Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DISCIPLINA GEOLOGIA PARA ENGENHARIA CÓDIGO - GEO0269 MINERALOGIA PROF. ROMUALDO NUNES VANACÔR Março/2014 Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 2/18 1. INTRODUÇÃO Os minerais são constituintes básicos das rochas, solos e sedimentos, e consequentemente da litosfera, estando presentes em praticamente todos os ramos da atividade humana e suas utilidades são diversas. Mais da metade dos materiais utilizados pelo ser humano são de alguma forma, obtidos diretamente de espécies minerais ou deles derivados. Isso ocorre em quase todos os setores da indústria de transformação, em grande parte das indústrias de bens de consumo e na maior parte da indústria extrativa. Com relação às atividades de engenharia, os minerais estão quase sempre presentes nas obras, através de sua interação direta com as mesmas, ou através de sua utilização como materiais de construção, caracterizando seu conhecimento uma informação básica, de suma importância para a classificação geológica dos terrenos e sobre o comportamento a esperar destes em relação à implantação de obras de Engenharia. 2. CONCEITOS BÁSICOS Mineralogia: A mineralogia é o ramo da ciência geológica que estuda os diversos tipos minerais e suas propriedades, as quais são determinadas por características físicas, óticas e químicas. Minerais: são substâncias sólidas de ocorrência natural, resultante de processos geológicos, na Terra ou em corpos extraterrestres, na forma elementar ou de composição química inorgânica definida e estrutura interna atômica característica. Uma espécie mineralógica é definida, principalmente, com base na sua composição química e propriedades cristalográficas. Estes devem ser, portanto, os fatores relevantes na determinação de um mineral e na proposição de uma nova espécie. O termo “natural”, usado na definição de mineral, indica que apenas substâncias formadas espontaneamente na natureza, por algum processo geológico, são consideradas minerais. Substâncias artificiais produzidas em laboratório, tais como a zircônia cúbica (ZrO2), não são minerais, mas identificadas como equivalente sintético do mineral em questão. Cristalografia: é a ciência que estuda os cristais. Cristal: o conceito de cristal atualmente é muito abrangente, sendo caracterizados como qualquer sólido no qual os constituintes, sejam eles átomos, moléculas ou íons, estão organizados num padrão tridimensional bem definido, que se repete no espaço, formando uma estrutura interna sistemática e ordenada. Os cristais são substâncias que, devido à estruturação interna de seus átomos, manifestam uma forma externa poliédrica, podendo ter origem inorgânica, e neste caso considerados minerais, ou orgânica e/ou artificial. Assim, podemos afirmar que todos os minerais são cristais, embora nem todos os cristais sejam minerais. Sempre que a cristalização se der em condições geológicas ideais, a estrutura atômica de um mineral se apresenta com uma forma geométrica externa, com o aparecimento de faces, arestas e vértices naturais. Nessa situação, a amostra do mineral será chamada também de cristal. Os átomos constituintes de um mineral encontram-se, portanto, distribuídos ordenadamente, formando uma rede tridimensional (retículo cristalino), gerada pela repetição de uma unidade atômica ou iônica fundamental que possui as propriedades físico-químicas do mineral completo. Essa unidade que se repete é a cela unitária. O conjunto que vai servir de base para a construção do retículo cristalino. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 3/18 Estrutura cristalina: significa a ordenação interna de um mineral, na escala atômica, onde os átomos encontram-se arranjados em um padrão geométrico regular. Substâncias cristalinas: todas as substâncias químicas que possuem estrutura atômica ordenada e regular. Substância amorfa ou mineralóide: o termo engloba quaisquer substâncias naturais que não apresentam arranjos sistemáticos em todas as direções dos seus átomos constituintes. Portanto, os mineralóides são substâncias não cristalinas de características amorfas ou parcialmente amorfas. Como exemplos, podemos citar o vidro vulcânico ou obsidiana, carvão, âmbar, opala, etc. Minério: É o termo utilizado para designar a rocha a qual pode obter-se uma ou mais substâncias de importância econômica, ou seja, são rochas que têm uma concentração relativamente elevada de uma determinada substância, de modo que seja viável seu aproveitamento industrial. Rocha: As rochas são agregados naturais de uma ou mais espécies minerais, que por processos geológicos distintos, apresenta-se intimamente unido. Embora coesa, e muitas vezes “dura” a rocha em geral não é homogênea. Ela não tem a continuidade física de um mineral e, portanto pode ser subdividida em todos os seus minerais constituintes. 3. PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS, FÍSICAS E QUÍMICAS DOS MINERAIS 3.1 Estrutura dos minerais Uma vez que os minerais possuem uma estrutura definida, uma das primeiras formas de estudo dos minerais que se pode ter está baseada na estrutura cristalina (arranjo interno ordenado dos átomos que compõem o mineral). Esta estrutura cristalina é típica da espécie mineral e determina muitas de suas propriedades. As substâncias cristalinas mostram, de maneira geral, um arranjo ordenado baseado na repetição de uma base estrutural morfologicamente constante e que obedece as “leis de crescimento” que fazem com que estas células básicas se associem sempre da mesma maneira. Estas unidades se dispõem em um retículo tridimensional definido por três direções e pelas distâncias ao longo das quais o “desenho” é repetido. Nota: Mineral é o resultado de sua composição química com a sua estrutura cristalina o que irá definir as suas propriedades físicas. Uma vez que a estrutura dos minerais é repetitiva ela apresenta condições particulares de simetria de acordo com a forma segundo a qual for ordenada. Estes elementos de simetria são planos, eixos e centros de simetria e é típico de cada grupo de espécies minerais, o que permite que se faça uma classificação dos minerais com base em sua estrutura cristalina denominada de sistemas cristalinos. 3.2 Sistemas cristalinos Os minerais ocorrem geralmente na forma cristalizada. Todos os materiais cristalizados possuem arranjo tridimensional ordenado e regular dos átomos ou íons constituintes, formando retículos atômicos e iônicos (Figura 1). Conforme o arranjo ordenado, cada cristal apresenta planos de cristalização específicos. Os minerais que possuem forma externa definida pelos próprios planos de cristalização são denominados minerais idiomórficos. Estes podem mostrar várias formas e hábitos, mesmo assim, os ângulos entre os planos de cristalização são constantes (Figura 2). Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 4/18 Figura 1- Ilustração esquemática de estrutura cristalina de diamante (A, B, C) e grafita (D, E, F). As distâncias entre os átomos de carbono expressas em C e F são exageradas em relação ao raio atômico. Figura 2 - Ilustração Fig. 1.3. Ilustração esquemática de três hábitos cristalinos de zircão: A) bi-piramidal; B) prismático bi-piramidal; C) prismático. Este fenômeno é denominado lei de constância de ângulos interfaciais. Através da medida dos ângulos interfaciais, pode-se especificar os tipos de minerais examinados. Por outro lado, cada cristal possui intervalos atômicos ou iônicos específicos. Estes intervalos são medidos com o auxílio de difratometria de raios-X. Este aparelho determina a estrutura cristalina de minerais pulverizados ou monocristais, sendo diferente da fluorescência de raios-X, utilizada para análisesquímicas. Estudos detalhados de difratometria de raios-X podem determinar forma e tamanho da cela unitária dos retículos atômico ou iônico, isto é, comprimentos das arestas, representados por a0, b0 e c0, e ângulo entre elas, , , . O ângulo entre as arestas a0 e b0 é chamado de ; o ângulo entre b0 e c0, de ; o ângulo entre c0 e a0, de . Estes parâmetros são chamados de parâmetros cristalográficos. Conforme a simetria dos parâmetros cristalográficos, os minerais são classificados em 6 sistemas: 1) isotrópico, a0=b0=c0, ===90°, como por exemplo pirita; 2) tetragonal, a0=b0≠c0, ===90°, zircão; 3) ortorrômbico, a0≠b0≠c0, ===90°, ortopiroxênio; 4) Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 5/18 monoclínico, a0≠b0≠c0, ==90°≠; clinopiroxênio; 5) triclínico, a0≠b0≠c0, ≠≠; plagioclásio; 6) hexagonal, a0=b0≠c0, ==90°, =120°, quartzo (Tabela 1; Figura 3). Tabela 1 – Sistemas Cristalinos Figura 3 - Ilustração esquemática de forma fundamental dos seis sistemas cristalinos: A) isotrópico; B) tetragonal; C) ortorrômbico; D) monoclínico; E) triclínico; F) hexagonal. Sistema cúbico - Pertencem ao sistema cúbico os cristais de 7,8 % das espécies minerais conhecidas, entre elas diamante, ouro, granadas, prata, espinélio, pirita e sodalita, galena e halita. Sistema tetragonal - Pertencem a este sistema 6,4% dos minerais conhecidos, entre eles zircão, apofilita, rutilo, idocrásio e cassiterita. Ele o os seus cristais recebem também o nome de quadrático. Sistema ortorrômbico - Compreende 28,6 % das espécies minerais conhecidas, sendo exemplos topázio, crisoberilo e zoisita. Sistema hexagonal – Pertencem a este sistema 7,1% dos minerais conhecidos, entre eles quartzo, turmalina, apatita, calcita, berilo e covellita. Sistema trigonal ou romboédrico - Pertencem ao sistema trigonal 10,2% das espécies minerais conhecidas, entre elas enxofre, coríndon, barita e olivina. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 6/18 Sistema monoclínico – São monoclínicas 30,8% das espécies minerais, sendo este o sistema com maior número de minerais. Ex.: jadeíta, espodumênio, ortoclásio e euclásio, gipsita e micas. Sistema triclínico – Compreende 9,1% das espécies minerais conhecidas, como alguns tipos de feldspatos, rodonita, turquesa e microclínio, por exemplo. 3.3 Forma dos minerais Os minerais podem apresentar formas externas perfeitas, em condições ideais de formação, refletindo sua estrutura interna. Os minerais podem ser classificados de acordo com o grau de perfeição de suas formas externas da seguinte forma: Euédricos, idiomórficos ou automórficos: forma externa perfeita, com todos os elementos geométricos (faces, arestas e vértices) bem formados, sendo facilmente identificável seu sistema cristalino. Subédricos, hipidiomórficos ou hipautomórficos: forma externa imperfeita, com ausência de alguns elementos geométricos, nem sempre sendo possível a identificação de seu sistema cristalino. Anédricos, xenomórficos ou alotriomórficos: não apresentam forma externa definida, sendo impossível a identificação de seu sistema cristalino, pela simples observação macroscópica. 3.4 Hábitos cristalinos São as formas geométricas externas desenvolvidas pelo crescimento dos cristais, individualmente ou em agregados cristalinos, sendo melhores observadas quando os minerais crescem em condições geológicas ideais. Em diferentes condições de crescimento, um mineral pode gerar mais de um hábito cristalino. Abaixo são listados alguns dos principais hábitos cristalinos. Prismático: cristais alongados, em forma de prismas, como os minerais do grupo da turmalina, topázio. Lamelar: cristais separados em agrupamentos placóides ou foliáceos, como os minerais do grupo das micas. Figuras 4 e 5 – Hábito prismático em turmalina e lamelar em micas (Muscovita). Fibroso: agregados de cristais em fibras, lembrando agulhas em um pente fino, como a crocidolita. Acicular: cristais delgados (pouco espessos) em forma de agulhas convergentes, como o rutilo. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 7/18 Figuras 6 e 7 – Hábito fibroso em crocidolita e acicular em rutilo. Colomorfo ou coloidal: termo genérico empregado para designar todos os minerais compactos que parecem ser formados a partir da deposição de colóides. Essas massas geralmente de aspecto esférico, podem ser globulares, quando compostas por formas quase esféricas (goethita); botroidais, quando as esferas estão agrupadas em racimos (cachos) lembrando cachos de uvas (romanechita); reniformes, quando têm forma de rins e mamelares quando têm forma de mamas (hematita). Colunar: quando têm forma de colunas cilíndricas alargadas, cujas seções são mais poligonais que circulares, como a estibinita. Figuras 8 e 9 – Hábitos globular em goethita e colunar em estibinita. Dendrítico: formado por um grupo de cristais, de aspecto arborescente, como o ouro, a prata, o cobre e as formas de óxido de manganês (pirolusita). Drúsico (druseiformae): termo aplicado a uma superfície plana ou convexa recoberta por uma capa delgada de cristais, que crescem sobre as paredes das cavidades, como o quartzo incolor ou a ametista. Geódico: conjunto de cristais revestindo uma concavidade como a ametista. Filiforme: minerais capilares que lembram filamentos de lâmpadas incandescentes ou cabelos como o rutilo. Maciço: agregados minerais compactos e sem forma particular, como a bornita, magnetita e a rodonita. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 8/18 Figuras 10 e 11 – Hábitos geódico em ametista e maciço em bornita. 3.5 Dureza Expressa a resistência de um mineral à abrasão ou ao risco. Ela reflete a força de ligação dos átomos, íons ou moléculas que formam a estrutura. A escala de dureza mais frequentemente utilizada, apesar da variação da dureza nela não ser gradativa ou proporcional, é a escala de Mohs, que consta dos seguintes minerais de referência (ordenados por dureza crescente): 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 T a lc o G ip s it a C a lc it a F lu o ri ta A p a ti ta O rt o c lá s io Q u a rt z o T o p á z io C o rí n d o n D ia m a n te Figura 12 – Escala de dureza Mohs A Tabela 2 mostra a escala de dureza relativa de risco definida por Mohs. Tabela 2 – Escala de dureza relativa de risco. 3.6 Clivagem Quando minerais são submetidos a uma força externa destrutiva, como a de um forte impacto por um martelo, estes se rompem. Existem várias maneiras de rompimento físico, ou seja, desintegração mecânica, no qual, clivagem, partição e fratura são Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 9/18 típicos. Certos minerais se rompem sempre ao longo de determinadas superfícies planas paralelas. Tal tipo é denominado de clivagem. As micas e a grafita possuem um plano de clivagem desenvolvida em uma direção, rompendo-se na forma de placas. Piroxênios e anfibólios possuem clivagem desenvolvida em duas direções, rompendo-se na forma colunar. A halita (NaCl; sal comum) possui clivagem muito destacada em três direções, rompendo-se na forma cúbica. O berilo e apatita também têm clivagens, porém, são menos desenvolvidas. A clivagem é originada da estrutura cristalina do mineral, ou seja, a configuração ou coordenação de átomos ou íons. Portanto, o mineral se rompe sempre segundo direções paralelas aos planos de configuração atômica, sendo obviamente paralelas aos planos de cristalização.Existe minerais, tal como quartzo, que possuem planos de cristalização bem desenvolvidos, porém não acompanhados por clivagem. Figura 13 - Clivagem em 1 plano - Muscovita Figura 14 - Clivagem em 2 planos - Feldspato Figura 15 - Clivagem em 3 planos - Halita Figura 16 - Clivagem em 3 planos - Calcita 3.7 Fratura Existem minerais que se rompem em uma direção que não é paralela aos planos do cristal. O plano de rompimento deste tipo não é reto. Tal modo é denominado de fratura. São conhecidas descritivamente algumas formas de fratura. Está relacionada com a maneira ou a forma como ele se rompe quando isto não ocorre ao longo das superfícies de clivagem ou de partição. Superfície de fraqueza irregular ou curva resultante da quebra de um mineral. Fratura conchoidal: fratura mais comum, com superfícies lisas e curvadas de modo semelhante à superfície interna de uma concha. Este tipo é observado comumente em quartzo e vidro. Fratura acicular: rompimento na forma de agulhas ou fibras finas. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 10/18 Fratura serrilhada: rompimento segundo uma superfície de forma dentada, irregular, com bordas angulosas. Fratura irregular: rompimento formado por superfícies rugosas e irregulares. Figura 17 – Fratura conchoidal em obsidiana. 3.8 Tenacidade Diz respeito à forma ou facilidade com que um corpo se quebra ou se dobra. Na identificação dos minerais, é usada como uma propriedade distintiva. A tenacidade de um mineral pode ser: Friável (frágil, quebradiço): Que pode ser quebrado ou reduzido a pó com facilidade. Ex: calcita, fluorita Maleável: Pode ser transformado facilmente em lâminas, Ex. ouro. Séctil: Pode ser facilmente cortado com um canivete. Ex. talco, gipso e serpentina. Dúctil: Pode ser transformado facilmente em fios. Ex. ouro. Flexível: Pode ser dobrado, mas não recupera a forma anterior. Ex: talco Elástico: Pode ser dobrado e recupera a forma anterior. Ex. micas 3.9 Densidade relativa (Peso específico) É a relação entre o peso e o volume ocupado por um mineral em comparação com a água destilada a 4oC. O peso específico (, g/cm3), ou seja, densidade relativa de cada mineral depende da sua composição química e estrutura cristalina. Minerais metálicos de elementos nativos, tais como ouro nativo (Au; =19,3 g/cm3) e prata nativa (Ag; =11,1), possuem peso específico muito alto. Minerais metálicos de óxidos, como hematita (Fe2O3; =5,26), e sulfetos, como calcopirita (FeCuS2; =4,3), pirita (FeS2; =5,10) e galena (PbS; =7,6), também são de alta densidade, porém, inferiores ao dos metais nativos. Por outro lado, minerais não metálicos, tais como quartzo (SiO2; 2,65), possuem peso específico pequeno. O alto peso específico dos minerais metálicos se deve à presença dos elementos de metais pesados na estrutura cristalina. Minerais compostos de silicatos são não metálicos, sendo comumente encontrados na crosta terrestre. São subdivididos quimicamente em duas categorias: os minerais máficos, com relativamente alto teor de ferro e magnésio além da sílica, e os minerais félsicos, com baixo teor desses elementos. Minerais máficos são compostos principalmente de SiO2, MgO, FeO e Fe2O3, e são encontrados comumente em rochas basálticas que constituem a crosta oceânica. Esses são relativamente densos, com peso específico na faixa de 2,9 a 3,4, porém, são menos densos do que os minerais metálicos. Minerais félsicos, compostos principalmente por SiO2, Al2O3, Na2O e K2O, encontrados frequentemente em rochas constituintes da crosta continental. Estes são menos densos, na faixa de 2,65 a 2,75 (Tabelas 3 e 4). Tabela 3 – Relação geral entre densidade e composição química de alguns minerais. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 11/18 Tabela 4 – Densidade relativa de alguns minerais. 3.10 Propriedades dependentes da luz Brilho — O brilho depende da absorção, refração ou reflexão da luz pelas superfícies frescas de fratura do mineral (ou as faces dos seus cristais ou as superfícies de clivagem). O brilho é avaliado à vista desarmada e descrito a nível comparativo utilizando um conjunto de termos padronizados. Os brilhos são, em geral, agrupados em: metálico e não metálico ou vulgar. Diz-se que o brilho é não metálico, ou vulgar, quando não é semelhante aos dos metais, sendo característico dos minerais transparentes ou translúcidos. Dentro das grandes classes atrás apontadas, o brilho de um mineral pode ser descrito como: Brilhos não metálicos: Acetinado — brilho não metálico que faz lembrar o brilho do cetim; é característico dos minerais fibrosos; Adamantino — brilho não metálico que, pelas suas características, nomeadamente a intensidade, se assemelha ao do diamante; são exemplos a pirargirita e a cerussita; Ceroso — brilho não metálico que lembra o da cera. Exemplo: variscita; Nacarado — brilho não metálico semelhante ao das pérolas. Exemplo: caulinita; Resinoso — brilho não metálico que lembra o observado nas superfícies de fratura das resinas. Exemplo: monazita; Vítreo — brilho não metálico que lembra o do vidro. Exemplos: fluorita, halita e aragonita; Brilhos metálicos: Metálico — brilho que se assemelha ao dos metais, sendo característico de minerais como a galena, a calcopirita e a pirita; Submetálico — brilho que faz lembrar o dos metais, mas não tão intenso, sendo característico dos minerais quase opacos como a cromita. Cor – diz respeito à cor natural do mineral, devendo-se considerar condições particulares, tais como inclusões e aquecimento, que podem alterá-la. Traço – caracterização pela cor do pó que o mineral deixa sobre a superfície que o riscou. Normalmente utiliza-se uma placa de porcelana para o teste do traço dos minerais. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 12/18 Figura 18 – Cor do traço de alguns minerais. Pleocroismo – propriedade que algumas espécies minerais têm de apresentar diferentes cores conforme a direção cristalográfica na qual são observadas. Iridescência – propriedade que certos minerais possuem de mostrar uma série de cores na sua superfície ou interior quando girados à luz. Uma iridescência interna é causada geralmente pela presença de pequenas fraturas ou planos de clivagem, ao passo que uma externa é causada pela presença de uma película ou revestimento superficial delgado. Luminescência – qualquer emissão de luz efetuada por um mineral que seja consequência de seu aquecimento (termoluminescência) ou esfregação (triboluminescência). De acordo com o seu tipo, os minerais podem ser classificados em fluorecentes (a luminescência cessa quando cessa a causa) e fosforencentes (quando ela perdura após ter cessado a causa). 3.11 Propriedades elétricas e magnéticas Piroeletricidade – propriedade que certos minerais possuem de transmitir eletricidade quando sujeitos ao aquecimento. Piezoeletricidade – propriedade dos minerais que transmitem corrente elétrica quando sujeitos a pressões adequadas. Magnetismo – são denominados magnéticos os minerais que em seu estado natural possuem a capacidade de orientar o imã. 3.12 Química dos Minerais Alguns poucos minerais têm uma composição química muito simples dada por átomos do mesmo elemento químico. Ex. diamante, ouro, enxofre, grafite. Porém, a grande maioria dos minerais é constituída por compostos químicos que resultam da combinação de diferentes elementos químicos, podendo variar sua composição dentro de limites definidos. Considerando que os minerais são substâncias químicas com Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 13/18 estruturas cristalinas (arranjosatômicos), é necessário conhecer a estrutura do átomo a fim de entender os fatores que governam as propriedades dos minerais. Um átomo é a menor partícula que retém todas as propriedades de um elemento químico. Átomo: prótons + nêutrons + elétrons Íon: átomo carregado positivamente (cátion) ou negativamente (ânion). Composto químico: forma-se a partir da combinação de um ou mais cátions com um ou mais ânions, ex. NaCl (halita), CaF2 (fluorita). 3.13 Ligações Atômicas dos Minerais As forças que ligam entre si as partículas componentes dos sólidos cristalinos são de natureza elétrica. A espécie e a intensidade dessas forças são de grande importância na determinação das propriedades físicas e químicas dos minerais. A dureza, a clivagem, a fusibilidade, a condutibilidade elétrica e térmica e o coeficiente de expansão térmica estão diretamente relacionados com a natureza das forças de ligação. Em geral, quanto mais forte a ligação, tanto mais duro o cristal, tanto mais alto seu ponto de fusão e tanto menor seu coeficiente de expansão térmica. Os átomos que constituem os minerais se mantêm unidos em uma estrutura cristalina por meio de ligações atômicas. Basicamente resumidas em quatro tipos principais de ligação: Ligação iônica (metal com não metal): Comparando-se a atividade química dos elementos com a configuração de suas camadas exteriores de elétrons, chega-se à conclusão que todos os átomos têm forte tendência de completar uma configuração estável da camada exterior. O resultado da atração mútua entre cátions e ânions, é a formação de compostos estáveis. ex. NaCl (Na tende a perder elétrons e se tornar cátion enquanto o Cl tende a captar elétrons e se tornar ânion). Ligação covalente (não metal com não metal): resulta da ligação, compartilhamento, de elétrons entre núcleos positivos. Essa ligação é a mais forte das ligações químicas, os minerais assim ligados caracterizam-se por apresentar insolubilidade, grande estabilidade e pontos de fusão e de ebulição muito altos. (ex. diamante cada átomo de C tem 4 elétrons na camada de valência que são compartilhados com 4 átomos adjacentes formando uma estrutura extremamente resistente em termos de atração resultando em material de alta dureza). Ligação metálica: Nesse tipo de ligação, que acontece com os metais, os átomos se mantêm unidos numa disposição por grande força de atração entre os metais. Nas ligações metálicas, os elétrons da última camada de um grupo de átomos são fracamente atraídos pelo núcleo de seus átomos, deslocando-se entre os diversos núcleos do grupo atômico. Dessa forma, os átomos perdem elétrons, tornando-se cátions. São os elétrons desse tipo de ligação, que possuem certa liberdade de movimento, que explicam muitas propriedades dos metais tais como condutividade elétrica, condutividade térmica, plasticidade, tenacidade e ductibilidade. Ligação de Van Der Waals: ligação mais fraca que as anteriores, resultado de atração eletrostática entre íons, ex. grafite (cada átomo é unido por ligação covalente a outros 3 átomos em cada plano de “foliação” porém os planos são unidos por fracas ligações de Van Der Waals, por isso a baixa resistência à ruptura do grafite). Cristais, em geral, têm mais de um tipo de ligação. Entre as substâncias minerais que ocorrem naturalmente, é rara a presença de um tipo de ligação único. Quando isso acontece, o cristal participa das propriedades dos diferentes tipos de ligação representadas, resultando muitas vezes em propriedades fortemente direcionais. ex. grafita, ligação covalente forte dentro das camadas e ligação fraca de van der walls entre as camadas. Micas, compostas por camadas de tetraedros de sílica fortemente ligados com ligação iônica relativamente fraca unindo as camadas bem observadas pelos planos de clivagem bem definidos. 4. IDENTIFICAÇÃO DOS MINERAIS E MATERIAIS UTILIZADOS Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 14/18 Para a identificação das diversas substâncias minerais, em amostras macroscópicas, é necessária a determinação de suas propriedades geométricas e físicas. Através de uma série de observações e testes rápidos é possível determinar, na maioria das vezes a espécie observada usando tabelas de propriedades geométricas e físicas que acompanham os manuais de mineralogia. Para minerais de ocorrência menos comum, e de determinação mais difícil, são recomendados métodos analíticos em laboratórios especializados. Além das determinações geométricas e físicas, é usual atacar rapidamente os minerais com ácidos, para determinar suas funções químicas. Para uma determinação macroscópica, de maneira rápida e eficiente, das propriedades físicas dos minerais mais comuns, utiliza-se os seguintes materiais: 1. Placa de vidro; 2. Martelo; 3. Placa de porcelana fosca; 4. Estilete de aço; 5. Imã; 6. Lupas de mão (aumento 10x); 7. Reagentes; 8. Manual de determinação de minerais. Dentre os reagentes citados anteriormente, o principal é o ácido clorídrico (HCl a 10%), para revelar se são carbonatos (CO2-3) ou sulfetos (S 2-), através das seguintes equações químicas: Reação com Carbonatos CaCO3 + 2HCl CaCl2(s) + CO2 (g) + H2O(l) Reação com Sulfetos PbS + 2HCl PbCl2(s) + CO2 (g) + H2S(g) Na reação dos sulfetos com HCl, verifica-se o odor sulforoso característico, dado pelo desprendimento do ácido sulfídrico (H2S). Alguns reagentes mais fortes, como o ácido sulfúrico (H2SO4), ácido nítrico (HNO3), ácido fluorídrico (HF) água régia (3HCl+HNO3), entre outros, podem ser utilizados, embora suas manipulações exijam cuidados especiais. 5. CLASSIFICAÇÃO DOS MINERAIS Minerais Essenciais (Principais): São grupos de minerais que compõem a maioria da mineralogia das rochas. São aqueles minerais que definem, classificam e caracterizam uma rocha. Minerais Acessórios: São grupos de minerais que participam das rochas como elementos menores ou traços. Geralmente são os minerais que definem características tecnológicas e econômicas específicas de uma formação rochosa. Ocorrem em percentagem pouco significativa e não influem na classificação da rocha. A classificação dos minerais é baseada comumente na composição química. Classes: Elementos nativos - 20 elementos que ocorrem não combinados; Sulfetos - combinação de metais com S, maioria dos minerais metálicos; Sulfatos - combina elementos com S e O2; Óxidos e/ou hidróxidos - combina metais c/ Oy ou (OH)y; Silicatos - combina elementos com Six . Oy; Halóides - inclui cloretos, fluoretos, brometos e iodetos; Carbonatos - inclui a presença de CO3; Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 15/18 Fosfatos - inclui a presença de PO4; Outros - molibdenatos, tungstatos, nitratos e boratos. 5.1 Elementos nativos Excetuando-se os gases livres da atmosfera, encontram-se no estado nativo somente cerca de vinte elementos, que podem ser divididos em metais, semimetais e não- metais. Os metais nativos mais comuns constituem três grupos isoestruturais: Grupo do ouro: ouro, prata, cobre e chumbo; Os elementos do grupo do ouro pertencem à mesma família na classificação periódica dos elementos e, portanto possuem propriedades químicas semelhantes, todos são suficientemente inertes para ocorrerem livres na natureza. Quando não estão combinados com outros elementos, os átomos desse grupo estão unidos em estruturas cristalinas por ligações metálicas (relativamente fracas). As propriedades semelhantes dos membros desse grupo originam-se da estrutura comum. Todos apresentam dureza relativamente baixa, são maleáveis, dúcteis e sécteis. Todos são excelentes condutores de calor e eletricidade, tendo pontos de fusão bem baixos. Possuem densidades elevadas. Grupo da platina: platina, paládio, irídio e ósmio; Os elementosdo grupo da platina são elementos mais duros e têm pontos de fusão mais elevados do que o do grupo do ouro. Grupo do ferro: ferro e ferro-níquel. Os cristais dos metais do grupo do ferro, embora isométricos, têm um retículo cúbico de corpo centrado em que cada átomo toca os outros oito átomos circundantes. Os semimetais nativos formam dois grupos iso-estruturais, são comparativamente frágeis e piores condutores de calor e de eletricidade do que os metais nativos. Estas propriedades refletem um tipo de ligação intermediária entre a metálica e a covalente. Classe escalenoédrica hexagonal: arsênio, antimônio e o bismuto; Classe trapezoédrica-trigonal: selênio e telúrio. Os não-metais mais importantes são o carbono, sob forma de diamante e grafita e o enxofre. Principais elementos nativos: Ouro, Prata, Cobre, Platina, Ferro, Enxofre, Diamante e a Grafita. 5.2 Sulfetos Os sulfetos formam importante classe de minerais que incluem a maioria dos minérios metálicos. Os sulfetos podem ser divididos em pequenos grupos estruturais, não sendo possível generalizar-se amplamente com relação à sua estrutura. Muitos sulfetos têm ligação iônica, ao passo que outros, exibindo as propriedades dos metais, têm ligação metálica. Reúnem-se, nesta classe, aqueles minerais cuja composição é a combinação não oxigenada de metais e metalóides com S, As, Sb, Bi, Se e Te; compreende os sulfetos simples e duplos e os sulfossais. Fisicamente, caracterizam- se por seu aspecto metálico, pesos específicos elevados e pela sua opacidade. Principais minerais: Galena, Esfarelita, Calcopirita, Estanita, Pirrotita, Nicolita, Covelita, Estilbita, Pirita, Molibdenita e a Bornita. 5.3 Sulfatos Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 16/18 Um grande grupo de minerais ocorre como sulfatos, porém poucos são comuns. São minerais que possuem em sua fórmula química o radical SO4. Os sulfatos dividem-se em: anidros, básicos e hidratados. Os anidros mais importantes e comuns são os do grupo da barita, que possuem densidade relativa diretamente proporcional ao peso atômico. Entre os sulfatos hidratados o gipso é o mais importante e abundante. Principais minerais: Barita, celestita, anglesita, gipso e epsomita. 5.4 Óxidos e Hidróxidos Os óxidos classificam-se em óxidos simples, óxidos múltiplos, óxidos contendo hidroxila e hidróxidos. Dentro da estrutura da classificação, existem grupos minerais importantes, notadamente, os grupos da hematita, do espinélio e do rutilo. Cada um destes grupos contém um ou mais minerais de importância econômica. Dentro da classe dos óxidos estão os principais minérios de ferro (hematita e magnetita), de cromo (cromita), de manganês (pirolusita, manganita e psilomelana), de estanho (cassiterita) e de alumínio (bauxita). Principais minerais: Óxidos - Zincita, Hematita, Ilmenita, Rutilo, Pirolusita, Cassiterita, Goethita, Magnetita, Cromita, Columbita-Tantalita, Hidróxidos – Psilomelana, Limonita, Bauxita. 5.5 Silicatos São minerais que contém o radical SiOY em sua estrutura. Essa é a classe mineral mais importante e de maior ocorrência na natureza. Cerca de 25% dos minerais conhecidos e 40% dos minerais comuns são silicatos. Praticamente todos os minerais que formam as rochas ígneas são silicatos, constituindo, então mais de 90% da crosta terrestre. Assim, principalmente a crosta terrestre continental é formada por uma estrutura básica de Si, O e Al, cujos interstícios são preenchidos por outros elementos como Fe, Ca, Mg, Na, K,... Minerais formados essencialmente por grupos tetraédricos SiO2, que estão unidos entre si diretamente ou por meio de cationtes. São os componentes mais importantes das rochas e constituem, com o quartzo, 95% da parte conhecida da crosta terrestre; é a parte mais rica em espécies, e devido à facilidade de sua investigação óptica, constitui uma das classes melhor conhecidas. Fisicamente são reconhecidos com muita facilidade pela sua falta de cor própria, brilhos não metálicos, risco branco, elevado índice de dureza e pelo seu aspecto geral bastante característico. A maioria dos silicatos é encontrada como constituintes das rochas eruptivas, formados a temperaturas e pressões elevadas, via de regra, em amplas zonas de variação de ambas, com estruturas densas e carentes de água. Pelo contrário, nas rochas sedimentares, devido à ação do ácido carbônico que, nas condições ambientais, destrói os silicatos, não existe formação destes minerais, senão que há fases de transformação dos mesmos, de estruturas geralmente em camadas, com grande quantidade de água de constituição e embebição. Exemplo disto os encontramos nas argilas. As propriedades cristaloquímicas dos minerais devem-se, às especiais características do grupo SiO4 e ao tipo de arcabouço que resulta de suas uniões ou junções. Sintetizando, podemos considerar todo silicato como sendo um esqueleto de tetraedros SiO4, cheio de cationtes, em alguns casos, com cationtes e água, em outros, sem nada, como acontece com o quartzo. Principais formadores de rochas são: quartzo, feldspatos, micas, piroxênios e anfibólio. 5.6 Halóides A classe química dos halóides caracteriza-se pela predominância dos íons halogênicos eletronegativos, Cl-, Br-, F- e I-. Esses íons são grandes, carregados Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 17/18 fracamente e de fácil polarização. Quando se combinam com cátions de baixa valência, relativamente grandes e fracamente polarizados, cátions e íons comportam- se quase como se fossem corpos perfeitamente esféricos. Os halóides isométricos têm dureza relativamente baixa, pontos de fusão moderados a altos e são maus condutores de calor e eletricidade no estado sólido. Principais minerais. Halita, Silvita, Fluorita e Carnalita. 5.7 Carbonatos Os principais membros dessa classe formam duas séries isomorfas, por exemplo, a calcita e aragonita, que possuem igual composição química, CaCO3, apresentando exemplo típico de dimorfismo. São os minerais que contém o íon carbonato em suas estruturas. Constituintes das rochas calcárias, certos carbonatos decompõem-se em presença de H (efervescência em ácido). Em cavernas calcárias formam, por precipitação, estalactites e estalagmites. Principais minerais: Calcita, Dolomita, Magnesita, Aragonita, Witherita, Malaquita e Azurita. 6. APLICAÇÕES NA ENGENHARIA As rochas e minerais industriais (RMI) que se empregam na fabricação de materiais de construção são, entre outros: areias, cascalhos e toda classe de rochas britadas como agregados; calcário e argila, gesso e materiais pozolânicos para cimentos; argilas, feldspatos, quartzo, caulim e outros minerais para a fabricação de telhas, tijolos, louças, porcelana; granitos, mármores, ardósias, calcários, serpentinas e outras rochas como rocha ornamental; gessos e cal como aglomerantes; materiais asfálticos; areias silicosas e diversos óxidos e carbonatos na fabricação de vidro; crisotila, anfibólios, sepiolita, wollastonita e outros minerais na fabricação de fibrocimentos; pedra-pomes, perlita, vermiculita, argila, ardósia e outras rochas na fabricação de elementos leves ou isolantes. Nas obras de engenharia, os agregados podem conter determinados minerais que podem influir na durabilidade da rocha, a composição mineralógica pode ter influência na massa específica da rocha, na porosidade e na absorção de água. Conhecimento da reatividade dos minerais para evitar reações químicas indesejáveis com substâncias químicas do cimento. Determinados minerais hidrofílicos (quartzo) são prejudiciais à adesividade do concreto betuminoso, permitindo o descolamento da película de betume do agregado e a consequente deterioração do concreto. Inalterabilidade dos minerais constituintes, resistência ao intemperismo,evitando o desgaste acelerado do agregado e diminuição de resistência mecânica, é importante no uso como agregados de concretos asfálticos. Em placas de revestimento, os minerais constituintes das rochas devem possuir alta resistência ao intemperismo e aos agentes químicos agressivos quando usado em revestimento externos. Os minerais devem possuir baixa capacidade de absorção de líquidos, visando evitar manchamentos e também impedir a sua deterioração, os minerais devem apresentar baixos coeficientes de dilatação térmica para garantir a estabilidade do revestimento, devem, também, possuir alta resistência ao desgaste para serem utilizadas em pisos. Para não tornar interminável a descrição, pode atribuir-se às matérias-primas para isolantes, entre as quais se encontram os asbestos e amiantos (fibras de serpentina ou anfibólios), a sepiolita, a pedra-pomes, a perlita, as argilas e ardósias expandidas e outros materiais. Também os abrasivos, materiais usados para desgaste, entre os quais se encontram o diamante, o coríndon, as granadas, os feldspatos, o quartzo, a pedra-pomes e muitos outros minerais, dependendo da dureza do material a desgastar. Universidade de Caxias do Sul Geo0269 – GEOLOGIA PARA ENGENHARIA 18/18 Os lubrificantes, que se empregam para diminuir o coeficiente de atrito entre superfícies sólidas; entre esses o grafite, o talco e o caulim; os pigmentos fabricados a partir de ocres, minerais de titânio e outros; os adensadores, como a barita, e as cargas ou enchimentos, como o caulim, o talco e o carbonato de cálcio. Denominam-se rochas e minerais industriais (RMI) os materiais naturais (e, ocasionalmente, resíduos da indústria ou da construção) que são empregados na atividade humana, não para obter metais ou energia, mas pelas suas propriedades físicas, químicas ou ornamentais, manifestas no mineral ou rocha tal qual são extraídas ou após uma transformação não metalúrgica. Não existem limites definidos para a classificação das rochas e minerais industriais, devido a que muitos minerais (berilo, cromita, rutilo, ilmenita, hematita, zircão) têm usos metalúrgicos e não metalúrgicos, à possível inclusão ou não dos materiais de construção e do significativo grupo das gemas, etc. Existe uma enorme polêmica sobre se o termo rochas e minerais industriais é análogo ao de minerais não metálicos. Uma classificação possível, atribuída a Kuzvart (1984), é a que considera rochas e minerais industriais: 1) As matérias-primas que se empregam na indústria na sua forma mineral, após diversos tratamentos (por exemplo, talco, asbesto, diamante) ou na forma de rocha (diatomita, bentonita, ocre). 2) As matérias-primas que são fonte de elementos não metálicos (pirita como fonte de enxofre, fluorita como fonte de flúor, apatita como fonte de fósforo, etc.) ou que servem para a fabricação de compostos simples (boratos para a fabricação de ácido bórico). 3) As matérias-primas de aspecto não metálico de onde são obtidos metais ou seus compostos (berilo como fonte de berílio, magnesita como fonte de magnésio, espodumênio como fonte de lítio). 4) Os materiais de construção (argila, areia, cascalho, granito, mármore, matéria-prima para a fabricação de cimentos). Uma classificação, necessariamente simples, das RMI e seus jazimentos mais comuns, é a seguinte: a) Jazimentos magmáticos: Diamante, olivina, apatita, feldspatos, pedra natural para construção. b) Jazimentos pegmatíticos: Feldspato, quartzo, monazita, berilo, criolita, muscovita, gemas. c) Jazimentos metassomáticos de contato (tipo skarn): Berilo, crisoberilo, fenacita, minerais de boro, grafite, crisotila, talco, granadas. d) Carbonatitos: Flogopita, apatita, vermiculita. e) Jazimentos hidrotermais: Apatita, flogopita, quartzo, fluorita, barita, witherita, caulim, serpentina. f) Depósitos de sublimação: Enxofre, sassolita. g) Jazimentos metamórficos: Grafite, esmeril, gemas, andaluzita, sillimanita, cianita, mármores, ardósias. h) Jazimentos residuais: Caulim, lateritas, bauxitas, halloysita, bentonita, ocres, magnesita, zeólita, vermiculita. i) Jazimentos aluvionares, coluvionares e eluvionares: Diamante, gemas,granada, cromita, andaluzita, monazita, feldspatos, quartzo, areias, cascalhos, argilas. j) Jazimentos sedimentares biogénicos ou bioquímicos: Adubo, diatomita, enxôfre, pirita, fosfatos, dolomita, calcários, nitratos. l) Jazimentos evaporíticos: Sal gema, sais potássicos, gesso, magnesita, boratos, sais de lítio, thenardita, glauberita, carbonato de cálcio.
Compartilhar