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Apostila completa Fisiopatologia e Clinica das alteracoes do Metabolismo Hidroeletrolitico

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Brasília-DF. 
Fisiopatologia e ClíniCa das alterações 
do MetabolisMo HidroeletrolítiCo
Elaboração
André de Souza Mecawi
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção .................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 5
introdução ..................................................................................................................................... 7
unidAdE i
Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE .................................................................................................. 9
CAPítulo 1
ConsidEraçõEs anatômiCas sobrE o Eixo hipotálamo-hipófisE .................................... 9
CAPítulo 2
fisiologia do Eixo hipotálamo - nEuro-hipófisE ............................................................ 17
unidAdE ii
distúrbios vasoprEssinérgiCos ..................................................................................................... 28
CAPítulo 1
diabEtEs insipidus CEntral ................................................................................................. 28
CAPítulo 2
Diabetes insipiDus nEfrogêniCa E polidpsia primária ...................................................... 34
CAPítulo 3
ExCEsso dE vasoprEssina – síndromE da antidiurEsE inapropriada.............................. 42
CAPítulo 4
protoColos para tEstEs funCionais - nEuro-hipófisE .................................................... 45
unidAdE iii
outros hormônios E sistEmas Com rElEvânCia na rEgulação hidroElEtrolítiCa ................. 49
CAPítulo 1
pEptídEos natriurétiCos .................................................................................................... 49
CAPítulo 2
sistEma rEnina-angiotEnsina ............................................................................................ 52
PArA (não) finAlizAr ...................................................................................................................... 57
rEfErênCiAS .................................................................................................................................... 60
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
As teorias para o surgimento da vida na terra giram em torno da síntese de compostos orgânicos que 
em seguida se reuniram de acordo com suas características físico-químicas (TESSERA, 2009). Essa 
sequência de eventos teria sido catalisada num mar ancestral que, apesar de ter uma composição 
iônica diferente da atual, era rico em sódio na forma de sal bicarbonato de sódio (NaHCO3) e 
não cloreto de sódio (NaCl), como ocorre hoje (OHNO, 1997). Desse modo, desde o surgimento 
da vida na terra, os organismos unicelulares são rodeados por um meio extracelular rico em 
sódio e, consequentemente, as reações bioquímicas e outros processos fisiológicos intracelulares 
necessários à manutenção da vida destes organismos eram adaptados para ocorrer em presença de 
uma concentração mínima de sódio. 
Posteriormente, com o surgimento dos complexos organismos pluricelulares, passou a existir um 
meio extracelular intracorpóreo que, também rico em sódio, deveria ter a sua composição regulada 
por sistemas fisiológicos adequados. A filogenética evolutiva estabelece que provavelmente os 
primeiros vertebrados sugiram na “água doce” (ambiente com baixa salinidade) de rios e/ou lagos 
para, em seguida, conquistarem outros hábitats como os ambientes marinho e terrestre. Ainda 
assim, a pequena concentração de íons no líquido extracelular dos vertebrados, sobretudo a elevada 
concentração de sódio, parece refletir a composição do ambiente aquático onde a vida surgiu. 
Apesar da grande variedade de hábitats alcançados pelos vertebrados, a grande maioria das espécies 
tem a capacidade de manter a composição iônica e o volume de seu líquido extracelular (LEC) 
variando em uma estreita faixa compatível com a vida, graças a diversos sistemas fisiológicos de 
controle. A vida no ambiente terrestre é caracterizada por desafios para a homeostase dos líquidos 
corporais, estando os vertebrados susceptíveisa constante dessecação, sendo a manutenção do 
volume e da composição do líquido extracelular um desafio permanente. Deste modo, o surgimento 
de sistemas fisiológicos altamente eficientes e especializados no controle da aquisição e perda de 
água e sais, sobretudo o sódio, foi essencial para o sucesso evolutivo dos vertebrados terrestres.
objetivos
 » Promover uma breve revisão sobre os pontos fundamentais na fisiologia da 
regulação hidroeletrolítica.
 » Estabelecer um paralelo entre a função renal e neuroendócrina no que tange à 
regulação do equilíbrio hidrossalino.
 » Compreender os mecanismos que deflagram os principais distúrbios no balanço 
hidrossalino em Medicina Veterinária.
9
unidAdE iEixo hiPotálAmo – 
nEuro-hiPófiSE
CAPítulo 1
Considerações anatômicas sobre o eixo 
hipotálamo-hipófise
Descartes foi o primeiro a reconhecer o cérebro como o órgão integrador das funções entre a mente 
e o corpo (1649). Entretanto, só em 1849, Claude Bernard obteve a primeira evidencia funcional 
da interação entre o cérebro e o sistema endócrino, quando demonstrou que a lesão do assoalho 
do quarto ventrículo cerebral causa “intensa diabetes” com poliúria e glicosúria. A partir de então 
intensos estudos nos séculos XIX e XX confirmaram o papel do hipotálamo como produtor de uma 
substância importante para a regulação da osmolalidade plasmática.
Em 1886, Pierre Marie descreveu a acromegalia e logo em seguida (1887) Minkowski descreveu a 
associação desta patologia com tumores de hipófise. Rapidamente a função endócrina da hipófise 
também foi associada às síndromes de Cushing (1912) e Simmonds (1919).
O conceito de que o cérebro poderia secretar substancias na corrente sanguínea sistêmica (proposto 
por Du Bois Reymond em 1877 e reafirmada por Schieffedecker em 1905) foi revolucionária. As 
bases anatômicas da conexão vascular entre o hipotálamo e a adeno-hipófise foram primeiramente 
descritas como “um sistema de capilares ligando o hipotálamo médio basal a hipófise anterior” 
por Lieutaud em 1742 e confirmada por Luschka em 1860. Em 1930 Popa e Fielding estudaram 
melhor a anatomia desse sistema de vasos e sua localização e lhe deram o nome de “plexo portal” 
descrevendo o sistema porta-hipotálamo-hipofisário. Embora tenha sido inicialmente proposto 
que o fluxo nestes capilares fluísse no sentido da hipófise para o hipotálamo, Houssay e cols. (1935) 
descreveram no sapo, in vivo, que o sentido do fluxo da circulação era na realidade do hipotálamo 
para a hipófise. Posteriormente, essa observação foi confirmada no rato, também in vivo, por 
Greene e Harris em 1947.
O conceito de neurossecreção foi novamente sugerido (dessa vez com evidências suficientes para 
tal) na década de 1940 por Scharrer e Scharrer e por Berhmann e Scharrer que demonstraram 
que peptídeos sintetizados por neurônios dos núcleos supraóptico (SON) e paraventricular (PVN) 
do hipotálamo passam através de seus axônios, são armazenados em terminais axonais na neuro-
hipófise e posteriormente secretados na circulação sistêmica. A descoberta de síntese dos peptídeos 
vasopressina (AVP) e ocitocina (OT) em 1956 rendeu o prêmio Nobel a Vogneaud.
10
UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
Nas décadas de 1950 e 1960 várias evidências foram acumuladas para existência de fatores 
hipotalâmicos liberadores e inibidores da secreção de hormônios pela adeno-hipófise. O isolamento 
e a caracterização do primeiro desses fatores rendeu o prêmio Nobel a Guillemin e Schally em 1977, 
e nos anos posteriores o isolamento e caracterização de outros fatores foram alcançados.
Anatomia do eixo hipotálamo-hipófise
hipotálamo
O hipotálamo é uma região bilateral, simétrica e pobremente definida anatomicamente. É uma área 
relativamente pequena considerando o volume encefálico total, ocupando menos de 1% do volume 
cerebral total e pesando cerca de 5 gramas no indivíduo adulto. 
O hipotálamo se localiza na base do cérebro, no diencéfalo, em uma posição ântero-ventral ao 
tálamo, acima da sela túrcica e da hipófise, e ele forma as paredes laterais, o assoalho e o teto do 
terceiro ventrículo cerebral. Seus limites são: na parte anterior, a borda rostral do quiasma óptico, 
e a lamina terminal; na parte caudal a borda posterior dos núcleos mamilares; no seu teto, o sulco 
hipotalâmico e o tálamo; seus limites laterais não são bem nítidos, variando com o nível estudado, 
mas algumas estruturas que ajudam em sua localização são a substância inominata, cápsula interna, 
núcleos subtalâmicos, e o pedúnculo cerebral. 
Apesar de ser uma estrutura relativamente pequena o hipotálamo agrupa um grande número de 
corpos neuronais que formam núcleos com diferentes funções, e por isso é importante dividir 
anatômica e funcionalmente o hipotálamo em áreas e núcleos. O hipotálamo é convencionalmente 
dividido em quatro áreas anatômicas: área preóptica, área anterior, área medial e área posterior. 
Essas quatro áreas são ainda divididas em 16 núcleos hipotalâmicos. 
A área preóptica não pertence anatomicamente ao hipotálamo, mas sim ao prosencéfalo. 
Entretanto, por possuir estreita relação com o hipotálamo é considerada funcionalmente como 
parte dele. Os neuronais desta área estão divididos em três grupamentos diferentes: Núcleo 
preóptico medial, núcleo preóptico periventricular e área preóptica lateral. Na linha 
mediana da área preóptica está localizado o órgão vasculoso da lamina terminal (OVLT) que é 
desprovido de barreira hematoencefálica e pode representar uma porta aberta para a entrada de 
sinais humorais para a área preóptica. O núcleo preóptico medial possui uma divisão lateral e outra 
medial que é também chamada de “núcleo preóptico sexualmente dimórfico”. Em mamíferos não 
primatas o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) é sintetizado em neurônios localizados 
neste núcleo, os quais os axônios se dirigem caudalmente para a eminência mediana. O núcleo 
preóptico periventricular possuí neurônios que se projetam caudalmente para o núcleo 
periventricular hipotalâmico. A área preóptica lateral é longa e organizada de forma difusa, possuí 
neurônios em sua porção medial e importantes fibras de passagem no sentido rostro-caudal em 
sua porção lateral.
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Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
A área hipotalâmica anterior é a continuação caudal da área preóptica e se estende caudalmente 
até a borda anterior da eminência mediana. Está área contém os núcleos periventricular, 
supraquiasmático, hipotalâmico anterior e paraventricular em sua porção medial, 
além do núcleo supraóptico em sua porção lateral. Importantes neurônios magnocelulares 
formam pequenas ilhas nas regiões medial e lateral do hipotálamo anterior. Caudalmente estão 
a área retroquiasmática e a área hipotalâmica lateral que ocupa a parte mais ventral do 
hipotálamo anterior. O núcleo perivetricular compreende uma faixa estreita de neurônios ao 
longo do terceiro ventrículo cerebral. Esse núcleo possui neurônios que sintetizam somatostatina 
(fator inibidor da liberação do hormônio do crescimento, e hormônio tireotrófico) além de parte 
de neurônios catecolaminérgicos (produtores de dopamina) do grupamento A14. O núcleo 
supraquiasmático funciona como um relógio biológico para a regulação neuroendócrina se 
localizando abaixo do terceiro ventrículo, imediatamente acima do quiasma óptico e se estende 
até o termino do quiasma óptico. Esse núcleo possui neurônios que sintetizam uma enorme 
variedade de peptídeos. O núcleo preóptico anterior possui quatro subdivisões e se estende 
desde a área preóptica até o núcleo ventromedial. A maioria dos neurônios que compõem o 
núcleo supraóptico (SON) se estende ao longo da extremidade lateral do quiasma óptico. 
Os neurônios deste núcleo são exclusivamente magnocelulares e potentes neurossecretoresde ocitocina e vasopressina e seus axônios se projetam diretamente para a neuro-hipófise. 
Neste núcleo os neurônios ocitocinérgicos estão localizados na porção dorsal, enquanto os 
neurônios vasopressinérgicos estão em sua maioria localizados na porção ventral. O núcleo 
paraventricular (PVN) se encontra na porção caudal da área hipotalâmica anterior dos dois 
lados do terceiro ventrículo. Esse núcleo possui grupamentos de neurônios magnocelulares 
secretores de vasopressina e ocitocina que se projetam para a neuro-hipófise e grupamentos de 
neurônios parvocelulares secretores de hormônio liberador de corticotrofina (CRF) e hormônio 
liberador de tireotrofina (TRH) que se projetam para a eminência mediana. Um grupamento 
de neurônios paraventriculares, de tamanho médio, da origem a fibras longas que se projetam 
para o tronco cerebral e medula espinhal. A área retroquiasmática é caudal ao quiasma óptico, 
está na base do hipotálamo e se estende caudalmente até o inicio da eminência mediana. A área 
hipotalâmica lateral possui poucos neurônios e muitas fibras. Apesar disto, importantes neurônios 
magnocelulares acessórios estão embebidos nesta área.
O hipotálamo medial é dividido em três partes: médio-basal, dorsal e lateral. O hipotálamo 
médio basal consiste na eminência mediana, núcleo arqueado e núcleo ventromedial, 
enquanto a parte dorsal é completamente ocupada pelo núcleo dorsomedial. Na borda 
das partes medial e lateral está localizado o núcleo perifornicial. O núcleo arqueado 
é um grupamento de neurônios alongados localizados ventromedialmente a parte medial e 
posterior do hipotálamo, dos dois lados do terceiro ventrículo. Esse núcleo incorpora neurônios 
catecolaminérgicos (produtores de dopamina) do grupo A12 e contém ainda neurônios produtores 
de diversos peptídeos como hormônio liberador de hormônio do crescimento (GHRH) e 
proopiomelanocortina (POMC) e seus derivados. O núcleo ventromedial pode ser dividido em 
várias subáreas facilmente reconhecidas, devido a suas peculiaridades morfológicas e funcionais. 
Esse núcleo recebe intensas aferências de áreas límbicas com hipocampo e formação amigdaloide. 
O núcleo perifornicial contém células que sintetizam angiotensina II e se projetam para o PVN e 
para o órgão subfornicial (SFO).
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UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
A área hipotalâmica posterior é relativamente pequena e constituída pelos núcleos premamilar 
dorsal e ventral, tuberomamilar, supramamilar e hipotalâmico posterior. A área 
hipotalâmica posterior vem em seguida a área hipotalâmica medial, e seu limite caudal são os corpos 
mamilares e o trato mamilo-talâmico. O núcleo tuberomamilar possui neurônios magnocelulares 
e três divisões parvocelulares. Os neurônios deste núcleo são a única fonte de produção neural de 
histamina no SNC. O núcleo premamilar ventral é um pequeno grupamento de células que 
segue ao núcleo supraquiasmático e possui pelo menos metade dos neurônios produtores de POMC. 
O núcleo premamilar posterior é um grande grupamento de células difusas e é continuado 
pela substancia cinzenta periaqueductal. Esse núcleo contém neurônios catecolaminérgicos 
(dopaminérgicos) com projeções para a medula espinhal.
O hipotálamo pode ser dividido em dois grandes sistemas neurossecretores pela característica 
morfológica e funcional de seus neurônios: Os sistemas neurossecretores magnocelular e 
parvocelular.
O sistema neurossecretor magnocelular consiste de células com citoplasma grande localizados no 
PVN e SON, além de neurônios magnocelulares em núcleos acessórios. Os principais hormônios 
secretados pelos neurônios magnocelulares são ocitocina e vasopressina, mas pelo menos mais 
11 peptídeos (CRH, somatostatina, prolactina, substância P, neurotensina, angiotensina II, 
colicistoquinina, encefalina, VIP, dinorfina e galanina) podem ser coexpressos em neurônios 
produtores de ocitocina ou vasopressina. Os neurônios magnocelulares vasopressinergicos estão 
localizados principalmente na região ventral do SON e na porção lateral magnocelular do PVN, 
enquanto os neurônios magnocelulares secretores de ocitocina estão localizados na porção dorsal do 
SON e na porção magnocelular anterior e medial do PVN. Além disso, também ocorrem neurônios 
magnocelulares acessórios na área preóptica e no hipotálamo lateral. As fibras destes neurônios se 
juntam para formar o trato hipotálamo-neurohipofisário. Esse tratado tem origem com fibras de 
neurônios magnocelulares do PVN que seguem até a eminência mediana onde se juntam a fibras 
dos neurônios magnocelulares do SON de núcleos acessórios, seguindo para a neuro-hipófise. 
O sistema neurossecretor parvocelular é constituído de células com citoplasma pequeno e está 
associado com a síntese, transporte e liberação dos fatores hipofisiotróficos. Esses neurônios 
produzem uma grande variedade de moléculas biologicamente ativas, em sua maioria peptídeos. 
Os peptídeos sintetizados por esses neurônios seguem por seus axônios até a camada externa 
da eminência mediana de onde alcançam a hipófise anterior. Devido à localização topográfica 
destes neurônios eles se dividem em dois grupos: os que formam o sistema túbero-infundibular 
e os demais que alcançam a eminência mediana pela área retroaquiasmática lateral. Os neurônios 
parvocelulares que formam o sistema túbero-infundibular tem seus pericários localizados nos 
núcleos retroquiasmático, pré-mamilar dorsal e ventromedial. Após um curto trajeto esse axônios 
alcançam a porção externa da eminência mediana. A maioria desses neurônios é peptidérgica, mas 
alguns sintetizam dopamina (A12), GABA e acetilcolina. Os neurônios peptidérgicos sintetizam 
POMC (ACTH, beta-endorfina e MSH), neurotensina, encefalinas, dinorfina, galanina, NPY 
e GHRH. Um segundo grupo de neurônios parvocelulares se projeta para a camada externa da 
eminência mediana por meio da área retroquiasmática lateral, entre eles: (1) fibras contendo 
GnRH provenientes do núcleo preóptico medial; (2) fibras contendo somatostatina provenientes 
principalmente do núcleo periventricular: e (3) fibras provenientes das porções parvocelulares do 
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Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
núcleo paraventricular e que representam o maior componente entre as fibras que passam pela 
área retroquiasmática lateral. Essas fibras contêm TRH, CRH, vasopressina, oxitocina, encefalinas, 
dinorfina, angiotensina II e peptídeo natriurético atrial (ANP), sendo alguns coexpressos nos mesmos 
neurônios. Adicionalmente aos neurônios peptidérgicos, fibras contendo noradrenalina vindas do 
tronco encefálico também chegam à eminência mediana pela área retroquiasmática lateral. 
Apesar de o os sistemas magno e parvocelular terem sidos apresentados de forma separada, existem 
evidencias de uma estreita relação entre eles: (1) alguns neurônios colaterais que compõem o sistema 
magnocelular, projetam-se para a eminência mediana modificando a secreção a adeno-hipófise; 
(2) terminações nervosas que secretam GnRH, TRH, somatostatina, encefalinas, neurotensina e 
dopamina, pertencentes ao sistema parvocelular, projetam-se para a neuro-hipófise, podendo da 
mesma forma, influenciar a secreção de hormônios da neuro-hipófise.
Eminência mediana
A eminência mediana hipotalâmica é a estrutura que representa a interface entre o sistema nervoso 
e a adeno-hipófise, sendo o ponto de convergência das informações que partem do SNC para o 
sistema endócrino. Ela está limitada ventralmente pela porção tuberal do lobo anterior da hipófise 
(adeno-hipófise) e pelos grandes vasos porta-hipofisários e cranialmente pelo recesso ventricular. 
Toda essa região permanece fora da barreira-hemato-encefálica. Estruturalmente a eminência 
mediana pode ser dividida em três camadas: (1) camada ependimal ou interna, que forma o assoalhodo terceiro ventrículo e é constituída basicamente de células ependimais, que estabelecem contato 
entre o terceiro ventrículo e os vasos porta-hipofisários; (2) a camada fibrosa, que é atravessada 
pelos axônios do trato supraóptico-neurohipofisário; (3) a zona paliçada ou camada externa onde 
neurônios do feixe túbero-infundibular despejam seus neuropeptideos. 
A maioria das fibras que passam pela camada interna da eminência mediana são peptidérgicas e 
seguem para a neuro-hipófise. Essas fibras são provenientes do SON, da porção magnocelular do 
PVN e de neurônios magnocelulares acessórios, e produzem ocitocina, vasopressina, além de outros 
peptídeos (citados acima). Além disso, algumas fibras contendo POMC provenientes do núcleo 
arqueado, não se projetam para a neuro-hipofise, mas terminam no plexo subependimal na camada 
interna da eminência mediana. 
A camada externa contém fibras de quase todos os núcleos hipotalâmicos, provenientes do 
sistema túbero-infundibular e vários outros tipos de fibras peptidérgicas que se projetam para a 
eminência mediana por meio da área retroquiasmática lateral. Algumas fibras que constituem o 
sistema túbero-infundibular estabelecem sinapses com celular ependimais e contatos com o liquido 
do terceiro ventrículo, indicando: (1) possíveis interferências das células ependimais no processo 
neurosecretório e (2) que a liberação de neurotransmissores e peptídeos possa se dar também para 
o liquido cérebro espinhal (LCE). O papel fisiológico das células ependimais ainda está por ser 
esclarecido. Alguns autores sugerem que por serem conectadas por meio de tight junctions as células 
ependiamais representam uma barreira entre o LCE e o sangue portal, enquanto outros estudos 
demonstram justamente o contrário, que essas células representam uma ponte de comunicação 
entre o LCE e o sistema porta-hipofisário.
14
UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
Os neuropeptídeos e neurotransmissores liberados na eminência mediana podem ter dois papeis 
fisiológicos principais: (1) Papel neuro-hormonal, em que os neuropeptídeos alcançam a neuro-
hipófise por meio do trato hipotálamo-neuro-hipofisário e a adenohipófise pelo sangue portal, e/ou 
(2) Papel neuromodulatório em que os neuropeptídeos agem localmente em células da eminência 
mediana estimulando ou inibindo a liberação de outros peptídeos ou neurotransmissores que 
são então captados pelo sangue portal e irão agir sobre a adeno-hipófise. Esse mecanismo pode 
ser tratado como uma ação pré-sináptica dos neuropeptídeos. A figura 3 mostra a localização da 
eminência mediana em relação ao hipotálamo e hipófise.
hipófise
A hipófise pesa de 0,5 a 0,6 gramas no ser humano adulto e é dividida em dois lobos: anterior ou 
adeno-hipófise (80% da glândula) e posterior ou neuro-hipófise. A adeno-hipófise possui coloração 
amarelo-alaranjada enquanto sua haste e a neuro-hipófise possuem coloração róseo-esbranquiçada. 
Ela se localiza na sela túrsica do osso esfenoide na base do crânio e se conecta com o hipotálamo 
por meio da haste hipofisária que passa através de um hiato presente no diafragma selar, uma prega 
da dura-máter situada entre os processos esfenoides. No adulto, a hipófise ocupa cerca de 75% do 
volume total da sela túrsica, apesar de haver consideráveis variações entre indivíduos de acordo 
com a idade e gênero. A adeno-hipófise possui origem epitelial enquanto a neuro-hupófise possui 
origem no diencéfalo e é formada pelos axônios de neurônios magnocelulares do hipotálamo. 
Histologicamente, a adeno-hipófise está constituída de células epiteliais poligonais, que por suas 
afinidades tintoriais podem ser classificadas em: (1) acidófilas (30 a 50%); (2) basófilas (5 a 15%); 
e (3) cromófobas (40 a 50%) (figura 4). As diferenças individuais nas proporções destas células 
ocorrem de acordo com a espécie, sexo, idade e estado funcional (fase do ciclo, castração, gravidez 
etc). A adeno-hipófise possui ainda dois tipos distintos funcionalmente de células: células secretoras 
e células folículo-estelares. As células folículo-estelares possuem capacidade fagocitária e regulam 
as células secretoras por meio de comunicações intercelulares (gap junctions) ou por ação parácrina, 
secretando fatores de crescimento e interleucinas. Essas células são capazes de regular diretamente 
a secreção de FSH e ACTH, além de já ter sido demonstrado que essas células também possuem 
ação sobre os lactotrofos e sistema imune e sintetizam leptina. A adeno-hipófise possui cinco 
tipos celulares fenotipicamente distintos, que durante o desenvolvimento embrionário surgem na 
seguinte ordem: corticotrofos, tireotrofos, gonadotrofos, somatotrofos e lactotrofos. Essas células 
são responsáveis pela síntese e secreção respectivamente dos hormônios: adrenocorticotrófico 
(ACTH), tireotrófico (TSH), gonadotrofinas (hormônio luteinizante - LH e hormônio folículo-
estimulante - FSH), hormônio do crescimento (GH) e prolactina (Prl). Algumas células hipofisárias 
reconhecidas como somatotrofos são capazes de secretar tanto GH quanto Prl. Além disso, existem 
ainda na hipófise intermédia células que expressão pró-ópio-melanocortina (POMC), molécula 
precursora do ACTH, mas nas quais a POMC sofre processamento pós-traducional distinto do que 
ocorre nos corticotrofos, e o produto de sua secreção pode ser endorfinas, lipotrofinas ou hormônio 
melanotrófico (MSH). É importante comentar também que existem interações parácrinas entre as 
células secretoras da adeno-hipófise, o que sugere um plano horizontal de controle de suas secreções, 
além do plano vertical representado pelo eixo hipotálamo-hipófise.
15
Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
figura 1. Estrutura histológica da adeno-hipófise mostrando células acidófilas (a) (somatotrofos and lactotrofos), 
basófilas (b) (tireotrofos, gonadotrofos, e corticotrofos) e cromofobas.
Sistema porta-hipótalamo-hipofisário
O sistema porta-hipotálamo-hipofisário (ou porta-hipofisário) é responsável pelo transporte de 
hormônios do hipotálamo (eminência mediana) para a adeno-hipófise. Duas redes de capilares estão 
integradas fazendo com que o sangue coletado na eminência mediana e contendo os hormônios 
hipotalâmicos perfunda a adeno-hipófise. 
Na eminência mediana e na parte superior da haste hipofisária, cujo suprimento sanguíneo provem 
das artérias hipofisárias (ramos da carótida interna), observa-se uma densa rede de capilares, os quais 
se distribuem formando grandes alças, algumas penetrando cranialmente na eminência mediana 
até as proximidades do liquido cérebro espinhal no terceiro ventrículo. Esses capilares drenam 
para vasos que trafegam por toda a haste hipofisária em direção a capilares sinusoides na adeno-
hipófise, sendo por essa razão, chamados de vasos porta longos. Uma segunda rede de capilares 
está presente em porções mais ventrais da eminência mediana, na haste hipofisária e neuro-hipófise 
(processo infundibular). Essas regiões recebem suprimento sanguíneo de artérias hipo-fisárias 
inferiores e são drenadas por capilares portais que se dirigem à adeno-hipófise, passando pela 
hipófise intermédia. Esses capilares, por sua vez mais curtos, recebem o nome de vasos porta curtos. 
Por meio dessa via, altas concentrações de hormônios neuro-hipofisários chegam a adeno-hipófise, 
podendo influenciar na secreção local desses hormônios. Em humanos, cerca de 80 a 90 % do 
sangue que chega a adeno-hipófise provem dos vasos portais longos e o restante dos curtos. Estudos 
dinâmicos da microcirculação local revelaram que o sangue neste sistema flui preponderantemente 
do hipotálamo para a hipófise, mas que também pode existir um fluxo retrogrado por meio do qual 
os hormônios adeno e neuro-hipofisários alcançariam o SNC e poderiam influenciar a secreçãodos 
hormônios hipofisiotroficos pelo hipotálamo.
16
UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
Antunes-Rodrigues et al. Mapping and signaling of neural pathways involved in the 
regulation of hydromineral homeostasis. Brazilian Journal of Medical and Biological 
Research, 46(4): 327-338, 2013
NODA, M.; SAKUTA, H. Central regulation of body fluids homeostasis. Trends in 
Neuroscience, 36(11): 661-673, 2013 
17
CAPítulo 2
fisiologia do eixo hipotálamo - neuro-
hipófise
A hipófise posterior (neuro-hipófise) secreta dois hormônios, ambos são nonapeptídeos, cuja 
estrutura é bem similar e difere apenas em dois aminoácidos. Esses hormônios evoluíram de uma 
mesma molécula ancestral, e os genes que os codificam ocupam locais adjacentes no cromossomo 20, 
porém com orientação oposta na transcrição. Este dois hormônios, vasopressina (AVP) e ocitocina 
(OT), possuem uma vida média na circulação sistêmica de aproximadamente 5-10 minutos. A 
parte cíclica de sua molécula, com uma ligação dissulfeto, é fundamental para exercer seus efeitos 
biológicos. As estruturas de ambas diferem apenas nos aminoácidos das posições 3 (fenilalanina 
para AVP e isoleucina para OT) e 8 (arginina para AVP e leucina para OT). O aminoácido da posição 
8 também é importante para as ações específicas da AVP e OT. 
O estudo da fisiologia da neuro-hipófise baseou-se, inicialmente, em experimentos clássicos em 
que extratos de hipófise foram administrados por via endovenosa em animais de experimentação, 
observando-se, em seguida, aumento da pressão arterial e diminuição do volume urinário. Esses 
efeitos foram igualmente observados quando os extratos administrados continham apenas a porção 
posterior da hipófise. A observação adicional de que o efeito pressor continuou a ocorrer em sapos, 
mesmo quando estes foram submetidos previamente à destruição do sistema nervoso central, 
sugeriu a presença, nesses extratos, de um fator que agisse perifericamente, ou seja, diretamente 
sobre os vasos sanguíneos, surgindo daí o termo vasopressina. Como este hormônio humano tem 
um aminoácido arginina na posição 8, ao contrário do aminoácido lisina, como no hormônio 
de porcos, ele é chamado de arginina-vasopressina (AVP). Adicionalmente, a hipofisectomia 
em animais de experimentação resultou num aumento do volume urinário (poliúria) que foi 
revertido após administração de extratos neuro-hipofisários. Todavia, a poliúria decorrente de um 
comprometimento da função renal (induzido por administração de sais de urânio) não foi inibida 
por estes extratos, sugerindo a importante participação do rim como órgão alvo desses extratos. 
Subsequentemente, verificou-se que, em condições fisiológicas, a AVP exercia um efeito estimulante 
sobre o processo de reabsorção tubular de água. O termo hormônio antidiurético passou então, 
também, a ser utilizado.
Paralelamente a esses estudos, Dale em 1906, verificou um efeito estimulante dos extratos 
neuro-hipofisários sobre a atividade contrátil do útero de mamíferos. Referiu, então, a presença 
nesses extratos de um agente ocitócico. O termo ocitocina foi então designado para este agente 
presente na neuro-hipófise, por se tratar de substância que induzia contrações rítmicas e regulares 
da musculatura uterina. Posteriormente demonstrou-se um efeito estimulante da OT sobre a 
musculatura lisa que reveste os alvéolos mamários que, após contração, leva à ejeção de leite. 
Atualmente, a OT também é considerada um hormônio envolvido com a natriurese e com a 
liberação do peptídeo natriurético atrial.
18
UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
A descoberta da continuidade entre a neuro-hipófise e o sistema nervoso (hipotálamo), foi feita por 
Ramon y Cajal, observando que as fibras nervosas presentes na haste hipofisária no lobo neural 
tinham seu ponto de origem numa região localizada posteriormente ao quiasma óptico, mais 
especificamente no SON e PVN. Ambos os núcleos apresentam células que sintetizam AVP e OT, 
embora a maioria (mais que 70%) sintetize AVP. 
Scharrer e Bargmann estabeleceram o conceito de neurossecreção, segundo o qual alguns neurônios 
seriam capazes não só de conduzir impulsos nervosos, mas de sintetizar e secretar substâncias ativas. 
Bargmann verificou que os neurônios do SON e PVN contêm grânulos que se coram em azul escuro 
pela hematoxilina de Gomori, os chamados grânulos de substância Gomori-positiva, os quais são 
também observados no trato hipotálamo-hipofisário e na neuro-hipófise. Sugeriu que os grânulos 
são sintetizados no hipotálamo e migram até a neuro-hipófise. Esta hipótese foi confirmada por 
Hild, que seccionou a haste hipofisária de um sapo e verificou o desaparecimento dos grânulos 
Gomori-positivos da neuro-hipófise e seu acúmulo no coto proximal da haste seccionada. Hoje a 
substância Gomori-positiva é denominada neurofisina, neurofisina I no caso da OT e neurofisina II 
no caso da AVP, proteína transportadora da AVP e da OT até a neuro-hipófise.
Uma das primeiras evidências indicativas da especificidade celular quanto à expressão dos neuro-
hormônios decorreu de estudos realizados em ratos da cepa Batleboro, os quais apresentam deficiência 
de vasopressina hereditária. Apesar de esses animais apresentarem deficiência na expressão de 
AVP, eles possuem OT em níveis normais. Ainda, os exames histológicos da hipófise mostram áreas 
escuras que representam grupos de axônios de neurônios produtores de OT, entremeadas com áreas 
mais claras, correspondentes às regiões das terminações nervosas de neurônios que contêm AVP. 
A figura 2 mostra a localização de neurônios vasopressinérgicos e ocitocinérgicos no hipotálamo.
figura 2: representação esquemática da localização dos corpos celulares dos neurônios ocitocinérgicos e 
vasopressinérgicos hipotalâmicos.
Sistema neurossecretor hipotalâmico
O hipotálamo pode ser dividido em dois grandes sistemas neurossecretores pela característica 
morfológica e funcional de seus neurônios: Os sistemas neurossecretores magnocelular e 
parvocelular. O sistema neurossecretor magnocelular consiste de células com citoplasma grandes 
19
Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
localizados no PVN e SON, além de neurônios magnocelulares em núcleos acessórios. Os principais 
hormônios secretados pelos neurônios magnocelulares são a ocitocina e a vasopressina, mas pelo 
menos mais 11 peptideos (CRH, somatostatina, prolactina, substancia P, neurotensina, angiotensina 
II, colicistoquinina, encefalina, VIP, dinorfina e galanina) podem ser coexpressos em neurônios 
produtores de ocitocina ou vasopressina. Os neurônios magnocelulares vasopressinergicos estão 
localizados principalmente na região ventral do SON e na porção lateral magnocelular do PVN, 
enquanto os neurônios magnocelulares secretores de ocitocina estão localizados na porção dorsal do 
SON e na porção magnocelular anterior e medial do PVN. Além disso, também ocorrem neurônios 
magnocelulares acessórios na área preóptica e no hipotálamo lateral. As fibras destes neurônios se 
juntam para formar o trato hipotálamo-neuro-hipofisário. Esse tratado tem origem com fibras de 
neurônios magnocelulares do PVN que seguem até a eminência mediana onde se juntam a fibras 
dos neurônios magnocelulares do SON de núcleos acessórios, seguindo para a neuro-hipófise. 
O sistema neurossecretor parvocelular é constituído de células com citoplasma pequeno e está 
associado com a síntese, o transporte e a liberação dos fatores hipo-fisiotróficos. Esses neurônios 
produzem uma grande variedade de moléculas biologicamente ativas, em sua maioria peptídeos. 
Os peptídeos sintetizados por esses neurônios seguem por seus axônios até a camada externa 
da eminência mediana de onde alcançam a hipófise anterior. Devido à localizaçãotopográfica 
destes neurônios eles se dividem em dois grupos: os que formam o sistema túbero-infundibular 
e os demais que alcançam a eminência mediana pela área retroaquiasmática lateral. Os neurônios 
parvocelulares que formam o sistema túbero-infundibular tem seus pericarios localizados nos 
núcleos retroquiasmático, premamilar dorsal e ventromedial. Após um curto trajeto esse axônios 
alcançam a porção externa da eminência mediana. A maioria desses neurônios é peptidérgica, mas 
alguns sintetizam dopamina (A12), GABA e acetilcolina. Os neurônios peptidérgicos sintetizam 
POMC (ACTH, beta-endorfina e MSH), neurotensina, encefalinas, dinorfina, galanina, NPY 
e GHRH. Um segundo grupo de neurônios parvocelulares se projeta para a camada externa da 
eminência mediana por meio da área retroquiasmática lateral, entre eles:
1. fibras contendo GnRH provenientes do núcleo preóptico medial;
2. fibras contendo somatostatina provenientes principalmente do núcleo 
periventricular; e
3. fibras provenientes das porções parvocelulares do núcleo paraventricular e 
que representam o maior componente dentre as fibras que passam pela área 
retroquiasmática lateral. 
Essas fibras contêm TRH, CRH, vasopressina, oxitocina, encefalinas, dinorfina, angiotensina II e 
peptídeo natriurético atrial (ANP), sendo alguns coexpressos nos mesmos neurônios. Adicionalmente 
aos neurônios peptidérgicos, fibras contendo noradrenalina vindas do tronco encefálico também 
chegam à eminência mediana pela área retroquiasmática lateral. 
Apesar de os sistemas magno e parvocelular terem sidos apresentados de forma separada, existem 
evidências de uma estreita relação entre eles:
1. alguns neurônios colaterais que compõem o sistema magnocelular, projetam-se 
para a eminência mediana modificando a secreção a adeno-hipófise;
20
UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
2. terminações nervosas que secretam GnRH, TRH, somatostatina, encefalinas, 
neurotensina e dopamina, pertencentes ao sistema parvocelular, projetam-se para 
a neuro-hipófise, podendo da mesma forma, influenciar a secreção de hormônios 
da neuro-hipófise.
interações do SnC com o eixo hipotálamo-
hipofise 
Os neurônios magno e parvocelulares do hipotálamo estão sob a influência de fibras nervosas das 
mais variadas regiões do SNC, como a formação reticular e o sistema límbico. Isso faz com que 
o ritmo de secreção dos neuro-hormônios gerado a partir do padrão interno do hipotálamo seja 
fortemente influenciado pelo resto do SNC, por meio principalmente de aferências noradrenérgicas, 
colinérgicas e serotoninérgicas. Outros neurotransmissores como GABA, adrenalina, dopamina, 
glutamato e opioides também participam deste processo. Essa influência pode ser exercida 
por sinapses axodendríticas com neurônios dos núcleos hipotalâmicos produtores dos neuro-
hormônios, bem como por sinapses axo-axônicas realizadas na terminações axônicas na eminência 
mediana. Alguns neurotransmissores também podem ser liberados diretamente no sangue portal, 
o que os caracteriza com hormônios, e podem influenciar diretamente a secreção dos hormônios 
adeno-hipofisários.
A aferência dopaminérgica é constituída por neurônios localizados no núcleo arqueado do próprio 
hipotálamo. Os axônios desses neurônios seguem até camada externa da eminência mediana onde 
secretam a dopamina, que por meio dos vasos porta chega a adeno-hipófise e influencia diretamente 
a secreção de hormônios adeno-hipofisários. Porém, ainda na eminência mediana, algumas fibras 
dopaminérgicas fazem sinapses axo-axônicas com fibras peptidérgicas, participando dessa maneira 
do controle da liberação dos peptídeos hipotalâmicos. Existem ainda fibras dopaminérgicas 
provenientes também do arqueado para a neuro-hipófise e aí poderiam estar modulando a secreção 
de vasopressina ou acitocina, além de fibras dopaminérgicas para a hipófise intermédia, em que 
controla a secreção do hormônio melanotrófico (MSH).
As fibras noradrenérgicas que influenciam o hipotálamo se originam principalmente da ponte e do 
bulbo. As principais áreas do hipotálamo que recebem essas inervações são os núcleos dorsomedial, 
arqueado e paraventricular. A camada interna da eminência mediana também recebe aferência 
noradrenérgica. Fibras serotoninégicas originadas dos núcleos da rafe mesencefálica se dirigem ao 
hipotálamo, principalmente para os núcleos supraquiasmático, retroquiasmático, área preóptica, e 
também para a eminência mediana, de maneira similar as fibras noradrenégicas.
O sistema límbico exerce influência sobre os neurônios magno e parvocelulares, por meio de vias 
cortiço-hipotalâmicas provenientes da amígdala, região septal, tálamo e retina.
A relação funcional do hipotálamo com outras estruturas do SNC garante a integração do sistema 
endócrino com outros sistemas efetores, como o motor e o autônomo. Essa integração se completa 
com a chegada de informações da periferia, vindas do sistema circulatório, fatores metabólicos, bem 
como os próprios hormônios hipofisários e de suas glândulas alvo. 
Fibras aferentes para neurônios magnocelulares do supraóptico e paraventricular provém de 
diversas áreas cerebrais como tronco cerebral, área preóptica e outros núcleos hipotalâmicos. Por 
21
Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
exemplo, o circuito neural órgão subfornicial-preóptico-hipotalâmico parece ser a mais importante 
organização neural para o controle central da homeostase do sódio e água no organismo.
Secreção vasopressinérgica e ocitocinérgica
Os neurônios que secretam OT e AVP também geram e conduzem potenciais de ação, e potenciais 
que atingem suas terminações desencadeiam a liberação de hormônios por meio da exocitose 
dependente de cálcio. Na neuro-hipófise as fibras do trato hipotálamo-hipofisário (que não possuem 
mielina) apresentam terminais dilatados contendo diversos grânulos secretores, que se localizam 
muito próximos de rica rede de capilares, cujo endotélio fenestrado permite que o produto secretado 
entre rapidamente na circulação por meio dos plexos capilares da artéria hipofisária inferior. Estes 
terminais são revestidos por células astrogliais modificadas, conhecidas como pituícitos. Estas células 
não secretam hormônios, eles agem como uma estrutura de suporte e nutrição para grande número 
de fibras nervosas terminais e terminações nervosas de tratos que se originam no hipotálamo. É 
possível, entretanto, que estas células desempenhem funções locais mais específicas, uma vez que 
após a liberação dos hormônios neuro-hipofisários, essas células apresentam elevação da sua taxa 
metabólica. Especula-se que elas possam contribuir para o processo de secreção hormonal por um 
mecanismo de retroalimentação negativa, em virtude da sua íntima associação às fibras nervosas, 
ou que ainda possam participar do processo de remoção dos hormônios neuro-hipofisário.
Neurônios magnocelulares sintetizam AVP e OT com atuação periférica; e os neurônios parvocelulares 
do PVN, sintetizam AVP que desempenhará ações no próprio sistema nervoso central. A célula 
neuronal progenitora dos neurônios magnocelulares é originária dos neuroepitélio da região 
ventricular. Eventos da embriogênese de neurônios magnocelulares foram descrito em ratos. No dia 
embriogênico (E) 11,5, estes neurônios podem ser encontrados no hipotálamo anterior; no período 
de E10,5 a 14,5, ocorre a migração de dois grupos celulares em direção hipotalâmica ventrolateral e 
medial para a formação, respectivamente, do SON e do PVN. Subsequentemente, ocorre extensão 
axonal para a formação da neuro-hipófise, com expressão a partir de E13, distribuição anatômica 
em E17 e início de inervação em E16. Transcritos de AVP e OT são detectáveis a partir de E15,5.
Assim como outros hormônios, os hormônios da neuro-hipófise são sintetizados como partedas 
moléculas precursoras maiores. O precursor da AVP, a pré-pró-pressofisina, contém uma sequência 
líder de 19 resíduos de aminoácidos, seguida da AVP, neurofisina II e glicopeptídeo. A pré-pró-
oxifisina, o precursor para a OT, é uma molécula semelhante, mas menor, que não apresenta 
glicopeptídeos. As moléculas precursoras são sintetizadas nos ribossomos dos corpos celulares 
dos neurônios. Elas têm suas sequências líderes removidas no retículo endoplasmático, são 
armazenadas nos grânulos secretores (também chamados corpúsculos de Herring) no Aparelho de 
Golgi e transportadas para os axônios por meio do fluxo axoplasmático para as terminações na 
hipófise posterior. A clivagem das moléculas precursoras ocorre à medida que são transportados, e 
os grânulos armazenados nas terminações contêm AVP ou OT livre, e a neurofisina correspondente. 
A neurofisina não apresenta nenhuma função conhecida depois de deixar os terminais nervosos. 
Entretanto, as neurofisinas devem ter papel importante no processamento dos hormônios neuro-
hipofisários, já que a AVP está ausente em roedores e humanos cujo gene sofreu mutação na região 
que codifica o componente neurofisina, no pré-pró-hormônio. Acredita-se que a associação das 
neurofisinas aos hormônios neuro-hipofisários dentro dos grânulos de secreção possa representar 
um mecanismo protetor que impediria a difusão do hormônio do grânulo e, portanto, sua liberação 
prematura ou inativação.
22
UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
Portanto, uma única célula neural realiza todo o processo de síntese, armazenamento e liberação 
hormonal. Se o pedúnculo hipofisário for cortado acima da hipófise, mas o hipotálamo permanecer 
intacto, os hormônios da hipófise posterior vão continuar sendo secretados normalmente depois 
de uma diminuição transitória por alguns poucos dias; eles então vão ser secretados pelas 
extremidades seccionadas das fibras dentro do hipotálamo então pelas terminações nervosas na 
hipófise posterior. 
regulação da secreção de vasopressina
A elevação da osmolalidade plasmática representa o maior estimulo para a secreção de AVP. 
Essas alterações de osmolalidade são percebidas por osmorreceptores localizados no sistema 
nervoso central e perifericamente. No SNC os osmorreceptores estão localizados principalmente 
no órgão vasculoso da lamina terminal (OVLT) e no órgão subfornicial (SFO) que são estruturas 
do SNC desprovidas de barreira hematoencefálica e por tanto sensíveis às alterações sistêmicas 
de osmolalidade. Ao serem ativados pelo aumento de osmolalidade os neurônios do SFO e OVLT 
ativam diretamente neurônios magnocelulares produtores de vasopressina no PVN e SON ou 
indiretamente, via área preóptica mediana. Cães desidratados têm os valores de AVP plasmático 
reduzido após ingestão de água, antes mesmo que haja a redução da osmolalidade plasmática, o que 
sugere o papel de osmorreceptores periféricos no controle da secreção de AVP. Hoje já se sabe que 
os dois principais locais onde estão os osmorreceptores periféricos são a orofaringe e na saída da 
veia porta hepática, local estratégicos para a detecção precoce do impacto da ingestão de alimentos e 
líquidos sobre a osmolalidade. Pequenas elevações da osmolalidade plasmática (2-3 %) são capazes 
de levar a secreção de AVP.
Alterações de pressão arterial e/ou volêmia também são importes estímulos para a secreção de 
AVP. A distensão do átrio esquerdo (que ativa receptores de volume) leva inibição da secreção 
de AVP. Entretanto, existem poucas evidências da participação desses receptores nas respostas 
de secreção de AVP em resposta a hipovolêmia, resposta que seria influenciada principalmente 
pelos barorreceptores. As principais evidências da participação dos barorreceptores no controle da 
secreção de AVP são que:1. a perfusão dos seios carotídeos com pressão constante leva a inibição da 
secreção de AVP; e2. a secção da inervação dos seios carotídeos leva a inibição da secreção de AVP 
que ocorres durante a hemorragia. Os baroreceptores se projetam para o núcleo do trato solitário 
(NTS) de onde partem fibras para o SON e PVN e inibem os neurônios magnocelulares produtores 
de AVP.
Acredita-se que tanto os receptores e volume atriais quanto os barorreceptores exercem efeito 
inibitório tônico sobre a secreção de AVP e que o aumento da secreção desse hormônio observado 
durante hipovolêmia/hipotensão seria decorrente da perda da estimulação inibitória. 
O sistema renina angiotensina periférico (agindo via órgãos circunventriculares) e central, o 
estresse inespecífico, náusea e hipóxia também representam estímulos para a secreção de AVP. De 
modo oposto os glicocorticoides inibem a expressão e secreção de AVP. No hipotálamo, algumas 
aminas biogênicas e peptídeos, atuando como neurotransmissores exercem efeitos intensos sobre 
23
Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
a secreção de AVP. As catecolaminas (dopamina e noradrenalina) e a acetilcolina estimulam 
preponderantemente a secreção de AVP. Os aminoácidos excitatórios (glutamato e aspartato) estão 
envolvidos na resposta induzida pela ativação osmótica da produção do RNAm de AVP e de sua 
secreção. Os peptídeos opioides inibem a secreção desses neuropeptídeos, enquanto as interleucinas 
são estimuladores.
Adicionalmente aos sinais sistêmicos – osmolalidade plasmática e volume sanguíneo – 
influenciando a secreção de vasopressina bem como a ingestão de água, o balanço de fluidos também 
é regulado por sinais pré-sistêmicos. Em cães, a ingestão de fluidos induz sinais orofaríngeos 
volume-dependentes que inibem a sede e a secreção de vasopressina, bem antes de a água deixar 
o estômago. Em cães desidratados, a ingestão de água reduz a secreção de vasopressina dentro 
de minutos, enquanto a osmolalidade plasmática permanece elevada (THRASHER et al., 1981; 
STRYKER; HOFFMANN, 2007).
tabela 1: fatores que estimulam ou inibem a secreção do hormônio anti-diurético (vasopressina).
Estimula a secreção de ADH Inibe a secreção de ADH
Específico Hipovolemia Hipervolemia
Hipermatremia Hipomatremia
Angiotensina II
Não específico Insulina α-Adrenégicos
β-Adrenégicos Antagonistas opioides
Morfina Etanol
Hipoglicemia Glicocorticoides
Estresse, exercício, dor, trauma, náusea Glicocorticoides
Lactação
Efeitos biológicos da vasopressina
Os efeitos da vasopressina são mediados por três tipos de receptores: os receptores V1a (localizados 
nos vasos sanguíneos; ativa a fosfolipase C, influxo de Ca++ e leva contração da musculatura vascular, 
causando aumento da resistência e elevação da pressão arterial), os receptores V2 (localizados 
nas células epiteliais dos ductos coletores renais) e os receptores V1b (que medeiam a secreção de 
hormônio adrenocorticotrófico a partir da adeno-hipófise). Os ajustes necessários para a reabsorção 
de água necessária para manter o balanço hídrico e eletrolítico ocorrem nos ductos contorcidos 
distais e nos ductos coletores, e são dependentes dos hormônios aldosterona e vasopressina. A 
vasopressina facilita a difusão da água a partir dos ductos coletores em direção à medula renal 
hiperosmóticas. Os mecanismos celulares da atividade da vasopressina nos túbulos renais envolve a 
ligação com receptores específicos (V2) na membrana basolateral localizados na superfície serosa da 
célula do túbulo renal, uma resposta mediada pela adenilato ciclase e uma fosforilação de proteínas 
que levam a uma inserção temporária de canais de água (aquaporinas tipo 2) na membrana luminal 
da célula (figura 3).
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UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
figura 3: representação esquemática da ação da vasopressina (via receptores v2) sobre a inserção das 
aquaporinas na membrana luminal dos ductos coletores.
Agindo sobre seus receptores V2 (que estimulam a adenilatociclase)o AVP controla a reabsorção 
renal de água e sal. Esse hormônio atua aumentando a reabsorção de água do filtrado glomerular 
por meio da inserção de canais para água na membrana luminal dos ductos coletores dos rins. No 
seguimento espesso da Alça de Henle o AVP aumenta a secreção de K+ por aumentar a inserção 
de canais para K+ e aumenta a reabsorção de Na+ por aumentar a inserção de transportador 
Na+/K+/2Cl-.
Vários subtipos diferentes de aquaporinas já foram caracterizados nos rins, cada um sendo 
correlacionado de forma restrita com a permeabilidade de segmentos específicos do néfron. As 
aquaporinas tipo 3 e 4 estão localizadas na membrana basolateral dos ductos coletores e permitem 
a difusão da água da célula em direção ao interstício. Já a aquaporina tipo 2 é o principal canal 
regulado pela vasopressina (SCHRIER, 2006). Em questão de poucos minutos, a vasopressina pode 
aumentar a permeabilidade das células dos ductos coletores à água por meio da estimulação da 
translocação das vesículas contendo as proteínas de canal aquaporinas tipo 2 do meio intracelular 
para a membrana plasmática apical. Após a queda nas concentrações de vasopressina, a aquaporina 
tipo 2 é redistribuída na célula por meio de endocitose, e a permeabilidade à água reduz. Durante 
a estimulação por vasopressina uma pequena porcentagem de aquaporina tipo 2 é excretada pela 
urina; esta excreção reflete as alterações evocadas pela exposição ao aumento nas concentrações de 
vasopressina e tem sido proposta como um marcador para a responsividade dos ductos coletores em 
cães poliúricos (VAN VONDEREN et al., 2004).
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Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
figura 4: visão geral dos mecanismos indutores da síntese e secreção vasopressinérgica e de sua ação ao nível 
do néfron.
Cátions, drogas e hormônios podem influenciar a ação da vasopressina e, assim, causar poliúria. 
Na hipercalcemia, a infrarregulação da aquaporina tipo 2 e a redução de sua inserção na membrana 
apical tem um papel importante no desenvolvimento da poliúria (EARM et al., 1998). Os 
glicocorticoides também interferem na ação da vasopressina, embora a perda da reatividade do 
sistema de osmorreceptores também parece contribuir para a poliúria induzida por corticosteroides. 
Até mesmo o aumento fisiológico nas concentrações de cortisol inibe a secreção de vasopressina em 
cães (PAPANEK; RAFF, 1994).
regulação da secreção de ocitocina
Os sinais para secreção de OT se originam na periferia e são transmitidos para o cérebro por neurônios 
sensoriais. A estimulação da cérvix uterina, do canal vaginal e dos mamilos leva ao aumento da 
secreção de ocitocina. Evidências experimentais sugerem que o neurotrasmissor envolvido nessas 
respostas é a acetilcolina. Após o processamento adequado em centros superiores, as células do 
SON e PVN recebem sinais para liberar seus hormônios dos terminais nervosos, para a hipófise 
posterior. A OT também pode ser secretada como resposta reflexa condicionada, como a percepção 
do cheiro do filhote. Por outro lado, as catecolaminas inibem a secreção de OT, o que é evidenciado 
pela inibição da ejeção do leite que ocorre após estresse.
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UNIDADE I │ EIxo hIpotálAmo – NEUro-hIpófIsE
Efeitos biológicos da ocitocina
A ocitocina exerce seus efeitos atuando sobre receptores específicos acoplados a proteína G, e 
sua ativação leva ao aumento da concentração citoplasmática de Ca++. Agindo sobre o útero a OT 
aumenta a frequência e a duração dos trens de potencial de ação. O papel da OT durante o parto está 
bem estabelecido, visto que: (1) durante o parto ocorre um aumento da secreção de OT, (2) existe 
uma correlação positiva entre as concentrações plasmáticas de OT e o prosseguimento do trabalho 
de parto e (3) o trabalho de parto é difícil em pacientes hipofisectomizadas ou com lesão da haste 
hipofisária. A secreção de ocitocina durante o parto ocorre devido o reflexo iniciado pela estimulação 
mecânica da cérvix e vagina. A distensão dessas estruturas leva a ativação de mecanorreceptores cujas 
fibras seguem pela medula espinhal e estimulam a secreção neurônios magnocelulares produtores 
de OT no PVN e SON. Isso resulta na secreção de OT, que induz contração da musculatura lisa do 
útero e favorece a expulsão do feto.
Agindo sobre a glândula mamária a OT estimula a ejeção do leite dos alvéolos e ductos galactóforos. 
Essas estruturas são revestidas por células mioepiteliais que sob ação da OT se contraem e levam a 
ejeção do leite. Esse processo também é regulado por um mecanismo reflexo desencadeado pela sucção 
do mamilo. A estimulação de mecanorreceptores no mamilo desencadeia potenciais de ação que são 
retransmitidos para o tronco encefálico e hipotálamo (PVN e SON) induzindo a secreção de OT.
Adicionalmente, além de sua secreção ser estimulada pela contração uterina e sucção mamilar 
(JENKINS; NUSSEY, 1991), os mesmos fatores que estimulam a secreção de AVP também induzem 
a secreção de OT (ANTUNES-RODRIGUES et al., 2004). Dessa forma, além de suas ações sobre a 
ejeção de leite e contração uterina, a OT plasmática também possui uma importante função sobre 
o metabolismo corporal de água e sódio, possuindo um efeito natriurético renal direto e também 
indireto, por induzir a secreção do peptídeo natriurético atrial (ANP) (HAANWINCKEL et al., 
1995). No que diz respeito à secreção de OT relacionada ao equilíbrio hidrossalino, sabe-se que 
tal hormônio apresenta um efeito natriurético direto e indireto, ao estimular a secreção do ANP a 
partir dos cardiomiócitos atriais (JANKOWSKI et al. 1998) e, apesar de ainda controversos, a OT 
parece exercer uma ação inibitória sobre o apetite específico ao sódio, inclusive o induzido pela 
angiotensina II (STRICKER; VERBALIS, 1996; FITZSIMONS, 1998; dados não publicados de Mecawi 
e colaboradores). Sua secreção é regulada por alterações na osmolalidade plasmática (SLADEK et al. 
2000; CALIGIONI; FRANCI, 2002; OLIVEIRA; FRANCI, 2011; VILHENA-FRANCO et al. 2011).
figura 5: representação esquemática dos núcleos cerebrais envolvidos com a sinalização para mediar a síntese 
e secreção de vasopressina e ocitocina.
modificado de stricker e verbalis, 1991.
27
Eixo hipotálamo – nEuro-hipófisE │ uniDaDE i
interação hipotálamo-hipófise-glândula 
alvo e sua regulação pelo mecanismo de 
retroalimentação (feedback)
Todos os hormônios produzidos pela adeno-hipófise têm sua síntese e secreção controlada por 
fatores hipotalâmicos. Para cada um dos hormônios adenohipófisários existe um hormônio liberador 
produzido pelo hipotálamo e para alguns existe também um hormônio inibitório. Os hormônios 
adeno-hipofisários por sua vez agem sobre glândulas periféricas e levam a produção de outros 
hormônios e por isso são chamados de hormônios tróficos. A produção e secreção dos hormônios 
hipotalâmicos e hipofisários é controlada por sua vez pelos produtos finais da cascata, ou seja, pelos 
hormônios produzidos pela glândula alvo periférica. Esse mecanismo de regulação é chamando 
controle por retroalimentação ou do inglês feedback. De modo geral os produtos das glândulas alvo 
periférica inibem a secreção do hormônio trófico e de seu fator liberador hipotalâmico, por isso esse 
mecanismo de controle é chamado de retroalimentação ou feedback negativo. Como o hormônio 
produtor deste efeito é produzido na periferia e age sobre o hipotálamo e a hipófise é classificada 
ainda com retroalimentação de alça longa. Atualmente está bem estabelecido que existe, também, 
uma retroalimentação de alça curta exercida pelos hormônios hipofisários controlando a liberação 
de seus fatores hipotalâmicos. Nos últimos anos também tem sido observado que os peptídeos 
hipotalâmicos estão sob o controle de uma alça de retroalimentação ultra curta. Sugere-se que vários 
neurônios que produzem fatores hipotalâmicosemitam colaterais recorrentes que fazem sinapses 
sobre os corpos celulares desses neurônios ou sobre neurônios inibitórios, regulando a liberação 
do neuro-hormônio. Como veremos a diante, em algumas condições, os hormônios produzidos na 
periferia também podem potencializar a secreção de seu hormônio trófico hipofisário e/ou do fator 
liberador hipotalâmico, sendo o mecanismo de controle nesse caso chamado de retroalimentação 
positiva. A figura 6 esquematiza esses mecanismos de controle do eixo hipotálamo-hipófise-glândula 
alvo.
figura 6: representação esquemática dos níveis de retroalimentação no eixo hipotálamo – hipófise – 
glândula alvo.
 
28
unidAdE iidiStúrbioS 
vASoPrESSinérgiCoS
CAPítulo 1
diabetes insipidus central
O termo diabetes insipidus é derivado do grego diabainein (passando através de) e do latin insipidus 
(sem gosto). Caracteriza-se pela excreção de um grande volume de urina com uma osmolalidade 
menor do que a plasmática e, tão diluída, que é praticamente insípida. De fato, o termo diabetes 
insipidus (DI) denota somente a poliúria; quando a diabetes mellitus for excluída, DI e poliúria 
podem ser considerado sinônimos. A partir de um ponto de vista patofisiológico, três categorias de 
diferenças patogênicas fundamentais podem ser distinguidas:
 » um distúrbio no sistema hipotálamo – hipófise causando deficiência na síntese/
secreção de vasopressina (diabetes insipidus central).A diabetes insipidus (DI) 
central é caracterizada por três achados primários:
3. urina diluída apesar do elevado estímulo osmótico para a secreção de vasopressina;
4. ausência de doença renal;
5. um aumento na osmolalidade urinária após a administração de vasopressina.
Tanto a diabetes insipidus central parcial quanto a total já foram caracterizadas em cães e gatos. 
Na DI central ocorre um pequeno aumento na osmolalidade urinária de acordo com o aumento na 
osmolalidade plasmática: o animal é essencialmente desprovido de vasopressina. Já na DI central 
parcial há uma secreção de vasopressina com o aumento na osmolalidade plasmática, porém, em 
quantidades abaixo do normal. 
Dentre as causas possíveis para o prejuízo na secreção de vasopressina, um tumor intracranial 
tem elevada probabilidade em animais de meia-idade e idosos, sendo mais frequentes neoplasmas 
hipofisário primários (HARB et al., 1996). Existem dois mecanismos possíveis para o prejuízo na 
secreção de vasopressina: 
I. O aumento no adenoma hipofisário do lobo anterior comprime cada vez mais o lobo 
posterior contra um espaço restrito da fossa hipofisária, resultando em uma atrofia 
por compressão da neuro-hipófise e redução da secreção de vasopressina. Durante 
a tomografia dinâmica computadorizada as características normais e o realce do 
29
 Distúrbios vasopressinérgicos │ UniDaDe ii
contraste distinto (“flush” neuro-hipofisário) encontra-se menos pronunciado ou 
até ausente (VLUGT-MEIJER et al., 2002; 2003);
II. Grandes tumores hipofisários com extensão suprasselar podem comprimir os 
núcleos hipotalâmicos reduzindo a síntese de vasopressina, provavelmente, via 
degeneração dos neurônios hipotalâmicos. 
Ambos os mecanismos podem contribuir para a deficiência de vasopressina e para a inabilidade do 
indivíduo em reagir adequadamente ao estímulo osmótico. Pode ser difícil diagnosticar a DI central 
em pacientes em que o adenoma corticotrófico tenha causado hipercortisolismo (FERGUSON; 
BIERY, 1988): a DI central pode ser negligenciada devido à poliúria causada pelo efeito do excesso 
de glicocorticoides. Dessa forma, a DI central pode tornar-se aparente quando o hipercortisolismo 
for eliminado por tratamento (BIEWENGA et al., 1989). 
Lesões neoplásicas não hipofisárias como o meningioma e o linfoma maligno já foram descritas 
por causarem DI central. Uma causa não neoplásica para a DI central é o trauma e a subsequente 
inflamação da larva nigrans. Ainda, a DI central já foi descrita em associação com anomalias 
hipofisárias congênitas. Adicionalmente, a DI central também pode ocorrer em consequência de 
cirurgia hipofisária, frequentemente utilizada para tratar o hipercortisolismo hipófise-dependente, 
a DI aparece imediatamente após a cirurgia e desaparece, espontaneamente, após dias ou meses. 
Caso o pedúnculo hipofisário tenha sido seccionado de forma a causar degeneração retrógrada dos 
neurônios hipotalâmicos, a DI central pode ser permanente. Um estudo imunohistoquímico dos 
núcleos hipotalâmicos paraventricular e supraóptico de cães saudáveis revelaram que os neurônios 
vasopressinérgicos tendem a diminuir após a hipofisectomia (TAODA et al., 2006). A incidência de 
DI central prolongada e permanente após a hipofisectomia em cães com hipercortisolismo hipófise-
dependente correlaciona-se com o tamanho do tumor, isto é, o risco é maior em cães com grandes 
tumores hipofisários (MEIJ et al., 2002). Aparentemente, os neurônios magnocelulares não têm as 
suas funções retomadas após serem comprimidos por um longo espaço de tempo.
Ainda, há a possibilidade da forma idiopática da DI central, tal termo é utilizado nos casos na qual 
não há lesões observáveis ao nível de hipotálamo e hipófise. Tal forma idiopática pode acometer 
especialmente animais jovens, apesar de o subsequente curso da doença, diagnóstico por imagem, 
ou autópsia pode eventualmente revelar uma lesão que poderia não ser identificada inicialmente 
(POST et al., 1989).
manifestações clínicas
As principais manifestações clínicas são poliúria, polidipsia e uma demanda quase contínua por água. 
Nos casos severos, a ingestão de água e o volume urinário podem ser muito grandes, requerendo 
micção praticamente a cada hora durante o dia e a noite. Apesar de na DI central parcial a ingestão 
de água e o volume urinário poderem ser apenas moderadamente aumentado, em casos severos de 
DI central completa a ingestão de água pode ser em um volume tão grande que interfira na ingestão 
alimentar e, desta forma, resulte na perda de peso. Em animais que um grande neoplasma é a causa 
fundamental, podem haver sintomas neurológicos adicionais e deficiências endócrinas. A DI central 
causada por um traumatismo craniano pode não estar apenas relacionada com lesões ou tecidos 
30
UNIDADE II │ DIstúrbIos vAsoprEssINérgIcos
moles ou esqueléticos, mas sim o prejuízo na região hipotálamo-hipofisária pode causar deficiências 
hormonais adicionais, como hipotireoidismo secundário (MELLAMBY et al., 2005).
Tanto a gravidade específica quanto a osmolalidade urinária estarão abaixo dos valores plasmáticos: 
< 1,010 e < 290 mOsm/Kg, respectivamente, apesar de em casos moderados a osmolalidade urinária 
poder alcançar valores da ordem de 600 mOsm/Kg. Os exames sanguíneos frequentemente não 
revelam anormalidades, exceto uma leve hipernatremia relacionada a uma inadequada reposição de 
água excretada. Caso a água seja retida em um animal com DI central completa, uma encefalopatia 
hipertônica com risco de vida ocorre dentro de algumas horas (natremia > 170 mmol/L e osmolalidade 
plasmática > 375 mOsm/Kg), manifestando-se inicialmente por ataxia. Tal manifestação também 
pode ocorrer quando a lesão causadora se estende ao centro da sede, de forma que a adpsia se 
desenvolve (DIBARTOLA et al., 1994).
diagnóstico diferencial
À parte da diabetes insipidus, existe apenas – em princípio – duas desordens básicas que podem 
contribuir para a poliúria: a diabetes insipidus nefrogênica e a polidpsia primária, sendo ambas 
pouco comuns. Entretanto, uma grande variedade de condições podem causar poliúria: animais 
jovens podem apresentar doenças renais congênitas além de, em qualquer idade, poderem adquirir 
qualquer doença renal que leve à poliúria; especialmente em cães de meia-idade e idosos, condições 
endócrinas como a diabetes mellitus,hipercortisolismo, hiperaldosteronismo, hipertireoidismo, 
piometra, excesso de GH induzido pela progestina (fase lútea), hiperparatireoidismo, e hipercalcemia 
de malignidade devem ser consideradas. Outras condições como hepatoencefalopatia e policitemia 
também podem estar associadas à poliúria. Em várias dessas condições, o comprometimento na 
secreção de vasopressina e/ou qualquer interferência em sua ação tem sido documentado, incluindo 
o hipercortisolismo, hiperaldosteronismo (RIJNBERK et al., 2001), excesso de GH (SCHWEDES, 
1999), piometra (HEIENE et al., 2004), hepatoencefalopatia (ROTHUIZEN et al., 1995) e policitemia 
(figura 7; VAN VONDEREN et al., 1997).
Podemos assumir que em algumas dessas condições as alterações induzidas por hormônios 
(retenção de sódio induzida por corticosteroide) pode causar a hipervolemia e assim levar a uma 
configuração alterada do sistema de osmorreceptores e, consequentemente, a um atraso e diminuição 
na responsividade da vasopressina ao estímulo osmótico. De forma similar, a policitemia pode 
prejudicar a secreção de vasopressina. A poliúria nestas condições pode, pelo menos em parte, ser 
o resultado de distúrbios na secreção de vasopressina. A interferência de cátions, tais como o íon 
cálcio, e de hormônios – como os corticosteroides – com a ação da vasopressina podem contribuir 
para a poliúria.
Figura 7: Relação entre a concentração de vasopressina plasmática (VP) com a osmolalidade plasmática 
(Posm) durante a infusão de salina hipertônica em cães com poliúria. Painel da esquerda: cão de 10 anos 
de idade, castrado, com hiperaldosteronismo; painel da direita: cão macho castrado com 9 anos de idade 
(círculo preenchido) e cão macho com 9,5 anos de idade e castrado (círculo sem preenchimento) com 
policitemia devido à neoplasia renal.
31
 Distúrbios vasopressinérgicos │ UniDaDe ii
 
diagnóstico
Por um longo tempo, o teste de privação de água combinado com a administração de vasopressina é 
utilizado para o diagnóstico diferencial de poliúria. Entretanto, o teste é difícil de realizar de forma 
correta, é desagradável ao animal, baseia-se fortemente no esvaziamento da bexiga a cada coleta, e 
é indireto devido às alterações na concentração de urina serem utilizadas como índice de secreção 
de vasopressina. Além disso, o estímulo à secreção de vasopressina é uma combinação entre a 
hipertonicidade e a hipovolemia, especialmente próximo ao final do período de desidratação.
Um método mais direto para diagnosticar a DI central seria por meio das mensurações das 
concentrações plasmáticas de vasopressina durante o estímulo osmótico induzido pela infusão de 
salina hipertônica ou restrição de água (BROWN et al., 1993). Em casos severos de DI central, o teste 
de privação de água confere um diagnóstico correto, mas em todas as outras categorias de poliúria 
– em que há variáveis concentrações da urina durante a desidratação – pode ser menos confiável. 
Entretanto, como mencionado anteriomente, a poliúria relacionada à outras doenças pode também 
ser associada à distúrbios na secreção de vasopressina. Adicionalmente, a hiporresponsividade da 
vasopressina ao estímulo hipertônico tem sido observada em cães poliúricos que de outra forma, 
cumpre os critérios para a polidipsia primária (VAN VONDEREN et al., 2004). Além disso, foi 
demonstrado em humanos que a supra-hidratação crônica na polidipsia primária pode reduzir a 
secreção de vasopressina em resposta à hipertonicidade (MOSES; CLAYTON, 1993). Assim, em 
alguns cães, pode ser difícil distinguir entre as entidades poliúricas. 
Uma abordagem global para o diagnóstico de cães poliúricos é mediante um procedimento de 
diagnóstico que se inicia com mensurações seriadas da osmolalidade urinária em amostras coletadas 
pelo próprio proprietário em casa. O proprietário, então, administra desmopressina (DDAVP) por 
4 a 5 dias e coleta uma outra série de amostras de urina durante o último dia de tratamento com 
a desmopressina. Tanto na DI central completa quanto na parcial, a poliúria e a polidipsia cessam 
após a administração de desmopressina e, a osmolalidade urinária aumentam de valores baixos até 
maiores que 1000 mOsm/Kg. Caso a osmolalidade urinária permaneça menor que 1000 mOsmo/
Kg, é muito improvável que seja DI central e, ao invés disso, pode ser polidipsia primária ou DI 
funcional nefrogênica.
32
UNIDADE II │ DIstúrbIos vAsoprEssINérgIcos
O acetato de desmopressina (DDAVP) é um análogo sintético da vasopressina de ação 
prolongada com atividade predominantemente antidiurética (via receptores V2). Vários análogos 
da vasopressina (não peptídeos) estão sendo desenvolvidos e avaliados para o tratamento da 
hiponatremia e sobrecarga de fluido (ALI et al., 2007).
Quando há histórico de traumatismo craniano ou suspeita de lesão/tumor hipofisário que possa ser 
uma causa adicional para as deficiências hipofisária, a função adeno-hipofisária deve ser estudada 
e a glândula hipófise deve ser visualizada por tomografia computadorizada e/ou ressonância 
magnética. Na presença de adenoma hipofisário a neuro-hipófise pode estar deslocada ou até 
mesmo, não poder ser visualizada. Entretanto, apenas em uma pequena proporção dos casos o 
tumor hipofisário interfere na secreção de vasopressina de forma suficiente para causar DI.
tratamento
O análogo da vasopressina (a desmopressina ou DDAVP) é a droga mais comumente utilizada 
para o tratamento. Disponível em ampolas para o uso em humanos por meio de administrações 
parenterais, solução intranasal e por via oral. Apenas uma gota da solução intranasal (contendo 1,5 
a 4 µg de DDAVP) administrado no saco conjuntival duas vezes ao dia controla, de forma eficiente, a 
poliúria na maioria dos cães com DI central. Com a administração de 3 gotas por dia, a produção de 
urina geralmente retorna ao normal, porém alguns proprietários (em parte por questões financeiras) 
fazem a administração apenas uma vez ao dia. Em gatos na qual a administração conjuntival é mais 
difícil, a forma injetável (1 ampola) pode ser administrada 1 ou 2 vezes ao dia. Em uma série de 5 
gatos com DI central a administração oral de ¼ ou ½ tablete de 0,1 mg, 2 ou 3 vezes ao dia, foi 
descrita como uma alternativa eficiente (AROCH et al., 2005). 
Em cães e gatos submetidos à hipofisectomia, a administração de desmopressina inicia-se 
imediatamente após a cirurgia; em cães sadios, tal conduta previne a hiponatremia (HARA et al., 
2003). Tanto em cães quanto em gatos submetidos à hipofisectomia para o tratamento contra o 
hipercortisolismo hipófise-dependente, a hipernatremia moderada pode ocorrer nas primeiras 
24 horas após a cirurgia, apesar da administração profilática de desmopressina. Isso pode estar 
relacionado, em parte, com o fato de a resistência à vasopressina induzida pelo hipercortisolismo 
ser insuficientemente compensada no período pós-operatório com infusões e ingestão de água. O 
tratamento com desmopressina permanece por 3 semanas, já que não é certo se conteúdo suficiente 
de vasopressina hipotalâmica chegará à circulação sistêmica e, mesmo que chegue, é incerto o tempo 
de recuperação para o prejuízo cirúrgico no pedúnculo hipofisário. A hipofisectomia total priva 
o animal dos estoques neuro-hipofisário de vasopressina e da habilidade de secretar tal hormônio 
após um estímulo. Geralmente, o pedúnculo hipofisário é seccionado abaixo o suficiente para evitar a 
degeneração retrógrada dos neurônios dos núcleos supraóptico e paraventricular, e há um vazamento 
suficiente de vasopressina a partir do pedúnculo para evitar a DI central (MEIJ et al., 1997). Em 
tempo, os axônios dos neurônios magnocelulares podem regenerar para estabelecer novas conexões 
neuronais para formar um substituto para a neuro-hipófise. Caso a poliúria reapareça quando

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