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Petição inicial REVISÃO FGTS TR

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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) Federal da ____ Vara de __________ – UF
Prioridade de Tramitação Processual 
(quando o cliente for maior de 65 anos)
YYYYY, brasileiro, casado, profissão, portador da Carteira Profissional nº xxxx, CPF nº xxx, Documento de identidade nº, PIS nº xxx, residente e domiciliado à Rua xxxx, nº ___ ,Bairro ---- , CEP.: , Cidade/Estado, com fundamento na legislação vigente e com suporte na pacífica jurisprudência dos tribunais, vem, por seus procuradores infra assinados, propor a presente
AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO DA CORREÇÃO DO FGTS
contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira sob a forma de empresa pública, inscrita no CGC sob n. 00.360.305/0001-04, com superintendência regional sediada à Rua xxxx, nº ___ ,Bairro ---- , CEP.: , Cidade/Estado _____________ gestora do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, conforme razões e  pedidos a seguir articulados:
PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO PROCESSUAL
Considerando que o autor preenche os requisitos legais necessários, conforme comprova pelos documentos inclusos, requer, se digne Vossa Excelência de deferir-lhe a prioridade na prestação jurisdicional, nos termos da lei 10.173 de 09/01/2001.
JUSTIÇA GRATUITA
A parte Autora não pode suportar os ônus do processo sem prejuízo do próprio sustento e de sua familiar, conforme declaração inclusa, razão pela qual, requer que se digne Vossa Excelência de deferir-lhe os benefícios da Justiça Gratuita.
DOS FATOS
A parte autora é titular de conta do FGTS de nº -------------.
Entre 1991 e 2013, tudo que foi corrigido pela TR ficou abaixo do índice de inflação. Somente nos anos de 1992, 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998, a TR ficou acima dos índices de inflação. Isso causou uma perda na conta do FGTS do autor.
Veja as perdas/ganhos anuais em relação ao INPC-IBGE.
	Ano
	Diferença
	1999
	-2,49%
	2000
	-3,02%
	2001
	-6,54%
	2002
	-10,40%
	2003
	-5,20%
	2004
	-4,07%
	2005
	-2,11%
	2006
	-0,75%
	2007
	-3,53%
	2008
	-4,55%
	2009
	-3,27%
	2010
	-5,43%
	2011
	-4,59%
	2012
	-5,56%
Sendo assim, a parte autora tem sofrido sérios prejuízo econômicos, com uma perda financeira que perfaz o valor de R$ 0000,00, tudo em conformidade com a planilha de cálculo em anexo o qual deve ser recomposto pelo Judiciário.
DO DIREITO
O FGTS E A TR
Está em debate, a questão referente à adequação da forma de correção dos saldos das contas vinculadas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS. 
A correção mensal dos depósitos do FGTS compreende a aplicação de duas taxas que correspondem a diferentes objetivos:
A primeira dessas taxas diz respeito à correção monetária dos depósitos nas contas vinculadas, através da aplicação da Taxa Referencial –TR, que é o fator de atualização do valor monetário, vigente desde 1991.
A segunda refere-se à valorização do saldo do FGTS por meio da capitalização de juros à taxa de 3% ao ano. conforme estabelecido em lei (lei 8.036/90).
A TAXA REFERENCIAL: NOVO INDEXADOR CRIADO EM 1991
A Taxa Referencial (TR) foi instituída na economia brasileira no bojo da Lei Nº 8.177, de 31/03/1991 - que ficou conhecida como Plano Collor II – e teve como objetivo estabelecer regras para a desindexação da economia. À época, foi extinto um conjunto de indexadores que corrigiam os valores de contratos, fundos financeiros, fundos públicos, bem como as dívidas com a União, entre outros.
Assim, foram extintos, a partir de 1º de fevereiro de 1991, o Bônus do Tesouro Nacional (BTN) Fiscal, instituído pela Lei 7.799 de 10/07/89; o BTN referente à Lei 7.777, de 19/06/89; o Maior Valor de Referência (MVR) e as “demais unidades de conta assemelhadas que são atualizadas, direta ou indiretamente, por índice de preço”, conforme o artigo 3º da Lei em questão.
Simultaneamente, o artigo 4º determinou que “a partir da vigência da medida provisória que deu origem a esta lei, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística deixará de calcular o Índice de Reajuste de Valores Fiscais (IRVF) e o Índice da Cesta Básica (ICB), mantido o cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).”
Alternativamente a estes indexadores extintos, o Banco Central (Bacen) passou a ter a incumbência de divulgar a Taxa Referencial (TR) sendo o seu cálculo referenciado na “...remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de 60 dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal.”
A Lei determinou o prazo de 60 dias para o desenvolvimento da metodologia do cálculo da TR pelo Bacen. Durante este prazo, cabia ao Bacen “fixar” e divulgar a TR para cada dia útil. A nova orientação sobre os mecanismos de correção indicava o rompimento com os índices baseados em preços, com os novos indicadores passando a ser elaborados a partir da remuneração dos ativos financeiros praticados por instituições bancárias conforme previsto na nova metodologia de determinação da TR.
Particular importância teve a definição metodológica de criação de um Redutor aplicado no cálculo para determinação da TR. A Resolução nº 1.805, de 27 de março de 1991, fixa o redutor em 2,0% e explicita que: “A TR para o dia de referência será calculada deduzindo-se da média móvel ajustada das taxas os efeitos decorrentes da tributação e da taxa real histórica de juros da economia, representados por taxa bruta mensal...” . 
Desta forma, desde a sua origem, a fórmula de cálculo da TR comporta um fator Redutor que é arbitrado pelo Bacen. 
No Gráfico 1, observam-se as médias anuais da relação das TRs com as taxas básicas financeiras (TBFs), no período de 1995 à 2012. Como se vê, a curva é declinante, indicando a queda da TR em relação à TBF. Este declínio vai se acentuando com o passar do tempo, indicando que a TR aproximou-se de zero, em 2012. Neste ano, em seis meses, observou-se uma TR igual a zero. Também até o momento, em 2013, todas as taxas mensais da TR foram zero, podendo assim permanecer no restante do ano.
GRÁFICO 1
Relação entre TR e TBF – média anual
Fonte: Bacen
Elaboração DIEESE
MUDANÇAS NA POLÍTICA DE CÂMBIO E IMPACTO NA TR
O FGTS sofreu impactos negativos com a piora do mercado de trabalho na década de 1990 e, de forma inversa, impactos positivos com a melhora verificada no grande crescimento da geração de postos de trabalho formais já na década de 2000, especialmente após 2003. Nos últimos anos, a arrecadação e o saldo líquido do fundo mantiveram trajetória ascendente em ritmo superior à verificada para os saques que, refletindo a alta rotatividade do mercado de trabalho, também cresceram em ritmo elevado, ainda que inferior ao verificado para o aumento da arrecadação. Desde 2000, a arrecadação líquida foi de R$ 116,5 bilhões. Esse resultado foi administrado a partir da aplicação dos recursos do FGTS em aplicações financeiras, especialmente títulos públicos, que garantiram grande rentabilidade ao fundo; deram segurança ao fornecimento de crédito habitacional subsidiado e facilitaram a obtenção da recomposição das perdas de inflação e os ganhos financeiros do fundo segundo as aplicações de mercado.
Por sua vez, o cenário de queda das taxas de juros pós-1999 acabou afetando diretamente a variação da TR. Isso teve impacto direto sobre a rentabilidade do fundo e, por outro lado, afetou também a remuneração dos cotistas. Se a composição da remuneração atual das contas vinculadas do FGTS é de 3% (a título de capitalização) acumulada à variação da TR (correção monetária), o movimento de queda da taxa de juros e as modificações na fórmula do cálculo da TR afetam negativamente a taxa, o que impactatambém negativamente a remuneração das contas vinculadas do FGTS. 
O período pós-1999 é um marco importante no que diz respeito à TR, porque no campo macroeconômico houve o fim do regime de câmbio administrado e a adoção da taxa de câmbio flutuante. Essa alteração tem impacto nas taxas de juros (e por consequência na TR) porque, com o fim da necessidade de “defender” a taxa de câmbio pré-determinada pela equipe econômica, houve uma redução importante no patamar da taxa de juros Selic (a taxa básica da economia brasileira). 
Assim, se consideradas as taxas mensais anualizadas da Selic – que nos anos de 1998 e 1999 foram de 25,6% e 23,0%, respectivamente – em 2000 houve redução para 16,2%, e a partir daí, diminuiu progressivamente até atingir 8,2% em 2012, ou seja, menos de um terço do percentual de 1998. O Gráfico 2 mostra esse comportamento.
GRÁFICO 2
Taxa Over/Selic: Taxa anualizada com o valor acumulado das taxas mensais
Brasil, 1995 a 2012, em % ao ano.
Fonte: Bacen, Ipeadata
Elaboração: DIEESE
Além de a queda da taxa Selic resultar na diminuição de um dos principais componentes da TR - a Taxa Básica Financeira (TBF) -, outro elemento do cálculo da TR, o Redutor - mecanismo utilizado na fórmula de cálculo da taxa referencial para diminuir os percentuais resultantes da TBF – foi utilizado sequencialmente pelo Bacen para ajustar a TR aos juros básicos da economia, afetando diretamente o rendimentos dos cotistas.
Apesar de um escalonamento realizado em um dos itens que compõem o Redutor da TR, segundo a resolução nº 3.550/2008 e circular 3.455/2009, ambos do Banco Central, seu impacto não resolveu, de forma adequada, a correção monetária da TR. Isso porque a modificação nesse Redutor não foi na mesma proporção da queda verificada na taxa de juros Selic e, portanto, na TBF, que é diretamente impactada por essa taxa básica da economia brasileira. Tanto assim que, a partir de 2008, o Banco Central estipulou uma medida indicando que mesmo que o cálculo da TR apresentasse valores negativos, no resultado deveria ser considerado o valor de 0%., ou seja, correção monetária nula.
As perdas, porém, devem ser contextualizadas em relação ao fato de o próprio BC admitir que a fórmula de cálculo da TR (que também é utilizada para a poupança) pode ser revista em qualquer momento. Além disso, devido a questões macroeconômicas mais amplas, o BC pode precisar alterar o rendimento das poupanças (como o FGTS, no caso uma poupança “compulsória”) devido à gestão da dívida pública e à atratividade dos ativos financeiros em um cenário de queda do patamar de taxas de juros, como ocorrido recentemente. Portanto, supondo-se que o patamar das taxas de juros mantenha-se como o atual, será necessário optar dentre algumas medidas:
Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR; ou
Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS, a qual deve possibilitar sua valorização, ao mesmo tempo em que continue sendo importante fundo para a execução das políticas habitacionais do país, permitindo o acesso a crédito subsidiado pela população.
No gráfico 3, é possível notar a relação nas trajetórias das taxas Selic, TBF e TR, desde 1996: aumentos ou reduções da taxa Selic interferem diretamente nas outras duas taxas em questão.
Como já foi dito, a redução na Taxa Selic, teve impacto na Taxa Básica Financeira (TBF), que sofreu redução, e que, por sua vez, impactou a TR que, consequentemente, também apresentou queda.
GRÁFICO 3
Variação acumulada no ano da TR, TBF e Taxa Selic,1996-2013
Fonte: IBGE, Bacen
Elaboração: DIEESE, 2013
No Gráfico 4 é possível visualizar melhor esse cenário. Em 1996, a TR ficou em 9,59%, e ainda remunerava as contas do FGTS considerando em patamar suficiente para cobrir a inflação do período; mas é a partir de 2000 - portanto, na seqüência da mudança na política cambial que teve reflexos sobre a redução da taxa de juros - que a TR começa uma trajetória de percentuais bastante baixos. Em 2000, o percentual ficou em 2,10%, chegando em 2012 a uma taxa de 0,29% e de 0,0% em 2013. Nesse período – a partir de 2000, o único ano que apresentou um percentual acima da média foi 2004 (4,65%).
Apesar de esse período registrar, na maior parte dos anos, índices de inflação baixos (exceção para os anos de 2001, 2002 e 2003), como a TR apresentou patamares muito baixos, a diferença entre essas taxas, como se pode constatar no Gráfico 4, apresenta números negativos desde 1999. Ou seja, a TR não conseguiu recompor a inflação nos saldos das contas vinculadas do FGTS, que acumularam perdas de 1999 a 2013 de 48,3%.
GRÁFICO 4
Diferença da TR e do INPC, 1991-2013
Fonte: IBGE, Bacen
Elaboração: DIEESE, 2013
Nos últimos 18 anos, apenas de 1995 a 1998 a variação anual da TR superou a variação do INPC. Nos anos seguintes, a TR é superada pelo INPC, com destaque para 2003, quando a diferença foi maior que 10%, como mostra Gráfico 4.
Quando se compara a evolução da TR, da TR acrescida de 3% e do INPC, entre 1995 e 2012, constata-se que a remuneração das contas do FGTS só não fica abaixo da inflação por conta do acréscimo do percentual de 3% a título de capitalização. Entretanto, após 1999, quando o INPC passa a superar a TR, a diferença cumulativa entre as taxas cresceu tanto que, mesmo considerando o acréscimo dos juros capitalizados, a correção acumulada das contas vinculadas torna-se inferior à inflação acumulada em igual período.
GRÁFICO 4
INPC,TR e TR+3%. 1995-2012
Fonte: IBGE, Bacen
Elaboração: DIEESE, 2013
DESEMPENHO FINANCEIRO DO FGTS E REMUNERAÇÃO DOS COTISTAS
O desempenho da economia, desde a década passada, refletiu-se positivamente no mercado de trabalho brasileiro. São diversos os indicadores que revelam essa situação de melhoria, pois houve um significativo crescimento do emprego; aumento real do salário médio da economia; recuperação do poder de compra do salário mínimo; aumento da formalização do emprego, entre outros fatores.
O ambiente de crescimento econômico também surtiu efeito positivo sobre o desempenho do FGTS, devido à vinculação direta de sua arrecadação com o emprego formalizado e o nível dos rendimentos da economia. No tocante aos valores da arrecadação bruta do FGTS, observa-se que ela quase dobra quando se compara o resultado de 2012 e 1999, anos em que corresponderam a R$ 83,03 bilhões e R$ 42,02 bilhões. Por sua vez, os saques, nestes mesmos anos, cresceram 53%, correspondendo a R$ 65,05 bilhões e R$ 42,54 bilhões. Observe-se que o valor do saque, em 1999, supera um pouco o valor da arrecadação, indicando um resultado líquido negativo no ano. 
Conforme se vê no Gráfico 6, nos anos de 1997 e 1998, estes resultados também foram negativos. A partir de 2000, a arrecadação líquida torna-se positiva e crescente representando um indicador positivo do desempenho do FGTS.
GRÁFICO 6
Evolução da arrecadação Real do FGTS (R$ bilhões de 2012)
O significativo desempenho financeiro do FGTS também pode ser visto através da evolução do Patrimônio Líquido registrado no período de 1999 a 2012, como mostra o Quadro 1, no qual se observa que o crescimento apresentado em seu valor real, que foi de 164%, no período.
QUADRO 1
FGTS: Patrimônio Líquido(*)
	Anos
	Patrimônio Liquido
	1999
	17,72
	2000
	19,65
	2001
	18,86
	2002
	19,03
	2003
	23,12
	2004
	26,64
	2005
	28,70
	2006
	30,00
	2007
	30,72
	2008
	35,20
	2009
	36,81
	2010
	40,74
	2011
	43,45
	2012
	46,79
Fonte: FGTS
Elaboração DIEESE
Nota: (*) em reais 2012-IPCA
Com base em estudo elaborado pela Consultoria Legislativa do Senado, valendo-se de informações fornecidas pela CEF é possível confrontar o retorno recebido pelo FGTS e retorno pago aos cotistas, entre 2000 e 2011 (Quadro 2).
No quadro 2, ficam evidentes as diferenças entre o retorno das aplicações do FGTS, e o retorno dos cotistas indicando claramente “que há uma fortediscrepância entre o rendimento do Fundo e o rendimento dos cotistas.” Ou seja, o rendimento das aplicações dos recursos do fundo é bem superior ao rendimento pago aos titulares do fundo. Além disso, o quadro mostra também que o rendimento dos cotistas (Juros +TR) tem sido inferior à inflação no período.
CONCLUSÕES
Conforme se observou nos argumentos acima, o FGTS é um fundo tipicamente parafiscal, formado por contas de poupança individual dos trabalhadores e funding para financiamento de investimentos em atividades específicas: habitação, saneamento e infra estrutura urbana.
Desde a sua origem, houve previsão legal de correção de seus valores, com garantia da atualização monetária e a capitalização de juros à base de 3% ao ano.
Em 1989, a correção do FGTS passa a ser mensal. Em 1º de março de 1991, no âmbito de medidas econômicas voltadas para a “desindexação da economia” a correção monetária do FGTS foi atrelada à Taxa Referencial (TR), um novo indexador criado com base nos juros básicos da economia, com o objetivo de romper com os indexadores baseados na evolução dos preços.
Coube ao Banco Central fixar a TR, enquanto não foi aprovada a metodologia para o cálculo dela. Em 27 de março, o Bacen editou resolução que deveria ser “enviada ao conhecimento do Senado Federal”. Nesta metodologia, havia a previsão de um redutor (R.) na fórmula de cálculo da TR.
Devido às elevadíssimas taxas de juros praticadas, sobretudo até 1998, as taxas fixadas para a TR ficaram próximas ou superaram os indicadores tradicionais de inflação. A partir de 1998, o que se observa é o crescente distanciamento da TR quando comparado ao INPC. Essa tendência deveu-se, por um lado, à queda da taxa de juros da economia, e, por outro, aos critérios implícitos na definição do Redutor constante da metodologia de cálculo da TR.
Cabe aqui, na conclusão recuperar uma colocação feita no decorrer desta petição, afirmando que, supondo-se que o patamar das taxas de juros mantenha-se como o atual, será necessário optar por algumas medidas:
Modificar o redutor ou a fórmula de cálculo da TR ou
Eleger outra forma de atualização dos saldos do FGTS que possibilite sua valorização, ao mesmo tempo em que continue a ser um importante fundo para a execução das políticas habitacionais do país, com acesso à crédito subsidiado pela população.
DO POSICIONAMENTO DOS TRIBUNAIS SUPERIORES
É posicionamento consolidado no STF de que a TR não serve como correção monetária.
Ao julgar um caso de um credor do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), em maio/2013, a ministra Cármen Lúcia reafirmou a posição da Corte de que a Taxa Referencial (TR) - que remunera a poupança - não serve para recompor a perda inflacionária da moeda. 
DECISÃO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. “ÍNDICE OFICIAL DE REMUNERAÇÃO BÁSICA DA CADERNETA DE POUPANÇA”: INCONSTITUCIONALIDADE DA EXPRESSÃO. ACÓRDÃO RECORRIDO DISSONANTE DA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA: OFENSA CONSTITUCIONAL INDIRETA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Relatório 1. Recurso extraordinário interposto com base na alínea a do inc. III do art. 102 da Constituição da República contra julgado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que decidiu: “AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. EXECUÇÃO. PRECATÓRIO/RPV COMPLEMENTAR. EC N. 62/2009. ART. 100, § 12, DA CF. CONSTITUCIONALIDADE. INCIDÊNCIA IMEDIATA. 1. O § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela EC n. 62, de 09/11/2009 (publicada em 10/12/2009), tem aplicação imediata aos feitos de natureza previdenciária, sendo constitucional. 2. Entendimento firmado no sentido de que a TR mostra-se válida como índice de correção monetária. 3. Nada impede o legislador constitucional ou infraconstitucional de dispor sobre correção monetária e taxa de juros e, em se tratando de relação de direito público, não há óbice a incidência imediata da lei, desde que respeitado período anterior à vigência da nova norma (vedação à retroatividade), pois não existe direito adquirido a regime jurídico” (fl. 68). 2. O Agravante alega que o Tribunal a quo teria contrariado os arts. 1º, inc. III, 5º, caput e incs. XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição da República. Argumenta que: “A EC n. 62/2009, em seu art. 1º, § 12, instituiu que ‘A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios , após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros indecentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios’. Como se sabe, o índice de remuneração básico da poupança é a Taxa Referencial – TR, índice controlado pelo Estado, e utilizado como instrumento de controle da economia – vide os sucessivos índices mensais zerados, a fim de controle de aporte de capital nas poupanças. Tanto a TR não se presta como índice de correção monetária, que o STF já decidiu nesse sentido: ‘A taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária (...) não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda’ (ADI 493-0/DF, Relator Min. Moreira Alves, Plenário, DJ 4.9.1992). (...) Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão não poderá ser tolerado pelo Judiciário, merecendo a declaração de inconstitucionalidade do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, adicionado pela EC n. 62/2009. (...) Assim, declarada a inconstitucionalidade do índice aplicado ao precatório pago nos autos, deve ser tomado como vigente e aplicado ao caso concreto o índice IPCA-E” (fls. 72-73). Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO. 3. Razão jurídica assiste, em parte, ao Recorrente. O Desembargador Relator no Tribunal Regional Federal da 4ª Região afirmou: “Quando da análise do pedido de efeito suspensivo, foi proferida a seguinte decisão: ‘(...) Firmou-se na 3ª Seção deste Tribunal o entendimento de que a Lei n. 11.960, de 29/06/2009 (publicada em 30/06/2009), que alterou o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, determinando a incidência nos débitos da Fazenda Pública, para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros da caderneta de poupança, aplica-se imediatamente aos feitos de natureza previdenciária, sendo constitucional. Não há razão para tratamento diferenciado em relação ao § 12 do artigo 100 da Constituição Federal, introduzido pela EC n. 62, de 09/11/2009 (publicada em 10/12/2009), que trata especificamente da situação a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento. A Taxa Referencial, segundo entendeu o Superior Tribunal de Justiça, pode ser utilizada como índice de correção monetária. O que não se mostra possível é sua substituição em pactos já firmados, de modo a violar o direito adquirido e o ato jurídico perfeito. A Súmula n. 295 do Superior Tribunal de Justiça, a propósito, enuncia: A Taxa Referencial (TR) é indexador válido para contratos posteriores à Lei n. 8.177/91, desde que pactuada. Colhe-se da jurisprudência desta Corte: (...). A situação dos autos é um pouco diversa, pois se discute sobre a incidência imediata de norma que dispôs sobre os acréscimos aplicáveis aos débitos previdenciários. Apropriada, contudo, a aplicação do entendimento de que a TR mostra-se válida como índice de correção monetária. Por outro lado, nada impede o legislador constitucional ou infraconstitucional de dispor sobre correção monetária e taxa de juros. Em se tratando de relação de direito público, nada obsta a incidência imediata da lei, desde que respeitado período anterior à vigência da nova norma (vedação à retroatividade), pois não existe direito adquirido a regime jurídico. Assim, tratando-se de norma nova que dispôs, para o futuro, sobre os acréscimos aplicáveis a créditos previdenciários,não se cogita de violação à cláusula constitucional que assegura o direito de propriedade (art. 5º, XXII, CF), ou mesmo àquela que protege o direito adquirido e o ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, CF). Como não se cogita de violação do princípio da isonomia, certo que situações díspares podem receber tratamento diferenciado, de modo que a utilização de indexadores diversos, mas idôneos, para atualização de créditos de naturezas diversas, não contraria o artigo 5º, caput, da Constituição Federal. Da mesma forma, como a norma produz efeitos para o futuro, não está a ofender a coisa julgada (art. 5º, inciso XXXVI CF), certo que a coisa julgada somente incide em relação às situações especificamente na decisão judicial, de modo que a definição do índice de correção monetária referente a período posterior não está forrada ao advento de mudança normativa. Consigno, por fim, que a norma que validamente dispõe sobre os acréscimos aplicáveis a débito do poder público evidentemente não está a violar os princípios da moralidade e da eficiência (art. 37 da CF). Oportuna a referência a precedentes do Superior Tribunal de Justiça: (...). Segue em sentido assemelhado precedente do Supremo Tribunal Federal que espelha a posição daquela Corte: ‘Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Execução contra a Fazenda Pública. Juros de mora. Art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação dada pela MP n. 2.180-35/2001. 3. Entendimento pacífico desta Corte no sentido de que a MP n. 2.180-35/2001 tem natureza processual. Aplicação imediata aos processos em curso. 4. Agravo regimental a que se nega provimento’ (AgR no AI n. 776.497. Relator: Min. GILMAR MENDES Julgamento: 15/02/2011. Órgão Julgador: Segunda Turma STF). Diante de todo o exposto, defiro o pedido de efeito suspensivo’. Não havendo novos elementos a ensejar a alteração do entendimento acima esboçado, deve o mesmo ser mantido por seus próprios fundamentos, dada a sua adequação ao caso concreto” (fls. 66-67 v. - grifos nossos). O acórdão recorrido destoa da jurisprudência deste Supremo Tribunal, que declarou a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República (acrescentado pela Emenda Constitucional n. 62/2009): “o Tribunal julgou procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da expressão ‘na data de expedição do precatório’, contida no § 2º; os §§ 9º e 10; e das expressões ‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’ e ‘independentemente de sua natureza’, constantes do § 12, todos dispositivos do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC n. 62/2009, vencidos os Ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki e Dias Toffoli. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa” (ADI 4.357, Relator o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe n. 59/2013, de 2.4.2013 – grifos nossos). 4. Quanto à determinação do índice a ser aplicado na correção monetária do precatório, trata-se de matéria a ser decidida com base em norma infralegal (Resolução n. 122/2010 do Conselho da Justiça Federal), não afeta a este Supremo Tribunal: “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. PRECATÓRIO. ATUALIZAÇÃO. ÍNDICE DE CORREÇÃO. A REPERCUSSÃO GERAL NÃO DISPENSA O PREENCHIMENTO DOS DEMAIS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS. ART. 323 DO RISTF C.C. ART. 102, III, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. OFENSA REFLEXA. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 279 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INVIABILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. (...). 3. Deveras, entendimento diverso do adotado pelo acórdão recorrido – como deseja o recorrente – quanto ao índice de correção monetária adequado para a atualização do valor do presente precatório, demandaria a análise da legislação infraconstitucional que disciplina a espécie (Resolução n. 115/2010, do CNJ), bem como o reexame do contexto fático-probatório engendrado nos autos, o que inviabiliza o extraordinário, a teor do Enunciado da Súmula n. 279 do Supremo Tribunal Federal, que interdita a esta Corte, em sede de recurso extraordinário, sindicar matéria fática, ‘verbis’: (...). (Precedentes: RE n 404.801-AgR, Relator o Ministro Cezar Peluso, 1ª Turma, Dj de 04.03.05; AI n. 466.584-AgR, Relator o Ministro Nelson Jobim, 2ª Turma, DJ de 21.05.04, entre outros). 4. ‘In casu’, o acórdão originariamente recorrido assentou: ‘AGRAVO DE INSTRUMENTO – PRECATÓRIO – NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA – INTELIGÊNCIA DA SÚMULA 17, DO STF – ATUALIZAÇÃO – ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1) É vedada a incidência de juros no cálculo da atualização dos valores de precatórios, exceto se houver mora no seu pagamento (STF: Súmula Vinculante n. 17). 2) Após o advento da emenda Constitucional n. 62/2009, a atualização de valores de precatórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, passou a ser feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (CF/88: art. 100, § 12º). 3) Recurso conhecido e parcialmente provido’. 5. Agravo regimental a que se nega provimento” (RE 684.571-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 30.10.2012 – grifos nossos). 5. Pelo exposto, dou parcial provimento a este recurso extraordinário (art. 557, § 1º-A, do Código de Processo Civil e art. 21, § 2º, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal) para reafirmar a inconstitucionalidade da expressão “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”, constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República e determinar que o Tribunal de origem julgue como de direito quanto à aplicação de outro índice que não a taxa referencial (TR). Publique-se. Brasília, 13 de junho de 2013. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora (RE 747706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 13/06/2013, publicado em DJe-124 DIVULG 27/06/2013 PUBLIC 28/06/2013)
No dia 27 de maio de 2013, o ministro Castro Meira, do STJ, proferiu decisão semelhante, favorável a uma credora da União que teve a indenização reconhecida pela Justiça por violação de direitos fundamentais. E foi além: determinou a aplicação do IPCA para atualizar o valor dos precatórios. A União recorreu da decisão alegando que a decisão do Supremo ainda não havia sido publicada. No dia 26 de junho, a 1ª Seção do STJ rejeitou o recurso.
EXECUÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 11.761 - DF (2008/0132683-2)
RELATOR : MINISTRO PRESIDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO
EXEQUENTE : HELIANA CALMON DOS REIS INÁCIO DE SOUZA
ADVOGADO : MARCELO PIRES TORREÃO E OUTRO(S)
EXECUTADO : UNIÃO
DECISÃO
A Coordenadoria de Execução Judicial-CEJU prestou a seguinte
informação:
Transitada em julgado a decisão que homologou os cálculos apresentados pela União nos embargos à execução e remetidos os autos a esta Unidade, conforme decisão de fl. 124 dos embargos, procedeu-se atualização da conta de liquidação.
Apurou-se como devido à exequente, em abril/2013, o valor de R$ 971.061,57 (novecentos e setenta e um mil, sessenta e um reais e cinquenta e sete centavos), conforme demonstrado na planilha anexa.
No cálculo do quantum debeatur foram mantidos os critérios empregados na conta elaborada pela União e homologada na decisão de fls. 40-43 dos embargos, quais sejam:
" Incidência de juros de mora no percentual de 0,5% ao mês, até
o trânsito em julgado dos embargos, ocorrido em agosto/2011;
" Correção monetária pelo IPCA-E/IBGE.
Destaque-se que estendeu-se a utilização do IPCA-E para atualização da conta até a data corrente, tendo em vista ter sido esse o índice empregado na conta homologada e, ainda, porque o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 4357, acórdão pendente de publicação, julgou parcialmente inconstitucional o § 12 no tocante às expressões "índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e "independentemente de sua natureza" e, por arrastamento, essas mesmas expressões constantes no art. 1°-F da lei n. 9.494/1997, alteradopelo art. 5° da lei n. 11.960/2009 (Ata n° 5, de 14/3/2013, publicada no DJe n. 59, de 1/4/2013), excluindo, desse modo, a Taxa Referencial - TR como fator de atualização das condenações impostas à Fazenda Pública.
Registre-se, ainda, que nessa ADI também foi declarada a inconstitucionalidade dos §§ 9° e 10 do art. 100 da Constituição Federal, que tratam da compensação de débitos dos beneficiários de precatórios junto á Fazenda Pública devedora.
Diante do exposto, submetemos estes autos à consideração de Vossa Excelência com a proposição de que sejam intimadas as partes para se manifestarem sobre o cálculo atualizado por esta Unidade para expedição do respectivo precatório (e-STJ fl. 343).
Instadas, as partes manifestaram-se. A exequente aprovou os cálculos (e-STJ fl. 352), enquanto a União discordou no ponto em que "foi considerada a variação do IPCA-e para correção monetária para todo o período quanto o correto seria aplicar a variação da TR a partir de julho de 2009, nos termos da Lei 11.960/2009 e Manual de Cálculos da Justiça Federal" (e-STJ fl. 355).
É o relatório. Decido.
Corretos são os cálculos apresentados pela CEJU, porquanto, além de ter sido o IPCA-E o índice empregado na conta homologada, olvida-se a União de que o Supremo Tribunal Federal, na ADI 4.357/DF, em 14.3.2013, declarou a inconstitucionalidade, por arrasto, das expressões "independentemente de sua natureza" (para efeito de correção monetária) e "índices oficiais de remuneração básica", contidos no art. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação da Lei 11.960/2009.
Significa dizer que, no tocante à correção monetária, mesmo a partir de julho/2009, continuará sendo adotado o IPCA-E/IBGE, e não mais o índice previsto no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal.
Ante o exposto, expeça o precatório nos termos da planilha de cálculos elaborada pela CEJU às e-STJ fls. 343-344.
Publique-se. Intime-se.
Brasília, 27 de maio de 2013.
Ministro Castro Meira
Presidente da Seção
(Ministro CASTRO MEIRA, 31/05/2013)
Sendo assim, Excelência, é pacífico nos Tribunais Superiores que não se aplica a TR como índice de correção.
Após o julgamento da ADIN 4357 do STF, todos os julgamentos nos Tribunais Superiores sobre o tema, estão sendo feitos monocraticamente.
Exemplificando, segue julgado do início de setembro de 2013.
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.423.183 - SC (2011/0153560-4)
RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS
AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL FEDERAL - PGF
AGRAVADO : IRACI MARIA VARNIER GOLO
ADVOGADO : JAMILE ELIAS DE OLIVEIRA LIMA
PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA
PÚBLICA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 5º DA LEI N. 11.960/09,
QUE ALTEROU O ART. 1º-F DA LEI N. 9.494/97. REMUNERAÇÃO BÁSICA DA
CADERNETA DE POUPANÇA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL
POR ARRASTAMENTO (ADIN 4.357/DF). ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA
APLICÁVEL: IPCA. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE
PROVIDO.
DECISÃO
Vistos.
Cuida-se de agravo apresentado pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL � INSS contra decisão que obstou a subida do recurso especial
interposto, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição
Federal, contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Santa
Catarina assim ementado (fls. 15/16, e-STJ):
"AÇÃO ACIDENTÁRIA - IMPROCEDÊNCIA EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO - INSURGÊNCIA - LESÃO NO OLHO ESQUERDO EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE TRABALHO - PREJUÍZO DA CAPACIDADE LABORATIVA E CONSOLIDAÇÃO DO PROBLEMA NÃO RECONHECIDOS PELO TOGADO - PERÍCIA MÉDICA QUE ACENA PARA A OCORRÊNCIA DESSES REQUISITOS - REVERSIBILIDADE DO QUADRO CONDICIONADA À PROCEDIMENTO CIRÚRGICO E TRANSPLANTE DE CÓRNEA - SEGURADO QUE NÃO PODE SER OBRIGADO A ESSA ESPÉCIE DE TRATAMENTO - EXEGESE DO ART. 101, DA lEI N. 8.213/91 - PRESSUPOSTOS PARA A OUTORGA DO AUXÍLIO-ACIDENTE VERIFICADOS - BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSO PROVIDO.
"Demonstrado o nexo etiológico entre o acidente do trabalho e a lesão que culminou na diminuição da capacidade funcional do obreiro, impõe-se o pagamento do auxílio-acidente." (AC n. 2004.020176-1, de Criciúma, Rel. Des. Luiz Cézar Medeiros, j. 26.10.2004).
TERMO A QUO - DIA SEGUINTE À CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA – PAGAMENTO DAS PARCELAS ATRASADAS - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL - CORREÇÃO MONETÁRIA A CONTAR DOS RESPECTIVOS VENCIMENTOS COM BASE NO IGP-DI - JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS DESDE A CITAÇÃO - CUSTAS PELA METADE - HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM 10% SOBRE O VALOR DAS PARCELAS VENCIDAS ATÉ A DATA DA PUBLICAÇÃO DO ACÓRDÃO (VERBETE 111 - STJ).
"A data em que houve o cancelamento do auxílio-doença deve ser considerada como o termo inicial do auxílio-acidente." (Resp n. 556604/RJ, Quinta Turma, Rela. Mina. Laurita Vaz, j. 18.03.2004).
"Em tema de cobrança judicial de benefícios previdenciários, a egrégia Terceira Seção consolidou o entendimento jurisprudencial de que a correção monetária das parcelas pagas com atraso incide na forma prevista na Lei nº 6.899/81 e deve ser aplicada a partir do momento em que eram devidas [...]" (Resp 209676 / MG, Sexta Turma, Rel. Min. Vicente Leal, j. 05.10.2000)."
Sustenta o agravante, em recurso especial, que o Tribunal de origem contrariou o art. 1º-F da Lei n. 9.494/1997, com a nova redação dada pela Lei n. 11.960/2009, ao não fixar os juros moratórios e correção com base nessa nova lei, sustentando que ela tem incidência imediata, sendo aplicável aos processos iniciados antes mesmo de sua vigência.
Sem as contrarrazões, sobreveio juízo de admissibilidade negativo na instância de origem, o que deu ensejo à interposição do presente agravo.
É, no essencial, o relatório.
Atendidos os pressupostos de admissibilidade do agravo, passo à análise do recurso especial.
O recurso merece prosperar em parte.
Com efeito, em relação à aplicação dos juros moratórios, segundo entendimento firmado pela Corte Especial no julgamento dos EREsp 1.207.197/RS, relator Ministro Castro Meira, publicado no DJE de 2.8.2011, em todas as condenações impostas contra a Fazenda Pública, para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança, consoante a redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, alterado pelo art. 5º da Lei n. 11.960/09, dispositivo que deve ser aplicado aos processos em curso à luz do princípio do tempus regit actum.
Nesse sentido:
"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. JUROS MORATÓRIOS. DIREITO INTERTEMPORAL. PRINCÍPIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. ARTIGO 1º-F, DA LEI Nº 9.494/97. MP 2.180-35/2001. LEI nº 11.960/09. APLICAÇÃO AOS PROCESSOS EM CURSO.
1. A maioria da Corte conheceu dos embargos, ao fundamento de que divergência situa-se na aplicação da lei nova que modifica a taxa de juros de mora, aos processos em curso. Vencido o Relator.
2. As normas que dispõem sobre os juros moratórios possuem natureza eminentemente processual, aplicando-se aos processos em andamento, à luz do princípio tempus regit actum. Precedentes.
3. O art. 1º-F, da Lei 9.494/97, modificada pela Medida Provisória 2.180-35/2001 e, posteriormente pelo artigo 5º da Lei nº 11.960/09,
tem natureza instrumental, devendo ser aplicado aos processos em tramitação. Precedentes.
4. Embargos de divergência providos."
(EREsp 1.207.197/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Corte Especial, julgado em 18.5.2011, DJe 2.8.2011.)
Posteriormente, a Corte Especial do STJ, no julgamento do REsp 1.205.946/SP, de relatoria do Ministro Benedito Gonçalves, submetido ao rito dos recursos repetitivos, consolidou tal entendimento ao declarar que o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97 é norma de caráter eminentemente processual, devendo ser aplicado sem distinção a todas as demandas judiciais em trâmite.
A propósito, a ementa do referido julgado:
"PROCESSUALCIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. VERBAS REMUNERATÓRIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA DEVIDOS PELA FAZENDA PÚBLICA. LEI 11.960/09, QUE ALTEROU O ARTIGO
1º-F DA LEI 9.494/97. NATUREZA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA AOS PROCESSOS EM CURSO QUANDO DA SUA VIGÊNCIA. EFEITO RETROATIVO.
IMPOSSIBILIDADE.
1. Cinge-se a controvérsia acerca da possibilidade de aplicação imediata às ações em curso da Lei 11.960/09, que veio alterar a redação do artigo 1º-F da Lei 9.494/97, para disciplinar os
critérios de correção monetária e de juros de mora a serem
observados nas "condenações impostas à Fazenda Pública,
independentemente de sua natureza", quais sejam, "os índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança".
2. A Corte Especial, em sessão de 18.06.2011, por ocasião do
julgamento dos EREsp n. 1.207.197/RS, entendeu por bem alterar
entendimento até então adotado, firmando posição no sentido de que a
Lei 11.960/2009, a qual traz novo regramento concernente à
atualização monetária e aos juros de mora devidos pela Fazenda
Pública, deve ser aplicada, de imediato, aos processos em andamento,
sem, contudo, retroagir a período anterior à sua vigência.
3. Nesse mesmo sentido já se manifestou o Supremo Tribunal Federal,
ao decidir que a Lei 9.494/97, alterada pela Medida Provisória n.
2.180-35/2001, que também tratava de consectário da condenação
(juros de mora), devia ser aplicada imediatamente aos feitos em
curso.
4. Assim, os valores resultantes de condenações proferidas contra a
Fazenda Pública após a entrada em vigor da Lei 11.960/09 devem
observar os critérios de atualização (correção monetária e juros)
nela disciplinados, enquanto vigorarem. Por outro lado, no período
anterior, tais acessórios deverão seguir os parâmetros definidos
pela legislação então vigente.
5. No caso concreto, merece prosperar a insurgência da recorrente no
que se refere à incidência do art. 5º da Lei n. 11.960/09 no período
subsequente a 29/06/2009, data da edição da referida lei, ante o
princípio do tempus regit actum.
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia,
submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7 Cessam os efeitos previstos no artigo 543-C do CPC em relação ao
Recurso Especial Repetitivo n. 1.086.944/SP, que se referia tão
somente às modificações legislativas impostas pela MP 2.180-35/01,
que acrescentou o art. 1º-F à Lei 9.494/97, alterada pela Lei
11.960/09, aqui tratada.
8. Recurso especial parcialmente provido para determinar, ao
presente feito, a imediata aplicação do art. 5º da Lei 11.960/09, a
partir de sua vigência, sem efeitos retroativos."
(REsp 1.205.946/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Corte Especial,
julgado em 19.10.2011, DJe 2.2.2012.)
Todavia, em 14.3.2013, o Plenário do STF, no julgamento da ADI
4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, declarou a inconstitucionalidade
parcial por arrastamento do art. 5º da Lei n. 11.960/09.
Por conseguinte, a Primeira Seção, por unanimidade, na ocasião do
julgamento do Recurso Especial repetitivo 1.270.439/PR, assentou
que, nas condenações impostas à Fazenda Pública de natureza não
tributária, os juros moratórios devem ser calculados com base no
índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à caderneta
de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com
redação da Lei 11.960/09. Já a correção monetária, por força da
declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei
11.960/09, deverá ser calculada com base no IPCA, índice que melhor
reflete a inflação acumulada do período.
Confira-se a ementa do referido julgado na parte que ora importa:
"RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC
E RESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO
FEDERAL. INCORPORAÇÃO DE QUINTOS. MEDIDA PROVISÓRIA N.º
2.225-45/2001. PERÍODO DE 08.04.1998 A 05.09.2001. MATÉRIA JÁ
DECIDIDA NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. POSSIBILIDADE EM
ABSTRATO. AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL NO CASO CONCRETO.
RECONHECIMENTO ADMINISTRATIVO DO DIREITO. AÇÃO DE COBRANÇA EM QUE SE
BUSCA APENAS O PAGAMENTO DAS PARCELAS DE RETROATIVOS AINDA NÃO
PAGAS.
(...)
PRESCRIÇÃO. RENÚNCIA. INTERRUPÇÃO. REINÍCIO PELA METADE. ART. 9º DO
DECRETO 20.910/32. SUSPENSÃO DO PRAZO NO CURSO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO. ART. 4º DO DECRETO 20.910/32. PRESCRIÇÃO NÃO
VERIFICADA.
(...)
VERBAS REMUNERATÓRIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DEVIDOS PELA
FAZENDA PÚBLICA. LEI 11.960/09, QUE ALTEROU O ARTIGO 1º-F DA LEI
9.494/97. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR
ARRASTAMENTO (ADIN 4.357/DF).
12. O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação conferida pela Lei
11.960/2009, que trouxe novo regramento para a atualização monetária
e juros devidos pela Fazenda Pública, deve ser aplicado, de
imediato, aos processos em andamento, sem, contudo, retroagir a
período anterior a sua vigência.
13. "Assim, os valores resultantes de condenações proferidas contra
a Fazenda Pública após a entrada em vigor da Lei 11.960/09 devem
observar os critérios de atualização (correção monetária e juros)
nela disciplinados, enquanto vigorarem. Por outro lado, no período
anterior, tais acessórios deverão seguir os parâmetros definidos
pela legislação então vigente" (REsp 1.205.946/SP, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, Corte Especial, DJe 2.2.12).
14. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade
parcial, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/09, que deu nova
redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97, ao examinar a ADIn 4.357/DF,
Rel. Min. Ayres Britto.
15. A Suprema Corte declarou inconstitucional a expressão "índice
oficial de remuneração básica da caderneta de poupança"contida no §
12 do art. 100 da CF/88. Assim entendeu porque a taxa básica de
remuneração da poupança não mede a inflação acumulada do período e,
portanto, não pode servir de parâmetro para a correção monetária a
ser aplicada aos débitos da Fazenda Pública.
16. Igualmente reconheceu a inconstitucionalidade da expressão
"independentemente de sua natureza" quando os débitos fazendários
ostentarem natureza tributária. Isso porque, quando credora a
Fazenda de dívida de natureza tributária, incidem os juros pela taxa
SELIC como compensação pela mora, devendo esse mesmo índice, por
força do princípio da equidade, ser aplicado quando for ela devedora
nas repetições de indébito tributário.
17. Como o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com redação da Lei 11.960/09,
praticamente reproduz a norma do § 12 do art. 100 da CF/88, o
Supremo declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento,
desse dispositivo legal.
18. Em virtude da declaração de inconstitucionalidade parcial do
art. 5º da Lei 11.960/09: (a) a correção monetária das dívidas
fazendárias deve observar índices que reflitam a inflação acumulada
do período, a ela não se aplicando os índices de remuneração básica
da caderneta de poupança; e (b) os juros moratórios serão
equivalentes aos índices oficiais de remuneração básica e juros
aplicáveis à caderneta de poupança, exceto quando a dívida ostentar
natureza tributária, para as quais prevalecerão as regras
específicas.
19. O Relator da ADIn no Supremo, Min. Ayres Britto, não especificou
qual deveria ser o índice de correção monetária adotado. Todavia, há
importante referência no voto vista do Min. Luiz Fux, quando Sua
Excelência aponta para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que ora
se adota.
20. No caso concreto, como a condenação imposta à Fazenda não é de
natureza tributária � o crédito reclamado tem origem na incorporação
de quintos pelo exercício de função de confiança entre abril de 1998
e setembrode 2001 �, os juros moratórios devem ser calculados com
base no índice oficial de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F da Lei
9.494/97, com redação da Lei 11.960/09. Já a correção monetária, por
força da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º da
Lei 11.960/09, deverá ser calculada com base no IPCA, índice que
melhor reflete a inflação acumulada do período.
21. Recurso especial provido em parte. Acórdão sujeito à sistemática
do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ n.º 08/2008."
Para melhor esclarecimento, transcrevo trecho do voto condutor do
acórdão que esclarece expressamente a extensão da declaração de
inconstitucionalidade do art. 5º da Lei n. 11.960/09 pelo STF, in
verbis:
"O Supremo Tribunal Federal, em acórdão ainda não publicado,
declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento, do art.
5º da Lei 11.960/09, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei
9.494/99, ao examinar a ADIn 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Britto.
Diz-se por arrastamento porque o objeto principal da ADIn não era o
dispositivo legal, mas a norma constante do art. 100, § 12, da
CF/88, que tem redação muito semelhante a adotada pelo art. 5º da
Lei 11.960/09.
Assim, reconhecida a inconstitucionalidade parcial da regra do art.
100, § 12, da CF/88, declarou-se a inconstitucionalidade, na mesma
medida e proporção, do art. 1º-F da Lei 9.494/99, com redação da Lei
11.960/09.
Vale a pena conferir os termos em que declarada a
inconstitucionalidade da norma, a partir da transcrição do voto
condutor da lavra do eminente Min. Ayres Britto (Relator) verbis:
28. Prossigo neste voto para assentar, agora, a
inconstitucionalidade parcial do atual § 12 do art. 100 da
Constituição da República. Dispositivo assim vernacularmente posto
pela Emenda Constitucional n.º 62/2009:
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a
atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o
efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita
pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança,
e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no
mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança,
ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
....................................................................
...............................
30. Observa-se, então, que, em princípio, o novo § 12 do art. 100 da
Constituição Federal retratou a jurisprudência consolidada desta
nossa Corte, ao deixar mais clara: a) a exigência da "atualização de
valores de requistórios, após sua expedição [e] até o efetivo
pagamento"; b) a incidência de juros simples "para fins de
compensação da mora"; c) a não incidência de juros compensatórios
(parte final do § 12 do art. 100 da CF). Mas o fato é que o
dispositivo em exame foi além: fixou, desde logo, como referência
para correção monetária, o índice oficial de remuneração básica da
caderneta de poupança, bem como, "para fins de compensação de mora",
o mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de
poupança. E contra esse plus normativo é que se insurgem os
requerentes.
31. Insurgência, a meu ver, que é de ser acolhida quanto á
utilização do "índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança" para a atualização monetária dos débitos inscritos em
precatório. É que a correção monetária, consoante já defendi em
artigo doutrinário, é instituto jurídico-constitucional, porque tema
específico ou a própria matéria de algumas normas figurantes do
nosso Magno Texto, tracejadoras de um peculiar regime jurídica para
ela. (...)
....................................................................
...............................
33. Convém insistir no raciocínio. Se há um direito subjetivo à
correção monetária de determinado crédito, direito que, como visto,
não difere do crédito originário, fica evidente que o reajuste há de
corresponder ao preciso índice de desvalorização da moeda, ao cabo
de um certo período; quer dizer, conhecido que seja o índice de
depreciação do valor real da moeda � a cada período legalmente
estabelecido para a respectiva medição � , é ele que por inteiro vai
recair sobre a expressão financeira do instituto jurídico protegido
com a cláusula de permanente atualização monetária. É o mesmo que
dizer: medido que seja o tamanho da inflação num dado período,
tem-se, naturalmente, o percentual de defasagem ou de efetiva perda
de poder aquisitivo da moeda que vai servir de critério matemático
para a necessária preservação do valor real do bem ou direito
constitucionalmente protegido.
34. O que determinou, no entanto, a Emenda Constitucional nº
62/2009? Que a atualização monetária dos valores inscritos em
precatório, após sua expedição e até o efetivo pagamento, se dará
pelo �índice oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança�. Índice que, segundo já  assentou este Supremo Tribunal
Federal na ADI 493, não reflete a perda de poder aquisitivo da
moeda. Cito passagem do minucioso voto do Ministro Moreira Alves:
"Como se vê, a TR é a taxa que resulta, com a utilização das
complexas e sucessivas fórmulas contidas na Resolução nº 1085 do
Conselho Monetário Nacional, do cálculo da taxa média ponderada da
remuneração dos CDB/RDB das vinte instituições selecionadas,
expurgada esta de dois por cento que representam genericamente o
valor da tributação e da 'taxa real histórica de juros da economia'
embutidos nessa remuneração. Seria a TR índice de correção
monetária, e, portanto, índice de desvalorização da moeda, se
inequivocamente essa taxa média ponderada da remuneração dos CDB/RDB
com o expurgo de 2% fosse constituída apenas do valor correspondente
à desvalorização esperada da moeda em virtude da inflação. Em se
tratando, porém, de taxa de remuneração de títulos para efeito de
captação de recursos por parte de entidades financeiras, isso não
ocorre por causa dos diversos fatores que influem na fixação do
custo do dinheiro a ser captado.
(...)
A variação dos valores das taxas desse custo prefixados por essas
entidades decorre de fatores econômicos vários, inclusive peculiares
a cada uma delas (assim, suas necessidades de liquidez) ou comuns a
todas (como, por exemplo, a concorrência com outras fontes de
captação de dinheiro, a política de juros adotada pelo Banco
Central, a maior ou menor oferta de moeda), e fatores esses que nada
têm que ver com o valor de troca da moeda, mas, sim � o que é
diverso -, com o custo da captação desta".
35. O que se conclui, portanto, é que o § 12 do art. 100 da
Constituição acabou por artificializar o conceito de atualização
monetária. Conceito que está ontologicamente associado à manutenção
do valor real da moeda. Valor real que só se mantém pela aplicação
de índice que reflita a desvalorização dessa moeda em determinado
período. Ora, se a correção monetária dos valores inscritos em
precatório deixa de corresponder à perda do poder aquisitivo da
moeda, o direito reconhecido por sentença judicial transitada em
julgado será satisfeito de forma excessiva ou, de revés,
deficitária. Em ambas as hipóteses, com enriquecimento ilícito de
uma das partes da relação jurídica. E não é difícil constatar que a
parte prejudicada, no caso, será, quase que invariavelmente, o
credor da Fazenda Pública. Basta ver que, nos últimos quinze anos
(1996 a 2010), enquanto a TR (taxa de remuneração da poupança) foi
de 55,77%, a inflação foi de 97,85%, de acordo com o IPCA.
36. Não há como, portanto, deixar de reconhecer a
inconstitucionalidade da norma atacada, na medida em que a fixação
da remuneração básica da caderneta de poupança como índice de
correçãomonetária dos valores inscritos em precatório implica
indevida e intolerável constrição à eficácia da atividade
jurisdicional. Uma afronta à garantia da coisa julgada e, por
reverberação, ao protoprincípio da separação dos Poderes.
37. Certo que, bem pontuou o Advogado-Geral da União, o § 12 do art.
100 da Constituição Federal não se reporta à correção monetária já
aplicada pelo Juízo competente.14 Trata, isto sim, de atualização
dos valores constantes de ofícios requisitórios, após sua expedição
e até a data do efetivo pagamento. Também correta a assertiva de que
pode a lei, a fim de evitar "dissensos jurisprudenciais e morosos
debates acerca do índice a ser aplicado", fixar, desde logo, um
índice oficial. Mas nem por isso deixa de haver violação à coisa
julgada e à separação dos Poderes. Primeiro, porque de nada adianta
o direito reconhecido pelo Judiciário ser corretamente atualizado
até a data de expedição do precatório, se, entre a expedição do
requisitório e seu efetivo pagamento, pode ele (o direito) sofrer
depreciação de 10, 20, 40%. Qualquer ideia de incidência mutilada da
correção monetária, isto é, qualquer tentativa de aplicá-la a partir
de um percentualizado redutor, caracteriza fraude à Constituição.
Segundo, o que jaz à disponibilidade do legislador (inclusive o de
reforma da Constituição) não é o percentual da inflação. Esse
percentual, seja qual for, já estará constitucionalmente
recepcionado como o próprio reajuste nominal da moeda. O que fica à
mercê do poder normativo do Estado é a indicação de providências
viabilizadoras de uma isenta aferição do crescimento inflacionário,
tais como: a) o lapso temporal em que se fará a medida da inflação,
compreendendo a data-base e a periodicidade; b) as mercadorias ou os
bens de consumo que servirão de objeto de pesquisa para o fim
daquela aferição, com o que se terá um índice geral, ou, então, um
índice setorial de preços; c) o órgão ou entidade encarregada da
pesquisa de mercado. Daí que um dado índice oficial de correção
monetária de precatórios possa constar de lei, desde que tal índice
traduza o grau de desvalorização da moeda. Principalmente se se
levar em conta que o art. 97 do ADCT (acrescentado pela EC nº
62/2009) instituiu nova moratória de 15 (quinze) anos para pagamento
de precatórios por Estados, Distrito Federal e Municípios. Do que
resulta o óbvio: se a "preservação do valor real" do patrimônio
particular é constitucionalmente assegurada, mesmo nos casos de
descumprimento da função social da propriedade (inciso III do § 4º
do art. 182 e caput do art. 184, ambos da CF), como justificar o
sacrifício ao crédito daquele que tem a seu favor uma sentença
judicial transitada em julgado?
38. Com estes fundamentos, tenho por inconstitucional a expressão
�índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança�,
constante do § 12 do art. 100 da Constituição Federal, do inciso II
do § 1º e do § 16, ambos do art. 97 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias.
39. Já no tocante à "compensação da mora", estabeleceu o novo § 12
do art. 100 da Constituição Federal que "incidirão juros simples no
mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança�.
Incidência que se dará sobre os valores dos ofícios requisitórios,
após sua expedição e até o efetivo pagamento, "independentemente de
sua natureza". Pelo que os autores arguem violação ao princípio da
isonomia, devido a que foi adotado critério de discriminação, sem
motivo razoável, entre a aplicação de juros aos débitos do Estado e
aos do contribuinte.
40. Muito bem. Este Supremo Tribunal Federal já se debruçou sobre o
tema no RE 453.740. Naquela oportunidade, o Plenário desta nossa
Corte julgou constitucional o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, em sua
redação originária, que dispunha não poderem ultrapassar o
percentual de seis por cento ao ano os juros de mora, "nas
condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas
remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos". Lembro
que fiquei vencido, na honrosa companhia da Ministra Cármen Lúcia e
dos Ministros Marco Aurélio e Sepúlveda Pertence, por entender
preterido o princípio da isonomia, pela discriminação que se abria
entre a parte processual privada credora e a parte estatal
eventualmente credora, também em Juízo, sabido que, pelo § 1º do
art. 161 do Código Tributário Nacional, os juros de mora são
calculados à taxa de 1% ao mês em favor do Estado, salvo expressa
determinação legal em contrário.
41. Ora, no caso dos autos, as mesmas razões me parecem socorrer os
requerentes. Há, porém, uma outra: no julgamento do RE 453.740, esta
nossa Corte julgou constitucional o art. 1º-F da Lei nº 9.494, em
sua redação originária, porque o dispositivo legal se referia à
específica condenação do Estado ao pagamento de verbas
remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos. Aduziu o
eminente relator, Ministro Gilmar Mendes, no que foi acompanhado
pela maioria deste Supremo Tribunal, que a situação não era
comparável aos juros incidentes sobre o crédito tributário. Isso
porque, "o indébito tributário é resolvido por meio de compensação
ou restituição, nos termos do § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de
1995, que nos remete à taxa SELIC". "Remunera-se do mesmo modo como
se exige o pagamento", asseverou Sua Excelência. Sucede que o § 12
do art. 100 da Constituição da República, com a redação dada pela
Emenda Constitucional nº 62/2009, ordenou que se aplicassem os juros
de mora incidentes sobre a caderneta de poupança aos valores
constantes de ofícios requisitórios, "independentemente de sua
natureza". Logo, até mesmo aos precatórios concernentes a
restituições tributárias. Daí porque tenho por inconstitucional, se
não todo o § 12 do art. 100 da Constituição, pelo menos o fraseado
"independentemente de sua natureza", para que aos precatórios de
natureza tributária se apliquem os mesmos juros de mora incidentes
sobre todo e qualquer crédito tributário.
....................................................................
...............................
56. Por todo o exposto, julgo procedente a ação para declarar a
inconstitucionalidade formal de toda a Emenda Constitucional nº 62,
de 09 de dezembro de 2009. Caso vencido quanto ao vício de
inconstitucionalidade formal, julgo parcialmente procedente a ação
para o fim de: a) declarar a inconstitucionalidade da expressão "na
data de expedição do precatório", contida no § 2º do art. 100 da
Constituição Federal; b) declarar inconstitucionais os §§ 9º e 10 do
art. 100 da Constituição da República; c) assentar a
inconstitucionalidade da expressão �índice oficial de remuneração
básica da caderneta de poupança", constante do § 12 do art. 100 da
Constituição Federal, do inciso II do § 1º e do § 16, ambos do art.
97 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; d) declarar
inconstitucional o fraseado "independentemente de sua natureza",
contido no § 12 do art. 100 da Constituição, para que aos
precatórios de natureza tributária se apliquem os mesmos juros de
mora incidentes sobre o crédito tributário; e) declarar a
inconstitucionalidade, por arrastamento (itens "c" e "d" acima), do
art. 5º da Lei nº 11.960/2009; f) assentar a inconstitucionalidade
do § 15 do art. 100 da Constituição Federal e de todo o art. 97 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (especificamente o
caput e os §§ 1º, 2º, 4º, 6º, 8º, 9º, 14 e 15, sendo os demais por
arrastamento ou reverberação normativa).
57. É como voto.
Como se vê, a Suprema Corte declarou inconstitucional a expressão
"índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança"
contida no § 12 do art. 100 da CF/88. Assim entendeu porque a taxa
básicade remuneração da poupança não mede a inflação acumulada do
período e, portanto, não pode servir de parâmetro para a correção
monetária a ser aplicada aos débitos da Fazenda Pública.    
Igualmente reconheceu a inconstitucionalidade da expressão
"independentemente de sua natureza" quando os débitos fazendários
ostentarem natureza tributária. Isso porque, quando credora a
Fazenda de dívida de natureza tributária, incidem os juros pela taxa
SELIC como compensação pela mora, devendo esse mesmo índice, por
força do princípio da equidade, ser aplicado quando for ela devedora
nas repetições de indébito tributário.
Como o art. 1º-F da Lei 9.494/99, com redação da Lei 11.960/09,
praticamente reproduz a norma do § 12 do art. 100 da CF/88, o
Supremo declarou a inconstitucionalidade parcial, por arrastamento,
desse dispositivo legal.
A norma dispunha o seguinte:
"Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública,
independentemente de sua natureza e para fins de atualização
monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a
incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança."
    
Assim, qualquer que fosse a natureza da condenação imposta à Fazenda
Pública, a dívida fazendária estaria sujeita a incidência, uma única
vez, para fins de atualização monetária juros de mora, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança.       
A partir da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 5º
da Lei 11.960/09:
(a) a correção monetária das dívidas fazendárias deve observar
índices que reflitam a inflação acumulada do período, a ela não se
aplicando os índices de remuneração básica da caderneta de poupança;
e
(b) os juros moratórios serão equivalentes aos índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicáveis à caderneta de poupança,
exceto quando a dívida ostentar natureza tributária, para a qual
prevalecerão as regras específicas.
Vale ressaltar que o Relator da ADIn no Supremo, Min. Ayres Britto,
não especificou qual deveria ser o índice de correção monetária
adotado.
Todavia, há importante referência no voto vista do Min. Luiz Fux,
quando Sua Excelência aponta para o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, e para o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da
Fundação Getúlio Vargas.
Por sua pertinência, destaca-se o seguinte fragmento do voto vista:
A inflação, por outro lado, é fenômeno econômico insuscetível de
captação apriorística. O máximo que se consegue é estimá-la para
certo período, mas jamais fixá-la de antemão. Daí por que os índices
criados especialmente para captar o fenômeno inflacionário são
sempre definidos em momentos posteriores ao período analisado, como
ocorre com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o
Índice de Preços ao Consumidor (IPC), divulgado pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV). A razão disso é clara: a inflação é sempre
constatada em apuração ex post, de sorte que todo índice definido ex
ante é incapaz de refletir a efetiva variação de preços que
caracteriza a inflação. É o que ocorre na hipótese dos autos. A
prevalecer o critério adotado pela EC nº 62/09, os créditos
inscritos em precatórios seriam atualizados por índices pré-fixados
e independentes da real flutuação de preços apurada no período de
referência. Assim, o índice oficial de remuneração da caderneta de
poupança não é critério adequado para refletir o fenômeno
inflacionário.
Creio que o IPCA, por ser mais abrangente que o IPC, melhor reflete
a inflação acumulada do período e serve de norte seguro para a
atualização das condenações impostas à Fazenda Pública.
Assim, no caso concreto, como a condenação imposta à Fazenda não é
de natureza tributária � o crédito reclamado tem origem na
incorporação de quintos pelo exercício de função de confiança entre
abril de 1998 e setembro de 2001 �, os juros moratórios devem ser
calculados com base no índice oficial de remuneração básica e juros
aplicados à caderneta de poupança, nos termos da regra do art. 1º-F
da Lei 9.494/99, com redação da Lei 11.960/09.
Já a correção monetária, por força da declaração de
inconstitucionalidade parcial do art. 5º da Lei 11.960/09, deverá
ser calculada com base no IPCA, índice que melhor reflete a inflação
acumulada do período.
Ante o exposto, com fundamento no art. 544, § 4º, II, "c", do CPC,
conheço do agravo e dou parcial provimento ao recurso especial, a
fim de consignar que o art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada
pela Lei 11.960/2009, deve ser aplicado sem distinção a todas as
demandas judiciais em trâmite, a partir de sua vigência,
ressaltando-se que a correção monetária deve ser calculada com base
no IPCA.
Publique-se. Intimem-se.
Brasília (DF), 30 de agosto de 2013.
MINISTRO HUMBERTO MARTINS
Relator
(Ministro HUMBERTO MARTINS, 06/09/2013)
Destacamos que desde a sua origem, o FGTS teve previsão legal de correção de seus valores, com garantia da atualização monetária e a capitalização de juros à base de 3% ao ano, fato que não ocorre quando é utilizado a TR.
DA AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS
Os patronos da parte autora declaram a autenticidade de toda documentação ora anexada em cópia reprográfica.
DOS PEDIDOS
Isto posto, pede-se:
Que seja deferido o benefício de justiça gratuita;
 A condenação da Ré a proceder a correção monetária dos valores depositados em favor da parte autora, a partir de 1999, em índice diferentes do da TR, utilizando para a correção monetária o INPC em conformidade com a planilha de cálculos em anexo, ou sucessivamente, IPCA-e, ou algum outro índice que efetivamente recomponha o valor monetário, perdido pela inflação. 
II. Condenar a Ré proceder essa correção desde 1999, data em que a TR parou de recompor as perdas com a inflação;
III. Condenar a Ré no pagamento dos valores ao final apurados, promovendo o crédito respectivo na Conta Vinculada do FGTS da parte autora.
IV. Caso a parte autora tenha sacado os valores depositados em sua conta vinculada do FGTS, que seja determinada o deposito dos valores ao final apurado, em conta judicial, para posterior levantamento para parte autora, por meio de alvará judicial, alvará que fica desde logo requerido.
V. condenar a ré ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios no montante de 20% do valor da condenação.
Requerimentos:
Requer a citação da CEF - Caixa Econômica Federal, no endereço de sua sede, para responder no prazo legal, querendo, a presente ação.
Requer a juntada dos contratos de honorários advocatícios, requerendo, ao final, antes da liberação dos valores para a conta vinculada ao FGTS, valores esses que a ré for condenada a pagar ao autor, que o montante pactuado no instrumento contratual anexo seja liberado diretamente para este patrono, através de alvará, conforme art. 22, §4º do EOAB.
PROVAS
Apresenta parte Autora, desde já, os documentos acostados à peça exordial, protestando, ainda, pela juntada de novos documentos e de complementação de extratos da conta vinculada da parte Autora para liquidação.
Requer, finalmente, a intimação da ré para juntar aos autos os extratos da evolução dos depósitos, atualização monetária e juros creditados na conta vinculada da parte autora, posto que é a atual administradora dos recursos do FGTS.
DO VALOR DA CAUSA
Para efeitos meramente fiscais dá-se à causa o valor de R$ 0.000,00 (valor total da diferença entre TR e INPC).
Documentos Anexos:
Procuração;
Cédula de Identidade;
CPF;
Comprovante de Endereço;
Declaração de Pobreza;
Extrato Analítico do FGTS;
Planilha de Cálculos;Contratos de honorários advocatícios.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Local e data,
XXXXXXXXX
OAB/xxxxxx

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