Buscar

Leviata

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

O Estado em Hobbes
Disciplina Instituições Jurídicas
Prof.ª: Priscila Aurora
Contextualização histórica 
Filosofo inglês (1588 a 1679);
Contexto político: reforma anglicana ocorrida cinco décadas antes;
O século XVII na Europa é o marco do absolutismo monárquico: Luís XIV da França o “Rei Sol” ao afirmar o “estado sou eu”;
Hobbes – conceitos básicos
Estado de natureza: situação de guerra de todos contra todos Submissão a um poder comum para impedir o emprego da força particular.
“O direito natural (...) é a liberdade que cada um possui de usar seu próprio poder, da maneira que quiser, para a preservação de sua própria natureza, ou seja, de sua vida” (Leviatã, p. 101)
Estado na natureza: não há distinção entre público e privado.
Leis naturais: justiça, equidade, modéstia, piedade, ou seja, “fazer aos outros o que queremos que nos façam” (Leviatã, p. 127).
Hobbes – conceitos básicos
Da natureza humana:
“O homem só encontra felicidade na comparação com outros homens e só pode tirar prazer do que é iminente” (Leviatã, pg. 129).
“A humanidade está constantemente envolvida numa competição pela honra e pela dignidade” (Leviatã, pg. 129).
Da propriedade no estado natural: o direito de todos sobre todas as coisas implica direito a nada.
Do contrato:
“Sem mútua aceitação não há pacto possível” (Leviatã, p. 107);
“Um pacto anterior anula outro posterior. Se um homem transmitiu hoje seu direito a outro não pode transmiti-lo amanhã a um terceiro. A promessa posterior não transmite direito algum, pois é nula” (Leviatã, p. 108)
“Os pactos sem a força não passam de palavras sem substância para dar qualquer segurança a ninguém” (Leviatã , p. 127)
- “Na condição de natureza, pois, em que todo homem é juiz, não há lugar para a acusação, e no estado civil a acusação é seguida pelo castigo” (Leviatã, p. 108)
 “Cedo e transfiro meu direito de governar a mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens, com a condição de que transfiras a ele teu direito, autorizando de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isso, à multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado, em latim civitas” 
(Leviatã, pg. 131);
Hobbes – O Soberano
O poder soberano é absoluto, não fosse absoluto não seria soberano.
 O vínculo que os súditos têm em relação à leis positivas não é de mesma natureza do que prende o soberano às leis naturais. Uso da força contra os primeiros, sem igual constrangimento contra o soberano.
Quem é o juiz do soberano? A que lei ele se submete?
O soberano é juiz da própria conduta e também da conduta do súdito.
Tem sentido falar em abuso de poder quando onde o poder é ilimitado?
“Opiniões” a respeito da pessoa do governante: bom X mal governante.
“Com efeito, os homens têm o hábito de não só indicar com nomes as coisas mas de manifestar os sentimentos a seu respeito – o amor, o ódio, a ira etc. Por isso, o que um chama de aristocracia, o outro denomina oligarquia; um dá um título de tirano àquele a quem um outro chama de rei. Deste modo, não se designa com tais nomes diferentes formas de Estado, mas apenas as opiniões que têm os cidadãos a respeito da pessoa do governante” (De civie, VII, 2).
Hobbes
O tirano é um rei que não aprovamos; o rei, um tirano que tem nossa aprovação.
A distinção é passional, não racional. Todos os critérios derivam da paixão, não da razão. Assim, não há nenhum critério objetivo que distinga um bom soberano de um mal.
Seria então possível que alguém tome o poder pela força e apesar disso mantenha-se soberano?
Hobbes
“Rei e tirano não diferem pelo modo como adquirem seu poder. De fato, se num Estado democrático ou aristocrático um cidadão conquista o poder pela força, torna-se um rei legítimo desde que seja reconhecido pelos cidadãos; em caso contrário, permanece um inimigo, e não se transforma em tirano” (De Civie, VIII, 3).
Hobbes – Despotismo 
Aqui a diferença não decorre de um bom ou mal soberano e sim na existência ou não de um soberano.
Há legitimidade no poder despótico? Existe distinção entre guerra justa e injusta?
O que determina a justiça da guerra é a vitória. Quando faltar um tribunal superior às partes, que possa decidir as razões da guerra, então, esta caberá ao vitorioso.
Hobbes – Despotismo 
A natureza da legitimação do poder despótico é o consentimento de quem se submete: o vencido oferece ao vencedor seus serviços, enquanto o vencedor dá proteção ao vencido (pactum subiectionis).
Hobbes – Critica à teoria dos Governos Mistos
“O rei cujo poder é limitado não é superior aos que têm o poder de limitá-lo; e quem não é superior não é supremo, isto é, não é soberano” (Leviathan, cap. XIX).
Se o Estado é genuinamente misto, não é estável; se é estável, não é genuinamente misto.
A consequência inevitável do governo misto é a dissolução e a guerra civil.
Hobbes – Problematizações
“Constitui-se insuficiente para garantir aquela segurança que os homens desejariam que durasse todo o tempo de suas vidas, ou seja, que eles fossem governados e dirigidos por um critério único apenas durante um período limitado, como é o caso numa batalha ou numa guerra. Se um esforço unânime lhes permitir obter uma vitória contra um inimigo estrangeiro, depois disso, quando ou não terão mais um inimigo comum, ou aquele que por alguns é tido por inimigo comum, ou aquele que por alguns é tido por inimigo é por outros todo como amigo, é inevitavél que as diferenças entre seus interesses os levem a desunir-se, voltando a cair em guerra uns contra os outros” (Leviatã, pg. 129)
Sociedade contra o Estado Pierre Clastres 
“A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar urna ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência”.
Sociedade contra o Estado Pierre Clastres 
A chefia é delimitada pela sua competência técnica (oratória, habilidade com caça, capacidade de coordenar atividades), de forma que a sociedade não autoriza que o chefe converta autoridade técnica em política: “Tu não é mais que os outros”.
Sociedade contra o Estado Pierre Clastres 
“O grande cacique Alaykin, chefe guerreiro de uma tribo Abipione do Chaco argentino, a definiu perfeitamente na resposta que deu a um oficial espanhol que queria convencê-lo ~ levar sua tribo a uma guerra que ela não desejava: "Os Abipiones, por um costume recebido de seus ancestrais, fazem tudo de acordo com sua vontade e não de acordo com a do seu cacique. Cabe a mim dirigi-los, mas eu não poderia prejudicar nenhum dos meus sem prejudicar a mim mesmo; se eu utilizasse as ordens ou a força com meus companheiros, logo eles me dariam as costas. Prefiro ser amado e não temido por eles”.
Sociedade contra o Estado Pierre Clastres 
“Uma vez as coisas terminadas, e qualquer que seja o resultado do combate, o chefe guerreiro volta a ser um chefe sem poder, e em nenhuma hipótese o prestígio decorrente da vitória se transforma em autoridade”.
Exceção à regra foi narrada por Helena Valero em Yanoama, livro por meio do qual narra a história do guerreiro Fousiwe:
“Fousiwe foi então reconhecido como "chefe" por sua tribo em virtude do prestígio que adquiriu como organizador e condutor de ataques vitoriosos contra os grupos inimigos. Mas a infelicidade do guerreiro selvagem é que o prestígio adquirido na guerra se perde rapidamente, se não se renovam constantemente as fontes. A tribo, para a qual o chefe é apenas “um instrumento apto a realizar sua vontade”,esquece facilmente as vitórias passadas do chefe”.
Bibliografia
BOBBIO, Noberto. A teoria das formas de governo. Brasília, Ed. Universidade de Brasília, 1997.
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. In.: A sociedade contra o Estado: pesquisas de antropologia política. São Paulo, Cosac Naify, 2003.
HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. São Paulo,
Martin Claret, 2004.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando