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Análise semiótica estátua de Carlos Drummond de Andrade

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LICENCIATURA EM HISTÓRIA
ESTUDOS DISCIPLINARES V
TRABALHO EM GRUPO - TG
JOÃO BATISTA RODRIGUES FRAGA – RA: 1.638.763
Polo Vila Ré - São Paulo
 2017
1 INTRODUÇÃO 
	Este trabalho tem como objetivo responder à questão formulada pela Prof.ª Ana Lúcia Machado, proposta pela disciplina Estudos Disciplinares V, especialmente relacionada com a Semiótica. A questão proposta é a seguinte:
 	A estátua a seguir é do poeta Carlos Drummond de Andrade (Copacabana/RJ). A imagem 1 tem apresentação original e a imagem 2 tem a alteração feita à época do lançamento do livro “Quando é dia de futebol”. Faça uma leitura das duas imagens, verificando os dois planos do texto não verbal: conteúdo e expressão, sabendo que o plano do conteúdo relaciona-se com o fator cultural e o plano de expressão baseia-se em criação de categorias opostas. 
Imagem 1 
 			 Imagem 2
2 ANÁLISE DAS DUAS IMAGENS	
	A análise da questão proposta tomará como base os conceitos estabelecidos nas videoaulas sobre Estratégia de leitura de texto não verbal, apresentadas pelo Prof. Adilson de Oliveira, cuja referência se encontra ao final deste trabalho.
2.1 Imagem 1
	Esta imagem representa o poeta em tamanho natural em bronze, constituindo-se em uma homenagem da cidade do Rio de Janeiro a Carlos Drummond de Andrade, por ocasião do seu centenário de nascimento. O texto é não-verbal já que não há articulação com um sistema semiótico verbal, pois não há a presença de palavras para ancorá-lo ou para complementá-lo. Com relação ao plano de conteúdo, que remete ao significado do texto, ao que ele diz e como o faz para dizer, a estátua pode ensejar, em nível cultural, a compreensão de que se trata de um poeta que expressa um tipo de literatura que o torna presente no imaginário popular, cuja imagem, ao se apresentar vestida com trajes simples e informais, talvez denotando um comportamento descontraído próprio do local, pode transmitir exatamente essa proximidade também informal com o povo. Outro sentido poderia ser detectado ao se notar a expressão facial do poeta. O escultor teria muitas alternativas para compor esse visual, mas, ao lhe dar uma aparência circunspecta e contemplativa, talvez quisesse externalizar um contraponto ao lado do reconhecimento popular, impondo um significado de que a arte poética é algo a ser levado a sério, pois é um meio de evidenciar aspectos da subjetividade do artista quando este exterioriza sua maneira de ver o mundo que o cerca. Isto poderia significar um reforçamento do conteúdo sob o aspecto cultural.
	Do ponto de vista da valorização, tal texto não-verbal, por se tratar de uma escultura, possui valores artísticos inerentes à própria obra, por força da ocorrência e equilíbrio de elementos plásticos, que lhe conferem unidade de sentido. Trata-se, assim, de um valor lúdico. A presença da estátua num banco situado numa rua por onde circulam muitas pessoas poderia levar à identificação de um valorização utópica, na medida em que, além da forte característica identitária do poeta, poderia significar um presença viva proporcionando a evolução desse significado para a celebração da vida, já que a estátua o teria imortalizado naquele local.
	Já no plano de expressão, por se referir à maneira como o significado é manifestado, é possível observar que se trata de uma escultura feita em bronze que, por sua natureza, é escuro, podendo significar ausência de vivacidade da estátua em confronto com o lugar onde ela está posicionada, que reflete a plenitude da natureza, pela visão que proporciona do mar e das pessoas que passam pela calçada, podendo significar a presença de vida. Isto é possível, pois, por se tratar de uma estátua, portanto tridimensional, é possível vê-la por múltiplos ângulos, assim como múltiplos planos de fundo. A estátua não apresenta contrastes de cores, nem de luz e sombras, pois sua característica construtiva permite visualizá-la de vários modos, neutralizando algum possível efeito por ausência de luz. Outra categoria oposta que pode ser identificada diz respeito à seriedade x informalidade, onde a primeira é reproduzida pela aparência séria do autor, talvez apontando para uma reflexão ou preocupação interiores, e a segunda pelo tipo de roupa informal que veste a estátua.
	Por fim, percebe-se que há uma articulação entre os dois planos, onde o de expressão serve de suporte ao de conteúdo, garantindo unidade expressiva e significativa.
2.1 Imagem 2
	A imagem dois, em que se vê o poeta vestido com a camisa 10 da Seleção Brasileira, é nítida a referência cultural: a paixão do brasileiro pelo futebol, convergindo para a preferência de Drummond por esse esporte. O livro Quando é dia de futebol de sua autoria traz crônicas e poesias suas abordando tal temática. A camisa 10, nas costas da qual estão algumas palavras (versos?) aparentemente alusivas ao futebol, é a camisa que, além da cor – amarela – desperta no imaginário popular a associação com um craque do futebol brasileiro, Pelé. Pelé tratava o futebol com arte e genialidade. Nada mais oportuno do que vestir tal camisa em Drummond, consubstanciando, na estátua, dois craques cada qual com sua arte. Talvez seja possível, também, inferir de uma das figuras da imagem 2 uma intenção mercadológica, objetivando a venda do livro em questão. Esta inferência careceria de uma pesquisa mais específica a respeito. Ainda do ponto de vista cultural, tem-se que o povo brasileiro, em geral e com base no senso comum, não é muito afeito à leitura de livros, por diversos motivos. É possível inteligir que o livro posicionado nas mãos do poeta, este conhecido por muitos brasileiros, teria a capacidade de despertar o brasileiro pela leitura, já que tal gesto estaria partindo de uma autoridade literária.
	No que se refere ao plano de expressão, nota-se a mesma estátua, sobre a qual já se comentou acima. Entretanto, nesta imagem, há algo novo incorporado a ela: a camisa amarela, com o número 10 às costas e livros. Há um contraste nítido, quando se veem as duas figuras do poeta, uma de frente, outra de costas. É possível associar a categoria da anterioridade x posterioridade, na medida em que aquela poderia ser associada à alegria própria do futebol e a cor amarela, que pode denotar exultação, comemoração e festividade e esta à expressão séria e compenetrada de Drummond.
	Por fim, também aqui, é nítida a articulação dos planos de conteúdo e de expressão.
3 Considerações finais
	É certo que a análise proposta ensejou a oportunidade de aplicar alguns conhecimentos da ciência da Semiótica à escultura representando o poeta Carlos Drummond de Andrade. Também é certo que a análise poderia ser mais ampla, na medida do conhecimento mais aprofundado de tal disciplina, o que não é possível no curso ora sendo feito. Mas, a despeito disto, serviu como ferramenta que pode proporcionar análises de outros textos não-verbais, ampliando, em muito, a capacidade de letramento. Um texto não-verbal – vive-se rodeado e bombardeado por muitos deles – traz muito mais significado do que o senso comum pode captar. Daí, a necessidade de se municiar de conhecimento adequado a uma leitura mais aprofundada de tais textos.
	
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Adilson. Estratégia de leitura de texto não verbal	. 2017. Disponível	 em: <http://tvweb3.unip.br/producao/videoplayerhtml5/?tema=interativa&video= http://tvweb3. unip.br/ video/sei/android/120906_adilsonoliveira_i_bl1_sei.mp4> Acesso em 19 de abril de 2017.

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