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1 MANDADO DE INJUNÇÃO Art. 5º , LXXI, CF: “Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. OBJETIVO: Permitir o exercício de direitos fundamentais em caso de falta de previsão normativa necessária para o seu exercício. O maior problema de efetivação dos direitos fundamentais está nos direitos sociais que quase sempre necessitam de legislação específica para a sua implementação. Já os direitos de liberdade podem ser exercidos pelo titular desde que o Estado não o impeça (direitos de resistência contra a intervenção estatal), não necessariamente de lei organizadora para a sua implementação. LEGITIMAÇÃO ATIVA: É legitimado ativo a pessoa física ou jurídica que se encontra na impossibilidade de exercer seus direitos pela ausência de norma regulamentar indispensável para tal exercício. LEGITIMAÇÃO PASSIVA: Sobre o polo passivo da relação processual há divergências. 2 PROCEDIMENTO: Logo após a entrada em vigor da CF/88, discute-se se o MI seria remédio autoaplicável ou se dependeria de regulamentação para poder ser utilizado. Tratou-se de verdadeira ironia: necessitaria a garantia que visa suprir omissão legislativa, ela mesma, de ser regulamentada para poder ser utilizada? PROCEDIMENTO (cont.): A polêmica extravasou a seara doutrinária e foi resolvida pelo STF no julgamento da Questão de Ordem no MI nº 107-3, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em 23/11/1989. Nessa ocasião, decidiu-se que o MI é autoexecutável, “uma vez que, para ser utilizado, não depende de norma jurídica que o regulamente, inclusive quanto ao procedimento, aplicável que lhe é analogicamente o procedimento do MS, no que couber. PROCEDIMENTO (cont.): Posteriormente, com a entrada em vigor da Lei nº 8.038/90, estabeleceu-se em seu art. 24, parágrafo único, que “no mandado de injunção e no habeas data, serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica”. SENTENÇAS E EFEITOS: Por duas décadas, o MI foi considerado ação sem utilidade prática em razão da insignificância de seus efeitos: as decisões limitavam-se a declarar a omissão legislativa sem providências concretas. Isso causava a falta de efetividade do instrumento, que não possibilitava ao impetrante o exercício do direito pretendido. Os efeitos da decisão no MI constituem o núcleo polêmico do instituto. É a definição desses efeitos que revelará a força do remédio constitucional pensado pelo constituinte brasileiro. 3 Em razão disso, até 2007 eram protocolados no STF em torno de 50 MI por ano. Após 2007, a jurisprudência do STF sofreu mudança radical, passando a suprir omissões legislativas. Em vez de se limitar a declarar a mora do legislador, o STF estabelece norma regulamentar que possibilita o exercício do direito. Entre 2009 e 2012 foram protocolados mais de 4.000 MI (média de mil por ano). Em razão da falta de previsão constitucional ou legal sobre os efeitos da decisão que defere o MI, a doutrina e a jurisprudência elaboraram quatro hipóteses. 1ª) O julgador declara a inconstitucionalidade da omissão normativa e dá ciência ao órgão competente para que tome as providências necessárias para efetivar a norma constitucional. A decisão tem efeito declaratório. (ver STF - MI nº 107, Rel.Min. Celso de Mello, julgado em 19/05/94) 2ª) A decisão não só declara a omissão, mas também estabelece sanções para a autoridade omissa, como a fixação de prazo com ameaça de multa em caso de descumprimento ou a determinação de indenizar o interessado em ação de liquidação sem necessidade de comprovar o dano. Aqui tem-se decisão com efeito mandamental que configura título executivo. (ver MI 283 e MI 562 - STF) 3ª) Supressão da lacuna no caso concreto para permitir o exercício do direito do interessado: o juiz julga o caso concreto, não se pronunciando sobre o exercício do direito fundamental por titulares que não impugnaram judicialmente a omissão. Essa decisão tem também efeito mandamental. (ver STF – MI 878, Rel. Min. Celso de Mello, julg. 04/06/2009). 4 4ª) Elaboração da norma regulamentadora para suprir integralmente a omissão legislativa. O julgador viabiliza o exercício do direito por todos os titulares. Isso pode ocorrer com a aplicação analógica de normas que regulamentam casos parecidos ou com a criação judicial de novas normas. (ver STF - MIs 712, 670 e 708). CASUÍSTICAS: No caso da aposentadoria dos servidores públicos julgado em 2007, o STF limitou-se a aplicar analogicamente normas vigentes para os trabalhadores em geral. Já no caso da greve de funcionários públicos, julgado no mesmo ano, o STF adotou ambas as soluções. Aplicou-se analogicamente a legislação sobre a greve no setor privado (Lei 7783/89) e também estabeleceu limitações que considerou indicadas, afirmando: “O Poder Judiciário está vinculado pelo dever-poder de, no MI, formular supletivamente a norma regulamentadora de que carece o ordenamento jurídico”. POSIÇÕES CONCRETISTA NÃO CONCRETISTA GERAL INDIVIDUAL DIRETA INTERMEDIÁRIA
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