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Introdução à Antropologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS – DEPTO. DE EDUCAÇÃO
DISCIPLINA GDE 130 - ANTROPOLOGIA JURÍDICA – 2013.2/PROF. ANGELO
TEXTO 2
Introdução à antropologia: conceito, história e objetivos
Por que estudar a história da antropologia?
Ao longo da história do homem, inúmeros contatos entre os povos de culturas distintas ocorreram, seja para o bem ou para o mal. Nem sempre os encontros eram pacíficos e cordiais. Em muitas situações, havia conflito, luta, morte e sofrimento. Contudo, a despeito de todas as tragédias na história do homem, o encontro entre outros diferentes era uma constante.
	O grande antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, no seu texto Raça e História (1975), relata uma história vivida pelos colonizadores e os índios americanos que mostram claramente como ambos os grupos estavam interessados buscando entender esse outro. No momento da descoberta, a pergunta que os colonizadores e os índios estavam se fazendo era sobre se os outros eram homens. Os colonozadores buscavam a resposta a partir da existência da alma nos ditos selvagens; isto é, se tem alma então são homens. E os índios buscavam a resposta no corpo, afundando os corpos dos europeus mortos na água para observar se acontecia o mesmo que com os corpos dos índios; se apodrecer, como eles próprios, podiam concluir que também eram homens. O que essa anedota nos mostra é que a curiosidade movia, e ainda move, os homens quando se encontram com aqueles que são diferentes.
	Quando no Século XV as fronteiras do mundo se ampliaram radicalmente, esses outros começaram a estar mais presentes. O contato que a cultura européia estabelecia com os outros, dos índios, fazia necessário que se pensasse sobre com cada um vivia no mundo. Assim, não faltaram pensadores que se puseram a pensar a diferença entre os homens.
	Se a Antropologia é a ciência humana e socialque busca conhecer a diferença e alteridade, então estudá-la pode pode nos fazer compreender que, longe de haver somente uma formação cultural que dê sentido às ações dos homens, toda e qualquer cultura é coerente em si mesma quando vista de forma total e a partir des seus próprios pressupostos. Mais ainda, podemos aprender que nossa cultura e sociedade não são as únicas, nem as mais verdadeiras, originais e autênticas; não obstante, a Antropologia nos ensina que todo e qualquer esquema cultural e ou classificatório é mais um dentro dos inúmeros outros, que também coabitam o mundo justamente conosco.
	A antropologia pode nos ensinar uma importante lição: nossa sociedades não é superior a qualquer outra, seja ela uma tribo do Sudão, na África, ou uma tribo indígena no Mato Grosso do Sul, no Brasil. Vistos a partir dos quadros centrais de qualquer cultura, os homens se julgam sempre mais humanos do que os outros, quaisquer que sejam.
	Enfim, a antropologia nos ensina a nos descentrarmos do nós memos assim como de nossa própria sociedade e cultura. Isso é um exercício fantástico e que nos abre as portas para novos universos, novas possibilidades e alternativas de aprendermos com os outros e de nos vermos através dos outros, conhecendo-nos mais profundamente. Afinal, como disse Sahlins ( 1979, p.08 ), “o homem apreende o mundo a partir de esquemas simbólicos que ordenam o mundo de forma diferentes da nossa, e nesse sentido sempre lidamos com diferentes mundo possíveis.
Os muitos começos da disciplina
	Podemos dizer, então que sempre existiu uma relação com aqueles outros povos, mas não por isso temos que pensar que essa relação ao longo dos tempos teve os mesmos efeitos. A forma de se relacionar com o outro dependia, em cada época, do conhecimento e dos interesses que cada cultura tinha.
	
Nas páginas anteriores dissemos que sempre existiu o contato entre os homens. Mesmo antes que a cultura Ocidental se expandisse pelo mundo, as próprias culturas tradicionais estabeleciam contatos entre elas. Então, não é meramente o contato que produz antropologia, não é a relação com o outro, com a alteridade que gerou o conhecimento antropológica, foi necessário que se produzisse uma série de mudanças que levaram ao desenvolvimento de uma disciplina científica.
	Num primeiro momento, que poderíamos chamar de Pré-história da antropologia, nos Séculos XV e XVI, as notícias sobre os povos distantes eram produzidas por viajantes e missionários. Nesse momento, delinearam-se duas ideologias concorrentes, a primeira se manifestava por uma recusa pelo estranho e a segunda, por uma fascinação. 
	A primeira posição se fundamentava na idéia de que povos primitivos eram selvagens dominados pela natureza, pelo clima, que não tinham história, nem hábitos culturais. Eram povos definidos pela falta. Ou seja, eles não tinham tudo o que nós tínhamos. Os defensores da segunda posição sublinhavam como esses povos tinham conseguido desenvolver sistemas políticos e econômicos que eram melhores que os nossos; assim como tinham alcançado um grau de harmonia com a natureza que nós não tínhamos. Alguns desses pensadores do Século XVI chegaram a se perguntar se os bárbaros não éramos nós; como diz Françoise Laplatine (2000), eles defendiam e valorizavam a “ingenuidade original” do estado de natureza.
	Podemos perceber como por trás dessas duas posições há uma visão sobre o Ocidente; porque aqueles que tinham uma visão negativa, de recusa do estranho, tinham uma visão positiva sobre nós, sobre o nosso modo de vida. Pelo contrário, aqueles que viam as atitudes dos povos tradicionais tinham uma visão negativa do Ocidente.
	No Século XVIII, a segunda posição derivou na idéia do bom selvagem; os povos tradicionais representavam os povos da natureza; que viviam livres e felizes gozando da vida. Essa ideologia rousseauniana pode ser encontrada ainda hoje em filmes. Pensem por exemplo no épico Dança com lobos no qual se apresenta uma visão romântica dos povos tradicionais. No filme, é a cultura Ocidental que chega destruindo um modo de vida que estava em harmonia com a natureza.
	Foi no Século XVIII que essas viagens de exploradores para conhecer o mundo adquiriram o caráter de pesquisas científicas, mas, como ressalta Paul Mercier (1990): “ as explorações desse Século e do Século XIX, ainda não serão feitas por especialistas”. Somente na segunda metade do Século XIX é que o estudo do homem vai virar o que hoje se conhece como antropologia; somente nesse momento tomará a forma de uma disciplina científica. Para isso foi necessário que se produzissem algumas mudanças na forma de coletar os dados.
Para que uma disciplina seja considerada científica tem que ter um objeto, um método e um paradigma, isto é, uma idéia chave que guie as observações.
	Vimos anteriormente que antes do Século XIX já existia a preocupação com a alteridade e com as formas culturais diferentes das encontradas na Europa. A isso damos o nome de estudo do outro. Esse será o objeto da antropologia. Nesse momento, aquelas sociedades, que no Século XVIII se conheciam como sociedades da natureza, começaram a ser chamadas de sociedades ou culturas primitivas. E esse vai ser o objeto empírico da antropologia.
	Também havia um método. Ele consistia em estudar os relatos das viagens nas quais se descreviam esses diferentes modos de vida. No final do Século XIX, com a incipiente profissionalização da disciplina, se percebeu que era necessária alguma forma de controlar esses relatos; uma dessas formas foi que os próprios antropólogos começassem sem observações. Com isso, começou a se definir o método da antropologia, conhecido como trabalho de campo (ampliaremos essa idéia nas paginas a seguir). Só estava faltando uma 
idéia norteadora para os observadores; essa idéia vai estar madura na segunda metade do Século XIX e foi o conceito de evolução *.
	Com ele a antropologia encontrou uma forma de interpretar a diversidade cultural e, desse modo, estabelecer uma ordem nas culturas diferentes do mundo.
	
Para completar o contexto histórico-cultural em que se originoua disciplina antropológica temos que lembrar que, na segunda metade do Século XIX, se cristalizou uma nova situação geopolítica no mundo, que é a conquista colonial. Em 1885 se assina o Tratado de Berlin, no qual as nações européias dividem o continente africano e o resto do mundo entre si. Lembre-se, caro aluno, que a 1ª Grande Guerra Mundial estará ligada aos interesses dos Estados imperialistas.
Glossário
* Evolução: processo de desenvolvimento natural, biológico e espiritual no qual toda natureza, com seus seres vivos ou inanimados, se aperfeiçoa progressivamente, realizando novas capacidades, manifestações e potencialidades. De um ponto de vista meramente biológico, a evolução pode ser definida como descendência com variações.
ANTROPOLOGIA
Paradigma
Conceito de evolução
Método
Trabalho de campo
Objeto
Estudo do outro, da diferença
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