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A QUESTÃO DE NORMAS, uma interface entre direito e psicanálise

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AS NORMAS: UMA INTERFACE ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO
“Homo sum, humani nihil a me alienum puto" Terenzio
 (Sou homem, nada do que é humano me é estranho.) 
					Lílian Maria Ribeiro Conde
 Psicóloga,Advogada e Dra. em Engenharia de Produção
 Érika Ribeiro Conde
 Advogada e Mestra em Ciências Sociais/UFMG
INTRODUÇÃO
	Pereira (1997), ao fazer o prefácio da obra “Psicologia Jurídica – operadores do simbólico”(2004), de autoria do Prof. Célio Garcia, reafirma a tendência do Direito de buscar subsídios em outras disciplinas tais como a Filosofia, a Antropologia, a Sociologia, a História e a Psicologia e, sobretudo, a Psicanálise, pois, após a descoberta da dinâmica do inconsciente por Freud, “torna-se imperativo repensar paradigmas e o sujeito no Direito a partir da Psicanálise” (PEREIRA, 1997, p. 2). Este expediente é compreensível a partir do fato que o Direito é criação dos homens para os homens e que estes são inscritos em dois mundos: o subjetivo e o objetivo.
	Entretanto Lima (2001,p.1), diferenciando Direito Objetivo de Ciência do Direito, afirma que enquanto aquele estabelece as normas jurídicas válidas em linguagem prescritiva, 
Em contrapartida, a Ciência do Direito tem como objetivo primordial fazer uma análise profunda do encadeamento de asserções formadas pelo direito positivo. Utilizando-se métodos interpretativos, investigatórios e de observação para obter uma descrição minuciosa de como as normas jurídicas se desenvolvem diante do comportamento intersubjetivo das relações humanas, apenas com o intuito de descrevê-las, sem pretensões de interferir. Portanto, o cientista do direito ao propagar a conclusão de sua análise sobre a realidade jurídica, o faz através de lógica apofântica e linguagem eminentemente descritiva.
 Segundo Pereira (2004), os primeiros trabalhos jungindo Psicologia e Direito de forma sistemática, surgiu com a obra de Leon Petrazycki (1955), Lei e Moralidade, na qual este autor apresentou a teoria de que a lei decorre de um processo mental humano em cuja origem se encontram sentimentos éticos relativos à moral e responsabilidade humana1. Esta concepção fortificou, na década de 1930, as concepções de Thurmam Arnold e Jerome Frank quando estes – sob influência da teoria psicanalítica – trataram da natureza do raciocínio legal e do papel exercido por advogados e juízes no exercício de suas funções. 
Entre os pioneiros da abordagem que vincula Psicologia e Direito, encontra-se Albert Ehrezweig como um dos primeiros a tratar, sob a inspiração da doutrina psicanalítica, a responsabilidade sobre o crime e dano.
Hans Kelsen, notável jurista vienense, distinguindo entre teoria pura do Direito e as tendências especulativas de origem psicossociológica, vêm, posteriormente, tratar da soberania do Estado a partir da Psicanálise freudiana fazendo diversas referências às obras de Freud (Totem e Tabu, Psicologia das Massas e Análise do Eu), como Grundnorm. Segundo Lima (2001), este conceito, em Kelsen, é relativo à uma norma suposta e não imposta (grifo meu). 
Diniz (apud LIMA, 2001, p.3) afirma que, para Kelsen, 
a Grundnorm é jurídica, no sentido de ter funções jurídicas relevantes, tais como a de fundamentar a validade objetiva do significado subjetivo dos atos de vontade criadores da norma e a de fundamentar a unidade de uma pluralidade de normas. Dentro do sistema tem ela, portanto, uma dupla função constitutiva: a de dar unidade e a de dar validade a um sistema de normas.
A partir destas afirmativas, indaga Pereira (1997): “Se cada norma é determinada por uma norma superior, deparando-se com a fictio como origem, como a primeira lei, a lei jurídica e a lei psicanalítica (“nom du père”, em Lacan) não se entrecruzam ou têm uma mesma origem?”
O presente artigo busca exatamente demonstrar as ilações entre a norma jurídica e as normas introjetadas, como valores, a partir da educação, buscando demonstrar que na falência de uma estrutura mental, denominada por Freud de superego, tornam-se necessárias normas jurídicas e suas características de imperatividade, generalidade, coerção, coação e sanção. Assim, se os valores transmitidos através de normas, pela educação, não se materializa no comportamento, há que se materializar em lei, pois, segundo Kelsen (apud GENRO,2004, p. 1) “o direito é a forma normativa de existir das relações sociais”.
Estruturas Mentais e Legislação 
	A Psicanálise é a ciência que busca compreender como se opera a integração entre o comportamento e os desejos e os valores do indivíduo sendo, estes dois últimos, na maior parte, inconscientes. Portanto, seu caráter de afinidade com o direito se expressa através de um instituto comum: as normas que devem regular o comportamento e possibilitar a vida em comum, pois elas - as normas - representam a materialização de valores vigentes em uma dada cultura situada no tempo. 
	Na psicanálise freudiana, quando se refere a normas, fala-se daquelas que são apropriadas, como valores, pelos indivíduos a partir da interação da criança com o(s) adulto(s) cuidador(es), as quais irão reger o comportamento na vida social. Para que, desde cedo, o indivíduo internalize estes valores, os adultos responsáveis pelo cuidado da criança terão que impor regras de conduta (noção de certo/errado, bem/mau, bom/ruim, bonito/feio) que traduzem os valores de uma cultura, variáveis no espaço e tempo, e que, necessariamente, impõem limites ao desejo (e à liberdade). Tais regras, no cotidiano, são expressas através de ações de impedimento rotineiras. Por exemplo: a criança quer tomar um sorvete antes do almoço. O adulto impedi-la-á, cônscio de que, em caso contrário, a criança não almoçaria e, em decorrência, não ingeriria substâncias imprescindíveis à higidez física dela. Ao realizar tal intervenção frustrante, o adulto estará, de início, já estabelecendo uma regra de comportamento que contradiz o desejo infantil (ID)2, ou que possibilita sua satisfação apenas sob determinadas circunstâncias: após a refeição ou no intervalo dela. Para Freud, toda a vida mental se orienta para o prazer (Princípio do Prazer), mas este pode ser substituído ou adiado para ser obtido de maneira mais segura, segundo as exigências da realidade externa (Princípio da Realidade).
	A substituição do Princípio do Prazer pelo Princípio da Realidade, representa contato com a frustração33 e esta pode contribuir tanto para o desenvolvimento da personalidade, quanto para o surgimento de comportamentos anti-sociais ou patológicos. Entretanto, apenas através da imposição externa de alguma frustração, poderá o indivíduo, em momento posterior de seu desenvolvimento, ser agente ativo de sua própria frustração, pois terá substituído o Princípio do Prazer pelo Princípio da Realidade. Como já se disse: a obtenção do prazer (ou sua substituição pela sublimação, inclusive) segundo as contingências da realidade. 
Na medida em que os valores esposados pelo adulto cuidador vão sendo apropriados pela criança, forma-se o superego – como estrutura mental depositária daqueles valores e que funciona como consciência moral do indivíduo. Esta atua de forma similar a um juiz ou censor em relação ao ego. De certa forma, conforme Freud (1932[1933], p. 3136) “a instauração do superego pode ser considerada um caso de identificação bem sucedida com .a instância parental”. 
Entretanto, há que se advertir que o “superego da criança não se forma à imagem dos pais, mas sim à imagem do superego deles; enche-se do mesmo conteúdo, torna-se o representante da tradição, de todos os juízos de valores que subsistem assim através de gerações.” (FREUD, 1932[1933], p.3136.) A propósito desta afirmativa é interessante citar, em nosso repertório popular musical, a letra da canção de Belchior “Como nossos pais”, que ratifica estas observações freudianas ao afirmar que:
 Minha dor é perceber que apesar de termosfeito tudo tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais 
Dado a esta função identificadora Winnicott (1987, p. 6) afirma que “Quando existe participação adequada da mãe e boa orientação dos pais, a maioria das crianças alcança saúde [...]. (grifo nosso). 
	Assim, as normas internas funcionam como freio capaz de inibir as ações culturalmente consideradas predatórias do Homem à natureza, aos objetos, a si e aos seus semelhantes. Sem a internalização de valores que irão reger a conduta, o Homem é capaz do emprego da força, em sentido simbólico (a sagacidade utilizada pelo estelionatário, art. 171 do CP, é exemplo disto) ou/em sentido concreto (assaltos à mão armada, art.157 do CP, lesões corporais, art. 129 do CP, por exemplos), no intuito de domínio do outro, semelhante, para retirada de proveito pessoal independente de outra realidade que não a realidade interna do próprio desejo(ID). 
	Entretanto, por vezes os valores contidos nas normas ou não são internalizados ou, quando internalizados, eventualmente se observa o fracasso na estrutura mental inibidora. No primeiro caso, para que o indivíduo possa conviver em sociedade, há que se impor as normas externas, jurídicas, com todo seu poder de imperatividade, generalidade, sanção, coerção e coação (inclusive via corporalis). No segundo caso, existem condições sob as quais o superego - instância mental que atua, metaforicamente, como juiz e polícia no mundo interno do indivíduo - é neutralizado, induzindo a pessoa a praticar atos que, de posse de sua plena capacidade mental , não executaria, pois o ego (instância mediadora entre o id e o superego), encontrar-se-ia em plena função, mediando o id e o superego. 
O legislador, a quem reputamos profundo conhecedor da natureza humana, tanto reconhece isto que, no art. 65, do CP, menciona, no inciso III, letra c, a violenta emoção provocada por ato injusto da vítima como atenuante de pena. Sabe-se também que o uso de drogas (que, diga-se de passagem, não excluem a imputabilidade penal, salvo nas condições expressas no parágrafo 1º do artigo 28)4, é fator que enfraquece a instância reguladora da conduta (o superego), possibilitando a vazão de impulsos destrutivos (ID), através de comportamentos onipotentes e imediatistas, em conformidade exclusiva com o Princípio do Prazer. 
O próprio Freud (1932 [1933]) sintetiza o que até aqui foi tratado ao dizer que todos os indivíduos trazem, desde o nascimento, tendências e impulsos criminais e anti-sociais que, posteriormente, pela educação são reprimidos ou orientados para outros fins para lograr uma adaptação social (sublimação). Sem dúvida, os impulsos criminais tendem a manifestar-se se há uma debilitação das instâncias inibidoras.
Portanto, quando a educação não promove a apropriação de valores que permitam ao indivíduo se comportar segundo o Princípio da Realidade, permanece a possibilidade de que as normas jurídicas sejam transgredidas, pois estas, ao final, contemplam a vida em comum, ou seja, o Princípio da Realidade que implica contato com a frustração. Nogueira (1993, p. 196) afirma que 
(...) No plano psicológico, realidade é aquele ponto onde a pulsão (desejo) encontra um limite, uma obstrução, impedindo-se a satisfação ou a continuidade desta”. A vivência de satisfação (realização de desejo) não produz conflito com a realidade. O que produz conflito com esta é a frustração.
Face à possibilidade de as normas jurídicas sejam feridas - quer por labilidade da introjeção de valores, quer pelo fato de que a nossa vida mental tende ao prazer, quer pelo fato de que sob determinadas circunstâncias torna-se impossível suportar mais um quantum de auto-frustração que privilegie o Princípio da Realidade - o direito subjetivo busca proteger o indivíduo oferecendo-lhe meios de exigir um comportamento alheio equilibrado com o próprio comportamento.
Um Contraponto: na contramão do Direito, as normas paralelas
	Em recente documentário, “Falcão- meninos do tráfico”, foram exibidas entrevistas com crianças e adolescentes favelados. Alguns deles exprimiam claramente seu desejo de, ao crescer, tornarem-se bandidos. Tais crianças e adolescentes, em suas falas, demonstram a internalização do avesso dos valores de grande parte da cultura contemporânea. Mas por que isto pode ocorrer? A resposta a esta questão não é simples e envolve a possibilidade de análise a partir de diversos ângulos da mesma teoria psicanalítica e, especialmente, da possibilidade de simbolizar a agressão, quando não de outras ciências. Entretanto, para os objetivos deste artigo, deter-nos-emos unicamente sob o aspecto da introjeção, ou da apropriação de normas a partir dos adultos cuidadores.
	Como foi tratada no trecho precedente, uma das características da formação do superego é a identidade com o superego dos adultos cuidadores que assumem a função de cuidar e ordenar o comportamento infantil. Sobre isto, afirma Freud (1932 [1933], p. 31136):
 
A base de tal processo é aquilo que chamamos uma identificação, isto é, a equiparação de um ego com o ego de outro ego alheio, equiparação como conseqüência da qual o primeiro eu se comporta, em certos aspectos, como o outro, o imita e, em de certo modo, o acolhe em si. Não sem razão se tem comparado a identificação à incorporação oral, canibal, de outra pessoa. A identificação é uma forma muito importante de vinculação a outra pessoa; é possivelmente a mais primitiva e, desde logo, distinta da eleição de objeto. A diferença pode ser expressa da maneira seguinte: quando o menino se identifica com o pai, quer ser como ele; quando o torna objeto de sua eleição, quer tê-lo, possuí-lo; no primeiro caso, seu eu se modifica conforme o modelo constituído pelo pai; no segundo, isto não é necessário.
	Paralelamente à formação do superego, Freud (1921 [1933]) destaca como um importante elemento na formação do superego o ideal do ego, sendo, este, atributo daquilo que o indivíduo gostaria de ser. Por vezes, como afirma Freud na obra Psicologia Coletiva e Análise do Ego(, o indivíduo substitui seu ideal do ego por um outro indivíduo e, tal fato, pode explicar a dependência e submissão em relação ao líder nos processos grupais.
	Assim, se entendermos que a vida mental tende para o prazer (Princípio do Prazer) obtido com segurança, através da submissão às condições da realidade externa (Princípio da Realidade), e que a Realidade não pode ser apenas frustradora, pois há um limite de frustração diante da qual todos soçobramos, uma questão se impõe: a realidade das crianças e adolescentes favelados tem lhes possibilitado o que lhes propõe o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069 de 13 de julho de 1990)? 
	Infelizmente, a despeito do ECA ser considerado das legislações mais evoluídas do mundo hodierno, sabe-se que crianças e adolescentes vivem em condições miseráveis. Salvam-nas das misérias cotidianas os adultos-cuidadores, marginais, traficantes, que “compram” não apenas o conforto destas crianças e adolescentes, mas, também, indiretamente, os valores glorificados por uma parte representativa da sociedade. São eles– vistos através desta óptica - os benfeitores, pois transformam a realidade, tornando-a mais amena, em que o prazer se torna realizável através da satisfação das necessidades mais comezinhas, como comer e dormir sob um teto, ter acessos à saúde e à segurança. Estes “salvadores” cumprindo aquilo que o Estado promete, tornam-se figuras ideais que, como líderes ou tidos como heróis, moldam, nas novas gerações, valores opostos que passam a constituir normas introjetadas. 
Isto se verifica porque como o Estado não consegue cumprir pelos meios adequados aquilo que a própria legislação por ele criada preceitua, sobra para a população mais pobre uma realidade na qual o convívio com a frustração se torna absoluto, sem esperança de que as necessidades, ainda que sejam elas apenas básicas, sejam satisfeitas. É nesse intervalo,compreendido entre o prometido e o descumprido, que surge a figura destes “salvadores”, os quais funcionam não apenas como auscultadores de carências, mas como seus mitigadores. Só que, ao sanarem este quadro, fazem-no por vias extraordinárias, à revelia das leis. Embora, os fins sejam lícitos, os meios não o são. Assim, institui-se como substituto da frustração absoluta – impossível para qualquer Homem – a satisfação absoluta, típica do Princípio do Prazer, seguida do desprezo para com a realidade, cujo sinônimo é frustração, porém relativa.
	
Considerações Finais 
Freud (1929[1930]) já dizia que a frustração pode contribuir tanto para o desenvolvimento da personalidade, quanto para o surgimento de comportamentos anti-sociais, como o isolamento e consumo de drogas, ou patológicos (psicopatologias).É esta última classe de reação à frustração que, infelizmente, presenciamos.
Na incúria de um Estado que não cumpre as Leis por ele instituídas no que tange ao bem-estar social, com a agravante de ser o Legislador um grande conhecedor da natureza humana – fato que pode ser observado pela própria comparação entre a teoria freudiana e as normas jurídicas vigentes - tem surgido a aspiração a um ego ideal que representa, em grande parte da população vulnerável socialmente, o avesso das normas instituídas quer pela tradição (superego), quer pela ordenação jurídica civil e penal.
Sob estas condições, resta uma questão: o que ocorreria se o Estado assumisse para si o papel de um adequado adulto-cuidador, como propõe a própria legislação? Supomos que ao lado das tarefas de interdição da consecução do prazer sem a observância das condições realidade, o ministrar de cuidados que permitisse realizar aspirações a todas as ordens de necessidades (físicas, sociais, psicológicas), o Estado ofereceria as condições adequadas para que seus filhos se desenvolvessem plenamente e com menor índice de criminalidadade.
Referências Bibliograficas
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CONDE, Lílian Ma. Ribeiro, Liderança e Identidade Potente: uma perspectiva para Gestão Compartilhada,Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Engenharia de Produção, em 11/03/2004. Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/Resumo.asp?5566> Acesso em: 16abr2004
DINIZ, Maria Helena. A Ciência Jurídica. 4 ed. São Paulo: Saraiva, p. 129.
DUXBURY, Neil, Exploring Legal Tradition: Psychoanalytical Theory in the Roman in Modern Continental Jurisprudence, 1989,9 Legal Studies, pp.84-98, mimeo.
FREUD, S., Psicologia de las Masas e Analisis de Yo,1920/1921, v.3, Obras Completas Trad. LOPES, BALLESTEROS Y TORRES. Madrid. España
______,Lecciones Introductorias al Psicoanalisis, 1926-27, v.1, Obras Completas. Trad. LOPES, BALLESTEROS Y TORRES. Madrid. España.
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GARCIA, Célio, Psicología Jurídica – Operadores do Simbólico, São Paulo: DelRey, 2004
GENRO, Tarso, Kelsen e Renner conversam com Norberto Bobbio, 2004, Disponível em: <www.tarsogenro.com.br/artigos/fullnews.php?id=17 > Acesso em: 14abr2006.
KELSEN, Hans. Teoria geral das normas. Trad. José Florentino Duarte. Porto Alegre, Fabris, 1986.
 
LIMA, Susana Rocha França da Cunha. Considerações sobre a norma hipotética fundamental . Jus Navigandi, Teresina, a. 5, n. 51, out. 2001. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2157>. Acesso em: 14 abr2006
PEREIRA, Rodrigo da Cunha, Princípios fundamentais e norteadores para o direito de família, Universidade Federal do Paraná. Setor de Cięncias Jurídicas.Programa de Pós-Graduaçăo em Direito, 2004, Disponível em: 
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WINNICOTT, D., Privação e delinqüência. Trad. de Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
PETRAZYCKI, Leon, Law and morality. Cambridge [MA]: Harvard University Press, 1955
1 Neil Duxbury (1989, p.84) afirma: 
At the beginning of this century the Russo-Polack jurist Leon Petrazycki proposed a theory of legal psychology , arguing that law, as an intuitively intelligible component of the human mental process, is in essence constituted by individual feelings of moral obligation and responsibility. Around the same time, psychoanalytical theory as beginning to make slight impact on American and European jurisprudential thinking. This impact was to become all the more significant when in the 1930s, Thurmam Arnold e Jerome Frank presented arguments about nature of legal reasoning, and the roles of both academic lawyers and judge, which very clearly founded upon broad interpretations of psychoanalytical ideas and concepts. In the continental tradition, Hans Kelsen thought in his early work drawing the distinction between pure legal theory and psychological-sociological speculation, nevertheless attempted on occasion to conceive of the sovereignty of the state in Freudian psychoanalytical terms. 
Para maior informação, sugerimos consulta ao sítio: � HYPERLINK "http://www.umass.edu/legal/" ��http://www.umass.edu/legal/�
2 A respeito do ID, comenta Freud na Conferência XXXI:
É a parte obscura, a parte inacessível de nossa personalidade; o pouco que sabemos a seu respeito, aprendemo-lo de nosso estudo da elaboração onírica e da formação dos sintomas neuróticos, e a maior parte disso é de caráter negativo e pode ser descrita somente como um contraste com o ego. Abordamos o id com analogias; denominamo-lo caos, caldeirão cheio de agitação fervilhante. Descrevemo-lo como estando aberto, no seu extremo, a influências somáticas e como contendo dentro de si necessidades instintuais que nele encontram expressão psíquica; não sabemos dizer, contudo, em que substrato. Está repleto de energias que a ele chegam dos instintos, porém não possui organização, não expressa uma vontade coletiva, mas somente uma luta pela consecução da satisfação das necessidades instintuais, sujeita à observância do princípio de prazer. As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao id, e isto é verdadeiro, acima de tudo, quanto à lei da contradição. Impulsos contrários existem lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro: quando muito, podem convergir para formar conciliações, sob a pressão econômica dominante, com vistas à descarga da energia. No id não há nada que se possa comparar à negativa e é com surpresa que percebemos uma exceção ao teorema filosófico segundo o qual espaço e tempo são formas necessárias de nossos atos mentais. No id, não existe nada que corresponda à idéia de tempo; não há reconhecimento da passagem do tempo, e — coisa muito notável e merecedora de estudo no pensamento filosófico nenhuma alteração em seus processos mentais é produzida pela passagem do tempo. Impulsos plenos de desejos, que jamais passaram além do id, e também impressões, que foram mergulhadas no id pelas repressões, são virtualmente imortais; depois de se passarem décadas, comportam-se como se tivessem ocorrido há pouco. [...]
3 Segundo Conde (2004, p. 98) pode-se afirmar que: 
A frustração pode ser entendida como negativa ou como adiamento da satisfação do desejo e pode resultar de nossa própria ação, no sentido de impor-nos a espera do transcurso de intervalo de tempo necessário para que o atendimento ao desejo se proceda segundo às exigências da realidade externa. A frustração podetambém ser resultante da impossibilidade de satisfazer ou de dar continuidade à satisfação do desejo na realidade. Neste caso, em termos mentais, a frustração torna-se sinônimo da própria realidade, por opor-se à realização do desejo. Assim, quando a realidade impede ou adia a satisfação, o ódio à frustração é também o ódio à realidade que a ocasionou.
4 Ana Maria Nogueira Lemes, consultada pela autora deste artigo, afirma que “. O artigo 28, II do CP é claro no sentido de que a embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos não exclui a imputabilidade. Apenas a embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior levará à exclusão da imputabilidade se o agente, ao tempo da ação ou da omissão, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento., segundo o que reza o art. 28 II, § 1º e art. 19 da Lei 6368/76 - Entorpecentes. Na doutrina há o entendimento de que se a embriaguez for patológica, comprovada por perícia médica como doença ou perturbação mental, aplica-se o artigo 26 do CP. Somente neste caso é o agente considerado inimputável. Ressalte-se que o legislador, ao tratar da embriaguez, não está se reportando apenas àquela proveniente da ingestão de bebidas alcoólicas.

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