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Uni-ANHANGUERA Centro Universitário de Goiás Curso de Direito A EDUCAÇÃO E A CONVIVÊNCIA FAMILIAR COMO DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Wesley Carlos da Rocha Ribeiro Goiânia, maio de 2009. Wesley Carlos da Rocha Ribeiro A EDUCAÇÃO E A CONVIVÊNCIA FAMILIAR COMO DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Monografia apresentada à professora Ms. Núria Micheline Meneses Cabral, do Curso de Direito do Uni-Anhanguera Centro Universitário de Goiás, como requisito para a obtenção da aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II. Orientadora: Profª. Ms. Núria Micheline Meneses Cabral Goiânia, maio de 2009. Monografia, A educação e a convivência familiar como Direitos Humanos Fundamentais da criança e do adolescente, apresentada à professora Núria Micheline Meneses Cabral, do Curso de Direito do Uni- Anhanguera – Centro Universitário de Goiás, pelo Bacharelando Wesley Carlos da Rocha Ribeiro, como trabalho de conclusão de Curso, requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito, aprovada pela banca examinadora formada pelos professores: Orientadora: Profª. Ms. Núria Micheline Meneses Cabral Assinatura: Examinador (a): Prof. Assinatura: Goiânia, maio de 2009. Dedico estes escritos à minha esposa Renata e às minhas filhas Yasmim Krystinni e Sophia Nínive, pelo apoio e por compreender os momentos de ausência, sempre com muito amor e dignação. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por soprar a vida em meu coração todas as manhãs ao longo destes anos e, à minha mãe pelos joelhos dobrados em constantes orações, concorrendo para que todos os obstáculos fossem sobrepujados. Resumo Disserta-se sobre o direito à educação e o direito à convivência familiar como direitos humanos fundamentais da criança e do adolescente, enquanto pessoas em desenvolvimento, à luz da Constituição Federal de 1988, bem como os princípios que norteiam o tema proposto. Apresentando preliminarmente a história dos Direitos Humanos no Brasil e no mundo, procurou-se conceituar o que vem a ser direito humano, bem como a importância de se buscar uma efetiva aplicação desse direito à pessoa, notadamente às crianças e aos adolescentes enquanto cidadãos em desenvolvimento. Tendo em vista a ampla complexidade em que se insere o Brasil, no que concerne ao direito à educação e ao direito à convivência em família, optou- se em trabalhar essas duas vertentes dos direitos fundamentais da pessoa humana. A primeira, relacionada à análise crítica das políticas educacionais como um todo. A segunda, demonstrar a dificuldade em se fazer cumprir as políticas de inserção de crianças e adolescentes em famílias substitutas, por meio da adoção especificamente, haja vista a grande burocracia instituída por essas mesmas políticas, concebidas a princípio com o intuito de agilizar os processos de adoção esbarra em diversos obstáculos, sobretudo na morosidade do poder judiciário, inclusive. Palavras Chaves: Educação. Adoção. Família. Políticas. Públicas. Burocracia. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 1. DIREITOS HUMANOS – CONCEITO E HISTÓRICO 11 1.1 O que são Direitos Humanos 11 1.2 Um breve histórico acerca dos Direitos Humanos 12 1.2.1 História dos Direitos Humanos no Mundo 12 1.2.2 História dos Direitos Humanos no Brasil 14 1.3 As gerações dos Direitos Humanos 16 1.3.1 Direitos Humanos de primeira geração 16 1.3.2 Direitos Humanos de segunda geração 16 1.3.3 Direitos Humanos de terceira geração 17 1.3.4 Direitos Humanos de quarta geração 17 1.4 A identificação do ser humano no contexto dos Direitos Humanos 18 2. DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 20 2.1 Criança: Cidadão em formação 20 2.2 A educação como Direito humano fundamental 21 2.3 O direito fundamental à educação à luz da Constituição Federal de 1988 22 2.4 Princípios constitucionais da educação 23 2.5 Preceitos constitucionais relativos à educação 23 2.6 A política educacional no Brasil 25 3. O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR COMO DIREITO FUNDAMENTAL 26 3.1 Conceito de família 26 3.2 O direito à convivência familiar no âmbito da Constituição Federal 27 3.3 Convivência familiar, Direito Humano Fundamental 27 3.4 Convivência familiar, base da formação da criança e do adolescente 28 3.4.1 Família Natural 29 3.4.2 Família Substituta 29 3.5 A adoção como forma colocação em família substituta 29 3.6 O instituto da adoção no contexto brasileiro 31 3.7 A dificuldade para a concretização das políticas de adoção no Brasil e a consequente afronta ao direito à convivência familiar 31 4 CONCLUSÃO 33 REFERÊNCIA E FONTES CONSULTADAS 36 9 INTRODUÇÃO A educação e a convivência familiar como direitos humanos fundamentais da criança e do adolescente é tema de reflexão relativa a importância de se dar efetividade às políticas públicas já existentes, bem como conscientizar a sociedade acerca da necessidade de corroborar para o cumprimento deste direito, conforme preceituado na Carta Magna, no artigo 227, caput: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Conceituar direitos humanos, descrevendo por meio de um breve histórico as origens e fazes, citando as gerações que compuseram o que hoje conhecemos por Direitos Humanos Fundamentais. A pesquisa visa demonstrar, não desmerecendo os demais direitos, a importância da atenção que se deve dispensar em relação à criança e a adolescente, enquanto pessoas em desenvolvimento e consequentemente futuros cidadãos, compreendendo o quanto é imprescindível para a boa formação deste ser o acesso à educação, de qualidade e em igualdade de condições, bem como dar condições para que as crianças e adolescente possam fazer jus à convivência em família, mesmo que não seja a natural, direito este notadamente humano e fundamental.Evidenciar que, a sociedade deve cobrar o cumprimento das políticas públicas existentes, no que concerne à educação, seja em relação ao ensino fundamental, médio ou mesmo em nível superior, pois somente por meio da educação de qualidade é que se dá além da cultura e conhecimento oportunidades concretas, profissional, inclusive, contribuindo para que estes seres humanos se tornem verdadeiros cidadãos. 10 Demonstrar que, uma das formas de se cumprir o direito humano fundamental de convivência familiar, é a colocação da criança e do adolescente em família substituta, notadamente por meio da adoção, cujas políticas também não tem sido cumpridas de forma satisfatória no Brasil. A educação e a convivência familiar são capazes de colaborar para a boa formação, bem como para o desenvolvimento sob todos os aspectos das crianças e adolescentes no Brasil? - As políticas públicas direcionadas à educação e para a colocação das crianças e adolescentes em famílias substitutas, sobretudo por intermédio da adoção estão sendo eficientes? - Quais os motivos que levam aos adotantes a desistirem de esperar por uma criança, mesmo que em idade mais avançada? A busca destas e outras respostas é o que vislumbra-se por intermédio desta pesquisa. Para tanto, nos embasaremos na leitura de obras como: Direitos Fundamentais Reflexões Críticas: Teoria e Efetividade, obra organizada por Edhermes Marques Coelho; Direitos Humanos Fundamentais, de Alexandre de Morais; Direito Constitucional Alexandre de Moraes; Direito Internacional Público, Privado e os Direitos Humanos Carla Noura Teixeira; Direitos Humanos Fundamentais, do Manoel Gonçalves Ferreira Filho, dentre outros. Além de pesquisa em sites relativos à temática dos direitos humanos e suas implicações. Para a execução do presente trabalho, usar-se-á o método dedutivo, pois se irá apresentar os conceitos e leis, para depois particularizar o objeto pesquisado, por meio de documentação indireta, abrangendo pesquisa documental e bibliográfica. 11 1 DIREITOS HUMANOS – CONCEITO E HISTÓRICO 1.1 O que são Direitos Humanos A busca pela compreensão da dignidade da pessoa humana e de seus direitos tem sido o resultado do sofrimento moral, bem como da dor física, que a cada invasão súbita e impetuosa de violência, as pessoas recuam, perplexas, à vista dos maus tratos e humilhações que se mostram diante de seus olhos; assim, a culpa pelas torturas, pelas explorações ultrajantes, pelos massacres coletivos, faz surgir nas consciências, a exigência de novas condutas a serem seguidas por uma vida mais digna para todos. Tais condutas são expressas por meio do que, já faz algum tempo, conhecemos por direitos humanos ou direito dos homens; direitos estes, inerentes à pessoa humana, que visam resguardar a sua integridade física e psicológica perante seus iguais e perante o Estado em geral. Sim, pois visam limitar os poderes das autoridades, tendo por escopo garantir o bem estar social através da igualdade, fraternidade e da proibição de qualquer espécie de discriminação. Em primeiro lugar vamos tentar construir um conceito para a expressão direitos humanos, haja vista que, mesmo sendo facilmente identificado, não se torna uma tarefa fácil, tendo em vista a abrangência do tema. Algumas teorias tentam justificar e delimitar o alicerce dos direitos humanos; podemos ressaltar a jusnaturalista, a positivista e a moralista. A teoria jusnaturalista insere os direitos humanos em um nível superior, universal e imutável, defendendo que não se trata de uma criação humana. A teoria positivista assegura com certeza absoluta que os direitos humanos trata-se de uma criação normativa, afirmando ser uma legítima manifestação da soberania do povo. Então, só seriam considerados direitos humanos os reconhecidos pela legislação positiva. 12 Por conseguinte, a teoria moralista (ou de Perelman), preceitua que a base dos direitos humanos encontra-se na consciência moral das pessoas. Como nos ensina Alexandre de Moraes: As teorias se completam, devendo coexistir, pois somente a partir da formação de uma consciência social (teoria de Perelman), baseada principalmente em valores fixados na crença de uma ordem superior, universal e imutável (teoria jusnaturalista) é que o legislador ou os tribunais encontra substrato político e social para reconhecerem a existência de determinados direitos humanos fundamentais como integrantes do ordenamento jurídico (teoria positivista). (MORAES, 1997, p.35): A partir de tais premissas pode-se definir direitos humanos como a reunião de prerrogativas e garantias relativas ao homem, cujo objetivo básico é o respeito à sua dignidade, amparando-o contra as arbitrariedades do Estado, determinando um mínimo de condições de vida. Assim, conclui-se ser direitos indissociáveis da condição humana. Não se fala em direitos humanos sem falar em dignidade humana ou dignidade da pessoa humana, princípio este amparado pela nossa Carta Magna, no artigo 1º, inciso III. A concepção de dignidade humana é que conserva a limitação do arbítrio e do poder do Estado. Este princípio deve ser entendido subjetivamente a partir de um valor espiritual inerente ao próprio homem, que se revela por meio da liberdade de resolução e conhecimento a seu respeito. 1.2 Um breve histórico acerca dos Direitos Humanos 1.2.1 História dos Direitos Humanos no Mundo Na idade média os reis pactuavam com seus acordos, mediante os quais estes últimos confirmavam a supremacia monárquica, enquanto o rei, por sua vez, fazia algumas concessões a certos estamentos sociais. Em 1215 foi extraída pela nobreza inglesa do Rei João Sem Terra o texto jurídico Magna Carta Libertatum, algo que conheceríamos como Habeas Corpus. Dentre as principais fontes inglesas, no que concerne ao desenvolvimento dos direitos humanos, dentro do contexto histórico, podemos destacar a Lei de Habeas Corpus de 1679 e a Bill of Rights de 13 de fevereiro de 1689. 13 Outro momento crucial para o desenvolvimento dos direitos humanos foi a Independência das Colônias Americanas em 1976, cujas declarações foram diretamente influenciadas pela declaração francesa, que foi pautada em Locke, Montesquieu e Rousseau (BASTOS, 2001). Assim, podemos citar o artigo 1.º da Declaração do Estado da Virgínia: Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes e têm certos direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de sociedade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus pósteros e que são: o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir e de possuir a propriedade e de buscar e obter felicidade e segurança. Tais premissas foram encampadas pela Declaração de Independência dos Estados Unidos em 4 de julho de 1776. Sustentamos como evidentes por si mesmas as seguintes verdades: todos os homens nascem iguais e são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis; entre esses direitos estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Um dos momentos mais importantes para o desenvolvimento dos direitos humanos, senão o mais trata-se da Revolução Francesa, que proclamou a liberdade, a igualdade, e a soberania popular. Este evento culminou na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão aprovada pela Assembleia Nacional em 26 de agosto de 1789, universalidade e cunho racional, isto é considerava-se válida para toda a humanidade. Com o fim do século XVIII, o liberalismo procurou assegurar uma liberdade contra o Estado, garantindo a vida e o direito de locomoção,de expressão do pensamento e de propriedade. Além de procurar efetivar a participação do indivíduo na formação da vontade do Estado. (BOBBIO, 2004) Entre os séculos XIX e XX, surge a necessidade de enfrentar novos desafios, levou a nova concepção dos direitos humanos. No início foram criados para proteger indivíduo contra o Estado; hoje já se aceita a proteção do indivíduo contra outros indivíduos ou grupos de indivíduos. Em 1948, foi votada pela Assembleia Geral da ONU a Declaração Universal dos Direitos do Homem, declaração esta que representa a consciência histórica que a humanidade tem dos valores fundamentais na segunda metade do século XX. 14 Como se trata de uma síntese do passado e uma inspiração para o futuro, considera-se que o reconhecimento da dignidade da pessoa humana inerente a todas as pessoas e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo. 1.2.2 História dos Direitos Humanos no Brasil A história dos Direitos Humanos no Brasil está diretamente ligada a história das constituições brasileiras. Portanto, para falarmos a respeito, abordaremos, de forma sucinta a história as várias Constituições no Brasil e a contribuição destas aos Direitos Humanos. A Constituição de 1824 foi outorgada após a dissolução da Constituinte, razão da rejeição que acarretou protestos em vários Estados Brasileiros. Essas reivindicações de liberdade culminaram com a consagração dos Direitos Humanos, pela Constituição Imperial, que mesmo autoritária, revelou-se liberal no reconhecimento de direitos. Em 1891, surgiu a primeira Constituição Republicana, que tinha como escopo, incorporar juridicamente o regime republicano instituído com a Revolução que derrubou a coroa. Essa Constituição instituiu o sufrágio direto para a eleição dos deputados, senador, presidente e vice-presidente da República. Porém, o sufrágio direito não modificou as regras de distribuição do poder, haja vista que a força econômica dos fazendeiros e o estabelecimento do voto, pudessem manipular os mais fracos economicamente. Mesmo assim, pode-se afirmar que a primeira Constituição republicana ampliou os Direitos Humanos, mantendo inclusive os direitos já consagrados pela Constituição Imperial. Com a reforma constitucional em 1926, procurou-se remediar os abusos praticados pela União em razão das intervenções federais nos Estados. A Revolução de 1930 provocou grande desrespeito aos Direitos Humanos, sendo praticamente esquecidos. O Congresso Nacional e as Câmaras Municipais foram dissolvidos, a magistratura perde suas garantias e o habeas corpus ficou restrito a réus ou acusados em processos de crimes comuns. Tais atitudes culminaram com a Revolução constitucionalista de 1932, em que foi nomeada uma comissão para elaborar um projeto de Constituição. 15 Assim, a Constituição de 1934 estabeleceu algumas franquias liberais, como por exemplo: determinou que a lei não poderia prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; vedou a pena de caráter perpétuo; proibiu a prisão por dívidas, multas ou custas; criou a assistência judiciária para os necessitados. Além das garantias individuais, a Constituição de 1934 inovou ao estatuir normas de proteção social ao trabalhador. Foi proibido o trabalho de menores de14 anos de idade, o trabalho noturno para menores de 16 anos e para mulheres. O repouso semanal remunerado e a limitação de trabalho a oito horas diárias. (HERKENHOFF, 1994). A Constituição de 1934, não se esqueceu dos direitos culturais. Ela respeitou os Direitos Humanos e vigorou durante mais de 3 anos, até a introdução do chamado “Estado Novo”, em novembro de 1937, que introduziu o autoritarismo no Brasil. Os Direitos Humanos praticamente não existiram durante os, quase, oito anos em que vigorou o “Estado Novo”. Neste período ficaram suspensas quase todas as liberdades a que o ser humano tem direito, dentre elas, a liberdade de ir e vir, a liberdade de reunião e etc. Com a constituição de 1946, o país foi redemocratizado, pois restaurou os direitos e garantias individuais, sendo inclusive, até mesmo ampliados, do mesmo modo os direitos sociais. A Constituição de 1946 garantiu os Direitos Humanos, durante os quase 18 anos de duração. O surgimento da Constituição de 1967 trouxe vários retrocessos, suprimindo a liberdade de publicação, estabelecendo foro militar para os civis, mantendo todas as punições e arbitrariedades decretadas pelos Atos Institucionais. Essa Constituição vigorou até outubro de 1969, sendo que, em dezembro de 1968, foi baixado o Ato Institucional número 5 ou o AI-5, o mais terrível dos Atos. Este ato trouxe todos os poderes discricionários do Presidente estabelecidos pelo AI-2, de volta. A Constituição de 1969 retroagiu, ainda mais, já que teve incorporado ao seu texto legal, as medidas autoritárias dos Atos Institucionais. Portanto, não foram respeitados os Direitos Humanos. Com a queda do AI-5 em 1978, começa-se a notar uma luz no final do túnel e com anistia conquistada em 1979, representou uma grande conquista do povo, mesmo não acontecendo de forma que era esperada, já que anistiou, em nome do regime, os criminosos e torturadores. 16 A Constituição de 1988, também chamada de “Constituição Cidadã”, veio proteger, mesmo que tardiamente, os direitos do homem. Já no preâmbulo a questão da dignidade da pessoa humana é tratada, mais adiante, no artigo quinto, fala-se da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à igualdade. (MORAES, 2008). Com a Constituição de 1988 há uma redefinição do Estado brasileiro e de seus direitos fundamentais. E ao ler os dispositivos constitucionais, podemos deduzir o quanto foi acentuada a preocupação do legislador, em garantir a dignidade, o respeito e o bem-estar da pessoa humana, de modo a se alcançar a justiça social. 1.3 As gerações dos Direitos Humanos Em razão da evolução histórica dos Direitos Humanos, verificaremos as gerações de direitos em primeira, segunda, terceira e quarta geração, conforme veremos a seguir: 1.3.1 Direitos Humanos de primeira geração São os direitos que fundamentaram na liberdade, civil e politicamente considerada. Formaram-se com a ideia de Estado de Direito, submisso a uma Constituição. São os direitos que conformam a relação entre o Estado e o indivíduo. Em regra são integrados pelos direitos civis e políticos como o direito à vida, à intimidade, à inviolabilidade de domicílio etc. Resultam fortemente do pensamento jusfilosófico do final do século XVIII e início do século XIX, fazendo referência direta ao princípio da liberdade preceituado na Revolução Francesa. (BOBBIO, 2004). 1.3.2 Direitos Humanos de segunda geração Concentra-se nas necessidades do ser humano; em ótica oposta aos direitos de primeira geração, representam uma evolução na proteção da dignidade da pessoa humana. De outro modo, os direitos de segunda geração também são chamados direitos positivos e impõe ao Estado uma conduta ativa em prol da realização de direitos sociais, econômicos e culturais. Direitos estes, tão necessários ao exercício de uma vida digna. 17 Este período dos direitos humano passou a figurar nas Constituições, de modo mais marcante, após a Segunda Guerra Mundial, tendo maior efetivação a partir do início do século XX. Na segunda geração de direitos, tiveram reconhecidos os Direitos sociais, econômicos e culturais que, em relação à Revolução Francesa, referem-se ao Princípio da Igualdade. 1.3.3 Direitos Humanos de terceira geração Nestemomento, surge uma nova seara jurídica voltada para o pensamento do ser humano enquanto gênero, em sua essência e razão de existir. Ou seja, há um resgate do fundamento de solidariedade e fraternidade voltadas para a proteção do ser humano em sua essência. Compõe assim, novos direitos como: direito à paz no mundo; direito ao desenvolvimento econômico dos países; direito à preservação ambiental, ao patrimônio comum da humanidade; e direito à comunicação. Entendimento recente agrupa os referidos direitos entre os direitos difusos ou coletivos, cuja efetivação só é possível se houver cooperação entre os povos. O direito de terceira geração tem os Direitos difusos ou coletivos reconhecidos constitucionalmente e são remissivos ao Princípio da Fraternidade ou solidariedade, enunciados na Revolução Francesa. 1.3.4 Direitos de quarta geração Mesmo não sendo o principal objetivo de nosso estudo, não poderíamos deixar de ressaltar o que alguns autores designam como uma quarta geração de direitos cujo fundamento é a globalização do Estado neoliberal. São direitos de quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. A sociedade globalizada amplia horizontes materiais e intelectuais, porém, expõe o indivíduo à dominação por outros povos. Também são direitos de quarta geração aqueles relativos à pesquisa biológica que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo. 18 O que se deve ter em mente é que, torna-se necessário que a ordem jurídica internacional o proteja esses direitos, pois, até mesmo a soberania dos Estados sofre abalos por sua inserção no denominado mundo globalizado. 1.4 A identificação do ser humano no contexto dos Direitos Humanos Nesse contexto, identificamos o ser humano como um indivíduo dotado de consciência e que deve ser respeitado no que concerne aos seus direitos, principalmente, no que se refere ao princípio da dignidade da pessoa humana. Os Direitos Humanos, na sua evolução histórica social, vem sendo inspiração da maioria das Cartas Constitucionais dos Estados. O ser humano, como alvo dessas premissas deve ser inserido em primeiro plano para que se alcance a efetiva realização desses ideais. A criança e o adolescente não estão e não devem estar à margem desse entendimento, pois da mesma forma, são seres humanos em formação, e notoriamente quando são criados em um ambiente em que seus direitos são respeitados em todos os sentidos, desenvolvem-se e tornam-se pessoas de consciência que vão pautar-se pela propagação desses fundamentos. Fica então evidente que os direitos de segunda e terceira geração são os que mais direcionam o estudo em questão. Pois, em seu contexto, tratam dos direitos sociais como moradia, saúde e educação. Os direitos econômicos que tratam da distribuição de renda e acesso as muitas possibilidades como alimentação e lazer, e por fim os direitos culturais. Nos direitos de terceira geração verifica-se que todos devem assumir a responsabilidade pela efetiva concretização dos direitos enumerados, pois se trata de direitos inerentes a todos como: preservação ambiental, paz no mundo e direito ao desenvolvimento econômico dos países. Outrossim, faz-se necessário observarmos com mais afinco os direitos como o direito à educação e o direito à convivência familiar, este último não devendo ser entendido apenas como família biológica, pois se tratam de direitos inerentes à própria condição humana. 19 A pessoa em situação de desenvolvimento necessita de um mínimo para progredir sob todos os aspectos. Assim, é preciso que se tenha e que se faça cumprir políticas sérias concernentes aos direitos outrora citados, tendo uma grande necessidade de disponibilizar para as crianças e adolescentes o acesso à educação pública de qualidade no intuito de promover igualdade de oportunidades e também desburocratizar as vias de adoção para permitir às crianças e aos adolescentes a chance de terem um lar e consequentemente uma família que os abrigue em segurança. Todavia, passaremos a minudenciar acerca dos direitos à educação e à convivência familiar, notadamente inerente às crianças e aos adolescentes, no contexto das políticas públicas, quanto à efetividade destas, inclusive. Ressalte-se que não estamos desconsiderando os demais direitos humanos fundamentais, como por exemplo, o direito à saúde pública de qualidade, o direito à moradia ou mesmo o direito à vida, mas tão somente evidenciando o quão importante é atentarmos para nossas crianças e adolescentes, no que concerne a buscarmos políticas públicas efetivas em relação à educação, que é responsável pela formação desse futuro cidadão, bem como à convivência familiar o que dará respaldo para essa pessoa em desenvolvimento crescer saudável sob todos os aspectos. 20 2 O DIREITO À EDUCAÇÃO, DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL 2.1 Criança: cidadão em formação Quando se fala em direitos humanos não se pode dicotomizar dos direitos da criança e do adolescente, haja vista a concepção de criança e adolescente como sujeitos especiais de direitos próprios ligados intimamente como premissas, no intuito de propiciar as oportunidades de se desenvolverem em um ambiente que lhe permitam tornar-se cidadãos de fato, que se preocupam com o bem estar de todos a sua volta, bem como com as relações sociais pertinentes aos seres humanos que fazem parte da sua essência. Verifica-se que os direitos da criança e do adolescente fazem parte de uma categoria dos direitos humanos que tem sido aspiração de toda a humanidade e, praticamente todos os Estados trazem no bojo de suas Cartas Constitucionais normas específicas direcionadas a esses humanos que precisam de atenção especial. Assim, a proteção integral da criança enquanto sujeito específico constitui ônus não só de seus genitores, mas de igual forma, de toda a sociedade em que ela se encontra inserto. Com fundamento constitucional (artigo 5º, CF) previu o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, que a criança e o adolescente tem direito à educação, à cultura, ao esporte, à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo e desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na constituição. Sem dúvidas todos os direitos acima enumerados são deveras importantes, para tanto enfocaremos os direitos humanos voltados à criança e ao adolescente nos direitos à educação de qualidade e em igualdade de condições, à convivência familiar, fazendo observação à importância da adoção, mesmo que tardia. 21 Vale salientar que, não estamos fazendo distinção em relação aos demais direitos humanos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, bem como de toda pessoa humana, mas tão somente evocar os direitos que mesmo expressos em nossa Carta Magna que foi concebida tendo em seu bojo princípios tão insignes, verifica-se que não estão sendo cumprimento de forma efetiva e eficaz. Sim, pois se fossem de fato cumpridos em sua excelência, os níveis de desenvolvimento em nosso país seriam com certeza imensuráveis. 2.2 A educação como direito humano fundamental A educação é um elemento imprescindível para a formação do ser humano, sobretudo no que concerne a educação como Direito Humano e não apenas educação para o Direito Humano, como é tratado na literatura como um todo. A palavra educação deriva do latim educatio, educationis, que indica a ação de criar, de alimentar, de construir um lineamento cultural.O conceito de educação, conforme nos ensina Celso de Mello apud MELLO FILHO: É mais compreensivo e abrangente que o da mera instrução. A educação objetiva propiciar a formação necessária ao desenvolvimento das aptidões, das potencialidades e da personalidade do educando. O processo educacional tem por meta: (a) qualificar o educando para o trabalho; (b) prepará-lo para o exercício consciente da cidadania. O acesso à educação é uma das formas de realização concreta do ideal democrático.Celso de Mello (apud MELLO FILHO, 1986, p. 533). A Carta Magna preceitua que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família (art. 205), devendo a sociedade promover e incentivar tal premissa em conjunto, objetivando assim, ao pleno desenvolvimento da pessoa, notadamente a criança e o adolescente, preparando este ser humano para o exercício pleno da cidadania e a sua efetiva qualificação para o trabalho, inclusive. Entende-se com isso que a educação deve ser observada a partir de detalhes internos de avaliação e dos externos, pela observação da consistência com a exigência e os arquétipos da sociedade. Outrossim, um aspecto relevante que não pode ser desconsiderado é o fato de que a educação como um Direito Humano diz respeito ao fato de que o acesso à educação é em si o fundamento para a realização e a conquista de outros Direitos. Queremos dizer com isso que a pessoa que passa por processos educativos, notadamente pelo sistema escolar, é um cidadão que tem melhores condições de 22 realizar e defender os outros direitos humanos (saúde, habitação, meio ambiente, etc). Verifica-se que os sistemas escolares são parte deste processo educativo em que aprendizagens básicas são desenvolvidas. Assim, conhecimentos essenciais são perpassados, normas, comportamentos e habilidades são ensinados e aprendidos. Na sociedade atual, o conhecimento escolar é quase uma premissa para sobrevivência e bem estar social. 2.3 O direito fundamental à educação à luz da Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 1988 dedica toda uma seção ao direito à educação, sendo composto pelos artigos 205 a 214. Preceitua que cada um dos entes que compõe a federação deve comprometer, anualmente, uma quantia mínima da receita resultante de impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino. O fulcro jurídico recebido do texto constitucional, bem como de inúmeras convenções internacionais se junta ao fato de o direito à educação estar diretamente relacionado aos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, notadamente com o da dignidade da pessoa humana. (OLIVEIRA; ADRIÃO 2007). Ainda que concebido como um direito social, ocupando a segunda geração dos direitos humanos, a efetividade do direito à educação é imprescindível à própria salvaguarda do direito à livre determinação. Por meio da educação, o individuo compreende o alcance de suas liberdades, a forma de aplicação de seus direitos e o mister de seus deveres, o que permite a efetiva integração em uma democracia efetivamente participativa. Em suma, a educação é o passaporte para a cidadania. A Carta Magna, ao consagrar a universalidade e indivisibilidade dos direitos humanos, consequentemente entrega ao Estado e ao cidadão, mesmo que implicitamente, o dever de educar e também o direito de ser educado, em direitos humanos e cidadania. Ou seja, somente com a participação de toda a sociedade, é que os direitos humanos fundamentais alcançarão a sua plena efetividade. 23 2.4 Princípios constitucionais da educação A educação tem por base os princípios enumerados na Constituição Federal (art. 206): (a) Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; (b) Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. A liberdade de cátedra é um direito do professor, que poderá livremente exteriorizar seus ensinamentos aos alunos, sem qualquer ingerência administrativa, ressalvada, porém a possibilidade da fixação do currículo escolar pelo órgão competente; (c) Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. O texto constitucional proclama a liberdade de ensino à iniciativa privada, desde que observe as normas gerais de educação nacional; (d) Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; (e) Valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; (f) Gestão democrática do ensino público, na forma da lei; (g) Garantia de padrão de qualidade. Sob a ótica do tema da qualidade na educação, ela tem sido tratada somente sob o aspecto da evasão e da repetência, por meio de indicadores numéricos de produtividade. Esta restrição acaba por não medir processos educativos, apenas resultados e muitas vezes de maneira extremamente limitada. Isso torna o tema difícil de ser tratado, ou seja, como definir, medir qualidade, e com controle social. 2.5 Preceitos constitucionais relativos à educação O acesso ao ensino público gratuito é direito subjetivo e o não oferecimento por meio do governo, ou mesmo sua oferta de forma insuficiente e irregular, enseja responsabilidade da autoridade competente, conforme preceitua no artigo 208, VII, §§ 1º e 2º, Constituição Federal de 1988. Outrossim, a obrigação do Estado em relação às políticas inerentes à educação será executada com observância dos seguintes preceitos constitucionais conforme os artigos 208, 209 210 da CF/88: (a) Ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiverem acesso na idade própria; (b) Progressiva universalização do ensino médio gratuito; (c) Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 24 preferencialmente na rede regular de ensino; (d) Atendimento em creche e pré escola às crianças de zero a seis anos de idade; (e) Acesso aos níveis mais elevados do ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; (f) Fixação de conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais; (g) Previsão de existência de ensino religioso, de matrícula facultativa, constituindo disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. O ensino religioso deverá ser ministrado de acordo com a fé religiosa do aluno; (h) Obrigatoriedade de o ensino fundamental regular ser ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Concebendo os preceitos acima enumerados, procurou o legislador estabelecer, por meio de lei, o Plano Nacional de Educação - PNE, de duração plurianual, que tem por escopo alcançar o desenvolvimento do ensino nos mais diversos níveis, bem como à integração das ações do poder e das políticas públicas que levem à erradicação da pobreza, à universalização do atendimento escolar, à melhoria da qualidade do ensino, a qualificação para o trabalho, a promoção humanística, científica, bem como tecnológica do país. (MORAES, 2006, p. 766). A educação é um elemento fundamental para a realização da vocação humana. Não apenas a educação escolar, mas a educação no seu sentido amplo, a educação pensada num sistema geral, que implica na educação escolar, mas que não se basta nela, porque o processo educativocomeça com o nascimento e termina apenas no momento da morte do ser humano. Isto pode ocorrer no âmbito familiar, na sua comunidade, no trabalho, junto com seus amigos, nas igrejas etc. Os processos educativos são inerentes à pessoa humana. Os sistemas escolares, bem como as políticas educacionais de responsabilidade dos governos são parte destes processos, os quais se desenvolvidos de forma eficiente corroboram para as aprendizagens básicas e essenciais serem transmitidas, normas, comportamentos e habilidades serem ensinadas e aprendidas. 25 2.6 A política educacional no Brasil A política educacional, trabalhada pelo governo, por meio dos órgãos competentes, parte da premissa de que esta seja direcionada à inclusão e ao desenvolvimento social, considerando a necessidade de ampliar de forma consistente o acesso a todas as etapas da educação e de garantir com isso os melhores padrões de qualidade, bem como igualdade á sociedade brasileira. No entanto, essa política que tem por escopo assegurar às crianças e aos jovens o direito à escolaridade, tenta também lhes assegurar o direito à permanência e, sobretudo, ao acesso a escolas públicas de qualidade. Isso tem sido difícil de concretizar, haja vista os inúmeros desafios enfrentados no contexto educacional, notadamente no que concerne às políticas de consolidação das pretensões advindas da lei. A escola é o berço da democracia, para tanto se faz necessário um padrão de qualidade que permita a inclusão de forma igualitária na sociedade, sobretudo das crianças e adolescentes, com vistas a atingir a emancipação por intermédio do compromisso sério com os valores democráticos. A educação como direito humano fundamental pautado na Constituição Federal de 1988, bem como na legislação específica, com, por exemplo, a LDB, constitui requisito imprescindível para que o ser humano em formação, tenha acesso irrestrito a outros direitos fundamentais da pessoa humana. (OLIVEIRA; ADRIÃO, 2007). 26 3 O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 3.1 Conceito de família O conceito de família deve ser analisado sob duas vertentes. Em sentido amplo, família é considerada o conjunto de todas as pessoas, unidas pelos laços do parentesco, com descendência comum, englobando, igualmente, os afins, tios, primos, sobrinhos dentre outros. Ou seja, a família é determinada pelo sobrenome. Por outro lado, em sentido mais estrito, família se restringe aos pais e os filhos, um dos pais e os filhos, o homem e a mulher em situação de união estável, ou apenas irmãos. É neste sentido que mais se utiliza o termo entidade familiar. (MORAES, 2006, p. 780). A norma se baseia em orientações maiores para sustentar o Direito de Família, haja vista que tal instituto tornou-se mais evidente com o advento da Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã. De acordo com a Carta Magna (art. 226), a proteção à família é garantida por meio de três espécies de entidades familiares, quais sejam: a constituída pelo casamento civil ou religioso com os efeitos civis, a que se constitui por intermédio da união estável entre homem e mulher e a comunidade que é determinada por qualquer um dos pais e seus descendentes. Importante ressaltar que os princípios relativos ao Direito de Família, contidos no bojo de nossa Constituição, estão compreendidos como possuidores de força normativa e não meros ornamentos supletivos. É nesse contexto que se insere o direito à convivência familiar, inerente à criança e ao adolescente, como seres humanos em formação, quando em situação de abandono, conflito com a lei e de institucionalização. 27 3.2 O direito à convivência familiar no âmbito da Constituição Federal Ainda no artigo 227, caput, da Constituição Federal de 1988, é enumerado de forma taxativa que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, dentre outros, o direito à convivência familiar. O embasamento jurídico e social do direito à convivência familiar é inerente à condição de elemento indispensável ao pleno desenvolvimento da pessoa humana e à consolidação da própria cidadania. Destaca-se que a constitucionalização dos direitos humanos fundamentais, por parte do legislador constituinte, não significa mera enunciação formal de princípios, mas a plena positivação de direitos, em que qualquer indivíduo é parte responsável por exigir a efetiva solidificação da democracia. Os direitos humanos fundamentais tornam-se imprescindíveis a todas as Constituições, no sentido de eleger o respeito à dignidade da pessoa humana, resguardar a limitação de poder e primar pelo pleno desenvolvimento da pessoa humana, como nos ensina Alexandre de Moraes: Nesse contexto, portanto, surge a Constituição Federal, que, além de organizar a forma de Estado e os poderes que exercerão as funções estatais, igualmente consagra os direitos fundamentais a serem exercidos pelos indivíduos, principalmente contra eventuais ilegalidades e arbitrariedades do próprio Estado. Ressalte-se que a proteção judicial é absolutamente indispensável para tornar efetiva a aplicabilidade e o respeito aos direitos humanos fundamentais previstos na Constituição Federal e no ordenamento jurídico em geral. (MORAES, 2000, p. 21): 3.3 Convivência familiar Direito Humano Fundamental O direito de ser criado e educado no seio de uma família, natural ou substituta, constitui verdadeiro direito humano fundamental da criança e do adolescente. Neste sentido, a Constituição Federal, bem como o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, reforça este direito como um dos aspectos do direito à liberdade, quando institui e protege o direito a convivência familiar e comunitária. Preceitua-se que, é esta convivência no seio da família, bem como nos espaços comunitários, impede a saída das crianças e adolescentes às ruas, evitando perder os vínculos familiares e passando a viver em situação de abandono, seja material ou mesmo afetiva. 28 Parte-se da premissa de que quando este princípio é violado, há o início de uma gama de outras violações de direitos das crianças e dos adolescentes, quais sejam: uso de drogas, fome, desabrigo, violência física, violência sexual, prática de atos infracionais, dentre outros. 3.4 Convivência familiar, base da formação da criança e do adolescente O direito à convivência familiar é a base da formação da criança e do adolescente. A norma prevê que a criação e educação devem se dar no seio da família. É na família que a criança e o adolescente, enquanto seres em formação, garantem sua formação moral e educacional. Ali recebem manifestações de afeto, carinho e amor. Seja na família natural, também chamada de biológica, bem como na família substituta, desde que este ambiente seja harmonioso, o jovem tem garantido sua sobrevivência e seu desenvolvimento saudável. (CURY, 2008). Entende-se que a doutrina da proteção integral a família é o principal dispositivo de garantia dos direitos humanos fundamentais da criança e do adolescente, devendo primar sempre pela possibilidade de permanecerem no convívio de suas famílias naturais (biológicas). Não sendo possível, deverá verificar a possibilidade de colocar esta criança ou adolescente em família substituta, por meio de uma das possibilidades existentes em nosso ordenamento. Prevendo ser obrigação de todos primar pela dignidade da criança e do adolescente, colocando-os a salvo de qualquer tratamento desumano, aterrorizante,vexatório ou constrangedor, entendemos que uma das formas de dar efetividade ao direito de convivência familiar é a colocação desta criança ou adolescente, em situação de abandono ou qualquer outra circunstância, em família substituta, notadamente por intermédio da adoção, mesmo que de forma tardia. Para tanto, faz-se necessário primeiro conceituarmos o que vem a ser família natural e família substituta, o que veremos a seguir. 29 3.4.1 Família Natural Entende-se por família natural ou biológica a comunidade ou grupo de pessoas formado pelos pais ou qualquer um deles e seus dependentes (artigo 25 do ECA). Com o advento da Constituição Federal de 1988, o conceito de família natural foi ampliado, incluindo neste âmbito, os cônjuges ou daqueles que vivem em situação de união estável, e os filhos. 3.4.2 Família Substituta É uma medida excepcional, que se dá mediante decisão judicial, não podendo haver transferência da criança e do adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não governamentais, sem que a mesma autoridade se manifeste de cuidar da criança ou adolescente, garantindo-lhes proteção, segurança e um desenvolvimento sadio. A família substituta cumprirá o papel que não pode ser exercido pela família natural, e, na grande maioria das vezes, com o mesmo êxito. A colocação em família substituta poderá se dar por intermédio da guarda, tutela ou adoção. Esta última se efetiva por ato solene em que se assume o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo assumido com a guarda ou a tutela da criança ou adolescente, passando este jovem a integrar definitivamente àquela família. É neste instituto, a adoção, que nos focaremos a partir de então. 3.5 A adoção como forma de colocação em família substituta Para nos situarmos no contexto da adoção é preciso primeiramente diferenciar os institutos de colocação em família substituta. São três as possibilidades de se efetivar a colocação da criança e do adolescente em família substituta. O primeiro é a guarda, sendo uma das modalidades de colocação da criança e do adolescente em família substituta, vem obrigar a assistência material, moral e educacional, se destinando a regularizar a posse de fato. Não cria vínculo de filiação, como na adoção. Importante ressaltar que, a guarda confere a criança e ao 30 adolescente a condição de dependente para todos os fins, inclusive previdenciários. (CURY, 2008). O segundo trata-se da tutela, sendo esta possível quando ausente o pátrio poder, ou seja, no caso de morte ou ausência dos pais, destituição e suspensão do pátrio poder. Esta forma de colocação em família substituta implica, não obstante, o dever de guarda. A terceira modalidade é a adoção, como uma das formas de colocação da criança e do adolescente em família substituta, sendo esta uma possibilidade de dar efetividade ao direito à convivência familiar por parte deste ser humano em desenvolvimento. A adoção cria um vínculo permanente de parentesco civil, dando ao adotado, a condição de filho biológico para todos os efeitos. A Carta Magna, no artigo 227, § 6º, preceitua esta condição de igualdade entre os filhos biológicos, havidos ou não da relação de casamento, e os advindos por meio da adoção. Exclui-se com isso as terminologias antes utilizadas de filhos legítimos ou ilegítimos. O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, traz regras objetivas para se cumprir o instituto da adoção, destacaremos a seguir algumas delas para melhor compreendermos melhor esta entidade jurídica: - O adotando deve ter no máximo dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes; - A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo impedimentos matrimoniais; - Podem ser adotantes os maiores de dezoito anos de idade, independentemente do estado civil, desde que sejam, pelo menos, dezesseis anos mais velhos que o adotante; - São impedidos de adotar os ascendentes e os irmãos do adotando; - Poderá ocorrer a adoção após a morte do adotante, no caso em que o adotante vier a falecer no curso do processo, antes de prolatada a sentença, se tiver manifestado sua vontade de adorar. A adoção deve apresentar vantagens ao adotando e ser fundada em motivos legítimos, sendo obrigatório o consentimento dos pais ou responsável para a aprovação da adoção. Os efeitos da sentença são produzidos a partir do trânsito em 31 julgado da sentença, sendo a partir de então irrevogável. Ressalte-se que a morte dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos pais naturais. 3.6 O instituto da adoção no contexto brasileiro Em nosso país, bem como em grande parte do mundo ocidental, as crianças abandonadas e rejeitadas pelos pais biológicos tem um destino cruel: grande parte cresce e se educa nos limites de uma instituição, quase sempre mantida pelo Estado ou por associações não governamentais religiosas. Algumas crianças, umas poucas privilegiadas, diga-se de passagem, são adotadas por casais e famílias. Entretanto, grande parte delas, os de fato excluídos social e economicamente pelo sistema moram nas ruas. A política nacional de adoção privilegia crianças recém nascidas em detrimento de crianças mais velhas ou adolescentes, isso devido à própria cultura que temos no Brasil, estigmatizando, marginalizando e excluindo os mais velhos. Isso dificulta os processos de adoção. Ou seja, mesmo a lei garantindo o direito à criança e ao adolescente da convivência em família, não lhes garante um lar, uma família de fato. 3.7 A dificuldade para a concretização das políticas de adoção no Brasil e a conseqüente afronta ao direito à convivência familiar No Brasil é notória a preferência pelos recém nascidos, tendo em vista as expectativas criadas pelos possíveis adotantes. Essa atitude, dentre outras, colocam as crianças de idade mais avançadas e, por conseguinte os adolescentes no final da fila de espera por uma família substituta. Inúmeros casais, considerados aptos, bem como habilitados para a efetivação da adoção, estão simplesmente desistindo de adotar devido aos entraves que encontram nas vias normais, e legais, sobretudo no judiciário. (CAMARGO, 2009). O direito à convivência familiar, conforme preceituado no artigo 227, caput, da Constituição Federal de 1988, não vem sendo cumprido de forma eficiente. Isto tem se mostrado verdadeira afronta ao direito humano fundamental, da criança e do adolescente, de terem um lar, bem como uma família que os criem em segurança e bem estar, sob todos os aspectos. 32 As consequências são desastrosas para os jovens, pessoas em desenvolvimento que são, sobretudo no que concerne ao instituto da adoção, possibilidade esta que colaboraria de forma imprescindível para a melhoria das condições de vida de milhares de crianças e adolescentes, e dos recém nascidos, inclusive. Pode-se destacar alguns motivos para a política da adoção não se concretizar, quais sejam: o medo de que a criança, de idade mais avançada, que passa determinado período em instituições, não consiga se adaptar à realidade da nova família definitiva, acreditando então que esta criança já ter formado uma personalidade; a insegurança de que a criança não consiga estabelecer vínculo com os adotantes, haja vista, em função das inúmeras rejeições já vividas; o medo de que, a criança ou o adolescente ao longo do tempo desenvolva o desejo de conhecer a família biológica; o processo burocráticoque se instaura como uma das barreiras mais difíceis de serem transpostas, devido às exigências a serem cumpridas, exigências estas que aumentam o tempo de espera nas filas pela adoção. Estas filas são coordenadas pelos juizados da infância e juventude e tem o intuito maior de primar pelo bem estar das crianças, sejam recém nascidas, ou mesmo adolescentes; pelo fato de a criança permanecer por um período de um a dois anos sob guarda provisória, sendo que, neste tempo ainda permanece judicialmente ligada à família natural, os adotantes muitas vezes não aceitam a guarda provisória temendo que após o surgimento do vínculo afetivo com a criança, esta tenha que ser levada de volta à família natural. (CAMARGO, 2009). Importante ressaltar que a lei brasileira não permite a emissão imediata da certidão de adoção plena do adotando à família substituta, pensando justamente no bem estar e na segurança desta criança, pois o que está em voga é o futuro de uma pessoa em formação, um futuro cidadão. 33 4 CONCLUSÃO Como se pode verificar, o tema Direitos Humanos, notadamente no que concerne às questões relativas às crianças e aos adolescentes, é bastante complexo e vasto, devido à sua importância no contexto em que se insere o ser humano nos dias atuais. A própria história na qual se forjou os Direitos Humanos, no mundo e também no Brasil, como pudemos verificar no presente estudo, a Declaração Universal dos Direitos do Homem traz no seu bojo aspectos imprescindíveis à formação e desenvolvimento do ser humano e, em conjunto com a Declaração Universal dos Direitos da Criança, tem-se um instrumento no qual se pode buscar a inspiração perfeita para a concretização desses preceitos fundamentais enumerados em nossa Carta Magna. Entende-se que as declarações em si não podem obrigar a nenhum governo, ou mesmo qualquer um do povo a educar ou mesmo propiciar um lar a uma criança ou adolescente em situação de abandono, mas quando tais aspirações são recepcionadas e elencadas no texto Constitucional, dá-se às mesmas, caráter de norma. Sendo assim, a partir do momento em que tão nobres aspirações se encontram positivadas no texto Constitucional, estas estão sujeitas ao cumprimento por toda a sociedade, mais do que isso cabe a esta mesma sociedade cobrar seu efetivo cumprimento. Faz-se imprescindível observar e corroborar para a eficiência e efetividade das várias espécies de direitos ditos como fundamentais, principalmente os enumerados no artigo 227 da Constituição Federal de 1988, por se reportar direta e taxativamente ao ser humano em formação objeto deste estudo, qual seja a criança e o adolescente. 34 Como preceitua o referido dispositivo, não se trata de uma obrigação exclusiva do Estado ou dos governantes que ali nos representam, mas de toda a sociedade. As políticas públicas em curso não conseguem alcançar os objetivos almejados paras os quais formam concebidas, sobretudo àquelas que pautam pela pessoa humana em desenvolvimento. Pessoas estas, que serão quando adultas, reflexo das situações as quais são submetidas quando jovens. O direito à educação e o direito à convivência familiar são, sem desmerecer os demais direitos elencados em nossa Carta Magna, os enumerados no artigo 5º, inclusive, cruciais para as crianças e os adolescentes haja vista que tais direitos primam pela essência do ser enquanto cidadão, parte integrante e fundamental do estado democrático de direito. Entendemos que, se não for propiciado um modelo de educação de qualidade e em igualdade de condições para as crianças e adolescentes, não será possível que estes cidadãos se desenvolvam de forma a serem capazes de quebrar o ciclo vicioso da pobreza, instituído desde a muito no contexto brasileiro. É notório que, por meio da educação, o cidadão consegue tornar possível vários outros direitos humanos fundamentais como a saúde, a dignidade, a cultura, a profissionalização, o lazer, a alimentação, dentre muitos outros. Da mesma forma, somente em um ambiente equilibrado, saudável e com condições mínimas é que um ser frágil e tão dependente, sob todos os aspectos, como uma criança ou mesmo um adolescente, pode se desenvolver de forma completa e vir a se tornar um cidadão de bem, preocupado com a coletividade, bem como com o bem estar de todos a sua volta. É fato que, para o adequado desenvolvimento humano, a família é elemento básico da sociedade e meio natural para o crescimento e o bem-estar de todos os seus membros e em particular das crianças e os adolescentes, devendo estes receber a proteção e assistência necessária para poder assumir plenamente suas responsabilidades na comunidade. A compreensão da família como base para a efetivação dos direitos em voga faz-se imprescindível. Tanto a Constituição Federal, como no Estatuto da Criança e do Adolescente não absolutizam a família natural como única forma de assegurar à criança e ao adolescente o direito a convivência familiar. 35 As normas legais mencionadas centralizam a questão no direito que a criança e o adolescente tem de ser criados e educados pelas suas famílias. O instituto da adoção deve ser mais bem trabalhado, como instrumento capaz de dar real efetividade ao cumprimento do direito humano fundamental da convivência familiar especificado na Constituição Federal de 1998, por meio do artigo 227. Nota-se que a adoção é incentivada, mas por causa dos entraves que se fazem diante daqueles que pretendem adotar, esta não se consuma. Muitas famílias habilitadas a adotarem desistem quando percebem o mar burocrático no qual estão mergulhando e isso traz uma enorme frustração para todos, sobretudo para aquela criança ou adolescente que muitas vezes já se encontra em idade avançada. É preciso uma reflexão ampla acerca das atuais políticas, concernentes à educação e de inclusão das crianças e adolescentes em famílias substitutas, notadamente a adoção. Somente com um trabalho sério por parte daqueles que tem o poder de execução dessas políticas e, acima de tudo, um real envolvimento de toda a sociedade para que se alcance o cumprimento desses direitos, é que conseguiremos propiciar a oportunidade para que nossas crianças e adolescentes não venham a se tornar estatísticas de morte precoce seja por violência, abandono ou qualquer outro meio de opressão. 36 REFERÊNCIA E FONTES CONSULTADAS BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2001. BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 1. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. COELHO, Edihermes Marques. Direitos fundamentais: reflexões críticas: teoria e efetividade. Uberlândia: IPEDI, 2005. CAMARGO, Mário Lázaro. 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