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ISBN # Page# 
XICBB'2005 
ANÁLISE CINEMÁTICA DE DUAS TÉCNICAS DE “PEGADA” NO 
EXERCÍCIO PUXADA ALTA 
 
Luciano Panosso da Silva, Josiele Vanessa Alves, Juliano Dal Pupo, Rudinei Previatti da 
Silva; & Carlos Bolli Mota 
 
UFSM-Universidade Federal de Santa Maria-Laboratório de Biomecânica, Santa Maria -RS 
 
 
Abstract: The present investigation had as purpose to 
determine the kinematic pattern of the movement on the 
back pull exercise, and verify the difference of the 
articular angle between two different techniques of the 
handle on the bar: opened and closed. Moreover, it was 
related the possible interference of the breadth on both 
technique and possible differences of the maximum 
dynamic strength. For the images capture, it was used a 
bi-dimensional videography with a camera operating at 
60 Hz and these images, afterwards, were analyzed by 
the Peak Motus System. This study had the participation 
of 26 young subjects of both sexes and 11 males for the 
maximum dynamic strength (1RM). The data analysis 
allowed us to affirm that there are significant angular 
differences among both techniques of handle for each 
joint envolved (shoulder and elbow), where the closed 
handle showed a smaller angulation on the elbow joint 
and then more efficient on the flexors muscles of this 
joint. The results also showed that the subjects breadth 
influences on the articular movement, since the bar 
must to be kept the same for all of them. About the 
maximum dynamic strength, the technique of the closed 
handle had the best performance. 
Key-words:Exercises resisted with weights, 
kinematics, back pull exercise. 
 
Introdução 
 
Os exercícios resistidos com pesos (ERP) têm 
despertado o interesse de um grande número de 
praticantes, sejam como forma de prevenção de 
doenças, promoção de saúde, motivos estéticos, 
competitivos ou simplesmente por lazer(1). A 
popularidade desta prática tornou-se crescente 
principalmente, devido a diversas pesquisas 
demonstrarem os benefícios desse tipo de treinamento.(2) 
Comumente, o termo “musculação” é o mais 
utilizado para designar ERP(3). Esta atividade se utiliza 
de sobrecargas externas para oferecer resistência ao 
músculo, sendo que estas podem ser empregadas de 
diversas formas, dentre as quais, destacam-se os pesos 
livres ou máquinas específicas. 
Para que ocorra uma perfeita execução dos 
movimentos em ERP, é fundamental conhecer as bases 
biomecânicas e cinesiológicas. Um bom embasamento 
nestas áreas irá permitir avaliar criticamente as técnicas 
usadas e assim realizar uma melhor prescrição dos 
exercícios, corrigir posturas ou ainda intervir na 
prevenção de lesões(4). A Cinesiologia é uma área que 
proporciona um profundo entendimento sobre o 
movimento humano. É através da análise cinesiológica 
que se podem conhecer os músculos atuantes em 
determinados movimentos, bem como distinguir quais 
são agonistas, antagonistas e sinergistas do 
movimento(5). 
O propósito de uma análise cinesiológica é 
determinar a atividade muscular predominante durante 
as fases específicas do desempenho e os movimentos 
articulares. Um dos métodos utilizados para fazer tal 
análise é o uso da cinemática auxiliada pela videografia. 
Através da digitalização dessas imagens gravadas obten-
se dados que fornecem subsídios para uma descrição 
completa e objetiva do movimento (1,6,7). 
Os movimentos corporais humanos funcionam 
através de um sistema de bioalavancas que são 
estabelecidos segundo princípios físicos(8,9). As 
variações angulares ou o grau de amplitude adotado em 
determinados exercícios podem influenciar no 
treinamento realizado em ERP, no que se refere à ação 
muscular e também à produção de força.(10) 
A adução do ombro no puxador vertical, conhecido 
como “puxada atrás com polia alta”(11), é um dos 
exercícios mais utilizados na sala de musculação. Neste 
sentido, percebe-se a importância da análise 
biomecânica-cinesiológica para a segurança e eficiência 
deste exercício. De acordo com a literatura(9) este 
exercício tem o objetivo de trabalhar o músculo Grande 
Dorsal, porém não envolvendo todas as fibras deste 
músculo, salientando que a variação da técnicas de 
“pegada” (modo no qual segura-se a barra) seria uma 
opção para fortalecer determinado grupamento muscular 
por completo. 
Os referenciais teóricos existentes sobre ERP muitas 
vezes trazem informações contraditórias e pouco 
embasadas cientificamente. Geralmente são encontradas 
na literatura apresentações simples, em forma de 
manuais e sem maiores explicações e aprofundamentos. 
As variações da técnica de execução, em função de 
diferentes ângulos articulares adotados, podem 
influenciar no treinamento em ERP. Neste sentido, e 
sabendo-se que a amplitude de movimento é uma 
variável importante de intensidade (12,13,14,15,16), o 
objetivo deste estudo foi determinar o padrão 
cinemático do movimento executado durante a fase 
concêntrica do exercício puxada alta, quando realizado 
por trás da cabeça, e verificar se existe diferença angular 
nas articulações envolvidas (ombro e cotovelo) com 
técnicas de “pegada” aberta e “pegada” fechada. Além 
 
 
ISBN # Page# 
XICBB'2005 
disso, foi relacionada a envergadura dos sujeitos nas 
duas técnicas e possíveis diferenças de força dinâmica 
máxima. 
 
Materiais e Métodos 
 
Afim de atender os objetivos propostos, esta 
pesquisa foi realizada em duas etapas. A primeira 
consistiu na determinação de um padrão de movimento 
para o exercício analisado. A segunda foi a realização 
de um protocolo de força dinâmica máxima (teste de 
1RM)17. 
Para a determinação dos ângulos das articulações do 
ombro e do cotovelo durante a execução do exercício, 
participaram voluntariamente 26 sujeitos com faixa 
etária entre 18 e 30 anos, de ambos os sexos (5 mulheres 
e 21 homens), familiarizados em ERP. O fator treinado 
ou não-treinado não foi levado em consideração, pois tal 
não foi considerado uma variável interveniente. Para a 
aplicação do teste de uma repetição máxima (1RM), 
foram selecionados 11 sujeitos (faixa etária de 18 a 40 
anos) do sexo masculino, considerados treinados, e com 
o mínimo de um ano de prática ininterrupta em ERP. 
Ambos os grupos freqüentavam o projeto de extensão 
“UFSM em movimento – projeto de musculação”, do 
Centro de Educação Física e Desportos da Universidade 
Federal de Santa Maria – RS. 
Na primeira etapa foi realizada a determinação de 
um padrão angular de movimento, para as articulações 
do ombro e do cotovelo, durante a fase concêntrica do 
exercício (definida como um ciclo completo) “Puxada 
atrás com polia alta”(11), utilizando duas diferentes 
técnicas de “pegada”, neste denominada de “aberta” e 
“fechada” (figura 1). 
 A captura das imagens desta etapa foi realizada 
utilizando videografia bidimensional, com uma câmera 
operando na freqüência de aquisição de imagens de 60 
Hz. As variáveis foram analisadas através do sistema 
Peak Motus (Peak Performance Inc.). O 
posicionamento desta câmera deu-se 
perpendicularmente ao plano frontal (vista posterior), 
plano no qual aconteceu o movimento. A calibração foi 
feita a partir de uma escala de alumínio com duas 
marcações com um metro entre elas, normalmente 
utilizada em filmagens bidimensionais. Toda a coleta foi 
realizada no Ginásio Didático II, na sala de ERP do 
Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da 
Universidade Federal de Santa Maria. 
Cada sujeito foi convidado a participar da pesquisa 
na sala de ERP, em horário previamente determinado, 
sendo instruídos a usarem roupa habitual de treino, 
porém, sem camiseta para os homens e top para as 
mulheres, possibilitando, assim, que fosse possível fazer 
as marcações específicas nos pontos determinados. 
Após a explicação dos procedimentos, verificou-se 
através de fita métrica, com resoluçãode 1mm, a 
envergadura de cada sujeito. Em seguida foram fixados 
marcadores reflexivos externos nas seguintes 
referências anatômicas: ponto médio entre os processos 
estilóides do rádio e da ulna, direito e esquerdo, côndilo 
lateral do úmero direito e esquerdo, processo acromial 
direito e esquerdo, 7ª vértebra cervical, vértebra 
localizada na linha média entre os ângulos inferiores das 
escápulas, cristas ilíacas direita e esquerdas. 
Na figura 1 são mostradas as marcas reflexivas sobre 
as referências anatômicas, o ponto que delimita o fim do 
movimento e a localização das “pegadas” para as duas 
técnicas: 
 
“Pegada”
fechada
“Pegada”
aberta
Fim do 
movimento
 
Figura 1: Ilustração do exercício. 
Inicialmente, cada sujeito realizou 30 movimentos 
completos de puxada alta com uma carga inferior a 
carga usual de treino, para que se pudesse estabelecer 
como carga leve (13) a partir deste número de repetições. 
Em seguida, estabeleceu-se uma carga específica para 
cada sujeito, normalmente a mesma com que foram 
feitas as 30 repetições. Se a carga fosse considerada 
muito leve, era intensificada, desde que ainda pudesse 
ser considerada leve. Logo após um pequeno intervalo 
de recuperação, o sujeito realizou cinco movimentos 
completos de puxada alta com a pegada mais afastada, 
nas extremidades da barra , aqui denominada de 
“pegada” aberta. Feitas estas repetições, sem qualquer 
intervalo, modificou-se o tipo de “pegada”. O sujeito 
agora devia segurar a barra mais internamente (“pegada 
fechada”) e realizar mais cinco repetições completas. 
Vale salientar que o final do movimento 
considerado(11) (final da fase concêntrica) foi pré-
determinado, através da marca colocada na linha nucal 
superior de cada sujeito, sendo este ponto alinhado com 
os lóbulos inferiores das orelhas, no plano de Frankfurt 
(ver figura 1). 
Na segunda etapa da pesquisa foi aplicado o 
protocolo de esforço progressivo neuromuscular 
máximo, teste de uma (01) Repetição Máxima 
(1RM)(17), para obtenção da Força Dinâmica Máxima 
(FDM). 
O aparelho utilizado para a execução do movimento 
de Puxada atrás com polia alta foi a máquina Pulley 
Alto, da marca INBAF, com quilagem mínima de 07 
quilos e máxima de 96 quilos. A barra é a comumente 
vista nas academias utilizada neste aparelho (figura 1). 
Foi feita uma média para cada quadro do movimento 
de cada variável para todos os sujeitos. Desta forma 
obteve-se dados médios de como ocorreu o movimento 
em cada instante. Em seguida foi realizado um teste “t” 
de Student para verificar a possibilidade de haver 
 
 
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XICBB'2005 
diferença angular entre as articulações dos ombros e 
cotovelos (direito e esquerdo). Como não apresentou 
diferença significativa, trabalhou-se com as médias das 
articulações. 
As comparações entre os ângulos articulares das 
diferentes “pegadas” foram realizadas através da 
estatística e de modo gráfico. Os resultados dos testes de 
1RM foram analisados descritivamente 
Para a análise da influência das envergaduras frente 
as diferentes “pegadas”, foi feita uma média das 
envergaduras dos 26 sujeitos, sendo 1,80m o valor 
encontrado. A partir disso, o grupo foi dividido em dois: 
com valores superiores a 1,80m e com inferiores a 
1,80m. Após foi realizado uma análise através do teste 
“t” de student para verificar possíveis diferenças entre 
os grupos no que se refere às envergaduras e os ângulos 
iniciais e finais de movimento nas duas técnicas. 
 
Resultados 
 
De acordo com o gráfico (Figura 2) referente ao 
padrão de movimento para o cotovelo, constatou-se uma 
angulação média inicial de 150,46º para a técnica 
“pegada” aberta, enquanto que para a técnica “pegada” 
fechada o valor do ângulo foi de 148,22º. Nota-se que 
no início do movimento os valores angulares das duas 
técnicas para o cotovelo são similares (não diferindo 
estatisticamente), ocorrendo uma diferença de apenas 
2,24º. 
Porém, o padrão final da fase concêntrica mostra 
haver uma diferença de 24,4º entre as duas formas de 
“pegada”. O valor final encontrado para a articulação do 
cotovelo durante a “pegada” aberta foi de 83,55º, valor 
este significativamente maior (P<0,01) do que os 59,21º 
encontrado na “pegada” fechada. 
 
55
65
75
85
95
105
115
125
135
145
155
1 8 15 22 29 36 43 50 57 64 71 78 85 92 99
% do ciclo
Â
ng
ul
os
Pegada aberta Pegada fechada
 
 
Figura 2: Padrão de movimento para o cotovelo 
 
Já para a articulação do ombro, como pode ser visto 
na Figura 3, o padrão de movimento do exercício com a 
“pegada” aberta inicia com angulação de 119,4º, 
diferente da “pegada” fechada, que inicia com o valor 
de 128,9º. Pode-se perceber uma alteração angular de 
9,5º para a articulação do ombro no início do exercício, 
valor este que difere estatisticamente a P<0,01. 
No entanto, o padrão final deste movimento durante 
a fase concêntrica, para a articulação do ombro, 
mostrou-se similar entre as duas técnicas adotadas. Para 
a “pegada” aberta o valor encontrado foi de 42,64º, 
enquanto que na fechada foi de 43,82º, ocorrendo 
portanto uma diferença de apenas 1,18°. 
 
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
1 8 15 22 29 36 43 50 57 64 71 78 85 92 99
% do ciclo
A
ng
ul
os
Ombro fechada Ombro Aberta
 
 
Figura 3: Padrão de movimento para o ombro 
 
Os valores das variáveis angulares referentes às 
diferentes envergaduras no exercício são mostrados a 
seguir: 
 
Tabela 1: angulações do ombro nas diferentes 
envergaduras no início do movimento. 
 
* diferente estatisticamente a p<0,05 
** diferente estatisticamente a p<0,01 
 
Tabela 2: angulações nas diferentes envergaduras ao 
final do movimento. 
 
 
* diferente estatisticamente a p<0,05 
** diferente estatisticamente a p<0,01 
 
Com relação às envergaduras dos sujeitos frente às 
diferentes “pegadas”, percebe-se que existem diferenças 
significativas entre dois grupos (acima de 1,80m e 
abaixo de 1,80m). Aqueles com envergaduras superiores 
a 1,80m apresentaram uma angulação da articulação do 
cotovelo menor ao final do movimento em relação aos 
inferiores de 1,80m. Desta maneira, o cotovelo passa a 
flexionar mais durante a fase concêntrica do exercício 
para aqueles com envergaduras superiores a 1,80m. Para 
a articulação do ombro, esta variação angular ocorreu 
no início do movimento (tabela 1), já ao final do 
movimento esta diferença não ocorreu (tabela 2). 
 Ombro Aberta Ombro Fechada
<1.80 m 
n=13 117.62° ±3.14* 126.74° ±4.35** 
>1.80 m 
n=13 120.96°±4.12* 131.28° ±3.78** 
Ombro 
Aberta 
Ombro 
Fechada 
Cotov. 
Aberta 
Cotov. 
Fechada
<1,80m 44,27° ± 9,67 
43,82° 
± 6,28 
87,17° 
± 6,63* 
63,43° 
± 5,57**
>1,80m 41,01° ± 2,74 
43,81° 
± 3,93 
79,93° 
± 8,11* 
55,00° 
± 6,91**
 
 
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XICBB'2005 
Testes de 1 RM realizados com diferentes técnicas 
de “pegada” no exercício puxada alta mostraram 
resultados superiores de desempenho utilizando a 
técnica de “pegada” fechada, conforme mostra a tabela 
abaixo: 
 
Tabela 3: Valores de 1 RM para as duas técnicas de 
pegada. 
 
 
Os valores encontrados diferiram em média 7,5% 
maior na “pegada” fechada, quando relacionada à 
aberta. Isso representa em torno de 5 Kg a mais (ou uma 
placa do aparelho). 
 
Discussão 
 
A partir dos resultados obtidos, pode-se afirmar que 
durante a técnica de “pegada” fechada houve um 
deslocamento angular na articulação do cotovelo 
superior ao da outra técnica analisada. Essa maior 
amplitude de movimento permite inferir que ocorreu um 
maior trabalho dos músculos atuantes nesta articulação 
durante o movimento (flexores do cotovelo). 
Numa análise física, pode-se afirmar que com o 
maior arco de movimentação percorrido(distância 
angular), desde que mantida a força (quilagem), será 
maior o trabalho desenvolvido, pois W = f x d. Essa 
constatação influencia diretamente na intensidade do 
exercício, já que a amplitude de movimento é uma das 
variáveis do treinamento (12). 
Fisiologicamente, a maior amplitude do movimento 
muscular no exercício, resulta em maior recrutamento 
de pontes cruzadas dos músculos agonistas do 
movimento, bem como, há um encurtamento maior dos 
sarcômeros, possibilitando assim um desenvolvimento 
dessa musculatura em toda sua amplitude(18). 
Um fator que influenciou neste maior deslocamento 
durante a “pegada” fechada é a constatação de que no 
padrão do movimento para a “pegada” aberta, ocorre 
um instante em que o cotovelo passa a não ter mais 
alteração angular constante, ou seja, o movimento 
continua na articulação do ombro, mas na articulação do 
cotovelo ocorre uma estagnação do deslocamento. A 
partir desse momento os músculos passam a atuar quase 
que de forma isométrica. Essa aparente isometria ocorre 
nos últimos 15% do ciclo, quando a angulação se 
estabiliza próximo do valor de 85º. 
Em se tratando de ombro, os resultados 
indicaram haver uma diferença estatisticamente 
significativa apenas para o início do movimento. Isso 
deve-se ao tipo de “pegada” adotada, pois na fechada o 
ombro parte de uma posição mais abduzida que na 
aberta. Neste sentido, os músculos adutores do ombro 
realizam deslocamentos diferenciados com a variação 
da pegada. 
Em relação às envergaduras quanto às diferentes 
pegadas na barra verificou-se, conforme mostra as 
tabelas 1 e 2, que mantendo-se uma barra única e os 
mesmos locais de pegada para todos os sujeitos, 
ocasionaria diferentes percursos angulares para o 
mesma articulação analisada. 
Em relação ao teste de força dinâmica máxima 
(1RM), os resultados sugerem que o uso das diferentes 
técnicas podem influenciar na prescrição adequada em 
ERP, quando esta for feita com base no teste de 1RM. 
Os maiores resultados obtidos no teste, como mostra a 
tabela 3, foram sempre observados na técnica de 
“pegada” fechada, justamente esta que mostrou um 
maior percurso dos músculos agonistas de cada 
articulação. 
No caso da articulação do ombro há um pré-
estiramento da musculatura adutora a qual, em virtude 
da curva comprimento-tensão do músculo 
esquelético(19), poderá desenvolver um melhor 
desempenho. Já para a articulação do cotovelo, este 
maior percurso da musculatura flexora não 
necessariamente implica em maior geração de força 
para contribuir no exercício, visto que para este 
grupamento muscular o fator alavancagem (maior 
torque no meio do movimento, ou seja à 90°(19)) 
superpõe à curva comprimento-tensão (que se dá no 
início do movimento). 
Desta forma o que parece explicar esta melhor 
performance da técnica de “pegada” fechada no teste de 
força dinâmica máxima (1RM), é o pré-estiramento da 
musculatura adutora do ombro. Fenômeno semelhante 
já foi demonstrado para os adutores horizontais do 
mesmo, prono-supinadores do antebraço, flexores e 
abdu-adutores do quadril(19). 
 
Conclusão 
 
Observou-se a partir dos resultados obtidos que o 
tipo de “pegada” adotada influencia diretamente na 
execução do exercício. Verificou-se que a utilização da 
técnica de “pegada” fechada mostrou-se ser mais 
eficiente para trabalhar os flexores do cotovelo. 
Os resultados obtidos geram análises permitindo 
dizer que os ângulos articulares que sofrem estas 
variações (cotovelo e ombro), são diretamente 
proporcionais ao tipo de pegada, tamanho da barra e das 
envergaduras do executante. De outra forma, o tamanho 
da barra é inversamente proporcional à envergadura do 
sujeito, ou seja, se a envergadura de um indivíduo 
aumenta, gera o mesmo resultado que o tamanho da 
barra do aparelho fosse diminuído. 
Com relação às envergaduras observou-se que os 
indivíduos que possuem envergaduras maiores 
flexionam mais seus cotovelos em relação aos de menor 
envergadura e partem de uma posição mais alongada de 
adutores do ombro, concluindo assim, que os músculos 
flexores do cotovelo trabalham mais e os adutores do 
ombro tem uma força útil maior. 
Sujeitos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Aberta 
(kg) 86 61 67 51 89 72 58 69 77 77 71
fechada 
(kg) 91 67 72 56 96 76 64 72 84 84 74
 
 
ISBN # Page# 
XICBB'2005 
Além de modificar a ação muscular, nesta mesma 
técnica houve resultados superiores no desempenho do 
teste de 1RM, mostrando assim, que consegue-se obter 
maior performance utilizando a “pegada” fechada. 
Diante disso, e concordando com a literatura(10), a 
utilização de diferentes técnicas de execução de ERP, 
ou a troca de implementos ou máquinas que 
modifiquem os ângulos articulares, devem ser 
analisados e aplicados com cuidado no ofício diário. 
A escassez de estudos sobre tal tema não permite 
confrontar e discutir mais os dados encontrados. Sugere-
se mais estudos na área de biomecânica aplicada a 
musculação, para que possamos embasar nosso trabalho 
e avançar de apresentações simples, sem maiores 
embasamentos, para ciência. 
 
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e-mail dos autores: 
lpanosso@mail.ufsm.br 
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Endereço: 
Laboratório de Biomecânica 
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Santa Maria, RS 
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ISBN # Page# 
XICBB'2005

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