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Direitos Humanos da Criança e do Adolescente

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Uni-ANHANGUERA Centro Universitário de Goiás 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO E A CONVIVÊNCIA FAMILIAR COMO DIREITOS 
HUMANOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Wesley Carlos da Rocha Ribeiro 
 
 
 
 
Goiânia, maio de 2009. 
Wesley Carlos da Rocha Ribeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A EDUCAÇÃO E A CONVIVÊNCIA FAMILIAR COMO DIREITOS 
HUMANOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
 
 
Monografia apresentada à professora Ms. Núria 
Micheline Meneses Cabral, do Curso de Direito do 
Uni-Anhanguera Centro Universitário de Goiás, 
como requisito para a obtenção da aprovação na 
disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II. 
 
 
 
 
Orientadora: Profª. Ms. Núria Micheline Meneses 
Cabral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia, maio de 2009. 
Monografia, A educação e a convivência familiar como Direitos 
Humanos Fundamentais da criança e do adolescente, apresentada à 
professora Núria Micheline Meneses Cabral, do Curso de Direito do Uni-
Anhanguera – Centro Universitário de Goiás, pelo Bacharelando Wesley 
Carlos da Rocha Ribeiro, como trabalho de conclusão de Curso, 
requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito, 
aprovada pela banca examinadora formada pelos professores: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: 
Profª. Ms. Núria Micheline Meneses Cabral 
Assinatura: 
 
 
Examinador (a): 
Prof. 
Assinatura: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Goiânia, maio de 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico estes escritos à minha esposa 
Renata e às minhas filhas Yasmim 
Krystinni e Sophia Nínive, pelo apoio e 
por compreender os momentos de 
ausência, sempre com muito amor e 
dignação. 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço a Deus por soprar a vida em meu coração 
todas as manhãs ao longo destes anos e, à minha 
mãe pelos joelhos dobrados em constantes orações, 
concorrendo para que todos os obstáculos fossem 
sobrepujados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo 
 
Disserta-se sobre o direito à educação e o direito à convivência familiar como 
direitos humanos fundamentais da criança e do adolescente, enquanto pessoas em 
desenvolvimento, à luz da Constituição Federal de 1988, bem como os princípios 
que norteiam o tema proposto. Apresentando preliminarmente a história dos Direitos 
Humanos no Brasil e no mundo, procurou-se conceituar o que vem a ser direito 
humano, bem como a importância de se buscar uma efetiva aplicação desse direito 
à pessoa, notadamente às crianças e aos adolescentes enquanto cidadãos em 
desenvolvimento. Tendo em vista a ampla complexidade em que se insere o Brasil, 
no que concerne ao direito à educação e ao direito à convivência em família, optou-
se em trabalhar essas duas vertentes dos direitos fundamentais da pessoa humana. 
A primeira, relacionada à análise crítica das políticas educacionais como um todo. A 
segunda, demonstrar a dificuldade em se fazer cumprir as políticas de inserção de 
crianças e adolescentes em famílias substitutas, por meio da adoção 
especificamente, haja vista a grande burocracia instituída por essas mesmas 
políticas, concebidas a princípio com o intuito de agilizar os processos de adoção 
esbarra em diversos obstáculos, sobretudo na morosidade do poder judiciário, 
inclusive. 
 
Palavras Chaves: Educação. Adoção. Família. Políticas. Públicas. Burocracia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 09 
 
1. DIREITOS HUMANOS – CONCEITO E HISTÓRICO 11 
1.1 O que são Direitos Humanos 11 
1.2 Um breve histórico acerca dos Direitos Humanos 12 
1.2.1 História dos Direitos Humanos no Mundo 12 
1.2.2 História dos Direitos Humanos no Brasil 14 
1.3 As gerações dos Direitos Humanos 16 
1.3.1 Direitos Humanos de primeira geração 16 
1.3.2 Direitos Humanos de segunda geração 16 
1.3.3 Direitos Humanos de terceira geração 17 
1.3.4 Direitos Humanos de quarta geração 17 
1.4 A identificação do ser humano no contexto dos Direitos Humanos 18 
 
2. DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 20 
2.1 Criança: Cidadão em formação 20 
2.2 A educação como Direito humano fundamental 21 
2.3 O direito fundamental à educação à luz da Constituição Federal de 1988 22 
2.4 Princípios constitucionais da educação 23 
2.5 Preceitos constitucionais relativos à educação 23 
2.6 A política educacional no Brasil 25 
 
3. O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR COMO DIREITO FUNDAMENTAL 26 
3.1 Conceito de família 26 
3.2 O direito à convivência familiar no âmbito da Constituição Federal 27 
3.3 Convivência familiar, Direito Humano Fundamental 27 
 
 3.4 Convivência familiar, base da formação da criança e do adolescente 28 
3.4.1 Família Natural 29 
3.4.2 Família Substituta 29 
 3.5 A adoção como forma colocação em família substituta 29 
3.6 O instituto da adoção no contexto brasileiro 31 
3.7 A dificuldade para a concretização das políticas de adoção no Brasil 
 e a consequente afronta ao direito à convivência familiar 
31 
 
 4 CONCLUSÃO 
33 
 REFERÊNCIA E FONTES CONSULTADAS 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A educação e a convivência familiar como direitos humanos fundamentais da 
criança e do adolescente é tema de reflexão relativa a importância de se dar 
efetividade às políticas públicas já existentes, bem como conscientizar a sociedade 
acerca da necessidade de corroborar para o cumprimento deste direito, conforme 
preceituado na Carta Magna, no artigo 227, caput: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
 
 Conceituar direitos humanos, descrevendo por meio de um breve histórico as 
origens e fazes, citando as gerações que compuseram o que hoje conhecemos por 
Direitos Humanos Fundamentais. 
 A pesquisa visa demonstrar, não desmerecendo os demais direitos, a 
importância da atenção que se deve dispensar em relação à criança e a 
adolescente, enquanto pessoas em desenvolvimento e consequentemente futuros 
cidadãos, compreendendo o quanto é imprescindível para a boa formação deste ser 
o acesso à educação, de qualidade e em igualdade de condições, bem como dar 
condições para que as crianças e adolescente possam fazer jus à convivência em 
família, mesmo que não seja a natural, direito este notadamente humano e 
fundamental.Evidenciar que, a sociedade deve cobrar o cumprimento das políticas públicas 
existentes, no que concerne à educação, seja em relação ao ensino fundamental, 
médio ou mesmo em nível superior, pois somente por meio da educação de 
qualidade é que se dá além da cultura e conhecimento oportunidades concretas, 
profissional, inclusive, contribuindo para que estes seres humanos se tornem 
verdadeiros cidadãos. 
10 
 Demonstrar que, uma das formas de se cumprir o direito humano fundamental 
de convivência familiar, é a colocação da criança e do adolescente em família 
substituta, notadamente por meio da adoção, cujas políticas também não tem sido 
cumpridas de forma satisfatória no Brasil. 
 A educação e a convivência familiar são capazes de colaborar para a boa 
formação, bem como para o desenvolvimento sob todos os aspectos das crianças e 
adolescentes no Brasil? - As políticas públicas direcionadas à educação e para a 
colocação das crianças e adolescentes em famílias substitutas, sobretudo por 
intermédio da adoção estão sendo eficientes? - Quais os motivos que levam aos 
adotantes a desistirem de esperar por uma criança, mesmo que em idade mais 
avançada? 
 A busca destas e outras respostas é o que vislumbra-se por intermédio desta 
pesquisa. Para tanto, nos embasaremos na leitura de obras como: Direitos 
Fundamentais Reflexões Críticas: Teoria e Efetividade, obra organizada por 
Edhermes Marques Coelho; Direitos Humanos Fundamentais, de Alexandre de 
Morais; Direito Constitucional Alexandre de Moraes; Direito Internacional Público, 
Privado e os Direitos Humanos Carla Noura Teixeira; Direitos Humanos 
Fundamentais, do Manoel Gonçalves Ferreira Filho, dentre outros. Além de pesquisa 
em sites relativos à temática dos direitos humanos e suas implicações. 
 Para a execução do presente trabalho, usar-se-á o método dedutivo, pois se 
irá apresentar os conceitos e leis, para depois particularizar o objeto pesquisado, 
por meio de documentação indireta, abrangendo pesquisa documental e 
bibliográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
1 DIREITOS HUMANOS – CONCEITO E HISTÓRICO 
 
1.1 O que são Direitos Humanos 
 
A busca pela compreensão da dignidade da pessoa humana e de seus 
direitos tem sido o resultado do sofrimento moral, bem como da dor física, que a 
cada invasão súbita e impetuosa de violência, as pessoas recuam, perplexas, à vista 
dos maus tratos e humilhações que se mostram diante de seus olhos; assim, a culpa 
pelas torturas, pelas explorações ultrajantes, pelos massacres coletivos, faz surgir 
nas consciências, a exigência de novas condutas a serem seguidas por uma vida 
mais digna para todos. 
Tais condutas são expressas por meio do que, já faz algum tempo, 
conhecemos por direitos humanos ou direito dos homens; direitos estes, inerentes à 
pessoa humana, que visam resguardar a sua integridade física e psicológica perante 
seus iguais e perante o Estado em geral. Sim, pois visam limitar os poderes das 
autoridades, tendo por escopo garantir o bem estar social através da igualdade, 
fraternidade e da proibição de qualquer espécie de discriminação. 
Em primeiro lugar vamos tentar construir um conceito para a expressão 
direitos humanos, haja vista que, mesmo sendo facilmente identificado, não se torna 
uma tarefa fácil, tendo em vista a abrangência do tema. Algumas teorias tentam 
justificar e delimitar o alicerce dos direitos humanos; podemos ressaltar a 
jusnaturalista, a positivista e a moralista. 
A teoria jusnaturalista insere os direitos humanos em um nível superior, 
universal e imutável, defendendo que não se trata de uma criação humana. 
A teoria positivista assegura com certeza absoluta que os direitos humanos trata-se 
de uma criação normativa, afirmando ser uma legítima manifestação da soberania 
do povo. Então, só seriam considerados direitos humanos os reconhecidos pela 
legislação positiva. 
12 
Por conseguinte, a teoria moralista (ou de Perelman), preceitua que a base 
dos direitos humanos encontra-se na consciência moral das pessoas. Como nos 
ensina Alexandre de Moraes: 
As teorias se completam, devendo coexistir, pois somente a partir da 
formação de uma consciência social (teoria de Perelman), baseada 
principalmente em valores fixados na crença de uma ordem superior, 
universal e imutável (teoria jusnaturalista) é que o legislador ou os tribunais 
encontra substrato político e social para reconhecerem a existência de 
determinados direitos humanos fundamentais como integrantes do 
ordenamento jurídico (teoria positivista). (MORAES, 1997, p.35): 
 
A partir de tais premissas pode-se definir direitos humanos como a reunião de 
prerrogativas e garantias relativas ao homem, cujo objetivo básico é o respeito à sua 
dignidade, amparando-o contra as arbitrariedades do Estado, determinando um 
mínimo de condições de vida. Assim, conclui-se ser direitos indissociáveis da 
condição humana. 
Não se fala em direitos humanos sem falar em dignidade humana ou 
dignidade da pessoa humana, princípio este amparado pela nossa Carta Magna, no 
artigo 1º, inciso III. A concepção de dignidade humana é que conserva a limitação do 
arbítrio e do poder do Estado. Este princípio deve ser entendido subjetivamente a 
partir de um valor espiritual inerente ao próprio homem, que se revela por meio da 
liberdade de resolução e conhecimento a seu respeito. 
 
1.2 Um breve histórico acerca dos Direitos Humanos 
 
1.2.1 História dos Direitos Humanos no Mundo 
 
Na idade média os reis pactuavam com seus acordos, mediante os quais 
estes últimos confirmavam a supremacia monárquica, enquanto o rei, por sua vez, 
fazia algumas concessões a certos estamentos sociais. Em 1215 foi extraída pela 
nobreza inglesa do Rei João Sem Terra o texto jurídico Magna Carta Libertatum, 
algo que conheceríamos como Habeas Corpus. 
 Dentre as principais fontes inglesas, no que concerne ao desenvolvimento 
dos direitos humanos, dentro do contexto histórico, podemos destacar a Lei de 
Habeas Corpus de 1679 e a Bill of Rights de 13 de fevereiro de 1689. 
 
 
13 
Outro momento crucial para o desenvolvimento dos direitos humanos foi a 
Independência das Colônias Americanas em 1976, cujas declarações foram 
diretamente influenciadas pela declaração francesa, que foi pautada em Locke, 
Montesquieu e Rousseau (BASTOS, 2001). 
 Assim, podemos citar o artigo 1.º da Declaração do Estado da Virgínia: 
Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes 
e têm certos direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de 
sociedade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus 
pósteros e que são: o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir 
e de possuir a propriedade e de buscar e obter felicidade e segurança. 
 
 Tais premissas foram encampadas pela Declaração de Independência dos 
Estados Unidos em 4 de julho de 1776. 
Sustentamos como evidentes por si mesmas as seguintes verdades: todos 
os homens nascem iguais e são dotados pelo Criador de certos direitos 
inalienáveis; entre esses direitos estão a vida, a liberdade e a busca da 
felicidade. 
 
Um dos momentos mais importantes para o desenvolvimento dos direitos 
humanos, senão o mais trata-se da Revolução Francesa, que proclamou a 
liberdade, a igualdade, e a soberania popular. Este evento culminou na Declaração 
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão aprovada pela Assembleia Nacional 
em 26 de agosto de 1789, universalidade e cunho racional, isto é considerava-se 
válida para toda a humanidade. 
Com o fim do século XVIII, o liberalismo procurou assegurar uma liberdade 
contra o Estado, garantindo a vida e o direito de locomoção,de expressão do 
pensamento e de propriedade. Além de procurar efetivar a participação do indivíduo 
na formação da vontade do Estado. (BOBBIO, 2004) 
Entre os séculos XIX e XX, surge a necessidade de enfrentar novos desafios, 
levou a nova concepção dos direitos humanos. No início foram criados para proteger 
indivíduo contra o Estado; hoje já se aceita a proteção do indivíduo contra outros 
indivíduos ou grupos de indivíduos. 
Em 1948, foi votada pela Assembleia Geral da ONU a Declaração Universal 
dos Direitos do Homem, declaração esta que representa a consciência histórica que 
a humanidade tem dos valores fundamentais na segunda metade do século XX. 
 
 
 
14 
Como se trata de uma síntese do passado e uma inspiração para o futuro, 
considera-se que o reconhecimento da dignidade da pessoa humana inerente a 
todas as pessoas e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da 
liberdade, da justiça e da paz no mundo. 
 
1.2.2 História dos Direitos Humanos no Brasil 
 
A história dos Direitos Humanos no Brasil está diretamente ligada a história 
das constituições brasileiras. Portanto, para falarmos a respeito, abordaremos, de 
forma sucinta a história as várias Constituições no Brasil e a contribuição destas aos 
Direitos Humanos. 
 A Constituição de 1824 foi outorgada após a dissolução da Constituinte, razão 
da rejeição que acarretou protestos em vários Estados Brasileiros. Essas 
reivindicações de liberdade culminaram com a consagração dos Direitos Humanos, 
pela Constituição Imperial, que mesmo autoritária, revelou-se liberal no 
reconhecimento de direitos. 
Em 1891, surgiu a primeira Constituição Republicana, que tinha como escopo, 
incorporar juridicamente o regime republicano instituído com a Revolução que 
derrubou a coroa. Essa Constituição instituiu o sufrágio direto para a eleição dos 
deputados, senador, presidente e vice-presidente da República. 
Porém, o sufrágio direito não modificou as regras de distribuição do poder, 
haja vista que a força econômica dos fazendeiros e o estabelecimento do voto, 
pudessem manipular os mais fracos economicamente. Mesmo assim, pode-se 
afirmar que a primeira Constituição republicana ampliou os Direitos Humanos, 
mantendo inclusive os direitos já consagrados pela Constituição Imperial. 
Com a reforma constitucional em 1926, procurou-se remediar os abusos 
praticados pela União em razão das intervenções federais nos Estados. 
A Revolução de 1930 provocou grande desrespeito aos Direitos Humanos, 
sendo praticamente esquecidos. O Congresso Nacional e as Câmaras Municipais 
foram dissolvidos, a magistratura perde suas garantias e o habeas corpus ficou 
restrito a réus ou acusados em processos de crimes comuns. Tais atitudes 
culminaram com a Revolução constitucionalista de 1932, em que foi nomeada uma 
comissão para elaborar um projeto de Constituição. 
 
15 
Assim, a Constituição de 1934 estabeleceu algumas franquias liberais, como 
por exemplo: determinou que a lei não poderia prejudicar o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada; vedou a pena de caráter perpétuo; proibiu a prisão 
por dívidas, multas ou custas; criou a assistência judiciária para os necessitados. 
Além das garantias individuais, a Constituição de 1934 inovou ao estatuir 
normas de proteção social ao trabalhador. Foi proibido o trabalho de menores de14 
anos de idade, o trabalho noturno para menores de 16 anos e para mulheres. O 
repouso semanal remunerado e a limitação de trabalho a oito horas diárias. 
(HERKENHOFF, 1994). 
A Constituição de 1934, não se esqueceu dos direitos culturais. Ela respeitou 
os Direitos Humanos e vigorou durante mais de 3 anos, até a introdução do 
chamado “Estado Novo”, em novembro de 1937, que introduziu o autoritarismo no 
Brasil. Os Direitos Humanos praticamente não existiram durante os, quase, oito anos 
em que vigorou o “Estado Novo”. Neste período ficaram suspensas quase todas as 
liberdades a que o ser humano tem direito, dentre elas, a liberdade de ir e vir, a 
liberdade de reunião e etc. 
Com a constituição de 1946, o país foi redemocratizado, pois restaurou os 
direitos e garantias individuais, sendo inclusive, até mesmo ampliados, do mesmo 
modo os direitos sociais. A Constituição de 1946 garantiu os Direitos Humanos, 
durante os quase 18 anos de duração. 
O surgimento da Constituição de 1967 trouxe vários retrocessos, suprimindo a 
liberdade de publicação, estabelecendo foro militar para os civis, mantendo todas as 
punições e arbitrariedades decretadas pelos Atos Institucionais. 
Essa Constituição vigorou até outubro de 1969, sendo que, em dezembro de 
1968, foi baixado o Ato Institucional número 5 ou o AI-5, o mais terrível dos Atos. 
Este ato trouxe todos os poderes discricionários do Presidente estabelecidos pelo 
AI-2, de volta. A Constituição de 1969 retroagiu, ainda mais, já que teve incorporado 
ao seu texto legal, as medidas autoritárias dos Atos Institucionais. Portanto, não 
foram respeitados os Direitos Humanos. 
Com a queda do AI-5 em 1978, começa-se a notar uma luz no final do túnel e 
com anistia conquistada em 1979, representou uma grande conquista do povo, 
mesmo não acontecendo de forma que era esperada, já que anistiou, em nome do 
regime, os criminosos e torturadores. 
 
16 
A Constituição de 1988, também chamada de “Constituição Cidadã”, veio 
proteger, mesmo que tardiamente, os direitos do homem. Já no preâmbulo a 
questão da dignidade da pessoa humana é tratada, mais adiante, no artigo quinto, 
fala-se da inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à igualdade. 
(MORAES, 2008). 
Com a Constituição de 1988 há uma redefinição do Estado brasileiro e de 
seus direitos fundamentais. E ao ler os dispositivos constitucionais, podemos deduzir 
o quanto foi acentuada a preocupação do legislador, em garantir a dignidade, o 
respeito e o bem-estar da pessoa humana, de modo a se alcançar a justiça social. 
 
1.3 As gerações dos Direitos Humanos 
 
Em razão da evolução histórica dos Direitos Humanos, verificaremos as 
gerações de direitos em primeira, segunda, terceira e quarta geração, conforme 
veremos a seguir: 
 
1.3.1 Direitos Humanos de primeira geração 
 
 São os direitos que fundamentaram na liberdade, civil e politicamente 
considerada. Formaram-se com a ideia de Estado de Direito, submisso a uma 
Constituição. São os direitos que conformam a relação entre o Estado e o indivíduo. 
 Em regra são integrados pelos direitos civis e políticos como o direito à vida, à 
intimidade, à inviolabilidade de domicílio etc. Resultam fortemente do pensamento 
jusfilosófico do final do século XVIII e início do século XIX, fazendo referência direta 
ao princípio da liberdade preceituado na Revolução Francesa. (BOBBIO, 2004). 
 
1.3.2 Direitos Humanos de segunda geração 
 
 Concentra-se nas necessidades do ser humano; em ótica oposta aos direitos 
de primeira geração, representam uma evolução na proteção da dignidade da 
pessoa humana. De outro modo, os direitos de segunda geração também são 
chamados direitos positivos e impõe ao Estado uma conduta ativa em prol da 
realização de direitos sociais, econômicos e culturais. Direitos estes, tão necessários 
ao exercício de uma vida digna. 
 17 
Este período dos direitos humano passou a figurar nas Constituições, de 
modo mais marcante, após a Segunda Guerra Mundial, tendo maior efetivação a 
partir do início do século XX. 
 Na segunda geração de direitos, tiveram reconhecidos os Direitos sociais, 
econômicos e culturais que, em relação à Revolução Francesa, referem-se ao 
Princípio da Igualdade. 
 
1.3.3 Direitos Humanos de terceira geração 
 
 Nestemomento, surge uma nova seara jurídica voltada para o pensamento 
do ser humano enquanto gênero, em sua essência e razão de existir. Ou seja, há 
um resgate do fundamento de solidariedade e fraternidade voltadas para a proteção 
do ser humano em sua essência. 
 Compõe assim, novos direitos como: direito à paz no mundo; direito ao 
desenvolvimento econômico dos países; direito à preservação ambiental, ao 
patrimônio comum da humanidade; e direito à comunicação. 
 Entendimento recente agrupa os referidos direitos entre os direitos difusos ou 
coletivos, cuja efetivação só é possível se houver cooperação entre os povos. 
O direito de terceira geração tem os Direitos difusos ou coletivos reconhecidos 
constitucionalmente e são remissivos ao Princípio da Fraternidade ou solidariedade, 
enunciados na Revolução Francesa. 
 
1.3.4 Direitos de quarta geração 
 
 Mesmo não sendo o principal objetivo de nosso estudo, não poderíamos 
deixar de ressaltar o que alguns autores designam como uma quarta geração de 
direitos cujo fundamento é a globalização do Estado neoliberal. São direitos de 
quarta geração o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao 
pluralismo. 
 A sociedade globalizada amplia horizontes materiais e intelectuais, porém, 
expõe o indivíduo à dominação por outros povos. Também são direitos de quarta 
geração aqueles relativos à pesquisa biológica que permitirá manipulações do 
patrimônio genético de cada indivíduo. 
 
18 
 O que se deve ter em mente é que, torna-se necessário que a ordem jurídica 
internacional o proteja esses direitos, pois, até mesmo a soberania dos Estados 
sofre abalos por sua inserção no denominado mundo globalizado. 
 
1.4 A identificação do ser humano no contexto dos Direitos Humanos 
 
 Nesse contexto, identificamos o ser humano como um indivíduo dotado de 
consciência e que deve ser respeitado no que concerne aos seus direitos, 
principalmente, no que se refere ao princípio da dignidade da pessoa humana. 
Os Direitos Humanos, na sua evolução histórica social, vem sendo inspiração 
da maioria das Cartas Constitucionais dos Estados. O ser humano, como alvo 
dessas premissas deve ser inserido em primeiro plano para que se alcance a efetiva 
realização desses ideais. 
 A criança e o adolescente não estão e não devem estar à margem desse 
entendimento, pois da mesma forma, são seres humanos em formação, e 
notoriamente quando são criados em um ambiente em que seus direitos são 
respeitados em todos os sentidos, desenvolvem-se e tornam-se pessoas de 
consciência que vão pautar-se pela propagação desses fundamentos. 
 Fica então evidente que os direitos de segunda e terceira geração são os que 
mais direcionam o estudo em questão. Pois, em seu contexto, tratam dos direitos 
sociais como moradia, saúde e educação. Os direitos econômicos que tratam da 
distribuição de renda e acesso as muitas possibilidades como alimentação e lazer, e 
por fim os direitos culturais. 
Nos direitos de terceira geração verifica-se que todos devem assumir a 
responsabilidade pela efetiva concretização dos direitos enumerados, pois se trata 
de direitos inerentes a todos como: preservação ambiental, paz no mundo e direito 
ao desenvolvimento econômico dos países. 
Outrossim, faz-se necessário observarmos com mais afinco os direitos como 
o direito à educação e o direito à convivência familiar, este último não devendo ser 
entendido apenas como família biológica, pois se tratam de direitos inerentes à 
própria condição humana. 
 
 
 
19 
A pessoa em situação de desenvolvimento necessita de um mínimo para 
progredir sob todos os aspectos. Assim, é preciso que se tenha e que se faça 
cumprir políticas sérias concernentes aos direitos outrora citados, tendo uma grande 
necessidade de disponibilizar para as crianças e adolescentes o acesso à 
educação pública de qualidade no intuito de promover igualdade de oportunidades e 
também desburocratizar as vias de adoção para permitir às crianças e aos 
adolescentes a chance de terem um lar e consequentemente uma família que os 
abrigue em segurança. 
Todavia, passaremos a minudenciar acerca dos direitos à educação e à 
convivência familiar, notadamente inerente às crianças e aos adolescentes, no 
contexto das políticas públicas, quanto à efetividade destas, inclusive. 
Ressalte-se que não estamos desconsiderando os demais direitos humanos 
fundamentais, como por exemplo, o direito à saúde pública de qualidade, o direito à 
moradia ou mesmo o direito à vida, mas tão somente evidenciando o quão 
importante é atentarmos para nossas crianças e adolescentes, no que concerne a 
buscarmos políticas públicas efetivas em relação à educação, que é responsável 
pela formação desse futuro cidadão, bem como à convivência familiar o que dará 
respaldo para essa pessoa em desenvolvimento crescer saudável sob todos os 
aspectos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
2 O DIREITO À EDUCAÇÃO, DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL 
 
2.1 Criança: cidadão em formação 
 
Quando se fala em direitos humanos não se pode dicotomizar dos direitos da 
criança e do adolescente, haja vista a concepção de criança e adolescente como 
sujeitos especiais de direitos próprios ligados intimamente como premissas, no 
intuito de propiciar as oportunidades de se desenvolverem em um ambiente que lhe 
permitam tornar-se cidadãos de fato, que se preocupam com o bem estar de todos a 
sua volta, bem como com as relações sociais pertinentes aos seres humanos que 
fazem parte da sua essência. 
Verifica-se que os direitos da criança e do adolescente fazem parte de uma 
categoria dos direitos humanos que tem sido aspiração de toda a humanidade e, 
praticamente todos os Estados trazem no bojo de suas Cartas Constitucionais 
normas específicas direcionadas a esses humanos que precisam de atenção 
especial. Assim, a proteção integral da criança enquanto sujeito específico constitui 
ônus não só de seus genitores, mas de igual forma, de toda a sociedade em que ela 
se encontra inserto. 
Com fundamento constitucional (artigo 5º, CF) previu o Estatuto da Criança e 
do Adolescente – ECA, que a criança e o adolescente tem direito à educação, à 
cultura, ao esporte, à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas 
em processo e desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais 
garantidos na constituição. 
Sem dúvidas todos os direitos acima enumerados são deveras importantes, 
para tanto enfocaremos os direitos humanos voltados à criança e ao adolescente 
nos direitos à educação de qualidade e em igualdade de condições, à convivência 
familiar, fazendo observação à importância da adoção, mesmo que tardia. 
 
21 
Vale salientar que, não estamos fazendo distinção em relação aos demais 
direitos humanos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, bem como de 
toda pessoa humana, mas tão somente evocar os direitos que mesmo expressos em 
nossa Carta Magna que foi concebida tendo em seu bojo princípios tão insignes, 
verifica-se que não estão sendo cumprimento de forma efetiva e eficaz. 
Sim, pois se fossem de fato cumpridos em sua excelência, os níveis de 
desenvolvimento em nosso país seriam com certeza imensuráveis. 
 
2.2 A educação como direito humano fundamental 
 
 A educação é um elemento imprescindível para a formação do ser humano, 
sobretudo no que concerne a educação como Direito Humano e não apenas 
educação para o Direito Humano, como é tratado na literatura como um todo. 
 A palavra educação deriva do latim educatio, educationis, que indica a ação 
de criar, de alimentar, de construir um lineamento cultural.O conceito de educação, 
conforme nos ensina Celso de Mello apud MELLO FILHO: 
É mais compreensivo e abrangente que o da mera instrução. A educação 
objetiva propiciar a formação necessária ao desenvolvimento das aptidões, 
das potencialidades e da personalidade do educando. O processo 
educacional tem por meta: (a) qualificar o educando para o trabalho; (b) 
prepará-lo para o exercício consciente da cidadania. O acesso à educação 
é uma das formas de realização concreta do ideal democrático.Celso de 
Mello (apud MELLO FILHO, 1986, p. 533). 
 
 A Carta Magna preceitua que a educação é um direito de todos e dever do 
Estado e da família (art. 205), devendo a sociedade promover e incentivar tal 
premissa em conjunto, objetivando assim, ao pleno desenvolvimento da pessoa, 
notadamente a criança e o adolescente, preparando este ser humano para o 
exercício pleno da cidadania e a sua efetiva qualificação para o trabalho, inclusive. 
 Entende-se com isso que a educação deve ser observada a partir de detalhes 
internos de avaliação e dos externos, pela observação da consistência com a 
exigência e os arquétipos da sociedade. 
 Outrossim, um aspecto relevante que não pode ser desconsiderado é o fato 
de que a educação como um Direito Humano diz respeito ao fato de que o acesso à 
educação é em si o fundamento para a realização e a conquista de outros Direitos. 
Queremos dizer com isso que a pessoa que passa por processos educativos, 
notadamente pelo sistema escolar, é um cidadão que tem melhores condições de 
22 
realizar e defender os outros direitos humanos (saúde, habitação, meio ambiente, 
etc). 
 Verifica-se que os sistemas escolares são parte deste processo educativo em 
que aprendizagens básicas são desenvolvidas. Assim, conhecimentos essenciais 
são perpassados, normas, comportamentos e habilidades são ensinados e 
aprendidos. Na sociedade atual, o conhecimento escolar é quase uma premissa 
para sobrevivência e bem estar social. 
 
2.3 O direito fundamental à educação à luz da Constituição Federal de 1988 
 
 A Constituição Federal de 1988 dedica toda uma seção ao direito à educação, 
sendo composto pelos artigos 205 a 214. Preceitua que cada um dos entes que 
compõe a federação deve comprometer, anualmente, uma quantia mínima da 
receita resultante de impostos, na manutenção e desenvolvimento do ensino. 
 O fulcro jurídico recebido do texto constitucional, bem como de inúmeras 
convenções internacionais se junta ao fato de o direito à educação estar diretamente 
relacionado aos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, 
notadamente com o da dignidade da pessoa humana. (OLIVEIRA; ADRIÃO 2007). 
 Ainda que concebido como um direito social, ocupando a segunda geração 
dos direitos humanos, a efetividade do direito à educação é imprescindível à própria 
salvaguarda do direito à livre determinação. 
 Por meio da educação, o individuo compreende o alcance de suas liberdades, 
a forma de aplicação de seus direitos e o mister de seus deveres, o que permite a 
efetiva integração em uma democracia efetivamente participativa. Em suma, a 
educação é o passaporte para a cidadania. 
 A Carta Magna, ao consagrar a universalidade e indivisibilidade dos direitos 
humanos, consequentemente entrega ao Estado e ao cidadão, mesmo que 
implicitamente, o dever de educar e também o direito de ser educado, em direitos 
humanos e cidadania. Ou seja, somente com a participação de toda a sociedade, é 
que os direitos humanos fundamentais alcançarão a sua plena efetividade. 
 
 
 
 
23 
2.4 Princípios constitucionais da educação 
 
A educação tem por base os princípios enumerados na Constituição Federal 
(art. 206): (a) Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; (b) 
Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o 
saber. A liberdade de cátedra é um direito do professor, que poderá livremente 
exteriorizar seus ensinamentos aos alunos, sem qualquer ingerência administrativa, 
ressalvada, porém a possibilidade da fixação do currículo escolar pelo órgão 
competente; (c) Pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas e coexistência 
de instituições públicas e privadas de ensino. O texto constitucional proclama a 
liberdade de ensino à iniciativa privada, desde que observe as normas gerais de 
educação nacional; (d) Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
(e) Valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de 
carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso 
exclusivamente por concurso público de provas e títulos; (f) Gestão democrática do 
ensino público, na forma da lei; (g) Garantia de padrão de qualidade. 
Sob a ótica do tema da qualidade na educação, ela tem sido tratada somente 
sob o aspecto da evasão e da repetência, por meio de indicadores numéricos de 
produtividade. Esta restrição acaba por não medir processos educativos, apenas 
resultados e muitas vezes de maneira extremamente limitada. Isso torna o tema 
difícil de ser tratado, ou seja, como definir, medir qualidade, e com controle social. 
 
2.5 Preceitos constitucionais relativos à educação 
 
 O acesso ao ensino público gratuito é direito subjetivo e o não oferecimento 
por meio do governo, ou mesmo sua oferta de forma insuficiente e irregular, enseja 
responsabilidade da autoridade competente, conforme preceitua no artigo 208, VII, 
§§ 1º e 2º, Constituição Federal de 1988. 
 Outrossim, a obrigação do Estado em relação às políticas inerentes à 
educação será executada com observância dos seguintes preceitos constitucionais 
conforme os artigos 208, 209 210 da CF/88: (a) Ensino fundamental obrigatório e 
gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não 
tiverem acesso na idade própria; (b) Progressiva universalização do ensino médio 
gratuito; (c) Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
24 
preferencialmente na rede regular de ensino; (d) Atendimento em creche e pré 
escola às crianças de zero a seis anos de idade; (e) Acesso aos níveis mais 
elevados do ensino fundamental, através de programas suplementares de material 
didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; (f) Fixação de 
conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação 
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais; (g) 
Previsão de existência de ensino religioso, de matrícula facultativa, constituindo 
disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. O 
ensino religioso deverá ser ministrado de acordo com a fé religiosa do aluno; (h) 
Obrigatoriedade de o ensino fundamental regular ser ministrado em língua 
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas 
línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. 
Concebendo os preceitos acima enumerados, procurou o legislador 
estabelecer, por meio de lei, o Plano Nacional de Educação - PNE, de duração 
plurianual, que tem por escopo alcançar o desenvolvimento do ensino nos mais 
diversos níveis, bem como à integração das ações do poder e das políticas públicas 
que levem à erradicação da pobreza, à universalização do atendimento escolar, à 
melhoria da qualidade do ensino, a qualificação para o trabalho, a promoção 
humanística, científica, bem como tecnológica do país. (MORAES, 2006, p. 766). 
A educação é um elemento fundamental para a realização da vocação 
humana. Não apenas a educação escolar, mas a educação no seu sentido amplo, a 
educação pensada num sistema geral, que implica na educação escolar, mas que 
não se basta nela, porque o processo educativocomeça com o nascimento e 
termina apenas no momento da morte do ser humano. Isto pode ocorrer no âmbito 
familiar, na sua comunidade, no trabalho, junto com seus amigos, nas igrejas etc. 
 Os processos educativos são inerentes à pessoa humana. Os sistemas 
escolares, bem como as políticas educacionais de responsabilidade dos governos 
são parte destes processos, os quais se desenvolvidos de forma eficiente 
corroboram para as aprendizagens básicas e essenciais serem transmitidas, 
normas, comportamentos e habilidades serem ensinadas e aprendidas. 
 
 
 
25 
2.6 A política educacional no Brasil 
 
 A política educacional, trabalhada pelo governo, por meio dos órgãos 
competentes, parte da premissa de que esta seja direcionada à inclusão e ao 
desenvolvimento social, considerando a necessidade de ampliar de forma 
consistente o acesso a todas as etapas da educação e de garantir com isso os 
melhores padrões de qualidade, bem como igualdade á sociedade brasileira. 
 No entanto, essa política que tem por escopo assegurar às crianças e aos 
jovens o direito à escolaridade, tenta também lhes assegurar o direito à permanência 
e, sobretudo, ao acesso a escolas públicas de qualidade. Isso tem sido difícil de 
concretizar, haja vista os inúmeros desafios enfrentados no contexto educacional, 
notadamente no que concerne às políticas de consolidação das pretensões advindas 
da lei. 
 A escola é o berço da democracia, para tanto se faz necessário um padrão de 
qualidade que permita a inclusão de forma igualitária na sociedade, sobretudo das 
crianças e adolescentes, com vistas a atingir a emancipação por intermédio do 
compromisso sério com os valores democráticos. 
 A educação como direito humano fundamental pautado na Constituição 
Federal de 1988, bem como na legislação específica, com, por exemplo, a LDB, 
constitui requisito imprescindível para que o ser humano em formação, tenha acesso 
irrestrito a outros direitos fundamentais da pessoa humana. (OLIVEIRA; ADRIÃO, 
2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
3 O DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 
3.1 Conceito de família 
 
 O conceito de família deve ser analisado sob duas vertentes. Em sentido 
amplo, família é considerada o conjunto de todas as pessoas, unidas pelos laços do 
parentesco, com descendência comum, englobando, igualmente, os afins, tios, 
primos, sobrinhos dentre outros. Ou seja, a família é determinada pelo sobrenome. 
 Por outro lado, em sentido mais estrito, família se restringe aos pais e os 
filhos, um dos pais e os filhos, o homem e a mulher em situação de união estável, ou 
apenas irmãos. É neste sentido que mais se utiliza o termo entidade familiar. 
(MORAES, 2006, p. 780). 
 A norma se baseia em orientações maiores para sustentar o Direito de 
Família, haja vista que tal instituto tornou-se mais evidente com o advento da 
Constituição Federal de 1988, a Constituição Cidadã. 
De acordo com a Carta Magna (art. 226), a proteção à família é garantida por 
meio de três espécies de entidades familiares, quais sejam: a constituída pelo 
casamento civil ou religioso com os efeitos civis, a que se constitui por intermédio da 
união estável entre homem e mulher e a comunidade que é determinada por 
qualquer um dos pais e seus descendentes. 
Importante ressaltar que os princípios relativos ao Direito de Família, contidos 
no bojo de nossa Constituição, estão compreendidos como possuidores de força 
normativa e não meros ornamentos supletivos. 
É nesse contexto que se insere o direito à convivência familiar, inerente à 
criança e ao adolescente, como seres humanos em formação, quando em situação 
de abandono, conflito com a lei e de institucionalização. 
 
 
27 
3.2 O direito à convivência familiar no âmbito da Constituição Federal 
 
 Ainda no artigo 227, caput, da Constituição Federal de 1988, é enumerado de 
forma taxativa que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança 
e ao adolescente, com absoluta prioridade, dentre outros, o direito à convivência 
familiar. 
 O embasamento jurídico e social do direito à convivência familiar é inerente à 
condição de elemento indispensável ao pleno desenvolvimento da pessoa humana e 
à consolidação da própria cidadania. 
 Destaca-se que a constitucionalização dos direitos humanos fundamentais, 
por parte do legislador constituinte, não significa mera enunciação formal de 
princípios, mas a plena positivação de direitos, em que qualquer indivíduo é parte 
responsável por exigir a efetiva solidificação da democracia. 
 Os direitos humanos fundamentais tornam-se imprescindíveis a todas as 
Constituições, no sentido de eleger o respeito à dignidade da pessoa humana, 
resguardar a limitação de poder e primar pelo pleno desenvolvimento da pessoa 
humana, como nos ensina Alexandre de Moraes: 
Nesse contexto, portanto, surge a Constituição Federal, que, além de 
organizar a forma de Estado e os poderes que exercerão as funções 
estatais, igualmente consagra os direitos fundamentais a serem exercidos 
pelos indivíduos, principalmente contra eventuais ilegalidades e 
arbitrariedades do próprio Estado. Ressalte-se que a proteção judicial é 
absolutamente indispensável para tornar efetiva a aplicabilidade e o respeito 
aos direitos humanos fundamentais previstos na Constituição Federal e no 
ordenamento jurídico em geral. (MORAES, 2000, p. 21): 
 
3.3 Convivência familiar Direito Humano Fundamental 
 
 O direito de ser criado e educado no seio de uma família, natural ou 
substituta, constitui verdadeiro direito humano fundamental da criança e do 
adolescente. Neste sentido, a Constituição Federal, bem como o Estatuto da Criança 
e do Adolescente – ECA, reforça este direito como um dos aspectos do direito à 
liberdade, quando institui e protege o direito a convivência familiar e comunitária. 
 Preceitua-se que, é esta convivência no seio da família, bem como nos 
espaços comunitários, impede a saída das crianças e adolescentes às ruas, 
evitando perder os vínculos familiares e passando a viver em situação de abandono, 
seja material ou mesmo afetiva. 
 
28 
Parte-se da premissa de que quando este princípio é violado, há o início de 
uma gama de outras violações de direitos das crianças e dos adolescentes, quais 
sejam: uso de drogas, fome, desabrigo, violência física, violência sexual, prática de 
atos infracionais, dentre outros. 
 
3.4 Convivência familiar, base da formação da criança e do adolescente 
 
 O direito à convivência familiar é a base da formação da criança e do 
adolescente. A norma prevê que a criação e educação devem se dar no seio da 
família. É na família que a criança e o adolescente, enquanto seres em formação, 
garantem sua formação moral e educacional. Ali recebem manifestações de afeto, 
carinho e amor. Seja na família natural, também chamada de biológica, bem como 
na família substituta, desde que este ambiente seja harmonioso, o jovem tem 
garantido sua sobrevivência e seu desenvolvimento saudável. (CURY, 2008). 
 Entende-se que a doutrina da proteção integral a família é o principal 
dispositivo de garantia dos direitos humanos fundamentais da criança e do 
adolescente, devendo primar sempre pela possibilidade de permanecerem no 
convívio de suas famílias naturais (biológicas). Não sendo possível, deverá verificar 
a possibilidade de colocar esta criança ou adolescente em família substituta, por 
meio de uma das possibilidades existentes em nosso ordenamento. 
 Prevendo ser obrigação de todos primar pela dignidade da criança e do 
adolescente, colocando-os a salvo de qualquer tratamento desumano, aterrorizante,vexatório ou constrangedor, entendemos que uma das formas de dar efetividade ao 
direito de convivência familiar é a colocação desta criança ou adolescente, em 
situação de abandono ou qualquer outra circunstância, em família substituta, 
notadamente por intermédio da adoção, mesmo que de forma tardia. 
 Para tanto, faz-se necessário primeiro conceituarmos o que vem a ser família 
natural e família substituta, o que veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
29 
3.4.1 Família Natural 
 
 Entende-se por família natural ou biológica a comunidade ou grupo de 
pessoas formado pelos pais ou qualquer um deles e seus dependentes (artigo 25 do 
ECA). Com o advento da Constituição Federal de 1988, o conceito de família natural 
foi ampliado, incluindo neste âmbito, os cônjuges ou daqueles que vivem em 
situação de união estável, e os filhos. 
 
3.4.2 Família Substituta 
 
 É uma medida excepcional, que se dá mediante decisão judicial, não podendo 
haver transferência da criança e do adolescente a terceiros ou a entidades 
governamentais ou não governamentais, sem que a mesma autoridade se manifeste 
de cuidar da criança ou adolescente, garantindo-lhes proteção, segurança e um 
desenvolvimento sadio. 
A família substituta cumprirá o papel que não pode ser exercido pela família 
natural, e, na grande maioria das vezes, com o mesmo êxito. 
A colocação em família substituta poderá se dar por intermédio da guarda, 
tutela ou adoção. Esta última se efetiva por ato solene em que se assume o 
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo assumido com a guarda 
ou a tutela da criança ou adolescente, passando este jovem a integrar 
definitivamente àquela família. É neste instituto, a adoção, que nos focaremos a 
partir de então. 
 
3.5 A adoção como forma de colocação em família substituta 
 
 Para nos situarmos no contexto da adoção é preciso primeiramente 
diferenciar os institutos de colocação em família substituta. São três as 
possibilidades de se efetivar a colocação da criança e do adolescente em família 
substituta. 
O primeiro é a guarda, sendo uma das modalidades de colocação da criança 
e do adolescente em família substituta, vem obrigar a assistência material, moral e 
educacional, se destinando a regularizar a posse de fato. Não cria vínculo de 
filiação, como na adoção. Importante ressaltar que, a guarda confere a criança e ao 
30 
adolescente a condição de dependente para todos os fins, inclusive previdenciários. 
(CURY, 2008). 
 O segundo trata-se da tutela, sendo esta possível quando ausente o pátrio 
poder, ou seja, no caso de morte ou ausência dos pais, destituição e suspensão do 
pátrio poder. Esta forma de colocação em família substituta implica, não obstante, o 
dever de guarda. 
 A terceira modalidade é a adoção, como uma das formas de colocação da 
criança e do adolescente em família substituta, sendo esta uma possibilidade de dar 
efetividade ao direito à convivência familiar por parte deste ser humano em 
desenvolvimento. 
 A adoção cria um vínculo permanente de parentesco civil, dando ao adotado, 
a condição de filho biológico para todos os efeitos. A Carta Magna, no artigo 227, § 
6º, preceitua esta condição de igualdade entre os filhos biológicos, havidos ou não 
da relação de casamento, e os advindos por meio da adoção. Exclui-se com isso as 
terminologias antes utilizadas de filhos legítimos ou ilegítimos. 
 O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, traz regras objetivas para se 
cumprir o instituto da adoção, destacaremos a seguir algumas delas para melhor 
compreendermos melhor esta entidade jurídica: 
- O adotando deve ter no máximo dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver 
sob a guarda ou tutela dos adotantes; 
- A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e 
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e 
parentes, salvo impedimentos matrimoniais; 
- Podem ser adotantes os maiores de dezoito anos de idade, independentemente do 
estado civil, desde que sejam, pelo menos, dezesseis anos mais velhos que o 
adotante; 
- São impedidos de adotar os ascendentes e os irmãos do adotando; 
- Poderá ocorrer a adoção após a morte do adotante, no caso em que o adotante 
vier a falecer no curso do processo, antes de prolatada a sentença, se tiver 
manifestado sua vontade de adorar. 
 A adoção deve apresentar vantagens ao adotando e ser fundada em motivos 
legítimos, sendo obrigatório o consentimento dos pais ou responsável para a 
aprovação da adoção. Os efeitos da sentença são produzidos a partir do trânsito em 
 
31 
julgado da sentença, sendo a partir de então irrevogável. Ressalte-se que a morte 
dos adotantes não restabelece o pátrio poder dos pais naturais. 
 
3.6 O instituto da adoção no contexto brasileiro 
 
 Em nosso país, bem como em grande parte do mundo ocidental, as crianças 
abandonadas e rejeitadas pelos pais biológicos tem um destino cruel: grande parte 
cresce e se educa nos limites de uma instituição, quase sempre mantida pelo Estado 
ou por associações não governamentais religiosas. Algumas crianças, umas poucas 
privilegiadas, diga-se de passagem, são adotadas por casais e famílias. Entretanto, 
grande parte delas, os de fato excluídos social e economicamente pelo sistema 
moram nas ruas. 
 A política nacional de adoção privilegia crianças recém nascidas em 
detrimento de crianças mais velhas ou adolescentes, isso devido à própria cultura 
que temos no Brasil, estigmatizando, marginalizando e excluindo os mais velhos. 
Isso dificulta os processos de adoção. Ou seja, mesmo a lei garantindo o direito à 
criança e ao adolescente da convivência em família, não lhes garante um lar, uma 
família de fato. 
 
3.7 A dificuldade para a concretização das políticas de adoção no Brasil e a 
conseqüente afronta ao direito à convivência familiar 
 
 No Brasil é notória a preferência pelos recém nascidos, tendo em vista as 
expectativas criadas pelos possíveis adotantes. Essa atitude, dentre outras, colocam 
as crianças de idade mais avançadas e, por conseguinte os adolescentes no final da 
fila de espera por uma família substituta. 
Inúmeros casais, considerados aptos, bem como habilitados para a efetivação 
da adoção, estão simplesmente desistindo de adotar devido aos entraves que 
encontram nas vias normais, e legais, sobretudo no judiciário. (CAMARGO, 2009). 
O direito à convivência familiar, conforme preceituado no artigo 227, caput, da 
Constituição Federal de 1988, não vem sendo cumprido de forma eficiente. Isto tem 
se mostrado verdadeira afronta ao direito humano fundamental, da criança e do 
adolescente, de terem um lar, bem como uma família que os criem em segurança e 
bem estar, sob todos os aspectos. 
32 
As consequências são desastrosas para os jovens, pessoas em 
desenvolvimento que são, sobretudo no que concerne ao instituto da adoção, 
possibilidade esta que colaboraria de forma imprescindível para a melhoria das 
condições de vida de milhares de crianças e adolescentes, e dos recém nascidos, 
inclusive. 
Pode-se destacar alguns motivos para a política da adoção não se 
concretizar, quais sejam: o medo de que a criança, de idade mais avançada, que 
passa determinado período em instituições, não consiga se adaptar à realidade da 
nova família definitiva, acreditando então que esta criança já ter formado uma 
personalidade; a insegurança de que a criança não consiga estabelecer vínculo com 
os adotantes, haja vista, em função das inúmeras rejeições já vividas; o medo de 
que, a criança ou o adolescente ao longo do tempo desenvolva o desejo de 
conhecer a família biológica; o processo burocráticoque se instaura como uma das 
barreiras mais difíceis de serem transpostas, devido às exigências a serem 
cumpridas, exigências estas que aumentam o tempo de espera nas filas pela 
adoção. Estas filas são coordenadas pelos juizados da infância e juventude e tem o 
intuito maior de primar pelo bem estar das crianças, sejam recém nascidas, ou 
mesmo adolescentes; pelo fato de a criança permanecer por um período de um a 
dois anos sob guarda provisória, sendo que, neste tempo ainda permanece 
judicialmente ligada à família natural, os adotantes muitas vezes não aceitam a 
guarda provisória temendo que após o surgimento do vínculo afetivo com a criança, 
esta tenha que ser levada de volta à família natural. (CAMARGO, 2009). 
Importante ressaltar que a lei brasileira não permite a emissão imediata da 
certidão de adoção plena do adotando à família substituta, pensando justamente no 
bem estar e na segurança desta criança, pois o que está em voga é o futuro de uma 
pessoa em formação, um futuro cidadão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
 Como se pode verificar, o tema Direitos Humanos, notadamente no que 
concerne às questões relativas às crianças e aos adolescentes, é bastante 
complexo e vasto, devido à sua importância no contexto em que se insere o ser 
humano nos dias atuais. 
 A própria história na qual se forjou os Direitos Humanos, no mundo e também 
no Brasil, como pudemos verificar no presente estudo, a Declaração Universal dos 
Direitos do Homem traz no seu bojo aspectos imprescindíveis à formação e 
desenvolvimento do ser humano e, em conjunto com a Declaração Universal dos 
Direitos da Criança, tem-se um instrumento no qual se pode buscar a inspiração 
perfeita para a concretização desses preceitos fundamentais enumerados em nossa 
Carta Magna. 
 Entende-se que as declarações em si não podem obrigar a nenhum governo, 
ou mesmo qualquer um do povo a educar ou mesmo propiciar um lar a uma criança 
ou adolescente em situação de abandono, mas quando tais aspirações são 
recepcionadas e elencadas no texto Constitucional, dá-se às mesmas, caráter de 
norma. 
 Sendo assim, a partir do momento em que tão nobres aspirações se 
encontram positivadas no texto Constitucional, estas estão sujeitas ao cumprimento 
por toda a sociedade, mais do que isso cabe a esta mesma sociedade cobrar seu 
efetivo cumprimento. 
 Faz-se imprescindível observar e corroborar para a eficiência e efetividade 
das várias espécies de direitos ditos como fundamentais, principalmente os 
enumerados no artigo 227 da Constituição Federal de 1988, por se reportar direta e 
taxativamente ao ser humano em formação objeto deste estudo, qual seja a criança 
e o adolescente. 
 
34 
 Como preceitua o referido dispositivo, não se trata de uma obrigação 
exclusiva do Estado ou dos governantes que ali nos representam, mas de toda a 
sociedade. 
 
 As políticas públicas em curso não conseguem alcançar os objetivos 
almejados paras os quais formam concebidas, sobretudo àquelas que pautam pela 
pessoa humana em desenvolvimento. Pessoas estas, que serão quando adultas, 
reflexo das situações as quais são submetidas quando jovens. 
 O direito à educação e o direito à convivência familiar são, sem desmerecer 
os demais direitos elencados em nossa Carta Magna, os enumerados no artigo 5º, 
inclusive, cruciais para as crianças e os adolescentes haja vista que tais direitos 
primam pela essência do ser enquanto cidadão, parte integrante e fundamental do 
estado democrático de direito. 
 Entendemos que, se não for propiciado um modelo de educação de qualidade 
e em igualdade de condições para as crianças e adolescentes, não será possível 
que estes cidadãos se desenvolvam de forma a serem capazes de quebrar o ciclo 
vicioso da pobreza, instituído desde a muito no contexto brasileiro. 
 É notório que, por meio da educação, o cidadão consegue tornar possível 
vários outros direitos humanos fundamentais como a saúde, a dignidade, a cultura, a 
profissionalização, o lazer, a alimentação, dentre muitos outros. 
 Da mesma forma, somente em um ambiente equilibrado, saudável e com 
condições mínimas é que um ser frágil e tão dependente, sob todos os aspectos, 
como uma criança ou mesmo um adolescente, pode se desenvolver de forma 
completa e vir a se tornar um cidadão de bem, preocupado com a coletividade, bem 
como com o bem estar de todos a sua volta. 
 É fato que, para o adequado desenvolvimento humano, a família é elemento 
básico da sociedade e meio natural para o crescimento e o bem-estar de todos os 
seus membros e em particular das crianças e os adolescentes, devendo estes 
receber a proteção e assistência necessária para poder assumir plenamente suas 
responsabilidades na comunidade. 
 A compreensão da família como base para a efetivação dos direitos em voga 
faz-se imprescindível. Tanto a Constituição Federal, como no Estatuto da Criança e 
do Adolescente não absolutizam a família natural como única forma de assegurar à 
criança e ao adolescente o direito a convivência familiar. 
35 
As normas legais mencionadas centralizam a questão no direito que a criança 
e o adolescente tem de ser criados e educados pelas suas famílias. 
 O instituto da adoção deve ser mais bem trabalhado, como instrumento capaz 
de dar real efetividade ao cumprimento do direito humano fundamental da 
convivência familiar especificado na Constituição Federal de 1998, por meio do 
artigo 227. 
 Nota-se que a adoção é incentivada, mas por causa dos entraves que se 
fazem diante daqueles que pretendem adotar, esta não se consuma. Muitas famílias 
habilitadas a adotarem desistem quando percebem o mar burocrático no qual estão 
mergulhando e isso traz uma enorme frustração para todos, sobretudo para aquela 
criança ou adolescente que muitas vezes já se encontra em idade avançada. 
 É preciso uma reflexão ampla acerca das atuais políticas, concernentes à 
educação e de inclusão das crianças e adolescentes em famílias substitutas, 
notadamente a adoção. 
 Somente com um trabalho sério por parte daqueles que tem o poder de 
execução dessas políticas e, acima de tudo, um real envolvimento de toda a 
sociedade para que se alcance o cumprimento desses direitos, é que 
conseguiremos propiciar a oportunidade para que nossas crianças e adolescentes 
não venham a se tornar estatísticas de morte precoce seja por violência, abandono 
ou qualquer outro meio de opressão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
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