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A formação do professor pesquisador

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A FORMAÇÂO DO PROFESSOR PESQUISDOR
Alice e o Gatinho de Checshire:
_ Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?
_Isso depende muito de onde quer ir - respondeu o gato.
_Para mim, acho que tanto faz - disse a menina. 
_Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o gato.
CAROL, Lewis. Alice no país das maravilhas. 3. ed. São Paulo: Martin Claret, 2013, p.68.
"Se não fosse Imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar o homem do futuro". D. Pedro II, Imperador do Brasil no Segundo Império por 58 anos.
"Educar a mente sem educar o coração não é educação". Aristóteles (384a. C. - 322 a. C.)
Segundo Mário Sérgio Cortella (2003), "uma das questões cruciais para nossas práticas pedagógicas, é a questão do conhecimento dentro da sala de aula". Isso porque, na maioria das vezes, o Conhecimento é entendido como algo fechado em si mesmo, imutável, acabado. Ou senão, ele é visto como algo próprio da genialidade dos cientistas e não fruto do processo exaustivo de produção do ser humano.
A dissociação entre a teoria e a prática educacional é uma realidade e se constitui um dilema entre pesquisadores, professores e gestores da educação. Falta um canal entre a Ciência e as práticas pedagógicas correntes. O saber do professor está entre o conhecimento da ciência, o saber pedagógico e o saber da experiência. Eles se completam na formação do educador. Uma das mazelas do ensino é a simplificação irresponsável, a banalização do conhecimento. 
Antônio Nóvoa, pesquisador da Universidade de Lisboa (1995), entende que o triângulo do conhecimento, como afirmado acima, procura traduzir a existência de três saberes: o saber da experiência provém dos professores; o saber da pedagogia advém dos especialistas em ciências da educação e o saber das disciplinas é construído pelos especialistas dos diferentes ramos do conhecimento.
Esses diferentes saberes oscilam entre os períodos de inovação, ou de crise: os professores se ligam aos especialistas pedagógicos nos momentos de euforia com os avanços educacionais; nos períodos conservadores, prevalece o saber da experiência. Hoje prevalece o saber científico. A racionalização no ensino leva ao desprestígio dos professores como produtores do saber.
Tal distanciamento se deve à falta de diálogo entre as descobertas científicas e os conteúdos praticados em sala de aula. Inclusive, o emprego de metodologias e práticas educacionais obsoletas. Importa com urgência a formação profissional do professor-pesquisador; a participação do pesquisador em sala de aula; a colaboração entre o pesquisador acadêmico e a sala de aula , dado que a maior parte da pesquisa no Brasil está nas universidades.
Quando as práticas dos profissionais se mostram ineficazes, com na medicina, na engenharia e em outras profissões, elas são eliminadas, os profissionais passam por processos de reciclagem, cursos de atualização, fazem-se reformulações nas práticas retrógradas e muitas profissões são substituidas por outras atividades mais adequadas aos novos recursos tecnológicos. Exemplo: fotógrafo, carroceiro, alfaiate e outros labores do passado.
Na área da Educação, as avaliações externas têm demonstrado as fragilidades da educação brasileira, sobretudo na alfabetização e em geral na Educação Básica, nas disciplinas de língua portuguesa e matemática. No Ensino Médio, as matemáticas pontuam menos entre os jovens brasileiros. O PISA, o IDEB, o SARESP sinalizam a necessidade urgente de rever as políticas, metodologias de ensino e sobretudo a formação dos professores. 
As práticas ineficazes continuam porque a escola brasileira desconsidera o conhecimento científico. As políticas implementadas são definidas em gabinetes e nem sempre estão de acordo com as necessidades dos estudantes, em seus diferentes níveis de desenvolvimento, suas habilidades cognitivas e interesses. Nem sempre os programas adotados são atualizados, motivadores, adequados às inovações teóricas e às novas descobertas da ciência nas mais diversas áreas do conhecimento. 
O PISA tem demonstrado uma situação preocupante nas pontuações de jovens brasileiros na faixa de 15 anos nos conteúdos de ciências exatas, sobretudo quando se trata de matriculados no ensino púbico. A classificação da escola brasileira fica abaixo de outros paises, como o Chile, mesmo sul-americanos.
 O IDEB traz resultados importantes, pois reflete a realidade da escola brasileira, nos diferentes estados da Federação. Não só os alunos são avaliados, mas a escola como um todo, o que se verifica é que sistemas de educação públicos municipais ( Franca-SP) e privados têm pontuações superiores a sistemas estaduais. Regiões Sudeste e Sul têm resultados mais favoráveis.
Do ponto de vista pedagógico, os documentos e manuais didáticos oficiais refletem o uso de métodos ideovisuais de leitura com orientação construtivista. (NUNES, Débora R. P., 2008). As avaliações nacionais de 2003 retratam um percentual de 55,4 de alunos que apresentam dificuldades em leitura oral, segundo relatório do Mec (Brasil) em 2004. Estudos revelam a ineficácia dos métodos adotados nas últimas décadas e que o método fônico seria melhor alternativa. Essas conclusões ainda não foram confirmadas por pesquisa no Brasil.
 Seria válido afirmar que o fracasso recente se justifica pelos métodos adotados num passado não muito distante? As metodologias de leitura e de alfabetização seriam responsáveis pelos maus resultados na educação como um todo? Até que ponto os professores seriam responsáveis pelas sérias consequências dos métodos empregados nas situações de aprendizagem? 
Programas de educação continuada são eficientes na atualização dos professores, tanto da rede pública quanto privada? O que leva as redes particulares a um desempenho mais significativo que a rede pública na educação básica? E no ensino superior? Estas e outras questões podem trazer informações sobre o ensino no Brasil. As condições de leitura dos alunos da Educação Básica são deficientes por metodologias inadequadas, por falta de conhecimento da língua portuguesa, formação dos professores, por critérios de avaliação impróprios, salas repletas de alunos ou por outros motivos?
Esses e outros problemas incidem nas pesquisas educacionais no Brasil.

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