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CADERNO DE DIREITO DAS COISAS - FBD - GUSTAVO PRAZERES

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DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
CADERNO DE DIREITO DAS COISAS 
POR NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
 
. E-mail: gcprazeres@faculdadebaianadedireito.com.br 
 
 
ESTRUTURA LÓGICA DO DIREITO DAS COISAS 
1) Relação jurídica de Direito Real / Direito das Coisas: 
. Dá-se o nome de relação jurídica à representação do vínculo estabelecido pelo Direito entre 
dois polos, em função do qual um pode exigir ou impor um comportamento ao outro. 
 . De um lado um direito de crédito X dever de pagamento. – Representa 90% das 
situações, mas representar essa ideia dentro dos Direitos Reais se torna complicado. 
. OBS: Direito Real não é a mesma coisa de Direito das Coisas. 
 
 
 
 
 
 
mailto:gcprazeres@faculdadebaianadedireito.com.br
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
. Direito é feito de relações de poderes, direitos subjetivos, deveres, ônus e faculdades. – MAS, 
a relação jurídica explica apenas os momentos em que o Direito opera dentro da lógica de 
direitos e deveres. 
. O direito da propriedade é absoluto. – Sentido bem técnico e preciso, no sentido de que 
independe de relação jurídica prévia. 
. A estrutura lógica do Direito das coisas é melhor explicada pelo modelo não restrito à 
ilustração de direitos subjetivos. 
. Sobre a relação jurídica, é correto afirmar: trata-se de vínculo intersubjetivo estabelecido em 
torno de uma prestação. 
. Um dos pilares fundamentais do regime do Direito das Coisas é o absolutismo, representado 
na oponibilidade geral, independente de prévia relação jurídica. – MODELO QUE FUNCIONA 
INDEPENDENTE DE RELAÇÕES JURÍDICAS PREVIAMENTE ESTABELECIDAS. 
2) Características do Direito das Coisas: 
. Absolutismo: significa que Direitos Reais/Direito das Coisas independe de uma prévia relação 
jurídica firmada entre as partes. – A consequência mais direta e imediata disso é a eficácia 
erga omnes (= decisão que tem efeito vinculante, ou seja, vale para todos; observância 
obrigatória = há um dever geral de abstenção por parte de todos com relação a bem alheio, 
ainda que não guardem relação com o titular do bem). 
 . Grande diferença daqui para o direito obrigacional neste ponto. – JÁ QUE NO DIREITO 
OBRIGACIONAL VIGE OBRIGAÇÃO ENTRE AS PARTES. 
 
. Aderência/inerência: direitos reais pertencem/são inerentes/se vinculam às coisas. 
 . No vínculo obrigacional sempre temos o sujeito como devedor. No regime do Direito 
das Coisas o foco sai do sujeito e passa para a coisa, O SUJEITO ACOMPANHA A COISA = isso 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
significa, por exemplo, que existe um DIREITO DE SEQUELA (JUS PERSEQUENDI) que permite 
o proprietário poder reivindicar/reaver o bem de quem que injustamente o possua ou 
detenha (ações reivindicatórias). 
. DIREITO DE SEQUELA (JUS PERSEQUENDI): direito de perseguir o bem com quem quer que 
ele esteja, independentemente de qualquer coisa. 
. A garantia real tem aderência, acompanha a coisa = ENTÃO, se uma pessoa compra 
um imóvel hipotecado que não houve o cumprimento da prestação principal, o banco irá 
pegar o imóvel de volta desse terceiro, ainda que ele tenha adquirido de boa-fé. 
. Ou seja, é uma “manifestação da evidente situação de submissão do bem ao titular” 
(Rosenvald e Farias). 
 Art. 1228, CC: “O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o 
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha”. 
 
. Publicidade/visibilidade: Direitos reais para existirem precisam ser perceptíveis, porque as 
consequências deles são bem grandes (afetam terceiros). 
 . O Direito das Coisas, por terem eficácia erga omnes, podem atingir terceiros e por 
isso devem ser públicos, com registro ou a tradição dos bens. 
 . Publicidade: registro público (bens imóveis). 
 . Visibilidade: bens móveis. 
 . Tradição: entrega do bem. - Antes da tradição, NÃO HÁ TRANSFERÊNCIA DE 
PROPRIEDADE. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. 
TAXATIVIDADE - Direitos Reais são taxativos, isto é, são criados por lei. – NÃO POSSO CRIAR 
NOVOS DIREITOS REAIS DA MINHA CABEÇA (já que incorrem em consequências sob terceiros), 
pois estes dependem de previsão legislativa típica. 
 . Atualmente o Código Civil enuncia no art. 1225 os direitos reais. – De um sentido 
técnico cientifico o que se exige é uma lei que referende a criação do direito real, mas hoje o 
art. 1225 enuncia todos eles (ou pelo menos todos principais). 
 
. Há 
um 
tempo se introduziu no Brasil a “MULTIPROPIEDADE” (TIME SHORE) = uma espécie de 
propriedade coletiva fracionada no tempo. Um condomínio compartilhado, onde os 
proprietários podem comprar bens por tempos/formas determinados partilhando com 
outros proprietários (posse de uma pessoa excluía a posse da outra) sem que houvesse 
suporte legal até esse ano (não havia regulamentação até então). 
 . Não posso criar novos direitos reais, mas podemos adaptar para as situações que 
existem (jeitinho brasileiro que se achou para justificar uma situação em que os fatos 
prevaleciam sob o direito) = MUITA GENTE JÁ TINHA COMPRADO ESSA MULTIPROPRIEDADE, 
O QUE IA GERAR MUITO PROBLEMA SE DISSESSEM QUE NÃO PODERIA EXISTIR). 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. A doutrina entendeu diante dessa situação que a tipicidade dos diretos reais era 
aberta, ou seja, com eficácia erga omnes e que poderia ser flexibilizada e adaptar a ideia de 
propriedade para que essa figura fosse tutelada pelos direitos reais. 
. 2019/2020 FOI REGULAMENTADA A MULTIPROPRIEDADE. – Criou o questionamento: 
DIREITOS REAIS TÊM TAXATIVIDADE ABERTO? - A resposta seria não (já que precisam de leis 
que os criem), mas diante desse episódio da multipropriedade a resposta passa a ser DEPENDE 
do grau do problema (tal qual aconteceu diante do time shore). 
3) Situações híbridas: 
. Campo em que não se está no campo de direito das coisas e nem no direito obrigacional. 
. O judiciário tende a tratar uma coisa como a outra. 
A) OBRIGAÇÕES PROPTER REM/ OB REM/ MISTAS/ AMBULATÓRIAS: a identificação 
delas não se dá com base no sujeito, mas sim na titularidade da coisa. 
. “Se inserem entre os direitos reais e os direitos obrigacionais, assimilando características de 
ambos”. 
. É uma obrigação inicialmente pessoal, mas nasce de forma diferente. = OBRIGAÇÕES 
PESSOAIS QUE RECAEM EM ALGUÉM, MAS NÃO PELO FATO DESSE ALGUÉM TER SE 
AUTOVINCULADO, MAS SIM POR SER TITULAR DA COISA. 
. “É uma obrigação imposta, em atenção a certa coisa, a quem for titular desta”. 
. Impondo-se sua assunção a todos que sucedam ao titular na posição transmitida. – HÁ A 
POSSIBILIDADE DE SUCESSÃO DO DÉBITO FORA DAS HIPÓTESES NORMAIS DE TRANSMISSÃO 
DAS OBRIGAÇÕES. – “Aliás, como a assunção da obrigação decorre da titularidade da coisa, 
ao devedor será concedida, em certos casos, a faculdade de se liberar do vínculo, renunciando 
ao direito real em favor do credor”. 
. O devedor é identificado pelo fato de ser titular da coisa. – O limite de execução é o limite 
de patrimônio dele. 
. Exemplo: obrigações dos condôminos de contribuir para conservação da coisa comum e 
adimplir os impostos alusivos à propriedade. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald dispõem que: 
Note-se que nos exemplos expostos os condôminos não subscreveram 
qualquer contrato em que se obriguem a pagar tais débitos. 
Basicamente, as prestações decorrem da assunção do direito real de 
propriedade, acompanhando o imóvel em todas as suas mutações 
subjetivas. Portanto, alienado o imóvelcom a existência dos referidos 
débitos, o novo proprietário assumirá os encargos condominiais e 
tributários em atraso, respectivamente perante o condomínio e a 
municipalidade, mesmo que a dívida tenha sido gerada pelo alienante; 
afinal tais obrigações são ambulatórias - se movimentam de um titular 
a outro, não constituem dívidas do proprietário A ou B, mas sim 
encargos da própria coisa. 
Nada obstante, e licito convencionar que obrigações propter rem 
sejam solvidas pelo usuário da coisa. Isto é, é lícito o negócio jurídico 
envolvendo o repasse dos encargos condominiais ao locatário, sem 
que isto implique transferência da obrigação real ou alteração de 
sujeição passiva, mas apenas um acordo de vontades restrito aos 
contratantes. 
 
 
 
 
 
 
. 
OBS: obrigações propter rem não se prendem necessariamente ao registro, este apenas se 
torna imprescindível para a constituição de ônus reais. 
. OBS: o adquirente de bem imóvel também será responsabilizado pelo cumprimento das 
obrigações propter rem oriundas de normas ambientais, sobremaneira quando a propriedade 
por ele adquirida esteja devastada. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. OBS: Se uma pessoa compra um apartamento e alega que não sabia das dívidas da coisa, tal 
argumento não poderá ser utilizado. – Nem mesmo que a pessoa alegue que é o único bem 
de família, podendo o apartamento ser, inclusive, penhorado. 
B) ÔNUS REAL: é uma dívida da coisa. – Uma obrigação em que há encargos sobre a coisa. 
// UMA OBRIGAÇÃO NA QUAL A COISA É ONERADA (onerada limita o uso da coisa). 
 . A dívida é transferida com a coisa, mas se limita ao valor do bem. 
 
. Quando você vende o imóvel, a dívida de condomínio e encargos moratórios vão junto. – 
Isso está expresso no CC. 
 . O TJSP em um processo fez a divisão entre dívida de condomínio para manutenção 
do espaço comum (que reverte em favor do proprietário) e as dívidas relativas à multa por 
violação as regras do condomínio (reconheceu que estas não deviam ser pagas pelo atual 
proprietário, mas sim pelo antigo). 
. OBS: É simples: as obrigações “propter rem” para serem adimplidas podem avançar sobre 
todo o patrimônio do devedor e não apenas sobre o valor do bem sobre o qual pesa o direito 
real. Assim, no caso do IPTU, por exemplo, seu valor pode ultrapassar o valor da propriedade 
urbana e mesmo assim o devedor estará obrigado a pagar. Isso ocorre justamente por ser a 
obrigação em tela um direito pessoal, e não real. - No caso do ônus real, constitui-se como 
limitação do gozo e do uso da própria coisa manifestando-se de maneira inerente ao próprio 
direito real. As servidões são exemplos de ônus real. Lembre-se: por se ligar ao objeto do 
direito real em si, o ônus real, diferentemente das obrigações “propter rem”, em sua 
expressão monetária não podem ultrapassar o valor do próprio bem. 
. OBS: Exemplifica-se: João doa uma fazenda para Maria, obrigando esta (Maria) a destinar 
50% (cinquenta por cento) da safra colhida, todo ano, para Caio. = O ÔNUS REAL LIMITA O 
USO DA COISA. 
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 . Enquadra-se igualmente aqui a hipoteca, o penhor e a anticrese, que são direitos reais de 
garantia, posto darem garantia a uma obrigação pré-existente, onerando um bem. 
C) OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL: 
. Uma obrigação qualquer com eficácia de real. – Era uma obrigação que não era de coisa, mas 
que passou a ser. 
. Exemplo: contrato de aluguel é uma relação jurídica obrigacional entre pessoas. – Quando 
foi averbado no registro de imóveis, esse contrato vai limitar o uso do bem = QUEM COMPRAR 
AQUELE IMÓVEL, TEM QUE RESPEITAR AQUELE CONTRATO. – Então, aquele contrato que era 
uma relação jurídica entre pessoas, passou a ser oponível para terceiros. 
 . A relação jurídica obrigacional passou a ter eficácia real, porque VAI LIMITAR O USO 
DO BEM. – AQUELA OBRIGAÇÃO QUE NÃO ERA REAL, PASSOU A TER EFICÁCIA DE REAL/OU 
EFICÁCIA DE OBRIGAÇÃO REAL. 
. Direito de preferência. 
 
REFLEXÕES INICIAIS SOBRE A POSSE 
1) Esclarecimento prévio - jus possidendi x jus possessiones: 
A) Posse causal (jus possidendi): 
. Reivindicar a posse de uma perspectiva da propriedade. 
. Posse associada e derivada da propriedade. – Posse e propriedade aparecem como institutos 
correlatos. – Situação: o proprietário ou alguém com algum direito tutelar sobre o bem, 
segundo o art. 1228 do CC, pode reivindicar o bem de quem injustamente o detenha ou possua 
= em termos práticos, isso é pedir a posse no sentido mais amplo. 
 . Essa posse é uma posse causal, pois tem uma causa (“quero o bem, porque sou o 
dono” = evidencia o motivo, o porquê). 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. Esse nome “posse” não está errado, mas no final das contas, em termos de questões 
estruturais do processo envolvendo essa situação, ganha a ação quem conseguir provar que 
é dono = a questão então é de propriedade. – É em verdade uma AÇÃO REIVINDICATÓRIA. 
B) Posse formal/autônoma (jus possesiones): 
. Discutido por meio dos interditos possessórios. 
. Buscar a posse porque era possuidor. – Ir para os fatos. 
 . Quem cometeu clandestinidade, abuso de confiança e/ou violência. 
. Situação que eventualmente irá se colocar contra os interesses do proprietário. – Se discute 
posse formal/autônoma. 
. Uma espécie de vedação à autotutela (para evitar o caos, porque não podemos considerar 
que as pessoas possam usar da violência para resolver seus problemas). – O sistema normativo 
defere proteção a uma situação fática consolidada de alguém (posse), impedindo qualquer 
espécie de interferência que implique em violência, clandestinidade e abuso de confiança. 
 . Independente de Gustavo ser o proprietário ou não, ninguém pode intervir com 
violência, clandestinidade ou abuso de confiança para extrai-lo o bem. 
 . O proprietário deve buscar o judiciário para fazer isso por vias lícitas. 
. Formal ou autônoma porque independe de ser proprietário ou não. 
. Proteção da posse independente do proprietário. 
2) Teorias explicativas da posse: 
. Nenhuma delas serve de forma plena a aplicação no Direito Brasileiro. – Porém, em prova 
objetiva, é possível marcar que a teoria adotada aqui é a Teoria Objetiva (ou Teoria Objetiva 
mitigada), como inspiradora do Código Civil. 
. Ambas as teorias tentam explicar a posse a partir de uma leitura do Direito Romano. – 
Voltaram os olhos para o mesmo contexto, mas com viés totalmente diferentes (olharam para 
fenômenos específicos diferentes no Direito Romano). 
. Óbvio que já existia posse na época desses autores. – A posse mudou seu sentido ao logo do 
tempo. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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A) Teoria subjetiva da posse: 
. Tratado da Posse, de Friedrich Carl Von Savigny (1803). 
. A posse teorizada na Idade Média é resultado de um instituto que surge em complementação 
ao instituto da propriedade, e que é muito inspirado no que se desenvolveu ao longo do 
tempo no direito romano. 
. A pretensão de Savigny era sistematizar tudo que já havia sido dito a respeito da posse. – E 
ele foi a primeira pessoa a fazer isso. – Já existia leis e outros regulamentos, mas isso não havia 
sido feito até então de forma sistêmica (regras lógicas sobre a posse). 
. Desenvolver uma sistematização que fosse coerente em si mesma. – Explicar a posse 
independente do momento histórico. 
. Parte do pressuposto de uma posse que seja afirmável independente de contexto. – 
O que não é verdade, uma vez que o conceito de propriedade muda ao longo do tempo, e 
assim também a posse. 
. Tinha uma preocupação muito grande em restringir as hipóteses em que caberia a 
usucapião. 
. Savigny fez uma equação matemática:. Posse = corpus (elemento objetivo material, poder físico sobre a coisa) + animus 
domini (elemento subjetivo, comportamento de como se dono fosse). 
 . Arnaldo Rizzardo: “Os dois elementos que compõem a posse – corpus e animus – são 
autônomos, subsistentes por si próprios, mas sendo necessária a sua junção para que a posse 
exista”. – “Corpus seria o contato corpóreo ou contato físico. Expressaria a possibilidade física 
de exercer uma influência imediata sobre uma coisa e de excluir toda influência estranha”. – 
“Defina-se animus como a vontade de exercer o direito de propriedade, como se fora o 
proprietário, ou com a intenção de exercer sobre as coisas um poder no próprio interesse, ou 
de exercer o direito de propriedade”. 
. Para ser possuidor é necessário ter uma relação direta e imediata física com o bem (exige o 
corpus). – MAS, não é somente isso que se torna necessário. Logo, é preciso também o 
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ANIMUS DOMINI = comportamento como se dono fosse, como se fosse o principal agente 
relacionado a ela. 
. OBS: falta ao locatário o ANIMUS DOMINI (reconhece que outra pessoa tem uma melhor 
relação com o bem do que ele, no caso, o locador). – Por outro lado, o sujeito que invadiu não 
reconhece uma situação que seja melhor do que a que ele tem com o bem, logo ele tem esse 
animus. 
. OBS: DETENTOR - expectativa de direito = o sujeito não tem direito a nada = situação jurídica 
desprotegida. 
 . Detentor para Savigny é o sujeito que tem apenas o corpus, sem o animus. – Poderia 
ser possuidor já que está com o bem, mas não o é porque falta o animus. 
. Exemplo: o vaqueiro que toma conta da fazenda é um mero detentor, pois ele não se 
comporta como dono fosse (falta o animus), apenas cumprindo ordens do fazendeiro. 
 
. Subjetiva = porque trabalha com o aspecto comportamental do indivíduo, aspecto anímico. 
. O elemento animus é o COMPORTAMENTO DE COMO SE DONO FOSSE, e não a vontade de 
ser dono do bem. – O fato de pagar aluguel elimina a possibilidade de posse nesse conceito, 
pois está se reconhecendo que o imóvel não é seu. 
. Tem um grande mérito de ter sido a primeira a conseguir sistematizar a posse, e consegue 
conferir autonomia a posse (consegue explicar posse sem aprofundar na propriedade). – MAS, 
É UMA TEORIA QUE SOFREU VÁRIAS CRÍTICAS. 
 . Algumas ele mesmo conseguiu superar, como quando reformulou o conceito de 
corpus como sendo a possibilidade de apreensão física. Mas, algumas outras não conseguiu. 
 . Exemplo de situação que ele não conseguiu superar/responder/atender: Locador – 
Locatário – Um terceiro usando de violência tira o bem do locatário. – Esse terceiro tem a 
posse porque tem o corpus + animus, e o locador e o locatário perdem isso = logo, se cria uma 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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situação impossível de resolver no mundo jurídico para que o locador ou locatário pegassem 
o bem de volta, porque eles não teriam a posse de acordo com a teoria subjetiva. 
. O arrendatário (OBS: arrendamento é um contrato de cessão de um fator de produção, pelo 
qual seu proprietário o entrega a outro para ser explorado, mediante determinada 
remuneração) locatário e usufrutuário não seriam considerados possuidores. – UM GRANDE 
PROBLEMA, JÁ QUE SEGUNDO ARNALDO RIZZARDO: “O DIREITO MODERNO NÃO PODE 
NEGAR PROTEÇÃO POSSESSÓRIA A TAIS PESSOAS, QUE TÊM A FACULDADE DE AJUIZAR AS 
MEDIDAS COMPETENTES ENQUANTO EXERCEREM A POSSE”. 
. Savigny, diante dos inúmeros problemas de sua teoria, criou então um conceito de posse 
direta e posse indireta. 
 . Para essas situações do exemplo em que o terceiro intervém com violência e retira o 
bem do locatário, o que aconteceria seria um desdobramento da posse, isto é, situação em 
que você fraciona com base numa ficção para dizer que quando houver essa bipartição, tal 
qual a da locação, considera-se tanto locador quanto locatário como possuidores (logo, 
estariam protegidos). – O LOCADOR SERIA UM POSSUIDOR INDIRETO (TEM O ANIMUS); O 
LOCATÁRIO SERIA O POSSUIDOR DIRETO (TEM O CORPUS). – O problema dessa explicação é 
que ele criava o conceito de base com base em uma fórmula de dois elementos, mas que ao 
final das contas posse não era a soma de corpus + animus (caso contrário locador e locatário 
não estariam protegidos juridicamente). 
 . Arnaldo R.: “Criou ainda a chamada “posse derivada”, configurável com a 
transferência dos direitos possessórios, e não do direito de propriedade, e aplicável ao 
enfiteuta, ao credor pignoratício, ao depositário de coisa sequestrada e ao precarista. A posse 
derivada é exercida sem a intenção de dono”. 
. A teoria dele foi aceita por 60/70 anos. 
B) Teoria objetiva da posse: 
. Teoria Simplificada da Posse, de Rudolf Von Ihering (1868). 
. Ihering se inspirou na seguinte situação do Direito Romano: sujeito com problema, o qual 
era levado para a arena pública de debate, e não tinha como provar documentalmente que 
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era proprietário. A regra era: quando não se tem como provar, se baseia em quem tem a 
impressão de ser dono como possuidor. 
. Explicar a posse dentro do ordenamento jurídico posto, não é algo tão universal assim. 
. Ele elimina a análise do elemento anímico, por isso é uma teoria simplificada. – Para ele, 
POSSE = CORPUS. 
 . Corpus aqui para ele tem um conceito diferente de Savigny. 
 . Dentro do corpus, para Ihering, haveria um animus tenendi (agir habitualmente 
como proprietário, independentemente de querer ser o dono). 
 . Arnaldo R.: “de modo que o corpus não se concretiza apenas através do controle 
jurídico da coisa. A concretização se dá com o poder físico e a utilização econômica, traduzida 
no interesse juridicamente protegido”. 
. O que permite identificar alguém como possuidor é o comportamento que ele tem de ser 
proprietário, no sentido de emprestar a destinação econômica que se espera do bem, criando 
uma APARÊNCIA DE PROPRIEDADE AOS OLHOS DO COLETIVO (isso é suficiente para garantir 
a posse, por exemplo, na medida em que demonstra para o terceiro que alguém ali está sob 
a posse do bem, independentemente de ser o proprietário ou não). 
 . APARÊNCIA DE PROPRIEDADE. 
 . Por essa teoria o locatário seria possuidor, pois tem aparência de dono. – O locador 
também teria essa posse. - Ambos podem defender a posse independente um do outro 
(individual ou coletivamente). 
. Surgem então os problemas dessa teoria: o vaqueiro seria então possuidor? Seria então mero 
detentores, porque a lei diz isso. 
. Ihering dizia que teriam situações de detenção, por posse degradada/desqualificada 
pela lei. 
. Ela foi acolhida pelo Direito Brasileiro, com ressalvas. – O PROFESSOR DIRIA QUE ELA FOI 
INSPIRAÇÃO, MAS QUE PARA ALÉM DELA EXISTIA MAIS OUTRAS COISAS (TRABALHANDO UMA 
IDEIA MAIS FUNCIONALIZADA DA COISA). 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 
 
. Crítica: não fala da usucapião. – “O locatário após 15 anos (prazo máximo) pode usucapi? ” 
Sabemos que não, mas ele não falou sobre. 
. Crítica: ele colocava a posse como uma forma a mais de proteger ao proprietário. 
C) Perfil contemporâneo: 
. Funcionalização dos direitos. 
. Sai um pouco da tutela do “ter” para tutelar também o “ser”. 
. Posse é um fenômeno social que merece proteção autônoma assim como a propriedade. – 
NÃO HÁ CRITÉRIO APRIORÍSTICO QUE COLOQUE A PROPRIEDADE ACIMA DA POSSE. – O 
PROPRIETÁRIO TAMBÉM É OBRIGADO A RESPEITAR O POSSUIDOR. 
. Reconhecer que a propriedade é algo importante e protegido, mas não existe razão de ser 
para colocar o proprietário em um pedestal, vez que existem outros direitos que também 
merecem ser tutelados. – E essasteorias sociológicas (perfil contemporâneo) defendem 
justamente isso. 
. No mais, o perfil contemporâneo da posse abarca a questão da constitucionalização do 
direito civil e as teorias sociológicas da posse/função social da propriedade e da posse. 
. Termo bem brasileiro “função social da posse”. 
 . Conceitualmente quem tem função social não é o direito, é o bem. – Mas, porque a 
doutrina brasileira fala em função social da propriedade e faz questão de diferenciar da função 
social da posse? Na real, o que ele quer enfatizar na função social da posse, é dizer que a posse 
galgou um estado de reconhecimento maior ao longo do tempo no direito brasileiro (como 
instituto autônomo e apartado da propriedade). 
 . Nos aproximamos um pouco de Savigny que tratava como coisas distintas posse e 
propriedade. Nos afastamos da teoria de Ihering. - Essa noção afasta a concepção de Ihrering, 
que concebia a posse como algo subalterno a propriedade. Aproximamo-nos de Savingny, que 
buscava diferenciar, separar a posse e a propriedade. 
. OBS: teoria objetiva não reina sozinha, porque faz concessões para subjetiva no quesito de 
usucapião; e dogmática no tocante a função social da posse. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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D) Na prática: 
. Exemplo n° 1: o indivíduo A esbulhou o proprietário B, incidindo em posse injusta. Na 
hipótese de um indivíduo C tentar agredir a posse de A. 
. O indivíduo A poderá se defender, sem que a sua posse injusta seja oponível por terceiro 
(oponível por terceiro significa que, uma vez registrado o compromisso, perde o proprietário 
o poder de disposição da coisa prometida). 
. O Esbulho etc. é discutido entre o antigo possuidor e o que praticou a violência e tomou 
a posse. 
. Disso temos que a posse injusta ou justa é um conceito relacional. 
. Esbulho - ato de usurpação pelo qual uma pessoa é privada, ou espoliada, de coisa de 
que tenha propriedade ou posse. 
. OBS: A posse adquirida de maneira indevida/violenta é a denominada posse injusta – e 
em regra, só poderá ser discutida em face daquele que praticou violência, clandestinidade ou 
abuso de confiança. 
. Exemplo n° 2 – Imagine que o indivíduo X, proprietário, sofreu esbulho praticado por A, 
que por sua vez vendeu o bem para B, um terceiro, que pode estar ali de boa ou má-fé. 
. Inexiste, nesse caso, posses paralelas. São situações possessórias autônomas. A situação 
de X, A e B não se comunicam. 
. X, por ser proprietário, poderá reinvidicar (jus possidendi) o bem de qualquer um. Porém, 
só poderá demandar interdicto possessório (Jus possessionis) / discutir o esbulho contra quem 
praticou. 
. Apenas se B estivesse de má-fé, sua posse seria injusta. Mas, uma vez que não praticou 
violência e obteve o bem pacificamente, não procederá a ação que lhe demande; 
. Em termos corretos, o proprietário deverá entrar com ação contra A. Poderá demandar 
de B, mas este terá defesa. 
. Determinando-se a devolução do bem por B, ele poderá entrar com ação de 
evicção/regresso contra A. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. Exemplo n° 3 – Imagine que o indivíduo X, proprietário, sofreu esbulho praticado por A, 
que por sua vez LOCA o bem para B, um terceiro, que pode estar ali de boa ou má-fé. 
. O contexto muda. 
. O indivíduo, locatário, não adquiriu o bem de maneira injusta, mas ele tem uma relação 
jurídica e posse paralela com A, que praticou o esbulho. 
. Isso significa que a posse de A e B são uma só. Portanto a posse de B torna-se também, 
injusta. 
. O proprietário poderá discutir a posse com A, que praticou a violência, e também com B, 
embora seja muito provável que B irá denunciar a lide em face de A. 
3) Natureza jurídica da posse: 
. Atualmente impõe-se reconhecer a posse como direito com forte substrato fático. A posse 
foi pensada como situação de fato a ser tutelada perante a propriedade. 
. Contudo, no âmbito dos interditos possessórios, a oposição da posse será relacional, gerando 
o questionamento - se a posse poderia ser direito real ou obrigacional. 
. Posse como um fato: posse é um direito com forte substrato fático. 
 . É um instituto que nasce como aparência de propriedade, é uma dimensão fática. 
 
A) Posse como Direito Real: 
. Alguns argumentos topológicos/estruturais desfavoráveis são: 
 . A posse não é direito real, pois não incluída no rol taxativo que determina quais são 
direitos reais. - Algumas pessoas dizem que a posse não é direito real porque não é taxativo. 
. Argumento topológico de que a estrutura do código disciplina primeiro a posse e 
depois os direitos reais, impondo uma diferenciação. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 17 
 
. Diante das diversas coincidências entre a posse, o direito real e o direito obrigacional, impõe-
se reconhece a posse em si mesma como um regime jurídico específico. 
. A natureza jurídica da posse se mostra distinta a depender da demanda/objeto levado ao 
Judiciário 
. Em determinadas situações a posse poderá ser direito real (posse fundamentada pela 
propriedade) ou obrigacional (posse derivada de contrato). 
. A posse é um sistema híbrido: a depender do caso concreto, a posse se aproximará ou dos 
direitos reais ou obrigacionais. 
. EM SUMA, SABE-SE QUE A POSSE EM VERDADE TEM NATUREZA HÍBRIDA. 
https://www.migalhas.com.br/depeso/60950/a-natureza-juridica-da-posse--um-estudo-
conforme-suas-quatro-dimensoes 
 
LINHAS ESTRUTURAIS DO REGIME JURÍDICO DA POSSE 
 
1) Definição de posse: 
. Estruturalmente falando, o Código Civil abraçou a teoria objetiva da posse. – Isto é, posse = 
corpus. Posse é a destinação econômica dada ao bem = aparenta ser proprietário. 
 . Agir como dono e não apenas sentir-se como dono. – Dentro do corpus está o animus. 
 
 
 
. O 
possuidor é aquele que aparenta ser proprietário ao exercer uma das faculdades abaixo: 
https://www.migalhas.com.br/depeso/60950/a-natureza-juridica-da-posse--um-estudo-conforme-suas-quatro-dimensoes
https://www.migalhas.com.br/depeso/60950/a-natureza-juridica-da-posse--um-estudo-conforme-suas-quatro-dimensoes
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 18 
 
 
. Falar que alguém é possuidor significa que ele está de certa forma protegida contra alguém, 
MAS ISSO NÃO QUER DIZER CONTRA TODOS. 
. Definição de propriedade no 1228 do CC. 
A) Posse direta e indireta: 
. Só se fala em posse direta e indireta quando há um acordo, contrato entre as partes, repartir 
o exercício da situação possessória. 
. Só é possível falar em posse direta quando houver posse indireta. 
. O proprietário está apreendendo a coisa consigo não é possuidor direto, será caso de posse 
plena (não houve desdobramento da posse) 
. O possuidor que adquire a posse sem qualquer relação anterior não será possuidor direto ou 
indireto, e sim pura e simplesmente possuidor (posse autônoma). 
. Posse direta: é aquela exercida de forma direta sobre o bem, em sua forma material. Exerce 
posse direta do bem, aquele que está intimamente, diariamente, ligado diretamente ao bem. 
– Exemplo: locatário. - É quem exerce o poder de uso. 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de 
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a 
sua posse contra o indireto. 
. Já a Posse Indireta é aquela exercida de forma indireta ao bem, o possuidor não está ligado 
intimamente ao mesmo. Exemplo: locador. 
. A posse direta é subordinada ou derivada; a ação do possuidor direto é limitada no âmbito 
de poderes dominiais a ele transferidos pelo possuidor indireto. 
. Os possuidores direto e indireto defendem suas posses contra terceiros por meio de ações 
possessórias.O litisconsórcio – se houver – será facultativo. Ambos poderão agir em 
autodefesa ou autotutela, pois exercem poderes inerentes ao domínio. 
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. O possuidor direto pode defender a pose contra o possuidor indireto na vigência da 
relação jurídica, em virtude de agressão à sua posse. 
. O possuidor indireto poderá manejar os interditos possessórios caso o possuidor 
direto pratique qualquer ato ilícito. 
Enunciado no 76 da Jornada de Direito Civil do Conselho Federal de Justiça: “O possuidor direto tem de defender 
a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele”. 
 
B) Verticalização da posse: 
. Nem sempre o possuidor indireto é o proprietário. Se inexistir clausula que veda a 
sublocação, o sublocatário do imóvel será o possuidor direto e o proprietário e o locatário 
serão possuidores indiretos. 
. OBS: a relação jurídica que concede uma pessoa o direito à posse, não concede a posse 
propriamente dita – para haver um possuidor é necessário e suficiente o exercício do poder 
fático sobre a coisa objeto do vínculo. 
C) Plena, paralela e sucessiva: 
. Posse plena: quando O CARA É POSSUIDOR PORQUE REPUTA QUE SEJA DELE (como se 
proprietário fosse). - Situação mais natural da posse. 
. Posse paralela: quando estabelece uma relação jurídica com alguém, em função da qual você 
transferirá o uso ou fruição do bem para terceiro. 
. Posse sucessiva: compartimentalização de uma posse direta. – Criar mais de um vínculo 
jurídico de transmissão de posse. – Sempre encadeamento de diversos possuidores indiretos, 
e o último será direto. 
D) Justa e injusta: 
. Posse Justa: é a posse que não apresenta nenhum dos vícios possessórios, quais sejam: 
violência, clandestinidade e precariedade. 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
. Posse Injusta é definida como aquela que apresenta significativamente os vícios 
possessórios, violência, clandestinidade e precariedade. 
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. Existem situações em que o possuidor injusto terá direitos. – Ser possuidor injusto é ser 
possuidor, pois pode usucapi o bem. 
. OBS: Como bem explicita o diploma privado, enquanto não cessados os atos de violência e 
de clandestinidade, não existe posse. - Somente depois que cessa a violência, ou seja, o antigo 
possuidor, diante da ciência do vício, não mais resiste à violência, ou ainda, quando a posse 
transmuda das escuras para o conhecimento público, deixa de existir detenção para nascer 
posse. 
 . Posse que nasce injusta, tecnicamente não tem como se tornar posse justa. – POIS, O 
CRITÉRIO DE DEFINIÇÃO É COMO ADQUIRIU A POSSE. 
E) O que não é posse? 
. DETENÇÃO: situações que sejam degradadas pela lei (em princípios poderiam ser posse, mas 
não serão tratadas assim por uma escolha legal). 
. Detenção dependente (art. 1198, CC). – Dividida em desinteressada e interessada. 
 . Desinteressada (fâmulo da posse): é o exemplo do vaqueiro da fazenda (está ali 
simplesmente cumprindo ordens de outra pessoa), logo não faz sentido que essa pessoa 
disputa em juízo a posse (não tem legitimidade para demandar em juízo = isso é um problema 
do patrão). Esse vaqueiro pode até resistir a posse violenta de um terceiro (pois, está ali na 
guarda daquele bem), mas caso não resolva ele não pode fazer nada (no máximo irá registrar 
um B.O por lesão corporal). 
 
 
 
 
 
 
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. Parágrafo único: pode vim a ser possuidor, desde que você prove que em algum momento 
você se comportou de fato como se dono fosse, emprestando destinando econômica para o 
bem. 
 . Interessada: tem uma relação jurídica, mas ele não está atendendo interesse da 
pessoa com quem ele tem essa relação, mas sim atuando em interesse próprio. - Situações de 
mera permissão ou tolerância. – Exemplo: a cadeira que sentamos na baiana (é de nosso 
interesse assistir as aulas sentados, mas há uma autorização para tal - exatamente porque se 
trata de situação efêmera, o legislador entendeu que não ensejará configuração de posse). – 
Situação que geralmente chega ao judiciário em relação a isso é a vaga de garagem: pode 
usucapi vaga de garagem? Professor sugere que quando quiser emprestar uma vaga, é bom 
documentar por foto, papel, vídeo etc. para provar que era detenção, e não posse. 
 
 
 
. Detenção autônoma: o sujeito se torna detentor independente de relação jurídica 
com o anterior possuidor, consoante previsão do art. 1.208 do CC. - Se inicia a partir de um 
ato de violência ou clandestinidade. 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua 
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. 
. O sistema normativo permite a defesa do patrimônio pela autotutela excepcionalmente, ao 
reagir I – Imediatamente II – Proporcionalmente (CC, art. 1.120°). 
. Tratam-se de critérios abertos, a ser analisado no caso concreto. 
. Enquanto for legítima a autotutela, o sujeito que está agindo com clandestinidade ou 
violência é mero detentor. 
. OBS - Reversão do animus: 
 . É possível ao detentor se transformar em possuidor, competirá ao presumido 
detentor produzir prova de que está gerindo o bem conforme seus próprios interesses. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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 . O capataz vira possuidor quando inverte o animus dele - se comportar como se dono 
fosse. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem 
e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. 
Enunciado no 301 do Conselho de Justiça Federal: “É possível a conversão da detenção em posse, desde que 
rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios”. 
2) O que pode ser objeto de posse? 
 . Posse ocorre, de regra, em função dos bens corpóreos, aquilo que é tangível 
(conseguimos reproduzir aquilo que aparente ser o comportamento do proprietário). 
 . Não se admite posse de bens incorpóreos. – ISSO NÃO SIGNIFICA DIZER QUE OS BENS 
INCORPÓREOS NÃO POSSUEM PROTEÇÃO JURÍDICA, O QUE SE BUSCA DIZER É QUE ELE NÃO 
É REGULADO NEM PELO DIREITO DAS COISAS E NEM PELOS DIREITOS REAIS (OU SEJA, NÃO É 
DISCIPLINADA PELOS INTERDICTOS POSSESSÓRIOS). – Exemplo: súmula 228 do STJ: 
É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. 
A) Bens semicorpóreos: 
 . Bens que em princípios seriam incorpóreos, mas que para fins de sucessão 
possessórios são considerados como se corpóreos fossem. – CATEGORIA CRIADA PELA 
DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. 
 . Essa categoria só existe em face de uma situação que no passado o Judiciário teve 
que lidar (se fosse hoje não existiria/não seria criada). 
 . Exemplo: linha telefônica; energia elétrica. 
. Por isso, se teorizou que a energia elétrica e a linha telefônica estavam associadas ao 
estabelecimento habitacional, permitindo a deferir a medida em face do regime da posse. 
. Um dos casos importantes foi a tentativa de Rui Barbosa em ampliar o raio de ação dos 
interditos possessórios, a ponto, mesmo, de pretender-se a adoção desses remédios para 
reintegrar ou manter servidores públicos em seus cargos, em virtude de demissões ilegais. 
. Atualmente, a existência dessa categoria não é tão justificada, em face das atualizações 
processuais. 
B) Posse de bens públicos: 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. De acordo com o art. 98° do CC, são os bens pertencentes as pessoas jurídicas de direito 
público. 
Art. 98. São públicos os bens do domínionacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; 
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 
. OBS: Bens públicos não estão sujeitos a usucapi. 
 . Os bens públicos em geral são dispostos como inesucapíveis. A discussão é sobre os 
bens públicos dominicais, pois não tem serventia, e poderiam ser destinados a moradia. 
Porém, a jurisprudência e a lei dispõem de forma diferente. 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
 
. SÃO TAMBÉM INSUCEPTÍVEIS DE POSSE, segundo entende a jurisprudência. 
 . BENS PÚBLICOS SÓ PODEM INGRESSAR NA ESFERA JURÍDICA DE UM PARTICULAR 
COM A AUTORIZAÇÃO DO PODER PÚBLICO (exemplo da concessão, permissão etc.). 
. A posse autônoma/plena do bem público não poderá ser, jamais, consolidada. 
. O judiciário entende que aquele que utiliza bem público sem autorização, exercendo ali 
ingerência econômica, não será indenizado, nem possuidor, ou qualquer proteção jurídica. 
Ex.: casos de barraca de praia. 
 . Cristiano chaves sugere a possibilidade de uso da boa-fé como forma de garantir 
alguma proteção à pessoa, mas não é o entendimento majoritário. 
. O critério legal de bem público é o seu pertencimento à pessoa jurídica de direito público. 
Trata-se de um conceito restrito, indevidamente expandido pela jurisprudência, em casos, por 
exemplo, de bem partícula afetado a serviço público. 
3) Composse: 
A) Composse simples: 
. O instituto configura-se à medida que duas pessoas possuem a mesma coisa. Duas pessoas 
possuem a posse de um bem em comum. 
. Exemplo: Carol e Caio são locatários de um bem e compossuidores. 
. Exemplo: tem um casal, e o imóvel antes do casamento era da mulher. Casam em separação 
total de bens. – Só a mulher é proprietária, mas ambos são possuidores plenos (isso é 
composse). – Ela pode acordar um dia e mandar ele sair de casa: ele não tem direito de 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 24 
 
propriedade nenhum. Mas, ele pode entrar com alguma ação em face das benfeitorias que 
fez. 
 . Posse de ambos é plena. 
. Essa relação de composse pode se apresentar na prática: 
 . Composse pro indiviso: dois compossuidores ocupando indistintamente um 
determinado bem. – Exemplo: João e Maria naquela determinada casa, de tal forma que 
transitam pela casa de forma natural. 
 . Composse pro diviso: Pode acontecer de um belo dia eles brigarem e passaram uma 
faixa no meio da casa: lado esquerdo de João, e lado esquerdo de Maria. – Deixou de ser 
composse? Depende de quem está passando verá a situação. – Se as pessoas não verem do 
lado de fora, continua sendo composse (pro diviso). Assim, se alguém invadir a parte de B, A 
também poderá reagir perante terceiros. Mas, internamente cada um só reivindica a sua 
parte. 
4) Aquisição de posse: 
. OBS: o incapaz pode adquirir posse? Por meio do representante legal sim. E sem o 
representante, seria possível? Depende. Se na gênese do negócio houver negociação, ele não 
poderia, pois exige-se elemento volitivo que ele não tem, devendo ser feito pelo 
representante ou assistente. Nas situações em que o sistema normativo não reclama análise 
de vontade, tanto o absolutamente quanto relativamente incapaz poderão adquirir. 
 . O Código apenas diz que a posse pode ser adquirida pela pessoa, pelo representante 
ou pelo gestor de negócios. 
A) Aquisição pode se dar a título originário ou a título derivado: 
. A título originário: a pessoa que adquire a posse não tem uma relação jurídica com o antigo 
possuidor, ou ele viola a esfera jurídica do anterior possuidor; ou não existe um antigo 
possuidor. 
 . Pode se adquirir posse de ninguém. – Vi um terreno baldio na rua e resolvi entrar 
nele. – Em princípio estou cometendo um ilícito, mas entrei assim mesmo. – Possivelmente 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 25 
 
estou assumindo uma posse injusta. Mas, ainda assim me torno proprietário aparente, pois 
vou emprestar destinação econômica a este bem. 
 . NOVA RELAÇÃO POSSESUÁRIA QUE NÃO COMUNGA DAS CARACTERÍSTICAS DA 
ANTERIOR RELAÇÃO. – Minha posse será analisada distintamente da posse originária. 
 . Isso pode ser lícito ou ilícito. – Exemplo: se o bem estiver abandonado (não tem dono), 
ele se torna possuidor automaticamente (ocupação de bens móveis = só aplicada em relação 
a bens móveis). 
. A título derivado: é uma posse que GERALMENTE nasce de uma relação negocial. 
 . Exemplo: negociei a posse do bem, de uma pessoa que, inclusive, eu sei que não é 
proprietário. 
 . Exemplo: uma pessoa que em tese já usucapi um bem, e eu compro a posse dele. – 
ALGO EXTREMAMENTE PERIOGOSO, POIS NÃO TENHO COMO PROVAR QUE É MEU. – Preciso 
ir para o judiciário alegar usucapi. 
 . As características de uma podem se relacionar a outra. - Exemplo: tempo da posse. – 
A pessoa que comprou de fulano (que havia usucapido o bem objeto da relação), pode se 
aproveitar do tempo de posse desse fulano para solicitar usucapião próprio perante o juízo. 
5) Transição de posse: 
. Transição de posse pode se dar de várias formas. 
 . Até o casamento é forma de aquisição de posse, pois o regime nupcial gera impactos 
em nossa esfera jurídica. 
. Tradição é a entrega do bem. 
. A transferência de posse, seja para bem móvel ou imóvel, se opera quando estivermos numa 
relação negociada por meio da TRADIÇÃO. 
 . Exemplo: negociei uma transferência de posse, e a entrega do bem que irá fazer com 
que haja a concretização disso. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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 . Tem que ter o registro? Não, pois não estamos falando de transferência de 
propriedade, mas sim de posse. – Posso me tornar possuidor sem me tornar proprietário. 
. Exemplo: comprei uma geladeira nas Americanas e ela ainda não chegou para mim. No 
caminho o produto sofre dano em visto caso fortuito ou força maior. = Problema da 
Americanas que assume o risco do negócio. Não sou dono ainda. Não houve tradição. 
 . A coisa perece para o dono. O risco é do proprietário. – A Americanas assume o risco 
do negócio. 
 . Todavia, se já foi entregue o produto, o entregador saiu, e no meu apartamento 
acontece algum tremor que demole o prédio = problema meu, pois já havia acontecido a 
tradição. 
. A entrega das chaves (simbólico) é tradição de um imóvel, por exemplo. 
. A tradição pressupõe efetivamente a entrega real do bem. Todavia, nem sempre a posse 
demanda a transferência real, isto é, nem sempre é possível que a entrega real aconteça. 
Assim, a entrega do bem propriamente dita pode ser substituída por um ato que simbolize a 
pessoa utilizar o bem e este ser considerado como possuidor: simbólico (entrega das chaves 
de carro/casa etc.) ou ato jurídico (tradição ficta). 
. Se houve um esbulho antes da entrega do bem, eu não sou possuidor ainda, logo, não 
posso nem propor ação em face deste. 
. Se houver um esbulho após a tradição simbólica, eu já posso demandar diretamente. 
. Tradição ficta. - Espiritualização da posse. – Posse em sua gênese é fato juridicamente 
protegido. Só que o avanço da sociedade fez com que enquanto sociedade sentíssemos a 
necessidade de reconhecer como situação de posse, situações que não tivessem qualquer 
relação factual do bem. – EXEMPLO: transferir o bem por contrato = há uma entrega, mas ela 
é contratual. – O contrato, como regra, por si só não transfere posse. Todavia, pode culminar 
isso, como é o caso da tradição ficta = para tal, faz-se necessário o estabelecimento de uma 
cláusula no contrato chamada de CLÁUSULA CONSTITUTE = CONSTITUTO POSSESSÓRIO. – 
POSSE AQUI É JURÍDICA E NÃO FÁTICA. – Única forma de provar que é possuidor é a partir 
dessa cláusula contratual. – Exemplo do sujeito chamado João que tem uma casinha, e é 
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proprietário e possuidor desta. Ele resolve vender para Mário, que quer investir para 
posteriormente colocar o imóvel para aluguel. Eles negociam, João deixa de ser proprietário. 
Mas, João também queria alugar a própria casa, visto que estava vendendo por não ter 
dinheiro. Assim, eles pactuam um contrato, que trata uma cláusula constitute, o que não 
exige, OBVIAMENTE, que haja entrega de chaves para João do imóvel. – Se não colocarem a 
cláusula, Mário pode defender apenas propriedade porque fez registro público. 
. Sucessão mortis causa: herdeiros são possuidores universais após a morte do proprietário. - 
É a transferência, total ou parcial, de herança, por morte de alguém, a um ou mais herdeiros. 
 . Sucessão a título universal: você sucede a situação jurídica de outrem, assumindo em 
sua plenitude, nos ônus e bônus. 
6) Possessórias: 
. Um dos efeitos da posse (o principal) é a sua defesa por meio dos interditos. 
. São três lesões possessórias: esbulho, turbação e ameaça. 
. Se discute aqui o jus possessiones. – Discute-se a forma com a posse foi adquirida. 
. Possessórias em stricto sensu são chamadas de interditos possessórios. – Existem 3 tipos de 
interditos possessórios, os quais se diferenciam pelo momento em que você ingressa com a 
ação: 
 . Ação de reintegração de posse. – “Aqui já perdi o bem”. 
 . Ação de manutenção de posse. “Não perdi o bem, mas estou com o uso diminuído ou 
em vias de perder a posse”. 
 . Ação de interdito proibitório. – “Não tive nenhuma violação efetiva a minha posse, 
mas tenho um risco/temor sério e fundado de um esbulho ou turbação, em que me antecipo 
e ingresso com interdito proibitório”. 
. É apenas uma questão cronológica, mas ao final das contas os interditos possessórios buscam 
salvaguardar uma situação possessória (aparência de propriedade) contra o cometimento de 
violência, clandestinidade ou abuso de confiança/precariedade. 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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. São só essas ações que podem defender a posse? Tecnicamente não, existem outras formas 
de defender a posse, mas não estaríamos no campo dos interditos possessórios, mas sim no 
campo das AÇÕES AFINS. 
 . Ações afins = tem afinidade com as possessórias, mas que não foram pensadas para 
o possuidor especificamente. – São demandas que podem ser utilizadas por outras pessoas, 
como por exemplo por um proprietário. – Exemplo: embargos de terceiros podem ser 
articulados por possuidor, mas não são pensados para eles especificamente. 
. Fungibilidade entre os interditos possessórios: autoriza o juiz a diante de uma situação em 
que você esteja defendendo posse, conceder um interdito diferente daquele que você 
postulou. 
 . Exemplo: entrei com uma ação de manutenção de posse, pois no momento de 
ingresso o sujeito ainda não tinha me esbulhado, estava tentando, mas eu estava resistindo. 
Entrei com a ação, mas o tempo que o juiz levou para analisar a demanda, já se tinha uma 
situação de esbulho efetivo/consolidado. – Se estivéssemos diante de uma outra demanda, 
tinha-se que aqui se perdeu o objeto, e seria necessário entrar com uma nova ação com o 
novo objeto desta (ou entrar com um aditamento à inicial, o qual o réu tem que anuir 
expressamente para que esta seja aceita pelo MM. Juízo). Todavia, com base nessa 
fungibilidade entre os interditos possessórios, seria possível o juiz conceder um interdito 
diferente. 
 . O fundamento da fungibilidade das ações possessórias se encontra no artigo 920 do 
código de processo civil, vejamos: a propositura de uma ação possessória em vez de outra não 
obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, 
cujos requisitos estejam provados. – NÃO PRECISO INGRESSAR COM UMA NOVA AÇÃO, MAS 
ISSO SÓ VALE NOS CASOS DOS 3 INTERDITOS POSSESSÓRIOS. – Entende o legislador que ao 
final das contas o que houve foi tão somente alteração fática (antes era ameaça, que virou 
turbação etc.), mas continua se querendo o mesmo: a posse. 
 . Deve ser ressaltado que, se no curso da ação, o possuidor verificar que houve 
modificação no estado de sua posse, como, por exemplo, a ameaça transformar-se em 
 DIREITO DAS COISAS – PROF. GUSTAVO PRAZERES – ANO DE 2022.1 - FBDG 
 
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esbulho, poderá o demandante justificar a mudança do pedido, sem que disto decorra 
alteração do objeto da ação que continuará sendo a proteção possessória. 
. OBS: se for outro tipo de ação, ainda que tenha o nome “posse” no nome, não se aplica essa 
ideia da fungibilidade. – Assim, em caso de alteração do objeto, tem que se ter nova ação ou 
aditamento a inicia (exige outorga do réu). 
. Lembrar do exemplo que o professor deu de um tipo específico de ação em que 
inicialmente o requerente indicou que o muro ainda não havia sido construído, mas era algo 
iminente a acontecer, porém no momento do magistrado julgar o muro já havia sido 
construído = MUDOU O OBJETO, se teria que fazer uma nova ação ou um aditamento à inicial, 
pois o juiz não pode julgar além do que está ali sendo pedido pela parte (juiz imparcial). – 
PORÉM, o professor pontuou que se o advogado for esperto ele pode colocar nos pedidos 
requerendo do juiz algo do tipo “requer o impedimento de construção do muro ou, ato 
contínuo, a sua demolição se no decorrer do processo este vier a ser efetivamente 
construído”. 
. Para o professor essa fungibilidade decorre de uma alteração fática NATURAL. – Inicialmente 
era ameaça, depois virou esbulho etc. 
. OBS: Ação de emissão de posse não é ação possessória. – É AÇÃO AFIM. 
. Quando a pessoa opta por discutir posse, faz duas coisas: (i) primeiro delimita objetivamente 
o que pode ser discutido (não estou discutindo propriedade, mas sim posse – o que é 
extremamente relevante, pois posso estar discutindo posse, inclusive, com o próprio 
proprietário – exemplo: locador e locatário discutindo um contrato); (ii) rito processual que 
irá existir aqui, a fungibilidade, uma liminar que tem que ser obrigatoriamente deferida (na 
ação ordinária, embora também eu possa ter liminar, se terão outros pressupostos a serem 
preenchidos, mostrando tutela de urgência, tutela de evidência etc.) se comprovado o 
esbulho, turbação etc. (se ele não fizer = recorre). 
 . Se for a liminar indeferida recorre-se com agravo de instrumento. Se estiver julgando 
o mérito, o recurso é apelação (exemplo: juiz nega a liminar e extingue o processo ao mesmo 
tempo). 
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 . A medida liminar possui dois requisitos. Um, de ordem temporal, sendo necessário 
que a ação possessória tenha sido ajuizada até um ano e um dia depois da turbação ou 
esbulho. Ultrapassado esse prazo, a demanda será de força velha, não sendo aplicável o art. 
928 do CPC, não sendo possível o deferimento dessa liminar. O segundo requisito é a 
probabilidade da existência do direito deduzido pelo demandante em juízo. 
 . Deve ser ressaltado que contra as pessoas jurídicas de direito público não será 
deferida a liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais (art. 928, 
parágrafo único, do CPC). 
A) Vícios objetivos e subjetivos: 
. Tem coisas que não é possível se discutir nos interditos possessórios. – Exemplo: discussão 
de propriedade; vigência de um contrato (exemplo: por que não posso entrar com ação de 
reintegração de posse quando termina o contrato de locação? Pois, aqui tenho que discutir 
vigência, resolução do contrato ou não, o que não é cabível no interdito possessório – AQUI A 
AÇÃO CORRETA É AÇÃO DE DESPEJO = tenho disciplina específica, mas se não tivesse seria 
uma ação ordinária comum). 
. Dentro das possessórias, existem outros temas que podem ser discutidos além desse méritoda possessória principal, que são questões acessórias, como direito à indenização, por 
exemplo. – Exemplo: direito à indenização pelas benfeitorias, pelos frutos indevidamente 
colhidos etc. – ISSO TEM A VER COM OS VÍCIOS SUBJETIVOS DA POSSE. 
 . Essa discussão de vícios subjetivos, em que pese ela seja possível nos interditos 
possessórios, ela não é exclusiva e tampouco prioritária deles. É uma discussão que pode ser 
travada numa ação possessória, ação afim ou até em uma ação autônoma. – EXEMPLO: nada 
me impede de entrar com uma ação de reintegração de posse só buscando a devolução do 
bem, e posteriormente entrar com ação ordinária buscando indenização devida. Assim 
também, nada me impede de não entrar com interdito possessório, e buscar discutir isso 
através de ação reivindicatória, reputando ser proprietário; e cobrar posteriormente os vícios 
subjetivos. 
. A discussão dos vícios objetivos, por outro lado, necessariamente integra os interditos 
possessórios. 
Comentado [N1]: DUVIDA COM O PROF. 
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 . Posso discutir vício objetivo em ação ordinária? Posso, mas aqui não está se 
discutindo só posse, mas sim uma amplitude maior, onde posso trazer outras questões, 
inclusive propriedade. 
. OBS: Os vícios objetivos são aqueles que estão associados à aquisição da posse. Os vícios 
objetivos são: a clandestinidade, a violência e a precariedade. A existência de quaisquer 
desses vícios faz da posse injusta, já a posse livre de quaisquer dos vícios apresentados faz 
da posse uma posse justa. 
. Vício objetivo: 
. Discute-se aqui o jus possessiones = discute-se no interdito possessório a forma como a posse 
foi adquirida. – O parâmetro aqui é o art. 1200 do CC: 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
. Sempre que se está diante de posse obtida pelos vícios violência (exemplo: roubo), 
clandestinidade (exemplo: furto) ou precariedade (exemplo: apropriação indébita) tem-se 
posse INJUSTA. 
 . Isso tem a ver com o momento de aquisição = uma posse que nasce injusta, morre 
injusta. – Cristiano Chaves diz que é possível consertar se você negociar com a pessoa que 
sofreu o esbulho, como no exemplo do esbulhador que negocia e paga o valor do 
imóvel/móvel para o possuidor originário. – LOGO, é um conceito absoluto no sentido de que 
nasceu injusta, morre injusta (embora, como dito, alguns autores entendem ser possível 
consertar, mas se falando em novas causas como usucapião, compra do bem etc.). 
 . Posse injusta: se a pessoa contra quem eu pratiquei o ato possessório propor uma 
ação = ela ganha de mim, tendo o bem devolvido ou mantido na posse dela. – PORÉM, TEM 
UMA IDEIA RELATIVA, qual seja, a posse injusta só será assim considerada contra aquela 
pessoa que eu pratiquei o esbulho ou turbação, em relação ao resto da coletividade ela é 
considerada justa. 
. Posse: até posso exercer uma autotutela quando sofro violência, clandestinidade ou 
precariedade, mas desde que seja uma reação proporcional e imediata. – PASSANDO DESSA 
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ETAPA, NÃO POSSO MAIS ME UTILIZAR DESSES ARTIFICÍOS, OU CASO CONTRÁRIO EU ESTARIA 
CONTRIBUINDO PARA UMA SOCIEDADE FUNDADA EM VÍCIOS/PERIGOS/CAOS. 
. Conceito de posse injusta remete a um momento fático de aquisição = adquiri com abuso de 
confiança, clandestinidade ou violência. 
. Vício subjetivo: 
. Art. 1201, CC: é de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede 
a aquisição da coisa. Parágrafo único: o possuidor com justo título tem por sai a presunção de 
boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
. OBS: o terceiro de boa-fé tem direito às benfeitorias que ele faz? Tem direito às benfeitorias 
necessárias (manter a integridade do bem, a exemplo da /troca de óleo em um carro). 
. OBS: Benfeitoria útil: agrega valor. – Não são automaticamente indenizáveis, só são 
indenizadas se tiverem devidamente autorizadas pelo proprietário (salvo se o contrato dispor 
de forma contrária). 
. OBS: Benfeitoria voluptuária: são aquelas que servem mais como mero 
deleite/aformoseamento. Geram o direito de carregar consigo as benfeitorias voluptuárias. – 
Não geram indenização. 
. OBS: pertenças (não é parte integrante do imóvel) = art. 93, CC. – Exemplo: quadros. 
. OBS: ACESSÃO = natural ou artificialmente se agregaram ao solo. – Exemplo: tenho um 
terreno, fui e construí uma casa. A casa é uma acessão. 
. Bem imóvel pela própria natureza = solo. 
. Terceiro de má-fé tem direito a algum tipo de benfeitoria? Legalmente, irá arcar com os 
prejuízos que porventura tenha causado, bem como indenização às benfeitorias necessárias 
(isso p/ evitar enriquecimento sem causa). 
. Benfeitorias necessárias e úteis, além de serem indenizáveis, geram um direito de retenção 
(Forma de autotutela – exemplo: sujeito dizendo que quer o imóvel de volta p/ o terceiro de 
boa-fé, mas esse terceiro fez inúmeras benfeitorias. Esses terceiros tem a prerrogativa de falar 
que reconhece que o imóvel pertence àquele proprietário, mas que só irá devolver até ele 
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pagar pela benfeitoria feita – SALVO SE O CONTRATO DISPOR CONTRARIAMENTE) p/ o terceiro 
de boa-fé. 
 . Sistemática do Direito Civil: benfeitorias necessárias uteis e necessárias são 
indenizáveis. – Esse é o caso da questão de João e Maria respondida em sala. 
 . Sistemática de locação (Lei 8.245/91): benfeitorias úteis precisam ser previamente 
autorizadas pelo proprietário para que então sejam indenizáveis. 
. OBS: Em rigor, João e Maria não poderia alugar o imóvel, pois sob o direito de retenção eles 
estariam ali como uma espécie de guardião do bem. – Complicado, mas pode ser 
eventualmente tolerado em algum caso concreto específico. 
. Em uma situação de má-fé (estando com o bem que não deveria), respondo de forma 
agravada em caso de perda ou dano. – Responde ainda por caso fortuito de força maior. – 
Existirão algumas outras situações que podem excluir a responsabilização: exemplo de um 
terremoto que atingiu a região. 
. Em situação de boa-fé em caso de perda ou dano, exige-se comprovação de dolo ou culpa 
(responsabilidade subjetiva). 
. Em uma situação em que a pessoa entre primeiro com a possessória, tem-se que primeiro 
deve se exaurir a questão da posse (autônoma e em certa medida prioritária em relação ao 
trâmite possessória) para depois se partir para análise de propriedade. – O contrário não é 
verdadeiro (exemplo da pessoa que entra primeiro com a ação de propriedade para depois 
entrar com a ação de posse = cabe ao juiz decidir qual analisar primeiro). 
. Os prazos conferidos ao possuidor de má-fé são maiores para usucapi um bem; diferente do 
possuidor de boa-fé, que uma vez preenchidos outros requisitos, em até 5 anos pode usucapi 
(2 anos em alguns casos específicos). 
. Discussão de boa-fé e má-fé cabe nos interditos possessórios, mas não é restrito a isso. – 
Exemplo: posso entrar com ação autônoma só para indenizar benfeitoria. 
. Posse nova e posse velha: 
. Posse nova: menos do que um ano e um dia. 
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. Posse velha: mais do que um ano e um dia. 
. Os livros não sabem dizer o porquê desse prazo. – A explicação é que esse período é 
mais ou menos o tempo que a pessoa teria para fazer um plantio e uma primeira colheita. 
. Antes do CC/02 a discussão de posse partia de outros requisitos, não se discutia posse 
justa ou injusta, mas sim melhor e pior posse (esses conceitos se subordinava a posse à 
propriedade). – Na ausência de trabalhar quem era o dono, se trabalhavacom esse prazo de 
um ano e um dia, para que o outro não consolidasse uma posse velha (e, por conseguinte, 
melhor). 
. Hoje não partimos mais do pressuposto de que a definição do mérito da possessória 
dependa desse prazo. Mas, por que ainda falamos desse prazo? Pois, o procedimento previsto 
para as ações possessórias contempla a concessão de uma medida liminar cujo deferimento 
está associado justamente a esse prazo de 1 ano e 1 dia (ação de força nova (aquela que ainda 
não decorreu o prazo de 1 ano e 1 dia desde a data do esbulho, o que faz ter acesso a liminar) 
e ação de força velha). 
. Se o sujeito foi esbulhado e propor interdito possessório em até 1 ano e 1 dia, ele tem 
direito a essa liminar (que garante a reintegração de posse = uma grande vantagem = juiz aqui 
não cabe dizer se haja justo ou não a concessão da liminar). Caso ele entre com a ação 
posteriormente a esse prazo, ele estará sujeito a maior discricionariedade do juiz, pois a 
liminar será discutida pelo regramento geral, devendo se analisar outros requisitos da tutela 
de urgência ou evidência. 
. Liminar prevista no art. 558 do CPC. 
. Posse natural e Posse Civil ou Jurídica. 
 . Posse natural: sob uma leitura de Direito Romano seria dizer que se trata da posse 
que não tem efeitos jurídicos, ou seja, detenção. Porém, hoje dia fala-se numa espiritualização 
de posse ao se fazer essa classificação (posse é uma relação fática). – A posse natural é aquela 
decorrente de poderes de fato, material e efetiva sobre a coisa. 
. OBS: Na espiritualização da posse, uma vez que não se tem relação fática com o bem, 
a única forma de se comprovar a existência desse procedimento é documentalmente. 
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 . Posse civil ou jurídica: independe da relação fática com o bem. – Não é a regra, já que 
a posse é concebida justamente para proteger relações fáticas. 
. Quanto ao grau de proteção, a posse pode ser: 
 . Posse ad interdita: autoriza o acesso aos interditos possessórios, isto é, permite o 
exercício da autotutela na forma de reintegração de posse, manutenção de posse ou interdito 
proibitório. 
 . Posse ad usucapião: além de acesso aos interditos possessórios, autoriza a se tornar 
proprietário. – O QUE PRECISA P/ ISSO? ANIMUS DOMINI. 
 . OBS: possuidor direto jamais vai usucapi em nome próprio, porque lhes falta o animus 
domini. 
. Principal efeito da posse é garantir ao seu titular o acesso às ações possessórias. 
 . Autotutela (legitima defesa da posse) está autorizada quando há clandestinidade ou 
violência, em que posso reagir com violência também para reaver o bem. – Reação precisa ser 
imediata (só se fixa o tempo máximo dessa imediatidade no caso concreto) e proporcional 
(alguns autores defendem a inconstitucionalidade da autotutela com base na 
proporcionalidade, uma vez que se utiliza autotutela para defesa do patrimônio, o que 
segundo esses autores é menos importante do que a integridade física e, portanto, não 
poderia acontecer. – TODAVIA, GUSTAVO PRAZERES DISCORDA DISSO, UMA VEZ QUE, 
SEGUNDO ELE, PENSAR ASSIM SEMRE SE CHEGARÁ A MÁXIMA DE QUE VIDA VALE MAIS QUE 
TUDO, QUANDO NA VERDADE A VIDA NÃO É UM VALOR ABSOLUTO (EMBORA TENHA UMA 
PROTEÇÃO DIFERENCIADA/SENSÍVEL), visto que discutimos em nosso ordenamento, por 
exemplo, questões de eutanásia etc.). 
 . No caso de precariedade não é possível exercer a autotutela, tem que se ir para o 
judiciário. Se envolver questões de locação é ação de despejo. Se não envolver locação, será 
ação de manutenção ou reintegração de posse. 
. As ações possessórias têm uma cognição restrita, não se pode discutir qualquer coisa nela, 
tem coisas especificas. 
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. Heterotutela: feita por terceiros, isto é, fui pedir ao Estado p/ me auxiliar, seja por meio de 
interditos possessórios (discussão de posse propriamente dita). 
 . Os interditos possessórios, têm por natureza uma vocação de gerar dificuldade com 
a identificação do polo passivo (exemplo: Zé Bin invadiu meu terreno, não sei CPF dele). Como 
fica isso? FLEXIBILIZAÇÃO NO POLO PASSIVO. – Óbvio que isso não é autorização para não 
buscar informações que são acessíveis. 
 . Em relação aos interditos possessórios, temos uma limitação da cognição, isto é, não 
é todo e qualquer assunto que pode ser tratado aqui. Tem uma ritualística forte. – Não posso 
estender, em regra, a matéria para além do ius possessiones (vícios objetivos). Posso estender 
apenas em relação a efeitos patrimoniais ligados à isso, como a indenização por decorrência 
da ofensa a esse ius possessiones; ou prevenção de outros atentados à posse. – SE EU FOR 
DISCUTIR, POR EXEMPLO, VALIDADE DE CONTRATO, NÃO POSSO DISCUTIR NOS INTERDITOS 
POSSESSÓRIOS, TENHO QUE IR PARA UMA AÇÃO ORDINÁRIA (ONDE ESTAREI ABRINDO MÃO 
DA LIMINAR MENCIONADA ANTERIORMENTE). 
 . Vedação à exceção de domínio. – Exemplo: é proibido alegar que você é 
simplesmente dono buscando-se evitar uma ação possessória. Na posse se discute violência, 
clandestinidade ou abuso de confiança, e o fato de você ser dono não autoriza a propriedade 
ser usada como defesa. – A ÚNICA EXCEÇÃO A ISSO É A ALEGAÇÃO DE USUCAPIÃO (pois, 
decorre também do uso da posse; e o efeito saneador que tem o usucapi = faz com que ela 
passe por cima de qualquer pretensão que porventura existisse (o cara que é proprietário por 
usucapião é a melhor propriedade que se possa ter = aquisição originária = passou uma 
borracha em tudo que veio antes. – Exemplo: o proprietário que perdeu o imóvel por 
usucapião para um terceiro não pode querer cobrar pelos alugueis que não prescreveram)). 
 
 
 
 
 
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PROPRIEDADE 
1) Introdução: 
. A função social é algo externo da propriedade ou emprega a própria definição desta? 
Propriedade é também dever? A propriedade obriga (não temos aqui no Código Civil essa 
informação, mas a doutrina meio que entende isso)? São alguns questionamentos que não 
são respondidos puramente pelo que está disposto no art. 1228 do CC. 
. O que me garantia na época passada ter acesso à voz política? Ter propriedade. Ali naquele 
instante a propriedade era justificada como direito absoluto, representando o direito à 
liberdade (dentro do que é meu, faço o que quiser). Era utilizado como direito absoluto para 
justificar inclusive uma base de expansão de cidadania (uma coisa boa do ponto de vista 
progressista). Porém, isso funciona até o momento em que se percebe que isso é válido 
apenas em uma microeconomia. - Hoje, o momento histórico é outro. 
. No sentido mais dogmático e clássico do tema, o não cumprimento da função social pelo 
efetivo proprietário é uma das justificativas para você prosseguir com a “expropriação” da 
pessoa = facilita o acesso a usucapião (cumprir com a função social não é necessariamente um 
requisito da usucapião, isto é, é possível que o sujeito que não cumpre função social, mas que 
é possuidor, consiga usucapi de um proprietário que também não cumpre a função social). 
. A ideia de propriedade provavelmente sempre existiu (partimos do pressuposto que o 
homem sempre viveu em coletividade, definindo regras como o que é de cada um), mas temos 
que dimensionar que existem vários modelos de propriedade. 
. Qualquer direito hoje precisa cumprir uma função social. Pois, a função precípua do direito 
é manter a vida em sociedade, o que implica que todas prerrogativas do Direito estejam 
assentadas na coletividade. 
. Propriedade é uma situação jurídica, pois envolve direitos, deveres, ônus, faculdades; mas, 
também é uma garantia. É meio que um princípio. 
. Conceito sintético de propriedade: vínculo de atributividade de um bem em relação a uma 
ou maispessoas. 
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. Conceito analítico de propriedade: Quais são as situações envolvidas para o proprietário? O 
art. 1228 do CC fala sobre isso. 
. Conceito descritivo de propriedade: a propriedade seria um direito absoluto, exclusivo, 
perpétuo e complexo. 
. Propriedade é explicada em todas as vertentes acimas. – Os conceitos acima acabam se 
articulando entre eles. 
.

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