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BLOCO DE ATIVIDADE 
DISCIPLINA: Leitura e Produção de Textos 
PROFESSORA: Nasle M. Cabana 
CURSO: 
ALUNO: 
PRELIMINARES 
 LINGUAGEM: é a capacidade humana de expressar pensamentos, ideias, 
opiniões e sentimentos. A Linguagem está relacionada a fenômenos comunicativos; 
onde há comunicação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagem para 
estabelecermos atos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos, placas e 
regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por exemplo). 
Num sentido mais genérico, a linguagem pode ser classificada como qualquer sistema 
de sinais de que se valem os indivíduos para realizar atos de comunicação, podendo ser 
VERBAL - aquela que faz uso das palavras para comunicar algo - e NÃO VERBAL - 
aquela que utiliza outro método de comunicação, que não as palavras. 
 LÍNGUA: é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras 
gramaticais as quais possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir 
enunciados que lhes permitam se comunicar e compreender-se. Por exemplo: falantes da 
língua portuguesa. 
 Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão. 
Por outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a 
compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira particular a língua 
comunitária, originando a FALA. A fala está sempre condicionada pelas regras 
socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um 
exercício criativo da comunicação. 
 
 
AFINAL, O QUE É A LÍNGUA? 
(Trecho trânsitos de Faraco e Tezza 2003, cap.1) 
 
 Ela está presente em todas as nossas atividades; nós vivemos entrelaçados (às 
vezes soterrados!) pelas palavras; elas estabelecem todas as nossas relações, dizem ou 
tentam dizer quem somos, quem são os outros, onde estamos, o que vamos fazer, o que 
fizemos. Nossos sonhos são povoados de palavras; todas as nossas emoções e 
sentimentos se revestem de palavras. 
 (...) 
 
 Apesar dessa presença absoluta em nossa vida (ou talvez justamente por isso), 
ainda sabemos pouco sobre a linguagem e, em geral, temos uma relação problemática 
com ela, principalmente em sua forma escrita. Isto é, embora não sejamos nada sem a 
língua, parece que ela permanece alguma coisa estranha em nossa vida, como se ela 
não nos pertencesse. (Faraco e Tezza, 2003 p.9) 
 
REFLETINDO SOBRE A LÍNGUA 
Língua falada e língua escrita 
 
 Na verdade, a realidade primeira da língua é a fala, tanto na história da 
humanidade como na nossa história pessoal. Isto é, a escrita surgiu depois, e 
fundamentada na realidade da fala. 
 
Observem: 
1. Eu conheço ele dês que a gente era colega de colégio. 
2. Eu o conheço desde o tempo em que éramos colegas no colégio. 
 
 UM CONJUNTO DE VARIEDADES 
 
 Toda língua é um conjunto de variedades. Em geral, pela própria orientação 
tradicional da escola e do ensino da escrita, temos uma tendência a imaginar a 
realidade da língua como alguma coisa homogenia, fixa, profundamente uniforme. 
Também decorre da tradição escolar a ideia que costuma separar as ocorrências 
linguísticas em dois grupos: o certo, identificado sempre com as formas gramaticais 
escolares, e o errado, que, em geral, é aquilo que a gente fala e ouve o dia inteiro. Essa 
é uma divisão tão forte que praticamente todos os falantes da língua portuguesa 
conservam, em algum grau, uma certa insegurança no uso da língua. 
 (....) 
 
 DIVERSIDADE LINGUÍSTICA 
 
Tecnicamente podemos dividir as variedades em: 
a) diferenças sintáticas: ele me disse x ele disse me; tu queria x tu querias, nós 
estávamos x nós estava. 
b) diferenças morfológicas: vamos x vamo. 
c) diferenças lexicais: pipa x raia x papagaio 
d) diferenças fonéticas: poRta x porta 
 
 E QUE FATORES DETERMINAM ESSA VARIEDADE? 
 
1) A região do falante. 
2) O nível social do falante, sua escolaridade e sua relação com a escrita. 
3) A situação da fala. 
 
 VARIEDADE E VALOR 
 
 As variedades mantêm uma relação de valor umas com as outras. A verdade é 
que todas as sociedades humanas estabelecem uma hierarquia entre suas variedades, 
atribuindo valores a este ou àquele traço da fala. Por motivos sociais e históricos, 
algumas variedades são consideradas boas (a essas damos o nome técnico de 
variedades padrões ou língua padrão) e outras más. 
 Quando alguém nos diz algo, nós não apenas interpretamos as informações que 
nos são passadas pelas palavras em si, mas também o próprio falante, e costumamos 
avaliar também rapidamente toda a situação em que a fala ocorre. 
(Trechos transcritos de Faraco e Tezza, 2003, capítulo 1) 
 
ATIVIDADES 
I. Reflita e responda sobre as questões: 
1.1 Afinal, o que é a língua padrão? 
1.2 Como o padrão surgiu? 
1.3 Os autores Faraco e Tezza definem aquilo que se chama ‘língua padrão’ de 
‘um peixe ensaboado’? Tente explicar a metáfora utilizada pelos autores. 
 
II. Leia os textos a seguir: 
Texto 1. 
S. Carlos 
Favor comprar cerra, lustra move, ajaque, e foco para a porta da sala que está queimado. 
A bassoura de barre carçada quebrou o cabo. Na Santana tem umas boa que eu já vi. A 
mais simpre atura mais tempo, Tem vitamina das pranta. 
 
 Texto 2. 
O galego começa a isolar-se do português desde o século XIV, com obras em prosa de 
que a Crônica Troiana é um dos melhores exemplos. Entre 1350 e 1450 houve na 
Galícia uma segunda floração lírica, da qual os portugueses não participaram. Mas a 
partir do século XVI o galego deixa de ser cultivado como língua literária e só 
sobrevive no uso oral. (...) 
2.1 Agora levante aspectos linguísticos (vocabulário, grafia, estrutura, concordância, 
intenção) que diferenciem os dois textos. Em seguida determine o gênero de cada um. 
 
 
 
 
 
 
 
III. Leia os trechos a seguir antes de resolver as questões 3.1 e 3.2. 
 
DIFERENTES NÍVEIS DE LINGUAGEM 
TEXTO 1 
‘Nóis tava tudo lá escondido, né, doto. Daí, chegaro os home e pensou que nós 
tava esondendo deles, e não. Nóis tava mesmo é se escondendo dos bandido, que veio 
tudo num sei de onde. É só isso. Mas nóis somo tudo trabalhador, qualquer um de nóis 
pode dar prova.’ 
 
TEXTO 2 
‘É fácil relatar o que aconteceu. Nós estávamos aqui tranquilos, quando ouvimos 
uma movimentação, como não esperávamos ninguém e não reconhecemos as vozes 
imaginamos que seria melhor escondemos. Foi aí, seu delegado, que os policiais 
chegaram e imaginaram que nós, na verdade, também éramos ladrões.’ 
 
3.1 Com base nos textos, só não se pode afirmar que: 
 
a) Os produtores de (1) e (2) podem estar se dirigindo a uma pessoa que exerce a 
mesma profissão deles. 
b) Os produtores de (1) e (2) manifestam respeito por seu interlocutor. 
c) O produtor do texto (2) conhece melhor o tipo de situação de interação em que 
se encontra. 
d) É possível supor que, nos dois trechos, a situação em que se dá o relato é face a 
face. 
e) As situações expressas pelos textos (1) e (2) são semelhantes, a única diferença a 
transparecer nos textos refere-se ao modo de relatar os fatos e de usar a 
linguagem. 
 
3.2 Com base nos textos, todas as alternativas estão corretas, exceto: 
 
a) A sequência em que são narrados os fatos nos dois trechos é semelhante. 
b) Nos dois trechos, não há indicação sobre a atuação dos bandidos. 
c) No trecho (1), o produtor não se preocupa em demonstrar que o relato dos fatos 
é verdadeiro. 
d) Um dos últimos enunciados de (1), “É só isso”, e o primeiro enunciado de (2), 
“É fácil relatar o que aconteceu”, embora posicionados diferentemente, 
pretendem indicar que os fatos foram simples. 
e) No trecho (1), quando se diz “pensou que nós tava escondendo deles, e não” o 
conectivo “e”, nesse caso, funciona como “mas”. 
 
 
 
TEXTO 1: 
O GIGOLÔ DAS PALAVRAS 
Luiz Fernando Veríssimo.(In : LUFT, C. P. Língua E Liberdade. Porto Alegre: LPM, 1985.14-16p.) 
 
Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilhas estiveram lá em 
casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu 
considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou 
qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o 
instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. 
 Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente 
com as suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me 
desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da revisão! 
Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles 
mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não 
pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente. 
 Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e 
que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da 
Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe 
é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não 
necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo, mas é claro, 
certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, 
comover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com 
Gramática). A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e 
aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco 
comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos 
membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar 
vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar 
o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas 
ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz 
nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura. 
Claro que eu não disse tudo isso para meus entrevistadores. E adverti que minha 
implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. 
Sempre fui péssimo em Português. Mas – isto eu disse – vejam vocês, a intimidade 
com a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha 
total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho 
com elas a exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu 
conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. 
Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-
as sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida 
particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já 
fizeram com elas. Se bem que não tenha também o mínimo escrúpulo em roubá-las de 
outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do 
povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo 
respeito. 
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras 
seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria 
tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um 
marido. A palavra seria a sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios 
ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, 
etimologistas e colegas. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é 
que manda. 
 
DISCUSSÃO SOBRE O TEXTO 
 
01) Pesquise e defina de forma resumida os vários tipos de ‘gramática’. 
 
02) Qual a opinião do autor sobre a necessidade do estudo da Gramática para aprender 
a usar a nossa ou qualquer outra língua?’ 
03) Você concorda com Veríssimo? Por quê? 
04) Durante a sua vida escolar, como foi sua relação com a disciplina Língua 
Portuguesa? 
05) O autor, na linha 04, afirma ter ‘pouca intimidade com a Gramática’. Qual a sua 
relação com ela? Você a domina ou é dominado por ela? 
06) Por que o autor afirma ser um gigolô das palavras? 
07) Veríssimo afirma: ‘A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber quem é 
que manda.’ Por que ela deve ‘apanhar todos os dias’? Quem é que ‘manda' na 
Gramática? 
 
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS 
TIPOLOGIA TEXTUAL 
 
 Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se constituem de 
sequências com determinadas características linguísticas, como classe gramatical 
predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais, 
relações lógicas. Assim, dependendo dessas características, temos os diferentes tipos 
textuais. 
 
1. NARRAÇÃO 
 Modalidade em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num 
determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens.Há uma relação de 
anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Estamos 
cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis até às piadas do 
cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, 
depoimento, piada, relato, etc. 
 
2. DESCRIÇÃO 
 Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um 
animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, 
pela sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever 
sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade. Significa 
"criar" com palavras a imagem do objeto descrito. É um tipo textual que se agrega 
facilmente aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem predominância em 
gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado, etc. 
 
3. DISSERTAÇÃO 
 Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre 
ele. Dependendo do objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou argumentativo. 
 
3.1 DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA 
 Apresenta um saber já construído e legitimado, ou um saber teórico. Apresenta 
informações sobre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia ideias de modo objetivo. A 
intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia, 
textos expositivos de revistas e jornais, etc. 
 
3.1 DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA 
 Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa de ideias ou do ponto de vista 
do autor. O texto, além de explicar, também persuade o interlocutor, objetivando 
convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela progressão lógica de ideias. É tipo 
predominante em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, 
crítica, editorial de jornais e revistas. 
 
4. INJUNÇÃO/INSTRUCIONAL 
 Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos 
são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se também o uso do 
infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; 
súplica; desejo; manuais e instruções para montagem ou uso de aparelhos e 
instrumentos; textos com regras de comportamento; textos de orientação (ex: 
recomendações de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de natal, aniversário, 
etc.). 
 
OBS: Os tipos listados acima são um consenso entre os gramáticos. Muitos consideram 
também que o tipo ‘predição’ possui características suficientes para ser definido como 
tipo textual, e alguns outros possuem o mesmo entendimento para o tipo ‘dialogal’. 
 
5. PREDIÇÃO 
Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma coisa, a qual 
ainda estar por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros: previsõesastrológicas, 
previsões meteorológicas, previsões escatológicas/apocalípticas. 
 
6. DIALOGAL / CONVERSACIONAL 
Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos gêneros: 
entrevista, conversa telefônica, chat, etc. 
 
GÊNEROS TEXTUAIS 
 
 Os Gêneros textuais são as estruturas com que se compõem os textos, sejam eles 
orais ou escritos. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre 
muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas 
semelhantes e ocorrem em situações específicas. Pode-se dizer que se tratam das 
variadas formas de linguagem que circulam em nossa sociedade, sejam eles formais ou 
informais. Cada gênero textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser identificado e 
diferenciado dos demais através de suas características. Exemplos: 
 
CARTA: quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao leitor", tende a ser do 
tipo dissertativo-argumentativo com uma linguagem formal, em que se escreve à 
sociedade ou a leitores. Quando se trata de "carta pessoal", a presença de aspectos 
narrativos ou descritivos e uma linguagem pessoal é mais comum. 
 
PROPAGANDA: é um gênero textual dissertativo-expositivo onde há a o intuito de 
propagar informações sobre algo, buscando sempre atingir e influenciar o leitor 
apresentando, na maioria das vezes, mensagens que despertam as emoções e a 
sensibilidade do mesmo. 
 
BULA DE REMÉDIO: é um gênero textual descritivo, dissertativo-
expositivo e injuntivo que tem por obrigação fornecer as informações necessárias para o 
correto uso do medicamento. 
 
RECEITA: é um gênero textual descritivo e injuntivo que tem por objetivo informar a 
fórmula para preparar tal comida, descrevendo os ingredientes e o preparo destes, além 
disso, com verbos no imperativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor siga 
corretamente as instruções. 
 
GÊNEROS JORNALÍSTICOS: 
 
EDITORIAL: é um gênero textual dissertativo-argumentativo que expressa o 
posicionamento da empresa sobre determinado assunto, sem a obrigação da presença da 
objetividade. 
 
NOTÍCIA: podemos perfeitamente identificar características narrativas, o fato ocorrido 
que se deu em um determinado momento e em um determinado lugar, envolvendo 
determinadas personagens. Características do lugar, bem como dos personagens 
envolvidos são, muitas vezes, minuciosamente descritos. 
 
REPORTAGEM: é um gênero textual jornalístico de caráter dissertativo-expositivo. A 
reportagem tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira clara, 
com linguagem direta. 
 
CHARGE: é um gênero textual narrativo onde se faz uma espécie de ilustração cômica, 
através de caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, crítica ou comentário sobre 
algum acontecimento atual, em sua grande maioria. 
 
 
 
ATIVIDADES 
I. Leia o fragmento abaixo antes de responder as questões a, b e c: 
 ‘Sempre fora invejosa; com a idade aquele sentimento exagerou-se de um modo 
áspero, invejava tudo na casa: as sobremesas que os amos comiam, a roupa branca que 
vestiam. As noites de soirée, de teatro, exasperavam-na. Quando havia passeios 
projetados, se chovia de repente, que felicidade! O aspecto das senhoras vestidas e de 
chapéu, olhando por dentro da vidraça com um tédio infeliz, deliciava-a, fazia-a 
loquaz: 
 - Ai, me senhora! É um temporal desfeito! É a cântaros, está para todo o dia! 
Olha o ferro! 
 E muito curioso; era fácil encontrá-la, de repente, cosida por trás de uma porta 
com a vassoura a prumo, o olhar aguçado. Qualquer carta que vinha era revirada, 
cheirada ... remexia sutilmente em todas as gavetas abertas; vasculhava em todos os 
papéis atirados. Tinha um modo de andar ligeiro e surpreendedor. Examinava as 
visitas. Andava à busca de um segredo, de um bom segredo! Se lhe caía um nas mãos! 
 Era muito gulosa. Nutria o desejo insatisfeito de comer bem, de petiscos, de 
sobremesas.’ 
Queirós, Eça de. O primo Basílio 
 
1. Qual é o tipo textual do fragmento? Justifique. 
2. Extraia do fragmento aspectos descritivos psicológicos, incluindo frases que servem 
para montar o retrato interior da personagem. 
3. No terceiro parágrafo, todos os elementos conduzem o leitor a formar qual 
julgamento sobre a personagem? 
4. Identifique o tipo textual de cada fragmento utilizando os códigos: 1 narração, 2 
descrição e 3 dissertação 
a) ( ) Acreditamos firmemente que só o esforço conjunto de toda a nação brasileira 
conseguirá vencer os gravíssimos problemas econômicos, por todos há muito 
conhecidos. Quaisquer medidas econômicas, por si só, não são capazes de alterar a 
realidade, se as autoridades que as elaboram não contarem com o apoio da opinião 
pública, em meio a uma comunidade de cidadãos conscientes. 
b) ( ) Nas proximidades deste pequeno vilarejo, existe uma chácara de beleza 
incalculável. Ao centro avista-se um lago de águas cristalinas. Através delas, vemos a 
dança rodopiante dos pequenos peixes. Em volta deste lago pairam, imponentes, árvores 
seculares que parecem testemunhas vivas de tantas histórias que se sucederam pelas 
gerações. 
c) ( ) O candidato á vaga de administrador entrou no escritório onde iria ser 
entrevistado. Ele se sentia inseguro, pesar de ter um bom currículo. O dono da firma 
entrou, sentou-se com ar de extrema seriedade e começou a lhe fazes perguntas mais 
variadas. Aquele interrogatório parecia interminável. 
d) ( ) Dizem as pessoas ligadas ao estudo da Ecologia que são incalculáveis os danos 
que o homem vem causando ao meio ambiente. O desmatamento de grandes extensões 
de terra, transformando-as em verdadeiras regiões desérticas, os efeitos nocivos da 
poluição e a matança indiscriminada de muitas espécies são apenas alguns dos aspetos a 
serem mencionados. 
 
TEXTO 2 
LINGUAGEM, PODER E DISCRIMINAÇÃO 
 A linguagem não é usada somente para veicular informações, isto é, a função 
referencial denotativa da linguagem não é senão uma entre outras; entre estas ocupa 
uma posição central a função de comunicar ao ouvinte a posição que o falante ocupa de 
fato ou acha que ocupa na sociedade em que vive. As pessoas falam para serem 
"ouvidas", às vezes para serem respeitadas e também para exercer uma influência no 
ambiente em que realizam os atos. O poder da palavra é o poder de mobilizar a 
autoridade acumulada pelo falante e concentrá-la num ato linguístico (Bourdieu, 1977). 
Os casos mais evidentes em relação a tal afirmação são também os mais extremos: 
discurso político, sermão na igreja, aula, etc. As produções linguísticas deste tipo, e 
também de outros tipos, adquirem valor se realizadas no contexto social e cultural 
apropriado. As regras que governam a produção apropriada dos atos de linguagem 
levam em conta as relações sociais entre o falante e o ouvinte. Todo ser humano tem 
que agir verbalmente de acordo com tais regras, isto é, tem que "saber": a) quando pode 
falar e quando não pode, b) que tipo de conteúdos referenciais lhe são consentidos, c) 
que tipo de variedade linguística é oportuno que seja usada. Tudo isto em relação ao 
contexto linguístico e extralinguístico em que o ato verbal é produzido. A presença de 
tais regras é relevante não só para o falante, mas também para o ouvinte, que, com base 
em tais regras, pode ter alguma expectativa em relação à produção linguística do 
falante. Esta capacidade de previsão é devida ao fato de que nem todos os integrantes de 
uma sociedade têm acesso a todas as variedades e muito menos a todos os conteúdos 
referenciais. Somente uma parte dos integrantes das sociedades complexas, por 
exemplo, tem acesso a uma variedade "culta" ou "padrão", considerada geralmente "a 
língua", e associada tipicamente a conteúdos de prestígio. A língua padrão é um sistema 
comunicativo ao alcance de uma parte reduzida dos integrantes de uma comunidade; é 
umsistema associado a um patrimônio cultural apresentado como um "corpus" definido 
de valores, fixados na tradição escrita. 
 Uma variedade linguística "vale" o que "valem" na sociedade os seus falantes, 
isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que eles têm nas relações econômicas 
e sociais. Esta afirmação é válida, evidentemente, em termos "internos", quando 
confrontamos variedades de uma mesma língua, e em termos "externos" pelo prestígio 
das línguas no plano internacional. Houve época que o francês ocupava a posição mais 
alta na escala de valores internacionais das línguas, depois foi a vez da ascensão do 
inglês. O passo fundamental na afirmação de uma variedade sobre as outras é sua 
associação à escrita e, consequentemente, sua transformação em uma variedade usada 
na transmissão de informações de ordem política e "cultural". A diferenciação política é 
um elemento fundamental para favorecer a diferenciação linguística. As línguas 
europeias começaram a ser associadas à escrita dentro de restritos ambientes de poder: 
nas cortes de príncipes, bispos, reis e imperadores. O uso jurídico das variedades 
linguísticas foi também determinante para fixar uma forma escrita. Assim foi que o falar 
de Île-de-France passou a ser a língua francesa, a variedade usada pela nobreza da 
Saxônia passou a ser a língua alemã, etc. 
 O caso da história do galego-português é significativo neste sentido. Os 
caracteres mais específicos do português foram acentuados talvez já no século XII. Esta 
tendência a reconhecer os caracteres mais específicos das línguas semelhantes pode ser 
acentuada, como foi no caso do português e do galego, quando a região de uso de uma 
das duas variedades linguísticas constitui um centro poderoso, como foi a Galícia, desde 
o século XI. A língua literária chamada galego-português que se difundiu na Península 
Ibérica a partir do século XII era a expressão, no plano linguístico, do prestígio de 
Santiago de Compostela. 
 A associação entre uma determinada variedade linguística e a escrita é o 
resultado histórico indireto de oposições entre grupos sociais que eram e são "usuários" 
(não necessariamente falantes nativos) das diferentes variedades. Com a emergência 
política e econômica de grupos de uma determinada região, a variedade por eles usada 
chega mais ou menos rapidamente a ser associada de modo estável com a escrita. 
Associar a uma variedade linguística a comunicação escrita implica iniciar um processo 
de reflexão sobre tal variedade e um processo de "elaboração" da mesma. Escrever 
nunca foi e nunca vai ser a mesma coisa que falar: é uma operação que influi 
necessariamente nas formas escolhidas e nos conteúdos referenciais. Nas nações da 
Europa ocidental a fixação de uma variedade na escrita precedeu de alguns séculos a 
associação de tal variedade com a tradição gramatical greco-latina. Tal associação foi 
um passo fundamental no processo de "legitimação" de uma norma. O conceito de 
"legitimação" é fundamental pra se entender a instituição das normas linguísticas. A 
legitimação é o "processo de dar 'idoneidade' ou 'dignidade' a uma ordem de natureza 
política, para que seja reconhecida e aceita" (Habermas, 1976). A partir de uma 
determinada tradição cultural, foi extraída e definida uma variedade linguística usada, 
como já dissemos, em grupos de poder, e tal variedade foi reproposta como algo de 
central na identidade nacional, enquanto portadora de uma tradição e de uma cultura. 
 (...) 
 Os cidadãos, apesar de declarados iguais perante a lei, são, na realidade, 
discriminados já na base do mesmo código em que a lei é redigida. A maioria dos 
cidadãos não tem acesso ao código, ou, às vezes, tem uma possibilidade reduzida de 
acesso, constituída pela escola e pela "norma pedagógica" ali ensinada. Apesar de fazer 
parte da experiência de cada um, o fato de as pessoas serem discriminadas pela maneira 
como falam, fenômeno que se pode verificar no mundo todo, no caso do Brasil não é 
difícil encontrar afirmações de que aqui não existem diferenças dialetais. Relacionado 
com este fato está o da distinção que se verifica no interior das relações de poder entre a 
norma reconhecida e a capacidade efetiva de produção linguística considerada pelo 
falante a mais próxima da norma. Parece que alguns níveis sociais, especialmente dentro 
da chamada pequena burguesia, têm tendência à hipercorreção no esforço de alcançar a 
norma reconhecida. Talvez não seja por acaso que, em geral, o fator da pronúncia é 
considerado sempre como uma marca de proveniência regional, e às vezes social, sendo 
esta a área da produção linguística mais dificilmente "apagada" pela instrução. 
 A separação entre variedade "culta" ou "padrão" e as outras é tão profunda 
devido a vários motivos; a variedade culta é associada à escrita, como já dissemos, e é 
associada à tradição gramatical; é inventariada nos dicionários e é a portadora legítima 
de uma tradição cultural e de uma identidade nacional. É este o resultado histórico de 
um processo complexo, a convergência de uma elaboração histórica que vem de longe. 
GNERRE, Maurizio. Linguagem, Escrita e Poder. São Paulo: Martins Fontes, 1987, p.3-7. 
 
Responda as questões abaixo com base na leitura do texto. 
1. “ As regras que governam a produção apropriada dos atos de linguagem levam em 
conta as relações entre o falante e o ouvinte”. (l.8) 
 Você muda a linguagem que usa de acordo como interlocutor e a situação social 
do momento? Dê um exemplo? 
2. “Somente uma parte dos integrantes das sociedades complexas tem acesso a uma 
variedade ‘culta’ ou ‘padrão’, considerada geralmente ‘a língua’, e associada 
tipicamente a conteúdos de prestígio”. (Final do primeiro parágrafo) 
Isso acontece no Brasil? Justifique sua resposta. 
3. “O Passo fundamental na afirmação de uma variedade sobre as outras é a sua 
associação à escrita”. (Metade do segundo parágrafo) 
Pode-se dizer que é por isso que as pessoas tendem a ver na escrita “a verdadeira 
língua”? Explique. 
4. “As línguas europeias começaram a ser associadas à escrita dentro de restritos 
ambientes de poder: nas cortes de príncipes, bispos, reis e imperadores”. (Final do 
segundo parágrafo) 
Que consequências este fato acarretou? Elas são visíveis hoje ou já se perderam no 
tempo? 
5. “Associar uma variedade linguística a comunicação escrita implica iniciar um 
processo de reflexão sobre tal variedade e um processo de elaboração da mesma” 
(Metade do terceiro parágrafo) 
Entretanto, a variedade conhecida como “dialeto caipira” só teve a sua primeira 
descrição sistemática, gramatical, no século XX, embora fosse falada por milhares 
de pessoas. Por quê? E quais as consequências? 
 
6. “Escrever nunca foi e nunca vai ser a mesma coisa que falar: é uma operação que 
influi necessariamente nas formas escolhidas e nos conteúdos referenciais”. 
(Metade do terceiro parágrafo) 
Explique. 
7. “... o fato de as pessoas serem discriminadas pela maneira como falam ...” (Quinto 
parágrafo) 
Isso acontece no Brasil? Dê exemplos. 
8. Explique a afirmativa: “Uma variedade linguística "vale" o que "valem" na 
sociedade os seus falantes, isto é, vale como reflexo do poder e da autoridade que 
eles têm nas relações econômicas e sociais.” (2º. Parágrafo) 
 
CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS 
 
CRASE: Fusão de duas vogais idênticas a + a, indicada por meio do acento grave (à). 
QUANDO OCORRE A CRASE? 
REGRA GERAL: Quando o termo anterior exigir a preposição “a” e o termo posterior 
admitir o artigo “a” ou “as”. 
CASOS EM QUE OCORRE A CRASE 
I. QUANDO HOUVER FUSÃO DA PREPOSIÇÃO “A” COM ARTIGO FEMININO “A”. 
Fui a + a feira. → Fui à feira. 
Retornamos a + as praias. → Retornamos às praias. 
TESTE: Troque o termo feminino por um masculino; se o “a” se transformar em 
“ao” significa que há preposição eartigo. 
Fui ao mercado. Retornamos ao clube. 
II. QUANDO HOUVER FUSÃO DA PREPOSIÇÃO “A” COM O “A” DOS PRONOMES 
AQUELE (S), AQUELA (S), AQUILO (S). 
 
Fui a + aquele lugar. → Fui àquele lugar. 
Entregaram o premio a + aquele aluno. → Entregaram o prêmio àquele aluno. 
 
III. QUANDO HOUVER FUSÃO DA PREPOSIÇÃO “A” COM O “A” DO PRONOME 
RELATIVO “A QUAL, AS QUAIS”. 
 
A cidade a + a qual nos referimos fica longe. → A cidade à qual nos referimos fica 
longe. 
 
IV. OUTRAS OCORRÊNCIAS. 
 
1. Indicação de horas. Chegou à uma hora e saiu às quatro horas. 
2. Nas expressões femininas. 
 
Chegaram à noite. 
Agia às escondidas. 
Estava à disposição. 
Estou à procura de ajuda. 
Sentaram-se à sombra. 
 
OUTRAS: 
À tarde, à toa, a frente de, à beira de, à luz, à 
medida que, à procura de, às claras, às vezes, às 
ordens, às escondidas, etc 
 
3. COM A EXPRESSÃO “À MODA DE” MESMO 
QUE SUBENTENDIDA. 
Fez um gol à moda de Pelé. 
Fez um gol à Pelé. 
 
V. CRASE FACULTATIVO 
 
1. Diante de nomes de pessoas do sexo 
feminino. 
 Ele fez referência a (à) Sandra. 
2. Diante de pronomes possessivos 
femininos. 
 Obedeço a (à) minha irmã mais velha. 
3. Depois da preposição até. 
 Fomos até a (à) feira. 
 
VI. OUTRAS OBSERVAÇÕES 
Não ocorre crase diante das palavras CASA e 
TERRA, a menos que venham, especificadas. 
Voltamos cedo a casa. → Voltamos cedo à casa 
dos amigos. 
 
Os marinheiros desceram a terra. → Os 
marinheiros desceram à terra dos anões. 
ATIVIDADE 
1- Coloque o acento indicador de crase 
quando for necessário. 
 
a. Comunique nossas decisões a pessoas 
interessadas. 
b. Envie dinheiro a estas instituições 
beneficentes. 
c. Nada posso dizer-lhe a respeito 
disso. 
d. Não posso mais comprar a 
crédito. 
e. Já fiz minha contribuição a 
democracia brasileira. 
f. O atendimento a pacientes 
conveniados está suspenso. 
g. Não há mais nada a fazer. 
h.Trago a vocês as últimas 
novidades. 
i. Não vou a festas, não assisto a 
novelas e não aspiro a grandes 
posses. 
j. Diga as pessoas que me 
procurarem que tive de sair. 
k. Vamos a sua casa ou a minha? 
l. Vamos a Bahia ou a Santa 
Catarina nas próximas férias? 
m. Finalmente, chegamos a 
Florianópolis. 
n. Finalmente, chegamos a 
Florianópolis das quarenta e duas 
praias. 
o. Cheguei a casa tarde da noite 
ontem. 
p. Vários marinheiros preferiram 
não descer a terra. 
q. Fui a velha casa onde passei 
minha infância. 
r. Preciso ir a terra dos meus 
antepassados. 
s. Dobre a esquerda ali adiante. 
t. Vários policiais a paisana 
observavam a manifestação a 
procura dos lideres do movimento. 
 
TEXTO 3 
FECHE SEUS CICLOS 
Mussak, Eugênio: Revista Você s/a nº108, 01/06/2007 
 
O mundo não gosta de quem não termina o que começa 
 
 Um ciclo é um conjunto de fenômenos que se sucedem em uma ordem determinada. Quando um falha, 
altera a sequência de tal modo que às vezes o ciclo não fecha. E um novo ciclo não pode ter início. Em nosso 
planeta há um imenso número de ciclos. Imagine que toda a água da chuva passa pela terra, evapora, forma 
nuvens e volta como chuva novamente. Os ciclos também aparecem em nossa vida prática. Nas empresas, eles 
se abrem com a definição de objetivos, são executados com a aplicação dos recursos e se fecham com a 
obtenção dos resultados esperados. Por isso, não entregar resultados equivale a deixar ciclos abertos, 
desperdiçando energia. As pessoas que fazem isso sempre serão questionadas pelas outras e apontadas como 
incompetentes e descartáveis. É bom lembrar que nas empresas os ciclos estão ficando cada vez mais curtos, 
pedindo mais atenção com a aplicação dos recursos, entre eles, a atitude humana. Mas o compromisso com o 
resultado não elimina outros, como o compromisso com a ética, a segurança, o meio ambiente, a qualidade. 
Então, é preciso não descuidar desses compromissos e ainda manter o resultado, pois sem ele não haverá um 
novo ciclo e o sistema travará. 
 Esse cenário parece cruel, mas não podemos esquecer que é disso que se trata a empresa: atingir 
resultados e fazer isso gerando valor para seus clientes. Na companhia, fechar um ciclo é transformar trabalho 
em felicidade. O acionista, o cliente e o colaborador ficam felizes quando o ciclo fecha corretamente, e a vida 
continua. Então, lembre-se que esforços são apreciados, mas resultados são valorizados, pois sinalizam que o 
ciclo fechou. 
 Em sua magistral obra, Machado de Assis inaugura o realismo na literatura brasileira e nos dá alguns 
exemplos da preocupação humana com os resultados. Brás Cubas fecha o ciclo da vida. Morre. Mas volta 
como um defunto escritor para revelar que sentia que, apesar de ter morrido, não havia concluído seus 
propósitos. Como epílogo de suas lembranças, o falecido escreve: “Este último capítulo é todo de negativas. 
Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento”. No final, 
como que procurando alguma vantagem entre as coisas que ele não fez, diz: “Ao chegar a este outro lado do 
mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: não tive 
filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. 
 
Esse romance machadiano tem um forte caráter psicológico, faz várias críticas sociais e, no 
final, dá ao personagem apenas o mérito de não ter colaborado com a continuidade da angústia humana. Entre 
o cômico e o trágico repousa a história de uma vida sem atitude, sem compromisso, sem resultados. Um ciclo 
que se fechou sem ter se concluído. Não caia nessa! 
Texto publicado sob licença da revista Você s/a, Editora Abril. 
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CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS 
 
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS 
1. Sinônimos: São palavras que possuem 
significados 
 iguais ou semelhantes. 
 Exemplos: 
 O faturista retificou o erro da nota fiscal. 
 O faturista corrigiu o erro da nota fiscal. 
 
A criança ficou contente com o presente. 
 Eles ficaram alegres com a notícia. 
 
2. Antônimos: São palavras que 
 apresentam significados opostos, contrários. 
 Exemplos: 
 Precisamos colocar ordem nessa baderna, pois 
 já está virando anarquia. 
 Cinco jurados condenaram e apenas dois 
 absolveram o réu. 
 
3. Homônimos: São palavras que apresentam a 
mesma pronúncia ou grafia, mas significados 
diferentes. 
 
 Exemplos: 
 Eles foram caçar, mas ainda não retornaram. 
(caçar – prender, matar) 
 Vão cassar o mandato daquele deputado. 
(cassar – ato ou efeito de anular) 
 
3.1 Homônimos homógrafos: 
São palavras iguais na grafia e diferentes 
na pronúncia. 
 Exemplos: 
 Almoço (ô) – substantivo 
Almoço (ó) – verbo 
Jogo (ô) – substantivo 
 Jogo (ó) – verbo 
 
3.2 Homônimos homófonos: 
São palavras que possuem o mesmo som 
 e grafia diferente. 
 Exemplos: 
Cela – quarto de prisão 
Sela – arreio 
Coser – costurar 
Cozer – cozinhar 
Concerto – espetáculo musical 
Conserto – ato ou efeito de consertar 
 
3.3 Homônimos perfeitos: 
São palavras que possuem a mesma 
pronúncia e mesma grafia. 
Exemplos: 
Cedo – verbo 
Cedo – advérbio de tempo 
Sela – verbo selar 
Sela – arreio 
Leve – verbo levar 
Leve – pouco peso 
 
4. Parônimos 
 São palavras que possuem significados 
 diferentes e apresentam pronúncia e 
escrita parecidas. 
 Exemplos: 
Emergir – vir à tona 
Imergir – afundar 
Infringir – desobedecer 
Infligir – aplicar 
 
 
 
Relação de alguns homônimos 
 
Acender – pôr fogoAscender – subir 
Acento – sinal gráfico 
Assento – tampo de cadeira, banco 
Aço – metal 
Asso – verbo (1p.s) 
Banco – assento 
Banco – estabelecimento 
que realiza transações financeiras. 
Caçar- apanhar animais ou aves. 
Cassar – anular 
Calção – calça curta 
Caução – fiança, garantia 
Cerração – nevoeiro denso 
 
 
 
Serração - Ato de serrar 
Cerrar – fechar 
Serrar – cortar 
Cessão – ato de ceder 
Sessão – reunião 
Secção/seção - divisão 
Cesto - cesta pequena 
Sexto – numeral ordinal 
Cheque – ordem de pagamento 
Xeque – lance no jogo de xadrez 
Xeque – entre os árabes, chefe 
de tribo ou soberano 
Concerto – sessão musical 
Conserto – reparo, ato ou efeito 
de consertar 
Coser – costurar 
Cozer – cozinhar 
Expiar – sofrer, padecer 
Espiar – espionar, observar 
Estático – imóvel 
Extático – posto em êxtase, enlevado 
Estrato – tipo de nuvem 
Extrato – trecho, fragmento, resumo 
Incerto – indeterminado, impreciso 
Inserto – introduzido, inserido 
Incipiente – principiante 
Insipiente - ignorante 
Mal – advérbio, contrário de bem 
Mau – adjetivo, contrário de bom 
Viagem – substantivo 
Viajem - forma verbal
 
Relação de alguns parônimos 
Absolver – perdoar 
Absorver – sorver 
Acostumar – habituar-se 
Costumar – ter por costume 
Acurado – feito com cuidado 
Apurado – refinado 
Afear – tornar feio 
Afiar – amolar 
Amoral – indiferente à moral 
Imoral – contra a moral, devasso 
Assoar – limpar o nariz 
Assuar - vaiar 
Cavaleiro – que anda a cavalo 
Cavalheiro – homem educado 
Comprimento – extensão 
Cumprimento – saudação 
Deferir – atender 
Diferir – adiar, retardar 
Delatar – denunciar 
Dilatar – estender, ampliar 
Descrição – ato de descrever. 
Discrição – qualidade de discreto 
Espiar - observar 
Expiar - sobrer castigo 
Eminente – alto, elevado, excelente 
Iminente – que ameaça acontecer 
Emergir – sair de onde estava 
mergulhado 
Imergir – mergulhar 
Emigrar – deixar um país 
Imigrar – entrar num país 
Estádio – praça de esporte 
Estágio – aprendizado 
Flagrante – evidente 
Fragrante – perfumado 
Fuzil – arma de fogo 
Fuzível - protetor de circuito elétrico 
Incidente – circunstância acidental 
Acidente – desastre 
Inflação – aumento geral de preços, 
perda do poder aquisitivo 
Infração – violação 
Infligir – aplicar pena ou castigo 
Infringir - transgredir, violar lei 
Onde – Usa-se com verbos que não indicam ação 
Aonde – Usa-se com verbos que indiquem ação. 
Peão – homem que anda a pé 
Pião – brinquedo 
Pleito – disputa eleitoral 
Preito – homenagem 
Ratificar – confirmar 
Retificar - corrigir 
 
 
5. Polissemia 
 É o fato de uma palavra ter mais de uma 
significação. 
Exemplo: 
Estou com uma dor terrível na minha cabeça. (parte 
do corpo) 
Ele é o cabeça do projeto. (chefe) 
Ele comprou uma nova linha telefônica. (contato 
ou conexão telefônica) 
Nós conseguimos traçar a linha corretamente. 
(traço contínuo duma só dimensão) 
 
6. Denotação e conotação 
 
As palavras podem ser usadas no sentido próprio 
ou figurado. 
Exemplo: 
Janine tem um coração de gelo. (sentido figurado) 
Sempre tomo uísque com gelo. (sentido próprio) 
 
6.1 Denotação 
 
 É uso da palavra com seu sentido original, usual. 
 Exemplo: 
 A torneira estava pingando muito. 
 O sol brilhava intensamente hoje. 
 
6.2 Conotação 
 É o uso da palavra diferente do seu sentido 
original. 
 Exemplo: 
Ele tem um coração de manteiga. 
É um verdadeiro mar de emoções essa música. 
 
ATIVIDADE 
 
1. Complete adequadamente as frases com uma das palavras entre parênteses. 
 
a. Teresa vê ---------------, escreve ---------------, dorme ---------------. (mal – mau) 
b. Esse homem é ---------------, seu filho também é ---------------. (mal – mau) 
c. A polícia apanhou o ladrão em -------------------- . (flagrante – fragrante) 
d. Na ----------------- de camisas trabalham duas pessoas que frequentam --------------
--- espírita. (sessão, seção, cessão) 
e. Em teatros se pode assistir a belos ------------------- (concertos – consertos) 
f. Em oficinas se têm péssimos ------------------. (consertos – concertos) 
g. Recebi o -----------------do presidente da firma por ter acertado o ------------------ 
do seu cinto. (comprimento – cumprimento) 
h. O juiz poderá ------------------ pena severa àquele que ------------------ essa lei. 
(infligir – infringir) 
i. O advogado impetrou ------------------ de segurança e conseguiu do juiz uma 
liminar. (mandato – mandado) 
j. O nadador desapareceu dentro d’água, isto é, ------------------. (imergiu – 
emergiu) 
k. Manuel veio confirmar, isto é, ------------------ a proposta. (retificar – ratificar) 
l. Os prisioneiros ------------------ o regime interno. (infringiram – infligiram) 
m. Maria recebeu do namorado um ------------------ lenço. (flagrante – fragrante) 
n. O animal foi bem dominado pelo ----------------------. (cavaleiro – cavalheiro) 
o. O pianista executou Chopin durante o -------------------. (concerto – conserto) 
p. A ------------------ é uma qualidade indispensável a todo homem de bem. 
(descrição – discrição) 
q. Para ------------------ a qualquer posto de responsabilidade, é necessário 
competência. (acender – ascender) 
r. Para ------------------ qualquer fogão, é preciso fogo. (acender – ascender) 
s. O comércio ------------------ as portas mais cedo ontem. (cerrou – serrou) 
t. O seu ----------------------- muito frio não me agradou. (comprimento – 
cumprimento) 
u. Enquanto – o nariz, ele ------------------- o cantor (assoar – assuar) 
v. O governo acabou com a ------------------. (inflação – infração) 
w. A ---------------------- é causa de muitos acidentes na estrada. (cerração – 
serração) 
x. Depois da – das dez, ela se dirigiu à farmácia e, na --------------------- de 
perfumaria, comprou uma colônia e fez a – a uma senhora pobre, que lhe pediu o 
perfume. (cessão – sessão – seção) 
y. Espero que os diretores ---------------------- confortavelmente. (viagem – viajem) 
z. Nossa --------------------- foi muito agradável. (viagem – viajem) 
 
2. Em “o prefeito deferiu o requerimento do contribuinte”, o termo grifado poderia 
perfeitamente ser substituído por: 
 
a) apreciou; 
b) arquivou; 
c) despachou favoravelmente; 
d) invalidou; 
e) despachou negativamente. 
 
3. Complete as lacunas usando adequadamente (mas / mais / mal / mau): 
 
Pedro e João ____ entraram em casa, perceberam que as coisas não iam bem, pois 
sua irmã caçula escolhera um ____ momento para comunicar aos pais que iria 
viajar nas férias; _____ seus dois irmãos deixaram os pais _____ sossegados 
quando disseram que a jovem iria com os primos e a tia. 
a) mau - mal - mais - mas 
b) mal - mal - mais - mais 
c) mal - mau - mas - mais 
d) mal - mau -mas - mas 
e) mau - mau - mas - mais 
 
 
TEXTO 4 
FAÇA A SUA PARTE 
Como um ato isolado pode liderar um comportamento coletivo 
Mussak, Eugênio. Revista Você s/a nº107, 01/05/2007 
 
 Uma das abordagens mais recorrentes ao tema da sustentabilidade ambiental é a 
responsabilidade individual. Ou seja, o que “você” está fazendo para diminuir a 
possibilidade da catástrofe no planeta? Há dois tipos de resposta possíveis. Primeiro: 
você não está nem aí para o meio ambiente porque acha que a maioria pensa assim e 
não adiantaria nada fazer alguma coisa, pois seria apenas uma gota no oceano. Segundo: 
você faz a sua parte. Neste caso, suas motivações podem ser uma das seguintes: fazer 
bonito na frente de outras pessoas; ficar em paz com sua consciência; acreditar que seu 
gesto pode, de fato, fazer a diferença. Se você está nesta última categoria, pode confiar, 
você está fazendo a diferença e as pessoas como você são a grande esperança do 
planeta,porque suas ações têm efeito multiplicador. 
 Para ilustrar, vou contar uma história da qual muito me orgulho. Eu e minha 
mulher moramos em São Paulo há menos de dez anos, vindos de Curitiba, no Paraná. 
Nossa cidade de origem é conhecida por algumas soluções urbanísticas, entre elas, o 
hábito de separar o lixo orgânico do reciclável. Curitiba é, no mundo inteiro, a cidade 
que ostenta o maior índice de separação doméstica de lixo. As pessoas não conseguem 
não separar, estão condicionadas por um programa que começou nas escolas básicas há 
cerca de 30 anos. 
 Pois bem, quando montamos nosso apartamento na pauliceia, uma das primeiras 
providências foi comprar dois recipientes para separar o lixo. Mas, eis que, passadas 
umas semanas, o zelador do prédio nos fez um comentário desconcertante. “Professor”, 
disse-me ele, “nós achamos muito bonito o senhor e sua mulher separarem o lixo, mas 
eu queria lhe avisar que quando chega aqui embaixo nós juntamos tudo de novo porque 
por aqui não há coleta diferenciada”. Assim, do nada, o comentário colocou nossa cívica 
iniciativa na categoria dos atos inúteis. Tínhamos dois caminhos possíveis: aceitar a 
nova realidade e acabar com o costume, ou manter o hábito, ainda que inócuo. Optamos 
pelo segundo caminho. 
 Foi quando duas coisas boas aconteceram. A primeira foi a descoberta de que 
um supermercado próximo mantinha um programa próprio de coleta seletiva e aceitava, 
de bom grado, contribuições dos vizinhos. A segunda, melhor ainda, foi a informação 
de nosso zelador de que, passados cerca de seis meses, vários vizinhos do prédio já 
estavam fazendo a mesma coisa. Uau! Nossa teimosia ecológica foi a tal “bola de neve” 
que cresce à medida que desce a encosta, atraída pela consciência e pela 
responsabilidade. Sempre é assim — um ato coletivo começa de um ato individual. 
Hoje, só 2% da cidade de São Paulo são atendidos por coleta seletiva, mas já é um 
começo. Lembre-se: você é uma parte da humanidade e é responsável pelo todo. Lidere 
essa ideia ponto final! 
 
QUESTÕES: 
 
1) Que características o texto apresenta que justificam ser considerado um Artigo de 
Opinião? 
2) Qual é a tese geral defendida pelo autor? 
3) Como ele argumenta a favor da ideia que ele defende? 
4) Você acredita que um ato isolado pode mudar o comportamento coletivo? Explique. 
5) Comente as atitudes possíveis das pessoas diante da possibilidade de catástrofe 
ambiental, citadas pelo autor. 
 
TEXTO 5 
AMOR E OUTROS MALES 
Rubem Braga 
 
 Uma delicada leitora me escreve: não gostou de uma crônica minha de outro dia, 
sobre dois amantes que se mataram. Pouca gente ou ninguém gostou dessa crônica; 
paciência. Mas o que a leitora estranha é que o cronista "qualifique o amor, o principal 
sentimento da humanidade, de coisa tão incômoda". E diz mais: "Não é possível que o 
senhor não ame, e que, amando, julgue um sentimento de tal grandeza incômodo". 
 Não, minha senhora, não amo ninguém; o coração está velho e cansado. Mas a 
lembrança que tenho de meu último amor, anos atrás, foi exatamente isso que me 
inspirou esse vulgar adjetivo – "incômodo". Na época eu usaria talvez adjetivo mais 
bonito, pois o amor, ainda que infeliz, era grande; mas é uma das tristes coisas desta 
vida sentir que um grande amor pode deixar apenas uma lembrança mesquinha; daquele 
ficou apenas esse adjetivo, que a aborreceu. 
 Não sei se vale a pena lhe contar que a minha amada era linda; não, não a 
descreverei, porque só de revê-la em pensamento alguma coisa dói dentro de mim. Era 
linda, inteligente, pura e sensível – e não me tinha, nem de longe, amor algum; apenas 
uma leve amizade, igual a muitas outras e inferior a várias. 
 A história acaba aqui; é, como vê, uma história terrivelmente sem graça, e que 
eu poderia ter contado em uma só frase. Mas o pior é que não foi curta. Durou, doeu e – 
perdoe, minha delicada leitora – incomodou. 
 Eu andava pela rua e sua lembrança era alguma coisa encostada em minha cara, 
travesseiro no ar; era um terceiro braço que me faltava, e doía um pouco; era uma 
gravata que me enforcava devagar, suspensa de uma nuvem. 
 A senhora acharia exagerado se eu lhe dissesse que aquele amor era uma cruz 
que eu carregava o dia inteiro e à qual eu dormia pregado; então serei mais modesto e 
mais prosaico dizendo que era como um mau jeito no pescoço que de vez em quando 
doía como bursite. Eu já tive um mês de bursite, minha senhora; dói de se dar guinchos, 
de se ter vontade de saltar pela janela. Pois que venha outra bursite, mas não volte nunca 
um amor como aquele. 
 Bursite é uma dor burra, que dói, dói, mesmo, e vai doendo; a dor do amor tem 
de repente uma doçura, um instante de sonho que mesmo sabendo que não se tem 
esperança alguma a gente fica sonhando, como um menino bobo que vai andando 
distraído e de repente dá uma topada numa pedra. E a angústia lenta de quem parece que 
está morrendo afogado no ar, e o humilde sentimento de ridículo e de impotência, e o 
desânimo que às vezes invade o corpo e a alma, e a "vontade de chorar e de morrer", de 
que fala o samba? 
 Por favor, minha delicada leitora; se, pelo que escrevo, me tem alguma estima, 
por favor: me deseje uma boa bursite. 
 
 
 
01 – Quanto à significação textual, só está correta a afirmação: 
 
 A – O cronista defende a ideia de que o amor é um sentimento incômodo. 
 B – O cronista objetivou contar a história de seu último amor. 
 C – O autor demonstra ser masoquista, pois deseja ter bursite, como deixa claro no 
 último parágrafo. 
 D – Na visão do cronista, a dor do amor é inferior à dor ocasionada por bursite. 
 
 
 02 – São também significações presentes no texto, relativamente à leitora citada, 
exceto: 
 
 A – O adjetivo constituinte do sintagma "delicada leitora", várias vezes empregado 
 pelo autor em relação à leitora indignada, deixa entrever uma ironia sutil. 
 B – Nos sintagmas "minha senhora" e "minha delicada leitora", o pronome "minha" 
 não expressa relação de posse, mas indica afetividade. 
 C – O autor se desculpa com a leitura por ter qualificado o amor de "incômodo". 
 D – Para o autor, não importa o sentimento da leitora. 
 
 
 03 – O que aborreceu a leitora do texto foi 
 
 A – o adjetivo “incômodo”, usado pelo autor. 
 B – a ironia do autor ao dizer minha delicada leitora. 
 C – a comparação do amor com uma bursite. 
 D – o autor dizer que seu coração está velho e cansado. 
 
 04 – O amor é o principal sentimento da humanidade. Essa ideia é 
 
 A – do autor 
 B – da leitora 
 C – de todos os leitores 
 D – de todas as pessoas 
 
 
 05 – Quanto ao gênero, esse texto se classifica como 
 
 A – um conto 
 B – um poema 
 C – uma crônica 
 D – um artigo 
 
 06 – “Pouca gente ou ninguém gostou dessa crônica; paciência.” De acordo com o 
 texto, as pessoas não gostaram 
 
 A – dessa crônica. 
 B – de uma outra crônica do autor. 
 C – de nenhuma crônica do autor. 
 D – da crônica de um outro autor. 
 
 07 – “ Na época eu usaria talvez adjetivo mais bonito...” “na época” se refere ao 
 tempo 
 
 A – que escrevia essa crônica 
 B – que escrevia outra crônica 
 C – antigamente 
 D – que ele ainda amava. 
 
 
 08 – O autor não pretende descrever sua amada 
 
 A – pois a lembrança dela o faz sofrer. 
 B – porque ele agora tem ódio de sua amada.C – já que ele não quer que ninguém saiba quem é sua amada. 
 D – sem motivo algum. 
 
 09 – Por favor, minha delicada leitora; se, pelo que escrevo, me tem alguma estima, 
por favor: me deseje uma boa bursite.” Ele quer que a leitora lhe deseje uma boa bursite 
porque ele 
 
 A – gosta de sofrer 
 B – gostou de sua leitora 
 C – julga a dor do amor maior que a dor da bursite. 
 D – julga a dor do amor menor que a dor da bursite. 
 
 10 – Todas as afirmativas abaixo estão de acordo com o texto, exceto: 
 
 A – O amor, segundo o autor, traz uma dor pior do que uma bursite. 
 B – De acordo com o texto, o amor, no início, é doce. 
 C – O autor diz que já teve bursite. 
 D – Por sofrer muito com o amor que perdeu, o autor diz que o ódio lhe invade o 
 coração. 
 
 
TEXTO 6 
BEIJOS E ABRAÇOS 
Luis Fernando Veríssimo 
 
 Os franceses se beijam, e não apenas quando estão se condecorando. Mas dois 
franceses só chegam ao ponto de se beijar no fim de um longo processo de 
desinformatização do seu relacionamento, que começa quando um propõe ao outro que 
abandone o "vous", e eles passem a se tratar por "tu", geralmente depois de se 
conhecer por alguns anos. Não sei se existe um prazo certo para o "vous" dar lugar ao 
"tu", mas é um passo importante, e até ele ser dado, o cumprimento entre os dois 
jamais passará de um seco aperto de mãos. 
 Os russos se beijam com qualquer pretexto e dizem que a progressão, lá, não é 
do aperto de mão para o abraço e o beijo, mas de beijos protocolares para beijos cada 
vez mais longos e estalados. Na Itália, os homens andam de braços dados na rua, sem 
que isso indique que são noivos, e o beijo entre amigos também é comum. Os anglo-
saxões são mais comedidos e mesmo os americanos, que são ingleses sem barbatana, 
reagem quando você, esquecendo onde está, ameaça abraçá-los. Ninguém é mais 
informal que um americano, ninguém é mais antifrancês na velocidade com que chega 
à etapa equivalente ao "tu" sem nenhum ritual intermediário, mas a informalidade não 
se estende à demonstração física. Até aquele nosso hábito de bater no braço do outro 
quando se aperta a mão, aquela amostra grátis de abraço, eles estranham. 
 Já nós somos da terra do abraço; mas também temos nossas hesitações afetivas. 
O brasileiro é expansivo, mas tem, ao mesmo tempo, um certo pudor dos seus 
sentimentos. O meio-termo encontrado é o insulto carinhoso. 
 Não sei se é uma característica exclusivamente brasileira, mas é uma instituição 
nacional. 
 - Seu filho da mãe! 
 - Seu cafajeste! 
 São dois amigos que se encontram. 
 - Não, Só me faltava encontrar você. Estragou meu dia. 
 - Este lugar já foi mais bem freqüentado... 
 Depois dos insultos, se abraçam com fúria. Os sonoros tapas nas costas - outra 
instituição brasileira - chegam ao limite entre a cordialidade e a costela partida. 
 Eles se adoram, mas que ninguém se engane. É amor de homem. Quanto maior a 
amizade, maior a agressão. E você pode ter certeza que dois brasileiros são íntimos 
quando põem a mãe no meio. A mãe é o último tabu brasileiro. Você só insulta a mãe 
do seu melhor amigo. 
 - Sua mãe continua na zona? 
 - Aprendendo com a sua. 
 - Dá cá um abraço! 
 E lá vêm os tapas. 
 Um estrangeiro despreparado pode levar alguns sustos antes de se acostumar 
com a nossa selvageria amorosa. 
 - Crápula! 
 - Vigarista! 
 - Farsante! 
 - My God! Eles vão se matar! 
 Não se matam. Se abraçam, às gargalhadas. Talvez ensaiem alguns socos nos 
braços ou simulem direitos no queixo. Mas são amigos. Depois de algum tempo o 
estrangeiro se acostuma com cenas como esta. Até acha graça. 
 - Olha aqueles dois se batendo. Até parece briga. Um está batendo na cara do 
outro. Devem ser muito amigos. Agora trocam pontapés. É enternecedor. Agora um 
pega uma pedra do chão e... Acho que é briga mesmo! 
 Às vezes é briga mesmo. 
 
QUESTÕES: 
1. Qual o grau de intimidade que deve ser atingido para que dois franceses cheguem 
ao ponto de se beijar? 
2. Quem são os anglo-saxões? 
3. Explique a expressão “os americanos são ingleses sem barbatanas”. 
4. No contexto, explique por que um americano é um antifrancês. 
5. Explique a seguinte colocação: “Você só insulta a mãe de seu melhor amigo.” 
 
6. Identifique os autores das seguintes falas: 
 
“- Crápula! 
 - Vigarista! 
 - My God? Eles vão se matar!” 
 
7. Indique quais são as construções possíveis: 
 
a) Você vai “de encontro a seu amigo” ou “ao encontro de seu amigo”? 
b) O mau motorista vai “de encontro ao poste” ou “ao encontro do poste”? 
 
8. Levando ao extremo as colocações do texto, como mediríamos o grau de 
intimidade entre dois amigos brasileiros? 
 
9. O texto apresenta um narrador, ou seja, aquele que nos conta um acontecimento. 
Qual a sua nacionalidade? Comprove sua resposta com elementos do texto. 
 
 
TEXTO 7 
A ARTE DE FAZER ESCOLHAS 
Revista Vida Simples nº 106 01/06/2011 - Por Eugênio Mussak 
 
Parece que cada vez mais temos que optar por isso ou aquilo. Mas como nos 
prepararmos para tantas decisões? 
 
 Tomar um sorvete figura entre meus programas favoritos quando vou a Manaus. 
Trata-se de uma experiência diferente de qualquer outro lugar do mundo, não porque os 
manauras dominem técnicas secretas da arte dos gelados que nem os italianos 
conhecem, mas porque eles dispõem de matéria prima invejável: as frutas amazônicas 
com seus sabores incríveis. 
 As mais conhecidas, como o açaí, o cupuaçu, a graviola, e o buriti estão entre 
elas, mas não são as únicas, apesar de que apenas elas já colocam o freguês em uma 
situação de difícil decisão. “Não posso pedir uma bola de cada?”, perguntei ao 
atendente da sorveteria, para ouvir a resposta óbvia: “Claro que o senhor pode, mas vai 
ter que levar uma caixa, e não apenas uma casquinha”. 
 Como eu só queria um sorvete para sair lambendo enquanto caminhava pelo 
quente entardecer tropical, não me restou alternativa, a não ser escolher dois sabores, 
abrindo mão de todos os demais. Pelo menos por enquanto. 
 O que poderia ter sido apenas um acontecimento corriqueiro, me colocou em 
contato com uma questão filosófica: a necessidade humana de fazer escolhas na vida. 
Enquanto saboreava meu manjar amazônico não pude deixar de aprofundar meu 
pensamento da questão das escolhas e, claro, lembrei-me de algumas das mais difíceis 
que tive que fazer ao longo de minha trajetória. E de repente me dei conta que escolher 
é uma das coisas a que mais o homem se dedica. Não há um dia sequer que não 
tenhamos que escolher algo e abrir mão de algo também. 
 É claro que, na maioria das vezes fazemos escolhas simples, como o sabor do 
sorvete, a cor da gravata ou o filme a assistir. Mas quem não sofreu calado quando teve 
que decidir que vestibular fazer? Ou quando recebeu uma proposta para mudar de 
emprego? E, suprema decisão, que atire a primeira pedra quem nunca esteve dividido 
entre dois amores. 
 Sim, parece que passamos a vida decidindo, e, ainda que a maioria das pessoas 
não tenha essa consciência, os momentos de decisão são, também, momentos de 
ansiedade. Só que uma ansiedade que deriva de uma coisa boa: a existência de mais de 
uma opção. A rigor, a ansiedade de escolher é a ansiedade de ser livre. Escolher é 
exercer a liberdade, com suas prerrogativas e responsabilidades. E a liberdade só pode 
ser bem exercida por que está preparado para ela, ou seja, quem tem maturidade 
intelectual e emocional para tanto. A liberdade é um valor adulto. 
 
Poder escolher é uma conquista. Então por que às vezes sofremos com isso? 
 A escolha é um privilégio, o problema é a renúncia. Ao escolher dois sabores de 
sorvete você abre mão de todos os demais. Até aí tudo bem – sempre dá para voltar 
amanhã. O que nos martiriza são as renúncias definitivas ou aquelas que nos causam 
insegurança. Para os mortais comuns, a escolhada carreira, por exemplo, significa 
renunciar a uma grande quantidade de opções, talvez melhores. 
 Ainda que uma carreira não seja uma condenação, pois sempre é possível mudar, 
tal escolha carrega o peso de que, depois de investir anos em estudos e sonhos, não é 
exatamente fácil dar a guinada. Em nosso sistema educacional ainda há o agravante de 
que a escolha tem que ser feita por garotos recém saídos da adolescência. A inscrição no 
vestibular é, por esse motivo, um momento de tensão. Como fui professor de cursinho 
pré-vestibular, acompanhei muitos desses dramas. 
Vi de tudo. De jovens cheios de certeza àqueles que procuravam orientação vocacional 
em clínicas especializadas, passando pelos menos previdentes que, na hora H apelavam 
até para um jogo de par ou ímpar. “Se der par faço biológicas. Se der ímpar faço 
humanas”. Dá pra imaginar a ansiedade? 
 É evidente que não é assim que devemos escolher. Uma escolha é uma decisão 
e, como tal, obedece a uma lógica. A técnica de tomada de decisões tem um 
mandamento: quanto maior o número de variáveis consideradas na tomada de decisão, 
maior a probabilidade de acerto. Em outras palavras, escolher significa pesar todos os 
prós e contras, inclusive projetando-os no tempo – a variável mais abstrata. 
 E dá para fazer isso o tempo todo? Cada vez que eu quiser almoçar fora, para 
escolher o restaurante vou ter que montar uma planilha no Excel, com colunas de 
vantagens e desvantagens, considerando o desejo, a saúde, o ambiente etc.? Por incrível 
que pareça, sim, é isso mesmo que fazemos, sem usar um computador e um software, é 
claro, mas lançando mão de algoritmos mentais que consultam todas essas variáveis 
rapidamente, emitindo, inclusive, notas ponderadas. 
Você pode, por exemplo, decidir por um restaurante caro (nota alta na coluna do “não”) 
porque ele vai ajudá-lo a impressionar a namorada (nota altíssima na coluna do “sim”). 
E você faz isso mentalmente, consultando a lógica (tenho o dinheiro), a emoção (estou 
apaixonado) e o fator tempo (é agora ou nunca). 
Então estamos condenados a decidir e a conviver com a dúvida de termos feito a 
escolha certa? 
 Se tomar uma decisão provoca ansiedade, muito pior é não ter a oportunidade de 
decidir. Pense nas pessoas que você conhece, especialmente das gerações com mais 
vivência, que se queixam de estarem fazendo algumas coisas por não terem tido a 
oportunidade de fazer outras. “Eu não tive a chance de estudar”; “Na minha época a 
gente casava com o primeiro pretendente”; “Eu tive que continuar negócio da família” – 
estes são apenas alguns dos lamentos mais comuns de pessoas que, aparentemente, não 
puderam escolher. 
 Se pudessem – ou se percebessem que podiam – muitas delas teriam dado rumos 
diferentes às suas vidas. Poder escolher é bom, muito bom, ainda que dê alguma dor de 
cabeça. Escolher angustia, não poder escolher mortifica. 
 Em inglês, escolher é to choice, mas os americanos, sempre práticos, utilizam 
uma expressão curiosa para falar sobre escolhas, especialmente no mundo dos negócios, 
em que os executivos vivem tendo que tomar decisões – trade off. Mais do que uma 
escolha, a expressão trade off quer significar uma troca. 
 E a troca significa uma espécie de condenação determinista a que todos estamos 
sujeitos. Afinal, não se pode ter tudo. Quer isto? Então não vai ter aquilo! E lamba os 
beiços, porque tem gente que não vai ter isto nem aquilo – parece dizer o destino com 
seu olhar de reprovação diante de nosso desespero. 
 Às vezes temos, sim, que fazer escolhas difíceis, e sofremos muito por causa 
disso. Até a literatura já se debruçou sobre o tema. O escritor americano William Styron 
levou o drama da escolha a um nível épico em seu livro A escolha de Sofia, que virou 
filme e rendeu um Oscar de melhor atriz para Maryl Streep. 
 O enredo trata da situação vivida por uma mãe judia, que é forçada por um 
soldado alemão a escolher entre o filho e a filha, ambos crianças. Só um poderia ser 
salvo, o outro seria executado. Se ela não escolhesse um, ambos seriam mortos. 
No limite da decisão ela opta por poupar o garoto, pois, por ser mais forte, teria mais 
chance de sobreviver (imagine o sofrimento e a velocidade com que ela montou a tal 
planilha mental). Como agravante, nem dele teve mais notícias. 
 A história é ambientada no pós-guerra, com a protagonista já vivendo nos 
Estados Unidos, tentando reconstruir vida, mas sempre atormentada por aquele 
momento dramático em que teve que fazer a escolha mortal. A força do drama relatado 
pelo autor transformou o título em sinônimo de decisão quase impossível de ser tomada. 
Daquelas que nunca teremos certeza de termos acertado. 
 A maioria de nós jamais terá que tomar uma decisão tão dramática, mas com 
certeza todos viveremos momentos difíceis, em que o fantasma da dúvida de termos 
decidido certo assombrará nossa memória, talvez por muito tempo. 
É bem verdade que a tomada da decisão diminui a ansiedade, apesar da dúvida. “É este, 
pronto!”- e vamos em frente. Ainda assim, sofremos um pouquinho. 
 Sociedades modernas, livres, democráticas, têm essa qualidade – o cidadão tem 
que fazer escolhas diariamente. Trata-se de um direito e até uma obrigação. Nos 
regimes totalitários, o Estado considera os cidadãos incapazes de escolher seus próprios 
caminhos, por isso ele as tutela, as trata como menores irresponsáveis, que devem 
apenas concordar e obedecer. São títeres nas mãos dos poderosos. E pensar que há 
famílias que também são assim. 
 No mundo livre acontece o oposto. Quem se recusa a escolher os rumos de sua 
vida vira uma espécie de pária, um estorvo para os demais. Sempre lembrando que 
qualquer escolha pressupõe responsabilidade sobre ela. Apesar disso, ter a oportunidade 
de escolher o que fazer com sua vida, no macro ou no microcosmo da existência, ainda 
é a melhor situação, disparado. 
 E, já que você escolheu ler este texto até o fim, espero que tenha gostado e que 
ele tenha agregado pitadas de lógica ao seu autoconhecimento. Afinal, conhecer-se e 
saber pensar são dois elementos fundamentais na hora das decisões. Grandes ou 
pequenas. 
 
TEXTO 8 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Marina Ceccato Mendes 
 
 Você já parou para pensar no que significa a palavra "progresso"? Pois então 
pense: estradas, indústrias, usinas, cidades, máquinas e muitas outras coisas que ainda 
estão por vir e que não conseguimos nem ao menos imaginar. Algumas partes desse 
processo todo são muito boas, pois melhoram a qualidade de vida dos seres humanos de 
uma forma ou de outra, como no transporte, comunicação, saúde, etc. Mas agora pense 
só: será que tudo isso de bom não tem nenhum preço? Será que para ter toda essa 
facilidade de vida nós, humanos, não pagamos nada? 
 Você já ouviu alguém dizer que para tudo na vida existe um preço? Pois é, nesse 
caso não é diferente. O progresso, da forma como vem sendo feito, tem acabado com o 
ambiente ou, em outras palavras, destruído o planeta Terra e a Natureza. Um estudioso 
do assunto disse uma vez que é mais difícil o mundo acabar devido a uma guerra 
nuclear ou a uma invasão extraterrestre (ou uma outra catástrofe qualquer) do que 
acabar pela destruição que nós, humanos, estamos provocando em nosso planeta. Você 
acha que isso tudo é um exagero? Então vamos trocar algumas idéias. 
 
E o Desenvolvimento Sustentável? 
 
 O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios; se, por 
um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a 
degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surge 
a idéia do Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento 
econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo. 
 As pessoas que trabalharam na ‘Agenda 21’ escreveram a seguinte frase: "A 
humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se deuma forma sustentável, 
entretanto é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as 
habilidades das futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades". Ficou 
confuso com tudo isso? Então calma, vamos por partes. Essa frase toda pode ser 
resumida em poucas e simples palavras: desenvolver em harmonia com as limitações 
ecológicas do planeta, ou seja, sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras 
tenham a chance de existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria 
da qualidade de vida e das condições de sobrevivência). Será que dá para fazer isso? 
Será que é possível conciliar tanto progresso e tecnologia com um ambiente saudável? 
 Acredita-se que isso tudo seja possível, e é exatamente o que propõem os 
estudiosos em Desenvolvimento Sustentável (DS), que pode ser definido como: 
"equilíbrio entre tecnologia e ambiente, relevando-se os diversos grupos sociais de uma 
nação e também dos diferentes países na busca da equidade e justiça social". 
 Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem que ser entendida como 
parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada 
isoladamente; é aqui que entra uma questão sobre a qual talvez você nunca tenha 
pensado: qual a diferença entre crescimento e desenvolvimento? A diferença é que o 
crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não 
leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo 
de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O 
desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o 
objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando 
em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta. 
O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: 
1) A satisfação das necessidades básicas da população (educação, alimentação, 
saúde, lazer, etc); 
2) A solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de 
modo que elas tenham chance de viver); 
3) A participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da 
necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe 
para tal); 
4) A preservação dos recursos naturais (água, oxigênio, etc); 
5) A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e 
respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do 
massacre de populações oprimidas, como por exemplo os índios); 
6) A efetivação dos programas educativos. 
 Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação Ambiental é parte vital e 
indispensável, pois é a maneira mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de 
suas metas: a participação da população.

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