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Aula 2_Bioclimatologia

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Características Morfofuncionais de 
Adaptação dos Animais em 
Ambiente Tropical 
Profa. Janaina Januário da Silva 
ADAPTAÇÃO E CARACTERÍSTICAS CUTÂNEAS 
 
 
A superfície cutânea: epiderme e seus anexos (pêlos, lã, glândulas 
sudoríparas e glândulas sebáceas nos mamíferos, penas e penugem 
nas aves, estruturas córneas nos répteis e escamas nos peixes). 
 
 
Linha mais extensa de contato entre o organismo e o ambiente. 
 
Essa condição de fronteira determina as características da 
superfície externa do corpo, em função daquelas do ambiente e da 
natureza do organismo do qual faz parte. 
 
****A epiderme e seus anexos NÃO são um conjunto de 
estruturas fixas e estáticas, mas sim, reguláveis e dinâmicas, 
capazes de se ajustarem às variações ambientais (SILVA, 2000). 
CONSTITUIÇÃO 
 
A superfície cutânea dos animais é constituída por 
uma série de camadas, de fora para dentro: 
 
 
1) capa externa (pêlos, penas, escamas, etc.) 
2) epiderme (vários extratos) 
3) derme (onde se inserem folículos pilosos e 
glândulas sudoríparas e sebáceas, vasos 
sanguíneos, fibras nervosas e fibras musculares 
lisas) 
4) hipoderme (células adiposas e fibras musculares 
estriadas) 
COBERTURA  DOIS GRUPOS FUNCIONAIS: 
 
1) Proteção mecânica: espinhos, cerdas, crina; 
2) Proteção térmica: lã, lanugem, penugem, penas e 
pêlos. 
 
*** A capa externa do corpo dos animais terrestres, constituída 
pelo pelame (conjunto de pêlos) ou velo (capa de lã) nos 
mamíferos e pena e penugens nas aves, tem importância 
fundamental para as trocas térmicas entre o organismo e o 
ambiente. 
Funções da capa 
externa 
o isolamento térmico, fundamental em 
climas frios (regiões temperadas e 
circumpolares) 
proteção mecânica da epiderme, 
mimetismo e proteção contra radiação solar 
Pelame: 
 
Capa pilosa cobre a superfície cutânea e protege a epiderme 
de lesões mecânicas, além de, agir como uma cobertura 
“sombreadora”, limitando o acesso direto de grande parte da 
radiação solar sobre a epiderme. 
 
*** Este último efeito depende da estrutura dos pêlos, 
coloração, dimensões e posicionamento 
 
 
 Um pelame espesso, com pêlos finos e compridos, oferece 
uma excelente proteção, independente da sua cor. 
 
 Mas apresenta propriedades termoisolantes acentuadas, 
impedindo a passagem de calor da superfície da epiderme 
para o exterior. 
Pelame: 
 
 
 Pelame constituído por pêlos curtos e eretos, é uma barreira 
menos eficiente a radiação solar, especialmente se for de 
coloração clara; 
 
 Oferecerá maior facilidade à passagem da energia térmica 
procedente do interior do corpo, particularmente se os pêlos 
forem bem assentados sobre a epiderme (zebuínos); 
 
 Uma vantagem dos pêlos mais assentados é que 
proporcionam uma superfície externa mais reflectante à 
radiação solar (diminuindo a quantidade de radiação que 
atinge a epiderme) e a evaporação do suor é muito facilitada. 
Nelore 
Charolês 
Pigmentação da epiderme e do pelame: 
 
Melanina: pigmento negro presente na epiderme e 
seus anexos. 
 
 Formada pela oxidação de um composto do 
aminoácido tirosina, proveniente da digestão de 
proteínas, resultando em um polímero insolúvel de 
elevado peso molecular, cuja única função 
conhecida é a proteção contra a radiação 
ultravioleta, sendo essa função fundamental para os 
animais que vivem em regiões tropicais. 
 
MELANÓCITO 
***Nos indivíduos cuja epiderme é permanentemente 
escura, existe um mecanismo genético que mantém o 
nível de melanogênese, independentemente das 
variações na exposição à radiação ultravioleta. 
... SOBRE A MELANINA 
ABERDEEN ANGUS 
Radiação solar e características da pele e pêlos 
 
 
 Nas regiões tropicais, a radiação solar atinge perpendicularmente 
a superfície da Terra, atravessando uma camada de atmosfera 
menos espessa do que os raios que atingem diagonalmente as 
regiões de altas latitudes. 
 
 
 Por esse motivo a radiação ultravioleta (UV) é mais intensa nas 
regiões tropicais 
 
 Uma das consequências é a ativação intratissular do ergosterol e 
do 7-dehidrocolesterol, para a formação das vitaminas D2 e D3, 
respectivamente. 
 
Estas vitaminas estão associadas à absorção de Ca e 
mineralização óssea, de modo que a falta de exposição aos raios 
UV pode levar ao raquitismo em animais novos. 
Solário independente do aprisco 
com piso de cimento rústico 
(LAPOC UFPR) 
Radiação solar e características da pele e pêlos 
 
As Vitaminas D2 e D3 estão associadas à absorção de Ca e 
mineralização óssea, de modo que a falta de exposição aos 
raios UV pode levar ao raquitismo em animais novos. 
Radiação solar e características da pele e pêlos 
 
 
 Por outro lado, o excesso de radiação, principalmente o de 
ondas mais curtas (<0,3 μm), pode levar a destruição direta 
dos tecidos e causar processos cancerígenos  a radiação 
ultravioleta causa dano direto ao DNA celular e causa 
mutações, levando a formação de diversos tipos de 
carcinomas; 
 
 O fator predisponente à estes tipos de carcinomas é 
sempre a ausência de melanina; 
 
 Por tais motivos desenvolveu-se pela seleção natural, uma 
pigmentação cutânea escura nos animais e nas raças 
humanas originárias de climas tropicais. 
HEREFORD LANDRACE 
LARGE WHITE 
Cor do pelame: 
 
Sob radiação solar direta, a quantidade de calor 
(raios infravermelhos) transferida ao animal depende 
diretamente da cor da pelagem; 
 
 A capacidade de uma superfície de absorver 
radiação chama-se absorvidade. Esta varia de 0 a 1, 
onde o valor 0 significa nenhuma absorção, 0,5 indica 
que 50 % da radiação é absorvida e 1 indica 
absorção total; 
 
 Exemplo: o solo nu tem uma absorvidade de 0,75 a 
0,90, a areia de 0,70 a 0,82 e a rocha de 0,85 a 0,88. 
Coloração dos pêlos 
Raça 
Cor do 
pelame 
Absorção Reflexão 
Nelore Branco 46,0 54 
Simental Creme 50 50 
Santa 
Gertrudes 
Vermelho 72 28 
Aberdeen 
angus 
Preto 90,5 9,5 
Simental 
Santa Gertrudes 
Aberdeen Angus 
20 
A COLORAÇÃO 
PRETA É SEMPRE 
RUIM ???? 
Cor do pelame: 
 
 
 Em geral, considera-se que uma capa de 
pigmentação escura apresenta maior absorvidade 
para a radiação solar de ondas curtas e, portanto, 
armazena maior quantidade de energia térmica 
(calor), resultando em maior estresse para os animais 
do que uma capa de coloração clara (maior 
refletividade). 
 
 
A transmissão da energia absorvida pela capa para a 
epiderme é maior nas capas de coloração clara que 
nas escuras 
Cor do pelame: 
 
 
Embora a cor negra absorva maior quantidade de radiação 
térmica, a proteção contra a radiação UV é mais importante 
do que o superaquecimento corporal, que pode ser 
compensado de outras formas; 
 
Contudo, nos pelames de cor branca a radiação solar, 
especialmente a faixa do UV, penetra mais profundamente, 
atingindo as camadas cutâneas; 
 
Os animais brancos, com pele muito pigmentada e bem 
providas de glândulas sebáceas, podem evitar o risco de 
afecções da pele devidas à radiação solar, pois além da 
proteção promovida pela pigmentação, o sebo atua como um 
filtro contra os raios UV. 
Cor do pelame e clima tropical 
 
 
 No clima tropical é mais favorável um pelame de cor branca ou 
bem clara, com pêlos grossos, curtos e bem assentados sobre uma 
superfície epidérmica bem pigmentada; 
 
 A função desse pelame é refletir ao máximo a radiação 
infravermelha e pelo menos uma fração da faixa UV de ondas mais 
longas e ao mesmo tempopermitir a perda de calor corporal; 
 
 A função da epiderme escura é constituir um filtro para a 
radiação UV de ondas curtas, a qual ultrapassa um pelame com as 
características descritas acima; 
 
***Em qualquer hipótese, é preferível um indivíduo com pelame 
negro e com epiderme pigmentada, do que um coberto com pêlos 
brancos e com epiderme despigmentada. 
Espessura da pele 
 
 
Devon = 8,15 mm 
 
Holandês = 6,08 mm 
 
Nelore = 5,75 mm 
AVES 
 
A pele das aves é fina, delgada e elástica na maior 
parte do corpo; 
 
A superfície é seca e escamosa, que resulta da 
descamação das células epiteliais, pouco 
vascularizada, há ausência das glândulas 
sudoríparas ou sebáceas; 
 
A única exceção é na glândula uropígea, que está 
situada na última vértebra, sendo esta secreção 
usada para impermeabilizar as penas. 
Efeitos do Ambiente Tropical 
Sobre o Crescimento Animal 
No início das civilizações, o homem considerava o animal 
um ser bruto que não poderia ser atingido pelo estresse. 
Foi aceito que os animais também sofrem devido a carga de 
estresse, desenvolvendo patologias similares aos humanos, 
podendo sucumbir à doenças, sofrer atraso no crescimento ou 
apresentar baixo desempenho reprodutivo. 
... HISTÓRICO 
Hans Selye em 1936, definiu o estresse como 
sendo o estado do organismo, o qual, após a 
atuação de agentes de quaisquer natureza, 
responde com uma série de reações não 
específicas de adaptação. 
1) Estresse  faz parte da vida dos seres vivos, e serve de 
alerta para algo que não está em harmonia, seja do ponto de 
vista emocional, seja do ponto de vista físico ou químico; 
2) Em condições de estresse  o organismo reage para se 
proteger, e uma série de reações biológicas desencadeadas 
pelo organismo têm início, liberando substâncias como 
neurotransmissores (adrenalina), glicocorticóides (cortisol) e 
opióides endógenos (ß-endorfinas) na corrente sanguínea; 
... É FATO SOBRE ESTRESSE 
3) Estresse constante  sérios danos à saúde, prejudicando o 
desempenho normal das funções reprodutivas, metabólicas e 
do sistema imunológico, entre outras  animais doentes e 
menos produtivos. 
... FISIOLOGIA DO ESTRESSE 
Hipófise 
Hipotálamo 
H
o
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ô
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A
d
re
n
o
c
o
rt
ic
o
tr
ó
fi
c
o
 
 O ambiente é composto de estressores que interagem entre 
si, incluindo todas as combinações de condições nas quais o 
organismo vive (ambiente externo e ambiente interno). 
Podem ser: 
 
• Mecânicos (traumatismos); 
 
• Físicos ou metabólicos (calor, frio, umidade, hipoglicemia); 
 
• Químicos (drogas); 
 
• Biológicos (agentes infecciosos, dor, esforços corporais); 
 
• Psíquicos ou emocionais (medo, ansiedade, isolamento). 
... ESTRESSORES 
Fatores climáticos (temperatura, umidade, vento e radiação) 
podem causar estresse calórico nos animais, diminuindo o ritmo de 
crescimento fetal e antes e após a desmama. 
 
O ganho de peso nos animais em crescimento é muito mais afetado 
do que nos animais adultos em condições de estresse térmico  
aumentam a ingestão de água e diminuem a ingestão de alimentos. 
 
 
 
 
 
***Mudanças na utilização de energia para dissipação de calor que 
implicam em desvio da energia que poderia ser utilizada para o 
crescimento 
CRESCIMENTO X AMBIENTE TROPICAL 
1. Crescimento pré-natal (crescimento 
fetal) 
 
 
A temperatura ambiente é, sem dúvida, 
o fator climático mais importante que 
afeta o crescimento fetal; 
 
A diminuição do crescimento pré-natal, 
se deve à diminuição da utilização de 
substratos (albumina do ovo, por 
embriões de aves) e à diminuição da 
circulação sanguínea no útero, da 
disponibilidade de substrato e da massa 
placentária no final da gestação, 
ocasionando atrofia fetal nos mamíferos. 
CUIDADOS COM A FASE INICIAL DAS CRIAÇÕES 
(ANIMAIS RECÉM NASCIDOS) 
A amplitude térmica externa reflete diretamente na amplitude 
térmica interna dos galpões criação; 
 
Os maiores índices de mortalidade ocorrem em dias de 
amplitudes maiores; 
 
O manejo adequado, bem como as instalações bem 
planejadas podem solucionar parcialmente o problema de calor 
ou frio excessivos; 
 
Entretanto, em dias de amplitudes críticas e temperaturas 
mínimas muito abaixo da Zona de Termoneutralidade nas 
primeiras semanas, a única solução fica sendo o aquecimento 
artificial adequado. 
LEITÕES SOB FONTE DE AQUECIMENTO NOS 
PRIMEIROS DIAS DE VIDA 
CUIDADOS COM A FASE INICIAL DAS CRIAÇÕES 
(ANIMAIS RECÉM NASCIDOS) 
Mesmo em ambientes nos quais a temperatura varia 
entre 22 a 30oC, não é aconselhável a retirada do 
aquecimento na fase inicial dos frangos de corte (por 
exemplo) para reduzir os custos de produção, pois a 
resposta comportamental de agrupamento, não é 
suficiente para compensar a demanda energética sem 
custo adicional extra, refletindo na piora da conversão 
alimentar  desvio da energia para manutenção da 
temperatura corporal. 
 
 Os recém-nascidos tem pouca reserva de energia e a 
sua capacidade para regular a temperatura corporal é 
limitada, sendo importante que logo após o nascimento o 
animal mame para adquirir energia e sobreviver (colostro). 
38 
Por que as crias têm 
que mamar o colostro 
logo nas primeiras 
horas após o parto 
???? 
CUIDADOS COM A FASE INICIAL DAS CRIAÇÕES 
(ANIMAIS RECÉM NASCIDOS) 
A maior ocorrência de mortes de recém nascidos se 
verifica quando o tempo é frio e úmido, acompanhado 
de vento (Exemplo: Região Sul); 
 
Para evitar a morte dos recém-nascidos em 
situações de frio, deve-se secar os pêlos o mais 
rápido possível após o nascimento, esfregando 
vigorosamente o corpo do animal com um pano seco 
(estimular a atividade muscular) e protegê-lo do 
vento; 
 
Pode-se utilizar aquecedores elétricos e lâmpadas 
infravermelha em casos mais críticos. 
COBERTURAS PARTOS 
2. Crescimento pós-natal: 
 
 O crescimento pós-natal durante a lactação 
depende do meio ambiente imposto ao recém nascido 
e dos fatores ambientais impostos à mãe e, 
consequentemente, à sua produção de leite; 
 
A estação do ano em que ocorre o nascimento afeta 
ambos; 
 
As altas temperaturas podem reduzir o crescimento 
de animais após o desmame, em graus diferentes, 
segundo a raça, a idade, a gordura corporal, o plano 
de nutrição e a umidade relativa do ar. 
TEORIA TERMOSTÁTICA DO CONTROLE DO CONSUMO 
DE ALIMENTO 
 
 
Todos os animais homeotérmicos apresentam um consumo 
de alimento inversamente proporcional à temperatura do meio 
ambiente (NRC, 1981); 
 
A alteração do consumo de alimento, em função da 
temperatura ambiente, é um dos mecanismos que possibilitam 
ao animal regular sua temperatura corporal; 
 
Assim, o animal diminui o consumo de alimento, quando a 
temperatura ambiental é alta, e aumenta, quando é baixa. 
Esse comportamento alimentar está associado aos 
mecanismos de produção e perda de calor. 
Efeitos psicológicos 
 
 
O efeito do estresse no crescimento de animais não 
está relacionado unicamente à estressores de natureza 
física, mas também a pressões psicológicas. 
 
Semelhantes estados de estresse, que podem resultar 
em menores ganhos de peso em bovinos, foram 
observados em várias situações: grupos confinados com 
maior densidade populacional, animais de menor 
categoria social e em animais isolados (ENCARNAÇÃO, 
1989). 
 
Em suínos, coelhos e equinos também é notório o efeito 
social no desempenho produtivo. 
MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DO CORPO EM ANIMAIS 
EM CRESCIMENTOAlém da influência sobre o crescimento, os fatores 
ambientais influenciam a composição do corpo (características 
de carcaça e qualidade da carne); 
 
Em todas as espécies animais, o crescimento pára em 
temperaturas limites (baixas ou altas) e é máximo nas zonas 
de conforto do animal (zona de termoneutralidade); 
 
Vacas Holandesas de regiões mais quentes apresentam 
comprimento do corpo e altura de cernelha menores que suas 
meio-irmãs paternas criadas em regiões frias (Mcdowell, 
1972). 
MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO DO CORPO EM ANIMAIS 
EM CRESCIMENTO 
 
 
Em condições experimentais: suínos criados a 35oC por 
8 semanas apresentam extremidades mais longas e 
menos pêlos do que as testemunhas, mantidas a 25oC; 
 
Nas fêmeas em lactação, as reservas de gordura se 
esgotam mais rapidamente com o aumento da 
temperatura ambiente; 
 
Há um efeito do ambiente sobre o teor de gordura 
intramuscular, cor e maciez da carne, durante a engorda 
de suínos e ovinos. 
Regulação neuro-hormonal 
 
 
O crescimento animal está sujeito à regulação hormonal. Em 
caso de estresse há um desequilíbrio do sistema endócrino; 
 
A hipófise secreta menos hormônio tireotrófico, reduzindo a 
atividade da tireóide. Esta glândula por intermédio de seus 
hormônios (T3, T4 e outros), desempenha importante papel 
estimulando os metabolismos de proteínas, gorduras, 
carboidratos, água, minerais e energia, além de sua 
imprescindível função no crescimento; 
 
O estresse prolongado também inibe a secreção do hormônio 
do crescimento (GH). O GH é um dos principais hormônios 
responsável pela estimulação do desenvolvimento corporal, 
atuando em todos os tecidos, particularmente nos ossos, 
músculos, rins, fígado e tecido adiposo. 
Resistência orgânica 
 
Embora menos sensíveis às quedas de temperatura, estas 
também podem provocar perdas de peso e queda de 
resistência em ruminantes. Não é raro o aparecimento de 
pneumonia e diarreia em bezerros expostos ao frio, podendo 
levar à morte; 
 
Doenças como bronquite e coriza comprometem o sistema 
respiratório e é através da respiração que ocorre uma das 
principais trocas de calor em ambientes com alta temperatura; 
 
Os animais tendo os pulmões e/ou os sacos aéreos (aves) 
comprometidos tem uma redução na capacidade de troca 
calórica com meio e que resulta em uma maior probabilidade 
de morrerem em condições de calor. 
Efeitos do Ambiente Tropical 
Sobre a Reprodução Animal 
 Produção e eficiência reprodutiva são variáveis deprimidas 
durante os meses de verão, principalmente quando altas 
temperaturas são associadas a alta umidade relativa do ar; 
 
 
 
A eficiência da reprodução animal é requisito fundamental para 
a continuidade da espécie, bem como, para o aproveitamento 
industrial, seja para fins de abate como para produção de leite, 
ovos, lã, etc.; 
 
Além dos efeitos indiretos sobre a quantidade e qualidade 
das forragens, fatores climáticos como a temperatura e 
umidade do ar, radiação solar, ventos, influenciam diretamente 
o sistema neuroendócrino e a função reprodutiva dos animais. 
...CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES 
MECANISMO PELO QUAL O ESTRESSE INFLUENCIA NA 
FUNÇÃO REPRODUTIVA DOS ANIMAIS 
 
 
 Os mecanismos pelos quais o estresse térmico deprime a 
atividade reprodutiva em machos e fêmeas envolvem os efeitos 
diretos da temperatura alterando a regulação do sistema 
nervoso, o balanço hídrico, os níveis hormonais, o balanço 
nutricional e o equilíbrio bioquímico do animal. 
 
 Em animais submetidos ao estresse prolongado, há uma 
inativação do eixo hipotálamo - hipófise – gônadas e esta ação 
é exercida pelas glândulas adrenais e seus glicocorticóides 
(cortisol); 
 
 O efeito “feedback” negativo sobre as adrenais inibe a 
secreção de hormônios sexuais importantes para a função 
reprodutiva tanto em machos quanto fêmeas; 
MECANISMO PELO QUAL O ESTRESSE INFLUENCIA NA 
FUNÇÃO REPRODUTIVA DOS ANIMAIS 
 
 
 Devemos considerar que existe uma complexa 
interação entre os hormônios, tornando quase impossível 
a observação de efeitos isolados dessas substâncias; 
 
Vale lembrar e não menos importante é a baixa 
resistência orgânica contra infecções, em situações de 
estresse crônico (glicocorticóides causam atrofia do 
sistema timolinfático acarretando baixa resistência); 
 
Problemas metabólicos para manutenção da 
homeotermia em animais não adaptados ao clima (raças 
exóticas) também influenciam negativamente a eficiência 
reprodutiva. 
Efeito do Ambiente 
Tropical sobre a 
Reprodução dos Peixes 
Os peixes são considerados ótimos modelos para 
estudos fisiológicos por estarem, na sua maioria, restritos 
à água e sujeitos às mais diversas alterações que este 
meio pode oferecer. 
 
Além disso, dentre todos os processos fisiológicos, a 
reprodução, por ser considerada um processo altamente 
custoso energeticamente e ocorrer somente quando os 
animais estão situados na zona de conforto, tanto 
ambiental quanto metabólica. 
 
Revelam-se como um importante modelo de estudo 
para a compreensão da influência dos fatores ambientais 
sobre os sistemas biológicos. 
...CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES 
Os processos fisiológicos envolvidos na reprodução de peixes 
incluem a diferenciação das gônadas, gametogênese, liberação 
de gametas, fertilização e eclosão dos ovos; 
 
Todos estes eventos da cascata reprodutiva são controlados 
por inúmeros fatores endócrinos ao longo do eixo Hipotálamo-
Hipófise-Gônadas. Esses eventos também interagem com 
outras importantes funções fisiológicas, como nutrição, 
crescimento, osmorregulação e respostas a fatores de 
estresse; 
 
Os fatores abióticos podem agir (ou agem) como 
desencadeadores da reprodução; 
 
É possível afirmar que certas mudanças ambientais podem 
delimitar o período e o sucesso reprodutivo na maioria dos 
peixes. 
...CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES 
FOTOPERÍODO 
 
Nas espécies de regiões temperadas que 
desovam na primavera ou início do verão, o 
crescimento gonadal é estimulado por um 
fotoperíodo longo, geralmente em combinação 
com altas temperaturas. Ex: carpas. 
 
Nas espécies que desovam no outono ou 
início do inverno, o crescimento gonadal é 
estimulado por uma diminuição do fotoperíodo. 
Ex: salmonídeos. 
 Desde a década de 80  temperatura e fotoperíodo afetam a 
secreção e a capacidade de resposta de órgãos-alvo aos 
hormônios gonadotrópicos (hormônio luteinizante - LH e 
hormônio folículo-estimulante - FSH), tanto em peixes de clima 
temperado quanto tropical. 
 Além disso, a determinação sexual em peixes tem a 
TEMPERATURA, além da determinação cromossômica, como 
principal fator desencadeador, sendo que para algumas 
espécies consideradas como mais sensíveis a razão entre 
machos e fêmeas diminui com a diminuição da temperatura 
como consequência da diferenciação ovariana por baixas 
temperaturas. 
Para algumas espécies variações 
do fotoperíodo não alteram o início 
da primeira maturação sexual e 
desova, como demonstrado em 
tilápias. 
(Aparentemente) para esta 
espécie, o fator mais importante 
para que este processo ocorra é a 
manutenção de temperaturas entre 
28 e 31°C (Baldisserotto, 2002). 
Na espécie Paralichtys olivaceus foram encontradas 
populações de machos monossexos em temperaturas 
extremas, enquanto que nas temperaturas intermediárias 
(ideais para a espécie) observou-se uma razão 1:1 entre 
machos e fêmeas. 
 
A explicação para este processo seria a alta sensibilidade das 
enzimas do complexo citocromo P450 que convertem 
andrógenos (testosterona)em estrógenos (estradiol) na via dos 
hormônios sexuais, hormônios estes de grande importância no 
desenvolvimento gonadal (Baroiller e D´Cotta, 2001). 
Temperatura pode modular a ação de hormônios em todos os níveis de 
controle reprodutivo, especialmente na ovulação e desova; 
 
Algumas espécies de peixes de clima temperado e com alto valor 
econômico foram, desde a década de 70, testadas nas mais diversas 
condições de temperatura com o intuito de se estabelecer locais 
apropriados para a manutenção dos reprodutores adultos; 
 
Manutenção dos animais e verificações quantitativas e qualitativas do 
sucesso da gametogênese (taxa de crescimento ovariano e perfil hormonal) 
e ovulação (número de ovos, taxa de fertilização), processos intimamente 
relacionados ao sucesso reprodutivo de uma espécie; 
Salmão, truta e a tenca mostraram diferentes estratégias reprodutivas 
quando os animais foram expostos a temperaturas consideradas fora da 
zona de conforto térmico. 
ESPÉCIE ESTRÉGIA REPRODUTIVA 
 
 
 
 
 
 
Salmão apresentou queda de cerca de 
41% na taxa de ovulação em 
temperaturas acima de 13°C em 
comparação com animais aclimatados a 
7°C e uma diminuição significativa dos 
níveis de vitelogenina em temperaturas 
abaixo do normal para a espécie. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para truta os pesquisadores 
evidenciaram uma queda significativa na 
ovulação dos animais em temperaturas 
abaixo dos 15°C. 
 
 
 
 
 
 
Para tenca houve um retardado e 
ausência de crescimento ovariano 
quando a média da temperatura diária 
foi inferior a 10 °C. 
AQUECIMENTO GLOBAL 
 
A temperatura da superfície terrestre aumentou aproximadamente 
0,6°C no último século e as duas décadas passadas foram as mais 
quentes desde 1891 (Houghton et al., 2001); 
 
O aquecimento da superfície é acelerado pela atividade humana e 
pode ter consequências drásticas nos processos fisiológicos, 
afetando o crescimento e a reprodução dos peixes; 
 
Zieba et al., (2010) descreveram a desova precoce e maior taxa de 
sobrevivência da prole em Lepomis gibbosus (perca-sol) mantidos 
em temperaturas altas, o que poderia levar ocasionalmente a um 
processo de explosão demográfica e consequente desequilíbrio 
ecológico no ambiente natural. 
OUTROS FATORES OU ASSOCIAÇÃO DE FATORES 
 
Tuvira  uma combinação de 
simulação de chuva, aumento do nível 
da água e diminuição da condutividade 
induzem a uma completa 
gametogênese e desova, fato que não 
ocorre caso os parâmetros sejam 
testados individualmente. 
 
Pacú e outras espécies tropicais  a 
chuva parece ter papel decisivo na 
maturação final e desova (Baldisserotto, 
2002). 
Peixes tropicais tendem a desovar continuamente ao longo 
do ano ou apresentam picos associados à estação chuvosa. 
 
OUTROS FATORES OU ASSOCIAÇÃO DE FATORES 
 
 
Para a ictiofauna marinha a temperatura e a salinidade 
são dois fatores que agem juntos e têm papel 
fundamental no período de incubação e eclosão de ovos 
de muitas espécies; 
 
O efeito é mais pronunciado nas espécies que vivem em 
locais rasos e propensos a mudanças ambientais 
constantes, já que as mudanças na temperatura podem 
ampliar ou reduzir a faixa de salinidade de um 
determinado local (Nissling et al., 2006). 
OUTROS FATORES OU ASSOCIAÇÃO DE FATORES 
 
 
Outra consequência importante decorrente do aumento da 
temperatura atmosférica é a mudança de solubilidade dos 
gases na água, principalmente o oxigênio, que apresenta 
naturalmente uma redução na sua capacidade de solubilização 
com a elevação da temperatura (Schmidt-Nielsen, 2002). 
 
Exemplo: 
 
A exposição à hipóxia pode ser considerada um disruptor 
endócrino à reprodução em peixes por diminuir a concentração 
de testosterona, estradiol e hormônio estimulador da tireóide 
(TSH) em carpas, com consequente redução de liberação de 
gametas, taxa de fertilização e sobrevivência larval (Wu et al., 
2003). 
Efeito do Ambiente 
Tropical sobre Machos e 
Fêmeas 
(Mamíferos e Aves) 
EFEITO DA ALTA TEMPERATURA SOBRE OS MACHOS 
(CONSIDERAÇÕES GERAIS) 
 
 
 
 
As alterações na espermatogênese no clima tropical é 
decorrência do aquecimento dos testículos e/ou dos efeitos 
sobre o sistema endócrino e metabolismo do animal; 
 
 Saco escrotal (fora da cavidade abdominal) naturalmente 
mantém os testículos 4 a 5ºC a menos que a temperatura 
corporal, porém, sob estresse térmico prolongado essa 
diferença não se mantém; 
 
Diminuição do peso dos testículos 
Túbulos seminíferos entram em degeneração 
Diminuição do volume total do sêmen 
Diminuição da concentração do sêmen 
Aumento de anomalias nos espermatozoides 
Diminuição da atividade metabólica do sêmen 
EFEITO DA ALTA TEMPERATURA SOBRE AS FÊMEAS 
(CONSIDERAÇÕES GERAIS) 
 
 
 
 
 A estação do ano em que a fêmea nasce afeta a idade 
e o peso à puberdade; 
 
 Fêmeas submetidas às altas temperaturas podem 
apresentar: 
 
Retardo na puberdade 
Anestro 
Diminuição do índice de concepção 
Aborto 
Aumento da mortalidade perinatal 
EFEITOS SOBRE A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL 
 
 
PREMISSA  sêmen de melhor qualidade é coletado no inverno. 
 
Pesquisadores coletaram sêmen durante o ano todo, em diferentes 
locais, com diferentes temperaturas; 
 
Após a inseminação, em diferentes locais, com diferentes 
temperaturas verificaram que houve uma depressão estacional 
significativa na eficiência reprodutiva das raças com o aumento da 
temperatura ambiental que foi mais evidente em vacas inseminadas 
em regiões quentes, o que permitiu concluir que a fêmea tem maior 
contribuição na diminuição da fertilidade nas inseminações durante o 
verão; 
 
A diminuição no período de cio e a maior incidência de cios 
silenciosos prejudicam a observação do momento da ovulação e 
reduzem o sucesso da inseminação artificial.

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