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Analise e produção Textual

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Prévia do material em texto

www.esab.edu.br
Análise e Produção
Textual
CURSO DE PEDAGOGIA
Análise e Produção 
Textual
Vila Velha (ES)
2013
Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Acadêmico
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Curso de Administração EAD 
Rosemary Riguetti
Coordenador do Curso de Pedagogia EAD
Claudio David Cari
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD
David Gomes Barboza
Produção do Material Didático-Pedagógico
Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil
Diretoria Executiva
Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Margarete Lazzaris Kleis
Thiago Kleis Pereira
Conteudista
Eduard Marquardt
Coordenação de Projeto
Andreza Lopes
Patrícia Battisti
Supervisão de Design Educacional
Barbara da Silveira Vieira
Supervisão de Design Gráfico
Laura Martins Rodrigues
Design Educacional
Simone Regina Dias
Revisão Gramatical
Elaine Monteiro Seidler
Érica da Silva Martins Valduga
Hellen Melo Pereira
Paulo de Tarso Vieira
Design Gráfico
Neri Gonçalves Ribeiro 
Diagramação
Fernando Andrade
Equipe Acadêmica da ESAB
Coordenadores dos Cursos
Docentes dos Cursos
Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, nº 840
Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES
CEP 29102-040
Diretor Geral 
Nildo Ferreira
Supervisão de Revisão Gramatic al
Andrea Minsky
Apresentação
Caro estudante,
Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio 
básico de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, 
a internet. Em 2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós-
graduação a distância, via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado 
Campus Online.
Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da 
portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi 
autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, 
conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010.
Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, 
sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes.
Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado); 
Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na 
modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras.
Sabemos que cada curso tem suas demandas específicas: Administração, Pedagogia 
ou Sistemas de Informação são cursos bastante particulares, mas em qualquer área 
são várias as teorias e os teóricos; os vieses e as perspectivas; os tipos de texto e suas 
finalidades. Entretanto, em qualquer um deles você precisará lidar com leituras, 
fichamentos, resumos, resenhas e desenvolver interpretações. 
Disso, portanto, é que trata este material de Análise e Produção Textual. Nele constam 
indicações, recomendações e exercícios para você aperfeiçoar a sua escrita e a sua 
percepção de leitura. Este material foi concebido baseado nas referências Fiorin e 
Savioli (2006), Faraco e Tezza (2008), Medeiros (2008) e Discini (2005). 
A elaboração desta disciplina foi feita especialmente para você, tendo como base 
uma compilação de livros de autores renomados, contendo conceitos, teorias, fórum, 
estudos complementares, entre outros, todos com o intuito de ajudá-lo em sua 
formação. Você verá que, por vezes, o texto será bastante pontual e objetivo; em 
outras, no entanto, será necessário um esforço interpretativo e um olhar crítico sobre 
suas próprias experiências de leitura e escrita para alcançarmos o propósito. 
Bom estudo!
Equipe Acadêmica da ESAB
Objetivo
O nosso objetivo é auxiliar na análise e produção de textos, por meio do estudo de 
procedimentos e conceitos. 
Competências e habilidades
•	 Perceber as diferentes formas da linguagem em sua peculiaridade, necessárias à 
produção textual.
•	 Reconhecer os diferentes instrumentos e procedimentos para a organização e 
produção de texto.
•	 Produzir textos com senso crítico e qualidade.
•	 Elaborar o pensamento por escrito, considerando as possíveis leituras 
interpretativas.
Ementa
A leitura e a produção textual. A estrutura do texto. Textualidade e argumentação 
na produção do texto. Linguagem. Gêneros textuais: tipos de textos. Estrutura de 
texto. Aspectos gramaticais.
Sumário
1. Escrever bem: dom ou técnica? .......................................................................................7
2. O que é texto? ...............................................................................................................12
3. A nova ortografia da Língua Portuguesa .......................................................................17
4. O falado e o escrito ........................................................................................................21
5. Polissemia, metalinguagem, intertextualidade e recombinação...................................25
6. O esquema da comunicação e as funções da linguagem ...............................................32
7. O que define um bom texto ..........................................................................................38
8. Os diferentes tipos de texto ...........................................................................................41
9. Texto descritivo .............................................................................................................47
10. Texto de informação......................................................................................................52
11. Texto de opinião ............................................................................................................56
12. Texto crítico ...................................................................................................................61
13. A narrativa ....................................................................................................................68
14. Texto temático e texto figurativo ..................................................................................73
15. Texto argumentativo .....................................................................................................79
16. Texto explicativo ...........................................................................................................86
17. Texto dissertativo ..........................................................................................................92
18. Texto dissertativo-argumentativo .................................................................................97
19. Como definir um título ................................................................................................103
20. Redação institucional/comercial .................................................................................107
21. O curriculum vitae .......................................................................................................111
22. Parágrafos ...................................................................................................................116
23. Pontuação ...................................................................................................................121
24. Frase, oração, período .................................................................................................127
25. Coesão ........................................................................................................................133
26. Coerência ....................................................................................................................138
27. Estilo ...........................................................................................................................14228. Denotação/conotação .................................................................................................146
29. Tropos de linguagem...................................................................................................150
30. O clichê .......................................................................................................................155
31. Usos da crase ...............................................................................................................161
32. Usos dos porquês ........................................................................................................167
33. O dito “cujo” .................................................................................................................170
34. Usos do gerúndio ........................................................................................................174
35. Concordância ..............................................................................................................177
36. Usos do adjetivo ..........................................................................................................184
37. Estrangeirismos ..........................................................................................................191
38. Ênclise, próclise, mesóclise ..........................................................................................195
39. Dúvidas frequentes .....................................................................................................200
40. Tautologias .................................................................................................................205
41. Pressuposto.................................................................................................................210
42. Pesquisa: como proceder .............................................................................................215
43. Paráfrase .....................................................................................................................221
44. Fichamento e resumo ..................................................................................................226
45. Interpretação textual ..................................................................................................235
46. Comunicação e expressão ...........................................................................................241
47. As multimídias e a produção textual ...........................................................................247
48. Afinal, o que é um bom texto? ....................................................................................250
Glossário ............................................................................................................................256
Referências ........................................................................................................................268
www.esab.edu.br 7
1 Escrever bem: dom ou técnica?
Objetivo
Vislumbrar a escrita como técnica vinculada ao exercício constante da 
leitura e construção de argumentos.
É comum ouvirmos que alguém, um amigo seu, um familiar, enfim, 
“tem facilidade para escrever”, não? Mas por que será? O que você pensa: 
algumas pessoas nascem com essa disposição e tudo o que fazem ao 
longo de sua vida estudantil não é mais que reforçá-la ou escrever bem 
se trata de algo que qualquer um de nós pode alcançar, com disciplina e 
dedicação?
No estudo da língua portuguesa, é comum o questionamento “Como 
escrever bem?”. É preciso estudar gramática? Sim, certamente. É preciso 
ler? Sem dúvida. É preciso ler sites de notícias, jornais impressos? Com 
certeza. Mas e as revistas de entretenimento servem também? Sim, 
também servem. E assistir a filmes ou documentários, tem algo a ver com 
a escrita? Absolutamente. Mas por quê?
Porque escrever bem significa, entre tantos fatores, defender bem um 
argumento, expor um ponto de vista, expressar sentimentos, manifestar-
se com propriedade. Escolher a linguagem, montar um cenário, levantar 
um problema, ponderar as alternativas, os vieses, tudo o que está em 
jogo, e chegar a uma conclusão, ainda que provisória. Toda a informação 
que você consome e processa criticamente faz diferença. Vejamos um 
exemplo, às avessas.
Digamos que você não saiba dirigir ou nadar e esteja interessado em 
aprender ou que esteja a fim de melhorar a sua saúde, manter a sua boa 
aparência e queira se matricular em uma academia de ginástica. Pois 
então: você já viu alguém aprender a nadar em teoria, do lado de fora 
da piscina? Não, não é? E se você quiser desenvolver os seus músculos, 
certamente terá de encarar os aparelhos da academia e realizar as séries 
www.esab.edu.br 8
periódicas de 8, 10, 12 repetições. Mas ainda não será o bastante: o nosso 
organismo se habitua com os exercícios, de modo que, gradualmente, 
será preciso que você exija mais de si mesmo para chegar a um 
determinado resultado, adquirindo perfeição naquilo que está fazendo e, 
ao mesmo tempo, resistência para a tarefa. 
Mas, por outro lado, é possível, sim, aperfeiçoar o seu nado a partir da 
teoria: você pode muito bem estudar como deve ser a sua respiração; você 
pode ler um artigo, uma revista ou um livro que demonstre graficamente 
como deve ser o movimento da braçada, que você deve esticar os braços 
completamente, que, enquanto um está realizando a braçada, o outro 
deve estar posicionado de modo a não oferecer resistência ou que os pés 
devem reproduzir o movimento de um chute, e não simplesmente um 
movimento qualquer, para que você possa aproveitar todo o impulso 
e a sua própria energia. E, se você estiver tomando aulas na autoescola 
para tirar a carteira de motorista, certamente a teoria irá auxiliá-lo tanto 
no conhecimento do veículo como nos procedimentos que você deve 
desempenhar para dirigir com segurança. 
Assim, para escrever bem, é preciso também se arriscar e “entrar na 
piscina” ou “assumir o volante”. Não há como você desenvolver uma 
técnica sem se submeter ao exercício diário e constante, adquirindo 
consciência daquilo que está fazendo.
São detalhes que fazem muita diferença: habitue-se a acessar diariamente 
um site de notícias de qualidade. Certamente você, pouco a pouco, 
saberá que uma notícia se pauta, essencialmente, em relatar os fatos sem 
problematizar a linguagem, ou seja, com objetividade e sem especulação. 
Pois, se há especulação, já não estamos no terreno da notícia, e sim 
da análise. Ao assistir a um filme estrangeiro, prefira assisti-lo com as 
legendas. Você, pouco a pouco, encontrará o ajuste e dará conta de ver os 
personagens, ouvir e ler, no seu idioma, aquilo que estão dizendo. Mas 
se ainda você gosta de uma boa revista de entretenimento, sem muita 
profundidade, será válido, pois você também saberá quando se utilizar de 
uma linguagem mais leve e atrativa para cativar o seu leitor. 
www.esab.edu.br 9
Figura 1 – Para aprimorar a sua escrita, você precisa de variedade de leitura.
Fonte: <www.shutterstock.com>.
Resumindo, você precisa de variedade de leitura. Habitue-se aos livros 
de ficção, às biografias e autobiografias, aos relatos de história e estudos 
de geografia, e o que mais for. Você encontrará frases, orações e períodos 
mais complexamente articulados, de modo a ampliar o seu vocabulário, 
acostumá-lo a raciocínios mais longos e ampliar a sua experiência com 
o relato alheio. Você aprenderá gramática sem sequer perceber. E outra 
coisa: tenha muito cuidado com a linguagem abreviada ou adaptada que 
utilizamos para a comunicação on-line, quando tudo vale ou é permitido. 
Nada pior que ler um texto em que se utiliza “mais” no lugar de “mas”…
Um dos problemas, no entanto, que todos temos de enfrentar é a 
ansiedade. Muitas vezes queremos algo prontamente. Queremosperceber 
o benefício imediatamente. É um pouco a lógica do consumo: compro, 
uso, quero ver o resultado. Na escrita, como em qualquer outra técnica, 
as coisas não são bem assim. 
Digamos que você esteja nadando. Você já desenvolve a modalidade 
crawl com certa naturalidade e precisão e seu instrutor quer agora que 
você exercite o nado golfinho. A sua reação imediata é de resistência, pois 
você sabe da sua dificuldade em concatenar os movimentos de pés, braços 
e tronco, mas começa a prática do exercício. Você tenta apreender o 
movimento, mas ainda não consegue desenvolvê-lo corretamente. A aula 
acaba e você sai da piscina com certo descontentamento e mais cansado 
www.esab.edu.br 10
que o habitual, pois do crawl você já dava conta. Passam-se dois dias, ou 
na aula da semana seguinte, você se aquece, entra na água, começa em 
modo crawl e logo passa à modalidade golfinho. Surpreendentemente, 
você nota que, embora os movimentos ainda não estejam perfeitos, você 
já os desenvolve com certa habilidade ou menos esforço.
Pois, é assim mesmo. Foi necessário que você se expusesse a algo que 
ainda desconhecia ou não dominava, que tentasse desenvolver essa 
tarefa conscientemente, e que também precisasse lidar com a impressão 
momentânea de fracasso. É parte do processo, e não vale a pena pular a 
etapa. Não tem como.
Mas vamos ao que de fato nos interessa: na sua disciplina de Sociologia 
das Organizações, Introdução à Computação ou Psicologia da Educação, 
o professor lhe solicita escrever uma resenha sobre um capítulo específico. 
Você realizou a leitura, destacou no texto as informações que julgava 
fundamentais e passou à confecção do seu trabalho. Ao fim, você 
ainda não se sente satisfeito com o resultado. Pode ser impressão, pode 
ser a leitura ainda superficial de determinada passagem ou que a sua 
interpretação ainda esteja apressada, sem ir fundo nos conceitos. Pois 
bem, dê um tempo para você mesmo. Reserve o texto, faça outra leitura, 
consulte outro autor ou vá fazer outra coisa. No dia seguinte – o tempo 
é relativo –, retome aquilo que você escreveu e leia criticamente. Você 
encontrará períodos que ficaram pouco claros, verá que certa informação 
não é tão importante assim, que determinada conclusão está apressada; 
perceberá um ou outro deslize na pontuação, e assim por diante. Em 
suma, é preciso lidar com a ansiedade da conclusão e dar tempo para que 
você mesmo mude, para que você se reprograme ou se reorganize; para 
que você se distancie daquilo que estava tão perto dos seus olhos mas que 
não conseguia enxergar com precisão.
Em um curso superior, também é comum termos contato com textos 
mais complexos, que exigem muito mais que uma leitura superficial, pois 
estão longe da nossa experiência cotidiana. São textos que demandam 
uma ampliação de nossa escopia, isto é, do modo como vemos o 
mundo e interpretamos as suas implicações. Então aproveite, pois este 
é justamente o momento para você se expor a leituras e problemas que 
põem à prova os seus conceitos. 
www.esab.edu.br 11
Para encerrar esta unidade, acompanhe algumas dicas de Stephen 
Kanitz, articulista da revista Veja, consultor de empresas e conferencista. 
Resumidamente, Kanitz (2012) anota:
•	 por mais relativo que isto seja, escreva sempre considerando qual é o 
seu público-alvo;
•	 deixe a vaidade de lado, escreva para narrar uma experiência ou 
expor uma ideia;
•	 inicie pelo rascunho, deixe as ideias amadurecerem e revise ou 
reescreva;
•	 não gaste tempo com ideias intransigentes ou pesadamente 
ideológicas;
•	 repita de formas diferentes as ideias fundamentais do seu texto;
•	 seja conciso, direto e objetivo. 
Estudo complementar
Vimos nesta unidade que para escrever bem 
é preciso munir-se de um cardápio variado 
de informações, dedicação e disciplina. Para 
complementar o estudo, leia o texto completo 
de Stephen Kanitz a que fizemos referência, 
clicando aqui.
www.esab.edu.br 12
2 O que é texto?
Objetivo
Desenvolver e explorar o conceito de texto, analisando suas 
perspectivas de formação de sentido no processo de criação e 
organização.
Depois de nossas considerações acerca do processo de escrita, vamos 
abordar o significado do texto. 
“Redija um texto”, “leia o texto a seguir”, “o texto está ilegível” – com 
certeza, você já teve contato com esses enunciados e acatou o que estava 
sendo solicitado ou informado. Todos realizamos a tarefa porque, bem 
ou mal, entendemos o que significa. Mas e se você tivesse de conceituar, 
como faria? São várias as possibilidades.
2.1 Compreendendo o conceito de texto
Hoje, dispomos de leituras mais abertas quanto ao conceito de texto, 
mas sua origem remonta ao vocábulo latino textu, que significa tecido, 
ou seja, a uma peça cuja consistência depende do bom entrelaçamento 
de vários fios. Medeiros (2008, p. 137) diz que “[...] a imagem de tecido 
contribui para esclarecer que não se trata de feixe de fios (frases soltas), 
mas de fios entrelaçados (frases que se inter-relacionam)”.
Por consequência dessa definição, entendemos texto como o campo da 
página escrita – por exemplo – cujos fios (as palavras) estão dispostos em 
uma ordem coerente, e que independe da sua extensão. Vejamos como 
isso funciona na prática.
Talvez você more em um apartamento, que fica dentro de um 
condomínio. Todos os dias, ao se aproximar do portão, você vê a placa 
onde está escrito “não buzine”. Trata-se de um texto? Sim. Por se tratar 
de um lugar onde residem várias pessoas e que exige certas normas de 
www.esab.edu.br 13
conduta social, entendemos que a placa solicita bom senso a quem 
se aproxima, para que produza o menor ruído possível. A unidade de 
sentido, portanto, está concretizada. Mas e se em vez da frase escrita 
estivesse apenas a figura de uma buzina com a tarja de proibido 
sobreposta, seria um texto? Sim, pois o signo na placa, tal como as letras, 
indica-nos algo cujo sentido é compreensível.
Por outro lado, digamos que você esteja caminhando pelo centro da 
cidade e vê a mesma palavra, buzina, pichada num muro, ou mesmo o 
desenho de uma buzina. Trata-se de um texto? Pergunte-se: a relação de 
sentido se mantém?
Como não estamos mais no ambiente condomínio, que evoca os 
cuidados a que nos referimos antes (residência, família, silêncio), e trata-
se apenas de um muro, o sentido não se efetiva. Não podemos captar a 
intenção comunicacional do autor da pichação nem por ela mesma nem 
pelo contexto que a cerca. Talvez na cabeça do autor aquilo faça muito 
sentido, mas seria apenas especulação de nossa parte. Não há interação 
comunicativa específica, que é o segundo movimento a que Medeiros 
(2008) faz referência.
Podemos, a partir desses breves exemplos, concluir que o significado não 
é autônomo. Para que ele se efetive, é preciso considerar o contexto onde 
ele se insere. 
Assim, podemos apreender que o significado das partes que compõem 
um texto está atrelado às correlações que elas mantêm entre si e, além 
disso, que o contexto concerne a uma unidade linguística maior, em que 
se encaixa uma unidade linguística menor, o texto. 
Outro caso bastante analisado para estudar os conceitos de texto e 
contexto refere-se a uma crônica de Ricardo Ramos, intitulada “Circuito 
fechado”, constante no livro de mesmo título, publicado pela primeira 
vez em 1972. Vejamos:
www.esab.edu.br 14
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, 
creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água 
quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, 
sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas, espátula, pastas, 
caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, 
xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios,cartas, notas, vales, 
cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, 
cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos 
de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, 
pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo. 
Xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e 
poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, 
gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de 
cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, 
guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, 
papéis, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, 
fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, 
jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, 
gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, 
guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, 
poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, 
espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.
E agora? É apenas uma lista de palavras ou há conexão entre elas?
Como você deve ter notado, a sequência de substantivos mostra a rotina 
de um homem ao longo de um dia, desde o momento em que sai da 
cama, vai ao banheiro, toma café, começa o seu trabalho, paga contas, vai 
ao banheiro, lê o jornal, descansa, volta ao trabalho, dirige, olha quadros, 
janta, volta, assiste à tevê, toma banho e se deita. Temos então um texto 
cujo contexto desvendamos por interpretação. De certo modo, é parecido 
com um poema bastante famoso de Augusto de Campos, poeta brasileiro 
do movimento concretista, em que a palavra lixo, grande, está escrita 
com a palavra luxo, repetidamente, e em formato menor.
www.esab.edu.br 15
Figura 2 – Luxo, poema de Augusto de Campos, 1966.
Fonte: <www.cibercultura.org.br>.
Também via interpretação, trata-se de um texto que questiona valores, 
que demanda outro texto – ou seja, quer que estabeleçamos uma relação 
entre um e outro vocábulo. É um texto que expõe a relação entre ambos 
os termos e comunica algo como “quanto mais luxo, mais lixo”, e faz 
com que pensemos criticamente, por exemplo, na sociedade em que 
vivemos. Assim, escreve-se um texto para participar de um contexto 
maior, ao qual se faz referência. 
Texto é uma unidade concreta que percebemos pela visão, pela audição 
e até mesmo pelo tato (considere o sistema de Libras), e implica uma 
situação de comunicação de uma mensagem cuja extensão é variável, 
podendo formar-se por apenas uma palavra ou pela articulação de várias. 
Em termos genéricos, contexto é uma coisa grande em que cabe uma 
coisa pequena!
Fiorin e Savioli (2006) explicam que, em um texto, o significado de uma 
parte não é autônomo, no sentido de que depende das outras com que 
se relaciona. Assim, o significado global não é simplesmente resultado 
da soma de suas partes, mas de certa combinação geradora de sentidos. 
E daí percebermos o conceito implícito de contexto. Ou seja, devemos 
sempre levar em conta o contexto em que está inserida a passagem do 
texto a ser lida, entendendo-o como uma unidade linguística maior em 
que se encaixa uma unidade menor. 
www.esab.edu.br 16
Saiba mais
Expusemos aqui de modo bastante sintético os 
conceitos de texto e contexto e suas implicações. 
Para saber um pouco mais, clique aqui e assista ao 
programa Palavra Puxa Palavra, produzido pela 
Educopédia MultiRio, que tematiza os conceitos de 
texto, contexto e intertexto. 
www.esab.edu.br 17
3 A nova ortografia da Língua Portuguesa
Objetivo
Observar as principais alterações propostas pelo Novo Acordo 
Ortográfico da Língua Portuguesa.
3.1 Reforma ortográfica
Em 2008, foi proposta uma reforma ortográfica com o objetivo de 
uniformizar a grafia nos países que têm o português como língua oficial: 
Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São 
Tomé e Príncipe e Timor Leste.
O benefício da reforma é facilitar a aproximação desses países e fortalecer o 
idioma, mas fica a critério de cada país como e quando a colocará em vigor.
No Brasil, termina em 2012 o período de transição para que as novas 
regras passem a ser oficiais. Até lá, temos de aprender a usá-las. O 
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira 
de Letras, com 381.000 verbetes, é o vocabulário oficial da nossa língua 
e sua versão mais recente, de 2009, atualizada com a nova ortografia, é a 
base para dicionários e livros em geral.
Já são vários os manuais impressos e online para saber a grafia correta dos 
termos, mas ainda há muitas dúvidas e discussões.
Saiba mais
Para conhecer o decreto da Reforma Ortográfica 
da Língua Portuguesa, clique aqui.
www.esab.edu.br 18
Acompanhe a seguir um resumo das principais mudanças, a partir de 
Silva (2009).
3.1.1 Uso do hífen
Usa-se o hífen: 
•	 em palavras compostas que ganham um significado diferente, mas 
com sentido de composição (exemplo: tio-avô);
•	 em espécies botânicas e zoológicas (exemplo: bem-te-vi);
•	 palavras com uso já consagrado (exemplo: cor-de-rosa);
•	 em encadeamentos de vocábulos (exemplo: Rio-Niterói);
•	 em nomes próprios iniciados por grã, grão, verbo ou com termos 
ligados por artigos (exemplo: Grã-Bretanha);
•	 em ênclise e mesóclise (exemplo: deixá-lo);
•	 com o segundo termo iniciado por h (exceto sub) (exemplo: anti-
higiênico);
•	 com os prefixos além, aquém, recém, sem, ex, vice, pós, pré e pró 
(exemplo: pré-natal);
•	 com o primeiro termo terminado em vogal e o segundo iniciado pela 
mesma vogal (exceto co) (exemplo: contra-ataque);
•	 em derivados de Tupi-Guarani (exemplo Mogi-Mirim);
•	 com os prefixos circum e pan com o próximo termo iniciado por 
vogal, m ou n. (exemplo: pan-americano);
•	 com o prefixo mal com o próximo termo iniciado por vogal ou h 
(exemplo: mal-humor);
•	 em termos repetidos (exemplo: blá-blá-blá);
•	 com o prefixo bem com o próximo termo iniciado por vogal ou 
consoante (exemplo: bem-estar);
Observação
O hífen sumiu no caso de aglutinações do prefixo bem com o próximo 
elemento, mas apenas em duas famílias de palavras. A palavra bem-feito 
vira benfeito por força de ajustá-la a benfeitor, benfeitoria; o verbo bem-
querer vira benquerer por analogia a benquisto, benquerença. O detalhe 
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é que, ao mesmo tempo, a forma consagrada bem-querer permanece 
ativa. Não há menção no Novo Acordo a quaisquer outros casos.
Não se usa o hífen:
•	 em palavras que perdem a noção de composição ganhando novo 
significado (exemplo: paraquedas);
•	 em locuções substantivas, adjetivas, pronominais ou adverbiais sem o 
uso do hífen consagrado (exemplo: fim de semana);
•	 com os prefixos co, re, pro, pre (exemplo: cooperação);
•	 com não e quase (as palavras não se unem) (exemplo: não fumante);
•	 com prefixo terminado em consoante e o próximo termo iniciado 
por consoante diferente ou vogal (exemplo: subsíndico);
•	 com prefixo terminado em vogal e o próximo termo iniciado 
por vogal diferente ou consoante diferente de r ou s (exemplo: 
autoestrada);
•	 com prefixo terminado em vogal e o próximo termo iniciado por r 
ou s (r e s duplicam) (exemplo: ultrassom);
•	 com o prefixo sub com o próximo termo iniciado por letra diferente 
de r (exemplo: subitem);
•	 com o prefixo mal com o próximo termo iniciado por consoante, em 
alguns casos (exemplo: malcriado);
•	 nas expressões latinas não aportuguesadas (exemplo: carpe diem).
Saiba maisAcesse o site UOL Notícias e assista a um bate-
papo com o professor Pasquale Cipro Neto a 
respeito da reforma ortográfica clicando aqui.
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3.1.2 Outras mudanças importantes
O Novo Acordo Ortográfico, conforme Silva (2009), trouxe mais 
algumas importantes mudanças. Vejamos:
•	 mudança no alfabeto: as letras k, w e y foram incluídas oficialmente;
•	 abolição do trema. O único caso de uso permitido é nas palavras 
estrangeiras e suas derivadas (exemplo: Müller, mülleriano);
•	 não se usa mais o acento diferencial (exceto em pôr e nos verbos 
têm, vêm e derivados na terceira pessoa do plural. Em fôrma é 
facultativo);
•	 não se usa acento em éi e ói em paroxítonas (exemplo: ideia, paranoia);
•	 não se usa acento em i e u tônicos após ditongo em paroxítonas 
(exemplo: feiura);
•	 não se usa acento nos hiatos êem e ôo(s) (exemplo: voo);
•	 não se usa acento no u tônico do presente do indicativo dos verbos 
arguir e redarguir (exemplo: eles arguem);
•	 uso facultativo do acento nos verbos aguar, apaniguar, apaziguar, 
apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar e delinquir, de 
acordo com a pronúncia (exemplo: enxágua ou enxagua). 
Espera-se que este breve resumo tenha auxiliado você. Quando surgir 
uma dúvida, retorne e consulte. Se não for o bastante, consulte o 
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), no site da 
Academia Brasileira de Letras.
Fórum
Dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem 
(AVA) e participe do nosso primeiro fórum. Esta 
atividade permite a interação entre você, seu tutor 
e colegas de curso, contribuindo significativamente 
para a construção do seu conhecimento.
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4 O falado e o escrito
Objetivo
Discutir a linguagem sob o viés de diferentes lugares de enunciação, 
analisando as mudanças que devem ser levadas em consideração.
Utilizamos várias maneiras para nos comunicar, certo? Temos um modo 
para tratar com nossa família, outra com o pessoal do trabalho, outra 
em situações mais formais. E você também já deve ter reparado que em 
diferentes regiões do Brasil existem modificações na maneira de falar 
e também no vocabulário utilizado. Essas variações são chamadas de 
variedades linguísticas e fazem parte da diversidade cultural do nosso 
país. Podem ser variedades geográficas, de gênero, socioeconômicas, entre 
outras.
As variedades geográficas são os regionalismos, que correspondem ao 
modo de falar do paulista, do baiano, do mineiro, do catarinense etc. 
Mas qual será a razão de nos jornais da tevê a linguagem utilizada não 
se parecer com a de nenhuma região? Se você pensou “porque é uma 
linguagem padrão”, é isso mesmo.
A língua padrão é uma tentativa de unificar as características da língua 
portuguesa. Mas, diante disso, podemos afirmar que exista uma língua 
“mais correta”? 
A língua não é uma coisa inerte; pelo contrário, trata-se de algo vivo e 
dinâmico, usado pelos falantes de uma comunidade para a expressão de 
necessidades, sentimentos e ideias. Justamente por isso, trata-se de um 
código sujeito a constantes transformações e adaptações conforme as 
necessidades comunicativas dos falantes (FARACO; TEZZA, 2008).
Mas atenção! Você recorda da letra de “Inútil”, música do Ultraje a 
Rigor, banda brasileira dos anos 1980? Acompanhe:
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A gente não sabemos
Escolher presidente
A gente não sabemos
Tomar conta da gente
A gente não sabemos
Nem escovar os dente
Tem gringo pensando
Que nóis é indigente...
Inútil
A gente somos inútil
Inútil
A gente somos inútil
O refrão “A gente somos inútil” da música do compositor brasileiro 
Roger Moreira está correto apenas na música, pois a linguagem poética 
(estudaremos este assunto em detalhe na unidade 6) admite determinadas 
transgressões à norma gramatical. Na letra em questão, houve clara 
intenção em transgredir essa norma para atingir o efeito desejado. O 
autor, no caso, tem liberdade de usar a língua do jeito que acha mais 
adequado para transmitir o sentido que deseja, independentemente do 
emprego da norma culta. 
Assim, percebe-se em vários casos, músicas, poesias e mesmo obras de 
ficção que se valem dessa liberdade para alcançar o efeito desejado na 
leitura ou na musicalidade da obra. Já conforme a norma culta – que 
define o que é ou não correto gramaticalmente –, a concordância do 
verbo e do predicativo em relação a seu sujeito, nesse verso, não está 
correta. No caso, deveríamos escrever “nós somos inúteis”.
Trata-se de um uso muito semelhante ao funcionamento da gíria. Ao 
contrário do que muitas pessoas pensam, a gíria não constitui um 
“estrago” da linguagem. Quem, um dia, não usou alguma expressão 
como “cara”, “beleza”, “parada”, “ninja”, “balada”? 
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O mal da gíria está em adotá-la como forma permanente de 
comunicação, desencadeando um processo não só de esquecimento, 
mas de desprezo ao vocabulário oficial. Mas se for usada no 
momento adequado, a gíria é um elemento de linguagem que denota 
expressividade, espontaneidade e criatividade, desde que, naturalmente, 
adequada à mensagem, ao meio e ao receptor (estudaremos esses 
conceitos mais adiante). 
Observe, porém, que estamos falando em gíria, e não das expressões 
conhecidas sob a categoria “baixo calão”. Uma palavra de baixo calão, 
popularmente conhecida como “palavrão”, é um vocábulo que pertence 
à categoria “gíria”, mas que, dentro dessa, apresenta-se chulo, impróprio, 
rude, obsceno, agressivo ou imoral sob determinados ângulos culturais. 
O problema da gíria é que ela só é admitida na língua falada ou em 
meios alternativos. Você pode utilizá-la numa conversa eletrônica 
com pessoas que você conhece, mas deve saber que em um trabalho 
acadêmico ou em situações mais formais, ela não convém – exceção 
para casos especiais de documentação de um fato em que descrever a 
linguagem seja parte essencial para a identificação de um personagem, 
por exemplo.
Em termos gerais, você deve ter a consciência de que na fala você 
pode usar de certa descontração, no sentido de não aplicar as devidas 
concordâncias entre os termos, ou de usar gírias, mas somente quando 
você já pode se manifestar à vontade. Para situações formais, como a 
apresentação de um seminário, uma entrevista de trabalho, enfim, é 
preciso que você saiba regular a linguagem – pois o que está em questão 
nessas ocasiões é justamente manter-se “na linha”, mostrando sua 
capacidade de expressar ideias de forma clara e polida. 
Em suma, estudamos a língua para ampliar as relações de sentido. Se 
você tem um vocabulário curto, esse vocabulário não necessariamente 
determina suas associações mentais, mas com certeza limitará a expressão 
das suas ideias. Como vimos na unidade 1, é preciso tratar o domínio do 
idioma como uma técnica que aprendemos pela prática contínua.
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Para sua reflexão
Vimos que “fala” e “escrita” são diferentes 
modalidades que apontam para usos distintos 
da língua. Agora que você já passou pela leitura 
da unidade, reflita: como se deve conduzir a 
linguagem para uma apresentação, uma situação 
formal em que você está sendo analisado por 
outras pessoas? 
As respostas a essas reflexões formam parte de sua 
aprendizagem e são individuais, não precisando 
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
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5 Polissemia, metalinguagem, intertextualidade e recombinação
Objetivo
Vislumbrar a pluralidade de significados das palavras, sua 
metalinguagem, bem como os conceitos da relação intertextual e da 
recombinação como procedimentos básicos para a escrita.
Prezado acadêmico, agora que já vimos a importância do emprego 
correto da língua, inclusive percebendo as nuances entre o texto falado 
e o texto escrito, trataremos a seguir de alguns conceitos bastante 
frequentes no universo do estudo da Língua Portuguesa no ambienteacadêmico. São conceitos independentes, mas que guardam, como você 
verá, intensa relação entre si. Será uma exposição bastante breve, porém 
suficiente para você operacionalizar os termos.
5.1 Polissemia
Para começar, observe a raiz grega do termo polissemia: poli, muitos; 
sema, significado. Refere-se à pluralidade lexical das palavras. Ou seja, 
além do significado imediato que temos a respeito de uma palavra, ela 
pode assumir diferentes sentidos conforme o contexto (PERINI, 2009). 
O texto de humor, por exemplo, vale-se muito da polissemia das 
palavras. Trata-se de um texto de ampla circulação, principalmente em 
programas de televisão, charges e histórias em quadrinhos. A publicidade, 
inclusive, utiliza muito da polissemia, partindo de uma escolha bastante 
específica dos termos a serem empregados para que causem a devida 
reação no leitor/ouvinte.
Como contraste, um texto de caráter científico partirá do contrário: ele 
evita a ambiguidade de um termo para justamente anular a possibilidade 
de um sentido distinto daquele que se deseja; deste “defeito” é que o 
texto humorístico se vale. O humor diz uma coisa, permitindo que 
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outra – ou mais – seja compreendida. É uma espécie de “negociação” do 
sentido que o texto estabelece (FARACO; TEZZA, 2008). 
Veja a figura 3 e comprove a tese.
Figura 3 – Capa da revista Cascas, exemplo de polissemia no texto humorístico.
Fonte: <www.hortifruti.com.br>.
5.2 Metalinguagem
Esse conceito trata da propriedade que a língua tem de voltar-se para 
si mesma. O termo vem do grego, metá, e significa “depois, além de”. 
Então, podemos entender a metalinguagem como aquilo que está além 
da mera comunicação, quando problematizamos a linguagem utilizando 
dela própria para fazer isso. É a forma de expressão dos dicionários e das 
gramáticas, ou seja, de linguagens dedicadas ao estudo da linguagem 
(PERINI, 2009). 
Hoje em dia, no entanto, a compreensão do termo é mais ampla, e 
o mesmo pode ser detectado em vários campos quando se realiza um 
movimento espiralado de pensamento. 
Vamos a um exemplo? Tomemos por base a introdução do romance 
“Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, que 
assim escreve: “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias 
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pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu 
nascimento ou a minha morte”. Ou seja: o escritor discorre sobre o 
modo como escreveu o próprio livro. 
Atualmente, a metalinguagem faz parte de muitas das ficções com que 
tomamos contato. São frequentes os filmes que se desdobram sobre o 
próprio processo de representação (do filme que narra a confecção de um 
filme ou dos documentários a respeito de filmes ou seriados). 
Para você vislumbrar a ideia, considere que o programa Vídeo Show, 
da Rede Globo, desdobra uma metalinguagem sobre os programas 
realizados pela própria emissora. Por outro viés, a função primeira da 
linguagem é comunicar uma mensagem a um receptor, de forma a 
alcançar um determinado objetivo. Mas quando utilizamos a linguagem 
para esclarecer algo já exposto, aí estamos no campo da metalinguagem.
5.3 Intertextualidade
Temos aqui, talvez, o mais rico dos conceitos. Suas formas habituais são 
a paródia e o pastiche (retornaremos a este conceito quando estudarmos 
a paráfrase, mais adiante). Trata do diálogo entre os vários textos de uma 
língua (MEDEIROS, 2008). 
Considere que um bom texto é bom à medida que se mostra capaz de 
estabelecer relações com o universo de ideias em que ele se situa. Quem 
não consegue estabelecer relações dificilmente desenvolve o senso crítico, 
a capacidade de análise; permanece sempre no sentido literal, não capta 
as entrelinhas, os pressupostos, ou seja, aquilo que está além, e que 
necessita do nosso conhecimento extra e de nossa interpretação. 
Daí se conclui a importância da variedade e constância da leitura. À 
medida que você constrói um repertório amplo de referências, amplia 
também o raio de associações que consegue estabelecer. Você se torna um 
construtor hábil de sentidos. 
Como exemplos rápidos, imagine que o álbum “Admirável chip novo”, 
da cantora Pitty, faz referência ao clássico romance de Aldous Huxley, 
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“Admirável mundo novo”; ou que a reportagem “Yes, nós temos urânio!”, 
da Revista Superinteressante, referencia a famosa frase “Yes, nós temos 
banana!”, da cantora Carmen Miranda. A leitura já começa por aí.
A literatura inteira é construída de livros que dialogam uns com os 
outros. O cinema se alimenta do próprio cinema, e faz referência (ou 
não!). Uma forma bem didática de visualizar isso é assistir ao filme 
de Bernardo Bertolucci, “Os sonhadores” (The Dreamers, 2003), em 
que o diretor retoma uma série de imagens da Nouvelle Vague, mais 
especificamente de um filme de Jean-Luc Godard, chamado “Bande à 
part”, um dos principais trabalhos da escola francesa, realizado em 1964. 
Em “Os sonhadores”, Bertolucci narra a história de Matthew, um garoto 
americano que, em 1968, vai a Paris estudar. Lá, conhece dois irmãos, 
Isabelle e Theo, e os três se tornam grandes amigos. São aficionados por 
cinema, e relacionam tudo às cenas dos filmes a que assistem. A cena 
mais emblemática é quando Isabelle lança a Matthew um desafio, o de 
acompanhá-la junto com Theo num passeio pelo Museu do Louvre, 
tal como na cena do filme “Bande à part”, em que os três personagens, 
Arthur, Odile e Franz, resolvem quebrar o recorde de um americano 
que conseguiu visitar o Louvre em 9 minutos e 45 segundos – e que 
acabam conseguindo, com 2 segundos a menos. A cena seguinte de 
“Os sonhadores”, portanto, é Matthew, Isabelle e Theo realizando o 
mesmo passeio de Arthur, Odile e Franz, antes realizado pelo americano, 
quebrando o recorde original em 17 segundos. E só para você saber mais 
um pouco sobre “Bande à part”, a cena original, de 1964, era, desde 
aquela época, a maneira de o diretor criticar e ridicularizar as hordas 
apressadas de turistas que circulavam pelo museu, preocupando-se apenas 
em ver os quadros mais conhecidos.
Nesse caso, temos, então, uma pluralidade de conceitos. Há a relação 
intertextual entre os filmes e há também a metalinguagem de um filme 
que faz referência a outro. Durante a cena, aliás, Bertolucci intercala a 
filmagem feita por Godard com a sua, originando uma espiral de cinema 
sobre cinema, de linguagem sobre linguagem, de citações.
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5.4 Recombinação
Por último, temos o conceito de recombinação. Habitualmente, não se 
trata de um conceito estudado em Língua Portuguesa. Trata-se de um 
viés mais vanguardista, e refere-se à ideia de que a produção criativa e 
intelectual nunca é original, está sempre pautando-se pelo já feito, dando 
novos sentidos àquilo cuja leitura estava estática. 
Por exemplo, considere que um determinado texto clássico já esteja 
carregado por uma determinada interpretação. A recombinação é uma 
forma de revitalizar o sentido, estabelecendo conexões que antes não 
existiam. 
Podemos dizer, portanto, que para conseguir decodificar uma série de 
mensagens, uma vez que a língua é um sistema de códigos, precisamos 
recombinar os termos, associá-los a outros. Ou seja, temos de construir o 
sentido! 
A recombinação é mais facilmente visualizada nas artes, e o maior 
expoente da recombinação talvez seja Marcel Duchamp, que criou a 
nomenclatura ready-made. Traduzindo o termo, ready-made significa 
“feito pronto” – ou seja, os trabalhos não eram mais uma reprodução 
do real por meio da técnica (como pintar uma paisagem “tal qual”, por 
exemplo), mas o próprio real. Para ele, o que interessava era o ruído que 
o objeto artístico gerava no campo das ideias. Nesse caminho, podemos 
ler por exemplo o seu trabalho intitulado “A fonte”, de 1917, que 
consiste em um urinol, assinado com o pseudônimo R. Mutt.www.esab.edu.br 30
Figura 4 – A fonte, de Marcel Duchamp (1917).
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
Em outras palavras, não interessava mais o objeto – ele poderia ser 
qualquer coisa –, mas sim os sentidos que ele passava a produzir na 
rede discursiva do campo artístico. Mas como eram constituídos esses 
trabalhos? Pela recombinação de elementos. Os objetos eram retirados de 
sua condição de uso, e reposicionados como objetos de contemplação, de 
discurso, de pensamento. 
Mas de que isso nos serve no estudo dos textos?
Isso significa que os sentidos não estão simplesmente dados. Todo 
sentido é um processo de elaboração, de negociação (FARACO; TEZZA, 
2008). Quando lemos, estamos nos colocando no texto. São os nossos 
conhecimentos e nossa capacidade de interpretação que estão em jogo. 
Por isso, quanto mais amplas forem as suas referências, maior será a sua 
compreensão do mundo e de seus discursos. Ter noção desses conceitos 
ajudará você a aperfeiçoar os seus procedimentos de escrita e refinar o seu 
senso crítico. Mãos à obra!
www.esab.edu.br 31
Saiba mais
Para ampliar o seu conhecimento a respeito do 
termo recombinação, leia o texto “Plágio utópico, 
hipertextualidade e produção cultural eletrônica” 
do grupo Critical Art Ensemble. O texto pode ser 
acessado clicando aqui.
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6 O esquema da comunicação e as funções da linguagem
Objetivo
Apresentar os fatores básicos que envolvem a comunicação, 
estudando as seis funções da linguagem.
Após abordar a pluralidade de significados das palavras, sua 
metalinguagem, entendendo os conceitos da relação intertextual e da 
recombinação como procedimentos básicos para a escrita, vamos nos 
deter no processo de comunicação.
Emissor, receptor, interlocutor – são termos usados com frequência 
no estudo da Língua Portuguesa, mas que fazem parte da teoria da 
comunicação, que estuda as origens, os efeitos e o funcionamento do 
nosso processo de interação via linguagens. Vamos explicitar alguns 
desses termos para que você saiba do que se trata. 
6.1 Esquema da comunicação
De saída, saiba que todo ato comunicativo (a fala, a escrita, um gesto) 
tem por premissa a transmissão de uma mensagem, constituída por um 
número fechado de elementos, como você pode visualizar na figura 5.
Contexto
Canal
Código
Emissor ReceptorMensagem
Figura 5 – Esquema da comunicação.
Fonte: Elaborada pelo autor (2012).
www.esab.edu.br 33
Detalhando os elementos, o emissor é quem emite a mensagem. É a 
fonte da comunicação. Pode ser tanto uma pessoa como um grupo (uma 
organização, por exemplo). 
Receptor, ou destinatário, é quem recebe a mensagem transmitida pelo 
emissor. Pode também ser um indivíduo ou grupo (ou mesmo uma 
máquina ou um animal). A comunicação só acontece se a mensagem 
gerar alguma reação no receptor.
Continuando, a mensagem é a informação transmitida e/ou recebida. 
Trata-se do objeto da comunicação, constituído pelo conteúdo.
Canal, por sua vez, é a via de circulação das mensagens, seu meio físico, 
permitindo o contato entre os envolvidos no processo. Conforme o 
canal, as mensagens podem ser caracterizadas como visuais (imagem, 
símbolo), sonoras (palavras, músicas, sons de modo geral), táteis 
(pressões, choques), olfativas (odores em geral), gustativas (um tempero, 
por exemplo). Um choque elétrico, um sinal com as mãos, um perfume 
só constituem mensagens se veicularem, por vontade do emissor, uma ou 
várias informações dirigidas ao receptor.
Código é o conjunto de sinais ou signos com os quais, seguindo certas 
regras, as mensagens são transmitidas. O emissor faz uso do código 
(codificação); o receptor identifica o sistema e, caso tenha condições, 
decodifica a mensagem. 
Por fim, a imagem sinaliza o contexto, constituído pelo ambiente que 
envolve a situação comunicacional, as circunstâncias de espaço e tempo.
6.2 Funções de linguagem
Nas primeiras décadas do século XX, a linguagem passou a ser 
estudada cientificamente. Roman Jakobson, linguista russo, observou 
neste processo seis funções essenciais, amplamente utilizadas, as quais 
correspondem a cada um dos fatores da comunicação que vimos há 
pouco.
www.esab.edu.br 34
Saiba que a primeira é a função emotiva (ou referencial) presente nos 
textos que privilegiam o emissor da mensagem. Prevalece a primeira 
pessoa do discurso – eu –, interjeições e exclamações. É a linguagem 
das biografias, memórias, monólogos, poesias líricas e cartas íntimas. 
Exprime, portanto, a atitude do emissor em relação ao conteúdo de sua 
mensagem e situação, sua subjetividade, normalmente moldada por 
sentimentos e emoções. Observe:
Decidi contar o que aconteceu comigo quando resolvi virar punk. Nem sabia direito 
o que era punk e acho que ainda nem sei e por isso nem sei bem o que vou contar. 
Talvez seja porque nem sei direito o que me aconteceu. Mas vou contar, sinto que 
preciso contar, acho que me daria prazer. E vou contar. Também não sei muito bem 
por que resolvi escrever sobre tudo isso. Se me tivessem perguntado antes acho que 
teria respondido que gostaria de fazer um filme ou vídeo. Mas de repente a única 
coisa que pintou mesmo foi um maço de papel que peguei do escritório e é isso que 
vou usar. (COELHO, 1984, p. 7)
A segunda função da linguagem é a conativa (ou apelativa). Está 
orientada para o receptor (ou destinatário), e caracteriza, por exemplo, 
os textos publicitários, que usam frequentemente verbos no modo 
imperativo (“Faz um 21!”, “Experimenta!”). A linguagem publicitária, 
por enfatizar sempre o receptor, emprega expressões próximas ou 
similares às do público-alvo, justificando o coloquialismo habitualmente 
adotado nesse tipo de discurso.
A terceira função é a referencial (ou denotativa). Centrada no 
contexto, é aquela que privilegia a informação, fazendo-se presente nos 
textos científicos ou notícias. Em outros termos, é quando o emissor 
procura oferecer informações da realidade, prevalecendo a terceira 
pessoa do singular. Exemplo: “Marco Carola sai em nova tour e fará 
três apresentações no Brasil”, ou “o som é a propagação de uma frente 
de compressão mecânica ou onda mecânica; essa onda propaga-se de 
forma circuncêntrica, apenas em meios materiais – que têm massa e 
elasticidade, como os sólidos, líquidos ou gasosos”.
A quarta função da linguagem proposta por Jakobson é a função fática. 
Está centrada no canal de comunicação. Nela interessa manter a situação 
comunicacional, e não o conteúdo a ser transmitido. É a linguagem das 
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falas telefônicas, saudações e similares (“alô”, “você está me ouvindo?”, 
“um momento, por favor”, “vou desligar”). Há uma canção de Paulinho 
da Viola, “Sinal fechado”, gravada por Chico Buarque, que emprega a 
função fática:
– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro… E você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranquilo… Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos… Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é… Quanto tempo!
Continuando, temos a função metalinguística, que, como já foi dito, é 
a função de usar a língua para explicar a si mesma, por exemplo. Vendo 
por outro viés, é também tudo o que, na mensagem, serve para dar 
explicações ou explicitar o código utilizado pelo emissor. Pode, assim, 
referir-se tanto a um verbete de dicionário ou enciclopédia quanto a um 
diálogo: 
– Levei bomba!
– Como assim, “levei bomba”?
– Fui mal na prova.
No caso, há a necessidade de esclarecimento por parte do emissor daquilo 
que ele quer dizer.
Por último, a função poética, centrada na própria mensagem, coloca em 
evidênciao próprio signo. Está presente nos textos em que se organiza 
de maneira especial a mensagem, com recursos de estilo. É comum na 
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linguagem poética o jogo linguístico, a escolha de tons, a musicalidade. 
Acompanhe o poema a seguir, de W. B. Yeats, e atente para o modo 
como cada palavra é cuidadosamente escolhida:
se eu me vestisse como os anjos
do sol e azuis da noite os tons
das estrelas do céu os arranjos
eu colocaria o mundo a seus pés
mas sou pobre e tendo só meus sonhos
quero colocá-los a seus pés
pise com cuidado, são meus sonhos (YEATS, 1995, p. 25)
Observe a ausência de pontuação, o uso proposital das minúsculas, o 
cavalgamento dos versos, um mesmo fonema que se repete. Em qualquer 
outra situação de linguagem, soaria bastante estranho, não?
Para encerrar, saiba que as seis funções da linguagem não se excluem; 
pelo contrário, é raro encontrar numa mensagem apenas uma dessas seis 
funções. Elas se sobrepõem umas às outras. Mas podemos, sim, dizer que 
uma dada mensagem tem uma função dominante.
Assim, terminamos essa breve noção do estudo das funções da linguagem 
e do esquema comunicacional.
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Resumo
Já fizemos um bom trabalho até aqui. Como você pôde perceber, escrever 
bem é algo que se pode alcançar com dedicação, disciplina e muito senso 
crítico. É um processo longo, mas quanto antes você começar, mais 
rápido será o retorno. 
Vimos também como é amplo o conceito de texto e suas implicações 
com o contexto. Tivemos uma breve noção das alterações fundamentais 
do Novo Acordo Ortográfico, ponderamos as diferenças entre a língua 
falada e a escrita, mostrando que você precisa saber utilizar diferentes 
linguagens conforme a situação (mais ou menos formal). 
Estudamos, ainda, conceitos importantes da produção textual 
(polissemia, metalinguagem, intertextualidade e recombinação) e, 
por fim, vimos os fatores básicos da comunicação, relacionados às seis 
funções básicas da linguagem propostas pelo linguista Roman Jakobson. 
Vamos em frente!
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7 O que define um bom texto
Objetivo
Estabelecer aspectos que permeiam a construção de texto com 
qualidade.
Vamos começar com uma digressão. Na unidade 1, tratamos de como 
escrever pode se converter em uma técnica. Quando nos referimos à 
técnica, no entanto, entendemos por isso o resultado de, a princípio, 
uma dedicação à leitura e ao exercício cotidiano de apresentar 
argumentos bem formulados – ou seja, bem elaborados textualmente e 
estrategicamente armados. Se você está tentando aprimorar a sua escrita 
e o seu pensamento, o processo pode ser, no começo, algo que mereça 
certo esforço e, por isso, dedicação. Com tempo, isso se tornará (se você 
se dispuser) um hábito, de modo que o esforço empreendido se dilui.
Retomamos esse assunto porque há um certo olhar pejorativo sobre a 
denominação da escrita como técnica, pois, de saída, o termo remete 
apenas a dominar um sistema de sinais. E saber ler e escrever não é só 
isso. Trata-se de “[...] agir sobre o mundo e defender-se dele, sempre em 
situações específicas e concretas, intencionalmente construídas e com 
objetivos claros” (FARACO; TEZZA, 2005, p. 128). 
Essa conotação negativa de técnica a que nos referimos está atrelada à 
modalidade de texto que você provavelmente desenvolveu na escola, 
denominado “redação escolar”, e que acabou se transformando em uma 
reunião de macetes a serem executados para se atingir uma boa nota. 
O primeiro desafio para quem pretende dominar a língua padrão escrita 
consiste em sair do universo viciado da redação escolar, universo sem 
referências concretas, “[...] em que um eu abstrato repete opiniões 
fragmentadas, edificantes e moralizantes sobre um Homem e um Mundo 
igualmente abstratos, para um universo concreto no qual a linguagem 
escrita age sobre o mundo” (FARACO; TEZZA, 2005, p. 128).
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Essa ação da linguagem sobre o mundo – porque, afinal de contas, é 
para isso que se escreve, destacam os autores (2005) – está presente tanto 
no bilhete mais simples de alguém semialfabetizado quanto no mais 
sofisticado texto científico. 
Mas, dando uma volta de parafuso a mais, o que seria o mundo, afinal, 
além de linguagem, quando mesmo para expressar o que sentimos (não 
só que pensamos) é preciso falar ou escrever? 
Dizemos comumente que um gesto substitui mil palavras. Mas tenha em 
vista que o gesto só funciona se, na linguagem, ele remeter a um sentido 
que encontra um referente na experiência alheia, produzindo-se assim o 
entendimento da mensagem. Ou seja: assim como as palavras, os gestos 
indicam para determinadas imagens mentais, sejam elas visuais ou acústicas 
(trata-se da composição do signo linguístico, para Saussure). Fim de digressão.
Mas qual o bom texto, afinal?
O bom texto é aquele que responde à proposta, considerando a 
solicitação e a intenção. É o resultado de habilidades construídas 
ao longo do tempo, por várias experiências, tais como aperfeiçoar o 
vocabulário, usar conscientemente a gramática de modo amplo, ter vasto 
referencial linguístico e extratextual.
Como isso é bastante subjetivo, e pode implicar uma longa discussão, 
vamos identificar alguns elementos a seguir que na verdade atrapalham o 
bom desenvolvimento da escrita. 
7.1 Pedantismo
Comunicar bem por escrito, muitas vezes, pode ser confundido com 
certo apego à linguagem prolixa, à vigilância gramatical extrema ou ao 
emprego de um vocabulário requintado. E não é bem assim. 
Por alguma finalidade prática (a seleção do vestibular, por exemplo), 
a produção textual nas escolas passou a ser estudada por fórmulas (ou 
receitas) e macetes. Isso dava a ilusão de que o bom texto poderia ser 
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metrificado justamente pelos fatores que listamos no parágrafo anterior. 
Conhecer um vocabulário amplo e saber gramática são fatores que auxiliam, 
sem dúvida, mas não substituem o que é de fato essencial: organizar bem as 
ideias, de forma clara e coerente, e defender bons argumentos.
7.2 Juridiquês
Trata-se de um neologismo relativamente recente, bastante em voga, 
que indica o uso desnecessário e excessivo do jargão jurídico e de termos 
técnicos de Direito. 
Embora estejamos focalizando o Direito, vale dizer que qualquer área do 
conhecimento possui uma linguagem técnica, um vocabulário que lhe é 
peculiar. A questão é que, se utilizada com exagero, essa linguagem prejudica 
o alcance da leitura do texto, limitando-se apenas a profissionais da área.
O “juridiquês”, entretanto, vai mais além. O termo surgiu em função 
do excesso de formalismo na área jurídica, caracterizada até hoje pelos 
pronomes de tratamento. 
Para aproveitar pedagogicamente este fenômeno, mantenha o olho bem 
aberto (e o senso crítico aguçado) para as frases muito longas, que podem 
perder o referente; para o floreio excessivo da língua com vocabulário 
complicado; para as metáforas jocosas, que podem conotar sentidos que 
você, a princípio, não se deu conta.
7.3 Lugar comum
Conhecido também como clichê, trata do uso de frases feitas da 
sabedoria popular e universal no texto. Expressões que você já deve 
ter ouvido, como “Devagar se vai ao longe”, “A pressa é inimiga da 
perfeição”, “A esperança é a última que morre”, ou frases como “O 
que estraga o Brasil são os políticos”, “Hoje em dia, as mulheres estão 
entrando no mercado de trabalho”, “Segundo pesquisadores americanos”, 
“Os jovens de hoje em dia”, todas estão esgotadas, referem-se apenas 
a generalidades e atuam como formas de não pensar. Além disso, 
normalmente estão carregadas de cunho ideológico. Cuidado! 
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8 Os diferentes tipos de texto
Objetivo
Apresentar noções básicas que permitam reconhecer os diferentes 
tipos de texto no contexto acadêmico.
Delimitar a tipologia textual é matéria polêmica, pois isso implicaum 
certo olhar, um viés, que pode variar conforme o autor consultado. 
Correremos o risco e, para uma amostragem simples, explicitaremos 
aqui aqueles que você encontra no contexto acadêmico. Será uma 
demonstração rápida, a fim de ressaltar as diferenças fundamentais. 
Mesmo porque, nas unidades subsequentes, teremos a oportunidade de 
aprofundar alguns desses casos.
Basicamente, existem seis tipos de texto: narração, descrição, 
dissertação, exposição, informação e injunção. Outros textos, tais 
como relato, entrevista, diálogo são considerados gêneros textuais, e não 
tipos. Do mesmo modo, poesia e prosa são formas literárias, e texto 
épico, dramático e lírico correspondem a gêneros literários. É possível 
divergir dessa conceituação, mas, para fins demonstrativos, é a que 
utilizaremos aqui, baseados em Fiorin e Savioli (2006), Faraco e Tezza 
(2005) e Medeiros (2008).
8.1 Narração
A narração é um tipo de texto cuja peculiaridade reside em contar um 
fato, ficcional ou não, que aconteceu (ou acontece) em tempo e lugar 
específico, envolvendo personagens que desempenham ações. Assim, 
“[...] o que define o componente narrativo é a mudança de situação, a 
transformação” (FIORIN; SAVIOLI, 2006, p. 227). 
Dentro do conceito de narração – é importante que você saiba – fala-se 
em foco narrativo, que pode ser em primeira pessoa, constituindo um 
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narrador-personagem, e em terceira, que indica um narrador-observador. 
Observe o texto a seguir:
Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira. Certa 
manhã, ao deixar o metrô por engano numa estação azul igual a dela, com um nome 
semelhante à estação da casa dela, telefonei da rua e disse: aí estou chegando quase. 
Desconfiei na mesma hora que tinha falado besteira, porque a professora me pediu para 
repetir a sentença. Aí estou chegando quase… havia provavelmente algum problema 
com a palavra quase. Só que, em vez de apontar o erro, ela me fez repeti-lo, repeti-lo, 
repeti-lo, depois caiu numa gargalhada que me levou a bater o fone. Ao me ver à sua 
porta teve novo acesso, e quanto mais prendia o riso na boca, mais se sacudia de rir 
com o corpo inteiro. Disse enfim ter entendido que eu chegaria pouco a pouco, primeiro 
o nariz, depois uma orelha, depois um joelho, e a piada nem tinha essa graça toda. 
Tanto é verdade que em seguida Kriska ficou meio triste e, sem saber pedir desculpas, 
roçou com a ponta dos dedos meus lábios trêmulos. Hoje porém posso dizer que falo o 
húngaro com perfeição, ou quase.
Note que a narração parte da primeira pessoa do discurso. Trata-se do 
início do romance “Budapeste”, de Chico Buarque (2003 p. 5), em que o 
protagonista da história, José Costa, é quem narra os fatos, mostrando o 
seu ponto de vista e como neles se envolve. 
Observe agora este fragmento o livro “O senhor embaixador”, de Érico 
Veríssimo, utilizado por Fiorin e Savioli (2006, p. 225):
Foi na terceira semana de abril que o Embaixador de Sacramento tomou posse de sua 
cadeira no Conselho da Organização dos Estados Americanos. Ao entrar no edifício da 
União Pan-Americana foi logo atraído por vozes estrídulas que despertaram o menino 
que dormia dentro dele. Afastou-se dos assessores que o acompanhavam e precipitou-
se para o Pátio Tropical, onde duas araras de cores tão rútilas que pareciam recender 
ainda a tinta – escarlate, verde, azul, amarelo – gingavam e gritavam, assanhadas nos 
seus poleiros [...].
Percebeu a diferença? Agora há alguém narrando os fatos de fora da história, 
observando tudo, sem dela participar. 
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8.2 Descrição
A descrição, por sua vez, é um texto que utilizamos frequentemente em 
nosso dia a dia. Sua característica é a de caracterizar pessoas, objetos e/ou 
lugares, com ênfase naquilo que se quer fazer ver em detalhe. É como se 
fosse uma imagem verbal. 
Pode ser denotativa, caracterizada pela objetividade, ou conotativa, de 
abordagem subjetiva. Acompanhe esta descrição elaborada por Bernardo 
Guimarães, utilizada por Fiorin e Savioli (2006, p. 239):
Acha-se ali sozinha e sentada ao piano uma bela e nobre figura de moça. As linhas 
do perfil desenham-se distintamente entre o ébano da caixa do piano, e as bastas 
madeixas ainda mais negras do que ele. São tão puras e suaves essas linhas, que 
fascinam os olhos, enlevam a mente, e paralisam toda análise. A tez é como o marfim 
do teclado, alva que não deslumbra, embaçada por uma nuança delicada, que não 
sabereis dizer se é leve palidez ou cor-de-rosa desmaiada. O colo donoso e do mais puro 
lavor sustenta com graça inefável o busto maravilhoso. Os cabelos soltos e fortemente 
ondulados se despenham caracolando pelos ombros em espessos e luzidios rolos, e 
como franjas negras escondiam quase completamente o dorso da cadeira, a que se 
achava recostada. Na fronte calma e lisa como mármore polido, a luz do ocaso esbatia 
um róseo e suave reflexo; di-la-íeis misteriosa lâmpada de alabastro guardando no seio 
diáfano o fogo celeste da inspiração. Tinha a face voltada para as janelas, e o olhar vago 
pairava-lhe pelo espaço.
Guarde as suas impressões, pois na unidade 9 estudaremos o texto 
descritivo detalhadamente.
8.3 Dissertação
Já a dissertação “[...] é o tipo de texto que analisa, interpreta, explica e 
avalia os dados da realidade” (FIORIN; SAVIOLI, 2006, p. 252).
Trata-se de um texto de caráter científico. Não há a preocupação de 
convencer o leitor sobre o ponto de vista em questão; ele é simplesmente 
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transmitido. Observe este caso retirado de “Viagens de Gulliver”, de 
Jonathan Swift, utilizado por Fiorin e Savioli (2006, p. 251):
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser primeiro-ministro. O 
primeiro é saber, com prudência, como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de 
uma irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, 
com zelo furioso, contra a corrupção na corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear 
os que se valem do último desses métodos, pois os tais fanáticos sempre se revelam os 
mais obsequiosos e subservientes à vontade e às paixões do amo.
Por outro lado, há também o texto dissertativo-argumentativo, cuja 
intenção é convencer o interlocutor a mudar o seu comportamento. 
Mas veremos esta nuance do texto dissertativo detalhadamente em uma 
unidade posterior.
8.4 Exposição
A exposição consiste em apresentar informações a respeito de um 
assunto, explicando, avaliando e analisando. Pode conter instruções, 
descrições, definições, enumerações, comparações e contrastes. 
Para fazer uma Análise SWOT, é necessário fazer previamente uma análise do mercado e 
da empresa. O termo SWOT é uma sigla oriunda do inglês, traduzindo: Forças (Strengths), 
Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).
Esta análise divide-se em 4 quadrantes: ameaças, oportunidades, pontos fracos 
(fraquezas) e pontos fortes (forças). As ameaças e as oportunidades estão ligadas ao 
mercado enquanto os pontos fracos e pontos fortes estão ligados à empresa. (COMO 
FAZER, 2012, p. 1)
Guarde as suas impressões, pois na unidade 16 estudaremos o texto 
explicativo, como também é conhecido, detalhadamente.
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8.5 Informação
Dando continuidade, a informação se limita a deixar o leitor a par 
de um fato, sem expor ideias ou defender argumentos. Predomina a 
linguagem clara e objetiva, a partir da terceira pessoa do discurso. É o 
caso da notícia, como mostraremos no exemplo a seguir.
Depois de 11 dias de proibição, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) 
anunciou hoje a liberação da venda de novas linhas de celulares e internet das 
operadoras TIM, Claro e Oi a partir de amanhã.
As vendas foram proibidas pela Anatel no dia 23 de julho, como forma de punição 
pela má qualidade dos serviços prestados. Como exigência para aliberação, as 
operadoras tiveram que apresentar planos de investimentos na qualidade da rede e no 
atendimento aos clientes. (CRAIDE, 2012, p. 1)
Guarde as suas impressões, pois na unidade 10 estudaremos o texto 
informativo detalhadamente.
8.6 Injunção
Por fim, saiba que a injunção corresponde ao texto que indica o modo 
como uma ação deve ser realizada. Em sua confecção, prevalecem os 
termos no imperativo, com uso eventual do infinitivo e futuro do presente 
do modo indicativo. Receitas, previsões do tempo, manuais, leis, questões 
de prova, instruções de jogos são exemplos do texto injuntivo. Observe:
Instruções para uso de lentes de contato
Lavar e enxugar as mãos sempre antes de manusear as lentes. Não usar as lentes se a 
embalagem não estiver vedada. Não se deve compartilhar lentes de contato.
Colocação das lentes:
1. Para cada olho, certifique-se de que a lente não está invertida. Coloque-a sobre o 
dedo indicador para verificar a forma.
2. Usando o dedo indicador e o médio da outra mão, puxe a pálpebra superior para cima 
e a inferior para baixo. Coloque a lente no olho. Repita o procedimento para o outro olho. 
Fonte: <http://www.coopervision.com.br/cuidado_instrucoes.php>
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Nas unidades seguintes, teremos uma exposição mais longa sobre alguns 
dos tipos de texto que apresentamos aqui. Contudo, o que você viu até 
agora é o bastante para saber diferenciar e fazer uso de cada um deles.
Estudo complementar
Para aprofundar o que estudamos rapidamente 
nesta unidade, clique aqui e acesse o site Brasil 
Escola, do Ministério da Educação, e no campo 
de busca digita os termos ‘narração’, ‘descrição’ e 
‘dissertação’. Confronte as informações que você 
encontrar com as que você leu aqui.
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9 Texto descritivo
Objetivo
Apresentar os aspectos que caracterizam o texto descritivo.
Na unidade anterior, abordamos rapidamente a descrição como sendo 
um dos tipos de texto. Trata-se de uma modalidade bastante usual 
no dia a dia, pois estamos, a todo momento, em nossas conversações, 
dizendo como as pessoas e as coisas são, do que se constituem, qual a 
sua condição, com que ou com quem se parecem etc. E, assim, também 
quando escrevemos, quer se trate de textos formais ou informais, de 
modo objetivo ou subjetivo. 
Vamos agora ver em detalhe esse tipo de texto, partindo de um esquema 
baseado nos autores Fiorin e Savioli (2006). Acompanhe.
9.1 Conceito de texto descritivo
Descrição é o tipo de texto em que se expõem características dos seres 
concretos, consideradas fora da relação de anterioridade e posterioridade.
O que isso quer dizer? Veja o exemplo.
Eis São Paulo às sete da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas ruas, pedestres 
apressados se atropelam. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem 
em volta das mesas. Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. (FIORIN; 
SAVIOLI, 2007, p. 297)
Significa que o texto descritivo mostra uma cena, coisas ou pessoas em um 
momento específico do tempo. É como a coisa é ou como a pessoa está. Daí 
que o texto desconsidere o antes (anterioridade) e o depois (posteridade). 
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Figura 5 – São Paulo, 19h.
Fonte: <www.sxc.hu>.
9.2 Detalhando os aspectos do texto descritivo
A seguir, fazemos a exposição de alguns detalhes relativos ao texto 
descritivo. 
A descrição pauta-se pela figuratividade do texto.
Fornece-se uma imagem clara, como se fosse uma figura. Você 
pode perceber na leitura que os adjetivos desempenham um papel 
fundamental para que a figuratividade se concretize. Veja este exemplo, 
retirado da peça teatral “O jardim das cerejeiras”, de Tchecov. Trata-se do 
início do segundo ato da peça, em que o autor descreve o cenário no qual 
toda a ação transcorrerá, incluindo os personagens que dela participam. 
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Campo. Um velho santuário abandonado há muito tempo, tombado pra direita. Perto 
de um poço, enormes pedras que devem ter sido lápides tumulares. Um velho banco. 
Vê-se o caminho que leva à casa de Gaiév. De um lado muitos álamos, árvores escuras; é 
nesse ponto que começa o cerejal. À distância vê-se uma enfiada de postes telegráficos 
e longe, bem longe no horizonte, a silhueta esfumada de uma grande cidade que só 
será visível em dias bem claros. É quase pôr do sol. Carlota, Iacha e Damiacha estão 
sentados no banco. Epikodov está em pé, perto, tocando alguma coisa sombria numa 
guitarra. Todos em atitude pensativa. Carlota usa um boné velho; tira uma espingarda 
do ombro e aperta a fivela da correia. (TCHECOV, 1983, p. 31)
Não relata propriamente mudanças de situação, mas propriedades 
dos aspectos simultâneos dos elementos descritos, considerados em uma 
única situação.
Retome o exemplo que citamos na seção 9.1, a descrição da cidade 
São Paulo às sete da noite. Veja que todos os elementos estão dispostos 
de uma vez, e que não há nenhuma transformação de estado. Há 
movimento na cena, por certo, mas teríamos aqui de desvencilhar o 
conceito de movimento do de tempo. Não há tempo na descrição, pelo 
contrário, trata-se de uma imagem estática – “às sete da noite” – em que 
o movimento é um detalhe da condição presente, em sua simultaneidade.
O que se descreve é um todo simultâneo, não existe relação de 
anterioridade e posterioridade inclusive entre os enunciados.
Perceba, ainda na descrição da cidade de São Paulo às sete da noite, que 
podemos trocar a ordem dos enunciados sem prejuízo semântico. Veja: 
Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares, bocas cansadas 
conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. O trânsito caminha lento e nervoso. 
Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. Eis São Paulo às sete da noite.
Os tempos verbais utilizados são o presente ou o pretérito imperfeito 
(ou ambos), pois o primeiro expressa concomitância em relação ao 
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momento da fala, e o segundo, em relação ao momento temporal pretérito 
instalado no enunciado.
Observe os verbos utilizados: incidem; conversam; mastigam; caminha; 
atropelam. Caso a situação já tivesse acontecido, via passado imperfeito, 
seria:
São Paulo às sete da noite. O trânsito caminhava lento e nervoso. Nas ruas, pedestres 
apressados se atropelavam. Nos bares, bocas cansadas conversavam, mastigavam e 
bebiam em volta das mesas. Luzes de tons pálidos incidiam sobre o cinza dos prédios.
Essas são as condições básicas de organização do texto descritivo. 
Podemos, entretanto, ainda considerar que em função de a descrição 
não se pautar por progressão temporal – tal como na narrativa –, sua 
organização é espacial. Para converter uma descrição em narração, basta 
introduzir um enunciado que indique a passagem de um estado anterior 
ao posterior.
São Paulo às sete da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas ruas, pedestres 
apressados se atropelam. Às nove, nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e 
bebem em volta das mesas. Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios.
Como você pôde notar, a simples inserção de “às nove” interfere no 
resultado: dividimos o que antes era uma cena estática em duas, e pode-
se presumir que as “bocas cansadas que conversam no bar” são, de 
certo modo, produto do cenário caótico anterior. Há um processo de 
transformação e já não podemos inverter a ordem dos enunciados sem 
prejuízo semântico.
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Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o 
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a 
tarefa dissertativa.
Concluímos esta unidade destacando que a descrição é, portanto, um 
recurso da narração. Ela, a descrição, apresenta personagens, lugares, 
estados, cuja mudança será tarefa da narração. 
Aprendemos que a descrição é o tipo de texto em que se expõem 
características dos seres concretos, consideradas fora da relação

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