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Desenvolvimento Cognitivo e Psicossocial na Infância Escolar

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Aula 08 – Desenvolvimento Humano dos Sete aos Onze Anos – Parte II
Desenvolvimento Cognitivo
Nesta etapa da vida, as crianças fazem progressos constantes em suas habilidades de processar e de reter informações. Compreendem mais sobre como a memória funciona, e esse conhecimento permite a ela utilizar estratégias ou planos deliberados para ajudá-las a lembrar. Uma criança de 9 a 10 anos pensa de maneira diferente de um pré-escolar de 4 ou 5. As crianças mais velhas sabem mais coisas e também usam a mente de modo muito mais eficaz quando precisam resolver um problema ou recordar um fragmento de informação.
Estágios do Pensamento
Segundo Piaget, por volta dos 5 anos muitas crianças começam a mudar para o pensamento operacional concreto, quando podem utilizar operações mentais para resolver problemas concretos. As crianças são capazes de pensar com lógica, porque podem levar múltiplos aspectos de uma situação em consideração. Entretanto, as crianças ainda são limitadas a pensar em situações reais no aqui e agora. Nos estágios de operações concretas, as crianças podem realizar muitas tarefas em um nível mais elevado do que no estágio pré-operacional. Elas possuem uma melhor compreensão dos conceitos espaciais, de causalidade, de categorização, de conservação e de número.
Como a criança nesta idade pode compreender melhor as relações espaciais, é possível, por exemplo, confiar que elas saibam ir e voltar da escola. Elas possuem uma ideia mais clara de distância entre um lugar e outro e de quanto tempo leva para chegar até lá, têm mais facilidade para se lembrar do trajeto e de seus pontos de referência.
Outro aspecto aperfeiçoado nesta idade é a capacidade de fazer julgamentos sobre causa e efeito. A consciência de quais variáveis têm efeito, entretanto, parece não ter relação com a consciência de quais não têm efeito. Esses dois processos mentais desenvolvem-se separadamente à medida que a experiência ajuda as crianças a revisar suas teorias intuitivas sobre como as coisas funcionam. Nesta idade a criança é capaz de compreender a categorização através de:
Seriação ( É a capacidade de dispor objetos em uma série de acordo com uma de suas dimensões.
Interferência Transitiva ( É a capacidade de reconhecer uma relação entre dois objetos, conhecendo-se a relação entre cada um deles e um terceiro.
Inclusão de Classe ( É a capacidade de identificar a relação entre o todo e suas partes.
Outra capacidade importante nesta idade é a de resolver diversos tipos de problemas de conservação, ou seja, a criança pode encontrar as respostas mentalmente sem precisar medir ou pesar objetos. Aos seis ou sete anos muitas crianças já sabem fazer contas mentalmente e também sabem contar adiante. Por exemplo, para somar cinco e três, elas começam no cinco e então contam seis, sete e oito para acrescentar o três. Entre os sete e onze anos, as crianças aprendem os princípios lógicos e os aplicam em situações concretas, isto é, situações que lidam com coisas visíveis, tangíveis e reais.
Segundo Piaget, existem duas estruturas lógicas que explicam o lugar do pensamento operacional concreto:
Identidade ( É a ideia de que certas características de um objeto permanecem as mesmas ainda que outras características se modifiquem.
Reversibilidade ( É a compreensão de que às vezes uma coisa que foi modificada pode voltar ao estado original revertendo-se o processo de mudança.
Aprendizagem e Educação Escolar
A criança em idade escolar é capaz de focalizar sua atenção, lembrar fatos inter-relacionados, dominar operações lógicas e utilizar vários códigos linguísticos. Essa descrição é universal e ocorre com crianças entre os sete e os onze anos do mundo inteiro e desperta numerosos esforços dos adultos para treiná-las, educá-las e ensiná-las. As técnicas de ensino variam muito, dos métodos estritos de preleção à educação aberta.
Desenvolvimento Psicossocial
As crianças em idade escolar desenvolvem uma visão multifacetada das interações sociais. Ampliam, assim, sua esfera social, superando sua inabalável autossatisfação. Erikson denomina esta fase de época de atividade e Freud vai afirmar ser a época das preocupações sexuais latentes. Com isso, as crianças passam a ter cada vez mais ciência das diferenças e complexidade nas personalidades, motivações e emoções subjacentes ao comportamento dos outros, tornando-se cada vez mais capazes de se ajustarem a elas.
Por isso, também são capazes de se autoavaliarem comparando-se aos demais, desenvolvendo mais a autocritica e diminuindo muitas vezes a sua autoestima. Segundo Erikson, um importante determinante da autoestima é a ideia de que as crianças têm sua capacidade para o trabalho produtivo. A questão a ser resolvida na crise da terceira infância é de “produtividade versus inferioridade”. A virtude que se desenvolve com a resolução desta crise é a competência, a ideia de si mesmo como capaz de dominar habilidades e de concluir tarefas.
O Grupo de Colegas
É na terceira infância que o grupo de amigos se revela. Os grupos formam-se naturalmente entre crianças que moram perto uma das outras ou que frequentam a mesma escola. As crianças que brincam juntas geralmente têm idades semelhantes. Os grupos geralmente são só de meninos, ou só de meninas. O grupo de colegas torna-se cada vez mais importante à medida que as crianças adquirem sua independência dos pais em muitos aspectos, passando a se tornar mais dependentes dos amigos em termos de ajuda, compartilha lealdade de interesses mútuos.
As crianças se beneficiam fazendo coisas com os amigos. Elas desenvolvem as habilidades necessárias para a sociabilidade e a intimidade, promovendo os relacionamentos e adquirindo um senso de afiliação. São motivadas a realizar, além de adquirirem um senso de identidade. Também adquirem habilidades de liderança e de comunicação, de cooperação, de papéis e de regras.
Os pais continuam a influenciar as crianças, principalmente quando agravam ou apaziguam problemas na escola ou comunidade.
As amizades são mais selecionadas à medida que as crianças ficam mais velhas. Ter alguns poucos amigos íntimos, ou pelo menos um melhor amigo é um indicador de saúde psicossocial. O grupo de amigos ajuda as crianças a se relacionar em sociedade e também oferece segurança emocional.
Um grupo de amigos também pode ter efeitos negativos. Para ser parte de um grupo de amigos, uma criança deve aceitar seus valores e suas normas de comportamento, ainda que estes possam ser indesejáveis, as crianças podem não ter força para resistir. Alguma medida de obediência aos padrões grupais é saudável. Ela é inadequada quando se torna destrutiva ou quando estimula as crianças a agirem contra seu próprio juízo.
Nesta idade as crianças distinguem entre melhores amigos, bons amigos e amigos ocasionais baseadas na intimidade que possuem e em quanto tempo passam juntas. As meninas preocupam-se menos em ter muitas amizades, privilegiam algumas amizades íntimas com as quais possam contar. Os meninos têm mais amizades, mas estas amizades tendem a ser menos íntimas e carinhosas. Mesmo crianças impopulares fazem amigos, mas em menor quantidade e, geralmente tendem a fazer amizade com crianças mais novas. A rejeição dos amigos e a falta deles nesta fase da vida podem influenciar a socialização a longo prazo.

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