Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Movimento das Águas Subterrâneas TEMA DA AULA: Curso de Graduação em Engenharia de Minas Disciplina: Hidrogeologia PROPRIEDADES FÍSICAS DOS AQUÍFEROS MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS A hidrodinâmica da água na zona saturada pode ser caracterizada a partir de suas características de armazenamento e propriedades de fluxo . Características de armazenamento: Porosidade Coeficiente de Armazenamento Armazenamento específico Propriedades de fluxo: Condutividade hidráulica Transmissividade POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Á água subterrânea pode mover-se pelos poros ou vazios originais da rocha (porosidade primária) ou nas fissuras e cavidades de dissolução, desenvolvidas após sua formação (porosidade secundária). As figuras ao lado apresentam uma representação esquemática de distintos tipos de rocha, indicando a relação entre a textura e a porosidade: (a) rocha sedimentar com granulometria homogênea (porosidade elevada); (b) rocha sedimentar de granulometria homogênea cujos grãos são porosos (porosidade muito elevada); (c) rocha sedimentar de granulometria heterogênea (baixa porosidade); (d) rocha sedimentar de granulometria heterogênea e alto grau de cimentação (porosidade muito baixa); (e) rocha com porosidade secundária devido a fraturas; (f) rocha com porosidade secundária devido a dissolução (Meinzer, 1923 in Custódio e Llamas, 1983). POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS A POROSIDADE TOTAL ou simplesmente a porosidade de um solo ou rocha pode ser definida como a relação entre o volume de vazios e o volume total. n = Vv / V onde: n = Porosidade total Vv = Volume de vazios V = Volume total Obs1.: É comum trabalhar com o valor de porosidade expresso em porcentagem, bastando para isso multiplicar o valor de n por 100. Obs2.: Uma vez que o volume total de vazios é incluindo nesta definição, a porosidade total representa a quantidade máxima de água que um dado volume de rocha (ou solo) pode conter. Vt Vv P P= Porosidade Vv = Volume de Vazios(L3) Vt = Volume total (L3) 100 Vt Vv P POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Ao extrair-se água de um aquífero, parte do líquido é retido pelas forças moleculares e pela tensão superficial e apenas parte do total é liberado. Daí a necessidade de se introduzir o conceito de POROSIDADE EFETIVA A POROSIDADE EFETIVA (ne ou SY) é a quantidade de água fornecida por unidade de volume do material, ou seja, é a razão entre o volume de água efetivamente liberado de uma amostra de rocha porosa saturada (drenado por gravidade) e o volume total dessa amostra. ne = VD / V onde: ne = Porosidade efetiva VD = Volume de água drenada por gravidade V = Volume total Obs.: É comum trabalhar com o valor de porosidade efetiva expresso em porcentagem, bastando para isso multiplicar o valor de ne por 100. POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS A figura ao lado apresenta o conceito de POROSIDADE EFETIVA, como sendo a quantidade de água efetivamente drenada por gravidade de um volume unitário saturado do aquífero. POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Por outro lado, a quantidade de água retida por unidade de volume do material (por forças de tensão superficial e capilaridade contra a ação da gravidade) é denominado RETENÇÃO ESPECÍFICA (Re ou SR), também chamada de capacidade de campo pelos profissionais que trabalham com irrigação/solo. A RETENÇÃO ESPECÍFICA é expressa pela seguinte equação: SR = VR / V onde: SR = Retenção específica VR = Volume de água retida V = Volume total Portanto, a Porosidade Total (n) é a soma da porosidade efetiva (SY) e a retenção específica (SR): n = SY + SR Estimativa da Porosidade Efetiva Laboratório Teste de aqüífero Variação do nível estático %87,24 2487,0 1015067,0 1025 . 6 6 Pe Pe Pe Vt Vd Pe AhVt Estimar a porosidade efetiva de um aqüífero sabendo que foram infiltrados 25 milhões de m3 de água em um área de 150 km2 e que houveuma Variação do nível d’água de 0,67 m POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS A figura ao lado mostra um balde contendo 4 litros de areia seca. Adiciona-se água até preencher todos os espaços vazios e formar uma superfície freática na altura da marca dos 4 litros. Onde foi necessário exatamente 1 litro para preencher todos os poros. POROSIDADE TOTAL (n) POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Finalmente, é importante ressaltar a possibilidade de se ocorrer em determinado solo a existência de poros sem saída (zonas mortas ou água imóvel) que, apesar de serem volumes vazios, não permitem a água fluir livremente, por não estarem interconectados aos canalículos de fluxo. Volume vazios com água estagnada. POROSIDADE MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Define-se então, a POROSIDADE EFETIVA PARA FLUXO (nef) como sendo a razão entre o volume de vazios interconectados ou efetivos e o volume total do solo. Expressa da seguinte forma: nef = Vvi / V onde: nef = Porosidade efetiva para fluxo Vvi = Volume de vazios interconectados V = Volume total Obs1.: Como é impossível determinar o volume de água dos pontos de estagnação, do ponto de vista prático os termos porosidade efetiva para fluxo e porosidade efetiva traduzem o mesmo conceito. Obs2.: Em termos práticos, esta porosidade é a que interessa, pois ela é utilizada para os cálculos de volumes armazenados que podem ser aproveitados por bombeamento. LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Henry Darcy (1956), engenheiro hidráulico francês, pesquisando o escoamento de água em um filtro de areia (similar ao esquema apresentado na figura abaixo), concluiu que a vazão do escoamento (volume por unidade de tempo) era: • Proporcional à seção transversal (A) do filtro; • Proporcional à diferença de cargas hidráulicas (h1 e h2), entre os piezômetros 1 e 2; • Inversamente proporcional à distância (L) entre os piezômetros 1 e 2. LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS A fórmula de Darcy pode então ser escrita como: 𝑸 = 𝑲𝑨 (𝒉𝟏 − 𝒉𝟐) 𝑳 = 𝑲𝑨 ∆𝒉 𝑳 onde: K = coeficiente de proporcionalidade, chamado de condutividade hidráulica [L/T]. LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Gradiente hidráulico (i): Pode-se entende a diferença de cargas hidráulicas (h1 – h2) dividida pelo comprimento (L), como sendo a taxa de perda de carga por unidade de trajeto do fluido (unidade de comprimento), o que recebe o nome gradiente hidráulico. 𝒊 = ∆𝒉 𝑳 onde: i = gradiente hidráulico ∆h = diferença de cargas hidráulicas (h1 – h2) L = comprimento (distância entre os piezômetros 1 e 2.) 𝑸 = 𝑲𝑨i E, portanto, a fórmula de Darcy pode então ser escrita como: LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Carga hidráulica (h): De uma maneira simplificada, a carga hidráulica (h) em um ponto qualquer em um meio fluido, pode ser dada pela soma da cota do ponto (Z) e a pressão do fluido(P/g). Como o peso específico da água é igual a 1, pode- se escrever: h = Z + P/g onde: h = Carga hidráulica Z = Altitude ou cota do ponto P/g = Pressão do fluido (P/g) A figura abaixo ilustra esquematicamente expressão da carga hidráulica. LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Carga hidráulica (h): A figura ao lado apresenta um esquema do procedimento para obtenção da carga hidráulica (h) em um dado poço tubular. Ou seja, o procedimento de obtenção de carga hidráulica no campo. LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Carga hidráulica (h): A figura ao lado mostra algumas combinações possíveis de carga de elevação (Z) e carga de pressão (P/g). Observa-se que nem a carga de elevação sozinha, nem a carga de pressão sozinha controlam o movimento, sendo este controlado pela carga total. LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Carga hidráulica (h): Em alguns locais onde existem aquíferos superpostos o nível potenciométrico ou nível piezométrico de cada aquífero é independente um do outro como mostra a figura abaixo: LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Carga hidráulica (h): Numa região com diversos poços é possível traçar as isolinhas de cargas hidráulicas para a representação da superfície potenciométrica (ou superfície piezométrica), como mostrado na figura abaixo: LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Velocidade de Darcy (q): Também chamada de velocidade aparente ou descarga específica pode ser definida como a vazão (Q) por unidade de área (A). Obs1.: Observe que q não representa a velocidade real do fluxo, já que a área A é área total (isto é, área dos vazios e a área da parte sólida). Obs2.: A área da seção transversal do escoamento pelos poros pode ser obtida multiplicando-se a área total pela porosidade efetiva para fluxo: Aporos = nef x Atotal 𝒒 = 𝑸 𝑨 onde: q = Velocidade de Darcy (velocidade aparente) [L/T] Q = Vazão [L3/T] A = Área [L2] Continua... LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Velocidade de Darcy (q): Portanto, a velocidade linear média (v), ou seja, a verdadeira velocidade de escoamento pelos poros será: 𝒗 = 𝑸 𝒏𝒆𝒇𝑨 onde: v = Velocidade real [L/T] Q = Vazão [L3/T] A = Área [L2] nef = porosidade efetiva A figura ao lado mostra esquematicamente a velocidade média (real) e velocidade aparente de fluxo em meio poroso. LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Velocidade de Darcy (q): Temos ainda que a relação entre a velocidade real (v) e a velocidade aparente (q) depende da porosidade efetiva, ou seja: Obs1.: Geralmente no cálculo de vazão de um aquífero utiliza-se a velocidade aparente e a área total. Obs2.: Em alguns casos práticos, a velocidade real poderá ser obtida utilizando-se a porosidade total (v = q/n). 𝒗 = 𝒒 𝒏𝒆𝒇 onde: v = Velocidade real q = Velocidade aparente nef = porosidade efetiva LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Generalização da Lei de Darcy: A lei de Darcy conforme desenvolvida inicialmente, aplicava-se a escoamento unidimensional, contudo, ela pode ser generalizada para escoamento em mais de uma direção (escoamento tridimensional), desta forma, a equação: pode ser generalizada para: onde, q é o vetor velocidade aparente formado por componentes nas três direções principais (X, Y, Z), K é o tensor de condutividade hidráulica e grad h é o gradiente da carga hidráulica (i) que indica como varia h ao longo de cada uma das três direções. 𝒒 = 𝑸 𝑨 = 𝑲 ∆𝒉 𝑳 𝒒 = −𝑲 𝒈𝒓𝒂𝒅 𝒉 𝒐𝒖 𝒒 = −𝑲𝒊 𝒐𝒖 Q = -KAi LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Validação da Lei de Darcy: A lei de Darcy é válida apenas para escoamentos laminares. Neste tipo de escoamento, as velocidades são relativamente pequenas e a água percola suavemente pelos poros do aquífero. A perda de carga varia linearmente com a velocidade. A Lei de Darcy é válida para número de Reynolds menor que 1 (Re < 1): 𝑅𝑒 = 𝜌𝜐𝐷 𝜇 Re = Número de Reynolds ρ = densidade do fluido υ = velocidade do fluido D = diâmetro médio do grão m = Viscosidade dinâmica do fluido LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Exercícios: 1) (Porosidade) Numa região choveu 100 mm numa semana e 25% da precipitação pluviométrica infiltrou-se. A porosidade do solo no local é de 20%. Qual a elevação do nível freático? LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Exercícios: 2) (Lei de Darcy) Considere que os rios indicados na figura abaixo são paralelos e o fluxo no aquífero é transversal aos mesmos. Dados do problema: Condutividade Hidráulica (K) = 10-3 cm/s Espessura do aquífero (b) = 20 m Porosidade (n) = 0,2 a) Qual a velocidade aparente da água no aquífero? b) Qual a velocidade real da água nos poros? c) Qual a descarga transferida de um rio para o outro, através do aquífero, por metro de comprimento do rio? LEI DE DARCY MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Exercícios: 3) (Lei de Darcy) Uma amostra de uma areia não consolidada é acondicionada em um cilindro de comprimento igual a 50 cm e diâmetro de 6 cm. O grão médio da amostra é de 0,037cm e a porosidade de 0,3. Durante 3 minutos é aplicada uma diferença de carga hidráulica constante de 16,3 cm. Como resultado são coletados 45,2 cm3 de água. A água utilizada foi água destilada a 20°C. Determine: a) Condutividade hidráulica da amostra b) A velocidade de Darcy e a velocidade real c) Avaliar se é válida a Lei de Darcy 2 22 00283,0 4 06.0 4 m D A 326,0 50 3,16 cm l h diamcm cm Q /0217,0min/07,15 min3 2,45 33 3 smxdiam m diam lhA Q K l h KAQ /1072,2/5,23 )326,0(00283,0 /0217,0 )/( 4 2 3 MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS LEI DE DARCY Resolução exercício 03: diamdaym l h Kv /67,7326,0./54,23 diam diamv vr /6,25 30,0 /67,7 diam mkg mskgx D v vD Nr /235 00037,0./2,998 /10005,1 3 3 diamdiam /235/6,25 - Velocidade de Darcy - Velocidade real - Validade da Lei de Darcy MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS LEI DE DARCY (Resolução exercício 03): HOMOGÊNEO E ISOTRÓPICO HOMOGÊNEO E ANISOTRÓPICO HETEROGÊNEO E ISOTRÓPICO HETEROGÊNEO E ANISOTRÓPICO CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA (K) MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA (K) MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Em um meio isotrópico a condutividade hidráulica pode ser definida como a velocidade aparente por gradiente hidráulico unitário. Refere-se à facilidade da formação aquífera de exercer a função de condutor hidráulico. Condutividade hidráulica: Descarga que atravessa uma secção de área unitária, perpendicular a direção de fluxo, sob um gradiente unitário Representada pela letra K Tem a dimensão de velocidade (L/T) K TRANSMISSIVIDADE (T)MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS A transmissividade (T) corresponde à quantidade de água que pode ser transmitida horizontalmente por toda espessura saturada do aquífero. Para aquíferos confinados a transmissividade é dada pela expressão: T = Kb onde, T = Transmissividade [L2/T] K = Condutividade hidráulica [L/T] b = espessura do aquífero [L] T COEFICIENTE DE ARMAZENAMENTO (S) MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS O Armazenamento específico (SS) de um aquífero saturado é definido como o volume de água liberado por um volume unitário do aquífero submetido a um decréscimo unitário de carga hidráulica (mecanismo de liberação de água num aquífero). onde, d indica uma pequena variação. O coeficiente de armazenamento (S) é um parâmetro adimensional definido pela expressão: S = SS b onde, b é a espessura do aquífero. 𝑆𝑆 = 𝛿𝑉𝑙𝑖𝑏𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑉𝛿ℎ 1m1m AQÜÍFERO LIVRE AQÜÍFERO CONFINADO COEFICIENTE DE ARMAZENAMENTO (S) O mecanismo de liberação de água nos aquíferos confinados é diferente daquele que ocorre nos aquíferos livres: MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS VAZÃO DE ESCOAMENTO NATURAL (VEN) O cálculo da vazão natural de escoamento dos aquíferos é uma aplicação da lei de Darcy, expressa pela equação: MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Q = KAi Q = KbLi VEN = TiL b LK 100 98 96 94 92 90 88 86 84 82 A h Superfíc ie potenciométrica RELAÇÕES ENTRE ÁGUAS SUPERFICIAIS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Rios efluentes e influentes conforme a posição do nível freático em relação ao vale MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Rio Influente Rio Efluente RELAÇÕES ENTRE ÁGUAS SUPERFICIAIS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS RELAÇÕES ENTRE ÁGUAS SUPERFICIAIS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Interação de um rio influente com um aquífero freático: (a) camada bem mais permeável abaixo do rio; (b) camada impermeável abaixo do rio; (c) fina camada de sedimentos com baixa condutividade no leito do rio. RELAÇÕES ENTRE ÁGUAS SUPERFICIAIS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Passagem de água subterrânea para água superficial através de drenos agrícolas. RELAÇÕES ENTRE ÁGUAS SUPERFICIAIS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Tipos de fontes: (a) fonte de depressão; (b) fonte de contato; (c) fonte artesiana de fratura; (d) fonte tubular de dissolução cárstica. REDE DE FLUXO MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS O estudo do fluxo de água em obras de engenharia éde grande importância: • visa quantificar a vazão que percolano maciço; • controlar o movimento da água através do solo e proporcionar uma proteção contra os efeitos nocivos deste movimento (liquefação em fundos de valas, erosão, piping, etc). MOVIMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS FLUXO BIDIMENSIONAL • Quando o fluxo de água ocorre sempre na mesma direção,como no caso dos permeâmetros, diz-se que o fluxo éunidimensional. Sendo uniforme a areia, a direção do fluxo e o gradiente são constantes em qualquer ponto. • Nos fluxos unidirecionais (vertical ou horizontal), para calcular a vazão de percolação através de um solo aplica-se diretamente a lei de Darcy: Q = v ×A = k ×i ×A • Quando as partículas de água se deslocam segundo qualquer direção, o fluxo étridimensional. A migração de água para um poço éum exemplo de fluxo tridimensional de interesse para a engenharia. • Quando as partículas de água seguem caminhos curvos, mas contidos em planos paralelos, o fluxo ébidimensional (caso da percolação pelas fundações de uma barragem). Equação de Laplace Onde: kx, ky, kz = Coeficiente de permeabilidade nas respectivas direções; ht = carga total no ponto considerado; x,y,z = direção de fluxo; e = índice de vazios; S = grau de saturação; t = tempo. A equação da Laplace é muito conhecida no meio matemático e conseqüentemente na engenharia. A solução da equação de Laplace são dois grupos de curvas ortogonais entre si. No caso de Fluxo: Curvas – Linhas de fluxo; Curvas – Linhas equipotenciais. O conjunto das linhas de fluxo e equipotenciais é denominado de rede de fluxo. Rede de Fluxo A rede de fluxo é a solução gráfica da equação de Laplace, composta de dois grupos de curvas perpendiculares entre si, formando quadrados curvilíneos. Rede de Fluxo • Uma rede de fluxo ou de percolação representa duas famílias de curvas ortogonais entre si, as linhas de fluxo e as linhas equipotenciais, que, respeitando as condições de fronteira, constitui a solução gráfica para um problema de percolação bidimensional. • As linhas de fluxo traduzem a trajetória das partículas de água no maciço terroso, quando estas se deslocam de montante (nível de energia mais alto) para jusante (nível de energia mais baixo). • As linhas equipotenciais são linhas ao longo das quais a carga hidráulica éconstante. Se for colocado um piezômetro em qualquer ponto de uma dada linha equipotencial, a coluna de água no piezômetro sobe sempre atéao mesmo nível. Traçado da rede de fluxo • Em geral, as malhas de uma rede de fluxo são traçadas de modo que se tenha , ou seja, as malhas ficam com a forma de quadrados retilíneos ou curvilineares. Assim sendo, numa rede de fluxo formada por quadrados, a vazão através dos canais de fluxo é constante e a perda de carga entre quaisquer duas equipotenciais adjacentes também o é. • O método consiste no traçado, àmão livre, de diversas possíveis linhas de escoamento e equipotenciais, respeitando-se a condição de que elas se interceptem ortogonalmente e que formem figuras “quadradas”. Traçado da rede de fluxo • O traçado manual da rede de fluxo baseia-se em tentativas que levam em conta a experiência adquirida pelo projetista, bem como a utilização de comparações de problemas semelhantes já resolvidos por métodos mais exatos. Transcrevem-se a seguir as recomendações de Casagrande: utilizar toda a oportunidade de estudar a aparência de redes de fluxo bem construídas. Uma vez fixada, tentar desenhar a mesma rede sem consultar a solução adequada; repetir até se alcançar a rede apropriada. 4 ou 5 canais de fluxo são, em geral, suficientes para a primeira tentativa. observar sempre a aparência geral da rede; não tentar ajustar detalhes até que toda a rede esteja aproximadamente correta. geralmente, há regiões na rede nas quais as linhas de fluxo devem ser aproximadamente retas e paralelas; os canais de fluxo devem, então, ter a mesma largura, e os quadrados são uniformes; começando-se o traçado da rede por esta região, pode-se facilitar a solução. a rede de fluxo em áreas confinadas, limitada por contornos paralelos, é simétrica, consistindo de curvas de formas elípticas. o iniciante geralmente comete o erro de desenhar transições marcantes entre as seções retas e curvas das linhas de fluxo e/ou equipotenciais; todas as transições devem ser suaves, de forma elíptica ou parabólica; o tamanho dos quadrados em cada canal vai variar gradualmente. em geral, a primeira tentativa de desenhar os canais de fluxos não resultará numa rede com elementos quadrados. Caso nãose obtenham, quadrados perfeitos, é possível usar a relação entre os lados do retângulo para estabelecer um numero fracionário que estará associado a uma relação entre o numero de canais de fluxo e/ou quedas de potencial não inteira. notar que as condições de contorno podem introduzir peculiaridades na rede de fluxo. numa superfície livre de fluxo, os quadrados são incompletos; deve ser mantida a condição de iguais quedas de carga entre pontos de interseção de equipotenciais. inicialmente, deve ser assumida a superfície livre de fluxo e então determinar as posições dos pontos limítrofes do fluxo. Exemplo de Rede de Fluxo em Cortina de Estacas Exemplo de Rede de Fluxo sob Barragem de Concreto EXEMPLOS DE REDES DE FLUXO: PERCOLAÇÃO EM FUNDAÇÕES PERMEÁVEIS Exemplo de Rede de Fluxo em Barragem Solo Exemplo de aplicação de filtro Dados extraídos da Rede de Fluxo Determinação da vazão total em uma região de fluxo. • A rede de fluxo permite a estimativa da vazão, poropressões e, consequentemente, gradientes hidráulicos. • Testes com alunos indicaram que, desde que os erros de construção da rede não sejam grosseiros, as vazões apresentam erros menores que 10%. No entanto as poropressões são muito afetadas pelas incorreções11. Dados extraídos da Rede de Fluxo Determinação da vazão total em uma região de fluxo. • A vazão total Q por unidade de comprimento L na direção y (perpendicular a página), será igual a: • Ora, considerando-se que a rede de fluxo foi traçada de forma que a razão entre as dimensões médias de suas malhas é constante, a vazão em cada canal de fluxo será constante e igual a q. Desta forma, se a rede possui nf canais de fluxo, a vazão total será igual a: Dados extraídos da Rede de Fluxo Determinação da vazão total em uma região de fluxo. Por outro lado, se , a perda de carga entre duas equipotenciais adjacentes será também constante e igual a . Se a perda de carga total que ocorre na região de fluxo é igual a , tem-se que: Substituindo: Dados extraídos da Rede de Fluxo Determinação da vazão total em uma região de fluxo. Dados extraídos da Rede de Fluxo Determinação da vazão total em uma região de fluxo. É interessante notar que quanto menor for a dimensão l maior será o valor do gradiente hidráulico. Ou seja, em redes de fluxo com malhas quadradas o valor do gradiente será tanto maior quanto menor for o tamanho do quadrado. Dados extraídos da Rede de Fluxo Poropressão A poropressão u em qualquer ponto de uma região de fluxo será igual a: Dados extraídos da Rede de Fluxo Exemplo
Compartilhar