é na realidade político-técnico-instrumental que as diferenças aparecem, sendo executadas, juridicializadas, aplicadas de formas diferentes. 
Assim, o ativismo judicial também é visto de formas diferentes nas duas famílias. Enquanto no Brasil geralmente é considerado um mal a ser combatido, no Common Law é bem mais aceito. No primeiro sistema o processo deve sempre seguir os estatutos, no segundo o “devido processo” é determinado pela própria atuação das cortes, “a Constituição é o que a Suprema Corte diz que é” 
Os problemas do ativismo judicial no Estado de Direito
O Estado antes de ser de Direito é de política, de democracia. Neste sentido a melhor expressão para designar o Estado de Direito é Estado Democrático de Direito, e não Estado de Direito Democrático. É a democracia como fundamento (governo do povo), funcionamento (governo pelo povo) e finalidade (e para o povo) que define o direito em nosso sistema jurídico. Assim, o juiz fica adstrito ao cumprimento da lei.
A principal crítica que se faz ao ativismo é que ele escapa do Direito, através dele o Judiciário passa a exercer uma função política, invade a competência do Legislativo e o faz de forma equívoca. Com o ativismo surgem diversos impasses, como o comprometimento da renda pública com demandas judiciais e a internação de pacientes em hospitais sem leitos.
Além disso, o ativismo é favorecido no Brasil devido ao controle difuso da constitucionalidade. Ao contrário do sistema europeu, que limita esse poder à Suprema Corte aqui todos os juízes podem contestar a constitucionalidade das leis.
4.6. SOUZA JUNIOR, Cezar Saldanha. Tribunal Constitucional como Poder.
Capítulo 1: A Solução Originária do Poder no Social
A unidade política ocidental provém da queda do Império Romano (século V), constituindo-se de características romanas e influências da Igreja, a qual se denominará Reino Medieval Feudal.
O Estado medieval é caracterizado como sendo territorialmente descentralizado, no qual cada feudo tinha poder político e social. A sociedade era escalonada ou hierarquizada segundo o critério de riqueza e de nascimento. Os servos, base da pirâmide, eram os trabalhadores dos feudos que exerciam sua função em troca de proteção do senhor feudal. Os senhores feudais dividiam-se desde vassalos a grandes suseranos. O topo dessa escala vertical é preenchido pelo Rei, o qual mantém toda a estrutura social (“o Rei é a pedra de toque, a chave ou fecho da abóbada social”).
A função administrativa era desenvolvida pelo senhor feudal. Era ele quem dirigia o feudo na tentativa de se chegar ao bem comum. Devido à parcialidade do senhor feudal, exigiu que se criassem Cortes Reais, para decisão do rei, como função judicial. A função legislativa era inexistente pelo fato de não haverem leis, sendo válidas apenas as práticas e os costumes.
O Rei Feudal não tinha poderes administrativos nem legislativos, se limitava à posição de última instância judicial, chefe da guerra e do fisco. Ele estava diretamente subordinado ao direito da terra.
Ademais, o público e o privado estavam muito interligados, não se destacando uma esfera exclusivamente pública. As ligações de cunho privado entre as pessoas ainda visavam, como consequência, o interesse coletivo.
Capítulo 2: A Concentração do Poder
Entre os séculos XV e XVII, o progresso e as inovações romperam com a estrutura feudal. Surge então o Estado Burocrático Concentrado Territorial Nacional Moderno.
O rei começa a formar um corpo de funcionários que exercem as funções administrativas em seu lugar (Estado burocrático). Ele, no entanto, concentrava a última instância de todos os poderes em si (Estado concentrado). A política passa a ser exercida dentro de um território delimitado e voltada para as pessoas que o habitam (Estado territorial). A população do Estado ganha um caráter de união e nacionalidade de caráter político (Estado nacional). Pela Era em que este tipo de organização se consolida, é chamada Estado Moderno.
O poder do Rei, embora absoluto, era limitado pelos costumes, tradição, privilégios e influência da Igreja. Concentram-se em sua figura as funções de: Última instância jurídica, administrar, governar, julgar e legislar.
São os principais doutrinadores dessa fase Bodin e Hobbes
Capítulo 3: A Bipartição dos Poderes
Na inglaterra, a Revolução Gloriosa de 1688/9 sacramentou a vitória do Parlamento e a conquista da função deliberativa legislativa. A partir de então, a esfera pública é representada por dois poderes: Legislativo, de responsabilidade do Parlamento, e o Poder da coroa, com as funções de última instância, de julgar, de administrar e de governar.
Ao contrário do meio pacífico pelo qual a bipartição ocorreu na Inglaterra (a Revolução Gloriosa leva esse nome justamente devido à naturalidade da transição do regime absolutista para o parlamentarista, sem mortes), na França as forças sociais advindas do feudalismo foram rompidas da esfera pública pelo poder do Rei. Portanto, houve uma revolução que culminou na eliminação das instituições tradicionais, como o Parlamento. Com a desestruturação dessa instituição, o absolutismo só poderia ser combatido por vias revolucionárias, o que, de fato, ocorreu com Napoleão.
Em Portugal, onde nunca existiu feudalismo, nobreza e burguesia não tinham como se firmar diante do Rei. Logo, não houve tradição parlamentar, mas uma continuidade da autoridade tradicional. Diante disso, percebe-se que a bipartição não teve condições de ocorrer em outros lugares.
O principal doutrinador da bipartição do poder foi John Locke. Nasce, pois, o poder legislativo. Segundo Locke, o poder legislativo exercerá a função de criar leis visando à soberania e à preservação da comunidade e membros, e deverá ser feita por pessoasde interesses diversos e a elas também aplicar esse direito. Para ele, até mesmo o Rei deveria ser submetido ao poder das leis.
Capítulo 4: A Tripartição dos Poderes
O Stablishment Act instaurou o Judiciário como um poder independente. Essa mudança provocou a tripartição dos poderes. O poder real preserva funções: de última instância, administrar e governar.
Os três poderes que agora existem – O poder do rei, Poder Legislativo e Poder Judiciário – utilizam o mesmo espaço de atuação: o Parlamento. O poder do Rei, embora não sendo mais a sede da soberania, mantém simbolicamente o fecho da organização política.
O principal doutrinador dessa teoria é Montesquieu em seu “O Espírito das Leis”. No livro, ele defende e explica a tripartição dos poderes, a qual seria chamada posterirormente de presidencialismo.
Capítulo 5: A Tetrapartição dos Poderes
A tetrapartição surge quando se fez necessário separar o chefe de Governo do chefe de Estado e de administração.
No Reino Unido institucionalizou-se um novo órgão: o gabinete ou Conselho de ministros e passou-se a esse órgão a função do governo moderno. Nascia, assim, um quarto poder político: o poder “governamental” moderno. Na esfera do Poder do Rei permaneceu a administração pública separada do governo.
Alguns atribuem essa divisão ao Rei Jorge I, que, por não saber falar inglês, teria deixado alguns assuntos públicos nas mãos de seus ministros. Os autores ingleses são hoje unânimes em afirmar que a existência de um governo institucionalmente do Rei consolidou-se apenas a partir do Reform Act de 1832, surgindo junto com o sistema de partidos. Antes disso não havia sistema de partidos, o apoio para um governo no Parlamento repousava nas coalizões de famílias políticas e de clientela.
A teoria da tretapartição foi formulada em 1814 por Beijamin Constant. Ele propôs que se distinguisse, funcional e organicamente, um poder novo, o poder ministerial. O Rei manteria as funções de última instância e chefia da administração e para isso precisaria ser apartidário, enquanto o Governo deveria necessariamente seguir algum tipo de ideologia.
Capítulo 6: A Pentapartição dos Poderes
Com a Primeira Guerra Mundial, fez-se necessário um Estado que preservasse as conquistas valiosas do Estado Liberal, os direitos de liberdade e supremacia do Direito, harmonizando essa herança liberal com as novas e permanentes exigências da igualdade de condições econômicas mínimas e de justiça social. Prezando por um processo político legitimamente democrático.
Para resolver esses problemas foram convocados vários professores e cientistas especializados. Na Alemanha, na Constituição de Weimar, se consagrou o Estado Social. Diante das divergências ideológicas no plano governamental, ratificouse a necessidade de uma área neutra de chefia de Estado, que estivesse comprometida exclusivamente com a garantia do processo político democrático. Além disso, institucionalizou-se a imparcialidade também da Administração Pública.
Weber afirma com a sua divisão dos tipos de dominação que a sociedade obedece a um líder voluntariamente se este segue uma série de parâmetros estabelecidos como condições para a legitimidade pela própria sociedade. Como a legitimidade legal/racional depende do objetivismo, a administração também deveria seguir esse princípio e ser imparcial, apartidária.
O espanhol Zafra Valverde afirma que: “A citada trilogia (Poder Executivo, Legislativo e Judiciário) deve ser pelo menos substituída por uma série quinária mais adequada para descrever a realidade de nosso tempo. Buscando aliar uma nomenclatura simples com uma precisão mínima suficiente, proponho as seguintes expressões a esta série: Poder de Autoridade, Poder de Direção, Poder deliberante, Poder Judicial e Poder de Execução”. Zafra foi assim o primeiro a afirmar claramente a doutrina de separação em cinco poderes.
Capítulo 7: A Hexapartição dos Poderes
Das origens do Reino Medieval à Revolução franco-americana, o que se poderia considerar constituição era concebido como um dado fático, um entrelaçamento de pactos, costumes e modos de acomodação a conflitos e dominação envolvendo, na comunidade, os que detêm autoridade e os que obedecem. Não chega a formar um direito próprio e específico.
Foram as revoluções liberais do século XVIII que invocaram a aptidão do direito, enquanto produto da racionalidade humana para reger, de forma autônoma, O Estado e a vida política por meio de uma lei, a Constituição, que provinha da representação nacional. Nessa segunda fase, a Constituição já é direito político, mas não um direito plenamente jurídico. Carece de força normativa própria, de uma jurisdição que assegure sua eficácia jurídica. A Constituição era simplesmente a lei da vida política em sentido estrito, não a lei suprema de todo o ordenamento jurídico.
Com a Revolução Kelsiana, surge uma concepção nova de ordenamento jurídico, piramidal e escalonado, estruturado em bases lógicas, cujo ápice é ocupado pela Constituição, com pressuposto em um postulado da razão teórica. A Constituição deveria aspirar à condição de repositório das normas jurídicas supremas, fundamento de validade de todo ordenamento jurídico, cabeça de capítulo de todos os ramos do Direito, e paradigma para a conformação de todas as normas infraconstitucionais, sob pena de invalidade.
A partir da revolução Kelsiana, começa a desenhar-se o direito constitucional em sentido estrito e rigoroso do termo, Um direito que tenha vocação para a supremacia, Para tanto, necessita de instrumentos garantidores de uma eficácia jurídica própria, independente de boa vontade dos protogonistas políticos. O meio institucional para conferir força normativa ao direito constitucional foi denominado Tribunal Constitucional. Esse direito constitucional normativo, fora do âmbito do common law, tentou ensaiar seus primeiros passos com Constituição de Weimar, mas veio a triunfar apenas em 1945. Desde então, a jurisdição constitucional torna-se o centro vivo da nova concepção do sistema constitucional.
As violações infligidas a milhões pelos regimes totalitários mostraram até onde podem chegar os detentores do poder quando perdem a consciência da dignidade de cada ser humano. O direito, não pode ser distanciado do contato imediato com a dignidade real da pessoa humana, é nela que deve fincar seu ponto de partida, é para ela que deve convergir todo seu dinamismo. Esse reconhecimento reforçou o compromisso da Constituição com os direitos fundamentais.
Valores transcendentes e pluralismo democrático são plenamente conciliáveis, desde que os valores sejam abertos ao universal da pessoa humana e o pluralismo democrático reconheça limites legítimos razoáveis. O constitucionalismo contemporâneo vai processar essa tensão articulando os três planos de fins da sociedade política:
Plano abstrato, genérico e mediato - das instituições que cuidam dos objetivos do Estado, do consenso em torno dos valores da democracia, universais e comuns a todos (liberdade, igualdade, justiça, segurança e desenvolvimento), que requer neutralidade partidária e compromisso com a democracia.
Plano concreto, específico e imediato - dos órgãos que tocam o funcionamento ordinário dos serviços públicos, que requerem profissionalismo, continuidade, competência técnica, imparcialidade e apartidariedade.
Plano ideológico intermediário - em que operam partidos políticos, governo e oposição, os quais, recorrendo necessariamente às ideologias políticas, cumprem a tarefa de mediação entre os objetivos mais próximos e os objetivos últimos da política.
O Tribunal Constitucional foi a instituição inventada no século XX para atender aos desafios da nova fase do constitucionalismo. Ele é ao mesmo tempo causa e consequência do diálogo entre o direito constitucional e os valores éticos do convívio sócio-político. Sem uma jurisdição constitucional, da qual o Tribunal Constitucional é o instrumento mais evoluído, não há que se falar em supremacia do direito, menos ainda em controle da constitucionalidade. Sem uma Constituição

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