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Colangite infecciosa (capítulo 63) Colangite aguda: infecção bacteriana por obstrução de trato biliar Causa mais comum: coledocolitíase Quadro leve e autolimitado a condição grave Dor em hipocôndrio direito + icterícia + febre Mortalidade de 10% Boa resposta com ATB + drenagem biliar Fisiopatologia: Colonização e proliferação de bactérias na via biliar + pressão intraductal elevada no trato biliar translocação de bactérias e endotoxina para sistema vascular e linfático Bile normal é estéril Contaminação da bile: pelo duodeno ou por bacteremia portal (translocação de bactérias por sinusoides hepáticos e espaço de Disse) Em pessoas normais, a bile contaminada é combatida por efeitos mecânicos do fluxo biliar e ação antibacteriana de IgA e sair biliares Mecanismo alterado na obstrução biliar aumenta pressão biliar, ruptura de junções hepatobiliares refluxo colangiovenoso bacteremia manifestações tóxicas Etiologia: coledocolitíase com obstrução biliar, hepatolitíase, Sd de Mirizzi, estenose biliar benigna, estenose da anastomose biliar pós-cirúrgica, anastomose biliar pós transplante, colangite esclerosante, colangiopatia por HIV, parasitose, pancreatite crônica Microbiologia: bacilos G- (E. coli, Klebsiella, Enterobacter), Enterococcus (G+) Acinetobacter e Pseudomonas: via biliar previamente manipulada por cirurgia, endoscopia Clostridium (anaeróbio), Bacteroides: infecções polimicrobianas, mais graves sepse de origem biliar (50%) usar ATB de amplo espectro Candida: pacientes antes tto por longo período com ATB de amplo espectro Diagnóstico: tríade de Charcot + imagem + labs Tríade de Charcot: febre, calafrio, dor em QSD, icterícia Diagnóstico definitivo: história de doença biliar, manifestações clínicas, labs indicando inflamação e obstrução biliar, exames de imagem indicando obstrução Idosos: diagnóstico retardado por ausência de sintomas clássicos choque séptico, confusão mental, tríade de Charcot = PÊNTADE DE REYNOLDS Bacteremia intermitente calafrios ocorre em 2/3 indica colangite se apresentação atípica da doença Labs: leucocitose com desvio a esquerda, PCR aumentada, VHS aumentado Alteração de função hepática Al, FA e AT aumentadas Eco abdominal, TC e colangiorressonância: diagnóstico de obstrução por método não invasivo Eco: para colelitíase, mas não coledocolitíase TC: neoplasias Colangiorressonância: melhor que eco e TC para qualquer etiologia de obstrução US endoscópico, CPRE, colangiografia transparietohepática métodos invasivos, usados se os não-invasivos são inconclusivos CPRE, colangiografia transparietohepática sepse biliar possibilidade de drenagem Hemoculturas + em 50% Tratamento clínico: Hidratação imediata + ATB + drenagem biliar ATB: ampicilina/sulbactam 3g 6/6h EV, piperacilina/tazobactam 3,375g 6/6h EV, cefalosporina de 3ª/4ª G (Ceftriaxona 1g 12/12h EV + Metronidazol 500mg 8/8h EV), quinolona (Ciprofloxacino 400mg/kg dose única + Metronidazol 500mg 8/8h EV), carbapenêmico (Imipenem 500mg 6/6h EV) Se idade avançada, doença grave, prótese biliar, cirurgia bilioentérica prévia: cobrir anaeróbios e Enterococcus 100% dos germes G- são sensíveis a gentamicina, e 100% dos G+ sensíveis a ampicilina cuidar nefrotoxicidade (Gentamicina 4mg/kg dose única + Ampicilina 1g 6/6h) Ajustar ATB após identificação do germe Duração mínima de 5-7d de ATB se doença grave, prolongar para 10-14d se hemocultura +. Se doença leve, 2-3d. Para adequada ação do ATB, a via biliar precisa ser desobstruída * Ciprofloxacino é o único ATB que tem ação terapêutica mesmo se via obstruída 80% tem boa resposta com manejo conservador + ATB drenagem seletiva 20% tem colangite supurativa descompressão biliar urgente (toxemia, hipotensão, confusão mental, insuficiência renal, idosos) Drenagem biliar: endoscopia, percutâneo trans-hepático, cirúrgico Endoscopia: definição da anatomia ductal, identificação de patologias simultâneas (estenose, cisto), coleta da bile para microbiologia, coleta de biópsia, terapia definitiva Esfincterotomia + dreno nasobiliar menos morbimortalidade que opção cirúrgica Opção para manter via drenada: Esfincterotomia, dreno nasobiliar, prótese biliar, remoção dos cálculos Dreno nasobiliar: permite lavagem, remoção de debris, cultura de bile para controle curativo. Alto desconforto, problemas na remoção Remoção de cálculos: CI se colangite supurativa (bile purulenta) realizar primeiro a drenagem Maior taxa de complicação se remoção de cálculos for feita junto do que se apenas prótese for colocada Drenagem radiológica transparietal: maior morbimortalidade Se papila de Vater não for acessível por endoscopia (cirurgia prévia de via biliar, anastomose biliodigestiva, gastrectomia com Y de Roux, tumor) Procedimento combinado: drenagem transparietal + inserção de fio guia para colocação de prótese endoscópica Drenagem cirúrgica aberta/laparoscopia: alta morbimortalidade, pouco realizada Feita se insucesso de endoscopia ou percutânea, alteração de anatomia Manejo da colangite bacteriana aguda: Colangite aguda Hemocultura, reposição hidroeletrolítica, antibioticoterapia, avaliação da gravidade Sem melhora ou piora do quadro em 12-24h Drenagem percutânea ou cirúrgica Falha Bem-sucedida Drenagem endoscópica urgente Tto da causa, litíase biliar, correção de estenose biliar Manter ATB + CPRE em 72h Estabilização e melhora
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