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AVALIAÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR: AVALIAÇÃO DO ALUNO *Júlio dos Santos Cunha Resumo A avaliação é uma mediação que deve estar presente e ser permanente nos trabalhos de qualquer docente, pois deve acompanhar todas as fases do ensino- aprendizagem. Nesta perspectiva, torna-se necessário que esse assunto seja grandemente discutido, para que se possa perscrutar cada vez mais nessa temática. A avaliação que se realiza no âmbito escolar deve ser idealizada como mecanismo que, realmente possa favorecer a construção do conhecimento. Desta maneira, é viável que a avaliação desenvolvida pelos docentes possa desempenhar o seu papel fundamental, que é apoiar no desenvolvimento do ensino- aprendizagem do aluno. Portanto, a avaliação da aprendizagem não se constitui assunto pronto, é neste sentido que esta pesquisa foi desenvolvida, com o intensão de conhecer e buscar os meios que fundamentem futuramente a metodologia a ser aprofundada pelo docente durante o processo de avaliação dos alunos. Assim, a avaliação é uma tarefa difícil, que não se resume em aplicação de provas e atribuição de notas ou conceitos. A escola não pode estar desconectada da vida cotidiana da sociedade, precisa estar em harmonia e sintonizada com as condições evolutivas das informações que se avolumam quase que instantaneamente. A avaliação é, comumente, cercada de imprecisão, indefinição e, muitas vezes, de discrepâncias. Os docentes mais proficientes e de êxito permanente são os que tornam seu objetivo de educar os alunos algo simples e prático, de maneira que, estes vejam e sintam estar neles próprios o poder de formar homens e mulheres de firmes concepções, habilitados para qualquer posição na sociedade. Palavras-chaves: avaliação do aluno; ensino-aprendizagem; mecanismos da avaliação. *Pós-Graduando em Docência do Ensino Superior; Graduado em Teologia; Atua na área da saúde, no samu-192; e-mail: backaws@gmail.com Introdução A ponderação exposta sobre a temática aqui discutida propõe que a prática da avaliação está associada com o ponto de vista de educação que o docente detém. Consequentemente, a avaliação não pode ser vista como uma prática isolada, entretanto incorporada a uma particularidade mais extensiva que influencia de uma forma ou de outra no trabalho educativo, sendo um mecanismo complexo e ao mesmo tempo simples. O propósito desse estudo é suscitar uma breve argumentação acerca da avaliação no processo ensino-aprendizagem. O entendimento expressivo exposto no transcorrer do texto é que a avaliação preparada pelo docente deverá proporcionar a aprendizagem expressiva e o próprio desenvolvimento do aluno, sendo este um agente participativo e envolvido com o seu aprendizado. A necessidade desse estudo está em produzir uma repercussão em torno das duas perspectivas que circundam a prática da avaliação. Dessa maneira, é necessário discorrer na atividade avaliativa a existência dessas duas razões, que são por sua vez, são apoiadas pela própria legislação: uma no que se refere ao aspecto quantitativo e outro que considera o aspecto qualitativo, a primeira tem a ver com a ação classificatória, enquanto que a segunda está ligada diretamente ao cognitivo de cada sujeito envolvido no processo avaliativo. Nesse artigo, defende-se a proposição de que ambos os aspectos podem complementar-se no decorrer do processo ensino-aprendizagem, provocando a formação do conhecimento dos alunos. Para argumentar e examinar a temática favoreceu-se a fundamentação bibliográfica no sentido de conduzir e fundamentar este estudo. Considerando que as obras investigadas são de autores que são referências em avaliação da aprendizagem escolar. A avaliação aqui abordada deve também, ser considerada como mecanismo que amparará tanto o aluno no seu desenvolvimento cognitivo, quanto ao professor no redimensionamento de sua prática pedagógica, levando-os a compreensão de que a ação avaliativa deve ser conjunta. Finalmente, será destacado que o envolvimento e o dever do docente com a aprendizagem dos alunos são fatores essenciais que proporcionarão a formação do educando numa perspectiva libertadora. A relação entre o professor e o aluno deve ser discutível, de indagação, de argumentação e compreensão, e não de imposição de ideias e de receptáculos de conhecimentos pelo educador, onde o aluno é visto somente como alguém que deve assimilar conteúdos e em determinado momento externá-los na realização das provas. AVALIAÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR: AVALIAÇÃO DO ALUNO É nosso desejo termos uma escola de qualidade e competente, comprometida com a transformação da sociedade como um todo. Anelamos uma escola que viabilize aos alunos uma vida plena com visão ampla, dentro de uma sociedade democrática, ética e solidária, em conformidade com o nossa realidade e com a natureza do trabalho educativo. Para isso, precisamos entender o processo avaliativo como um mecanismo objetivo e libertador. Para falarmos de avaliação, devemos submeter nosso entendimento e reflexão da importância da educação ao processo avaliativo. Nessa perspectiva, a ideia que cada um possui com relação à avaliação está profundamente vinculada à sua própria concepção de educação. Ao avaliar, o professor deve empregar diversas estratégias e mecanismos variados, para que se diagnostique o início, o meio e o fim de todo o processo avaliativo, para que a partir de então possa progredir no processo educativo e retomar o que foi insuficiente para o processo de ensino- aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, faz-se obrigatório, em primeiro lugar, expor alguns conceitos de avaliação, para melhor entendimento de sua grandeza e suas suposições na prática educativa e no desenvolvimento da aprendizagem do aluno. De acordo com Libaneo (1994): “A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias (LIBANEO, 1994, p.195)”. Luckesi (2011) afirma que “a avaliação deve ser entendida como juízo de qualidade sobre dados que sejam relevantes, tendo em vista uma tomada de decisão. (Luckesi, 2011, p.111)”. Entendemos que a avaliação não é vista como um julgamento definitivo de algo. “avaliação é um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático.” (SANT’ANNA, 2011, p.31). Não podemos deixar de falar que o ato de avaliar é também uma conciliação entre quem ensina e quem aprende, e segundo Hoffmann (2000) a avaliação mediadora se desenvolve em benefício ao educando e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre quem educa e quem é educado. Assim, Sant’Anna (2011) endossa, “a avaliação só será eficiente e eficaz se ocorrer de forma interativa entre professor e aluno, ambos caminhando na mesma direção, em busca dos mesmos objetivo” (Sant’Anna, 2011, p. 27). É essencial que o aluno seja visto como um ser sociável capaz de se envolver no processo ensino-aprendizagem e esteja sujeito ao seu próprio desenvolvimento. Essas definições faz-nos entender a importância da avaliação no sistema educacional, pois é por meio dela que o docente e a instituição escolar constatarão se os objetivosdo ensino-aprendizagem e do sistema foram alcançados, devendo ser do interesse de todos os envolvidos, nesse processo, que os alunos aprendam e se desenvolvam de maneira completa, tanto individualmente como coletivamente, abrangendo assim todas as faculdades, físicas e intelectuais. Não podendo haver descuido dessas convicções e habilidades. A meta central deve ser o desenvolvimento das capacidades cognitivas que contribuem para o desenvolvimento da maneira de viver em sociedade. Entende-se que a ação de avaliar é abrangente e não se limita a um único objetivo, vai além dos parâmetros, coloca-se a favor ou contra a ação avaliada, possibilitando uma tomada de decisão, assegurando, assim, que o ensino- aprendizagem seja concretizado. Compreender que a avaliação deve estar presente em todo o processo educativo significa compreendê-la como integrante de primordial importância no desenvolvimento do ensino-aprendizagem do aluno para que o mesmo seja capaz de desenvolver habilidades que são inerentes somente a ele. Ou seja, obrigatoriedade de avaliar sempre se fará presente, não importando o regulamento pela qual se baseie o paradigma educacional. Não há como escapar do dever de avaliar os conhecimentos adquiridos, mesmo que se possa, com efeito, tornar mais eficiente esse processo naquilo a que se propõe: que é a melhoria de todo o processo educativo. De acordo com as funções que desempenha, a avaliação apresenta-se em três modalidades: somativa, diagnóstica e formativa. A avaliação somativa tem como atribuição classificar os alunos no final do bimestre, do semestre ou do ano letivo, segundo graus de desenvolvimento apresentados. Ou melhor, é o tipo de avaliação que ocorre ao final das aulas com a intensão de averiguar o que o aluno verdadeiramente aprendeu. Nesse processo, o aluno habitua-se a estudar somente para a prova, sem que lhe seja despertada uma real necessidade de aprender. A avaliação diagnóstica é constituída por uma sondagem, projeção e retrospecção da situação do desenvolvimento do aluno, dando-lhe elementos para averiguar o que aprendeu e como aprendeu. Isto é, é uma etapa do processo educacional que tem por objetivo verificar em que medida os conhecimentos anteriores ocorreram e o que se faz necessário planejar para solucionar dificuldades encontradas. Funciona como um diagnóstico do que se pretende examinar, fornece uma informação prévia acerca dos aspectos enfocados. Avaliação formativa é elaborada com o intuito de informar o docente e o aluno sobre o resultado da aprendizagem no decorrer do desenvolvimento das atividades escolares. Fornece feedback ao aluno do que aprendeu e do que precisa aprender. Detecta o déficit na sistematização do ensino-aprendizagem, de modo a proporcionar revisões no mesmo e assegurar a obtenção dos resultados desejados. Não se trata de aumentar a nota do educando, mas ampliar sua aprendizagem. Essas três formas de avaliação estão intimamente vinculadas para garantir a eficiência do sistema de avaliação e a eficácia do processo ensino-aprendizagem. A partir desta análise, a avaliação institui-se em um momento reflexivo sobre teoria e prática no processo ensino-aprendizagem. Ao avaliar, o professor estará certificando-se das condições de aprendizagem dos alunos, para, a partir daí, desempenhar mecanismos para sua recuperação, e não para sua exclusão, se pensar que a avaliação é um processo e não um fim. Nesse ponto de vista, compreende-se que não é possível desagregar a ação de conduzir e resgatar o processo de construção do conhecimento com a finalidade de averiguar o nível de conhecimento que o aluno alcança. Tendo em vista que, ambos estão interligados, a prática avaliativa e educativa vão se formar em um conjunto de ações que se complementam ao final do processo ensino- aprendizagem. Consequentemente, podemos admitir que o enfoque da investigação não exclui o de medir parcialmente os conhecimentos alcançados, embora concordemos também, que no processo avaliativo é muito mais frequente o afastamento que a proximidade entre as fundamentos evidenciados. A ação docente deve-se orientar na procura permanente da confirmação da aprendizagem do aluno. O professor não pode ter a responsabilidade simplesmente de transmitir os assuntos guardados e sistematizados. Essa ação beneficia a formação de um tipo de ser humano descontextualizado com a realidade atual. No entanto, é fundamental que haja a harmonização do conhecimento com a realidade vivida no cotidiano. A Avaliação no alcance desse objetivo se estabelece na qualidade de ponto de vista qualitativo e se desenvolve no perpassar de todo o processo ensino- aprendizagem. Nessa perspectiva, ela necessita de maior comprometimento do docente e maior empenho por parte do aluno, consequentemente contribui para a construção e maior compreensão do conhecimento apresentado. Portanto, a avaliação assume uma característica que vai além do corriqueiro dever de avaliar, no que diz respeito às atribuições do docente. Nesse ponto de vista, o compromisso do educador implica tanto na questão do respeito, quanto no querer o melhor para o aluno. Logo, ao desenvolver as provas o docente deve preocupar-se em elaborar questões que exijam mais das capacidades que necessitam de raciocínio e reflexão. As avaliações mais significativas são aquelas que direcionam o ensino, incorporadas ao processo de aprendizagem, e não simplesmente provas habituais que são aplicadas ao fim de cada período letivo. “O professor, ao utilizar a avaliação como um recurso para o educando verificar seu crescimento, estará permitindo o aluno a se tornar um aprendiz crítico capaz de avaliar as contribuições feitas pelos outros; estará oportunizando ao aluno conhecimentos relevantes para a solução de problemas; estará oferecendo condições para o aluno ser criativo e livre, além de capaz em suas iniciativas e responsável por suas ações. (Sant’Anna, 2011, p. 43) Dessa forma, a avaliação propõe uma aprendizagem expressiva para o aluno. Com essa atitude, o docente proporcionará ao aluno a percepção e a construção do conhecimento indispensável para a sua formação. Em contra partida, a avaliação existente no âmbito escolar, também, adota outro propósito que vai ao encontro das determinações oficiais da sociedade. No contexto da educação formal é determinado ao docente a comprovação e aferição do aprendizado do aluno, relatando quantitativamente o desfecho da aprendizagem. E esses, no que lhes concerne, são alcançados por meio de provas e testes, que na maioria das vezes não colabora para a construção do conhecimento do aluno. A avaliação classificatória é muito vaga, pois não aponta falhas no processo ensino-aprendizagem dos alunos e nas ações educativas dos docentes. Ao aluno cabe responder as perguntas sempre sugeridas pelo professor. Os alunos que alcançam notas expressivas, que agradam ao professor, infelizmente, a maioria das vezes, esses alunos aderem práticas como a memorização e a passividade. Desse modo, o aluno termina decorando o assunto a ser avaliado, deixando de desenvolver a aprendizagem que é fundamental em seu processo educacional. Avaliar a aprendizagem tem um sentido amplo. A avaliação é feita de formas diversas, com instrumentos variados, sendo o mais comum deles, em nossa cultura, a prova escrita. Por esse motivo, em lugar de apregoarmos os malefícios da prova e levantarmos a bandeira de uma avaliação sem provas, procuramos seguir o princípio: se tivermos que elaborar provas que sejam bem feitas, atingindo seu real objetivo, que é verificar se houve aprendizagem significativa de conteúdos relevantes.(grifo do autor) (MORETTO, 2005, p.95-96). Uma instituição educacional comprometida não ensina a memorizar, mas a pensar, a analisar as situações e fatos, a fazer comparações entre dados obtidos, informações adquiridas e ideias propostas, a desafiar o senso comum, a aprender a pesquisar de forma clara e integral, a trocar ideias, a relacionar-se uns com os outros para se ter um bom entendimento do cotidiano. Considerando que a memorização é o ato de lembrar, fixar na memória, e é uma ação muito complexa, porque não existe nenhuma área cerebral individual indicada a armazenar toda a informação que aprendemos, as dificuldades de memorização nos estudos são cada vez mais frequentes. Aprender não pode ser comparado ou relacionado, de forma alguma, com memorização de conteúdos, que em nada acrescentam às habilidades cognitivas dos alunos. A memorização dos requisitos que o aluno precisa saber para realizar a prova não lhe dá segurança de conhecimento de determinado conteúdo, isso faz com que ele recorra muitas vezes à famosa “cola”. A “cola” desmente o sistema de avaliação de provas, sobre o qual está encurvado o nosso sistema educacional. A prova é uma avaliação das capacidades individuais do aluno entregue aos seus próprios conhecimentos. A “cola” perverte essa avaliação, e o aluno recorre a esse recurso sempre que lhe é exigido provar a detenção do conteúdo ministrado e seu conhecimento em determinada área, na qual tem dificuldade de aprendizagem. Acabamos concluindo que a “cola” é uma das consequências do processo de ensino inspirado na visão tradicional da relação professor, aluno e conhecimento, em que ela era o momento destinado a verificar se o que havia sido transmitido lá estava, gravado “de cor”. Por isso era proibida qualquer consulta na hora da avaliação. Ao aluno cabia o ônus de “provar” que sabia (entenda-se havia memorizado) os dados e informações transmitidos pelo professor (MORETTO, 2003, p.101). A melhor maneira de diminuir as pressões que levam à “cola” é a preparação adequada do aluno para encarar a prova e compreender seu significado, além das atitudes do professor em relação desse mecanismo dentro de sua maneira de ensinar. Para Hoffmann (2012), “compreender não significa repetir ou memorizar, mas descobrir as razões das coisas, numa compreensão progressiva nas noções” (Hoffmann, 2012, p. 73). Entendemos que os educadores, habitualmente voltam a concentração de seus empenhos na questão quantitativa da avaliação, prestigiando e investindo menos na questão qualitativa, ou seja, no diagnóstico do desenvolvimento dos alunos. Essas situações ocorrem possivelmente em razão de a missão de avaliar qualitativamente requerer muito mais tempo dos educadores, o que suscita o máximo empenho por parte dos mesmos. Todavia, a situação real vivida por esse profissional o inviabiliza de embasar, estruturar e programar melhor a ação educativa. Isso geralmente ocorre, pela desvantagem desse profissional em ter uma baixa remuneração, induzindo-o a aceitar dupla e até tripla jornada de trabalho. Essa dificuldade também é motivada pela imposição da direção da escola na execução do conteúdo programático em tempo determinado, restringindo o docente em sua independência de aprimorar a ação pedagógica na perspectiva da avaliação qualitativa. Enquanto objeto com possibilidades diagnósticas, vinculada ao processo de ensino e de aprendizagem precisamos elaborar um projeto de avaliação que em primeira instancia, e através dos instrumentos nele instituído, possa servir a todo instante como feedback para avaliar não só o aluno, seu conhecimento, mas também toda uma proposta da escola, possibilitando, assim, validar e/ ou rever o trabalho pedagógico a cada momento em que isto se fizer necessário (RABELO, 1999, p.12). Nesse sentido a avaliação é idealizada como um mecanismo que vai interferir no planejamento não só do professor, mas de toda equipe, terminando nas definições que direcionarão os critérios do Projeto Político Pedagógico da Escola. Tendo em vista um Projeto Político Pedagógico envolvido com uma concepção libertadora é necessário assumir que o aspecto quantitativo da avaliação deve complementar o qualitativo, entendendo que ambos são indispensáveis e participam, de forma direta, do processo de educação e formação do aluno, levando- o a entender que suas ações promovem uma sociedade melhor. Para Hoffmann (2012), “o sentido fundamental da ação avaliativa é o movimento, a transformação. Os pesquisadores muitas vezes se satisfazem com as descobertas do mundo, mas a tarefa do avaliador é a de torná-lo melhor (Hoffmann, 2012, p.108)”. A determinação da avaliação quantitativa intenciona em primeiro plano a promoção do aluno para a continuidade de sua jornada acadêmica, em conformidade com as determinações da legislação educacional. A avaliação quantitativa elaborada pelos professores deve levar em consideração que a constatação da aprendizagem através das provas não poderá continuar sendo empregada para classificar e selecionar os alunos, comprovadas em muitas práticas pedagógicas. Pois, durante muito tempo, a avaliação foi utilizada como mecanismo de classificação e para rotular os alunos de bons ou ruins, os que são uteis e os que não têm jeito. Como alternativa à avaliação classificatória é proposta a avaliação mediadora. Assim, o professor fica mais atento ao aluno e entende-o melhor. Várias atividades devem ser aplicadas garantindo, assim, a espontaneidade do aluno ao fazê-las e todo o seu trabalho é valorizado. É preciso fazer das avaliações algo inovador, que esteja comprometido com o desenvolvimento do indivíduo por completo, sendo esse capaz de ver a escola como a razão de sua libertação intelectual. “Enquanto a avaliação permanecer atrelada a uma pedagogia ultrapassada, a desistência ao estudo permanecerá, e o aluno, o cidadão, o povo brasileiro continuará escravo de uma elite intelectual, voltada para valores de matéria, e ditadora, fruto de uma democracia opressora (Sant’Anna, 2011, p. 10)” Assim, a avaliação quantitativa complementará o aspecto qualitativo á medida que os resultados obtidos nas provas e testes realizados pelos alunos proporcionarem ao educador um retorno e a reflexão da sua atividade pedagógica. Assim, essa atividade a ser praticada pelo docente auxiliará a sua programação para que ele possa identificar e suplantar as dificuldades dos alunos, empregando, assim, novas estratégias de ensino e proporcionando a aprendizagem dos mesmos, considerando que o docente é o educador, portanto a educação é um ato essencialmente humano. A sustentação da avaliação na perspectiva quantitativa, pela legislação educacional, consequentemente está prenunciando a necessidade de uma ação diagnóstica no processo avaliativo. Essa ação implicará em resultados positivos, acreditando-se que durante o processo é possível detectar as dificuldades e proporcionar as intervenções necessárias para o desenvolvimento do ensino- aprendizagem do aluno. O evento instrutivo é único em cada momento da vida e para cada indivíduo. Ele se desenvolve em muitas direções, pois assume uma dimensão para cada contexto. Por isso, é preciso construir e reconstruir esse processo constantemente, porque ele é, assim, dinâmico, inovador. E aprender é um processo de compreensão gradativa de qualquer forma de conhecimento. Por tanto, para que haja aprendizagem é preciso que o aluno assimile as orientações de seu professor para que compreenda, reflita e aplique os conhecimentos obtidos de forma prática. Portanto, a formação acadêmica do professor, apesar de não ser o únicofator prevalecente, tem papel primordial na atuação desse profissional, uma vez que essa formação contribui no seu suporte teórico. E é a partir desse suporte que vai desenvolver as reflexões de sua prática pedagógica. A avaliação no âmbito escolar é um desafio que exige mudanças por parte do professor. Essa mudança requer muito estudo, reflexão e prática. Por esse motivo, requer-se do educador a busca pela inovação, exigindo-se uma mudança na postura deste profissional tanto em relação à avaliação propriamente dita, como à educação e a sociedade em geral. A reflexão da prática pedagógica provocará uma mudança na atividade educativa e pode melhorar as condições do processo ensino-aprendizagem, uma vez que o educador se comprometer com o aprendizado do educando. Essa reflexão deve ser uma mediação no processo de transformação que cada indivíduo passa à medida que adquire conhecimento. Conforme explica Sant’Anna (2011), “o educador será o agente produtivo e renovador se trabalhar com o aluno, de forma a desenvolver integralmente suas capacidades, acreditando na existência de uma vitalidade interior que se direciona para a criatividade. (Sant’Anna, 2011, p. 23)”. Outros fatores também são mencionados pelos professores como obstáculos no ensino-aprendizagem dos alunos. Podemos citar, por exemplo, a falta de acompanhamento dos pais ou responsáveis nas atividades escolares dos alunos. E muitos professores criam uma expectativa em relação à supervisão dos pais ou responsáveis pelos alunos, contando com esse empenho dos mesmos. E, como sabemos, essa falta traz sérias dificuldades para os alunos no seu ensino- aprendizagem, comprometendo, assim, também, a atuação docente. Por essa razão as famílias devem ser orientadas a se tornarem parceiras no processo ensino-aprendizagem e a escola deve expor os objetivos de cada fase do ensino e o que será confirmado em provas parciais. Para Vasconcellos, “a família deve ser orientada, no sentido de perceber que também tem um importante papel para não distorcer o sentido da avaliação. (Vasconcellos, 2008, p. 98)”. É exatamente então que se situa o ponto de estreitamento, pois é comum defrontarmo-nos com a falta de comprometimento dos pais ou responsáveis no que concerne às atividades escolares dos alunos. Todavia, deve-se levar em consideração que, atualmente, as dificuldades enfrentadas por esses responsáveis, muitas das vezes, tanto o pai quanto a mãe precisam trabalhar fora de casa para mantê-los. Além de que, é preciso ter em mente que a falta de recursos materiais e financeiros, e a falta de políticas públicas dentre outros fatores, também, interferem no processo ensino-aprendizagem. A sociedade e o Estado precisam saber que quem trabalha com público, que é carente e tem necessidades, está no entrincheiramento da isonomia social e do desenvolvimento, assim sendo a linha de frente e não a retaguarda da educação. E é quem deve levar esperança de vida melhor para cada indivíduo nessa sociedade, mesmo em face às dificuldades enfrentada por todos. De outro ponto de vista, os docentes, não podem se atemorizar com tudo isso, mas sim, enfrentar essas dificuldades como um estímulo cada vez maior. Esse estímulo expressa que o educador precisa continuar exigindo melhorias para sua atuação educativa. Primeiramente, por uma firme formação acadêmica, por melhores salários, condições adequadas de trabalho, e, sobretudo, por um ensino que proporcione a produção de conhecimento e desenvolvimento do ensino- aprendizagem, sendo que esse último, só se consegue com comprometimento do docente. “A avaliação deve levar à mudança do que tem que ser mudado também no sistema educacional. Há necessidade de definição de uma Política Educacional séria, ampla e comprometida com os interesses das classes populares, que leve alterações progressivas das condições objetivas de trabalho: mais verbas para a Educação: "melhor aplicação dos recursos; melhor formação para os professores; melhor remuneração dos profissionais da Educação.(Vasconcellos, 2008, p. 100 e 101)” A avaliação deve ajudar o aluno a crescer, tendo uma visão ampla se seu compromisso dentro da sociedade, deve levar o professor a melhorar sua prática educativa e fazer com a que escola reconstrua seu projeto educacional. O educador deve sempre buscar a melhoria para a aprendizagem de seus alunos, não apenas ter o objetivo de medir ou classificar o conhecimento dos mesmos. Entende-se, portanto, nessa ótica, que a avaliação deve ser vista como um ato de amor, uma ação inclusiva, onde tanto o aluno e professor são beneficiados. Assim, é preciso ter comprometimento e envolvimento com a ação educativa, para que se possa obter à aprendizagem dos alunos com os recursos que se tem, e não cruzar os braços em detrimento das faltas e falhas que o educador se depara no cotidiano escolar. Ocorre que, ocasionalmente, o educador fica justificando as ações que não se desenvolvem pelo fato de não dispor dos materiais que teoricamente lhe ajudaria em sua metodologia pedagógica. Quando se leva em consideração o compromisso e responsabilidade do educador com o ensino-aprendizagem dos alunos, ele geralmente trabalha com os poucos recursos que lhe são proporcionados, não por obrigação, mas pelo prazer de conduzir seus alunos na busca do conhecimento. Portanto, o mais significativo é que o aluno possa adquirir os conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e o desempenho de seus direitos e deveres como cidadão. Sabendo que as formas de avaliação tradicionais contribuem para o fracasso escolar, sejam elas orais ou escritas, e não determinam o grau de aprendizagem do aluno, é necessário que se estabeleça uma avaliação integrada do processo de aprendizagem que seja capaz agir e regular aprendizagem contínua e progressivamente. Nesse ponto de vista, a avaliação mediadora possibilita ao aluno construir seu conhecimento e colocar em prática todo o seu aprendizado. A avaliação escolar deve avalia o processo ensino-aprendizagem como um processo humano contínuo e progressivo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em face do exposto, vale perguntar: qual a importância de se avaliar o aluno? Refletir na avaliação como mecanismo que proporciona o ensino- aprendizagem, é assumir uma concepção de que essa incumbência não tem fim em si mesmo, mas que possa proporcionar ao aluno a alternativa de comparar seus conhecimentos e reorganizá-los. Ou seja, a avaliação deve ser entendida como um processo de comparação entre metas estabelecidas pelo educador e os resultados obtidos pelos alunos. Uma parceria que deve ser inovadora, onde o professor precisa olhar o aluno como um sujeito que precisar ser desafiado a aprender mais e melhor, através de uma análise constante das experiências vivenciadas. Sendo assim, a avaliação da aprendizagem passa a ser um mecanismo que auxiliará o educador a atingir suas metas sugeridas em sua atividade educativa. A avaliação sob essa visão deve ser tomada na perspectiva diagnóstica, servindo como mecanismo para identificar as dificuldades e viabilidades de desenvolvimento do aluno, permitindo se determinar as habilidades dos alunos em determinados assuntos e isso pode ser avaliado por meio de atividades simples, tais como uma entrevista, uma observação e, até mesmo, através de registros sistemáticos. A avaliação precisa ser concebida como um retorno para que o docente possa fazer um novo dimensionamento sua ação pedagógica, proporcionando assim, o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem, considerando que este não é estático, mas que se renova continuamente, utilizando-se de todasas possibilidades existentes para aprimorá-lo. Nota-se que, no atual método educacional, a avaliação é usada simplesmente para classificar os alunos, o que não tem colaborado para aprimorar o ensino- aprendizagem. Sendo assim, ela pode oferecer ao educador o entendimento de como o aluno está comportando-se frente ao conhecimento examinado, e que, na maioria das vezes, não revela o quanto o aluno tem aprendido É preciso lembrar que cada aluno responde diferentemente um do outro em face à formação dos saberes. Dessa forma, não se pode exigir que todo aluno cresça igualmente em toda a grade curricular de seu nível de ensino. Conforme a professora Elen Campos Caiado*, da equipe Brasil escola, “é fundamental que o professor tenha domínio da heterogeneidade de conhecimentos existente em sua turma, pois através desta referência, poderá elaborar estratégias de ensino, bem como poder acompanhar a evolução coletiva e individual de suas turmas”. Nesse ponto de vista, é necessário diferenciar mais as atividades avaliativas e valer-se mais dos trabalhos em grupo, em conjunto, para que os alunos possam estar colaborando uns com os outros nos conhecimentos que adquiriram. Conclui-se então que, a reflexão da atividade pedagógica assim como a busca da revisão literária e prática devem ser uma constante no trabalho do educador, para que o mesmo possa preestabelecer as dimensões da sua atuação em busca da melhoria contínua do processo ensino-aprendizagem. Uma alegação que parece admissível e está ao alcance do professor é fazer uso da a avaliação como meio para que os alunos e professores reflitem sobre a sua atividade. Se ambos estão envolvidos no processo, não é justo que a avaliação seja tendenciosa, visando somente o bem-estar do professor. Entretanto, todos devem sair ganhando nesse processo: professores, aluno e sociedade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré- escola à universidade. Porto Alegre: Educação & Realidade, 2000. ______________. Avaliação: Mito & Desafio. 42ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2012. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Cortez Editora: São Paulo, Coleção Magistério 2° Grau Série Formando Professor, 1994. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem Escolar, 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1997. ________________. Avaliação da aprendizagem Escolar: estudos e proposições, 22ª ed. São Paulo: Cortez,2011. MORETTO, Vasco Pedro. “Prova um momento privilegiado de estudos e não um acerto de contas”. DP&A Editora, RJ, 2005. ___________. “Construtivismo a produção do conhecimento em aula”. DP&A Editora, RJ, 2003. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar?: Critérios e instrumentos. 15. ed. Vozes. Petrópolis 2011. RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: Novos Tempos Novas Práticas. 2ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. VASCONCELLOS, Celso dos santos. Avaliação: concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. 18ª Ed. São Paulo: Libertad, 2008. *Elen Campos Caiado Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia Equipe Brasil Escola http://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/a-avaliacao-aluno.htm
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