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Direitos Reais I Caderno Digitado

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Direitos Reais I
Faculdade de Direito da UFBA, 2016.2
Docente: João Monteiro
Discente: Vida Vasconcelos
Bibliografia: Santiago Dantas (primeira leitura) – programa de direito civil, vol. 2; Caio Mário da Silva Pereira – coleção das instituições do direito civil, vol. 4; Orlando Gomes – Direitos Reais; Astoulfo Resende – Da Posse e seus Efeitos; Teoria Simplificada da Posse; Fundamentos dos Interditos Possessórios; Reflexões Sobre o Direito de Propriedade; Maria Helena Diniz – Direitos Reais; Eduardo Espíniola – Direitos Reais – Da propriedade do Condomínio e da Posse. 
Introdução
As pessoas têm interesses e necessidades. O atendimento aos interesses e as necessidades das pessoas se dá mediante, essencialmente, dois elementos, que são: as coisas e a cooperação de outras pessoas/ conduta. Não há outra maneira: ou sua necessidade é atendida mediante cooperação alheia ou pelas coisas. Ex: primeiro encontro da aula – para aprender reais há a necessidade de cooperação de outra pessoa, no caso a Universidade, e esta, por sua vez, contrata outras pessoas para suprir essa necessidade. Ex.: Todos nós viemos pra faculdade vestidos. As roupas são coisas e essas coisas atendem as nossas necessidades. Ex.: Os livros sob os quais nós tratamos são coisas, então para a aquisição do conhecimento, precisamos dessas coisas. 
Toda a vida do ser humano está envolvida nesse regime de sucessivas necessidades e interesses e estes podem ser maiores ou menores conforme o nível cultural ou civilizatório. Quanto maior o nível de civilização menor a dependência dos elementos naturais e vice-versa.
Uma vez que se tenha essa noção, dá-se uma situação. Essa situação envolvendo a cooperação alheia, não diz respeito essencialmente aos direitos reais. Ela diz respeito aos direitos pessoais. Os direitos pessoais tem essa característica da intersubjetividade, o que não acontece necessariamente com os direitos reais. Se vocês vêm para o curso de direito ter aula de direitos reais ou Monteiro estará aqui para dar aula, ou outro estará aqui em seu lugar. As relações pessoais, no ramo do direito privado, basicamente se desdobram em dois grupos:
Relações Pessoais Predominantemente Patrimoniais: direitos das obrigações (contratos, negócios jurídicos)
Relações Pessoais Não- Patrimoniais: relações de família (direito matrimonial, da convivência...). 
*Obs: De algumas relações de família decorrem efeitos patrimoniais, mas esses efeitos não são elementos constitutivos de qualquer uma dessas relações. A eficácia patrimonial de algumas relações de família somente existe quando a lei prevê. 
A patrimonialidade de uma relação significa a sua susceptibilidade de ser avaliada em dinheiro, e, consequentemente todas as relações patrimoniais são susceptíveis de serem objetos de disposição. A prática de atos dispositivos significa exatamente isso: no exercício de sua liberdade a pessoa pode definir o preço de determinada relação, negociando sua extensão, modo de pagamento, forma, etc. Ex: uma mulher casada está insatisfeita com seu marido, ela não pode alugar o marido, vez que se trata de uma relação extrapatrimonial. 
A extrapatrimonialidade na relação (venda mãe e filho) é tão forte que se a mãe receber o dinheiro e mesmo assim for à polícia e requerer seu filho de volta, ela terá total direito, devolvendo ou não o dinheiro. Nos direitos da personalidade a extrapatrimonialidade é a essência. Enquanto não houver violação dos direitos da personalidade não há patrimonialidade. Ex: quando você reivindica o seu direito a ser chamada pelo nome correto. 
O negócio jurídico não tem a força de migrar o direito da personalidade para o ramo patrimonial, então, mesmo realizando um NJ que se disponha algum direito a personalidade, a pessoa pode desistir sem nenhum prejuízo.
Já nas relações patrimoniais, as coisas ou as condutas são lícitas e susceptíveis de serem avaliadas pecuniariamente. 
Uma vez que se perceba a divisão dessas relações, de logo se conclui que os direitos reais são todos eles, direitos patrimoniais. Ou seja, todos os direitos reais são susceptíveis de serem avaliados pecuniariamente. É saber, tanto faz seja posse, propriedade, uso-fruto, habitação, hipoteca, alienação fiduciária, são de natureza patrimonial. Todas as obrigações também. 
Ao considerar as duas maneiras pelas quais necessidades e interesses são atendidos, quando essa necessidade é atendida mediante conduta há uma relação de direito pessoal. Quando a necessidade e o interesse são atendidos mediante as coisas à relação é de direito real.
Com isso se observa que a percepção de que as coisas não extremamente importantes para o ser humano, porque as coisas minimizam o nosso sofrimento natural. Ex.: o sujeito está com sede ele tem que ir ao bebedouro ou ir à cantina comprar uma garrafa de água. As pessoas têm muitas necessidades para minimizar o seu sofrimento. 
Qual a implicação disso aos direitos reais? Todas. Dado que o ser humano tem muitas necessidades, dá-se em uma situação: existem os seres humanos e as coisas. Se não houver um acerto dos seres humanos para utilização das coisas o caos iria se instaurar. O caos levaria a guerra e quem vence a guerra é quem é o mais forte. Mas o direito surge como antítese da força. O ser humano quando cria o direito, já criou muito antes a regra de conduta pela moral. A melhor forma de disseminação da moral é pela religião, então quando nasce a religião melhora-se a moral e com o tempo esta chega ao direito. 
Quando se estuda uma divisão do direito a primeira coisa que se tem que entender é a importância dessa classificação. Então ter um regime jurídico com normas disciplinando a aquisição, a utilização e a perda das coisas é a divisão que a sociedade faz é para evitar o uso da força.
Critérios de Distinção dos Direitos Reais x Direitos Pessoais
Esses critérios, uma vez aplicados, definirão se uma dada relação é de direito real ou de direito pessoal.
Tipicidade
Os Direitos Reais são típicos e os direitos pessoais podem ser típicos ou atípicos.
A tipicidade dos direitos reais significa que uma relação somente pode ser considerada de direito real se estiver prevista como tal na lei. Ou seja, dá-se o esquema do regime jurídico na lei, então será direito real. Existem, contudo, muitos direitos pessoais que são típicos também, ex: permuta, locação... Porém, nos direitos reais a tipificação é condição sine qua non, enquanto que nos direitos pessoais isso não acontece. Isso significa que quaisquer relações que sejam criadas pela autonomia privada, ou pela autonomia da vontade que sejam atípicas, automaticamente não serão consideradas direitos reais, serão considerados direitos pessoais. Relaciona-se com a lei.
Limitação
Os direitos reais são limitados e os direitos pessoais são ilimitados.
 A criatividade das relações pessoais na mente humana é ilimitada. Essa criação será tratada e considerada um direito pessoal. Relaciona-se com o conteúdo. Ex: relação de compra e venda comum x pagar o produto oferecendo um serviço – esse negócio é atípico, pois não existe compra e venda tipificada em que o serviço esteja tipificado na lei como contraprestação. Então uma relação como essa jamais será considerada como direito real.
Os direitos reais são limitados, ou seja, o conteúdo da propriedade, do uso-fruto, da hipoteca estão previstos na lei. Então a pessoa não pode inovar no conteúdo dos direitos reais. 
Ex: eu compro o relógio de laércio por 50 reais. Eu passo a adquirir o domínio do relógio, mas laércio quer me proibir de vender esse relógio para outra pessoa, devido a sua importância, então eu aceito. Em seguida eu vendo o relógio para X por 250 reais. Em seguida laércio me reclama por ter vendido o relógio. Laércio pode reclamar de X a restituição do relógio? Não, pois quando eu adquirir o relógio eu assumir a propriedade do relógio e em seu conteúdo está a livre disposição, então uma cláusula dessa será ineficaz. A violação da obrigação de não fazer, contudo, pode dar ensejo a uma indenização, mas isso não significa odireito de laércio de cobrar de Vida. 
Taxatividade/ Números Cláusulos
A taxatividade é a característica mais importante.
A tipicidade é a previsão legal, a limitação é a impossibilidade de alteração do conteúdo, a taxatividade significa: só o que estiver tipificado como direito real, direito real será.
A tipificação por si só não é suficiente, pois existem direitos pessoais tipificados. Então a taxatividade significa a restrição para a autonomia privada da constituição de direitos reais para aqueles diferentes dos existentes em lei. Ninguém pode pela autonomia privada inventar um direito real. 
Ex: uma cláusula que imponha que toda vez que eu alienar uma propriedade terei que pagar 2% a alguém. Essa cláusula não é compatível com a taxatividade dos direitos reais. 
A taxatividade veio do direito francês pós-iluminismo. Antigamente havia recorrentemente a instituição de privilégios eclesiásticos na disposição dos imóveis. Isto tornava a disposição dos imóveis algo extremamente restritivo e a propriedade era desenvolvida no mundo da subsistência. Os privilégios criados pela igreja eram incompatíveis com a livre propriedade, por isso a idade média não foi compatível com a expansão da propriedade material. Isso só veio a ocorrer pós revolução industrial. Como a revolução francesa foi feita para destruir a Igreja Católica: tiraram Deus e colocaram o Estado em seu lugar, ditando normas. Uma das coisas que se fez foi romper com os privilégios da Igreja, onde os bens foram passados para o Estado. Nesse sentido se estabeleceu a taxatividade aos direitos reais, para se impedir que os particulares restringissem a circulação de bens. A aquisição da propriedade passou a ser muito mais interessante para as pessoas que passaram a ter, simultaneamente, maior autonomia na sua exploração. A taxatividade se espalhou como norma de distinção por todo o mundo ocidental. Todos os códigos da era moderna adotam a taxatividade como característica. 
Modo de Exercício
A diferença dos direitos reais para os direitos pessoais quanto ao modo de exercício está na pretensão. Os direitos pessoais são quase sempre dotados de pretensão, enquanto os direitos reais quase sempre não. A pretensão consiste em poder reconhecer a uma pessoa de exigir determinado comportamento em face de outro. Uma relação pessoal, necessariamente, implica em diminuição da liberdade. Vale lembrar que ninguém está obrigado a se obrigar, está obrigado a cumprir. Isso se sucede a todas as relações pessoas de maneira comum. Ex.: prestação de serviço, atividade trabalhista. Transporte: você tem a pretensão com o motorista de ir do ponto A ao ponto B. O locador tem a pretensão de receber o aluguel.
A pretensão é uma característica própria, comum e recorrente nas relações de direito pessoal. Nas relações pessoais, a patrimonialidade não é característica. Já a pretensão na relação real tem por característica a patrimonialidade. 
Nos direitos reais não há a figura do sujeito passivo, então o que caracteriza a relação de direito real não é propriamente a dependência ou a subordinação, que é o que caracteriza todas as relações pessoais. Nos direitos reais esse conteúdo de subordinação não está presente. O que caracteriza as relações de direito real é a sujeição: sujeição de uma coisa ao poder da pessoa, sujeição direta. Essa sujeição direta é ditada pela vontade do titular do direito real, o que não acontece nas relações pessoais, pois esta, por serem, necessariamente, intersubjetivas, não tem como a vontade de uma das pessoas, exclusivamente, caracterizar essa relação. Então, se alguém não quer ser parte de um contrato de compra e venda, não será. Assim, a vontade nas relações pessoais não tem autossuficiência para definir o conteúdo da relação, o que é o oposto nas relações reais. Nas relações reais apenas a vontade das pessoas de ser titular é o bastante, isso porque não há como imaginar a subordinação de uma coisa para uma pessoa. Mesmo em relação aos semoventes, não se tem como configurar a característica da subordinação, o que há é a sujeição à pessoa. 
“Perecendo o objeto, perece o direito que sobre ele recai”.
Prescrição
Os direitos reais são uso-capíveis. O usucapião é uma maneira de ser diferente da prescrição, é também chamado de prescrição-aquisitiva. 
Nos direitos pessoais a prescrição sempre se opera de modo extintivo, e nos direitos reais pode acontecer de modo aquisitivo. A prescrição operando de modo aquisitivo dá-se o nome de usucapião.
A prescrição e a pretensão são institutos conexos. Quando um direito pessoal é violado, normalmente, essa violação dá-se mediante uma ação omissiva e o direito real quando é violado, normalmente, dá-se por uma ação comissiva.
O estado natural do ser humano é ser livre. Quando se sai do estado natural de liberdade e cria um vinculo com outra pessoa, você limita a sua liberdade para se comportar. Como o estado de liberdade é um estado de inércia, normalmente quando você assume uma obrigação você restringe a sua liberdade e fica obrigado a cumprir a obrigação. Então quando você não cumpre a obrigação, ocorre uma violação. A maneira de ser dessa violação é a omissão. Consequentemente, quando a omissão se configura, dá-se a ocorrência de uma lesão – lesão da outra pessoa que foi parte daquele vínculo. Então o credor tem duas opções: ou faz valer a pretensão ou fica inerte. A inercia do credor, se ela se alonga no tempo, então o direito diz que essa pretensão que é poderosa (poderia ser válida nas vias judiciais), como você não fez nada, o tempo vai e retira essa juridicidade/ exigibilidade pelas vias judiciais. Então a pretensão passa a ser precária. O devedor, por sua vez, em razão o decurso do tempo, se desobriga. A prescrição nas relações pessoais se opera para extinguir a pretensão. Ou seja, ela reestabelece o estado de liberdade que antecedeu a constituição da obrigação. Então a prescrição se opera como uma das garantias da liberdade natural. Se não houvesse a prescrição, haveria a responsabilidade eterna. Quanto menores os prazos de prescrição, mais rápido as liberdades são resgatadas. 
“O direito não socorre aos que dormem”
Nos direitos reais o modo de violação dos direitos é normalmente por comissão (alguém vem e interfere naquela relação que a pessoa tem diretamente com o objeto). Sua relação é de sujeição com as coisas. O respeito ao direito alheio se dá por modo omissivo. Há direitos reais cuja violação se dá por omissão, ex.: dever de pagar o condomínio. Quando há uma violação do direito real, nasce a pretensão a recuperação da coisa ou o estabelecimento da integridade do direito ou a pretensão indenizatória. Nesses casos, o decurso do tempo também opera de modo semelhante ao que sucede nos direitos pessoais. O novo estado da coisa violada pode se restar consolidado, a isso se dá o nome de usucapião. Ou seja, trata-se de um efeito constitutivo de um novo direito real sob aquele objeto. Quando a usucapião se consuma, automaticamente dá-se a prescrição instintiva de quem sofreu a violação. 
Perpetuidade
Quando se estuda uma ciência, a ciência recorre a linguagem, que por sua vez, recorre às palavras e estas são elucidativas. As ciências recorrem a linguagem para poder expressar as ideias e para repetir o padrão de maneira correta. Essa constatação também se verifica no direito e nas ciências humanas no geral. O direito privado, normalmente, tem uma linguagem muito sólida. 
A perpetuidade nos direitos reais não significa eternidade. Isso porque, se houver violação combinada com inercia o proprietário perde seu direito, entre outras possibilidades. A perpetuidade nos direitos reais significa que os direitos reais não se extinguem pelo não uso. O não uso significa falta de exercício. Então, se o titular do direito real não exerce os poderes que dele decorrem isso não se constituirá em causa da extinção desse direito real.
Já os direitos pessoais, por sua vez, são temporários por sua natureza, vez que a liberdade foi restringida. Qualquer indivíduo que seja parte, seja qual for o vínculoda relação, sempre poderá rescindir o vínculo da relação contratual – exceto algumas relações de família como a filiação, que é infinita por ser extrapatrimonial. Ademais, quando se cumpre a obrigação, resgata-se a liberdade. 
Sequela
Trata-se da distinção mais importante. 
Tem um dizer dos romanos que afirma: “A relação da pessoa com a coisa se dá cuti-lepra-cuti”. Isso significa: a relação se dá como a pele adere à lepra. Trata-se de um artifício com uma carga de utilidade para o direito. A sequela é uma ficção pela qual o direito real que incide pela coisa, considera-se como se fosse a própria subsistência da coisa, e como se fosse indissociável dela. 
O direito real sob a coisa, pela sequela, dá uma ficção de que se incorpora a ele. 
A sequela é completamente incompatível com os direitos pessoais. Ex.: a mulher deixa o marido, o marido não vai entrar a justiça pedindo reintegração de posse, pois é uma relação pessoal. 
A sequela tem uma grande funcionalidade na proteção dos direitos reais. Se não fosse ela, que é um artifício importantíssimo do direito, a consequência seria a negação da propriedade sobre os imóveis – somente seria dono quem tivesse força física. A sequela sustenta a venda civilizada. Fora a negação do direito, outra consequência seria o nomadismo, vez que os direitos reais só seriam permitidos para as coisas que você pudesse proteger pela força. 
Conceito De Direito Real
Direito real é a relação jurídica que se da entre a pessoa e a coisa na qual esta (a coisa) é submetida, ao todo ou em parte, aos poderes do seu titular no limite da leis. De maneira mais ou menos intensa todos direitos reais se enquadram nessa definição.
Esse conceito reclama a existência de relação jurídica entre pessoa e coisa, muitos autores consideram que a relação jurídica tem por característica essencial a intersubjetividade, alguns consideram que só pode existir relação jurídica entre pessoas ou entre pessoa e coisas, mais jamais entre coisas. A relação jurídica entre coisas é imaginativo, não possuindo nenhum componente de juridicidade. A maioria das relações entre as pessoas não possuem juridicidade, as jurídicas entre as pessoas são decorrentes da vontade ( de direitos e obrigações ) ou quando a lei estabelece uma relação jurídica advinda de um fato natural, assim, a maior parte das relações humanas é moral, não tendo carga de juridicidade. Há relações diárias com relações morais e sociais, como conversar com seu amigo, mas vir para a faculdade porque fez matricula é uma relação jurídica, pegar um táxi, uber ou ônibus é uma relação jurídica. É recorrente alguns autores identificarem a relação entre as pessoas como uma relação jurídica, mas isso é um equivoco não se devem classificar todas as relações humanas como jurídicas. Essa teoria que confunde a sociabilidade como critério das relações jurídicas, tem um lado emotivo, que traz que o direito é para o ser humano, mas é uma teoria que padece de várias inconsistências técnicas que não são úteis ao direito, ramo do conhecimento humano que quer se dizer ciência. Veja que quando se configuram os direitos reais é sem sentindo determinar a figura do direito passivo indeterminado. Os autores que querem dizer que relações jurídicas são apenas entre as pessoas chamam objetos de sujeito passivos universais, o que é um completo equivoco, o sujeito passivo de uma relação é aquele contra quem se destina a pretensão, e eles chama de indeterminado porque não sabem definir quem é, dizendo que todos são sujeito passivos da relação jurídica. O direito recorre a muitas ficções, mas esse é um artificio útil fictício. 
Havendo um sujeito passivo sua obrigação é a não interferência nos direitos reais alheios, as pessoas também estão adstritas a não interferir nas relações pessoais de outras pessoas, logo esse é um critério valido também para as relações espoais. Essa ideia de obrigação universal não é uma proposição que tem aquele componente de universalidade, não há universalidade com esse critério, logo não é um bom critério, esse critério requer um artificialismo da subjetividade muito grande. 
Na relação pessoal o sujeito passivo nunca pode ser indeterminado, porque nas relações pessoais a indeterminação só pode ser do credor nunca do devedor. E essa indeterminação nunca pode ocorrer nas relações de direitos reais, não há nenhuma coerência com o estado normal, psíquico do ser humano, quando ele é credor, devedor de alguém. A liberdade você tem ela plena, mas quando você constitui sua liberdade, é um vinculo de origem pessoal. Quando eu compro uma agua em nada interfere minha liberdade. 
O que diferencia a relação de direito real pra a de pessoal não é o componente da sociabilidade, esse falha, o que caracteriza presença ou não de submissão/subordinação nas relações – pegar melhor essa parte – nas relações de direitos reais as coisas estão submissas aos seus titulares, mas nas de direitos pessoais não há essa subordinação, a outra pessoa pode aceitar ou não, e sair da relação quando quiser, mas as coisas são sujeitas as pessoas, mas claro que não de maneira ilimitada, mas os próprios direitos reais possuem uma serie de limitações, a relação de direito pessoal que da maior proximidade da sujeição é o poder familiar, o pátrio poder, não que o filho menor é sujeito ao pai, mas existe uma sujeição função, ≠ do direito real que é uma sujeição posse, no direito pessoal é sujeição função, para atender os interesses do menor, já no real é para atender a vontade do titular. Nos menores o pátrio poder é necessário para educar as crianças. 
Os Objetos Dos Direitos Reais
Pelo conceito somente as coisas poderiam, mas isso traz um questão importante, um pouco mais tecnicista, referente aos direitos reais. O mundo esta cheio de coisas, que são naturais ou artificiais, e vejam, que se todas as coisas fossem objetos dos direitos reais, ou podem ser, isso traria uma seria complicação. Isso seria um risco a civilização, quando as pessoas quisessem exercer direito de posse sobre algo que é de todos, como alguém querendo alugar a luz do sol. Obviamente, a ordem jurídica precisa estabelecer critérios excludentes, discriminatórios ( no sentido de que o direito deve sempre ordenar as coisas) que sempre que aplicados se restam a positivar se uma coisas pode ou não ser objeto de direitos reais, e são 3 esses critérios: 
Delimitabilidade ou especificação: 
Só pode ser objeto de direito real se estiver especificada, delimitadas, ou seja, se ela for descritível, ou se ela for idêntica a outras coisas somente poderá ser objeto de direito real se ela puder se distinta em relação a outra, mesmo que ela seja idêntica a oura deve-se poder distinguir de alguma maneira. Não existe direitos reais sobre coisas incertas, apenas certas, definidas. Sobre os bens imóveis, os imóveis estão todos registrados no registro de imóveis, regido pela lei de registros públicos, isso, se o imóvel for privado, o publico não necessita. No caso dos imóveis, esse sistema de registro corresponde as lei que identificam os imóveis, que os diferenciam, nunca, dois imóveis serão iguais. Dois apartamentos idênticos do mesmo prédio nunca serão iguais. O objeto dos direitos reais deve ser sempre determinado e taxativo. Os direitos reais só se dão sobre coisas especificas, até mesmo os imóveis são diferenciados. 
Economicidade:
Significa que o objeto dos direitos reais mente podem ser coisas suscetíveis de avaliação pecuniária, as coisas devem ser suscetíveis de serem avaliadas em dinheiro, se não podem ser avaliadas em dinheiro não pode ser objetos de direitos reais. A coisa para ser avaliada economicamente deve ter seu valor reduzido em dinheiro, se isso não for possível, não pode ser objeto de direito real. Ex.: o ar que respiramos ao ar livre não tem como ser medido é transformado em dinheiro, assim, não pode ser objeto de diretos reais, mas se esse ar for colocado em um recipiente ele pode ser transformado em dinheiro e vendido, porque ele é um gás, sendo assim, preso em um recipiente, ele é mensurável.Força de trabalho é uma relação pessoal, não uma relação real. Os bens também são suscetíveis de avaliação econômica. Tem coisas que o valor é definido por valores impessoais de mercado, algumas que não possuem nenhuma definição, e algumas que o governo estabelece parâmetros. Ex.: ações, eu vender minha bolsa a alguém e energia, respectivamente. 
Apropriabilidade: 
Suscetibilidade de incidência do direito de propriedade ( privada) sobre a coisa. Há coisas inapropriáveis, que pode ter fonte na lei, na vontade ( de maneira muito excepcional ), e na própria natureza.  A inapropriabilidade natural é a mais visível, como o sol, a lua, elas são muito evidentes devido a pequenez do indivíduo em relação ao mundo no qual vive, também coisas extra comercio, que são coisas fora do comércio. Te coisas que são naturalmente apropriáveis, mas que legalmente são inapropriáveis. Ex.: animais silvestres são materialmente apropriáveis, mas legalmente inapropriáveis ≠ dos peixes, que, em geral, são material e juridicamente apropriáveis na hora que o pescador pesca o peixe ele se torna instantaneamente dono dele, todavia existem peixes que não podem ser apropriáveis, como uma baleia.  
Para que uma coisa possa ser objeto de direito real é necessário que ela atenda a esses três critérios. Há ainda outra particularidade em relação às coisas em si. Vimos que as coisas são elementos do mundo exterior a pessoa, então nada no (dentro dele) ser humano pode ser considerada coisa. Ex.: vender cabelo, no momento em que você corta, passa a ser coisa. As coisas, por sua vez, só podem advir das próprias coisas, de modo que nunca se terá uma vida advinda de uma coisa. 
Sucede que em relação à natureza das coisas há uma particularidade a se observar: os elementos do mundo exterior ao ser humano podem ser corpóreos ou incorpóreos. As coisas incorpóreas são coisas ordinariamente criadas pela inteligência humana (v.g. desenhos, invenções, marcas, músicas) e requerem o exercício da inteligência para sua percepção. Para a coisa corpórea, por sua vez, inicialmente se usava o critério da tangibilidade, atualmente o critério utilizado é a demonstração da sua existência física. Essa existência física se apresenta nos 3 estágios principais: sólido, líquido e gasoso. A energia, embora não tenha uma existência estática, é considerada corpórea. 
Tanto as coisas incorpóreas como coisas corpóreas seriam suscetíveis a serem considerados direitos reais. Porém as coisas incorpóreas geralmente tem disciplina jurídica própria, sendo diversa do direito comum (Código Civil), vez que essas coisas incorpóreas podem ter um valor econômico próprio, e quando isso acontece, é necessário proteger o autor. Porém as formas do CC não estão adaptas a um universo com a proliferação de coisas incorpóreas tão rapidamente como aconteceu no mundo moderno. As fórmulas do direito eram adaptadas ao mundo de coisas corpóreas, os romanos não desenvolveram a ciência para imaginar as ideia da propriedade intelectual, por exemplo. Ex.: uma pessoa que imagina uma música, depois ela replica a imaginação em um suporte físico (cifras), mas como proteger o criador de uma música dessa? Nos tempos romanos, a única forma de proteção era a posse física da partitura. Então, como a codificação moderna é uma combinação da fonte romana com a fonte eclesiástica, ao realizar a junção, não existia propriamente uma fonte para resolver esse problema, então na medida em que o mundo moderno avançava foi-se criando mecanismos necessários no direito para proteger o valor econômico das coisas incorpóreas. O que se fez foi a produção de normas ou leis, e essa produção continua em curso, com várias leis protetivas a propriedade intelectual que venha disciplinar esses direitos reais incidentes nas coisas corpóreas. Algumas coisas incorpóreas são tão importantes que alguns países se unem para protegê-las. Desse modo, o Direito Civil funciona de forma supletiva para o regime especial das coisas incorpóreas. 
Classificação dos Direitos Reais
Essa classificação obedece ao critério da verificação da união ou não dos poderes correspondentes ao direito real nas mãos ou não de um mesmo titular. A configuração dos direitos reais envolve sujeito, objeto e conteúdo e esse conteúdo, que dá identidade aos direitos reais, são os poderes, e não eventualmente os deveres. Se alguém tem um direito real que tem mais deveres do que poderes, então esse alguém, possivelmente não terá mais o direito real. Ex.: uma carga muito intensa de direitos ambientais sob o imóvel – os deveres são tantos que os poderes sobre o imóvel ficam muito limitados, de modo que o imóvel passe a perder valor. Se a carga de dever anular os poderes / tornar inútil o imóvel, isso se configura uma maneira oblíqua do governo praticar expropriação indireta. Às vezes, há restrições indiretas (carga de deveres não muito intensa), as quais cabem indenização por parte do governo. Quanto maior for a carga do direito de propriedade assumida pelos indivíduos, maior será a carga de liberdade que o sujeito terá. Quando o governo passa a se interferir demais nessa esfera privada, os indivíduos perdem sua liberdade e passam a serem servos do governante. Ninguém tem como resistir ao poder de expropriação do Estado, mas o correto seria o Estado dar o devido valor indenizatório. 
O que identifica o direito real são os poderes e não os deveres, quanto mais simples o objeto, a tendência é ter uma menor carga de dever. As vezes a natureza da coisa influencia na carga de deveres que sobre ela incide. 
Então, como temos no direito real a configuração do sujeito, objeto e conteúdo, dá-se uma classificação dos direitos reais. Essa classificação dá-se com a analise de se esses poderes estão todos reunidos na pessoa de um mesmo titular. 
Direito Real da Coisa Própria
Quando os poderes estão reunidos nas mãos de um mesmo titular, diz-se direito real na coisa própria. São duas as espécies:
Direito de propriedade
Direito de posse
Na propriedade e na posse a reunião que configuram esses direitos reais estão no mesmo titular.
Direito Real na Coisa Alheia
Quando os direitos reais estão em mãos de diferentes pessoas, diz-se direito real na coisa alheia. Dá-se uma coexistência de diferentes direitos reais, com regimes jurídicos próprios, incidentes sobre a mesma coisa e essa concorrência não está sob a titularidade de uma mesma pessoa. Se infere que se é um direito real na coisa alheia ele se constitui como o destacamento do direito da propriedade para instituir outros direitos reais gravados (restringidos) na propriedade. Ou seja, novos direitos reais são constituídos pela desconstituição de uma propriedade para a instituição de outros direitos reais que irão restringir a propriedade inicial. 
Os direitos reais na coisa alheia se desdobram em três subclassificações:
Direito Real de Gozo e Fruição: se inclui a propriedade e a posse
Direitos Reais de Garantia: hipoteca, penhor, caução, anticrese... 
Direito Real de Aquisição: tem por espécie apenas o próprio direito real de aquisição. 
O direito real na coisa alheia é a sustentação daquilo que dará segurança a circulação do capital (que está em estado de inércia) na economia. 
Nos direitos reais de garantia a disponibilidade de determinado bem fica afetado. 
Se o direito real se extingue ou não com a morte de seu titular: 
Direitos Reais Subjetivamente Pessoais (usufruto) – existem enquanto o seu titular for vivo.
Direitos Objetivamente Reais (hipoteca): não se extingue pela morte do devedor originário. 
Há ainda uma distinção dos direitos reais para as obrigações reais. As obrigações reais parecem contraditórias, por sua própria definição de harmonização de poderes e deveres. Muitos autores negam a sua existência. Contudo, a obrigação, por definição, compreende um dever de dar ou fazer (positivo ou negativo), e sua particularidade se dá porque em alguns casos dá-se uma indissolubilidade de direitos reais, ou seja, tem um direito real e sua obrigação vem em conjunto (v.g. obrigação de pagar o condomínio– é indissolúvel da condição de condômino). 
Existem também os chamados ônus reais. Estes acontecem quando há o estabelecimento de uma restrição de ordem particular ou de interesse coletivo que incide sobre uma propriedade normalmente imobiliária. É o que acontece quando se tem uma passagem por um determinado terreno privado. 
Direitos da Posse
Conceito
É o estado ou relação de fato pelo qual o homem tem em seu poder uma coisa. 
	A definição ela é um resultado de muitos acontecimentos até se chegar a esse nível de simplicidade e alcance, no direito, geralmente, quando alguém é muito prolixo há um apelo a emoção. 
Para entender a pose deve se dominar a teoria subjetiva da posse, de Savini e o teria objetiva da posse, de Hering. Não adianta pensar que a posse começa no mundo a partir de Savini, em povos primitivos, ainda nos dias atuais, isso também sucedia, nas terras, o que constitui hoje o mundo ocidental. 
Histórico
No primitivismo, antes do ocidente toar uma identidade, não se tinha propriamente uma configuração jurídica individual da posse, o que há são preposições modernas sobre o que havia no mundo antigo, alguns baseados em descobertas arqueológicas. De todo modo, em antropologia e sociologia vemos menções recorrentes no sentido de que a vida primitiva não compreendia o sentido de posse individual, as coisas estavam em estado de comunhão, assim, consequentemente, não conheciam a propriedade provada individual. Logo, o início da propriedade individual ou posse é recorrentemente mostrada em obras.
Assim, alguns autores, preferem comparar a teoria da posses, mas Monteiro prefere esclarecer como começou a propriedade no mundo ocidental, porque no oriente começou com o poder dos imperadores, já no ocidental, não havia essa definição de posse privada, principalmente nas Américas, onde a população era indígena. A maior contribuição em relação ao fenômeno da posse foi dada pelo direito romano, mas o direito romano também não há como dar uma linearidade a ele, ele foi muito diferente ao longo do tempo, na republica foi de uma forma no impérios de outra, e considerando a variação do direito romano conforma sua historia, logo, a noção de posse foi desenvolvida originariamente como uma formula do império romano em uma fase de extensão, tanto no norte da Europa, como no oriente, tanto que nesses locais desenvolveram institutos análogos, que mais adiante serviram como inspiração para construção da teoria moderna da posse.
Os romanos conquistavam territórios pela via militar, eles desenvolveram muito bem o militarismo, sem que seus exércitos fossem propriamente, no primeiro momento, controlado por uma pessoa só, esses exércitos eram movidos pelo acumulo de riqueza das famílias. Por diversos motivos de natureza histórica o império romano se expandiu de maneira muito significativa, a partir de Mário e Silva, anteriores a Júlio Cesar. Os romanos no seu processo de expansão tinha um padrão, mais ou menos, imposição de costumes, imposição de governador, colocavam uma tropa, e inseriam a cultura dele, e preservavam relativamente as mulheres, os ligados a agricultura permaneciam e matava aqueles que os ameaçasse.  Eles deixavam la esses governadores locais, e no início eles eram chamados de ager publicos que era o sujeito que tinha autoridade sobre a tropa do local, e recolhia os impostos, logo, ele tinha uma delegação praticamente plena sobre aquele território, que era de domínio da republica romana, que era controlador territorial local. O controle do que se faria no local, foi a primeira manifestação institucional de ordem juridica, sobre o a origem remota da posse. Assim se vê a distinção entre quem tem o domínio, o império romano, e quem tem o controle, que era o governador. Assim o ager publico, foi a primeira instituição que mostra a diferença entre a posse e controle, e como as distancias que esses governadores tinham que cuidar eram muito grandes, eles fizeram o ager privados, devido à dificuldade dos administradores de administrar uma área tão grande, assim dava o privado as populações locais, para administrar a área, que geralmente não eram cidadões romanos. Então com esse privado ele também concedia permissões de ocupação da terra, logo, as capilaridades de rodem de força eram realmente funcionais. 
Essa capilaridades funciono mas não foi para sempre, a queda do IROC deu ensejo ao começo da baixa idade media, com a invasão dos povos bárbaros, mas mesmo com essa invasão os romanos preservaram os cristãos e a igreja sobreviveu, além de que muitos romanos fugiram para suas propriedades do interior, muitos tinham terras conquistadas em outros locais do império, como na Espanha e na França, surgindo a nobreza europeia, a família desenvolvia a terra, melhorava o lugar, e construía uma fortificação e um castelo para se proteger. A relação de suserania e vassalagem se inspirou no ager privado romano, com outro nome, mas com territórios menores, que era a divisão em feudos.
Na idade media o que manteve alguma união foi a igreja, pois era muito dividido. Então a Europa estava muito espalhada, cheia de principados, e pegaram o paradigma romano de capilaridades e transformaram em suseranos e vassalagens. E os principados não se matavam, e assim se formou o ocidente, porque havia união espiritual, mas não política. Essa união espiritual que concebeu uma unidade de comportamentos no mundo ocidental. Não foi o romano que trouxe isso porque não havia união política, cada principado aplicava suas regras jurídicas, e o comercio com o oriente não floresceu tanto devido as muçulmanos, que bloquearam esse comercio, bloqueando o comercio e Constantinopla que era a passagem. 
A partir de Lutero a cristandade católica caiu em declínio, a força política da igreja católica, muitas cidades começaram a brigar, principalmente na franca e na Alemanha. E para evitar mais danos, a igreja criou a tolerância religiosa, e investiu no estudo das ciências, iniciando a ciência moderna. Como os principados ficaram soltos, a religião do príncipe era a religião do povo, o único lugar que isso não funcionou de maneira homogênea foi o alemão, e ficou separado. Com isso, o alemão de atrasou, mas outros países da Europa criaram e fortaleceram os Estados nacionais, e para ter esse Estado, precisa ter direito , e para ganhar essa unidade se utilizaram do direito romano. Assim, eles resgataram essas fontes romanos, sendo consolidadas em um corpo de leis, em uma compilação chamada de corpus júris civilis. Porém em termo de direito reais não havia uma parte propriamente organizada. Então os europeus fizeram comentários, os chamados glossadores fizeram essas notas, que organizava, e pegaram essas notas, e começaram a organizar as codificações, vindo assim, os primeiros códigos do mundo moderno, sendo o primeiro o da Prussia. Pegar melhor essa parte. 
Com a codificação moderna, Savini pegou esses achados do direito romano e identificou um padrão da posse na propriedade romana, e assim fez sua obra: tratado da posse segundo o direito romano. Logo, ele formulou padrões teóricos sobre comportamento e conduta que os romanos adotavam nos conflitos que envolviam no apossamento de bens. Ele fez isso sistematicamente para encontrar um padrão de solução, e quando encontrou criou sua teoria sobre a posse. 
	Os estudos da posse no direito canônico passaram a ter uma grande importância devido a tendência naquele momento de fortalecimento das instituições civis, no início da era moderna, das codificações, e a retomada de processos democráticos foram utilizadas como mecanismo de compensação mental como contra ponto de como reação ao componente não clerical que aquele momento dominava, principalmente na cultura francesa. Na Alemanha também que esse processo já acontecia há 400 anos, cada principado por si, cada um seguindo a religião que queria. Momento de queda para a igreja católica. 
	Legado dos franceses para o mundo moderno: escolha o governante e se livre de Deus; conjunto de fatores culturais que levou ao Iluminismo. Como na Europa não havianenhuma unidade jurídica, porque a igreja não queria isso, e a organização das instituições civis requeria organização das fontes. Em muitos lugares se aplicava o direito romano, mas de maneira separada. Logo, foi um processo quase natural na Europa reorganizar as instituições romanas, e apesar de ter ficado séculos sem um unidade jurídica o que eles melhor conheciam era o direito romano. 
	No inicio do século 19 isso foi muito forte em vários países, com a revolução francesa, por exemplo. E para substituir Deus, eles deram o voto, e muita gente preferiu votar ao invés de Deus. Além de matar os padres para se apropriar das propriedades da igreja.
A democracia, a codificação e a reorganização das instituições civis do Estado foram fundamentadas 
Como na Europa não havia nenhuma unidade jurídica, visto que nem mesmo a Igreja a tinha, então a organização das unidades civis requeria a organização das fontes. As fontes eram pulverizadas por cada principado, sem unidade político-jurídica. Então, na Europa foi um processo quase natural reorganizar as instituições romanas, amplamente conhecidas e com vasta influência. Isso, no final do séc. XVIII e início do séc. XIX foi muito forte em vários países. Nesses países, se substituiu Deus pelo voto e se apropriaram dos bens da Igreja. 
Teoria Subjetiva da Posse
Savigny, àquele momento na Alemanha, fez uma obra fantástica para o mundo moderno chamada: Tratado da Posse no Direito Romano. Ele adotou um critério de nova leitura do legado dos direitos sobre a posse, ele analisou que os romanos eram muito adaptáveis e muito físicos (transformar crenças, ideias em matéria). Os romanos nunca deixaram nenhum código que tratasse de maneira uniforme e homogênea a posse, apesar de terem as relações com a posse – locação, por exemplo. Savigny notou que quando havia o conflito de particulares para o apossamento de uma coisa havia certo padrão, que não foi universal por todo o tempo, mas foi duradouro e recorrente. Ou seja, para um conflito de locação ele analisou qual a resolução dada pela jurisprudência romana – quem ganhou, porque ganhou. A principal fonte que ele utilizou foi o corpus juris civilis. Quando ele detectou um padrão de resolução do conflito das coisas, principalmente dos imóveis, ele propôs uma teoria – Teoria Subjetiva da Posse. Trata-se da proposta de solução dos conflitos de sua época pelas ideias presentes do direito romano. 
Essa teoria de Savigny estabelece que o romano, portanto, ao aplicar essas soluções recorrentes, é como se ele, sem saber, tivesse adotando uma teoria, embora isso não tivesse sido prévio a essas soluções – está mentalmente subjacente, mas não está formulado em uma norma. Savigny então formulou esse enunciado. Ele propõe que a posse corresponde a reunião de dois elementos: corpus e animus. Ou seja, a luz das fontes romanas, quando se reunia esses elementos numa mesma pessoa sobre um objeto, ela era considerada e passava a ser tratada como possuidora. 
Agora, quando Savigny propõe a formula para identificação de quem era possuidor, ser ou não ser possuidor era ter ou não ter direito a proteção interdital. A proteção interdital corresponde ao conjunto de medidas que são deferidas em favor do possuidor para assegurar-lhe e defender-lhe a sua posse. Essa garantia era efetiva pelos órgãos administrativos do direto romano, como o pretor, os representantes diretos dos imperadores. As providências mais comuns reconhecidas eram: reintegração de posse, manutenção, interdito, proibição de construção com ameaça de desabamento, construções antigas que estejam para desmoronar. O valor de configurar adequadamente o corpus e o animus era inquestionável para o direito romano.
O Corpus
Quando se fala em corpus isso tem uma consequência. Para savigny, a incidência da posse requer que o objeto somente seja coisa corpórea. Ou seja, a configuração da posse, fundamentalmente, compreende a incidência sobre coisas corpóreas. Além da incidência de coisas corpóreas, entre elas, para ser objeto do direito da propriedade, é necessário que incidisse o direito de propriedade. É dizer, se houvesse uma coisa corpórea que não pudesse incidir o direito de propriedade ela não seria configurada como posse privada. Ex.: um anel no fundo do mar – ele existe, é corpóreo, mas não cabe direito a propriedade. 
O corpus em si tem que ser tangível, coisas que se possam tocar. As implicações dessa maneira de ser do corpus são várias. Por exemplo, a posse sobre direitos era completamente incompatível segundo essa preposição, pois todo direito em si mesmo não é coisa corpórea. Por isso que as fontes romanas são quase nulas em relação aos direitos reais na coisa alheia (dois ou mais direitos em relação ao mesmo objeto) – se sobre uma coisa incide a posse de alguém, não se pode incidir a posse de outra-, aos direitos pessoais. O corpus era exclusivo, ou seja, sobre um determinado objeto apropriável somente poderia incidir o apossamento titularizados por uma só pessoa.
Então, além de ser restritivo em relação à configuração de direitos alheios (pluralidade de sujeitos sendo possuidores), na relação direta de coisa com pessoa, somente uma pessoa poderia ser tratada como possuidora. Nesse caso, a composse (mais de uma pessoa partilhando o objeto) era completamente impensável para Savigny, por exemplo, inexistia a figura do condomínio. 
Então, o corpus, enfim, consistia na apreensão material da substância da coisa. Vale observar que Savigny se utilizou em alguns momentos da chamada detenção física, mas ele o fez em sentido vulgar, pois ele queria dizer o poder físico que a pessoa poderia exercer em determinado objeto. Monteiro prefere o uso da expressão apreensão material. 
O Animus
O animus domini significa a razão porque se detém a coisa que determina a intensão de exercer sobre ela atos de gozo e disposição na qualidade de proprietário/ dono. Essa é a noção tecnicamente correta de animus domine a luz da teoria de savigny. Trata-se da intenção que anima o comportamento do verdadeiro proprietário. Savigny percebeu que quando a propriedade se constitui sobre uma coisa ela gera um fator de ordem psíquica no seu titular e esse fator psíquico gera uma condição mental tal que é típica e própria ao proprietário. Essa condição subjetiva de alguma coisa de quem é proprietário ele chamou de intenção de agir como dono. A teoria é subjetiva pelo fator anímico que se identifica na relação que as pessoas tem com o objeto. Por exemplo, o proprietário de um objeto tem um animus tal, o locador do mesmo objeto tem outro animus. 
Savigny percebeu que a condição de possuidor deriva da condição de proprietário. Para que se quer o domínio se não se tem a posse. Em razão de ser proprietário o sujeito terá a posse e por isso terá o direito sobre ele. 
Então, no caso de eu ser proprietário e locar meu imóvel, continuaria sendo proprietário? O verdadeiro animus e o verdadeiro corpus derivam da propriedade. As relações entre os romanos eram muito dinâmicas e entre elas estavam a locação. Trata-se situação que envolve o locatário, o arrendatário e o depositário, que eram contratos disseminados na prática da vida romana entre os particulares. Todas essas situações tem em comum a temporariedade. No arrendamento tem-se o uso com a fruição. O depósito é o ato de guardar objetos. A locação tem-se o uso do objeto. Nesses casos, como o locatário, arrendatário e depositário poderiam ser considerados proprietários se eles somente tinham o corpus? Savigny diz que locatário, depositário e arrendatário e também o comodatário, todos eles são detentores e não possuidores. Então o que eles tem em relação a coisa é o que se intitulou de detenção. Então a eles não restava assegurada a proteção interdital.
 Nesse diapasão, vem outra situação: se a esse povo (locatário...) não estava assegurada a proteção interdital, num conflito com terceiro o que fazer? Ex.: você tem uma área arrendada para plantar e alguém invade – Savigny identificou nas fontes romanas que essas figuras não estavam desamparadas, pois seassim estivessem essas relações nunca se desenvolveriam, já que não se torna parte em um contrato sem mínimo de segurança. As fontes romanas então rejeitavam a proteção interdital própria exercida pelo locatário depositário, mas essa gente era protegida de maneira obliqua através da obrigação do possuidor (dono que promovia a locação, comodato, arrendamento ou depósito). Se um terceiro interviesse naquilo, o locatário teria o direito de exigir do dono, tendo ele a obrigação de intervir usando sua proteção interdital, reestabelecendo assim a segurança. 
Contudo, se a violação fosse proveniente do próprio proprietário? Existiam duas situações: violação ao direito de ser detentor pelo próprio proprietário ou de um terceiro adquirente. Nesse caso a detenção não prevalecia. Então o direito do proprietário de retomar a coisa prevalecia sobre a detenção. Em relação à alienação isso existe até hoje em nossa lei – reincidir a locação. Isso deixaria, em tese, os detentores em uma situação precária, porém era um fato atípico. 
A teoria de Savigny é pouco operacional e requer um nível de confiança altíssimo, vez que ao arrendar algo o proprietário tem o poder de tomar a qualquer tempo.
A detenção foi o termo utilizado por Savigny para qualificar a posse envolvendo outra pessoa – relação de locatário, depositário... e não qualificou essas relações como posse. 
Quase-Posse
Essa percepção de Savigny conduz a algumas características próprias a Teoria Subjetiva da Posse. Uma das características da Teoria Subjetiva da Posse é a não admissão de posse derivada. Todavia, a inexistência de posse derivada, ou seja, a impossibilidade de configuração de posse autônoma em relação a outra pessoa diversa do proprietário, não é uma característica autônoma, ela possui diversas exceções. 
Naquela época as cidades romanas eram muito pequenas, com exceção de Roma, geralmente com 20/10 mil habitantes, então se uma locação fosse perturbada e o proprietário não desse suporte, ninguém iria mais locar nada nas mãos do proprietário. Caso o locatário tivesse algum problema, ele comunicava ao locador, que por sua vez resolvia – então a confiança dava suporte a essas relações. 
Havia casos em que se reconhecia a posse autônoma de outrem – configura claramente uma exceção quanto a não admissão da posse derivada. Hipóteses de posse autônoma: hipóteses ditadas pela própria natureza das relações, ou seja, a natureza das relações dava ensejo a admissão de posse autônoma:
Sequestro: havia uma disputa de duas pessoas sobre a posse de um bem (móvel ou imóvel) e essa disputa dava ensejo a que essa coisa ficasse temporariamente em poder de terceiro até que ela fosse resolvida por uma decisão conforme os processos decisórios do Estado romano. Funciona até hoje e é como um depósito forçado em que alguém tem o dever de guardar aquela coisa (sequestrário) até que a disputa seja resolvida. 
Penhor: há a entrega de uma coisa móvel em favor do credor como garantia de cumprimento de uma obrigação. Não há o direito de uso, apenas de guardar o bem.
Precário: é quando o sujeito, ao invés de transmitir uma coisa em garantia, ele dá a fruição. No penhor você dá a guarda, no precário você entrega a fruição. Por isso o precário era recorrente com coisas imóveis. 
Essas três situações eram chamadas como Relações de Garantia, então os três casos te em comum o fato de serem relações de natureza acessória, destinadas a servir como garantia de obrigações principais. 
Nesses três casos a função de garantia está presente. Então, Savigny ao observar que nesses três casos quando havia interferência de terceiro, o sequestrário, o titular do precário e o credor pignoratício, se houvesse uma interferência nessa fruição, guarda ou dever de depósito por um terceiro, eles próprios tinham o direito de proteção interdital, independentemente do proprietário que lhe outorgou a posse. Quer dizer, o sequestro somente teria sentido se o sequestrário tivesse a proteção interdital autônoma e o mesmo se sucedia com o penhor e o precário. Por isso nesses casos Savigny disse que eram posses autônomas que entravam em contradição com a definição de animus. São posses que tem corpus, mas não tem animus. Trata-se de uma “meia-posse”, foram intituladas de quase-possessus. O indivíduo tinha a posse, mas não tinha o animus dominus. 
Existiam outras exceções também:
Nesses casos a inspiração era a função de uso, ou seja, essas relações, se não houvesse um uso reconhecido e atribuído como se fosse uma posse autônoma, jamais seriam utilizadas/ não teriam sido dinamizadas.
Enfiteuse: existe até hoje em nosso CC, é quando o proprietário delega ao efiteuta todos os poderes inerentes a propriedade, reservando para si somente o domínio eminente. O efiteuta pode fazer tudo com a propriedade, mas tem que pagar uma taxa ao proprietário. 
Direito de Superfície: ex.: quando vemos nos filmes os aquedutos passando em diversas propriedades – nesses casos se passa o direito de superfície. 
Servidões Pessoais: eram o usufruto, uso, habitação, trabalho escravo e de animais. 
Servidões Reais
Características da Teoria Subjetiva da Posse
O reconhecimento da posse por terceiros não comporta a posse derivada, exceto em algumas exceções; 
Não se admite a chamada posse sobre direitos pessoais e isso decorre da ausência de corpus; 
A posse em si mesma era o poder de fato ou físico da pessoa sobre a coisa como propriedade;
O fundamento jurídico da proteção possessória ou proteção interdital está na manutenção da ordem pública, está ligada a personalidade do indivíduo e não propriamente ao poder de fato que se tinha sobre uma coisa. O que justificava o conjunto de efeitos da proteção interdital era a paz social; 
A posse era a reunião de dois elementos: corpus e animus. O animus domine era algo que só se reconhecia ao proprietário. 
 *Obs: Para Savigny a posse é tudo, menos o direito, a posse para ele é um fato. 
Proteção Interdital para o Ladrão: para Savigny o ladrão é possuidor, ou seja, tem proteção interdital. Isso porque, ele realmente tinha os dois elementos da posse, ele tanto tinha o corpus e o animus dominus, vez que o ladrão não considera incidir sobre a coisa a superioridade de um domínio alheio, então ele realmente tem e se comporta na coisa com animus domine. Ele não tem o sentimento de que aquela coisa não é dele. Agora, também não é uma questão meramente instantânea o reconhecimento da proteção interdital ao ladrão, pois se assim fosse pelo roubo e pelo furto estaria tudo eliminado. Então, essa proteção se dá após prazo de um ano e um dia (prazo de configuração da posse velha) de posse da coisa. Essa proteção interdital não dava ao ladrão o direito definitivo de apossamento em relação a coisa, o ladrão teria o direito de conservar a coisa no chamado jus possessionis – conjunto de efeitos que derivam da posse, sendo que no caso de disputa analisa-se quem tem a posse nova em razão do tempo de ligação do estado de fato da pessoa com a coisa. Se analisa a quanto tempo aquela pessoa tem de fato o poder sobre a coisa – se esse tempo excede 1 ano e 1 dia a consequência é que a essa pessoa se reconhece o poder interdital sobre a coisa. Agora isso não significa juízo petitório/ jus possidendi, este se relaciona o direito que se tem de ter a posse do bem/ a origem do apossamento.
No jus possessionis se analisa o poder de fato em relação ao tempo, no jus possidendi não importa exclusivamente o tempo, o que importa é qual o direito que decorre sobre o seu direito de possuir. Então, embora o ladrão tivesse direito a proteção interdital pelo jus possessionis, ele acaba perdendo a posse em razão do jus possidendi. O ladrão somente tem uma defesa no jus possidendi – se ele tiver o objeto sobre tempo suficiente de usucapião. Mas isso é quase impossível, pois se trata de usucapião extraordinário. 
Vale ressaltar que a não posse alheia não é fonte de posse própria. Ex.: se o ladrão rouba uma coisa e enterra por 5 anos e depois desenterra – a vítima pode reclamar a coisa e com razão, vez que o ladrãonão utilizou a posse de maneira ostensiva. 
Teoria Objetiva da Posse
Fontes
Em relação às fontes, basicamente Ihering fez o mesmo que Savigny: as fontes, o método, foram essencialmente os mesmos, ou seja, ele também analisou as maneiras ao longo do tempo pelos quais os romanos resolviam os conflitos e os dissensos envolvendo a disputa das coisas. Ele também estudou a mesma jurisprudência, os relatos. Ele tentou também apresentar uma formula que estaria subjacente na mentalidade, na cultura jurídica do romano pra solucionar esses conflitos. Ele também identificou certo padrão. O direito romano tem uma tendência de um direito materializado e com o tempo sendo espiritualizado; começa a ter elementos incorpóreos. Ihering não ficou indiferente a isso, ele organizou a teoria objetiva da posse com um padrão bastante interessante e bem aplicável ao longo de muitos séculos. Entre os impérios do mundo ocidental o romano foi o que mais durou, para eles conseguirem se perpetuar assim eles precisaram de um direito realmente eficiente.
Ihering ainda tirou uma casquinha do Savigny (era discípulo dele). Ele não só analisou as mesmas fontes e chegou a conclusões e fundamentos diversos e detonou a teoria de Savigny e humilhou completamente. Eles então ficaram inimigos o resto da vida.
Configuração da Posse
Pra Ihering, quando ele analisa a posse ele diz que a configuração da posse não decorre necessariamente da combinação dos dois fatores: corpus e animus. O que configura a posse não é a somatória desses dois elementos. Se se considerasse esses dois elementos, o único deles que poderia ter alguma utilidade é o corpus. Ele considera o animus como completamente supérfluo, se ele fosse considerado seria implícito dentro do próprio corpus. Haveria uma relação de inerência. Ele diz que a posse não requer essa combinação.
O que Ihering explica é que a posse se configura como o exercício normal da destinação econômica da propriedade. A posse é uma manifestação exterior ordinária, habitual do direito de propriedade. O que justifica em última análise todo o conjunto da proteção interdital não é propriamente a posse, e sim a facilitação pra a defesa do direito de propriedade. Ihering constata que o possuidor normal e aparentemente é dono. Esse fenômeno é completamente demonstrável na vida social.
Ele demonstrou que a posse é uma manifestação normal da propriedade. A percepção que se tem de alguém usando uma coisa é a percepção da propriedade. Isso torna supérfluo o animus. Fulmina o animus de maneira total. Ainda há um pouco do corpus.
O critério que ele identifica é a utilização da propriedade, mas isso não envolve exclusiva e estritamente a ideia de apreensão material. Ainda envolve um pouco de corpus, mas não totalmente.
O mundo em que você só é dono daquilo que você carrega é o mundo primitivo, por isso que o corpus não é o que define a posse. O romano pra poder se expandir não poderia nunca aceitar que o critério do primitivismo fosse apreciado por aquelas pessoas.
A utilização ordinária ou a destinação econômica normal da propriedade não envolvia estritamente o corpus, envolve algo muito além do corpus, a ideia de que você pode ter a propriedade e ela ser reconhecida na vida social e você ter o direito reconhecido pelo estado de conservar aquela propriedade independentemente de colocar o pé nela, independentemente do poder físico.
Ter o poder físico é o mais comum, mas não é essencial.
Ihering também sob essa perspectiva detona o materialismo do corpus da percepção de Savigny.
Vejam que pra ele o possuidor é aquele que se comporta como proprietário segundo a maneira exterior pela qual a pessoa se conduz em face da coisa.
Ihering da essa dimensão completamente diferente.
Confronto das Hipóteses de Configuração de Posse
Desse entendimento surgem algumas questões, o confronto das hipóteses de configuração de posse pra Ihering e Savigny.
No caso do comandatario, locatário e depositário: as fontes apontavam a dependência do proprietário pra defender a posse. Ihering afirma que eles não podem ser tratados propriamente como detentores e sim como possuidores. Essa questão de depender do proprietário pra defesa da posse, além de ter sido algo remoto e não uniforme, esse problema era resolvido pelos contratos. Nada impediria do possuidor contratar que o proprietário eventualmente tivesse o ônus de fazer a sua defesa. Ele também apontou fontes em que essas pessoas defenderam a posse com força própria. Isso reforça em relação a esses casos a total dispensa do elemento animus. Essas pessoas não tinham animus domini, mas tinham a proteção interdital. Com o tempo a prerrogativa que era contratual foi se dissipando de modo a reconhecer-se a autonomia dessas figuras quanto à legitimação própria para defesa da propriedade. No caso dessa teoria o objeto e o conteúdo praticamente se confundem. Para Savigny o objeto é a coisa, a res e o conteúdo é a relação que se estabelece conforme seja o vinculo com o proprietário. Para Ihering os dois são uma coisa só. O objeto ligado à pessoa é o que determina na pratica a identificação do conteúdo que se verifica pelo poder de uso e automaticamente você infere como se da a relação.
A maneira como Savigny interpretou as fontes das de Ihering.
O exemplo do locatário, depositário e comandatario, Savigny teve que inventar artifícios para fazer sentido na sua teoria. Teve que apelar para varias exceções.
A fórmula de Ihering dispensa completamente os recursos que Savigny teve que usar pra gerar unidade na sua teoria.
Todos os casos de exceção de Savigny se configuram como utilização normal do direito de propriedade, ou seja, posse.
A teoria de Ihering é muito mais simples, pratica e acessível do que o componente sofisticado que requer a teoria de Savigny. Quando Ihering explicou isso a influencia dele nos códigos modernos foi total.
A teoria de Ihering se espalhou por todos os códigos modernos.
Ihering explica porque é necessário proteger o ladrão, que roubou algo que tem sua posse: é o sacrifício que se tem que fazer pra proteger a posse, já que essa não é a regra; a regra é ter a posse legalmente. Ihering mantem os requisitos que Savigny traça pra que o ladrão obtenha a proteção interdital.
Ihering desconfigurou a noção de detenção de Savigny.
Detenção para Ihering corresponde à figura do famulo na posse, ou seja, é aquela figura que não se considera possuidor em relação à coisa embora tenha uma ligação com a coisa. Essa ligação tem por fonte a relação de dependência ou de familiaridade. Quando a ligação da pessoa com a coisa tem uma relação de dependência, subordinação ou familiaridade há detenção e não posse. É o que acontece em muitos casos: aqui na faculdade se você der ordens para abrir a sala vão achar que a posse é sua, mas na verdade você é só detentor das coisas. Se o policial tem uma arma própria ele tem posse, mas se ele tem uma arma dada pelo estado ele tem apenas detenção, o estado conserva a posse.
Detentor não tem direito à proteção interdital; só tem direito de disforço incontinente (legitima defesa da posse) segundo Ihering. Esse disforço esta para a defesa da posse como a legitima defesa esta para a integridade física.
A familiaridade da posse tem um detalhe: são dois fenômenos praticamente indistintos: você vê um empregado da casa e o dono da casa e praticamente não distingue. Nesses casos o ônus da familiariedade da posse é do possuidor. Isso mostra como Ihering é fiel à sua teoria, ele mantem o padrão. Quem esta em estado de apossamento externo ostensivo, em regra é possuidor.
O detentor não pode auto alterar sua condição para possuidor. Ninguém pode por vontade própria alterar a característica da sua posse. Se alguém é detentor, ele é detentor continuamente. Se alguém é empregado durante 20 anos e o dono nem vai lá, ele continua sendo considerado detentor. 
Implicações
As implicações da percepção da posse como o exercício normal do direito a propriedade resultam em várias características:
Reconhecimento da existência da posse de terceiro: isso éuma consequência normal derivada da utilização ordinária da propriedade, ou seja, quando alguém é dono de uma coisa é comum que essa pessoa possa tirar proveito dessa coisa mediante terceiros. Então isso se dá mediante a locação, arredamento, pode até acontecer com o depósito, embora aqui o terceiro não tenha uma vantagem própria. O fato é que o proprietário pode extrair proveito da propriedade por si mesmo ou por outro. Se a posse estiver com o proprietário é o caso mais comum, mas ela pode ser reconhecida na titularidade de terceiro. 
Fundamento jurídico principal da proteção interdital: o critério da paz social para Ihering não é um critério auto explicável em relação à justificativa da proteção interdital. Para ele, a proteção interdital está na facilitação da proteção à propriedade, porque quase sempre o possuidor é também proprietário. O jus possessionis é uma maneira de se facilitar que nos eventuais conflitos, no primeiro momento, não seja necessário lançar as pessoas a demonstração excessiva da posse. Essa consequência se justifica por conta do fenômeno segundo o qual se constata que, normalmente, quem tem a posse é o proprietário. Mas no jus possidendi essa pessoa realmente será derrotada.
Posse Derivada: Ihering admite a chamada posse deriva. Ela se estabelece mediante os seguintes pressupostos: 1. O poder físico imediato de uma pessoa que não é proprietário da coisa, pouco importando que o transmitente seja ou não proprietário; 2. A existência de relação jurídica entre as duas pessoas, ou seja, a que tem o poder físico e a que não tem o poder físico sobre a coisa. Toda vez que se tiver esse fenômeno está configurada a posse derivada. A pessoa que tem o poder físico sobre a coisa, nesse caso, não é o proprietário. A relação jurídica pode ser de direito real ou uma relação jurídica de direito pessoal. Esses elementos cumulativos da posse derivada se ajustam a praticamente todos os casos de detenção e de quase-posse indicados por Savigny. A teoria de Ihering tem uma grande adaptabilidade. O locatário, depositário, arrendatário; o usufruto... Todos esses casos haverá configuração de posse derivada. Na posse derivada haverá a figura do possuidor direto e aquele que transmitiu o poder físico também será tratado como possuidor, mas o possuidor indireto. Essa distinção tem por critério a verificação do poder físico direto, mas como ambos são possuidores dá-se a eles a possibilidade de proteção interdital. Na teoria de Savigny não há o desdobramento da posse, o dono continua sendo possuidor, e o outro é mero detentor. 
Ex.: A é o possuidor indireto e B é o possuidor direito. Então, pode vir uma figura C e incomodar a posse de B praticando esbulho. Nesse caso, B, por ser possuidor terá direito automaticamente a proteção interdital, só que isso é uma consequência da teoria de Jhering. O possuidor indireto também tem direito a proteção interdital e ele próprio tem a legitimidade para defender a posse de B ou a sua própria posse indireta contra a interferência C. Na teoria de Savigny somente A poderia intervir, como obrigação e na Teoria de Jhering a intervenção de A é um direito. 
A configuração da posse derivada não implica necessariamente que o transmitente da posse seja o proprietário para que a posse derivada se configure, mas ele necessariamente precisa ser possuidor e essa posse precisa ser legítima. Ex.: o usufruto: o usufrutário pode exercer a posse por ele próprio ou transferir a posse para outra pessoa. Vale ressaltar que cabe ao possuidor direto verificar a origem da posse derivada, pois, ela pode ter um vício na sua aquisição e este vício acompanha a coisa (sequela). Há uma discussão doutrinária já resolvida na doutrina sobre o prevalecimento da sequela em relação da boa-fé do adquirente. Por isso que ao se relacionar com alguém em uma posse derivada é necessário chegar as informações prévias sobre a pessoa. 
Posse como um direito não como um fato: No conflito entre possuidor direto e indireto, para Savigny em todos os casos prevalece sempre o possuidor indireto, do proprietário. Já Ihering diz que, como a posse é um direito, o conteúdo (regime jurídico) desse direito tem que ser respeitado. Por isso que no conflito entre possuidor direto e indireto o que determina a predominância é o título do qual derivou essa posse. Ex.: locação de 2 anos – o possuidor indireto não pode chegar nesse período e retomar a coisa contra o locatário. 
Pluralidade de Posses incidentes sobre a mesma coisa: nesse caso a posse derivada é uma das manifestações pelos quais se admite a pluralidade de posse incidente sobre a mesma coisa. Isso é impossível para Savigny, tanto assim que quando isso acontece ele trata como quase-posse. No caso da posse derivada há o desdobramento da posse, mas Ihering vai ainda mais longe e admite o fenômeno da composse. Na composse há uma simultaneidade da posse incidente sobre o mesmo objeto. Para Savigny isso é completamente impossível, pois se a posse é um fato, esse fato nunca pode coexistir ao mesmo tempo no espaço (se eu tenho a posse de um CC, outra pessoa não pode existir com esse mesmo direito). O título disciplina a composse – uma pessoa não pode estar em estado contínuo do exercício do poder de fato sobre a coisa. Enquanto Savigny tem uma perspectiva pura e estática. Ihering tem uma perspectiva metafísica e dinâmica – a posse é um direito e o direito é uma criação do espírito, então pode-se disciplinar o poder de um e o poder de outro, com diversos critérios, como por exemplo o do tempo. 
Isso tem uma implicação até os dias atuais: os condomínios onde residimos: a configuração da composse é evidente. Há todo um regramento de utilização temporária e exclusiva das coisas que são comuns. A questão do título é uma questão de disciplina interna dos compossuidores. 
Ao longo do tempo a posse foi se espiritualizando com a teoria de Jherig, ou seja, foi migrando da sua natureza de fato para sua natureza de direito. 
Admissão da posse sobre direitos/ sobre coisas incorpóreas: para Savigny é algo praticamente impossível, porque há casos de quase-posse se poderia admitir coexistência de posses em função de determinados vínculos. Para Ihering trata-se de algo completamente compreensível e se vale para a posse envolvendo direitos reais e direitos pessoais. Contudo, Ihering não desenvolveu a explicação da posse sobre direitos, ele disse que a proteção da posse sobre direitos é algo a se construir, mas ele admite a possibilidade. A utilização da posse sobre direitos já teve uma grande recorrência sobre direitos, principalmente antes da lei de mandato de segurança. Ex.: antigamente caso um funcionário público fosse demitido irregularmente ele entreva com uma ação de reintegração de cargo público, atualmente ele entra com um mandato de segurança. Ihering observou que há certos casos de exclusão da proteção interdital sobre alguns direitos, que é o que acontece, por exemplo, com o marido e a mulher – se a mulher abandona o marido ele não pode entrar com uma reintegração de posse, somente pode pedir o divórcio. 
Quando se entende que a posse é o exercício normal do direito de propriedade, há casos que o próprio sinal exterior de posse é o indicativo da sua existência – incidência da posse. Quando se está diante de uma situação de fato que se verifica que há sinais de posse encetados por outro ser humano, sobre aquela coisa, mesmo o ser humano não estando presente, a incidência da posse está completamente demonstrada. Por exemplo: na faculdade de direito você encontra uma carteira no corredor, aquela carteira é algo anormal, se alguém quer desvincular da carteira a jogaria no lixo, então isso é um sinal de perda, de coisa perdida e não de coisa abandonada. Nesse caso trata-se de uma situação de que a própria existência da carteira indica que aquilo está sobre a posse de outrem e por isso precisa ser restituído. 
Não existem imóveis inapropriados. Ou os imóveis estão sobre o domínio público ou sobre o domínio privado, não há outra categoria. Então, quando o governoquer solucionar as necessidades de moradia da população carente é necessário desapropriar os imóveis existentes e posteriormente apropriá-los as outras pessoas. 
Posse no Código Civil
Adoção da Teoria de Iherig
Art. 1.196 – Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
O código civil define a posse não pelo objeto, ele a define pelo sujeito. Nota-se por esse dispositivo a adoção da teoria de Ihering. A posse é a manifestação da propriedade, e esta por sua vez, dá-se pelo seu exercício. Então, toda vez que houver um acontecimento em que alguém esteja diante do fenômeno do exercício de poderes correspondente ao domínio, esse fenômeno externo será tratado como posse. Há de se observar que há vários casos em que isso não se aplica, como na detenção. Portanto, aquela pessoa que esteja na autoria desse exercício, seja o sujeito desse exercício, ela será automaticamente reputada como possuidor e por isso, titular da posse. 
Art. 1.198 – Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se de modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove ao contrário. 
A relação de detenção de uma pessoa em face de uma coisa requer a demonstração de uma relação de dependência ou subordinação de uma pessoa em relação à outra. A detenção excepciona a regra da posse. O ônus da prova da dependência ou da subordinação compete a quem alega, não a quem se apresenta no exercício. Quem se apresenta no exercício automaticamente é considerado possuidor ex-legi, a descaracterização dessa relação está vinculada a demonstração do real possuidor. Por exemplo: algumas relações trabalhistas em que a pessoa trabalha em determinado ramo que exige um fardamento, este é uma prova do fenômeno da detenção. Isso permite que o possuidor tenha a posse, mesmo sem a presença física. Trata-se de um fator de segurança jurídica para as pessoas terem a possibilidade de múltiplo apossamento em relação as coisas.
Art. 1.197 – A posse direta, de pessoa que tema coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
Reconhece e consagra a posse derivada. Adota-se aqui a visão de Iherig. No caso da posse derivada tem-se o desdobramento da posse. Tanto na posse direta quanto na indireta o critério é a imediatidade do poder sobre a coisa. Isso significa que ao possuidor indireto se reconhece todos os direitos da posse normalmente, assim como se reconhece ao possuidor direto. Ex.: a mudança de finalidade contratual pode dar ensejo a uma ação judicial do possuidor indireto contra o direto. O possuidor direto tem direito a proteção interdital até mesmo contra o possuidor indireto, se a perturbação for proveniente deste último. Por isso, existem cláusulas contratuais que dão o direito do possuidor indireto de visitar o imóvel para verificação, mas com aviso prévio. 
 Art. 1199 - Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contando que não excluam os dos outros compossuidores. 
Essa regra reforça a adoção da teoria de Iherig, pois ela estabelece o fenômeno da composse. A composse só pode incidir sobre coisa indivisa. Em certos casos o estado de indiviso é temporário. Ex.: o sujeito morre e deixa de herança 1 apartamento para 4 filhos, nesse caso se um não adquirir a parte do outro a única solução é alienar o bem e realizar a divisão em dinheiro. O que é diferente da fazenda, que é um bem divisível por natureza. A incidência da composse se dá em coisas indivisas, coisas que pela natureza ou pela vontade, não pode ser dividida sem prejuízo do seu valor econômico, da sua finalidade ou da sua substância. 
A regra é uma regra negativa, ou seja, a composse pode ser estabelecida, contanto que não excluam os atos possessórios de um compossuidor em relação ao outro. Essa regra normalmente advém ou de uma convenção, vg. condomínio, ou de um regulamento ou de alguma outra fonte consensual quanto a essa composse.
Jus Possessiones
Essa primeira parte do estudo dogmático da posse envolve as definições e as implicações da adoção pelo CC da teoria de Iherig, trata-se de uma parte conceitual, de entender qual a orientação legislativa que governa ao nosso código. A partir de agora trabalhar-se-á o jus possessiones, que está subordinado à classificação da posse. 
Classificação da Posse
O primeiro critério é o da autonomia:
Sob o critério da autonomia da posse temos duas espécies de posse; a derivada e a originária.
A derivada: alguém é possuidor e transfere a posse real e há uma relação jurídica ou de direito real ou pessoal do qual deriva o poder físico. 
A originária: é aquela que se constitui independentemente de ter sido atribuída por outro. Quando não se reconhece a coexistência de um direito real ou pessoal em relação ao estado de apossamento se diz então que, neste caso, essa posse será originária. A posse originária tem uma grande diferença no seu tratamento conforme seja a natureza da coisa. Quando recai sobre coisa móvel é uma posse recorrentemente possível. 
*Atenção: não se pode confundir posse derivada com aquisição derivada! Na compra e venda, há uma posse originária, pois não se reconhece mais o poder do alienante sobre a coisa, mesmo que a aquisição do domínio da coisa seja uma aquisição a título derivado. O adquirente tem o direito de desprezar a posse do alienante, e considerar a sua posse como iniciando no momento da compra. De outro modo, se alguém empresta uma coisa a outrem, há uma relação de posse derivada, pois se reconhece o direito real da propriedade daquele que emprestou a coisa.
Momento da Aquisição
Pode ser justa ou injusta. A palavra justa está no sentido técnico, ou seja, não se está se utilizando dessa palavra sob um critério equitativo, abstrato. 
Art. 1200 – É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
No momento em que a posse se instalou houve violência, clandestinidade ou precariedade? Se houve no momento em que a posse se instalou esses fatos, a posse será classificada como injusta, se não houve isso, a posse será tratada como uma posse justa. 
 A moral não influencia o critério de classificação. 
A posse é violenta quando é adquirida ex-vis: com força ou ameaça ou promessa de mal grave e iminente a pessoa. Não precisa ser ameaça a pessoa da vítima. Conexão com crime de roubo. 
A posse clandestina é aquela adquirida mediante destreza, conexão com crime de furto. 
A posse precária acontece por abuso de confiança. É uma mudança de estado mental. Acontece quando o detentor resolve ou delibera por ato de vontade própria tornar-se possuidor da coisa detida. A posse precária independente do tempo jamais resultará a possibilidade do possuidor precário ter direito a proteção interdital, ainda mais que se alongue por mais de um ano e um dia. Isso porque o CC rejeita a posse derivada do abuso de confiança. 
Boa-fé
O critério para saber se uma posse é de boa-fé é o critério do impedimento da aquisição da coisa.
Art. 1.201 – É de boa fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Isso não diz respeito à aquisição do domínio da coisa, pois se fosse isso haveria uma confusão entre juízo possessório e juízo petitório; a aquisição da coisa se refere ao estabelecimento do poder de fato sobre a coisa de uma maneira legítima. É o questionamento: se alguém, ao iniciar um poder de fato sobre a coisa, esse poder está sendo estabelecido sem que a pessoa possa saber que está violando o poder de fato da outra. Caso você tenha o conhecimento que a coisa possuía a outrem, trata-se de um apossamento clandestino de má-fé. Quando você vai iniciar a ligação do poder de fato, naquele instante,

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