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União Estável

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UNIÃO EDUCACIONAL DE CASCAVEL - UNIVEL 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DE CASCAVEL 
 CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
ANGÉLICA BONFANTI 
BRENDA KETLIN TEIXEIRA 
JOHNNY JUSTEN REAMI 
LARISSA PAULA STACHIO 
LARISSA VALDUGA 
 
 
 
 
 
 
UNIÃO ESTÁVEL: PRINCIPAIS ASPECTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL - PR 
2017 
 
 
ANGÉLICA BONFANTI 
BRENDA KETLIN TEIXEIRA 
JOHNNY JUSTEN REAMI 
LARISSA PAULA STACHIO 
LARISSA VALDUGA 
 
 
 
 
UNIÃO ESTÁVEL: PRINCIPAIS ASPECTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho acadêmico apresentado à 
disciplina de Direito Civil V, do Curso de 
Direito, da Faculdade de Ciências Sociais 
Aplicadas de Cascavel. 
 
Prof.: Lygia Maria Copi 
 
5º ano B - Noturno 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
CASCAVEL - PR 
2017 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Direito de Família é considerado uma instituição basilar. Ele sofre diversas 
influências da sociedade, tornando-se mutável com o passar do tempo, em que o 
Direito, muitas vezes, não consegue acompanhar estar mudanças. 
No Brasil, o Direito de Família passou por três fases, sendo elas: o Direito de 
Família canônico ou religioso, com aplicação de normas de Portugal (ordenações), 
tendo a Constituição de 1891 definido o casamento como matéria Estatal; o Direito 
de Família institucional, com marco fundante o Código Civil de 1916, em que a 
família decorria apenas do matrimônio; e o Direito de Família constitucional, o qual 
seu fundamento jurídico é a Constituição Federal de 1988, em que a família não é 
fundada somente no casamento. 
Com esta última fase, tem-se que há possibilidade para que novas entidades 
familiares possam vigorar, sem restrições legais, como é o caso da união estável. 
Inicialmente, a união estável era reconhecida pela jurisprudência, em 
meados de 1977, como uma sociedade conjugal, não como uma entidade familiar. 
Já com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a mesma foi reconhecida 
como entidade familiar, no artigo 226, § 3º. 
Além da Constituição, importante diploma legal passou a vigorar no Brasil, 
sendo este a Lei 9.278, de 10 de maio de 1996. 
Sendo assim, o presente trabalho visa fazer uma análise da entidade familiar 
união estável, apontando, entre outros, suas características, direitos e deveres, além 
da conversão em casamento. 
 
 
 
2 UNIÃO ESTÁVEL 
 
A união estável, como entidade familiar, deve ser analisada a partir de 1988, 
com a promulgação da Constituição Federal. Anteriormente, a união estável não era 
bem vista, sendo comparada ao concubinato, que era considerado imoral e ilícito 
ante ao casamento, conforme expõe Paulo Lôbo (2015, p. 151). 
Tartuce (2015, p. 1020) adverte que 
qualquer estudo da união estável deve ter como ponto de partida a 
CF/1988, que reconhece a união estável entre o homem e a mulher 
como entidade familiar, prevendo que a lei deve facilitar a sua 
conversão em casamento. Duas conclusões fundamentais podem ser 
retiradas do Texto Maior. A primeira é que a união estável não é igual 
ao casamento, eis que categorias iguais não podem ser convertidas 
uma na outra. A segunda é que não há hierarquia entre casamento e 
união estável. São apenas entidades familiares diferentes, que 
contam com a proteção constitucional. 
 
Após a Lei do Divórcio (de 1977), e antes da Constituição de 1988, houve 
desdobramentos para o conceito de concubinato, até porque vigia a regra de que o 
casamento era a única forma de constituir família, conforme descreve Lôbo (2015, p. 
152), 
a união livre entre pessoas solteiras, ou entre pessoas separadas de 
fato, separadas judicialmente e divorciadas, ou entre uma destas e 
outra solteira, deixou de qualificar-se como concubinato ao converter-
se em união estável. 
 
A Constituição Federal traz em seu artigo 226, § 3º, sobre a união estável, 
equiparando-a então a entidade familiar, como pode se ver: 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do 
Estado. 
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união 
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a 
lei facilitar sua conversão em casamento. 
 
Cabe ressaltar que, para a Constituição, não há hierarquia entre as 
entidades familiares, ou seja, o casamento não pode ser superior a união estável ou 
união homoafetiva, entre outras, ou o inverso. Para isso, vigora o princípio da 
 
igualdade, pois há igualdade entre as entidades familiares, estabelecido pela própria 
Constituição. 
Além da previsão constitucional, em 1996 entrou em vigor a Lei nº 9.278, 
que regulamentou a união estável. Logo no artigo 1º, tem-se que “é reconhecida 
como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um homem e 
uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família”. Esta lei também 
prevê direitos e deveres dos companheiros, além da dissolução da união estável ou 
sua conversão em casamento. 
A Lei nº 8.971, de 1994, regulamenta o direito dos companheiros em relação 
aos alimentos e à sucessão, trazendo regras acerca de quem pode receber os 
alimentos e quem poderá participar da sucessão. 
Ainda, em se tratando de previsão legal, o Código Civil de 2002, entre os 
artigos 1.723 e 1.727, traz um título específico sobre a união estável, estabelecendo 
que “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a 
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida 
com o objetivo de constituição de família”. 
Maria Berenice Dias (2015, p. 243) descreve sobre as questões 
terminológicas, em que expõe 
os termos mais usados nos textos legais para identificar os sujeitos 
de uma união estável são companheiro (L 8.971/94) e convivente (L 
9.278/96). O Código Civil prefere o vocábulo companheiro, mas usa 
também convivente. 
 
Sobre a conceituação da união estável, Gonçalves (2012, p. 606) considera 
que o artigo 1.723 do Código Civil é quem estabelece o conceito. Já para Maria 
Berenice Dias (2015, p. 241) o Código Civil não traz o conceito de união estável, e 
que o mesmo não poderia conceituá-lo, até porque o Direito de Família está sempre 
em transformação, tanto social quanto cultural. 
Paulo Lôbo (2015, p. 150-154) considera a união estável um ato-fato 
jurídico, ou ato real, em que basta sua configuração fática para que a relação 
jurídica se estabeleça, descrevendo que “é a entidade familiar constituída por duas 
pessoas que convivem em posse do estado de casado, ou com aparência de 
casamento (more uxorio)”. 
 
 
2.1 CARACTERÍSTICAS 
 
 
As características da união estável podem ser encontradas no artigo 1.723 do 
Código Civil, sendo a convivência pública, contínua e duradoura estabelecida com o 
objetivo de constituição de família. Maria Berenice Dias (2015, p. 244) esclarece que 
o Código Civil, ao elencar as características ao invés de dar contornos precisos à 
união estável, “preocupa-se em identificar a relação pela presença de elementos de 
ordem objetiva, ainda que o essencial seja a existência de vínculo de afetividade, ou 
seja, o desejo de constituir família”. 
Paulo Lôbo (2015, p. 153) traz características elencadas também na 
Constituição Federal, no artigo 226, § 3º, e na decisão do Supremo Tribunal Federal, 
com a ADI 4.277/2011, como a relação afetiva entre os companheiros e a 
possibilidade de conversão em casamento, além das características elencadas no 
parágrafo anterior. 
Lôbo (2015, p. 154) ainda ressalta que a convivência entre as duas pessoas, 
como requisito exclusivo, deve se dar em 
conformidade com o costume de casado, ou como se casadosfossem, com todos os elementos essenciais: impedimentos para 
constituição, direitos e deveres comuns, regime legal de bens, 
alimentos, autoridade parental, relações de parentes, filiação. 
 
Maria Berenice Dias (2015, p. 246-247) esclarece que a união estável não é 
definida como um estado civil, e que isto impacta principalmente sobre a questão 
patrimonial do casal, já que bens adquiridos durante a união estável são presumidos 
como pertencentes a ambos os conviventes. Ainda, a autora ressalta que é de 
extrema importância definir a união estável como modificadora de estado civil, para 
que assim possa-se garantir segurança nas relações jurídicas e evitar prejuízos, 
tanto para os conviventes quanto para terceiros. 
Dias (2015, p. 247) também explica que “na união estável qualquer dos 
companheiros pode adotar o nome do outro”, sendo que a Lei de Registros Públicos 
(Lei 6.015, de 1973) que regula esta hipótese, em seu artigo 57, § 2º: 
 
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e 
motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida 
por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o 
mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a 
hipótese do art. 110 desta Lei. 
§ 2º A mulher solteira, desquitada ou viúva, que viva com homem 
solteiro, desquitado ou viúvo, excepcionalmente e havendo motivo 
ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de 
nascimento, seja averbado o patronímico de seu companheiro, sem 
prejuízo dos apelidos próprios, de família, desde que haja 
impedimento legal para o casamento, decorrente do estado civil de 
qualquer das partes ou de ambas. 
 
Por fim, no que concerne ao regime de comunhão de bens na união estável, 
o artigo 1.795 do Código Civil traz que “na união estável, salvo contrato escrito entre 
os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da 
comunhão parcial de bens”. 
 
2.2 DIREITOS E DEVERES 
 
A Lei 9.278, de 1996, que regula o § 3° do art. 226 da Constituição Federal 
traz em seu artigo 2º direitos e deveres inerentes aos conviventes em união estável, 
conforme se vê: 
Art. 2° São direitos e deveres iguais dos conviventes: 
I - respeito e consideração mútuos; 
II - assistência moral e material recíproca; 
III - guarda, sustento e educação dos filhos comuns. 
 
O artigo 1.724 do Código Civil traz sobre os deveres na união estável, em 
que: “As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de 
lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos”. 
É necessário estabelecer que os direitos e deveres relativos à união estável 
não são os mesmos relacionados ao casamento, uma vez que para este os deveres 
são o de fidelidade recíproca, vida no domicílio conjugal e mútua assistência 
(previsto no artigo 1.566 do Código Civil. Somente no que diz respeito à guarda, 
sustento e educação dos filhos é que ambas entidades familiares se assemelham. 
Paulo Lôbo (2015, p. 160) ressalta que “os deveres de lealdade e respeito 
configuram obrigações naturais, pois são juridicamente inexigíveis, além de não 
consistirem em causas de dissolução”. O autor ainda menciona sobre o dever de 
assistência, em que esta pode ser “moral (direito pessoal) e material (direito 
patrimonial, notadamente alimentos) ”. 
Sobre a convivência em comum e o domicílio conjugal, Maria Berenice Dias 
(2015, p. 251) esclarece que “na união estável, inexiste essa imposição. Nada é dito 
sobre o domicílio familiar. Assim, a coabitação, ou seja, a vida sob o mesmo teto, 
não é elemento essencial para sua configuração”. 
Ainda, como direito inerente àqueles que convivem em união estável, tem-se 
a Lei 8.971, de 1994, que regula sobre a possibilidade de alimentos e à sucessão, 
instituindo regras para tais direitos. 
 
2.3 REQUISITOS 
 
O artigo 1273 do Código Civil estabelece que “É reconhecida como entidade 
familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência 
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de 
família”. Tratam-se dos elementos que caracterizam a união estável. 
Assim, ao exigir a convivência pública, contínua e duradora, o ordenamento 
jurídico exigiu a demonstração da estabilidade dos companheiros, através de uma 
ligação permanente do casal para fins essenciais da vida social, configurando a 
aparência de “casamento” perante terceiros. Além de haver ainda, a finalidade de 
constituir família (MEDEIROS, 2015). 
A fidelidade também é outro requisito, esta relacionada ao dever recíproco de 
dedicação exclusiva e sincera entre os companheiros. Estando a palavra fidelidade 
substituída por lealdade no CC de 2002, pois é uma expressão mais ampla, já que 
voltada para toda a área de honestidade e convivência. A fidelidade é exigida ainda, 
tendo em vista o princípio da monogamia, que é um norteador do nosso sistema 
jurídico. (MEDEIROS, 2015). 
 
3 O CONTRATO DE UNIÃO ESTÁVEL E A ESCRITURA PÚBLICA 
DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVEL 
 
 
Inicialmente, convém ressaltar que a oficialização da união estável é uma 
forma de garantir uma segurança entre os companheiros, tendo em vista que tanto o 
contrato quanto a declaração são documentos devidamente registrados em cartório 
comprovando tal situação. 
 A união estável é declarada através de uma Escritura Pública Declaratória de 
União Estável ou por meio de um Contrato de União Estável, não possuindo um 
prazo de validade. Além disso, não muda o estado civil, portanto o indivíduo 
permanecerá com o seu estado civil anterior. 
Para a constituição da união estável o indivíduo não pode ter impedimentos, 
conforme dispõe o § 1º do art. 1.723 do Código Civil: “A união estável não se 
constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a 
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou 
judicialmente”. 
Nesse sentido, o art. 1.521 do Código Civil dispõe: 
 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural 
ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com 
quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 
terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou 
tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
 
Desse modo, para constituir união estável é necessário, além da convivência 
pública, contínua e duradoura estabelecida com o objetivo de constituição de família, 
ambos os companheiros não podem estar impedidos, conforme as hipóteses legais 
supracitadas. 
 
 
3.1 ESCRITURA PÚBLICA DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVEL 
 
 
A Escritura Pública Declaratória de União Estável tem o objetivo de dar 
publicidade ao ato perante terceiros. Para a realização de Escritura alguns 
documentos são necessários e podem variar de cartório para cartório, via de regra é 
necessário apresentar o documento de identidade original, CPF, comprovante de 
endereço e Certidão de Estado Civil atualizada. 
Além disso, a escritura é lavrada no Cartório de Notas por um notário oficial, 
não necessitando de testemunhas. Após a realização da Escritura Pública de União 
Estável é emitida uma Certidão de União Estável certificando a fé pública da 
Escritura, essa certidão poderá ser utilizada pelo casal para comprovar a união 
estável perante órgãos que assim exigirem. 
Outro aspecto importante é quanto a realização da união estável por meio de 
procuração nos casos em que os conviventes não puderem estar presentes nomomento da lavratura da escritura. Tal procuração será válida e vai gerar efeitos, 
bastando apenas outorgar poderes específicos para um terceiro realizar o ato. 
Por fim, para a dissolução da união estável realiza-se por meio de uma nova 
escritura declarando a dissolução da união estável, com a devida averbação na 
escritura originária. Outrossim, pode ser realizada por um procurador, com poderes 
específicos para o ato, desde que a dissolução seja consensual ou quando não haja 
filhos menores/incapazes. 
 
 
3.2 CONTRATO DE UNIÃO ESTÁVEL 
 
 
Outra forma de oficializar a união estável é através de um Contrato Particular 
de União Estável, assinado pelas partes, com firma reconhecida e pelo menos 2 
testemunhas, maiores e capazes. 
No caso do contrato é aconselhável a presença de um advogado, pois é 
possível estipular cláusulas conforme a vontade dos conviventes, tais como o regime 
de bens e a data em que a união iniciou. 
Para o registro do Contrato de União Estável será necessária cópia 
autenticada ou originais da carteira de identidade, CPF e certidão de nascimento, 
certidão de casamento com averbação de divórcio ou certidão de casamento e 
certidão de óbito do ex-cônjuge, para comprovação do estado civil. 
Após a celebração do contrato, será necessário o registro no Cartório de 
Registro de Títulos e Documentos para gerar publicidade perante terceiros. A partir 
do registro, assim como na Escritura Pública Declaratória de União Estável, no 
Contrato de União Estável poderá ser obtida a Certidão de União Estável. 
 
3.3 REGIME DE BENS NA UNIÃO ESTÁVEL 
 
 
Atualmente, nosso ordenamento jurídico reconhece a união estável como 
entidade familiar, muito embora o estado civil dos conviventes continue a ser aquele 
preexistente ao estabelecimento da vida em comum. Desta forma, apesar do 
reconhecimento da união estável como entidade familiar e dos efeitos patrimoniais 
dela advindos, o atual ordenamento jurídico continua considerando apenas 5 tipos 
de estados civis: solteiro, casado, separado judicialmente, divorciado e viúvo. 
Nesse sentido, se nada for pactuado quanto ao regime de bens na união 
estável, adota-se tacitamente o regime de comunhão parcial de bens, de acordo 
com o art. 1.725 do Código Civil: 
 
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os 
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o 
regime da comunhão parcial de bens. 
 
Assim, no regime de comunhão parcial de bens, os bens adquiridos na 
constância da relação pertencem a ambos os conviventes, como preceitua o Código 
Civil: 
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens 
que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as 
exceções dos artigos seguintes. 
Art. 1.660. Entram na comunhão: 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, 
ainda que só em nome de um dos cônjuges; 
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de 
trabalho ou despesa anterior; 
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de 
ambos os cônjuges; 
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, 
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de 
cessar a comunhão. 
 
Contudo, apesar de ser a regra, é possível os conviventes estipularem regime 
de bens diferente da comunhão parcial. Sobre o assunto, Paulo Lôbo doutrina: 
 
os companheiros, podem, antes ou após o início da união estável, 
estipular regime de bens diferentes da comunhão parcial, adotando 
qualquer um dos previstos para os cônjuges, ou criando um próprio. 
O art. 1.725 do Código Civil faculta aos companheiros celebrarem 
contrato escrito para tal fim, mediante instrumento particular ou 
público. (LOBO,2010.p.177). 
 
Ademais, o contrato equivalente para o casamento é o pacto antenupcial, que 
apenas pode ser realizado antes da habilitação para aquele, somente por escritura 
pública. Embora não seja exigido o registro do contrato no registro imobiliário, 
ressalta-se que o regime de bens diferente da comunhão parcial só será válido 
perante terceiros com o registro, objetivando dar publicidade ao ato. 
Outrossim, em virtude do princípio da liberdade, é perfeitamente admitido 
atribuir ao contrato de regime de bens eficácia retroativa. Porém, com relação ao 
pacto antenupcial aplica-se o art. 1.655 do Código Civil: 
 
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha 
disposição absoluta de lei. 
 
Logo, a retroação dos efeitos do contrato tem como limite a proteção dos 
interesses de terceiros de boa-fé. 
 Ainda, quanto ao regime obrigatório de separação de bens, convém ressaltar 
o art. 1.641 do Código Civil, nos seguintes termos: 
 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no 
casamento: 
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas 
suspensivas da celebração do casamento; 
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; 
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. 
 
Nesse aspecto, o art. 1.641 do Código Civil não é aplicável à união estável, 
tendo em vista que tal dispositivo se aplica exclusivamente ao casamento. Portanto, 
caso uma pessoa com mais de 70 anos estabelecer união estável, se submeterá ao 
regime legal supletivo da comunhão parcial de bens: 
 
Havia uma circunstância que talvez fizesse a união estável mais 
vantajosa do que o casamento: quando um, ou ambos, têm mais de 
70 anos. Para quem casar depois dessa idade, o casamento não 
gera efeitos patrimoniais. É o que diz a lei (CC 1.641, II), que impõe o 
regime de separação obrigatória de bens. Como essa limitação não 
existe na união estável, não cabe interpretação analógica para 
restringir direitos. (DIAS,2013.p.190). 
 
Todavia, merece destaque: 
 
Ementa: UNIÃO ESTÁVEL. SEXAGENÁRIO. REGIME DE BENS. 
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA (ART. 1.641, II, DO CC/02) . 
MEAÇÃO. PROVA DO ESFORÇO MATERIAL, QUE NÃO SE 
PRESUME COM A CONVIVÊNCIA. ALIMENTOS ENTRE EX-
CONVIVENTES. TRANSITORIEDADE. Por força do art. 258 , § 
único , inciso II , do Código Civil de 1916 (equivalente, em parte, ao 
art. 1.641 , inciso II , do Código Civil de 2002), ao casamento de 
sexagenário, se homem, ou cinquentenária, se mulher, é imposto o 
regime de separação obrigatória de bens. Por esse motivo, 
às uniões estáveis é aplicável a mesma regra, impondo-se seja 
observado o regime de separação obrigatória, sendo o homem maior 
de sessenta anos ou mulher maior de cinquenta. (STJ, REsp 
646.259-RS, 4ª T., Rel. Min. Luis Felipe Salomão,p.24/08/2010). 
 
Nesse ínterim, o Superior Tribunal de Justiça estendeu essa limitação, sendo 
necessário observar o regime de separação obrigatória na união estável, tal 
orientação vem sendo acolhida pela jurisprudência. 
Diante disso, entende-se que na união estável os conviventes têm a 
faculdade de firmar contrato de convivência, estipulando cláusulas segundo suas 
vontades e, no caso de silêncio, incide o regime da comunhão parcial de bens, bem 
como é possível estipular regime diverso da comunhão parcial, conforme explanado 
acima. 
 
 
4 CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO 
 
 Para os defensores da primazia do casamento, o enunciado da Constituição 
Federal de 1988 em seu artigo 226 § 3º (transcrito abaixo), pôs a união estável em 
plano inferior ou a considerou como rito de passagem, ou seja, passagem para o 
casamento. 
Art. 226 § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a 
união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
 
Por mais que a trate como entidade familiar, esta noção não está de acordocom os princípios constitucionais, sendo a igualdade das entidades e a liberdade 
que as pessoas devem ter ao constituírem suas famílias. 
Contudo, este parágrafo 3º do artigo 226 da nossa Constituição deve ser 
entendido, como meio do legislador romper os obstáculos, e não de maneira 
restritiva e com visão dos conservadores que defendem apenas o matrimônio como 
sendo algo a ser seguido autoritariamente. 
 Vejamos as brilhantes palavras do doutrinador Paulo Lôbo (2015, p.164) a 
respeito do assunto: 
Se os companheiros desejarem manter a união estável até o fim de 
suas vidas podem fazê-lo, sem impedimento legal.Serão livres para 
convertê-la em casamento, se quiserem, sem imposição ou indução 
legal; da mesma forma que as pessoas casadas podem livremente 
dissolver seu casamento e constituírem união estável, o que tem 
ocorrido com certa frequência com casais divorciados que se 
reconciliam, mas não desejam retornar à situação anterior. 
 
 Na passagem acima Lôbo, traz a expressão “Serão livres para convertê-la em 
casamento, se quiserem, sem imposição ou indução legal”. E de fato são livres 
quanto a escolha, contudo a conversão deve observar alguns requisitos expressos 
em lei. 
 O Código Civil de 2002 em seu artigo 1726 apenas exige para conversão da 
união estável em casamento, pedido dos companheiros ao juiz e assento no 
Registro Civil.Sendo então subscrito pelos mesmos, ou por seus procuradores. 
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, 
mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro 
Civil. 
 
Cabe ressaltar, que não devem haver exigências legais a ponto de dificultar 
esta conversão, pois irá de contraponto ao disposto na Constituição Federal de 1988 
e ao Código Civil de 2002. 
Cumpre observar que a união estável tenha sido constituída sem violação 
aos impedimentos matrimoniais previstos no artigo 1723 do Código Civil de 2002, 
pois a ela são igualmente aplicáveis. Vejamos: 
Art. 1723. § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os 
impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso 
VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou 
judicialmente. 
 
 Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural 
ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com 
quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 
terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou 
tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
 
 
 Dentro do mesmo dispositivo legal mencionado no parágrafo anterior, em seu 
§ 2o, consta que “as causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da 
união estável. ” 
 
Art. 1.523. Não devem casar: 
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto 
não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; 
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter 
sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da 
dissolução da sociedade conjugal; 
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida 
a partilha dos bens do casal; 
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, 
irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou 
curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não 
estiverem saldadas as respectivas contas. 
 
Para o casamento, a incidência de impedimentos leva à nulidade (art. 1.548); 
para a união estável, à inexistência (art. 1.723, § 1º, que alude a “não se 
constituirá”). Nesta hipótese, pede‐se judicialmente a declaração da inexistência da 
relação jurídica de união estável. 
A prova da união estável se dá com a juntada ao pedido de habilitação da 
escritura pública ou contrato particular que declarem sua existência e que definam o 
regime de bens ou de sentença judicial que declare sua constituição. 
 Outro aspecto relevante que deve ser trazido à tona diz respeito a 
obrigatoriedade da homologação judicial da habilitação para o casamento, prevista 
no artigo 1.526 do código civil de 2002, e posteriormente suprimida pela Lei 12.133 
de 2009. Ou seja, anteriormente era obrigatória a homologação. 
Porém, ainda vigem em nosso ordenamento, disposições que geram 
divergências de entendimento, pois segundo a doutrina, a redação do artigo 1.726 
do Código Civil de 2002 é no sentido da inconstitucionalidade do procedimento 
judicial, pois violaria a diretriz constitucional da facilitação da conversão (GAMA, 
2008, p.128). Leia-se a redação do artigo “A união estável poderá converter-se em 
casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz...”. 
 Segundo Paulo Lôbo (2016, p.165), o procedimento facilitador deve 
considerar as seguintes etapas: 
 
Os companheiros sem impedimentos legais para casar (art. 1521 do 
código civil) poderão, se comum acordo e a qualquer tempo, requerer 
a conversão da união estável em casamento, mediante requerimento 
ao Oficial do Registro Civil da circunscrição de seu domicílio, 
juntando os documentos previstos no art. 1.525 do Código Civil, 
devendo as testemunhas certificar a existência da união estável, sob 
as penas da lei; 
Os companheiros que não desejarem manter o regime legal supletivo 
de comunhão parcial de bens deverão apresentar pacto antenupcial 
ou o contrato escrito de igual finalidade, previsto no art. 1.725 do 
Código Civil; 
O Oficial do Registro Civil, considerando regular a documentação, 
deve submeter o requerimento de conversão da união estável em 
casamento civil à homologação do Juiz corregedor do referido Oficial, 
procedendo-se o respectivo assento. 
 
Lembrando que a conversão da união estável em casamento não produz 
efeitos retroativos, pois prevalece o princípio da proteção dos interesses de 
terceiros, incluindo credores, ou seja, o que foi construído (relações pessoais e 
patrimoniais), durante o período da união estável mantém seus efeitos próprios. 
Após a conversão em casamento se os cônjuges optarem pelo regime de separação 
total de bens, mediante pacto antenupcial, os bens adquiridos durante a união 
estável em regime de comunhão parcial, permanecem em condomínio. 
Cumpre ressaltar que a conversão não é possível após o falecimento de um 
dos conviventes, pois é indispensável a manifestação de ambos. 
Pode-se verificar que a ideia principal da conversão da união estável em 
casamento é facilitar o procedimento, desburocratizando o mesmo, e elevando ao 
grau de entidade familiar assim como o casamento tradicional, afinal, a sociedade é 
cíclica e o direito deve acompanhar as mudanças, proporcionando escolhas as 
pessoas, que não diminuam seus direitos, mas os elevem. 
 
 
5 EXTINÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 
 
 
A união estável pode ser extinta por dissolução inter vivos ou por dissolução 
causa mortis, onde é aberta a sucessão. 
A união estável não estabelece um termo inicial, muito menos um termo final, 
configura-se como um relacionamento íntimo exposto para a sociedade e, quando 
não há mais interesse por parte de um ou ambos com companheiros ocorrem a 
dissolução. O término da união estável não depende de qualquer ato jurídico, seja 
por parte dos companheiros seja por decisão judicial. 
No caso da união estável não se dissolve ato jurídico, mas sim a convivência 
more uxorio(convivência como marido e mulher). Esta dissolução de convivência 
pode ser litigiosa ou amigável. Na amigável, é realizada por instrumento particular, 
onde as partes definem acerca de partilha de bens, alimentos e guarda de filhos. 
Não se faz necessária homologação judicial. 
Por outrolado, se a dissolução for litigiosa, deverá ocorrer mediante pedido 
judicial. Este pedido será cumulado com pedido de declaração incidental da 
existência da relação jurídica da união estável se houver negativa por uma das 
partes, e mesmo se a existência da união não for questionada, pode surgir 
controvérsia a respeito do termo final, isso vai influenciar em relação aos reflexos 
jurídicos. 
Basicamente esta ação declaratória se limitará a declarar a existência ou 
inexistência da união, a não ser que haja cumulação com outros pedidos 
relacionados aos demais efeitos por ela emanados, no campo pessoal ou 
patrimonial, no caso os reflexos mencionados acima. 
Rafael Calmon Rangel (2011), em seu artigo breves notas sobre a sentença 
que reconhece a existência de união estável, ressalta que: 
 
A sentença que declara a existência ou inexistência da união estável 
sem deliberar a respeito dos outros efeitos é meramente declaratória, 
o que torna seu ajuizamento passível de ocorrer a qualquer 
momento, por não se submeter a prazos prescricionais ou 
decadenciais. 
 
Se considerarmos uma comparação com o casamento, o divórcio dissolve o 
casamento e tem eficácia desconstitutiva, enquanto a ação de reconhecimento da 
união estável é exclusivamente declaratória. Limita-se a sentença a reconhecer que 
a relação existiu, fixando seu termo inicial e final. 
Segundo Maria Berenice Dias (2015, p. 264): 
 
[...] é inadequado nominar a ação de dissolução de união estável, até 
porque, quando as partes vão a juízo, a união já esta dissolvida. A 
sentença somente reconhece a existência e identifica o período de 
convivência em face de eventuais efeitos de ordem patrimonial. 
 
Contudo é possível que os companheiros busquem o reconhecimento jurídico 
da relação de modo consensual, por meio de justificação judicial ou ação 
declaratória. 
De modo a esclarecer, a justificação judicial tem basicamente a finalidade 
básica da constituição de um documento para servir de prova para futuro processo. 
Vejamos decisão dos tribunais a respeito do assunto: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. JUSTIFICAÇÃO JUDICIAL DE UNIÃO 
ESTÁVEL. EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. 
ANULAÇÃO DA SENTENÇA. PEDIDO JURIDICAMENTE 
POSSÍVEL. ART. 861 DO CPC. RITO ADEQUADO. 
ENTENDIMENTO DO C. STJ. I - A finalidade da ação para a 
apelante é a de justificar judicialmente a existência de união estável 
entre ela e Laudivino Jacinto de Oliveira, já falecido, com a intenção 
de posteriormente utilizar a justificação homologada como prova em 
ação para reivindicar direitos patrimoniais. II O pedido é 
juridicamente possível, já que amparado no art. 861 do CPC. III É 
possível a utilização de ação de justificação judicial para fazer prova 
acerca da existência de união estável. Rito adequado para o fim 
pretendido. Entendimento do c. STJ. IV Apelação Cível conhecida e 
provida. (TJ-AM - APL: 00006783420148044400 AM 0000678-
34.2014.8.04.4400, Relator: Ari Jorge Moutinho da Costa, Data de 
Julgamento: 25/05/2015, Segunda Câmara Cível, Data de 
Publicação: 27/05/2015). 
 
 
Apenas de modo a parear com nosso atual ordenamento, o artigo 861 acima 
citado na ementa, está retratado no código de processo civil vigente no artigo 381, § 
5º, que visa justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples 
documento. Este instituto é mais uma ferramenta à disposição desta nova entidade 
familiar, que de fato não é tão nova, contudo apenas não tinha seu devido 
reconhecimento no ordenamento jurídico. 
Se no decorrer do processo não houver acordo entre as partes, o juiz decidirá 
sobre todas as questões que envolvem o litígio (partilha de bens, filhos, etc.^). 
Consequentemente a tudo isso, qualquer das partes pode solicitar ao juiz em 
caráter de medida cautelar ou no curso do processo a separação de corpos, 
“quando ambos permanecerem habitando a mesma moradiacom insuportabilidade 
da convivência ou quando houver fundado receio à segurança pessoal”. (LÔBO, 
2015, p. 166). 
Outrora, com o fim da união estável exigia-se da outra parte indenização por 
serviços prestados, devido que a união estável era estranha ao direito de família, 
aplicava-se o direito obrigacional. Contudo, com o advento da Constituição Federal 
de 1988, esta possibilidade não é mais viável, pois a união estável é reconhecida 
como entidade familiar, não cabendo mais ao companheiro o pedido de indenização. 
No caso a pretensão correta seria aos alimentos, conforme disposto na redação do 
artigo 1.694 do Código Civil de 2002. 
A respeito do assunto cita-se um REsp.do STJ, julgado no ano de 2005: 
 
CIVIL. FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. Desfeita a união estável, a 
mulher não tem direito à indenização por serviços prestados. 
Recurso especial não conhecido. 
(STJ - REsp: 264736 RS 2000/0063167-1, Relator: Ministro 
Humberto Gomes de Barros, Data de Julgamento: 06/09/2005, T3 - 
TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 13/02/2006). 
 
Note-se que a dissolução da união estável, não dissolve um ato jurídico como 
no casamento, mas sim a convivência entre homem e mulher. E que hodiernamente, 
não é mais possível requerer indenização por serviços prestados, conforme REsp 
supracitado. Contudo tem a previsão de pagamento de alimentos. 
Ainda a sentença que declara a existência ou inexistência da união estável 
sem deliberar a respeito dos outros efeitos não se submete a prazos prescricionais 
ou decadenciais, podendo ser ajuizada a qualquer tempo. 
 
 
6 ASPECTOS ATUAIS: CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO PROJETO DE LEI 
612/ 2011 
 
 
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ) aprovou 
nesta quarta-feira 08 de março de 2017, o projeto de lei que reconhece a união 
estável entre pessoas do mesmo sexo, projeto de número (PLS 612/2011). 
De autoria da senadora Marta Suplicy PMDB-SP, altera o Código Civil, 
reconhecendo como entidade familiar a união “entre duas pessoas”, de forma 
pública, contínua e com o objetivo de constituir família. 
 A proposta ainda garante que a união gay possa ser convertida em 
casamento civil a pedido dos companheiros ao oficial do Registro Civil, sem 
necessidade de celebração. 
Contudo o projeto ainda precisa passar por um turno suplementar de votação 
na CCJ, antes de seguir para análise da Câmara dos Deputados. 
De acordo com redação do projeto, as principais modificações no Código Civil 
de 2002 se aprovado, serão nos artigos 1.514, 1.535,1.565,1.567, 1.642, 1.664, 
1.723 e 1.726, que passam a vigorar com a seguinte redação: 
 
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que duas 
pessoasmanifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer 
vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. (A alteração está nos 
termos “homem e a mulher”, substituídos por “duas pessoas”). 
 
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou porprocurador 
especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o 
presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que 
pretendem casar por livre e espontânea vontade,declarará efetuado 
o casamento, nestes termos: “De acordo coma vontade que ambos 
acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes um ao outro, 
eu, em nome da lei, vos declaro casados. (A alteração consiste em 
suprimir os termos “de vos receberdes por marido e mulher” para “de 
vos receberdes um ao outro”). 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, as duas pessoas assumem 
mutuamente a condição de consortes, companheiros eresponsáveis 
pelos encargos da família. 
(Alteração novamente de “homem e mulher”, por “duas pessoas”). 
 
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em 
colaboração, pelos cônjuges, sempre no interesse do casal e dos 
filhos. (Alteração dos termos “pelo marido e pela mulher” passando a 
vigorar “peloscônjuges”). 
 
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, qualquer dos 
membros do casal podem livremente: (Alteração de “o marido 
quanto a mulher” para “qualquer dos membros”). 
 
Art. 1.664. Os bens da comunhão respondem pelas obrigações 
contraídas por qualquer dos membros do casal para atender aos 
encargos da família, às despesas de administração e às decorrentes 
de imposição legal. (Contraídas pelo “marido ou pela mulher”, 
substituído por “qualquer dos membros”). 
 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável 
entre duas pessoas, configurada na convivência pública,contínua e 
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
(Alteração dos termos “entre homem e mulher”, para “entre duas 
pessoas”). 
 
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em 
casamento,mediante requerimento formulado pelos 
companheiros ao oficial do Registro Civil, no qual declarem que 
não têm impedimentos para casar e indiquem o regime de bens 
que passam a adotar, dispensada a celebração. 
 
Parágrafo único. Os efeitos da conversão se produzem a partir 
da data do registro do casamento. (A alteração neste dispositivo, 
substituiu o termo “mediante pedido dos companheiros ao juiz e 
assento no Registro Civil”, por mediante “requerimento dos 
companheiros ao oficial do Registro Civil”. Neste ato deve ainda ser 
observado a declaração quanto a impedimentos para casar e regime 
de bens, dispensando a celebração. Além do mais, foi incluído o 
parágrafo único). 
 
 Denota-se que a principal alteração observada em todos os artigos 
supracitadas giram em torno da substituição do termo homem e mulher, por duas 
pessoas, ou qualquer dos membros, com objetivo de igualar a união estável 
homoafetiva, com base nos princípios constitucionais. Inclusive importante se faz 
dentro deste panorama, transcrever parte do parecer da CCJ, a respeito do assunto: 
 
No mérito, observa-se que o projeto está em consonância com as 
transformações pelas quais passa a nossa sociedade, especialmente 
no que tange à dinâmica das relações sociais quanto ao papel 
alcançado pelas uniões homoafetivas. 
Como bem situado pela autora da matéria, o reconhecimento da 
união estável entre pessoas do mesmo sexo encontra amparo no 
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, de que trata 
o art. 1º da Constituição Federal, e nos objetivos essenciais da 
República Federativa do Brasil, delineados pelo art. 3º do texto 
constitucional, que menciona a promoção do bem de todos, sem 
forma alguma de discriminação, e ainda no princípio da igualdade, 
nos termos do qual todos são iguais perante a lei, sem distinção 
alguma, a teor do disposto no art. 5º da Carta Magna.(SENADO 
FEDERAL - Da COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E 
CIDADANIA, sobre o processo PROJETO DE LEI DO SENADO 
n°612, de 2011, RELATOR: Senador Roberto Requião, PARECER 
(SF) Nº 10, DE 2017, PRESIDENTE: Senador Edison Lobão, 08 de 
Março de 2017). 
 
Observamos que as transformações da sociedade exigem dia a dia um 
amoldamento de nossos legisladores, juristas, da população como um todo, para 
suprir as necessidades apresentadas, sempre levando em consideração os 
princípios basilares da nossa Constituição Federal na máxima do princípio da 
Dignidade da Pessoa Humana. 
 
7 DIREITOS SUCESSÓRIOS 
 
Entende-se por sucessão, a substituição, onde um toma o lugar de outro, 
havendo assim, a substituição do titular de um direito. A abertura da sucessão 
ocorrerá com a morte do titular do direito, que transmite imediatamente seus bens 
aos herdeiros legítimos e testamentários. 
A sucessão pode decorrer de lei (legítima), está prevista nos artigos 1829 e 
1856, sendo aplicada na falta de testamento, ou, pode se dar pela manifestação da 
última vontade, (testamentária), com previsão nos artigos 1857 e 1990 do CC, 
podendo ainda, ambas as formas serem aplicadas simultaneamente. 
Os direitos sucessórios nos casos de União Estável, foram reconhecidos após 
a CF de 1988, quando a união estável passou a ser considerada como entidade 
familiar. O único meio de proceder a partilha no caso de morte, era através da 
Súmula 380 do STF, anos após, foi criada a lei 8.971/94, que passou a regular os 
direitos sucessórios para os companheiros, na qual previa em seu art. 2º: 
As pessoas referidas no artigo anterior participarão da sucessão 
do(a) companheiro(a) nas seguintes condições: I – o(a) 
companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir 
nova união, ao usufruto de quarta parte dos bens do de cujus, se 
houver filhos deste ou comuns; II – o(a) companheiro(a) sobrevivente 
terá direito, enquanto não constituir nova união, ao usufruto da 
metade dos bens do de cujus, se não houver filhos, embora 
sobrevivam ascendentes; III – na falta de descendentes e de 
ascendentes, o(a) companheira(a) sobrevivente terá direito à 
totalidade da herança. 
O artigoanterior a esse, descrevia as pessoas do “companheiro do homem ou 
companheiro da mulher”. Assim, para a sucessão, era necessário que ambos 
fossem solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, ou seja, sem 
impedimentos. Ainda, o artigo 3º previa o direito a meação, quando os bens 
deixados da herança, fossem resultados de atividade que houvesse colaboração 
conjunta dos companheiros. Quanto à meação, era necessário ainda, a 
comprovação dos esforços de ambos para conquista do patrimônio, bem como a 
convivência por mais de cinco anos. (MARTINI, 2017). 
Contudo, surgiu uma segunda lei a tratar da União Estável, Lei nº 9.278/96, 
que veio disciplinas o artigo nº 226, §3º da CF de 88. A partir de então, 
desconsidera-se o prazo de duração da União Estável ou existência de prole. 
Em relação aos bens, caso nada tenha sido disposto, eles presumem-se 
adquiridos conjuntamente, e caso houver motivos que comprovem o contrário, cabe 
aos interessados promover ação para derrubar essa presunção. Assim prevê o 
artigo 5º da lei. (MARTINI, 2017): 
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os 
conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são 
considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a 
pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo 
estipulação contrária em contrato escrito. 
§ 1° Cessa a presunçãodo caput deste artigo se a aquisição 
patrimonial ocorrer com o produto de bens adquiridos anteriormente 
ao início da união. 
§ 2° A administração do patrimônio comum dos conviventes compete 
a ambos, salvo estipulação contrária em contrato escrito. 
 Trata-se do direito real de habilitação, previsto no art. 7º da lei, estabelecendo 
a possibilidade de habilitação do bem imóvel destinado a residência familiar, 
enquanto não houvesse nova união. 
 Questão importante é saber se esses diplomas foram totalmente revogados 
pelo Código Civil vigente, por não haver previsão expressa quanto a isso, bem como 
o Código Civil não se refere ao direito real de habitação do convivente. Assim, se 
não for o entendimento de que essas leis continuam em vigor, o usufruto e o direito 
real de habitação ficarão sujeitos ao entendimento do juiz. (MARTINI, 2017). 
 No Código Civil, estabelece o art. 1790: 
Art. 1.790 - A companheira ou o companheiro participará da 
sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na 
vigência da união estável, nas condições seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota 
equivalente à que por lei for atribuída ao filho; 
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-
lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; 
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um 
terço da herança; 
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da 
herança. 
 
 Entende-seprimeiramente, que os companheiros teriam direitos apenas em 
relação aos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável, então, 
se fossem deixados bens particulares, o companheiro sobrevivente não teria 
direito. Ainda, concorreria não apenas com ascendentes e descendentes da 
herança, mas também, com os colaterais, recebendo a totalidade da herança, 
somente se não houver nenhum outro parente do falecido. São defeitos do 
dispositivo, mas que podem ser corrigidos através do testamento(MARTINI, 2017). 
 
8 ALIMENTOS 
 
 Antes da Constituição Federal de 1988, a possibilidade da concessão de 
alimentos para os casos de união estável não era acolhida pela doutrina, já que para 
isso era necessário parentesco ou vínculo conjugal, sob o fundamento de estar 
defendendo a família gerada pelo casamento. (SILVA, 2010). 
 Com o crescimento dos casos de união estável, a doutrina, visando causar 
prejuízos com os desfazimentos das uniões, editou a súmula nº 380 do STF, que 
segue: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é 
cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo 
esforço”. 
 Desta forma, para que pudesse a súmula ser aplicada, quanto a possibilidade 
de divisão de bens, seria necessário a formação de patrimônio decorrente dos 
esforços dos companheiros. Com o tempo, a jurisprudência passou admitir a 
contribuição indireta na compilação do patrimônio dos companheiros, a súmula 380 
passou a perder a eficácia, sendo utilizado apenas ao concubinato impuro. (SILVA, 
2010). 
 A Lei nº 8971/1994, passou a equiparar a união estável à entidade familiar, 
concedendo assim às concubinas, direitos que já eram concedidos aos cônjuges, 
como por exemplo, os alimentos. A comprovação da necessidade dos alimentos era 
de extrema importância para sua concessão, do contrário, não seria possível. 
 Já com o advento da Lei nº9278 de 1996, em seu artigo 2º, ficou descrito os 
direitos e deveres dos conviventes: respeito e consideração mútuos, assistência 
moral e material recíproca, a guarda, o sustento e a educação dos filhos comuns. 
Sendo que, os bens adquiridos a título oneroso durante a união passam a ser 
presumidamente adquiridos por ambos. Contudo, em caso de culpa recíproca na 
separação, não existe o dever de alimentar entre os companheiros. (SILVA, 2010). 
Com o Código Civil de 2002, e a elevação dos companheiros ao mesmo 
patamar dos cônjuges, passando a estabelecer em seu artigo nº 1.694: 
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros 
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de 
modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender 
às necessidades de sua educação. 
§1. Os alimentos devem ser fixados na proporção das 
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. 
§2. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à 
subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de 
quem os pleiteia. 
Assim, cumpre acrescentar que os alimentos têm como fundamento o dever 
de ajuda mútua entre os companheiros, e ainda, nos casos de culpa de quem 
pleiteia os alimentos, esses serão limitados ao que for estritamente necessário a 
subsistência, sendo cabíveis somente quando não há um parente que tenha 
condições de fornecê-las e o companheiro não possa trabalhar, de modo que não é 
utilizado a necessidade e possibilidade como critério de fixação. (SILVA, 2010) 
 
9 ANÁLISE JURISPRUDENCIAL 
 
Tratando do tema união estável, merece enfoque a jurisprudência do Relator 
Clayton Camargo, da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná. 
 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE PARTILHA DE BENS E AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO POR SERVIÇOS PRESTADOS - CONFIGURAÇÃO 
DE UNIÃO ESTÁVEL (CONCUBINATO PURO) - COMPROVAÇÃO 
DE ESFORÇO COMUM NA AQUISIÇÃO DO ÚNICO IMÓVEL 
AMEALHADO DURANTE A UNIÃO - ACERTADA DETERMINAÇÃO 
DE METADE DO IMÓVEL PARA CADA CONVIVENTE - 
COMUNICAÇÃO DOS VALORES SACADOS DO FGTS DO 
COMPANHEIRO APÓS A SEPARAÇÃO DO CASAL - 
IMPOSSIBLIDADE - INDENIZAÇÃO POR SERVIÇOS PRESTADOS 
- AFASTAMENTO ANTE A COMPROVAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL 
E DOS DIREITOS DE PARTILHA - DECISÃO MANTIDA - 
RECURSO DESPROVIDO - (TJ-PR - AC: 6845836 PR 0684583-6, 
Relator: Clayton Camargo, Data de Julgamento: 21/07/2010, 12ª 
Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 442). 
 
 
No caso relato, foi discutido o reconhecimento de união estável entre o casal, 
no período de janeiro de 1987 a março de 1996, o qual conviveram no mesmo 
imóvel, em relação marital, reconhecida por entidade familiar pela Constituição de 
1988. A Autora pleiteia seu direito referente à 50% do único imóvel em que 
habitaram neste período, ao saldo de FGTS de seu ex-companheiro, bem como, se 
não for reconhecida a união, que sejam indenizados os serviços prestados como 
funcionária do lar no período em questão. Ainda alega que houve concubinato puro, 
conforme Artigo 1.727 do Código Civil, pois o réu já era separado quando se iniciou 
a relação marital. 
A sentença de primeiro grau reconheceu o direito de partilha do imóvel em 
50% para a Autora e o restante para o Réu, uma vez que fora adquirida durante a 
união estável, com parte do saldo de FGTS. Reconhecida a união estável, foi 
afastado o pedido de indenização por serviços prestados. Fora negada a partilha do 
saldo do FGTS, em razão de não ser o montante percebido pelo Réu no período da 
união, mas logo após esta. O Réu apelou ao Tribunal de Justiça, pleiteando a 
reforma, o qual manteve a sentença de primeiro grau por unanimidade dos votos. 
Congruente ao tema, é digna de conhecimento a jurisprudência do Relator 
Alzir Felippe Schmitz da 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do 
Sul. 
 
APELAÇÃO CÍVEL. PROCESSUAL CIVIL. ESCRITURA PÚBLICA 
DE UNIÃO ESTÁVEL. PRETENSÃO DE RECONHECIMENTO 
JUDICIAL ACERCA DO RELACIONAMENTO HAVIDO ENTRE OS 
DECLARANTES. CARÊNCIA DE AÇÃO AFASTADA. CONVERSÃO 
DE UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO. NÃO CONHECIMENTO. 
UNIÃO ESTÁVEL E REGIME OBRIGATÓRIO DA SEPARAÇÃO DE 
BENS, EM RAZÃO DA IDADE DO COMPANHEIRO. 
FLEXIBILIZAÇÃO. ALTERAÇÃO DE REGISTRO CIVIL DE 
NASCIMENTO. UNIÃO ESTÁVEL. INCLUSÃO DO PATRONÍMICO 
DO COMPANHEIRO. POSSIBILIDADE. PRELIMINARES Carência 
de ação. A existência de escritura pública declaratória de união 
estável não afasta o interesse dos declarantes de obter 
pronunciamento judicial acerca da união. Precedentes 
jurisprudenciais. Preliminar de carência de ação rejeitada. Não 
conhecimento. O pedido de conversão da união estável em 
casamento foi feito apenas perante este grau de jurisdição e, por 
isso, não pode ser conhecido, sob pena de violação ao princípio do 
duplo grau de jurisdição. Além disso, para o atendimento dessa 
pretensão, é necessária a observância do procedimento específico 
previsto na Consolidação Normativa Judicial desta Corte, com a 
obrigatória participação do Ministério público no primeiro grau. 
MÉRITO. União estável - Regime obrigatório da separação de bens, 
em razão da idade do companheiro. A sentença que reconhece a 
existência de união estável tem natureza preponderantemente 
declaratória. Logo, a união estável iniciada antes de os 
companheiros completarem setenta anos de idade, não obriga a 
adoção do regime... da separação de bens, tal como prevista no CC 
1.641, II. As idades consideradas nessa situação devem ser as do 
início da união estável e não as da data do seu reconhecimento. 
Precedentes jurisprudenciais. Alteração do nome da companheira. O 
art. 57, § 2º, da Lei 6.015/73 não se presta para balizar o pedido de 
adoção de sobrenome do companheiro em razão da uma união 
estável, devendo se aplicada a interpretação analógica das 
disposições específicas do Código Civil, relativas à adoção de 
sobrenome dentro do casamento. REJEITARAMA PRELIMINAR. 
CONHECERAM EM PARTE DO APELO. DERAM PROVIMENTO NA 
PARTE CONHECIDA. (Apelação Cível Nº 70058522327, Oitava 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
AlzirFelippeSchmitz, Julgado em 02/10/2014). 
(TJ-RS - AC: 70058522327 RS, Relator: AlzirFelippeSchmitz, Data 
de Julgamento: 02/10/2014, Oitava Câmara Cível, Data de 
Publicação: Diário da Justiça do dia 07/10/2014) 
 
No caso em tela, o casal convive há 24 anos em regime de união estável, 
reconhecida por escritura pública. Pleiteia o casal, a homologação da união estável, 
a adoção do regime de comunhão parcial de bens, bem como a alteração do nome 
da mulher para a inclusão do patromínico do companheiro. 
 A sentença de primeiro grau julgou parcialmente os pedidos, em que 
reconhece apenas a união estável entre as partes desde a data 31/05/1989. O 
Ministério Público manifestou-se pela carência da ação, reconhecendo que a 
Escritura Pública de União Estável já a declarava, e ainda recomendou a conversão 
em casamento. 
Dada a insatisfação das partes em razão do acolhimento parcial dos pedidos, 
apelaram para o Tribunal, o qual reformou a decisão. O Tribunal posicionou-se 
contrário ao Ministério Público, aludindo que o simples documento não comprovaria 
de fato a união estável, a qual deveriam ser analisados os pressupostos de 
reconhecimento de entidade familiar, previstos na redação do Artigo 1.723 do 
Código Civil. 
Não foi reconhecido pelo Tribunal o pedido referente à conversão da união 
estável em casamento, pois foi postulado somente em segundo grau de jurisdição, 
ferindo o princípio do duplo grau de jurisdição. 
 Quanto à alteração do regime de bens, merece enfoque que o demandado 
possui 75 anos na data da propositura da ação, o que restaria o regime obrigatório 
de separação de bens, conforme Artigo 1.641, II do Código Civil. Aduz o Tribunal 
que o início da união estável se deu quando o demandado tinha 51 anos, portanto 
há possibilidade do regime de comunhão parcial de bens. 
Houve o acolhimento do pedido referente a alteração do nome da demandada 
para o acréscimo do patronímico, utilizando a redação do Artigo 1.565, § 1º do 
Código Civil por analogia. 
Neste panorama, cabe ainda a análise, referente a aplicação da súmula 380 
do STF, vejamos: 
 
RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE DE FATO. 
PARTILHA. IMÓVEL. PROVA DO ESFORÇO COMUM. SÚMULA 
380/STF. PATRIMÔNIO INDIVIDUAL. I - DISSOLVIDA A 
SOCIEDADE DE FATO ANTES DA EDIÇÃO DA LEI 9.278/96, 
APLICA-SE A SÚMULA 380 DO E. STF, QUE EXIGE A 
COMPROVAÇÃO DO ESFORÇO COMUM NA AQUISIÇÃO DE 
BENS PARA FINS DE PARTILHA. II - AUSENTE A 
DEMONSTRAÇÃO DE QUE O RÉU TENHA CONTRIBUÍDO PARA 
A AQUISIÇÃO DOS DIREITOS INCIDENTES SOBRE O IMÓVEL 
DESCRITO NOS AUTOS, DEVE SER MANTIDA A R. SENTENÇA, 
QUE O CONSIDEROU COMO PATRIMÔNIO INDIVIDUAL DA 
AUTORA. III - APELAÇÃO IMPROVIDA. (TJ-DF - APL: 
978016320088070001 DF 0097801-63.2008.807.0001, Relator: 
VERA ANDRIGHI, Data de Julgamento: 27/02/2012, 6ª Turma Cível, 
Data de Publicação: 08/03/2012, DJ-e Pág. 167). 
 
 
 Verifica-se que, se a sociedade de fato foi dissolvida antes da entrada da Lei 
9278/96, tem aplicação direta da súmula 380 do STF, onde exige-se a comprovação 
do esforço da aquisição dos bens, para se ter direito. 
 Apesar da edição da lei, e a súmula ter perdido em tese sua importância, 
conforme apontada pelos doutrinadores, o que se verifica é que bem recentemente 
teve aplicação da mesma, pois inclusive ela continua em vigor. Sua aplicação 
segundo Maria Berenice Dias (2015, p. 263) nos dias atuais, “é uma postura 
preconceituosa, pois tenta eliminar a natureza de tais vínculos”. Ainda, “ é negar que 
a origem é um elo de afetividade”. 
 Com isso, a jurisprudência, tem o propósito, de chamar a atenção, que 
mesmo a união estável ter ganho um reconhecimento constitucional, ela ainda não 
tem força perante a sociedade. 
 
10 CONCLUSÃO 
 
Com o presente trabalho, verifica-se que a união estável foi evoluindo com o 
passar do tempo, adquirindo status de entidade familiar com a promulgação da 
Constituição Federal de 1988. 
Ainda, verifica-se que há requisitos para que possa configurar uma união 
estável, e, com isto, passam os conviventes a ter direitos e deveres inerentes a 
comunhão de vidas, tais como deveres de lealdade, respeito, assistência, dentre 
outros. 
Importante destacar que a união estável, não altera o estado civil da pessoa. 
Contudo, apesar desta regra, a união estável também está condicionada a 
observância dos requisitos de impedimento aplicado ao casamento, previstos no 
Código Civil de 2002. 
O reconhecimento da união estável pode ser requerido via escritura pública 
que declara a união e dá publicidade. Contudo esta não é a única forma de 
oficializar a união, pois tem ainda à disposição das partes interessadas o contrato de 
união estável. 
Nesta perspectiva, cumpre ressaltar a possibilidade da conversão da união 
estável em casamento, encontrando previsão expressa na Constituição Federal, que 
inclusive deixa cristalina que esta conversão deve ser facilitada. 
O regime de bens adotado para a união estável em regra é a comunhão 
parcial, ou seja, os bens adquiridos no período de uniãoestarão passíveis para 
divisão. Salienta-se que os conviventes têm a faculdade de firmar um contrato, 
estipulando cláusulas, segundo suas vontades, ou seja, as partes podem estipular 
um regime de bens diverso. 
Em se tratando de direitos sucessórios, estes foram reconhecidos após a 
entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, e posteriormente de forma 
expressa no Código Civil de 2002, no artigo 1790. 
Em consoante ao todo exposto abordou-se ainda o projeto de Lei 612/2011, 
que tem por objetivo o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo 
sexo, e caso seja, posteriormente aprovado, contará com a supressão de termos 
como homem e mulher, de alguns dispositivos do código civil, por termos mais 
genéricos e abrangentes, como duas pessoas, qualquer dos membros, com base 
constitucional do princípio da dignidade de pessoa humana. 
 
Por fim, trazemos à baila, algumas jurisprudências, a fim de tornar mais clara 
a aplicação dos direitos dentro da união estável. 
 
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